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Resumo de estudo do texto: Bruno Miragem – LGPD e direito do consumidor

Disciplina: Metodologia Cientifica;


Docente: Dra. Vanessa de Castro Rosa;
Discente: Giovanna Vilela Novaes.
Curso: Sistemas de Informação, UEMG Frutal, 2º período;

1-Introdução

O texto aborda a crescente importância do acesso e uso de dados pessoais na sociedade


contemporânea, ressaltando seu impacto tanto do ponto de vista econômico quanto da
privacidade dos indivíduos. Isso ocorre em um cenário de avanços tecnológicos que
permitem o processamento de grandes volumes de informações. As implicações desse
acesso e processamento de dados são variadas, incluindo a segmentação da informação
para direcionar ofertas, uma prática que permite às empresas atender de forma mais
precisa às necessidades de diferentes segmentos de clientes, melhorando o desempenho
das campanhas de marketing e a satisfação do cliente.

Além disso, a capacidade de analisar os riscos de contratação com maior precisão torna-
se possível devido ao acesso a uma grande quantidade de dados, ao uso de técnicas
avançadas de análise e à consideração de diversos fatores na avaliação da probabilidade
de um cliente cumprir com suas obrigações contratuais. Isso contribui para decisões
mais informadas e redução de riscos associados a contratos.

Outro aspecto mencionado é a formação de bancos de dados com maior precisão, o que
permite a identificação de tendências, comportamentos de compra e localizações com
maior eficiência, beneficiando empresas e consumidores.

Nesse contexto, o acesso e tratamento de dados pessoais têm um impacto significativo


no mercado de consumo e, por consequência, no direito do consumidor. A Lei Geral de
Proteção de Dados (LGPD) do Brasil, promulgada em 2018, desempenha um papel
fundamental nesse cenário. Ela visa garantir os direitos dos cidadãos e estabelecer
diretrizes para o uso econômico da informação derivada de dados pessoais. Um ponto
notável é a ênfase da LGPD na defesa do consumidor, concedendo aos órgãos de defesa
do consumidor a competência para atuar em casos de infração aos direitos dos titulares
de dados, fortalecendo assim a proteção dos direitos individuais.

É importante ressaltar que a LGPD não exclui outros direitos e princípios estabelecidos
no ordenamento jurídico brasileiro ou em tratados internacionais. Essa abordagem visa
garantir a consistência e integração da LGPD com outras leis e regulamentos,
promovendo uma harmonização entre os diferentes aspectos do sistema jurídico
brasileiro.

Em resumo, a interconexão entre o acesso a dados pessoais, a proteção da privacidade, o


mercado de consumo e o direito do consumidor é um tema central na era da informação.
A LGPD representa um marco importante na proteção da privacidade e regulamentação
do uso de dados pessoais no Brasil, assegurando a defesa dos direitos dos cidadãos e a
integração harmônica com o ordenamento jurídico nacional.

2-A proteção de dados pessoais e sua repercussão no mercado de consumo

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) alinha-se com a perspectiva de que a


constituição federal (CF) garante o sigilo de dados, estabelecendo a base para a proteção
da privacidade e dos dados pessoais, em seu artigo 1º. Isso enfatiza a importância da
LGPD na garantia da privacidade e da liberdade individuais no contexto da utilização de
dados pessoais.

Também é importante o consentimento na coleta e uso de dados pessoais, ressaltando


que essa noção de consentimento é uma regra que decorre do princípio da
autodeterminação informativa. Isso implica que o uso de dados deve ocorrer apenas
quando houver autorização legal ou a concordância do titular dos dados.

Na perspectiva econômica, a posse de dados pessoais está se tornando cada vez mais
valiosa. Os fornecedores buscam diferenciar seus produtos e serviços em relação aos
concorrentes, atendendo às necessidades específicas dos consumidores. Isso implica em
uma abordagem mais personalizada, em que os dados pessoais desempenham um papel
fundamental. Os fornecedores dependem desses dados para compreender as preferências
e necessidades individuais dos consumidores, a fim de oferecer produtos e serviços
personalizados. Isso implica em mudanças decisivas no mercado de consumo e novos
riscos.

2.1-Princípios da Lei Geral de Proteção de Dados e o direito do consumidor

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece regras detalhadas para a coleta e
uso de dados, incluindo informações de consumidores. Ela baseia-se em princípios que
guiam essas ações.

Os princípios da proteção de dados, que incluem a boa fé, finalidade, adequação,


necessidade, livre acesso, qualidade de dados, transparência, proteção, prevenção e não
discriminação desempenha um papel crucial na interseção entre o direito do consumidor
e a regulamentação do tratamento de dados pessoais. O princípio da boa fé reforça a
importância de um tratamento honesto e justo dos dados, refletindo a necessidade de
manter a confiança do consumidor nas informações fornecidas no momento do
consentimento. O princípio da finalidade estabelece que os dados só possam ser tratados
para fins legítimos e específicos, informados ao titular, impedindo qualquer uso
posterior incompatível com essas finalidades. A adequação complementa essa ideia,
assegurando que os dados sejam utilizados somente para os fins previamente
estabelecidos. O princípio da necessidade promove a coleta apenas dos dados
estritamente essenciais para cumprir os objetivos do tratamento, evitando excessos.

Além disso, o princípio do livre acesso garante que os titulares tenham acesso facilitado
e gratuito às informações sobre como seus dados são tratados. O princípio da qualidade
de dados exige que os dados sejam exatos, claros, relevantes e atualizados, permitindo
que os titulares solicitem correções e a eliminação de informações incorretas ou
desnecessárias. A transparência assegura que os titulares tenham acesso a informações
claras sobre como seus dados são coletados, usados e processados, bem como a
identificação dos agentes envolvidos.

O princípio da proteção exige medidas técnicas e administrativas para proteger os dados


contra acessos não autorizados e situações acidentais ou ilícitas. O princípio da
prevenção, em um mundo cada vez mais tecnológico, estabelece a necessidade de
medidas para evitar danos decorrentes do tratamento de dados pessoais. Finalmente, o
princípio da não discriminação proíbe a discriminação com base em critérios proibidos,
garantindo que os titulares não sejam prejudicados por qualquer tratamento
discriminatório de seus dados. Esses princípios são essenciais para proteger tanto os
direitos do consumidor quanto a privacidade dos dados pessoais.

2.2-A Autoridade Nacional de Proteção de Dados e o Sistema Nacional de Defesa do


consumidor

Em relação à supervisão e fiscalização do cumprimento da Lei Geral de Proteção de


Dados (LGPD) e sua interação com o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor
(SNDC), a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) detém competência
regulamentar e sancionatória exclusiva no âmbito da LGPD. Isso significa que a ANPD
tem a capacidade de definir interpretações e regulamentações relacionadas à LGPD que
prevalecem sobre as de outros órgãos do SNDC, vinculando-os. No entanto, os órgãos e
entidades de defesa do consumidor mantêm sua competência de fiscalização em
conformidade com o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e suas respectivas leis
regulatórias, não sendo anuladas pela LGPD. Em casos de conflito de competências, a
ANPD prevalecerá. A LGPD, ao articular sua atuação com os órgãos de defesa do
consumidor, mantém a proteção dos direitos dos consumidores, permitindo que
infrações à privacidade ou uso indevido de dados pessoais também possam ser tratadas
por esses órgãos quando baseadas no CDC ou em suas regulamentações. A ANPD deve
considerar a aplicação das normas de proteção do consumidor, mesmo em casos de
competência exclusiva, como parte de sua interpretação.

3- Os direitos do consumidor e o tratamento de dados pessoais

Na esfera da formação de bancos de dados de consumidores, a LGPD e o CDC


estabelecem requisitos rigorosos para a obtenção do consentimento dos titulares dos
dados. Esse consentimento deve ser voluntário, livre de qualquer forma de coerção, e
expressar de forma inequívoca a concordância do consumidor com o tratamento de seus
dados para uma finalidade específica. É essencial que o consumidor seja devidamente
informado sobre as implicações do consentimento, garantindo que tome uma decisão
esclarecida.

A LGPD coloca a responsabilidade de comprovar a obtenção correta do consentimento


nas mãos do controlador dos dados, que é a entidade que toma decisões sobre o
tratamento dos dados pessoais. Em contextos de relação de consumo, esse papel pode
ser desempenhado pelo fornecedor, responsável pela coleta de dados para fins
comerciais, ou pelo gestor do banco de dados, que decide como formatar as
informações. A legislação também concede aos titulares dos dados o direito de
confirmar se seus dados estão sendo tratados, podendo solicitá-los de forma
simplificada, com resposta imediata, ou de maneira mais detalhada, com um prazo de
até 15 dias para receber uma resposta completa.

Adicionalmente, a LGPD possibilita aos titulares a correção de dados que estejam


incorretos, incompletos ou desatualizados, assegurando assim a precisão e integridade
de suas informações pessoais. A lei também estabelece regras rígidas para o tratamento
de dados pessoais sensíveis, exigindo consentimento específico e autorização estrita,
com a imposição de sanções severas em caso de descumprimento. No que diz respeito a
crianças e adolescentes, a LGPD determina que o consentimento para o tratamento de
seus dados deve ser obtido especificamente por um dos pais ou pelo representante legal,
visando proteger a privacidade desses grupos vulneráveis em um ambiente digital em
constante evolução.

Em situações em que ocorram danos devido a tratamentos inadequados de dados


pessoais, a LGPD impõe a responsabilidade aos controladores e operadores,
independentemente de culpa ou dolo, permitindo a reparação de danos patrimoniais e
morais, seja em ações individuais ou coletivas. Quando se trata de relações de consumo,
a legislação segue as regras de responsabilidade previstas no CDC, que estabelece uma
responsabilidade objetiva e solidária em casos de danos a consumidores, abrangendo
controladores, operadores e outros fornecedores envolvidos no tratamento de dados.
Essas disposições visam garantir a segurança, integridade e proteção dos dados
pessoais, bem como os direitos dos titulares.

MIRAGEM, Bruno. A lei geral de proteção de dados (lei 13.709/2018) e o direito do


consumidor. Revista dos Tribunais Online, v. 1009, p. 1-35, 2019. Disponível em:
https://www.brunomiragem.com.br/wp-content/uploads/2020/06/002-LGPD-e-0-
direito-do-consumidor.pdf. Acesso em: 07 ago. 2022.

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