Você está na página 1de 40

MILITARES

E O PODER
Tenente Samuel Alencar
SUMÁRIO
Apresentação ..................................................................................................................................... 03
Dinâmica do curso ............................................................................................................................ 05
Aula 1 - Apresentação da disciplina..............................................................................................06
Aula 1 - Poderes temporal e espiritual.........................................................................................08
Aula 2 - Princípios elementares da organização militar .........................................................11
Militares e política na antiguidade ................................................................................................14
Militares e política na idade média ...............................................................................................16
Militares e política na idade moderna ..........................................................................................18
Militares e política na idade contemporânea - exército na Revolução Francesa ..........21
Sintese a título de conclusão...........................................................................................................23
Exércitos e militares no século XIX................................................................................................25
Aula 3 - Sociologia política dinâmica das guerras, ou a sociedade industrial afirmando
a paz.........................................................................................................................................................27
Conceito de liberdade.........................................................................................................................29
Aula 4 - Militares e o seu desenvolvimento social e político.................................................31
Militares no Brasil: Colônia e império.............................................................................................33
Militares no Brasil: Primeira República..........................................................................................37
Considerações finais............................................................................................................................39

TENENTE SAMUEL ALENCAR


APRESENTAÇÃO
Se você chegou até aqui, isso quer dizer que você quer a cada dia
mais e mais entender o que está acontecendo no Brasil. Sabemos
que estamos em um momento muito delicado, em que vivemos dias
sombrios, porém não queremos deixar vocês mais confusos, e cada
dia queremos mais saber quais são as realidades do que pode ou não
acontecer nos próximos dias, semanas, mês no Brasil.

Então preparei um curso para vocês, e dentro deste ebook vamos


mostrar sobre o que irei falar nas aulas. Aqui será um resumão do curso.
Vamos colocar palavras chaves e essências para que vocês possam de
fato entender a realidade em que estamos vivendo neste momento,
sem trazer falsas esperanças!
Queremos que você possa ter a maior realidade, lembrando sempre
que aqui são fatos, e não meramente suposições.

Agora, para ficar mais claro, vou me apresentar:

Meu nome é Samuel Alencar, primeiro tenente do Exército Brasileiro.


Historiador e Gestor Público, tive a oportunidade de concluir duas
pós-graduações, sendo a primeira em Ciência Política e a segunda em
Diplomacia e Relações Internacionais.

Além disso, pude participar do curso de Geopolítica na Escola de


Comando e Estado Maior do Exército, bem como, do curso de estudos
de política e estratégia da Associação dos Diplomados da Escola
Superior de Guerra. No entanto, somente após chefiar o gabinete de
um deputado federal do Rio de Janeiro por três anos, pude conhecer
a política de fato.

3
Após tudo que está acontecendo no Brasil, tentando ajudar o possível
nas manifestações no Rio de Janeiro, vendo de perto e sentindo a
falta de esperança de muitos patriotas, e ao mesmo tempo muita
esperança em tudo, pois a maioria não conhece absolutamente nada
da História do Brasil, e que está vinculada com a política Brasileira e
os mecanismos dela. E após todos estes dias de manifestações, senti
que seria necessário eu dividir com vocês o meu conhecimento, pois
sabemos que conhecimento guardado não vale absolutamente de nada.
E também sei que não é culpa de vocês não terem esse conhecimento
Político.

Se você chegou até aqui, tenho certeza que é porque você de fato
quer ir até o final!

Então vem comigo que vou te trazer o conhecimento de fato aquilo


que te trará esperança!

Conte comigo,
Estamos juntos nessa!

Att, Tenente Samuel Alencar

4
DINÂMICA DO CURSO
Este curso será embasado sobre os Militares e o Poder.

Será dividido em seis aulas, organizadas da seguinte maneira:

∙ Aula 1: Apresentação da disciplina; Sociologia Política Estática dos


militares.

∙ Aula 2: Sociologia Política Dinâmica dos militares, parte 1: Antiguidade,


Idade Média, Idade Moderna, Revolução Francesa.

∙ Aula 3: Sociologia Política Dinâmica dos militares, parte 2: século XIX;


militarismo e desenvolvimento econômico-social; sociedades
pretorianas, bonapartismo, poliarquias.

∙ Aula 4: Militares e poder no Brasil, parte 1: Batalhas de Guararapes,


Império, Guerra da Tríplice Aliança (Guerra do Paraguai), Questão Militar,
Proclamação da República, Primeira República, Era Vargas, Terceira
República.

∙ Aula 5: Militares e poder no Brasil, parte 2: regime militar brasileiro.

∙ Aula 6: Militares e poder no Brasil, parte 3: Nova República; “momento


neomilitar”.

5
AULA 01
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Está disciplina tem como o conceito abordar de maneira direta
ou indireta inúmeros conceitos e todas as questões sociológicas,
históricas e filosóficas; explicarei com um pouco mais de detalhes
esses conceitos, mas é evidente que nem sempre isso será possível
ou mesmo justificável.

Com o advento do regime militar no Brasil, em 1964, a literatura


acadêmica sobre as relações entre militares, poder e sociedade
aumentou muito, tendo crescido muito mais com a Nova República
(1985-2018).

Nesse sentido, é importante dizê-lo com clareza: a presente disciplina


não pretende, de maneira nenhuma, esgotar as possibilidades de
análise e estudos disso tudo; ela é apenas uma introdução geral
ao tema!

7
AULA 01
SOCIOLOGIA POLÍTICA ESTÁTICA:

PODERES TEMPORAL E
ESPIRITUAL.

8
Os militares (que neste caso estamos relacionando as forças armadas)
são servidores públicos; nas sociedades modernas, eles devem lealdade
apenas ao Estado e, idealmente, apenas ao Estado Nacional.

Juntamente com as polícias:

Polícia Civil
Polícia Federal
Polícia Rodoviária Federal
Polícia Militar

Os militares são os profissionais da força física, em outras palavras,


da violência. A relação entre força física e o Estado exige algumas
explicações:

Augusto Comte, o fundador da Sociologia, estabeleceu que a Sociologia


Estática tem dois princípios fundamentais, o de Aristóteles e o de
Hobbes.

O princípio de Aristóteles afirma que a sociedade consiste na separação


dos ofícios e na convergência dos esforços: isso significa que as
sociedades, ao existirem e para existirem, precisam que os indivíduos
que as compõem especializem-se em diversas atividades; alguns são
professores, outros são operários, outros são artistas, outros são chefes
políticos etc.

O princípio de Hobbes afirma, de maneira muito clara e direta, que o


fundamento do Estado é a força física (em termos economicistas, diria
Max Weber que o Estado busca o monopólio do uso da força).

9
O Estado obterá a adesão dos cidadãos por meio da força; na verdade,
habitualmente obedecemos ao Estado – ou, se quisermos, às leis –
sem maiores constrangimentos físicos.

Todavia, caso desrespeitemos as ordens estatais, sofreremos


diversas punições, que, nas sociedades modernas, vão em um
crescente que começa em multas e termina em prisão (em algumas
sociedades, chega a castigos corporais e mesmo à pena de morte).
Comte entendia o princípio de Hobbes como um complemento
necessário ao princípio de Aristóteles, na medida em que esclarecia o
fundamento do Estado; dito isso, cabe notar que a “convergência dos
esforços” corresponde ao governo, mas o governo não é necessariamente
apenas o Estado.

Comte distinguia o poder Temporal – o Estado – do poder Espiritual.


O que seria o Poder Espiritual?

É o conjunto de instituições e de indivíduos responsáveis pela formação


dos conhecimentos, das opiniões e dos valores existentes em uma
sociedade, isto é, do que é verdadeiro, do que é belo, mas também
do que é bom e do que é justo; atualmente, o poder Espiritual seria
composto pelas igrejas, pelos filósofos, pelos professores e pelos meios
de comunicação.

Em termos políticos, a atuação do poder Espiritual consiste na promoção


da legitimidade, ou seja, dos princípios que justificam a dominação
de um Estado sobre seus cidadãos e que estabelecem quais são as
condições do exercício dessa dominação.

Para Comte, o poder Espiritual baseia-se no aconselhamento; ele muda


o comportamento de indivíduos e grupos por meio da subjetividade
– em contraposição, o poder Temporal muda o comportamento por
meios externos às vontades subjetivas, isto é, por meios objetivos.

10
AULA 02
SOCIOLOGIA POLÍTICA ESTÁTICA:

PRINCÍPIOS ELEMENTARES
DA ORGANIZAÇÃO MILITAR
Disciplina é um princípio complementar ao da Hierarquia e consiste
em um conjunto de regras de comportamento que os militares devem
obedecer em sua vida profissional, em tempos de paz ou, principalmente,
de guerra.

Também é importante notar que os exércitos modernos são organizações


bastante coesas; a ideia de “identidade de grupo” ou de “espírito de
corpo” é fundamental para que se entenda os militares.

A hierarquia é o princípio que organiza o exército de acordo com


uma relação de mando e obediência, em uma estrutural piramidal
com diversos níveis; quanto mais alto o nível, menor a quantidade de
indivíduos capazes de mandar (até chegar ao limite do comandante-
em-chefe, que, de modo geral, é o governante) e maiores os seus
poderes de mando; inversamente, quanto mais
baixo o nível hierárquico, maior a quantidade de indivíduos que
obedecem.

12
ALGUMAS OPOSIÇÕES SOCIOLÓGICAS SOBRE OS MILITARES:

Os militares e as ações bélicas nas guerras – os planos de ação, as


estratégias e as táticas – subordinam-se aos governantes e aos seus
objetivos políticos. Essa subordinação é a que ocorre nas guerras
“normais”, isto é, naquelas em que o objetivo consiste em fazer o
inimigo dobrar-se à nossa vontade para que não perdermos a guerra.

Militares é a ação violenta que, por meio da morte e da destruição ou


da ameaça delas, procura obrigar inimigos a aceitarem a vontade de
um Estado nacional, ou seja, é a soberania o motivo da existência das
forças armadas (se todas as soberanias deixarem de existir, não haveria
mais necessidade de forças armadas e existiriam apenas polícias).

No que se refere à política interna, os militares podem distinguir-se dos


civis e dos policiais. Essas distinções são mais habituais, isto é, mais
próximas do cotidiano. Enquanto os militares regem-se pela hierarquia
e pela disciplina, os civis caracterizam-se pelas ações isonômicas (a
igualdade perante a lei) e pela liberdade e, assim, podem organizar-
se como quiserem, podem manter as opiniões que desejarem, podem
recusar as opiniões uns dos outros etc.

O governante é entendido como “comandante em chefe” das forças


armadas; é ele quem define os parâmetros políticos das ações militares
e, em particular, das eventuais guerras travadas pelo país; as forças
armadas são vistas como submetidas às leis e não como guardiãs (e/
ou supervisores e/ou mantenedoras) da lei e da constituição.

O que está em pauta é a subordinação complementar das forças


armadas ao governo.

13
MILITARES E POLÍTICA NA
ANTIGUIDADE
Um bom ponto de partida para o estudo das relações entre os
militares e o poder é a Antiguidade clássica, isto é, Grécia e Roma.
Embora fossem sociedades distintas em vários aspectos, elas
apresentavam características que são importantes para nós, seja de uma
perspectiva histórica de longo prazo, seja para fins mais diretamente
comparativos.

A cidade de Roma fica no centro da Península Itálica e sua


história remonta pelo menos o século VIII a.C.; sua localização
geográfica e sua evolução social, política e institucional.
Em última análise, é possível falar em Roma no singular, isto é,
referindo-se apenas a essa cidade. Já no caso da Grécia, isso é bem
mais problemático.

Para começar, a pluralidade de cidades era enorme, dada sua dispersão


geográfica e influências exercidas pelo que se chama genericamente
de “civilização grega”.

A pluralidade de cidades correspondia a pluralidade de regimes


políticos e organizações sociais: monarquias e “repúblicas”,
tiranias e “democracias”; impérios comerciais, militares, náuticos;
protetorados, colônias, cidades livres – e guerras, muitas guerras.

Na verdade, para obter-se a cidadania, um indivíduo deveria antes


servir, dos 18 aos 35 anos (no caso de Roma), como soldado; a própria
carreira política era nobilitada pelas ações militares e muitas atividades
públicas que um cidadão poderia realizar para a cidade consistia no
serviço militar e nas ações de defesa da pátria e/ou de conquista de
territórios.

15
MILITARES E POLÍTICA NA
IDADE MÉDIA

16
A cidadania antiga no limite era uma condição de status jurídico, isto é,
poderia ser concedida (ainda que de maneira excepcional) a indivíduos
estrangeiros ou que anteriormente eram escravos.

Já a nobreza, pelo menos durante a Idade Média, era uma condição


hereditária, “de sangue” ou de “berço”: nascia-se nobre, morria-se
nobre.

Assim como na Antiguidade, não havia polícia: a ordem interna era


mantida pelos mesmos indivíduos e grupos dedicados à defesa e à
conquista externa.

Os conflitos entre os poderes universais Temporal e Espiritual


enfraqueceu ambos, resultando no triunfo dos reis, que abandonaram
o Imperador e o Papa a suas próprias sortes e, de modo geral,
subordinaram os senhores feudais em seus territórios: daí em diante,
as lealdades passaram a ser cada vez mais “nacionais” e dinásticas,
devidas às famílias e aos grupos governantes de cada monarquia que
se constituía.

17
MILITARES E POLÍTICA NA
IDADE MODERNA

17
18
No século XIV, durante o Renascimento, as monarquias nacionais já estão
estabelecidas, os senhores feudais estão cada vez mais submetidos e
as alianças entre reis e burgueses estão cada vez mais sólidas.

As tendências que observamos anteriormente se verificam com clareza:


os exércitos nacionais ampliam-se, os senhores feudais perderam
suas autonomias como chefes de exércitos próprios – embora as
honras militares continuem sendo mais ou menos privilégios da casta
senhorial – e as atividades produtivas são estimuladas, mais ou menos
em contraposição às atividades militares – o que não significa que não
se empregue a força para obter-se vantagens econômicas ou que o
trabalho urbano seja livre (ele é submetido a um estreito controle régio
e das guildas).

Por um lado, vários pensadores afirmam a importância política dos


exércitos de cidadãos, ou, na terminologia empregada na época, de
milícias cidadãs: os republicanos italianos de fins do Renascimento,
como Nicolau Maquiavel, afirmam que tais milícias são mais úteis e,
acima de tudo, mais confiáveis que exércitos de mercenários.

De maneira concomitante ao processo anterior, liga-se à introdução da


pólvora no Ocidente, vindo da China.

É certo que a letalidade das guerras aumentou, cada vez mais e sem
cessar, com a pólvora; entretanto, como observou Condorcet, a introdução
das armas de fogo tornou inúteis os batalhões de infantaria compostos
por lanceiros e por arqueiros, o que permitiu que se constituíssem
exércitos profissionais, separados do conjunto da população, que por
sua vez podia mais livremente se dedicar a atividades produtivas.

19
Os pensadores italianos do período consideravam em particular
pequenas repúblicas, em que o ideal de “cidadãos” fazia sentido.

Já os exércitos das monarquias nacionais não podiam ser compostos


por cidadãos, apenas por súditos, mas ainda assim a ideia de defesa
da própria terra e das próprias instituições – em outras palavras, de
defesa nacional – foi pouco a pouco deixando raízes.

20
MILITARES E POLÍTICA NA
CONTEMPORANEIDADE:

EXÉRCITO NA REVOLUÇÃO
FRANCESA

21
A Revolução Francesa foi um “divisor de águas” de grandes proporções e que,
com razão, é apontado como o iniciador da chamada “Era Contemporânea”.

O poder político passou a ser legitimado não mais pelas dinastias de sangue
consagradas pela teologia cristã, mas pela justificativa de estarem a serviço
do “povo”.

A França passou a organizar se de acordo com o princípio nacional, isto é,


entendendo que o conjunto dos habitantes do território francês, nascidos lá,
compunham uma unidade mais ou menos transcendente chamada de “nação”.

Exatamente essa abertura que permitiu que um jovem corso de origem


popular galgasse rapidamente os postos militares na década de 1890 e
assumisse o poder em 1799 – Napoleão Bonaparte.

Para opor-se aos ataques das diversas guerras revolucionárias, em que


sucessivamente as potências feudais europeias investiram contra a
República da França, na forma de coalizões, constituiu-se um novo exército,
de origem popular e que lutava pela defesa da pátria, isto é, não mais
por ser meramente obrigado pelos seus senhores, de acordo com o direito
feudal, mas por uma nação de que participava na forma de cidadão igual
e livre.

Entre 1792 e 1794, sob a liderança de Danton, o exército francês recrutou seus
quadros por meio da conscrição, ou seja, do alistamento militar obrigatório: essas
características – o exército nacional e “nacionalista” e a conscrição – tornaram-se
características dos exércitos modernos e, sem dúvida, influenciaram a política.

22
SÍNTESE A TÍTULO DE
CONCLUSÃO

23
OA Revolução Francesa foi um “divisor de águas” de grandes proporções
e que, com razão, é apontado como o iniciador da chamada “Era
Contemporânea”.

O poder político passou a ser legitimado não mais pelas dinastias


de sangue consagradas pela teologia cristã, mas pela justificativa de
estarem a serviço do “povo”.

A França passou a organizar se de acordo com o princípio nacional,


isto é, entendendo que o conjunto dos habitantes do território francês,
nascidos lá, compunham uma unidade mais ou menos transcendente
chamada de “nação”.

Exatamente essa abertura que permitiu que um jovem corso de origem


popular galgasse rapidamente os postos militares na década de 1890
e assumisse o poder em 1799 – Napoleão Bonaparte.

Para opor-se aos ataques das diversas guerras revolucionárias, em


que sucessivamente as potências feudais europeias investiram contra
a República da França, na forma de coalizões, constituiu-se um novo
exército, de origem popular e que lutava pela defesa da pátria, isto é,
não mais por ser meramente obrigado pelos seus senhores, de acordo
com o direito feudal, mas por uma nação de que participava na forma
de cidadão igual e livre.

Entre 1792 e 1794, sob a liderança de Danton, o exército francês recrutou


seus quadros por meio da conscrição, ou seja, do alistamento militar
obrigatório: essas características – o exército nacional e “nacionalista”
e a conscrição – tornaram-se características dos exércitos modernos e,
sem dúvida, influenciaram a política.

24
EXÉRCITOS E MILITARES
NO SÉCULO XIX

25
O século XIX é marcado por mudanças de caráter civilizacional, que
acabaram por fazer as guerras passarem a ser vistas como exceções
ao curso normal da vida; mais do que isso: as guerras passaram a ser
vistas como imorais, erradas e mesmo fora da lei.

O século XIX é marcado por mudanças de caráter civilizacional, que


acabaram por fazer as guerras passarem a ser vistas como exceções
ao curso normal da vida; mais do que isso: as guerras passaram a ser
vistas como imorais, erradas e mesmo fora da lei.

RETROSPECTO HISTÓRICO-MILITAR DO SÉCULO XIX

A polícia foi uma inovação fundamental, estabelecida numa ideia de


que a polícia deveria ser cidadã, isto é, que tanto os próprios policiais
quanto a sociedade deveriam encará-la como sendo composta por
cidadãos que ajudassem de maneira especializada os demais cidadãos
a manterem a ordem pública.

Esse fato é muito importante, uma vez que ordem pública interna saiu
das mãos do exército e passou para as de uma corporação especializada,
que tinha seus valores fundadores de uma instituição policial civilistas
e em favor da cidadania.

A partir daí, afirmou-se e difundiu-se cada vez mais a separação entre


a corporação dedicada ao combate violento aos inimigos, incluindo
em particular as hipóteses de morte e de destruição dos bens dos
inimigos - o exército, e a corporação dedicada à manutenção pacífica
da ordem pública: a atuação dos soldados deixou de ter a ambiguidade
que até então possuía, passando a ser apenas um dos instrumentos à
disposição da política externa de cada País.

26
AULA 03
SOCIOLOGIA POLÍTICA ESTÁTICA:

SOCIOLOGIA POLÍTICA
DINÂMICA DAS GUERRAS, OU
A SOCIEDADE INDUSTRIAL
AFIRMANDO A PAZ

27
Na Antiguidade, enquanto a “boa vida” era a vida dedicada ao ócio ou
à prática política, o trabalho era desvalorizado e reservado de modo
geral aos escravos; na Idade Média, a desvalorização era similar e o
trabalho cabia aos servos.

A afirmação do valor do trabalho está estritamente relacionada


ao fim da sociedade estamental, à sociedade de “ordens”, e ambas
essas alterações implicam também a valorização social e política dos
trabalhadores.

Se a produção de riquezas se torna mais importante que a atividade


guerreira, o bem-estar individual e coletivo torna-se mais importante
que a glória e honra pessoal e coletiva.

A produção de riquezas (ou de capital) só pode ocorrer plenamente em


ambientes pacíficos: como as próprias crônicas das guerras indicam,
os conflitos armados são sempre absolutamente desastrosos para as
atividades econômicas produtivas (agricultura, indústria, comércio e até
finanças), seja porque os bens são destruídos, seja porque os serviços
produtivos são interrompidos, seja porque a riqueza é desviada, seja
porque os trabalhadores são sacrificados.

Nas sociedades industriais, a cidadania é potencialmente aberta a


todos, desde que residam em um território e aceitem as leis do lugar.
Mais do que isso: a cidadania nas sociedades industriais perde o seu
caráter marcial, consistindo muito mais no exercício do voto e, acima
de tudo, na participação do que se chama de modo geral de opinião
pública.

28
O CONCEITO DE
LIBERDADE

29
O autoritarismo surge como um problema quando se trata da relação
entre os militares e a política interna – afinal de contas, como abordamos
em outro momento, em termos de política externa os militares são um
entre vários outros instrumentos legítimos à disposição.

Antes de apresentarmos uma caracterização sociológica, convém


notarmos que, para aqueles que preocupam-se com a possibilidade
de associação dos militares com o autoritarismo, o fato que os deixa
em alerta é que são eles os profissionais que lidam com as armas, isto
é, com os instrumentos de violência; daí o porquê da preocupação
constante em mantê-los sob controle político, social e institucional.

Pode-se considerar que o autoritarismo nega as características


anteriores: antes de mais nada, ele institui o governo arbitrário, em
que as decisões são tomadas sem controle público e com frequência
à margem ou fora da lei; como consequência dessa arbitrariedade, a
livre manifestação de opiniões políticas é severamente limitada, até
mesmo proibida.

A autoridade do Estado, como vimos antes, baseia-se em última análise


no emprego da força física; nesse sentido, mesmo que um determinado
governo autoritário seja liderado por um civil e por uma equipe civil,
esse governo precisará pelo menos do apoio ou da conivência dos
profissionais que controlam as armas e os meios de violência – em
outras palavras, dos policiais e dos soldados – para que se possa impor
sobre a sociedade.

30
AULA 04
SOCIOLOGIA POLÍTICA ESTÁTICA:

MILITARES E O
DESENVOLVIMENTO SOCIAL
E POLÍTICO

31
Seja porque se busca ativamente a paz na sociedade contemporânea
e as forças armadas precisam identificar novos papéis sociais e novas
justificativas para sua existência; seja porque a estrutura da sociedade
influencia diretamente a estrutura da corporação militar; seja porque,
de fato, os militares são obrigados por dever de ofício a considerar os
países com visão de conjunto; seja, enfim, uma combinação dos aspectos
anteriores, o fato é que ao longo do século XX, especialmente nos
países chamados subdesenvolvidos e em desenvolvimento, os militares
passaram a interessar-se cada vez mais pelos temas relacionados ao
desenvolvimento social, político e econômico.

No Brasil, nos anos 1930 a 1950 os militares estiveram à frente das


campanhas em favor da exploração do petróleo em território nacional
e, em seguida, pela criação da Petrobrás em regime de monopólio.

Dos anos 1920 a 1940, o Alto Comando do Exército – com os generais


Góes Monteiro e Eurico Dutra à frente – desejava fortalecer sua
corporação; mas como o país era ainda agrário e não tinha uma produção
industrial adequada para armar seus soldados, a industrialização era
também um meio para atingir o seu objetivo específico.

32
MILITARES NO BRASIL:
COLÔNIA E IMPÉRIO

33
Oficialmente descoberto em 22 de abril de 1500, nas décadas seguintes
o Brasil não teve exército; cada uma das capitanias organizadas após
1530 era responsável por suas próprias defesas.

Tal situação mudou durante a invasão neerlandesa, durante o século


XVII, em que os Países Baixos (a Holanda) dominaram, entre 1630
e 1654, principalmente, a capitania de Pernambuco, entre os atuais
estados de Maranhão e Alagoas.

Em 1648 e 1649 houve duas batalhas entre forças militares neerlandesas


e brasileiras no morro de Guararapes (no atual município de Jaboatão
dos Guararapes, próximo a Recife), em que os brasileiros venceram os
invasores.

Esse exército nacional era composto por membros da elite local e por
muitos populares, como índios, mulatos, negros e brancos pobres;
como foi uma luta de libertação nacional, considera-se que aí começou
a nacionalidade brasileira, e a partir do dia 19 de abril de 1648 passou-
se a comemorar a fundação do Exército Brasileiro.

Em 1816, já com a família real portuguesa no Brasil, criou-se oficialmente


o Exército brasileiro.

Mas com a abdicação de Pedro I em 1831, os temores com relação à falta


de lealdade entre os oficiais do Exército voltaram à tona, motivando a
criação da Guarda Nacional e a subsequente redução dramática dos
efetivos militares nos anos e décadas seguintes.

34
A Guarda Nacional era um corpo militar paralelo e rival ao Exército,
responsável pela manutenção da ordem interna. Enquanto o Exército
tinha seus soldados recrutados entre os pobres e os analfabetos, muitas
vezes à força – embora seus oficiais fossem recrutados na elite social
(sem muito prestígio, é verdade) –, a Guarda Nacional tinha um caráter
mais civil e seus membros provinham das elites locais.

A importância política do Exército começou a mudar quando o Brasil


se envolveu na Guerra da Tríplice Aliança, entre 1864 e 1870. Embora
o país já tivesse realizado algumas aventuras e intervenções militares
na região do Rio da Prata, foi durante a Guerra do Paraguai que um
grande esforço bélico teve que ser realizado, ainda mais quando, a partir
de 1866, o Brasil passou a guerrear quase sozinho contra o Paraguai
devido ao recuo da Argentina e do Uruguai no conflito.

Especialmente nos meses iniciais da guerra, houve alistamento popular


voluntário em massa e a constituição de batalhões de voluntários da
pátria.

Entre 1883 e 1887, uma série de episódios de confronto político entre


o Exército e o governo tornou-se conhecida como Questão Militar, em
que alguns militares de alta patente manifestaram-se criticamente ao
governo pela imprensa e sofreram punições (em particular, passando a
servir em províncias distantes), ainda que tenham sido posteriormente
anistiados.

Enquanto o Exército tinha seus soldados recrutados entre os pobres


e os analfabetos, muitas vezes à força – embora seus oficiais fossem
recrutados na elite social (sem muito prestígio, é verdade) –, a Guarda
Nacional tinha um caráter mais civil e seus membros provinham das
elites locais.

35
A importância política do Exército começou a mudar quando o Brasil
se envolveu na Guerra da Tríplice Aliança, entre 1864 e 1870.

Especialmente nos meses iniciais da guerra, houve alistamento popular


voluntário em massa e a constituição de batalhões de voluntários da
Pátria.

A Questão Militar resultou no alheamento do Exército em relação


ao governo e, de modo mais amplo, à monarquia, assim como na
valorização da corporação pelos republicanos civis.

Em 1887, criou-se o Clube Militar, um órgão de recreação, mas também


de manifestação política do Exército. Nesse mesmo ano, seu presidente,
marechal Deodoro da Fonseca, e seu vice-presidente, tenente-
coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães, manifestaram-se
contrariamente à ação de militares como polícia de caça a escravos
fugidos.

O desgaste do governo e da monarquia, a proximidade dos militares


com os republicanos e mesmo o republicanismo de alguns militares –
em particular de Benjamin Constant e dos cadetes da Escola Militar –
levaram os militares a proclamar a República em 15 de novembro de
1889, com apoio civil.

36
MILITARES NO BRASIL:
PRIMEIRA REPÚBLICA

37
Já na República, nos anos de 1891 e 1893-1894, oficiais graduados da
Marinha se revoltaram, ameaçando disparar contra o Rio de Janeiro
(então, a capital do país) e exigindo a renúncia de Deodoro da Fonseca
e eleições para presidente da República.

Nos dois episódios, conhecidos como Revolta da Armada, as disputas


políticas nacionais somaram-se às disputas da Marinha com o Exército,
e ao caráter mais elitista daquela força (em que havia inúmeros
monarquistas).

A primeira revolta resultou na renúncia de Deodoro; a segunda foi


combatida por Floriano por meio da compra de novos navios e combates
entre fortalezas costeiras e os navios sublevados.

A vitória do governo na Revolta da Armada significou a derrota política


da Marinha, que passou a ter um discreto perfil político e sofreu uma
redução substancial em seu orçamento nas décadas seguintes.

38
A Questão Militar resultou no alheamento do Exército em relação
ao governo e, de modo mais amplo, à monarquia, assim como na
valorização da corporação pelos republicanos civis. Em 1887, criou-se
o Clube Militar, um órgão de recreação, mas também de manifestação
política do Exército. Nesse mesmo ano, seu presidente, marechal
Deodoro da Fonseca, e seu vice-presidente, tenente-coronel Benjamin
Constant Botelho de Magalhães, manifestaram-se contrariamente à
ação de militares como polícia de caça a escravos fugidos.

O desgaste do governo e da monarquia, a proximidade dos militares


com os republicanos e mesmo o republicanismo de alguns militares –
em particular de Benjamin Constant e dos cadetes da Escola Militar –
levaram os militares a proclamar a República em 15 de novembro de
1889, com apoio civil.

A todo momento, somos chamados de antidemocráticos, de fascistas,


de milicianos, de imbecis que só tiveram voz porque a internet nos
possibilitou, e agora de “MANÉS”.

No entanto, conhecendo a fundo nossas raízes, embaseremos melhor


nossos pedidos e desconstruíremos qualquer falsa narrativa facilmente.

É exatamente por isso que quero trazer a nós “manés”, tudo que
possamos debater diante de qualquer argumentação falsa da extrema
esquerda. Diante da mentira, falsidade e hipocrisia, ofertarmos mais
verdade, mais Brasil e mais empenho.

Os brasileiros estiveram deitados em berço esplêndido por mais de 30


anos, enquanto a esquerda formulava, planejava e dominava todos os
níveis e esferas da nossa sociedade, até chegarem ao poder!
39
Mas, o GIGANTE ACORDOU! E é por esta razão que você está aqui.
Então clica nesses links e me siga:

Twitter: https://twitter.com/samuelalencarrj
Instagram: https://instagram.com/samuelalencar
Facebook: https://www.facebook.com/samuelalencar.r

Também clique neste link para mais informações sobre o curso


completo:

Canal do Telegram: https://t.me/+cZhLNiX1_rFjYTQx

Obrigado por me permitir fazer parte do seu desenvolvimento


enquanto cidadão!

Juntos mudaremos a história do nosso país. E não haverá quem nos


possa resistir!

Mais uma vez agradeço por me mostrar que existem centenas,


milhares, quiçá milhões de patriotas que querem SER A MUDANÇA
DESTE PAÍS!

O Brasil é nosso. E merece o melhor de cada um de nós.

Att,

Tenente Samuel Alencar

Você também pode gostar