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CONCEPÇÕES SOBRE CORPO, GÊNERO E NATUREZA NA

GINECOLOGIA NATURAL

Roberta Siqueira Mocaiber Dieguez1

Resumo: Recentemente, vêm se popularizando no Brasil grupos de mulheres que se propõem ao


compartilhamento de experiências e práticas de cura. Esses grupos, que se identificam como
“Ginecologia Natural” partem da crítica à medicalização e buscam um suposto “resgate” da
autonomia e poder sobre o corpo, dos quais as mulheres teriam sido destituídas ao longo do tempo,
sobretudo com a consolidação da medicina. A crescente popularização desses espaços no Brasil,
principalmente entre mulheres jovens e de classe média, levanta questionamentos sobre suas
origens e relação com outros movimentos feministas, como o norte-americano Women’s Health
Movement, na década de 1970. No entanto, alguns dos principais materiais utilizados como
referência nos grupos revelam uma importante conexão com a América Latina. Uma das autoras
mais conhecidas, a chilena Pabla Pérez San Martín, deve sua relevância a seu livro “Manual de
introdução à Ginecologia Natural”, o qual foi lançado em 2018 em português no Brasil. Sendo
assim, este trabalho, que faz parte de minha dissertação de mestrado, consiste na análise documental
desse material, a fim de apreender as concepções de corpo feminino e natureza nos grupos de
Ginecologia Natural, a partir dos estudos críticos de gênero. O trabalho também busca
problematizar sobre a construção da diferença de gênero em sua íntima relação com o determinismo
biológico e a produção de um corpo feminino estruturado a partir de uma concepção particular de
"natureza".
Palavras-chave: Ginecologia Natural. Corpo Feminino. Medicalização. Gênero.

Introdução

No dia 8 de dezembro de 2018 tive a oportunidade de comparecer ao lançamento da


tradução em português do “Manual de Introdução à Ginecologia Natural”, de autoria da
investigadora social, escritora e parteira tradicional2 chilena Pabla Pérez San Martín na Casa
Prazerela3, no município de São Paulo. A primeira versão do manual corresponde a uma edição em
formato de fanzine4, com 90 páginas, de um manual que posteriormente seria publicado como um
livro, de 140 páginas, contendo novas observações realizadas pela autora.
O interesse em participar do evento se deu em meio a minha pesquisa de mestrado,
desenvolvida no Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC), da Universidade Federal do Rio de
1
Mestrado em Saúde Coletiva: Universidade Federal do Rio de Janeiro. Psicóloga efetiva na Prefeitura Municipal de
São João da Barra, RJ.
2 Mulheres que prestam assistência ao parto utilizando-se dos conhecimentos que aprenderam de forma

empírica, observando outras parteiras mais velhas, e que são reconhecidas como parteiras pela comunidade em que
atuam. Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-01/parteiras-renascem-com-maisseguranca-e-tecnicas-
tradicionais
3 Link: https://prazerela.com.br/
4 Publicação não profissional produzida por fãs de determinada cultura ou fenômeno. Costumam seredições simples

fabricadas em pequena escala.


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Janeiro. O trabalho consistiu em análise documental de 13 manuais e materiais de referência
recomendados pelas organizadoras de dois grupos presenciais que tinham por objetivo discutir e
apresentar práticas de Ginecologia Natural, dos quais participei em uma etapa exploratória inicial
do estudo. Os grupos ocorreram em momentos e cidades distintas. Dentre os materiais coletados,
um dos que mais se destacaram foi o “Manual de Introdução à Ginecologia Natural”, que foi
indicado pelos dois grupos. Ao longo da etapa exploratória e análise dos materiais, foi possível
notar inúmeras referências a países da América Latina, como Argentina, Chile, Uruguai, dentre
outros, além de textos e músicas em língua espanhola, ainda que os eventos tenham ocorrido no
Brasil. Esse fato reforça a importância da América Latina na produção do ideário da Ginecologia
Natural no Brasil, para o qual a autora da obra aqui citada parece ser uma importante referência.
A Ginecologia Natural vem ganhando força no Brasil nos últimos anos e é notável sua
presença em espaços virtuais e, mais recentemente, grupos presenciais. Trata-se de uma abordagem
do corpo feminino baseada em críticas ao modelo hegemônico da medicina baseada em evidências e
que busca uma espécie de “resgate” do poder das mulheres sobre o próprio corpo, que teria sido
destituído pelo desenvolvimento do saber médico.
Para compreender essas concepções também é necessário situá-las historicamente como
parte de um movimento ainda mais amplo, a saber, o movimento feminista. Dessa forma, é possível
identificar, nesses discursos, referências a outros movimentos de mulheres de décadas anteriores,
como o norte-americano Women’s Health Movement.
No entanto, como veremos adiante, trata-se de uma abordagem do corpo feminino que se
aproxima do chamado “feminismo da diferença” (SORJ, 1992; ROHDEN, 1996) e do
“ecofeminismo” (FLORES; TREVIZAN, 2015), pois enfatizam as diferenças entre homens e
mulheres a partir da noção de um corpo biológico e da valorização de uma suposta “natureza”.

Metodologia

A metodologia deste trabalho consistiu na análise documental do “Manual de Introdução à


Ginecologia Natural”, lançado no Brasil em 2018 em meio a um crescente interesse no país de
mulheres, sobretudo jovens e de classe média, na temática da Ginecologia Natural. O material foi
coletado em dois grupos de Ginecologia Natural. O primeiro, que recebeu o nome fictício de grupo
Calêndula, ocorreu no município de Campos dos Goytacazes, interior do Rio de Janeiro. Já o
segundo, que recebeu o nome de Artemísia, ocorreu em dois momentos. No primeiro, foi realizada
uma roda de conversa em um hotel localizado em área nobre no município do Rio de Janeiro. No
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segundo momento, a mesma organizadora promoveu um retiro prático em uma cidade próxima do
Rio de Janeiro. Conforme dito anteriormente, o “Manual de Introdução à Ginecologia Natural”,
que, até então, não havia sido lançado em sua versão brasileira, foi indicado pelos dois grupos,
cujos discursos em muito se assemelham ao que se encontra no livro.
Para a análise documental, foi realizada, primeiramente, uma leitura flutuante, que buscou
identificar os principais temas presentes na obra. Posteriormente, foi feita uma análise de conteúdo,
que, de acordo com Bardin (1977, p. 38), corresponde a “um conjunto de técnicas de análise das
comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos (sic) de descrição do conteúdo
das mensagens”. Ainda segundo Bardin (1977), essa técnica consiste na manipulação de mensagens
de forma sistemática com a finalidade de inferir sobre determinada realidade.
Através da análise dos dados linguísticos, os elementos de interesse para a pesquisa foram
identificados, numerados e categorizados (SÁ-SILVA et al., 2009). As categorias criadas buscaram
identificar conceitos-chave sobre corpo feminino e saúde na perspectiva da Ginecologia Natural. A
partir desse discurso, foi efetuada uma discussão sobre a construção da diferença sexual e foram
apontadas tensões entre medicalização e desmedicalização, a fim de refletir sobre como essas
questões se apresentam e se articulam às narrativas sobre corpo e saúde presentes no livro.

Resultados/discussão

As referências à medicina como uma ciência masculina que teria se apropriado dos saberes e
do controle do corpo feminino são frequentes na obra. Trata-se, antes de tudo, de uma crítica ao
processo de medicalização. Conforme a análise de Foucault (2014), a medicalização atua em uma
dimensão biopolítica, isto é, incide sobre o corpo biológico a partir de um discurso de autoridade,
que o disciplina e domina. Conrad (2007, p. 4) também teorizou sobre esse tema e descreveu a
medicalização como: “um processo pelo qual problemas não médicos passam a ser definidos e
tratados como problemas médicos, frequentemente em termos de doenças ou transtornos”. Uma das
críticas da autora à racionalidade médica e seus impactos sobre as mulheres pode ser observada no
seguinte trecho:

A medicina e seu desenvolvimento são imprescindíveis para salvar muitas vidas, mas seu
paradigma está mal focado e ressalta sua falta de humanidade, de contexto e de
sensibilidade. (MARTÍN, 2018, p. 39)

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Como alternativa a essa alienação das mulheres de seus corpos, a autora estimula o
autoconhecimento, o que se dá a partir do compartilhamento de informações sobre o funcionamento
do corpo que, na maioria das vezes, não são aprendidas pelas mulheres em outros ambientes. Além
disso, o “faça-você-mesma” também se apresenta como proposta para retomada dos saberes sobre o
corpo, o que pode ser observado no compartilhamento, tanto nos grupos quanto no manual, de
práticas. Essas técnicas corporais, dentre as quais se destaca o autoexame ginecológico, visam a
uma auto-observação que tem por objetivo identificar sinais de saúde e de possíveis desequilíbrios
que possam acometer o organismo. O autoexame, por exemplo, utiliza um espéculo ginecológico e
um espelho para que a mulher tenha acesso ao seu colo do útero e possa identificar possíveis
alterações.
Tanto o enfoque no faça-você-mesma, quanto o uso do espéculo como símbolo de poder
estiveram presentes nos movimentos feministas norte-americanos iniciados na década de 1970
(HARAWAY, 2018). Dentre eles, destaca-se o Women’s Health Movement e os movimentos de Self
Help, que se empenharam em produzir e compartilhar conhecimentos considerados úteis para a
promoção da saúde das mulheres. Nesse contexto, o espéculo se torna símbolo de reapropriação dos
instrumentos e dos saberes historicamente utilizados pela medicina, a fim de destituí-la de seu poder
e dominação.
A maioria das intervenções médicas são frequentemente rejeitadas pela autora e pelas
praticantes de Ginecologia Natural como um todo. Dentre essas intervenções, destaca-se o uso de
hormônios sintéticos, que costumam ser indicados por ginecologistas para finalidades diversas,
como regulação do ciclo menstrual, cólicas, problemas de pele, alterações emocionais, dentre
outros. De acordo com Nucci (2012), desde o início da comercialização da pílula, em 1957, a
primeira indicação para seu uso era a “regulação do ciclo menstrual”, já que a divulgação de
métodos contraceptivos era proibida nos Estados Unidos. Com o desenvolvimento de novas versões
ao longo dos anos, a pílula passou a ser recomendada para outros fins, o que, segundo Nucci (2012)
estaria ligado a uma necessidade de promover um aprimoramento no corpo. Assim, a pílula poderia
ser entendida como uma droga “estilo de vida”. De acordo com Nucci:

Essas drogas têm o objetivo de tratar condições que não seriam consideradas
patológicas (um risco à vida e à saúde), mas sim problemas que poderiam limitar/
dificultar a vida das pessoas, como a calvície, a falta de atenção e a disfunção erétil,
por exemplo. [...] O objetivo, desta forma, é o aperfeiçoamento e o aprimoramento
da vida, tornando-a “mais do que boa”. (NUCCI, 2012, p. 128).

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Em contrapartida, a essas intervenções tecnocientíficas, o que propõe o manual é justamente
uma espécie de “retorno ao natural”. Essa abordagem se assemelha àquela presente no ideário do
parto humanizado, que, de acordo com Tornquist (2002), produz a concepção de um modelo
universal de feminilidade, que pouco considera a dimensão simbólica e histórica do ser mulher.
Esse discurso, assim como o que analiso aqui, atribui valores positivos a uma suposta condição
natural e biológica do corpo feminino.
Por esse motivo, a Ginecologia Natural pode ser associada ao chamado “feminismo da
diferença” (ROHDEN, 1996; SORJ, 1992), que propõe uma espécie inversão de valores, ancorada
em uma diferença biológica entre os sexos. Esse ideário também se associa ao “ecofeminismo”,
conceito cunhado por Françoise D’eaubonne em 1974 (FLORES; TREVIZAN, 2015), que sugere
que a organização do sistema patriarcal seria responsável, tanto pela dominação e destruição dos
recursos naturais, quanto pela opressão sofrida pelas mulheres. A solução para essas questões seria,
portanto, a libertação de todas as formas de dominação (FLORES; TREVIZAN, 2015).
Ao mesmo tempo em que se empreende uma inversão de valores e enaltecimento de uma
suposta natureza feminina, o manual busca a integração do corpo a essa “natureza”, que se vê
representada a partir do uso de plantas medicinais em seus variados modos de preparo, como chás,
tinturas-mãe5, vaporizações, defumações, dentre outros. Essas preparações têm como objetivo tratar
e prevenir possíveis problemas de saúde que podem ocorrer em diversas fases da vida da mulher,
como a gestação, a menopausa e menstruação. A autora ressalta, no entanto, que não é somente a
composição química da planta que garante a eficácia da técnica, mas também a relação simbólica
mantida entre a mulher e a planta utilizada.

Considerações finais

A partir da análise do material, foi possível identificar a construção do conhecimento a partir


da prática como um dos pilares desse ideário, que se conecta com os movimentos feministas de
gerações passadas, principalmente o movimento pela saúde das mulheres norte-americano da
década de 1970. O estímulo a um conhecimento prático a partir da observação dos sinais do corpo
já estava presente na atuação desses coletivos, o que pode ser exemplificado no uso do espéculo
como símbolo de poder e autoconhecimento.

5 Preparado, geralmente feito a partir de plantas, em conserva de longo-prazo no álcool ou glicerina. Fonte:
http://blog.dermomanipulacoes.com.br/tintura-mae-o-que-e-beneficios/
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A ideia de um corpo individual que se manifesta de forma distinta em cada mulher faz com
que a auto-observação seja fundamental para a construção de um saber sobre esse corpo. A crítica
ao conhecimento biomédico e aos processos de medicalização do corpo feminino também é parte
fundamental nesse ideário.
A crítica à medicalização ocorre simultaneamente a uma proposta de “reapropriação” de um
saber sobre o corpo, do qual as mulheres teriam sido destituídas com o desenvolvimento da
medicina. Ao mesmo tempo, é feito um paralelo entre a opressão às mulheres e a destruição dos
recursos naturais. Contudo, tanto a associação metafórica entre mulher e natureza quanto a ênfase
na diferença biológica entre os sexos, pode gerar algumas armadilhas, tendo em vista que a mesma
lógica determinista já foi amplamente utilizada com o objetivo de reforçar uma visão que considera
as mulheres como inferiores aos homens e passíveis de serem dominadas.

Referências.

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HARAWAY, Donna J. Fetus: the virtual speculum in the new world order. In: HARAWAY, Donna
J. Modest_Witness@Second_Millenium.FemaleMan_Meets_OncoMouse: feminism and
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SÁ-SILVA, Jackson Ronie; ALMEIDA, Cristóvão Domingos de; GUINDANI, Joel Felipe.
Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História e

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 12 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2021, ISSN 2179-510X
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Conceptions of body, gender and nature in Natural Gynecology

Abstract: Recently, groups of women who propose to share experiences and healing practices have
become popular in Brazil. These groups, which identify themselves as “Natural Gynecology” start
from the critique of medicalization and seek a supposed “rescue” of autonomy and power over the
body, from which women would have been deprived over time, especially with the consolidation of
medicine. The growing popularity of these spaces in Brazil, especially among young and middle
class women, raises questions about their origins and their relationship with other feminist
movements, such as the American Women's Health Movement, in the 1970s. However, some of the
main materials used as a reference in the groups reveal an important connection with Latin
America. One of the best-known authors, the Chilean Pabla Pérez San Martín, owes her relevance
to her book "Introduction to Natural Gynecology", which was released in 2018 in Portuguese in
Brazil. Therefore, this paper, which is part of my master's dissertation, consists of documentary
analysis of this material, in order to grasp female body and nature conceptions in the groups of
Natural Gynecology, based on critical gender studies. The paper also seeks to problematize the
construction of gender difference in its intimate relationship with biological determinism and the
production of a female body structured from a particular conception of "nature".
Keywords: Natural Gynecology. Female Body. Medicalization. Gender.

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