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A LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD) E OS REFLEXOS DE SUA

APLICABILIDADE ÀS RELAÇÕES DE TRABALHO1

Josenice da Silva Codesso2


Barbara de Cezaro3

RESUMO: Este artigo trata da Lei Geral de Proteção de Dados e os reflexos de sua
aplicabilidade às relações de trabalho. O problema de pesquisa visa estabelecer se
na aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados haverá responsabilização do
empregador no tratamento de dados pessoais do empregado. Para isso, aborda-se
inicialmente os aspectos gerais da Lei Geral de Proteção de Dados. Em seguida,
identifica-se os momento da aplicação da Lei nas relações de trabalho. E finalmente,
no terceiro tópico, será estudado o entendimento do Tribunal Regional da 4ª Região
e do Tribunal Superior do Trabalho nas decisões sobre o tema. Para tanto, utilizou-
se o método dedutivo na análise geral da Lei Geral de Proteção de Dados e suas
implicações com as relações de trabalho, por meio de pesquisa bibliográfica, do
entendimento jurisprudencial, bem como publicações em revistas e periódicos
jurídicos. A princípio, infere-se que é possível responsabilizar o empregador no
tratamento de dados pessoais do empregado na aplicação da Lei Geral de Proteção
de Dados. Por outro lado, cogita-se que a Lei não foi desenvolvida para ser aplicada
às relações de trabalho. Por fim, conclui-se que a Lei Geral de Proteção de Dados
deve ser verificada na esfera trabalhista visando à proteção do trabalhador, dada a
sua situação de vulnerabilidade perante o empregador, e em caso de
descumprimento desta Lei, em razão da responsabilidade do empregador, que
sejam aplicadas as sanções previstas e que haja comportamento preventivo na
aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados nas relações de trabalho.

Palavras-chave: Lei Geral de Proteção de Dados. Privacidade. Empregador.


Empregado.

ABSTRACT: This article deals with the General Data Protection Law and the
consequences of its applicability to labor relations. The research problem aims to
establish whether, in the application of the General Data Protection Law, the
employer will be held responsible for the processing of the employee's personal data.
For this, the general aspects of the General Data Protection Law are initially
addressed. Then, the moment of application of the Law in labor relations is identified.
And finally, in the third topic, the understanding of the Regional Court of the 4th
Region and the Superior Labor Court in decisions on the subject will be studied.
Therefore, the deductive method was used in the general analysis of the General
Data Protection Law and its implications for labor relations, through bibliographical
research, jurisprudential understanding, as well as publications in magazines and
legal journals. At first, it is inferred that it is possible to hold the employer responsible
for the processing of personal data of the employee in the application of the General
1
Artigo elaborado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso – TCC II.
2
Acadêmico no curso de Bacharelado em Direito da Faculdades Integradas São Judas Tadeu. E-mail:
josenice.codesso@sjt.edu.br.
3
Orientadora do Acadêmico no curso de Bacharelado em Direito da Faculdades Integradas São Judas Tadeu. E-mail:
barbara.cezaro@saojudastadeu.edu.br.
2

Data Protection Law. On the other hand, it is thought that the Law was not developed
to be applied to labor relations. Finally, it is concluded that the General Data
Protection Law must be verified in the labor sphere, aiming at the protection of the
worker, given his situation of vulnerability before the employer, and in case of non-
compliance with this Law, due to the responsibility of the employer , that the
prescribed sanctions are applied and that there is preventive behavior in the
application of the General Data Protection Law in labor relations

KEYWORDS: General Data Protection Law. Privacy. Employer. Employee.

INTRODUÇÃO

A Lei Geral de Proteção de Dados é considerada como um grande avanço na


proteção de dados pessoais. Visa garantir a segurança e privacidade de dados
pessoais dos indivíduos. Sua aplicação se espalha por todas as áreas, inclusive na
esfera trabalhista.
A escolha da pesquisa sobre o tema é motivada pela necessidade do
entendimento da Lei Geral de Proteção de Dados e de como sua aplicabilidade às
relações de trabalho vai refletir na proteção de dados pessoais do empregado. Em
consequência disso, o tema é delimitado na responsabilidade do empregador no
tratamento desses dados.
Portanto, os dados pessoais do empregado são tratados em todas as etapas
de uma relação trabalhista, seja na fase pré-contratual, na vigência do contrato de
trabalho e quando da sua extinção. Por ser o empregador o responsável pelo
tratamento de dados do empregado, deverá precaver-se de uma ilegalidade.
Nesse sentido, verifica-se que temas envolvendo a nova legislação vêm
sendo objeto de processos trabalhistas, importante, portanto, que a temática seja
conhecida pelo Poder Judiciário a fim estabelecer jurisprudência na aplicabilidade da
Lei Geral da Proteção de Dados às relações de emprego
A problemática de pesquisa é no tocante se haveria responsabilização do
empregador quando da vigência e aplicação da LGPD. Então de que forma a LGPD
poderá refletir na responsabilidade do empregador quando aplicada às relações de
trabalho?
Na primeira hipótese se verificaria acerca da responsabilização do
empregador no tratamento de dados pessoais do empregado conforme aplicação da
LGPD às relações de trabalho. Por ser o empregador o controlador, a quem
compete a tomada de decisões na forma de tratamento aos dados pessoais do
3

titular, portanto, quem será responsabilizado quando da inobservância da LGPD à


luz dos direitos do empregado.
Por outro lado, se apuraria que a LGPD, por sua amplitude, não foi constituída
especificamente para ser aplicada às relações de trabalho e que não haveria
responsabilização do empregador no tratamento de dados do empregado. Se o
empregador não se adequar ao regramento ditado a respeito do tratamento de
dados, em relação à coleta, armazenamento ou exclusão, não será responsabilizado
e não sofrerá sanções aplicáveis.
A abordagem utilizada para desenvolver o trabalho de pesquisa foi através do
método dedutivo, em que será feita a análise geral da Lei Geral de Proteção de
Dados e as implicações desta com as relações de emprego. A técnica de pesquisa
se utilizará do estudo bibliográfico, através da consulta à legislação pertinente ao
tema, à doutrina, à jurisprudência, aos artigos acadêmicos e às publicações em
revistas jurídicas e periódicos.
Assim sendo, o trabalho será desenvolvido em três tópicos nos quais poderá
ter-se o entendimento do que é a LGPD, como será aplicada à relações de trabalho
e como os Tribunais estão decidindo sobre o tema.
No primeiro tópico será feita a abordagem dos aspectos gerais da Lei Geral
de Proteção de Dados e sua importância nas relações humanas e na
hiperconectividade. A Lei traz em si o conceito do que ver a ser os dados, os
sujeitos, as hipóteses de tratamento de dados, os princípios que norteiam a
fundamentação da própria norma, além das sanções aplicáveis.
Em seguida, as situações nas quais a Lei Geral de Proteção de Dados é
aplicada às relações de emprego. Ou seja, em todas as fases da relação laboral há
tratamento de dados do titular, ao candidato ao emprego, ao empregado contratado
e ao empregado que teve seu contrato extinto,
E por fim, apresentando o entendimento do Tribunal Regional do Trabalho da
4ª Região e do Tribunal Superior do Trabalho em decisões sobre a LGPD na esfera
trabalhista. De forma em que a jurisprudência firmada sobre o tema servirá como
base para o entendimento da LGPD à luz do Direito do Trabalho.
4

1 ASPECTOS GERAIS DA LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS

A Lei 13.709/2018 conhecida como a Lei Geral de Proteção de Dados


(LGPD)4, em vigor desde 18 de setembro do ano de 2020, emerge com o objetivo de
proteger as liberdades e os direitos fundamentais do indivíduo, sua aplicação visa a
regulamentação do uso dos dados pessoais de pessoas naturais em quaisquer
meios utilizados, sejam físicos ou digitais.
Não obstante o pouco tempo de vigência desta Lei, a temática proteção de
dados pessoais já é tratada há algum tempo. Nos Estados Unidos já se falava em
proteção de dados nos anos 60. Na Alemanha na década de 70 foi criada a primeira
lei sobre a temática. Nos demais países da Europa também foram criadas leis sobre
privacidade, e em 1995 os países da União Europeia criaram a Diretiva 95/46/CE
sobre proteção de dados. Hoje a Europa conta com a GDPR ou RGPD
(Regulamentação Geral de Proteção de Dados).
Chegando ao momento atual, na era das informações instantâneas e
hiperconectividade, não resta dúvidas de que a criação da LGPD veio regular a
forma de tratamento dos dados pessoais, trazendo consigo a necessidade imediata
de adequações por parte das organizações nas relações com o titular desses dados.
A LGPD visa assegurar a segurança e privacidade de dados pessoais de todo e
qualquer indivíduo.
A proteção de dados e a dignidade humana, segundo Sarlet, Marinoni e
Mitidiero:

Embora não se trate de direito absoluto, o direito à proteção de


dados, especialmente na medida de sua conexão com a dignidade
humana, revela-se como um direito bastante sensível, tanto mais
sensível quanto mais a sua restrição afeta a intimidade e pode
implicar violação da dignidade da pessoa humana.5

É fundamental recordar do artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos


Humanos quando se trata da proteção da vida privada e intimidade da pessoa:
“Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar

4
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de 23
de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 13 mai.
2022.
5
SARLET; MARINONI; MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 497.
5

ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Todos os seres


humanos têm direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques”. 6
Além disso, já na Constituição Brasileira de 1988 mesmo que de uma forma
ampla, já tratava da privacidade dos cidadãos brasileiros no artigo 5º: “são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação”7.
Em consequência da promulgação da LGPD, em nosso texto constitucional,
além dos direitos e garantias fundamentais já expressos na proteção da privacidade,
intimidade e vida privada, recentemente neste rol foi incluída a proteção de dados. A
promulgação da Emenda Constitucional nº 115/2022 8 inseriu o inciso LXXIX ao
artigo 5º, e em seguida, tratando da competência da União, o inciso XXVI ao artigo
21, e ainda, o inciso XXX ao artigo 22.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos


dados pessoais, inclusive nos meios digitais.

Art. 21. Compete à União:

XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados pessoais,


nos termos da lei. 

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XXX - proteção e tratamento de dados pessoais.

Inicialmente, a LGPD visa a proteção de dados do indivíduo, independente de


quem realize o tratamento dos dados, seja do setor público ou privado. Ressaltando
que a proteção de que trata a lei refere-se a pessoa natural, conforme é trazido em
seu primeiro artigo:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais,
inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica
de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos
6
Assembleia Geral da ONU. (1948). (resolução 217 A III). "Declaração Universal dos Direitos Humanos". Disponível em:
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos. Acesso em 28 out. 2022.
7
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Congresso Nacional, 2022. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 20 jun. 2022.
8
BRASIL. Emenda constitucional nº 115, de 10 de fevereiro de 2022. Altera a Constituição Federal para incluir a proteção
de dados pessoais entre os direitos e garantias fundamentais e para fixar a competência privativa da União para legislar sobre
proteção e tratamento de dados pessoais. Brasília: Congresso Nacional, 2022. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc115.htm. Acesso em: 26 mai. 2022.
6

fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento


da personalidade da pessoa natural.9

Além da previsão da LGPD, os direitos de personalidade são trazidos pelo próprio


Código Civil Brasileiro, dos artigos 11 ao 21, como direito ao nome, à imagem, à
liberdade, à honra, à integridade física, à vida privada 10. Então, a proteção de dados
pessoais está intimamente ligada aos direitos de personalidade do indivíduo.
Cabe o entendimento das definições previstas na Lei, mediante o qual será
possível estabelecer o tratamento adequado dos dados pessoais à luz da LGPD.
Lembrando que será considerado um dado pessoal aquela informação capaz de
identificar uma pessoa ou quando o cruzamento de dados também for capaz de
identificá-la11. Daí nasce o direito do titular acerca do tratamento dos dados.
Da mesma forma a necessidade de que seja reconhecida a definição um
dado sensível, qual seja, aquela informação do indivíduo que importe na origem
racial ou étnica, sua convicção religiosa, filosófica ou política, adoção a determinado
sindicato, predisposição à vida sexual, quadro de saúde, genético ou de biometria. 12
Uma vez que essas informações só dizem respeito ao titular desses direitos.
Além disso, estão dispostos no artigo 5º da LGPD quais os termos a serem
conhecidos para fins da sua correta interpretação e aplicação, ou seja, conceitos,
classificações de dados, sujeitos de tratamento, documentos, órgãos e as ações a
respeito do tratamento dos dados.
Nesse sentido, o tratamento vem a ser toda a realização de um procedimento
feito com os dados pessoais, conforme rol exemplificativo do inciso X do artigo 5º da
LGPD:
A coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento,
armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação,
modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração. 13
Além disso, importa saber quem são os agentes de tratamento dos dados,
como o controlador, o operador e o encarregado (DPO), e ainda, o que vem a ser o
relatório de impacto à proteção de dados pessoais (RIPD), cujas definições estão

9
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de 23
de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 19 jun.
2022.
10
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em 28 out. 2022.
11
Ibidem.
12
Ibidem.
13
Ibidem.
7

expressas nos incisos VI, VII, VIII do mesmo artigo:

VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a


quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais;
VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que
realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador;
VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controlador e operador para atuar
como canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD); (Redação dada pela
Lei nº 13.853, de 2019);
XVII-relatório de impacto à proteção de dados pessoais: documentação do
controlador que contém a descrição dos processos de tratamento de dados
pessoais que podem gerar riscos às liberdades civis e aos direitos
fundamentais, bem como medidas, salvaguardas e mecanismos de
mitigação de risco;14

A forma de tratamento dos dados dos titulares percorrem os princípios


norteadores condizentes no artigo 6º da Lei, que além da boa-fé, devem ser:
finalidade, adequação, necessidade, livre acesso, qualidade de dados,
transparência, segurança, prevenção, não discriminação e responsabilidade e
prestação de contas.15
Para haver o tratamento de um dado pessoal seu propósito deverá ser
legítimo, de maneira específica e coerente, além de ser informado ao titular, não
podendo haver tratamento de forma não alinhada com a finalidade atribuída. Da
mesma forma, que o tratamento esteja dentro do contexto compatível com a
finalidade exposta.
Além disso, que os dados sejam tratados ao mínimo, na proporção das
finalidades, sem excessos. E é garantido aos titulares a integridade de seus dados,
a informação da forma e tempo de duração do tratamento realizado. Também de
forma clara e quando relevante, que os dados sejam atualizados de acordo com a
necessidade do tratamento realizado.
Nesse sentido, é garantido a seus titulares que as informações sobre o
tratamento de seus dados sejam prestadas de forma precisa e de fácil acesso. Os
agentes de tratamento têm que tomar as medidas necessárias para proteger os
dados pessoais dos titulares, a fim de não ocorrer situações ilícitas como a
destruição, a perda, a alteração, o compartilhamento e divulgação não autorizados.
Especialmente devem ser adotadas medidas de prevenção de danos quando
se tratam de dados pessoais. E cabe ao agente responsável pelo tratamento
14
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em 28 out. 2022.
15
Ibidem.
8

manifestar que tomou todas as medidas no cumprimento das normas relativas à


proteção dos dados pessoais dos titulares, e ainda, que as medidas tomadas são
eficazes. E ainda é assegurado ao titular que seus dados não sejam utilizados com
fins discriminatórios ou mesmo abusivos.
Nessa mesma linha de proteção da privacidade e informação ao titular de
dados, é apontado por Ramos e Gomes16 da existência do habeas data como
remédio constitucional, com previsão legal no inciso LXXII do artigo 5º, da
Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo.17

Além disso e dos princípios já expostos, a LGPD prevê no artigo 7º as


hipóteses para o tratamento de dados pessoais e dados pessoais sensíveis,
destacando-se pelo inciso I, que traz a necessidade do consentimento do titular por
escrito ou meio que demonstre sua vontade, e os que tratam da hipótese por própria
previsão legal e outras constantes com o intuito de legitimar o tratamento pelo
controlador.
Sobre o consentimento a ser dado pelo titular, Fernanda Galera Soler resume
que:
Cumpre destacar que o consentimento pode estar presente em termos de
uso, políticas de privacidade, contratos, etc. sendo usualmente utilizado
quando existe uma relação direta entre a empresa e o consumidor.
Cabendo nestas previsões as recomendações da LGPD, observamos que
poderão ser aceitas pelo usuário com uma opção revestida por um “sim” em
um formulário (opt-in), por exemplo.18
O titular dos dados é considerado pela LGPD a parte vulnerável na relação
mantida com os agentes de tratamento, motivo pelo qual essa lei visa garantir ao
titular a proteção jurídica de que necessita em todas as fases do tratamento de

16
RAMOS, Lara Castro Padilha; GOMES, Ana Virgínia Moreira. Lei geral de proteção de dados pessoais e seus reflexos nas
relações de trabalho. SCIENTIA IURIS, Londrina, v.23, n.2, p. 127-146, jul. 2019. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/iuris/article/view/35794/25803. Acesso em: 13 mai. 2022.
17
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Congresso Nacional, 2022. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 27 set. 2022.
18
SOLER, F. G. Proteção de Dados: reflexões práticas e rápidas sobre a LGPD. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 61. E-book.
9

dados. De tal forma que os direitos do titular estão dispostos dos artigos 17 ao 22 da
LGPD e a ele são garantidos os direitos de liberdade, intimidade e de privacidade. 19
A intenção da lei é dar garantia aos titulares de que haja tratamento de seus
dados mediante uma finalidade específica. Também, que não sejam revelados sem
motivação. E ainda, como direito subjetivo, que sejam invocados para bloqueio,
eliminação e exclusão, a qualquer tempo, dos dados desnecessários e ao final da
relação entre o titular e quem detém seus dados.
Desta forma, dentro de uma organização, cada um dos sujeitos tem uma
função, nas quais o encarregado, chamado de DPO (Data Protection Officer)
funciona como o canal de comunicação entre os setores de uma empresa na
aplicação de Compliance20, no que diga respeito à proteção de dados, e ainda, o
caminho de acesso ao titular dos dados e à própria Agência reguladora.
Além do encarregado, tem-se o controlador, que vem a ser o responsável
pela tomada de decisão, ou seja, é quem controla a forma do tratamento dos dados,
desde a coleta à exclusão, responsável por boa parte das obrigações; e ainda o
operador, que é quem realiza o tratamento dos dados dos titulares em nome do
controlador, dentro da base legal.
Art. 50. Os controladores e operadores, no âmbito de suas competências,
pelo tratamento de dados pessoais, individualmente ou por meio de
associações, poderão formular regras de boas práticas e de governança
que estabeleçam as condições de organização, o regime de funcionamento,
os procedimentos, incluindo reclamações e petições de titulares, as normas
de segurança, os padrões técnicos, as obrigações específicas para os
diversos envolvidos no tratamento, as ações educativas, os mecanismos
internos de supervisão e de mitigação de riscos e outros aspectos
relacionados ao tratamento de dados pessoais .21

Não menos importante, em 26 de agosto de 2020, através do Decreto nº


10.474, foi criada a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) 22, que é
órgão da administração pública que atua como regulamentador, orientador,
padronizador, fiscalizador, e que visa o cumprimento da LGPD, podendo ser
19
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 17
out. 2022.
20
"Para a ISO 19600:2014, primeira norma internacional sobre o assunto, compliance é o resultado de uma organização
cumprir suas obrigações, e que é tornado sustentável pela incorporação na cultura da organização, no comportamento e na
atitude das pessoas que trabalham nela. Compliance é definido como o cumprimento de todas as obrigações de uma
organização, enquanto que o noncompliance ocorre pelo não preenchimento de uma obrigação de compliance171."
VERÍSSIMO, Carla. Compliance: Incentivo à Adoção de Medidas Anticorrupção. São Paulo: Saraiva, 2018, p.128,
21
SOLER, Fernanda. Proteção de Dados: reflexões práticas e rápidas sobre a LGPD. São Paulo: Saraiva, 2021, p. 147.
22
BRASIL. Decreto nº 10.474, de 26 de agosto de 2020. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos
Cargos em Comissão e das Funções de Confiança da Autoridade Nacional de Proteção de Dados e remaneja e transforma
cargos em comissão e funções de confiança. Brasília: Presidência da República, 2020. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Decreto/D10474.htm. Acesso em: 19 jun. 2022.
10

consultada caso haja dúvida sobre algum procedimento a ser tomado pelo
controlador na tomada de decisão, a fim de promover a adequação organizacional
no que tange à proteção de dados.
Por conseguinte, é necessário que quem realiza o tratamento de dados, seja
pessoa física ou jurídica e independente do modelo de negócio ou atividade, cumpra
a LGPD. Em caso de descumprimento, estão previstas sanções administrativas,
civis e penais, como suspensão ou proibição de atividades que se utilizem do
tratamento de dados pessoais e aplicação de multa.
As sanções previstas pela ANPD por descumprimento estão dispostas no
artigo 52 da LGPD, e poderão ser através desde advertências até a aplicação de
multas simples ou diárias, podendo chegar ao valor expressivo de R$ 50.000.000,00
(cinquenta milhões de reais), além do bloqueio e eliminação dos dados. 23
Por isso, entende-se que os dados pessoais devam ser utilizados de forma
responsável, de maneira que o usuário/cidadão sinta-se seguro ao compartilhar suas
informações a determinado agente, e que este último, ao promover o devido
tratamento, o faça de maneira transparente ao titular dos dados. Desta forma, a
LGPD veio trazer equilíbrio entre desenvolvimento e tecnologia e a privacidade dos
dados pessoais.
Dessa forma, assim visto os aspectos gerais da LGPD, passa-se a verificar no
próximo tópico os reflexos de sua aplicabilidade nas relações de trabalho.

2 A LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS APLICADA ÀS RELAÇÕES DE


TRABALHO
Ainda no ano de 1997, a Organização Internacional do Trabalho já havia
implementado o Repertório de Recomendações e Práticas de Proteção de Dados
dos Trabalhadores, com o objetivo de orientar como processar os dados do
trabalhador, da utilização das informações coletadas, da relevância e propósito da
informação, da não utilização dos dados para discriminação e a não renúncia do
trabalhador e a confidencialidade de quem trata os dados pessoais. 24
23
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 30
jun. 2022.
24
INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION (ILO). Protection of workers’ personal data: Code of practice. Genève: 1997
Disponível em: https://www.ilo.org/global/topics/safety-and-health-at-work/normative-instruments/code-of-practice/
11

Como se sabe, os dados dos trabalhadores estão à disposição dos


empregadores desde o primeiro contato entre esses entes. A troca de informações e
documentos, quais sejam, os dados pessoais, se faz necessária para estabelecer o
vínculo, mas a vulnerabilidade do empregado deve ser considerada na hora da
coleta, tratamento e eliminação desses dados. A LGPD implica em adequação às
práticas trabalhistas.
Mauricio Godinho Delgado sintetiza os princípios constitucionais do trabalho:

Arrolam-se, de maneira sintética, os seguintes princípios constitucionais do


trabalho: a) princípio da dignidade da pessoa humana; b) princípio da
centralidade da pessoa humana na vida socioeconômica e na ordem
jurídica; c) princípio da valorização do trabalho e do emprego; d) princípio da
inviolabilidade do direito à vida; e) princípio do bem-estar individual e social;
f) princípio da justiça social; g) princípio da submissão da propriedade à sua
função socioambiental; h) princípio da não discriminação; i) princípio da
igualdade, especialmente a igualdade em sentido material; j) princípio da
segurança; k) princípio da proporcionalidade e da razoabilidade; l) princípio
da vedação do retrocesso social.25

Desta forma, fica claro que é primordial que seja dado ao trabalhador a
garantia da dignidade da pessoa humana, visto estar subordinado ao empregador na
relação de trabalho. É necessário que sejam estabelecidas medidas que
proporcionem uma relação de igualdade entre o empregado e o empregador. E
garantir que não haja discriminação nas relações de trabalho.
Nesse sentido, o Direito do Trabalho deve estar voltado e atento aos direitos
de intimidade e privacidade do trabalhador, visto que, além de representar a garantia
da dignidade da pessoa humana à proteção jurídica, também faz jus às adequações
pelas quais passa o mercado de trabalho na atualidade, no que diz respeito ao
tratamento de dados do empregado, seja por via física ou automatizada.
Além disso, a Consolidação das Leis do Trabalho traz como proteção ao
empregado, vítima de danos, a leitura do artigo 223-C: “A honra, a imagem, a
intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a
integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física.” 26
Não deve ser esquecido dos poderes exercidos pelo empregador sobre os
empregados. O poder diretivo é o de organização das atividades, cargos e funções

WCMS_107797/lang--en/index.htm. Acesso em 26 jun. 2022.


25
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTR, 2002. p 228.
26
BRASIL. Lei 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de
julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em 28 out. 2022.
12

na empresa. Já o regulamentar, quais os meios formais e informais para a


concretização da atividade diretiva. Já o disciplinar permite estabelecer a punição ao
trabalhador em caso de violação de normas estabelecidas no contrato de trabalho. E
o poder fiscalizatório outorga ao empregador o acompanhamento dos afazeres dos
empregados.27
Sobre a limitação do poder exercido pelo empregador a fim de garantir o
direito do trabalhador, explica Rúbia Zanotelli de Alvarenga:

O poder empregatício que é conferido ao empregador e que se estabelece


no contexto da relação de emprego através do exercício dos poderes
diretivo, regulamentar, fiscalizatório e disciplinar não pode ser exercido de
forma ilimitada.
[...]
Ao empregador é lícito e necessário organizar a sua atividade econômica de
produção e estabelecer o cumprimento dos demais poderes. Ocorre que os
poderes conferidos ao empregador não podem ser exercidos de forma
ilimitada, assim como a subordinação jurídica do empregado não se
configura de forma incondicional e absoluta.
[...]
São diversos os limites que despontam perante o poder empregatício, todos
convergindo na direção de assegurar certo nível de dignidade, de garantias
e de direitos ao trabalhador.
Citem-se, ilustrativamente, neste rol de limites: a própria existência do
Direito do Trabalho, com seus princípios e regras interventivos do contrato;
a existência de várias instituições interventivas no contrato de trabalho como
sindicatos dos trabalhadores, Auditoria Fiscal Trabalhista, Ministério Público
do Trabalho, Justiça do Trabalho; a existência do princípio da
proporcionalidade de fundo constitucional; o fortalecimento do conceito
jurídico de “abuso do direito”; o novo mundo dos direitos da personalidade
do trabalhador - objeto especialmente enfatizado nesta tese. 28

A LGPD vem como um ordenamento jurídico que alcança o tratamento de


dados pessoais que ocorrem nas relações de emprego. O princípio protetor do
Direito do Trabalho tem como objetivo a garantia do mínimo necessário ao
trabalhador a fim de diminuir as desigualdades existentes entre empregador e
empregado nas relações de trabalho.
A Constituição Federal traz no seu artigo 7º os direitos do empregado na
relação empregatícia, todos voltados à proteção em relação ao empregador. O
princípio da proteção do trabalhador é para ser resguardado em qualquer momento
da relação e trabalho.29
Sobre o princípio protetor, Carla Tereza Romar ilustra que:
27
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTR, 2002. p. 792-797.
28
ALVARENGA, Rúbia Zanotelli. Direitos da personalidade do trabalhador e o poder empregatício. 2012. Tese
(doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Minas Gerais. p. 279
29
ALCANTARA, Silvano Alves. Legislação trabalhista e rotinas trabalhistas. Curitiba: Intersaberes, 2016.p 35.
13

O princípio protetor é o critério que orienta todo o Direito do Trabalho e com


base no qual as normas jurídicas devem ser elaboradas, interpretadas e
aplicadas e as relações jurídicas trabalhistas devem ser desenvolvidas. Este
princípio tem por fundamento a proteção do trabalhador enquanto parte
economicamente mais fraca da relação de trabalho e visa assegurar uma
igualdade jurídica entre os sujeitos da relação, permitindo que se atinja uma
isonomia substancial e verdadeira entre eles.30

Portanto, a LGPD também se aplica às relações de trabalho para a proteção


de dados pessoais dos empregados. Nesse sentido, o empregado figura como o
titular dos dados e o empregador como o controlador dos dados. 31 Da mesma
forma, é imposto ao empregador todo o cuidado para preservação dos direitos
fundamentais do empregado. Na relação de trabalho há uma infinidade de dados e
visando sua proteção, no que tange ao tratamento dos dados sensíveis, prevê o
artigo 6º:

Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão


observar a boa-fé e os seguintes princípios:
IX - não discriminação: impossibilidade de realização do tratamento
para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos;32

Portanto, não deve haver discriminação para acesso ao emprego ou durante


sua manutenção, justificativas como o sexo, a origem, raça, cor, estado civil,
situação familiar ou idade da pessoa, excetuada a proteção garantida ao menor de
idade. É garantia constitucional dada aos brasileiros e estrangeiros residentes no
país, que não haja distinção de qualquer natureza e da igualdade de todos perante a
lei.33
Sem dúvida, o princípio da não discriminação elencado na LGPD, se
enquadra e figura na legislação trabalhista quando se trata da proibição de prática
discriminatória. Ainda que ocorre na fase de seleção, entrevistas e treinamentos.
Verifica-se a previsão legal no texto da Lei nº 9029 de 13 de abril de 1995:

30
ROMAR, Carla Teresa Martins. Direito do Trabalho Esquematizado. 5. ed. Coord. Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018, p. 64.
31
SANTOS, Flavia Alcassa dos. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a Exposição de Dados Sensíveis nas Relações
de Trabalho. Revista do Tribunal Regional do Trabalho 10ª Região, Brasília, v. 24, n. 2, 2020.
32
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 19
jun. 2022.
33
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Congresso Nacional, 2022. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 20 jun. 2022.
14

Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa


para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por
motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência,
reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as
hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII
do art. 7o da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
Art. 2º Constituem crime as seguintes práticas discriminatórias:
I - a exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado, declaração ou
qualquer outro procedimento relativo à esterilização ou a estado de
gravidez;34

Nesse sentido, ainda na fase de celebração contratual, com o viés da não


discriminação, a fim de que não seja exigido do candidato a uma vaga comum de
emprego o atestado de antecedentes criminais, por exemplo. Sendo que a exigência
desse documento somente se justifica quando for imprescindível ao cargo
pretendido e comprovada sua necessidade.
Da mesma forma, a aplicação da LGPD vem ao encontro da prática
trabalhista quando não podem ser exigidos do candidato a apresentação de
certidões negativas trabalhistas, negativa de débitos, testes de gravidez, exames de
HIV, pois evidenciam prática discriminatória e não há previsão legal para tal
exigência.35 Tais práticas abusivas podem encadear ações de dano moral.
Não menos importante, ainda sobre a não discriminação, e mais uma vez
intimamente ligada ao tratamento de dados pessoais, a CLT traz no artigo 373-A
disposições sobre o acesso da mulher ao mercado de trabalho:

 Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as


distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas
especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado: (Incluído
pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)
I - publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao
sexo, à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da
atividade a ser exercida, pública e notoriamente, assim o exigir; (Incluído
pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)
II - recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão
de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a
natureza da atividade seja notória e publicamente incompatível; (Incluído
pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)
III - considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável
determinante para fins de remuneração, formação profissional e
oportunidades de ascensão profissional; (Incluído pela Lei nº 9.799, de
26.5.1999)
34
BRASIL. Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995. Proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas
discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho, e dá outras providências.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9029. HTM. Acesso em: 22 nov. 2022.
35
ALCANTARA, Silvano Alves. Legislação trabalhista e rotinas trabalhistas. Curitiba: Intersaberes, 2016.p 118-119.
15

IV - exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de


esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego; 36

Além disso, ainda na fase pré-contratual, na qual não existe vínculo jurídico
entre o empregador e o candidato à vaga, haverá tratamento de dados por
empregadores ou agências de emprego. Nessa fase não se deve ter acesso aos
dados sensíveis do candidato, sendo permitida a coleta de dados que realmente
estejam relacionados à vaga, bem como a escolaridade e atribuições técnicas
inerentes ao cargo que pretende se eleger.37
E no caso em que um candidato não seja selecionado para o preenchimento
da vaga não há motivos para o armazenamento de seus dados por conta da
empresa controladora. Com a vigência da LGPD, se o candidato der o
consentimento para a empresa manter seus dados e com a finalidade específica e
estabelecida, como exemplo, uma futura oferta de emprego, nesse caso, não haverá
óbice.38
Já durante a vigência do contrato de trabalho, para que haja o tratamento de
dados aplicam-se as hipóteses previstas nos incisos II, V e IX do artigo 7º da Lei:

II - para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador;


V - quando necessário para a execução de contrato ou de procedimentos
preliminares relacionados a contrato do qual seja parte o titular, a pedido do
titular dos dados;
IX - quando necessário para atender aos interesses legítimos do controlador
ou de terceiro, exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades
fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais; 39

Não deve ser esquecido que nos últimos dois anos sentiu-se os efeitos da
pandemia da COVID-19, e com ela a transformação do trabalho presencial e remoto.
Nesse sentido, as modalidades home office e teletrabalho passaram a emergir nas
relações laborais e com elas um aumento da troca de informações e dados

36
BRASIL. Lei 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de
julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em 22 nov. 2022.
37
VALE, Silvia Isabelle Ribeiro Teixeira do; LACERDA, Rosangela Rodrigues Dias de. Lei geral de proteção de dados e
relação de emprego: controvérsias. Revista LTr: Legislação do Trabalho. São Paulo, v. 85, n. 1, p. 69-80, jan./2021.
38
Ibidem.
39
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 17
out. 2022.
16

pessoais, além do compartilhamentos com terceiros, a fim de permitir o isolamento


necessário, mas sem causar danos à produção do empregado. 40
Entretanto, no tocante à pandemia, esbarra-se na questão vacinal, que
apesar de não ser compulsória, é questionada aos empregados sobre sua
execução, o que vem a ser a exposição de um dado pessoal. Nesse caso, estamos
diante de uma das hipóteses de tratamento para o cumprimento de uma obrigação
legal pelo empregador. Acerca de nota emitida pelo Ministério Público do Trabalho,
aponta Adrianne Lima:

Na Nota Técnica GT Covid-19 n. 20/2020, o MPT lista pontos de


normas brasileiras sobre saúde e segurança no trabalho para
demonstrar que o objetivo da vacinação é concretizar o direito
fundamental à vida e à saúde do trabalhador, inclusive no seu
aspecto coletivo e social. O interesse coletivo deve se sobrepor aos
interesses individuais, conforme determina a CLT.41

Anteriormente ao advento da LGPD, já havia divergência de entendimento


sobre o tratamento dos dados sensíveis, em se tratando da convicção religiosa dos
empregados, pois por esse motivo, trabalhadores que são adventistas não
trabalham no período entre o pôr do sol de sexta-feira e o pôr do sol de sábado.
Esse dado pessoal poderia ser considerado relevante para a empresa ainda antes
da contratação do empregado.42
Nesse sentido, abordado por autores como Correia e Boldrin, 43 houve decisão
do TST44 em que a ausência do empregado, tendo como causa sua convicção
religiosa, trouxe prejuízos à coletividade. No entanto, também houve julgamento do
mesmo TST45 em que foi admitido o descanso remunerado ao empregado de religião
adventista nesse período. Como visto, houve um equilíbrio nos julgados, ora
pendendo para a livre iniciativa e ora pesando a liberdade religiosa.
40
PIERONI, Verissa Coelho Cabral. Noções gerais sobre proteção de dados nas relações de emprego. In: MIZIARA, Raphael;
MOLLICONE, Bianca; PESSOA, André (Org.) Reflexos da LGPD no Direito e no Processo de Trabalho. São Paulo:
Thompson Reuters Brasil, 2022. p. 38.
41
LIMA, A. LGPD no Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2021. E-book. p. 15.
42
CORREIA, Henrique; BOLDRIN, Paulo Henrique Martinucci. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Direito do
Trabalho. Repertório de Jurisprudência IOB, v. II, n 01/2021. Disponível em:
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2020/09/25/lei-geral-de-protecao-de-dados-lgpd-e-o-direito-trabalho/. Acesso
em jul. 2022.
43
Ibidem.
44
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revista nº 51400-80.2009.5.21.0017. 1. Turma. Relator
Desembargador. Hugo Carlos Scheuermann. Brasília, 24 de junho de 2015. Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, 30 jun.
2015. Disponível em: https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/203804550/recurso-de-revista-rr-514008020095210017. Acesso
em jul. 2022.
45
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revista nº 548-89.2019.5.09.0069. DJ 04.12.2018. 7. Turma. Relator:
Desembargador Ubirajara Carlos Mendes Brasília, 04 de dezembro de 2018. Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, 07 dez.
2018. Disponível em: https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/656886950/recurso-de-revista-rr-5488920105090069 Acesso em
jul. 2022.
17

Não menos importante, deve ser considerado o tratamento de dados das


crianças e dos adolescentes, conforme disposição do artigo 14 da LGPD, que
devem ser tratados em seu melhor interesse. 46 Por isso, deverá haver o
consentimento dos representantes legais no tratamento de dados dos empregados
adolescentes. Além disso, o artigo 439 da CLT aduz da assistência do representante
legal quando da rescisão do contrato de trabalho dos menores de 18 anos. 47
De tamanha importância também quanto ao tratamento de dados biométricos
que permitem a identificação individual, única e exclusiva de um indivíduo, portando
considerados dados pessoais sensíveis. Por isso, para o registro do ponto eletrônico
e demais dados biométricos que permitam o acesso do empregado à empresa, se
faz necessária a autorização expressa do trabalhador, e o uso somente para a
finalidade a que se destina.48
Os contratos de trabalho em vigência necessitam de adequação à LGPD para
que não haja riscos aos usuários, evitando assim para as empresas, futuras
demandas trabalhistas. Devem ser garantidas a privacidade e a segurança dos
envolvidos. Por isso da necessidade da autorização/consentimento do titular acerca
do tratamento de seus dados.
Cabe lembrar, que essa alteração no contrato individual de trabalho da
vontade das partes, se faz obrigatória por força da LGPD, para que não seja
transgredida a norma legal. E ainda, caso a alteração contratual se desse de forma
voluntária, não poderia causar nenhum prejuízo ao empregado. 49
No entanto, acerca do consentimento, pode-se entender que não haveria
escolha do empregado, que estaria condicionado à manutenção de seu emprego. O
questionamento é sobre a espontaneidade do trabalhador. Por isso trata-se que haja
granularidade do consentimento, isto é, a indicação pontual e específica de quais
dados são consentidos e para qual finalidade distinta. 50

46
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 19
jun. 2022.
47
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452compilado.htm. Acesso em 17 out. 2022.
48
CORREIA, Henrique; BOLDRIN, Paulo Henrique Martinucci. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Direito do
Trabalho. Repertório de Jurisprudência IOB, v. II, n 01/2021. Disponível em:
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2020/09/25/lei-geral-de-protecao-de-dados-lgpd-e-o-direito-trabalho/. Acesso
em jul. 2022.
49
ALCANTARA, Silvano Alves. Legislação trabalhista e rotinas trabalhistas. Curitiba: Intersaberes, 2016.p 56.
50
PINHEIRO, Iuri; BOMFIM, Vólia. A lei geral de proteção de dados e seus impactos nas relações de trabalho. In: MIZIARA,
Raphael; MOLLICONE, Bianca; PESSOA, André (Org.) Reflexos da LGPD no Direito e no Processo de Trabalho. São
Paulo: Thompson Reuters Brasil, 2022. p. 72.
18

Cumpre ressaltar que a subordinação jurídica está intimamente ligada ao


contrato de trabalho, vez que o trabalhador é vulnerável perante o empregador. O
empregado convive com o risco do desemprego, a dispensa imotivada e a
insuficiência da representação das classes coletivas. Por isso o empregado não há
veemência por parte do empregado no questionamento acerca da captação de
dados.51
As informações coletadas dos empregados são repassadas a terceiros como
planos de saúde, estabelecimentos bancários, planos assistenciais, escritórios de
contabilidade e outros, de forma necessária a revisão contratual entre a empresa
contratante e as empresas prestadoras dos serviços, para que seja garantida a
proteção devida ao titular, conforme estipula a LGPD.
Todas as questões envolvendo a LGPD durante a vigência do contrato de
trabalho e o uso indevido de dados pessoais, uma vez que tragam prejuízos aos
direitos de personalidade do empregado, possibilita a rescisão indireta do contrato
de trabalho e ainda o direito à indenização por danos morais por violação à
privacidade e intimidade.52

Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a


devida indenização quando:
(...)
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
(...)
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a
rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas
indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do
processo. (Incluído pela Lei nº 4.825, de 5.11.1965) 53

Não só isto, e diretamente relacionado aos dados sensíveis, a apresentação


de atestados médicos e indicação da Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID). Já houve divergência nos
julgados no TST.54 Em determinado momento, se vedou a exigência de CID, pelos

51
ALVES, Amauri Cesar; ESTRELA, Catarina Galvão. Consentimento do trabalhador para o tratamento de seus dados pelo
empregador: análise da subordinação jurídica, da higidez da manifestação de vontade e da vulnerabilidade do trabalhador no
contexto da LGPD. Revista Síntese Trabalhista e Previdenciária, v. 31, n. 375, set. 2020, p. 35.
52
CORREIA, Henrique; BOLDRIN, Paulo Henrique Martinucci. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Direito do
Trabalho. Repertório de Jurisprudência IOB, v. II, n 01/2021. Disponível em:
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2020/09/25/lei-geral-de-protecao-de-dados-lgpd-e-o-direito-trabalho/. Acesso
em jul. 2022
53
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452compilado.htm. Acesso em 17 nov. 2022.
54
Ibidem.
19

Informativos 11455 e 19156 do TST. Por outro lado, também já foi decidido pela
exigência de CID, conforme Informativo 126 do TST 57.
Diante das controvérsias, há o entendimento de que algumas doenças
impõem a dispensa da apresentação de CID, em face de sua gravidade, até mesmo
para evitar tratamento considerado discriminatório. Entretanto, doenças
consideradas simples, merecem ser referidas em atestado até mesmo para que o
empregador possa organizar as rotinas diárias da empresa. Por isso, à luz da LGPD,
um atestado médico que não contenha a CID deve ser recebido, uma vez que a não
aceitação pode vir a ser motivo para uma eventual ação trabalhista. 58
Não menos importante, há a questão das convenções coletivas e os acordos
coletivos de trabalho. Pois o acesso aos dados versam sobre direitos fundamentais
dos trabalhadores como intimidade e privacidade, entre outros. Para isso, depende a
autorização individual de cada titular para o uso de seus dados. 59Por consequência,
a proteção de dados poderá ser tratada através da negociação coletiva em nome
dos trabalhadores.
E ainda, de tamanha importância, se faz necessária a apreciação do
tratamento dos dados pessoais quando da extinção do contrato de trabalho.
Conforme disposição do artigo 15 da LGPD, uma vez extinta a sua necessidade,
devem ser eliminados os dados pessoais. Por outro lado, o artigo 16, caput, traz as
exceções que devem ser consideradas quando da fase pós-contratual.

Art. 15. O término do tratamento de dados pessoais ocorrerá nas seguintes


hipóteses:
I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou de que os dados
deixaram de ser necessários ou pertinentes ao alcance da finalidade
específica almejada;
II - fim do período de tratamento;
III - comunicação do titular, inclusive no exercício de seu direito de
revogação do consentimento conforme disposto no § 5º do art. 8º desta Lei,
resguardado o interesse público; ou
IV - determinação da autoridade nacional, quando houver violação ao
disposto nesta Lei.

55
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Informativo TST nº 191, de 19 de fevereiro a 1º de março de 2019.
Jurisprudência. Brasília, 2019. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12178/95672. Acesso em: 26 jun. 2022.
56
Ibidem.
57
Ibidem.
58
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Informativo TST nº 191, de 19 de fevereiro a 1º de março de 2019.
Jurisprudência. Brasília, 2019. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12178/95672. Acesso em: 26 jun. 2022.
59
CORREIA, Henrique; BOLDRIN, Paulo Henrique Martinucci. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Direito do
Trabalho. Repertório de Jurisprudência IOB, v. II, n 01/2021. Disponível em:
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2020/09/25/lei-geral-de-protecao-de-dados-lgpd-e-o-direito-trabalho/. Acesso
em jul. 2022
20

Art. 16. Os dados pessoais serão eliminados após o término de seu


tratamento, no âmbito e nos limites técnicos das atividades, autorizada a
conservação para as seguintes finalidades:
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador;
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a
anonimização dos dados pessoais;
III - transferência a terceiro, desde que respeitados os requisitos de
tratamento de dados dispostos nesta Lei; ou
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu acesso por terceiro, e desde
que anonimizados os dados.60

Não podem ser esquecidas que algumas informações são obrigatórias por
exigência legal, e não podem ser eliminadas pelo empregador, como documentos
que comprovem a relação de emprego, devido à fiscalização trabalhista e
previdenciária. E em caso de divergência em matéria trabalhista, se o empregador
necessite de produção de prova, que possa armazenar os dados pelo mínimo da
prescrição bienal, caso em que não se faz necessário o consentimento do titular.
Dessa forma, havendo a necessidade de o empregador manter o
armazenamento dos dados do empregado, não fica autorizado a divulgar esses
dados para terceiros, principalmente se puder trazer algum malefício ao titular. É a
chamada anonimização de dados prevista na LGPD.
Cabe lembrar que antes do advento da LGPD o Poder Judiciário já
evidenciava o cuidado com os dados pessoais expostos dos sujeitos trabalhistas, na
medida em que o tratamento não fosse dado além do necessário à publicidade
processual. Por isso também o uso do sigilo das peças processuais. 61
O empregado também não poderá ser prejudicado ao ajuizar uma
reclamatória trabalhista, e que de má-fé seu nome seja inscrito em uma lista que
venha comprometer sua reputação ou sua reinserção no mercado de trabalho.
Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, poderá ocorrer o dano moral nesses casos.

Após a extinção do contrato de trabalho, o dano moral pode ocorrer


quando o empregador fornece informações desabonatórias e
inverídicas de seu ex-empregado à pessoa física ou jurídica que
pretende contratá-lo ou quando o empregador realiza discriminação
do empregado inserindo o seu nome nas chamadas “listas negras”,
“listas discriminatórias” ou “listas sujas”, prejudicando o trabalhador
na busca por nova colocação no mercado de trabalho. 62

60
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 17
out. 2022.
61
MINHARRO, Erotilde Ribeiro dos Santos. Provas digitais, lei geral de proteção de dados e publicidade processual. In:
MIZIARA, Raphael; MOLLICONE, Bianca; PESSOA, André (Org.) Reflexos da LGPD no Direito e no Processo de Trabalho.
São Paulo: Thompson Reuters Brasil, 2022. p. 486.
62
LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. E-book. p. 132.
21

Pode-se dizer, então, que o trabalhador como titular dos dados que tiver seus
direitos violados à luz da LGPD poderá informar à ANPD, para que este órgão
fiscalizador promova as medidas cabíveis, a fim de que o empregador atenda a
determinação legal da prevista neste regramento jurídico.
Além disso, o descumprimento da LGPD resultará em ações trabalhistas
movidas contra o empregador, cujos conflitos poderão se dar por atos
discriminatórios na utilização dos dados, acarretando danos ao titular, por
vazamento de dados sensíveis, gerando obrigações de pagar por danos morais e
materiais, e o chamamento da ANPD pelo juiz responsável pelo caso concreto. 63
Quanto à responsabilidade do controlador ou operador, no exercício do
tratamento de dados, e no dano causado, quando da violação da LGPD, o artigo 42
traz a previsão. O controlador trata-se do próprio empregador e o operador uma
empresa ou um funcionário contratado por ele para o exercício da função. 64

Art. 42. O controlador ou o operador que, em razão do exercício de


atividade de tratamento de dados pessoais, causar a outrem dano
patrimonial, moral, individual ou coletivo, em violação à legislação de
proteção de dados pessoais, é obrigado a repará-lo.
§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao titular dos dados:
I - o operador responde solidariamente pelos danos causados pelo
tratamento quando descumprir as obrigações da legislação de proteção de
dados ou quando não tiver seguido as instruções lícitas do controlador,
hipótese em que o operador equipara-se ao controlador, salvo nos casos
de exclusão previstos no art. 43 desta Lei;
II - os controladores que estiverem diretamente envolvidos no tratamento
do qual decorreram danos ao titular dos dados respondem solidariamente,
salvo nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei..
§ 2º O juiz, no processo civil, poderá inverter o ônus da prova a favor do
titular dos dados quando, a seu juízo, for verossímil a alegação, houver
hipossuficiência para fins de produção de prova ou quando a produção de
prova pelo titular resultar-lhe excessivamente onerosa.
§ 3º As ações de reparação por danos coletivos que tenham por objeto a
responsabilização nos termos do caput deste artigo podem ser exercidas
coletivamente em juízo, observado o disposto na legislação pertinente.
§ 4º Aquele que reparar o dano ao titular tem direito de regresso contra os
demais responsáveis, na medida de sua participação no evento danoso. 65

Além disso, o próprio Código Civil determina no artigo 927 que aquele
cometer ato ilícito dos artigos 186 e 187, e causador de dano a outrem é obrigado a

63
LIMA, Adrianne. LGPD no Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2021.
64
JUNIOR, Vicente Vasconcelos Coni; FILHO, Rodolfo Pamplona. A lei geral de proteção de dados e seus reflexos nas
relações jurídicas trabalhistas. In: MIZIARA, Raphael; MOLLICONE, Bianca; PESSOA, André (Org.) Reflexos da LGPD no
Direito e no Processo de Trabalho. São Paulo: Thompson Reuters Brasil, 2022. p. 126.
65
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 28
out. 2022.
22

repará-lo e ainda, da responsabilidade solidária no artigo 942, parágrafo único, c/c


artigo 932, III. Nessa situação, em que o operador figura como preposto do
controlador.66
Sobre a responsabilidade civil atribuída ao empregador, Carlos Henrique
Bezerra Leite define a ocorrência da forma subjetiva e da forma objetiva:

A responsabilidade subjetiva ocorre quando o causador de


determinado ato ilícito atinge este resultado em razão do dolo ou da
culpa em sua conduta. Será, portanto, obrigado a indenizar os danos
morais ou materiais apenas se ficar caracterizado o dolo ou culpa em
sua conduta.
[...]
A responsabilidade objetiva ocorre quando o causador de
determinado dano (moral ou material) tem o dever de indenizar,
independentemente da comprovação de que tenha agido com dolo ou
culpa, sendo suficiente, portanto, que fique configurado o nexo causal
entre a atividade desenvolvida e o dano sofrido pela vítima. 67

Uma vez expostas as situações de ocorrência e aplicabilidade da LGPD às


relações de trabalho, passa-se a verificar o entendimento jurisprudencial do Tribunal
Regional do Trabalho da 4ª Região e do Tribunal Superior do Trabalho.

3 O ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL DADO PELO TRIBUNAL


REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO E PELO TRIBUNAL
SUPERIOR DO TRABALHO NA APLICAÇÃO DA LGPD

Como se sabe, hoje em dia os processos deixaram a tradicional forma física


para tramitar de forma eletrônica, fazendo com que muitos dados pessoais circulem
de forma pública e muitas vezes via on line. Os dados podem ser acessados por
qualquer pessoa, titular ou não dos referidos dados, de forma em que haveria
violação à proteção pretendida pela LGPD.
Por outro lado, quanto à publicidade dos atos processuais, a garantia da
privacidade é trazida nos casos em que as ações tramitarem em segredo de justiça,
conforme dispõe o artigo 781, caput e parágrafo único da CLT.

Art. 781 - As partes poderão requerer certidões dos processos em curso ou


arquivados, as quais serão lavradas pelos escrivães ou secretários.(Vide
Leis nºs 409, de 1943 e 6.563, de 1978)
66
MEIRELES. Edilton. Responsabilidade civil na LGPD. In: MIZIARA, Raphael; MOLLICONE, Bianca; PESSOA, André (Org.)
Reflexos da LGPD no Direito e no Processo de Trabalho. São Paulo: Thompson Reuters Brasil, 2022. p. 363.
67
LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. E-book.p. 730.
23

Parágrafo único - As certidões dos processos que correrem em segredo de


justiça dependerão de despacho do juiz ou presidente. 68

Antes de verificar o entendimento jurisprudencial do Tribunal Regional do


Trabalho da 4ª Região acerca da LGPD, cabe ressaltar que em notícia veiculada na
própria página da Instituição em 13 de abril de 2021, o próprio Órgão informou sobre
sua preparação para as adequações administrativas e judiciárias à luz da LGPD. 69
Conforme avaliou integrante do Comitê Gestor, Juiz Ricardo Fioreze: “Essas
discussões vão ocorrer a partir de agora. É um desafio, pois será preciso equilibrar
os preceitos da LGPD com o princípio da publicidade, característico do processo
judicial”.70
Como ilustração da aplicação da LGPD no direito do trabalho, preceitua que
se deva buscar o alinhamento aos princípios da proteção e de suas projeções (in
dubio pro operario, aplicação da regra mais favorável e da condição mais benéfica),
da irrenunciabilidade, da continuidade e primazia da realidade. Os princípios são
pontos de partida que deverão ser considerados de forma equilibrada. 71
Como ilustração serão analisadas decisões proferidas pela Justiça gaúcha em
conflitos trabalhistas. Nas decisões dos julgadores restou claro quanto ao
reconhecimento, a incidência e a violação aos artigos da LGPD.
Em julgado do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, o Desembargador
Fernando Luiz de Moura Cassal decidiu, em recurso ordinário, no sentido em que a
empresa, naquele caso a ré, trata-se de mera controladora dos dados do trabalhador
e que o autor demandante é o titular dos dados, ainda que estejam de posse da
empresa. A ré demonstrava-se inconformada com a sentença que deferiu a exibição
de documentos requeridos pelo autor. O Desembargador invocou na decisão o
interesse de agir do autor e a violação dos artigos 17 e 18, inciso II da LGPD por
parte da ré.72
68
BRASIL. Lei 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de
julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em 07 nov. 2022.
69
TRT-RS se prepara para adequar procedimentos internos à LGPD. Disponível em:
https://www.trt4.jus.br/portais/trt4/modulos/noticias/449264. Acesso em 28 out. 2022.
70
TRT-RS se prepara para adequar procedimentos internos à LGPD. Disponível em:
https://www.trt4.jus.br/portais/trt4/modulos/noticias/449264. Acesso em 28 out. 2022.
71
KROST. Oscar. Prometeu acorrentado, LGPD e o direito do trabalho. In: MIZIARA, Raphael; MOLLICONE, Bianca;
PESSOA, André (Org.) Reflexos da LGPD no Direito e no Processo de Trabalho. São Paulo: Thompson Reuters Brasil,
2022. p. 385.
72
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. 4. Região. Recurso Ordinário Trabalhista nº 0020532-81.2021.5.04.0661. 6ª.
Turma. Relator Desembargador. Fernando Luiz de Moura Cassal. Porto Alegre, 24 de novembro de 2021. Disponível em:
https://www.trt4.jus.br/portais/trt4/acordaos. Acesso em 07 nov. 2022.
24

Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de seus dados


pessoais e garantidos os direitos fundamentais de liberdade, de intimidade e
de privacidade, nos termos desta Lei.
Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter do controlador, em
relação aos dados do titular por ele tratados, a qualquer momento e
mediante requisição:
[...]
II - acesso aos dados;73

Seguindo o mesmo raciocínio, decidiu o Desembargador André Reverbel


Fernandes, do mesmo Tribunal, que não há motivos para a pretensão resistida da
reclamada na apresentação dos documentos solicitados pela reclamante, uma vez
que controles de ponto biométricos e documentos médicos tratam-se de informações
dos titulares desses dados. Prevalece o interesse de agir da reclamante na obtenção
dos documentos requeridos. De forma em que restou ao julgador demonstrar a
incidência do inciso II do artigo 18 da LGPD.74
Já em Mandado de Segurança, ainda do mesmo Tribunal, a Desembargadora
Angela Rosi Almeida Chapper, entendeu que a decisão de 1º grau pela autoridade
coatora que deferiu a quebra dos sigilos, telefônico, de dados e telemático do autor,
violou a privacidade e a intimidade do titular e de todos os que se comunicaram com
o impetrante através desses meios. Aduz a Magistrada que houve ampla prova
documental e oral, não sendo necessária a invasão antes deferida. Além da violação
dos direitos constitucionais, restou que o impetrante teria os mesmos direitos
assegurados à luz da LGPD.75
Do mesmo modo que o Tribunal Regional da 4ª Região, o Tribunal Superior
do Trabalho também instituiu, em ato conjunto, a Política de Privacidade e Proteção
de Dados Pessoais no âmbito do TST e do Conselho Superior de Justiça. 76 Também
foi criado um Comitê permanente denominado CLGPD a fim de estabelecer regras
de segurança, boas práticas e governança envolvendo proteção de dados
pessoais.77

73
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 07
nov. 2022.
74
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. 4. Região. Recurso Ordinário Trabalhista nº 0020333-43.2021.5.04.0731. 4ª.
Turm https://www.tst.jus.br/informativos-lp/-/asset_publisher/0ZPq/document/id/27098787a. Relator Desembargador. André
Reverbel Fernandes. Porto Alegre, 24 de março de 2022. Disponível em: https://www.trt4.jus.br/portais/trt4/acordaos. Acesso
em 07 nov. 2022.
75
BRASIL, Tribunal Regional do Trabalho. 4. Região, 1ª Seção de Dissídios Individuais, 0022381-34.2021.5.04.0000 MSCIV,
Relatora Desembargadora Angela Rosi Almeida Chapper. Porto Alegre, 22 março de 2022. Disponível em:
https://www.trt4.jus.br/portais/trt4/acordaos. Acesso em 27 jun. 2022.
76
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. CSJT - Ato Conjunto TST.CSJT.GP nº 4, de 12.3.2021, DEJT de 19.3.2021 –
Republicação. Disponível em: https://www.tst.jus.br/informativos-lp/-/asset_publisher/0ZPq/document/id/27098787. Acesso em
07 nov. 2022.
25

Verificando a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, e em julgado


do Ministro Relator Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira em Recurso de
Embargos em Recurso de Revista, foi reconhecida a violação à privacidade dos
titulares dos dados pessoais, na medida em que houve distorção na manutenção do
banco de dados de empresa de pesquisa para concessão de crédito, quando
disponibilizado informações creditícias de candidatos à vagas de emprego, ou seja,
contrária aos princípios do artigo 6º da LGPD. Aduz ato atentatório aos direitos de
personalidade do empregado.78

Art. 6º. As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a


boa-fé e os seguintes princípios:
I - finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos,
específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibilidade de
tratamento posterior de forma incompatível com essas finalidades;
II - adequação: compatibilidade do tratamento com as finalidades
informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento;
III - necessidade: limitação do tratamento ao mínimo necessário para a
realização de suas finalidades, com abrangência dos dados pertinentes,
proporcionais e não excessivos em relação às finalidades do tratamento de
dados;
[...] IX - não discriminação: impossibilidade de realização do tratamento para
fins discriminatórios ilícitos ou abusivos;79

Ainda, em sua argumentação sobre a LGPD como novo regramento, cita o


Ministro Relator: “a matéria pertinente à utilização de dados pessoais de acesso
público foi objeto de decisão do Supremo Tribunal Federal. Refiro-me ao julgamento
da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 6387/DF”. 80 O
Emérito julgador citou parte dos votos que foram deliberados pelos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, dos quais destaca-se os que seguem:

Ministra Rosa Weber: ‘Tais informações, relacionadas à identificação –


efetiva ou potencial – de pessoa natural, configuram dados pessoais e
integram, nessa medida, o âmbito de proteção das cláusulas constitucionais
assecuratórias da liberdade individual (art. 5º, caput), da privacidade e do
livre desenvolvimento da personalidade (art. 5º, X e XII). Sua manipulação e

77
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Ato n. 190/TST.GP, de 29 de maio de 2020. Disponível em:
https://juslaboris.tst.jus.br/handle/20.500.12178/172914. Acesso em 07 nov. 2022.
78
BRASIL, Superior Tribunal do Trabalho. E-RR-933-49.2012.5.10.0001, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais. Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira. Brasília, 2022. Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, 25 fev.
2022. Disponível em: https://jurisprudencia.tst.jus.br. Acesso em 07 nov. 2022.
79
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 07
nov. 2022.
80
BRASIL, Superior Tribunal do Trabalho. E-RR-933-49.2012.5.10.0001, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais. Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira. Brasília, 2022. Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, 25 fev.
2022. Disponível em: https://jurisprudencia.tst.jus.br. Acesso em 07 nov. 2022.
26

tratamento, desse modo, hão de observar, sob pena de lesão a esses


direitos, os limites delineados pela proteção constitucional. Decorrências
dos direitos da personalidade, o respeito à privacidade e à
autodeterminação informativa foram positivados, no art. 2º, I e II, da Lei no
13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), como
fundamentos específicos da disciplina da proteção de dados pessoais.)81
[...]
A Ministra Relatora Rosa Weber reafirma em seu voto da necessidade de
proteção dos direitos garantidos pela Constituição Federal no que diz respeito à
liberdade individual e ao desenvolvimento da personalidade. Aduz que essas
garantias constitucionais foram trazidas para dentro da LGPD, portanto, devem ser
cumpridas. Desta forma, verifica-se que o STF reconhece a LGPD como
ordenamento no que diz respeito à proteção de dados pessoais.

Alexandre de Moraes: ‘Dessa forma, ao meu ver, nunca é excessivo


relembrar que a inviolabilidade do sigilo de dados complementa a previsão
do direito à intimidade e vida privada. Tanto complementa e é tão importante
que o legislador constituinte entendeu por bem colocar expressamente.
Tradicionalmente havia sempre grande discussão, mas intimidade e vida
privada, obviamente, acabavam abarcando dados relacionados às pessoas.
O legislador constituinte de 1988 entendeu por bem consagrar, de forma
específica, além de a intimidade e a vida privada - art. 5º, X -, o sigilo de
dados, sendo todas essas espécies de gênero maior: a defesa da
privacidade individual.
[...]82

Não menos importante, ao dar seu voto, o Ministro Alexandre de Moraes


trouxe a importância da matéria quando da previsão legal ao direito à intimidade e à
vida privada. E aduz que a defesa desses direitos cumpre-se com a proteção de
dados. Mais uma vez há a vinculação da LGPD como norma aplicável à defesa da
garantia dos direitos fundamentais do indivíduo.
E por último, em mais uma decisão, dessa vez proferida pela Ministra
Presidente do Tribunal Superior do Trabalho Maria Cristina Irigoyen Peduzzi,
verifica-se que a mesma negou provimento ao Agravo Interno interposto pelo
Agravante. Na decisão aduziu que no caso em discussão naquele momento, foi
permitido o uso dos dados dos empregados pelo Sindicato Agravado. Pois, na
comparação entre os interesses dos responsáveis pelo tratamento dos dados, e os
direitos individuais dos titulares, os titulares seriam beneficiados no cumprimento das
cláusulas coletivas.83
81
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação direta de inconstitucionalidade nº 6387/DF – Distrito Federal. Relator: Ministra
Rosa Weber. Disponível em: https://portal.stf.jus.br. Acesso em 28 nov. 2022.
82
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação direta de inconstitucionalidade nº 6387/DF – Distrito Federal. Relator: Ministra
Rosa Weber. Disponível em: https://portal.stf.jus.br. Acesso em 28 nov. 2022.
83
BRASIL, Superior Tribunal do Trabalho. ES-1000537-22.2021.5.00.0000, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais. Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Brasília, 2022. Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, 25 fev. 2022.
27

A Ministra ainda observou da previsão normativa para o envio de informações


dos empregados aos sindicatos com finalidade específica. 84 Destacou as hipóteses
autorizadoras para o uso de dados pessoais conforme previsão do artigo 7º da
LGPD, com destaque aos incisos II, V e IX, qual seja, para cumprimento de previsão
legal, para execução de contrato a pedido do titular e para prevalecerem direitos do
titular.85

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Lei Geral de Proteção de Dados, ainda considerada nova norma em nosso


ordenamento jurídico, veio com a prerrogativa de assegurar a segurança e
privacidade de dados pessoais de todo e qualquer indivíduo. O presente trabalho foi
proposto para abordar a temática sobre a LGPD e sua aplicação nas relações de
trabalho.
Assim, para elucidar as considerações finais deste estudo, resgatou-se a
pergunta norteadora: De que forma a Lei Geral da Proteção de Dados poderá refletir
na responsabilidade do empregador quando aplicada às relações de trabalho?
Primeiramente, ao inteirar-se dos aspectos gerais da LGPD é possível
compreender o que são dados pessoais e dados pessoais sensíveis e quem são os
sujeitos e agentes do tratamento. Em seguida, se verifica quais são os princípios
norteadores no tratamento de dados pessoais.
Ainda no texto da LGPD se verifica quais são os direitos dos titulares dos
dados e quais as hipóteses previstas para que haja o tratamento de dados. Além
disso, a previsão das sanções aplicáveis em caso de descumprimento da norma em
tela. E por fim, a Agência Regulamentadora e suas atribuições informativa,
fiscalizadora e sancionadora.
Dessa forma, restou claro o que é a LGPD e que todos os organismos que
promovem coleta, armazenamento e descarte de dados pessoais, sejam por meios
físicos ou digitais, precisam promover adequações para não descumprir a norma.
Não só isto, mas a implicação para refletir a garantia dos direitos fundamentais na

Disponível em: https://jurisprudencia.tst.jus.br. Acesso em 20 nov. 2022.


84
Ibidem.
85
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 07
nov. 2022.
28

vida dos indivíduos, como a privacidade, personalidade, intimidade e a proteção de


dados.
Em segundo lugar, ao verificar a LGPD aplicada às relações de trabalho
percebe-se que os dados pessoais do empregado são tratados em todas as etapas,
seja na fase pré-contratual, de celebração de contrato, na vigência do contrato de
trabalho e quando da sua extinção. É nesse momento que identifica-se o
empregador como o controlador, o agente de tratamento responsável pelo
tratamento de dados do empregado, e este o titular dos dados.
A rotina trabalhista está ligada aos preceitos da LGPD, perpassando pelo
currículo do concorrente à vaga, ao registro do ponto biométrico, à divulgação de
CID em atestados médicos, à exposição de dados a terceiros como contadores e
planos de saúde e pela eliminação de dados cuja finalidade foi extinta.
Não só isto, mas vislumbrou-se o entendimento da aplicação da LGPD na
esfera trabalhista pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região e pelo Tribunal
Superior do Trabalho. Recentes julgamentos atribuindo aos titulares dos dados o
acesso aos documentos, uma vez que, ainda de posse do controlador, pertencem
aos titulares, como registro de horas, pontos biométricos e guias RAIS.
Ainda em jurisprudência desses Tribunais, têm-se o reconhecimento da
violação dos direitos de privacidade e intimidade quando da quebra de sigilos
telefônico e de dados do titular. Do mesmo modo, há violação da privacidade
quando os dados pessoais são utilizados de forma diversa da finalidade. Além disso,
em julgamento em matéria de direito coletivo, em benefício do titular dos dados,
cumprimento das cláusulas coletivas.
Em resumo, o que depreende-se do entendimento jurisprudencial é de que as
decisões invocam na LGPD a garantia à dignidade da pessoa humana, ao direito à
privacidade e à intimidade e dessa forma, servirão de base para futuros julgamentos.
Conclui-se que resta comprovada a hipótese de pesquisa que é possível a
responsabilização do empregador no tratamento de dados pessoais do empregado
conforme aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados às relações de trabalho. O
empregador é o controlador, a quem compete a tomada de decisões na forma de
tratamento aos dados pessoais do titular, portanto, quem será responsabilizado
quando da inobservância da LGPD.
Por tudo que foi visto aqui não resta dúvidas da responsabilidade do
empregador na aplicação da LGPD nas relações de trabalho e de que medidas de
29

(re) adequação devem ser promovidas pelas organizações a fim de garantir o direito
dos titulares e de evitar demandas na esfera trabalhista.
E para finalizar, vislumbra-se que o assunto não se esgota aqui, visto a LGPD
tratar-se de uma nova legislação e sua abrangência está aberta a novos
entendimentos e percepções por parte de pesquisadores e de doutrinadores de
nosso ordenamento jurídico.

REFERÊNCIAS

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dos Direitos Humanos". Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-
universal-dos-direitos-humanos. Acesso em 28 out. 2022.

BRASIL, Superior Tribunal do Trabalho. ES-1000537-22.2021.5.00.0000, Subseção


I Especializada em Dissídios Individuais. Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi.
Brasília, 2022. Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, 25 fev. 2022. Disponível em:
https://jurisprudencia.tst.jus.br. Acesso em 20 nov. 2022.

BRASIL, Tribunal Regional do Trabalho. 4. Região, 1ª Seção de Dissídios


Individuais, 0022381-34.2021.5.04.0000 MSCIV, Relatora Desembargadora Angela
Rosi Almeida Chapper. Porto Alegre, 22 março de 2022. Disponível em:
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BRASIL, Tribunal Superior do Trabalho. E-RR-933-49.2012.5.10.0001, Subseção I


Especializada em Dissídios Individuais. Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira. Brasília, 2022. Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, 25 fev. 2022.
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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília:


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BRASIL. Decreto nº 10.474, de 26 de agosto de 2020. Aprova a Estrutura


Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de
Confiança da Autoridade Nacional de Proteção de Dados e remaneja e transforma
cargos em comissão e funções de confiança. Brasília: Presidência da República,
2020. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Decreto/D10474.htm.
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BRASIL. Emenda constitucional nº 115, de 10 de fevereiro de 2022. Altera a


Constituição Federal para incluir a proteção de dados pessoais entre os direitos e
garantias fundamentais e para fixar a competência privativa da União para legislar
sobre proteção e tratamento de dados pessoais. Brasília: Congresso Nacional, 2022.
Disponível em:
30

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