Em decorrência da crise ambiental vivenciada atualmente, o meio ambiente passou a ser alvo de debates e discussões em nível mundial, sendo reconhecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos como um direito fundamental à vida. Nos últimos anos, o desenvolvimento tecnológico da humanidade foi inigualável. Em nenhum outro período histórico foram feitas tantas descobertas, em todos os campos da ciência, gerando uma incrível capacidade de produção e de controle dos elementos naturais. No entanto, também é o período histórico em que o ser humano gerou os meios que podem levá-lo à extinção. O processo em curso, de contaminação excessiva do meio ambiente natural, foi acelerado com a Revolução Industrial e sua compreensão é fundamental para a conscientização da gravidade da situação e para a obtenção dos meios necessários a sua superação. A Revolução Industrial foi um fenômeno internacional, que ocorreu de maneira gradativa, a partir de meados do século XVIII e provocou mudanças profundas nos meios de produção humanos até então conhecidos, afetando diretamente nos modelos econômicos e sociais de sobrevivência humana. Esse fenômeno revolucionário teve início na Inglaterra no século XVIII e rapidamente se espalhou por outros recantos do planeta, promovendo o crescimento econômico e possibilitando uma maior geração de riqueza, que por sua vez traria prosperidade e melhor qualidade de vida. No entanto, essa revolução desencadeou dois processos que muito afetam o meio ambiente: o consumo dos recursos naturais, que servem de matéria-prima para a fabricação dos mais diversos produtos, e o lançamento de poluentes na natureza. Até o final do século XIX, a demanda por matérias-primas e energia, assim como o nível de geração de resíduos resultante das atividades econômicas produtivas em todo o mundo, não eram capazes de comprometer a dinâmica dos ambientes naturais. No entanto, no decorrer do século XX houve o agigantamento do sistema econômico mundial e uma consequente projeção deste sobre o sistema ecológico, revelando as graves consequências desse entroncamento entre os dois sistemas, em razão da probabilidade de exaustão dos recursos naturais e da capacidade limitada dos ecossistemas absorverem as agressões impostas pela desmedida expansão econômica e pelo progresso tecnológico. O modelo de desenvolvimento econômico originado no século XX se tornou incapaz de conciliar as necessidades e exigências (consumistas) que lhe são intrínsecas, com a preservação das condições básicas que proporcionasse a garantia da qualidade de vida das sociedades. Em decorrência do desenvolvimento acelerado do capital e a busca de garantir maior lucratividade, a natureza passou a ser cada vez mais devastada. Visando amenizar os efeitos do capitalismo sobre o meio ambiente, foram realizados vários debates referentes à superação desses problemas com a busca de alternativas que pudessem diminuir os efeitos da poluição e a devastação ambiental. O modelo de produção industrial capitalista originado em fins do século XIX, impulsionado por uma demanda produtivo-consumista (produção em massa, culto ao consumo ilimitado, individualismo exacerbado e associação da felicidade à aquisição de bens materiais) trouxe um movimento de saturação dos recursos naturais e uma série de problemas que, ao longo do tempo, levaram à insustentabilidade das sociedades contemporâneas. Os danos ambientais provocados pela atividade humana têm sido, há algumas décadas, fonte de preocupação e pesquisa das comunidades científicas, que têm alertado para as graves consequências do uso indiscriminado dos recursos naturais, tais como o aquecimento global, a desertificação, a destruição dos ecossistemas, provocada pelo desmatamento, e a poluição com reflexos imediatos na saúde e sobrevivência das pessoas. O problema ambiental, embora possa apresentar diferenças nacionais e regionais, é antes de tudo um problema mundial que envolve todos os Estados e todos os setores da sociedade em geral. Assim sendo, é necessário criar formas de proteção da natureza que sejam planetárias que não fiquem dependentes somente de interesses locais dos governos nacionais Nesse contexto de crise ambiental convém ressaltarmos, que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado está no rol dos direitos que todos os homens possuem, independentes de raça, sexo, cor ou religião, sendo reconhecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos como um direito fundamental diretamente relacionado à saúde e a qualidade de vida. Sendo, portanto, um bem jurídico que necessita de uma proteção especial por parte do poder público. No entanto, clara é a falta de efetividade de tal direito na sociedade contemporânea e a crise ambiental que nela se instalou. A quantidade e a seriedade dos problemas ambientais que as sociedades vêm enfrentando nas últimas décadas, atribuem à própria economia a necessidade de analisar e reavaliar a questão ambiental e buscar formas de conciliar desenvolvimento econômico com proteção ambiental, considerando que meio ambiente e desenvolvimento não são desafios separados, mas estão inevitavelmente interligados. O desenvolvimento não se mantém se a base de recursos ambientais se deteriora. Por sua vez, o meio ambiente não pode ser protegido se o crescimento econômico não levar em consideração as consequências de uma destruição ambiental global. Com o incremento das discussões a respeito da proteção ao meio ambiente, principalmente em virtude do tema do aquecimento global e das funestas implicações por ele trazidas, vemos também, a todo instante, a invocação de uma velha sentença: a de que a proteção da natureza é prejudicial ao crescimento ou desenvolvimento econômico. Foi este, por exemplo, o argumento para a não-assinatura do protocolo de Kioto e, mais recentemente no Brasil, para que se pressionassem o licenciamento ambiental das hidrelétricas do Rio Madeira. Não faltam, nestas acaloradas divergências, que se pretende agora, por este pretexto, impedir que nações menos desenvolvidas cresçam e disputem em situação de igualdade com os países desenvolvidos assim. Se observarmos com atenção, veremos que a promoção do meio ambiente, principalmente no comércio e indústria, se manifesta através do aumento substancial da busca por eficiência e inovação. É evidente que o interesse pelo meio ambiente exerceu uma benéfica influência pela maior economia dos motores de automóveis, sem que isso tenha implicado perda de potência. Da mesma forma, o tratamento de resíduos industriais tem proporcionado excelentes fontes de receita para industrias que com ele tem se preocupado. Usinas de cana têm vendido a energia obtida com o bagaço e o setor de reciclagem passa por um paulatino e vultoso desenvolvimento. Além disso, com maior ou menor estupefação, o crescimento da sociedade da informação traz em seu bojo toda uma nova economia, com sites, softwares e tecnologias que a cada vez ocupam maior espaço na economia e que possuem como característica fundamental o fato de serem pouco impactantes à natureza. Os efeitos benéficos da temática do meio ambiente ao desenvolvimento são tamanhos que hoje não poucos economistas se dedicam com afinco a esta discussão, chegando até mesmo a se questionar se apenas este fenômeno dentro das empresas seria capaz de mudar o mundo. Ante a problemática ambiental vivenciada atualmente, o discurso da responsabilidade social empresarial se configura como uma forma de compensar ou minimizar os impactos oriundos do processo de desenvolvimento capitalista, e por meio dessas ações busca-se conquistar novos mercados, assegurando assim a manutenção e desenvolvimento do sistema capitalista em curso. A preservação passa a ser o lema das grandes empresas, que cientes da necessidade de garantir a produção e o lucro futuro, tendem a investir em tecnologias que reduzam o nível de destruição do meio ambiente, a consciência ecológica empresarial tem sido motivada, em parte, pelas pressões contínuas do poder público, da opinião pública e dos consumidores, e em muitos casos pela possibilidade de melhorar sua imagem junto a determinados mercados, o que resulta no aumento do número de consumidores, melhores empregados, melhores fornecedores, entre outras vantagens. Uma empresa que é vista como socialmente responsável possui uma vantagem estratégica em relação àquela que não tem essa imagem perante o público. O crescente nível de informação e conscientização da sociedade está alterando a gestão das empresas e impelindo-as a assumirem novos compromissos. Modelos e sistemas de gestão inovadores estão sendo propostos para adaptar as empresas às exigências de uma economia globalizada. Para sobreviver e serem competitivas nesse ambiente turbulento as empresas procuram, cada vez mais, cumprir as obrigações legais e atender as exigências do mercado consumidor. Quanto à igualdade, a interferência desta discussão também se impõe. O desenvolvimento de biocombustíveis pode mover efetivamente o aparecimento de novas nações no cenário energético. Além disso, a cada dia mais pessoas cedem ao entendimento de que a tutela ao meio ambiente é incompatível com a miséria e a exclusão social. De fato, de nada adiantar gerar uma nova economia não-impactante, se o acesso dela estiver restrito a apenas um punhado de favorecidos. Se por um lado é inexorável reconhecer a não incompatibilidade entre meio ambiente e desenvolvimento, o é também constatar que a proteção ao primeiro impõe um monumental esforço de reconstrução de uma sociedade. Isto não significa destruir o que existe, mas impõe o maior controle e desestímulo a setores que hoje ainda desempenham um papel econômico preponderante. Não se trata, portanto, de impedir o aumento da riqueza, mas de distribuí-lo, infelizmente não por justiça social, mas por necessidade de preservação de nossas gerações futuras. Com efeito, a preservação do meio ambiente não é necessariamente incompatível com a desigualdade, mas o é com a miséria. Não é com a riqueza, mas é com a ostentação. Não é com o consumo, mas é com o desperdício. Portanto, embora seja em vários setores promotor do desenvolvimento, em outros efetivamente impõe dificuldades. Faz-se então necessário uma reconstrução que apesar de não implicar renúncia ao crescimento econômico, certamente trará prejuízos a indivíduos e empresas que jamais se preocuparam com a preservação. Este fenômeno é absolutamente natural em uma sociedade capitalista e, não fosse pelo meio ambiente, certamente aconteceria pela natureza cíclica do sistema, por guerras ou outros fenômenos. Melhor que seja pela qualidade de vida e em nome das futuras gerações. Obviamente, como sempre ocorre, esta reconstrução, não é natural, sendo uma resultante de conflitos sociais, políticos e econômicos que se expressam das mais variadas maneiras e nos mais diversos ambientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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