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A IMPORTÂNCIA DA LGPD E A GARANTIA DOS DIREITOS DA

PERSONALIDADE
Ciências Jurídicas, Edição 122 MAI/23 SUMÁRIO / 04/05/2023
THE IMPORTANCE OF LGPD AND THE GUARANTEE OF PERSONALITY
RIGHTS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7900785

Bruno Tavares Padilha Bezerra


Viviane Beatriz de Medeiros Bezerra

RESUMO

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é uma legislação brasileira que


estabelece diretrizes para a proteção de dados pessoais. Com a crescente
digitalização da sociedade, a LGPD se torna cada vez mais relevante na garantia
dos direitos da personalidade dos indivíduos. Este artigo discute a importância
da LGPD na proteção de dados pessoais, apresentando a jurisprudência, a
doutrina e a legislação brasileira sobre o tema. O artigo conclui que a LGPD é
essencial para garantir a proteção dos direitos da personalidade e que é
importante que as empresas e instituições se adaptem às suas diretrizes para
garantir a privacidade dos dados pessoais.

Palavras-chave: LGPD, proteção de dados, direitos da personalidade,


jurisprudência, doutrina, legislação brasileira.

ABSTRACT

The General Data Protection Act is a Brazilian legislation that establishes


orientations for the protection of personal data. With society’s growing usage of
technology, this legislation becomes even more relevant to guarantee people’s
personality rights. This article discusses the importance of this Act on the
protection of personal data, considering concepts such as jurisprudence, doctrine
and the Brazilian legislation about the subject. The article concludes that the
General Data Protection Act is essential to assure the protection of personality
rights and companies and institutions adapt their policies to ensure the privacy of
personal data.

Keywords: LGPD, data protection, personality rights, jurisprudence, doctrine,


Brazilian legislation.

1 INTRODUÇÃO
A sociedade moderna está cada vez mais conectada e interligada por meio de
tecnologias que facilitam a troca de informações e dados pessoais. No entanto,
essa interação traz consigo riscos e desafios que precisam ser enfrentados de
maneira eficaz. É nesse contexto que se insere a Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD), Lei 13.709, que foi sancionada em 2018 e entrou em vigor em
2020.

A LGPD é uma lei brasileira que representa um importante marco na


regulamentação da proteção de dados pessoais no país e tem como objetivo
principal proteger os dados pessoais dos cidadãos e garantir a privacidade e a
segurança dessas informações. A lei estabelece uma série de obrigações para
empresas e organizações que coletam, armazenam e processam dados
pessoais, bem como direitos para os titulares desses dados. Nesse sentido, uma
vez que a tecnologia tem permitido a coleta, armazenamento e
compartilhamento de informações pessoais de forma cada vez mais ampla e
complexa, a proteção de dados é fundamental para a garantia dos direitos da
personalidade.

Este artigo tem como objetivo apresentar a importância da LGPD e da proteção


de dados para a garantia dos direitos da personalidade no Brasil, com base na
jurisprudência, na doutrina e na legislação brasileira, sendo a metodologia do
trabalho a bibliográfica.

Serão analisados casos práticos de violação de dados pessoais e as


consequências jurídicas para as empresas e organizações envolvidas. Além
disso, serão apresentados os principais aspectos da LGPD e suas implicações
para as empresas e para os titulares de dados pessoais.

Inicialmente trataremos sobre a definição de dados pessoais e dos direitos da


personalidade e posteriormente analisaremos a origem do estudo dos dados.

2 O QUE SÃO DADOS PESSOAIS E OS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Dados pessoais são informações que permitem identificar uma pessoa física,
direta ou indiretamente, como nome, endereço, número de telefone, CPF, entre
outros. O tratamento de dados pessoais é uma atividade cada vez mais presente
em nossa sociedade, sobretudo com o avanço da tecnologia e a popularização
da internet. Empresas, órgãos públicos e outras organizações coletam e
armazenam informações pessoais de seus clientes, usuários e cidadãos em
geral, com o objetivo de oferecer serviços, realizar transações comerciais,
monitorar comportamentos e hábitos, entre outras finalidades. No entanto, o
tratamento inadequado desses dados pode representar uma ameaça à
privacidade e à intimidade dos indivíduos, podendo gerar prejuízos como o uso
indevido de informações pessoais, o vazamento de dados, o roubo de
identidade, o assédio moral e a discriminação.

Já os direitos da personalidade são aqueles que protegem a integridade física e


psicológica das pessoas, bem como seus atributos que são essenciais para a
sua identidade, como nome, imagem, privacidade, honra e reputação. Os direitos
da personalidade são aqueles que garantem a proteção da dignidade humana e
da intimidade das pessoas, esses direitos são protegidos pela Constituição
Federal e por outras leis, como o Código Civil.

A proteção desses direitos é um tema de grande relevância na atualidade, e a


LGPD representa um avanço significativo nesse sentido. Essa lei está
diretamente relacionada aos direitos da personalidade, uma vez que tem como
objetivo garantir a proteção dos dados pessoais das pessoas assegurando a
proteção da privacidade e da intimidade dos indivíduos. Com a LGPD, as
empresas e instituições precisam garantir que os dados pessoais coletados
sejam tratados de forma segura e não sejam utilizados de forma indevida.

3 A ORIGEM DO ESTUDO DOS DADOS E A PRIMEIRA LEGISLAÇÃO NO


BRASIL

A origem do estudo dos dados pessoais remonta ao final do século XIX e início
do século XX, quando se começou a registrar informações sobre pessoas em
larga escala, como por exemplo em censos populacionais. Mas foi com o
desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação, que o registro
e o processamento de dados pessoais se tornou algo cada vez mais complexo
e abrangente, gerando preocupações em relação à privacidade e segurança
dessas informações. Assim, o estudo dos dados pessoais se origina no início da
computação e aumento da coleta, armazenamento e processamento de
informações pessoais, quando a popularização da Internet e das tecnologias
digitais começou a crescer, gerando preocupação com a proteção de dados
pessoais.

No Brasil, a primeira legislação relacionada à proteção de dados pessoais foi a


Lei nº 12.965/2014, também conhecida como Marco Civil da Internet. Embora
não seja uma lei especificamente voltada para a proteção de dados pessoais,
ela estabelece alguns princípios importantes para a proteção da privacidade e
dos dados pessoais dos usuários da Internet no país.

Posteriormente, em 2018, foi promulgada a Lei Geral de Proteção de Dados


Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709/2018, que estabeleceu uma série de direitos e
obrigações para a coleta, armazenamento, uso e compartilhamento de dados
pessoais no Brasil. A LGPD é inspirada no Regulamento Geral de Proteção de
Dados (GDPR) da União Europeia e tem como objetivo proteger os direitos
fundamentais de liberdade e privacidade dos titulares de dados pessoais.

4 SUA IMPORTÂNCIA PARA A ATUALIDADE

A LGPD estabelece, em linhas gerais, que os dados pessoais devem ser tratados
de forma transparente, segura e respeitando os direitos dos titulares das
informações, estabelecendo também a obrigatoriedade de empresas e
instituições públicas adotarem medidas para garantir a segurança dos dados,
bem como a responsabilidade civil e administrativa em caso de violação das
regras previstas na legislação.

Sua importância é evidente na medida em que a proteção de dados pessoais é


fundamental para preservar a privacidade e a intimidade dos cidadãos, evitando
que informações pessoais sejam utilizadas de forma indevida ou ilegal. Ademais,
a proteção de dados pessoais também é relevante para evitar o uso de
informações pessoais para a prática de fraudes, crimes cibernéticos e outros
tipos de condutas ilícitas. Por isso, a LGPD se faz necessária para garantir que
essas informações sejam tratadas de forma responsável e segura.

A importância da LGPD e da proteção de dados é reconhecida pela


jurisprudência brasileira, que tem se deparado com um número crescente de
casos envolvendo o vazamento e o uso indevido de informações pessoais. Em
diversas decisões, os tribunais têm reforçado a necessidade de respeitar a
privacidade dos indivíduos e de garantir a segurança de suas informações
pessoais.

A Lei Geral de Proteção de Dados reflete as mudanças na forma como a


sociedade lida com os dados pessoais, especialmente com o avanço das
tecnologias digitais. Com a crescente digitalização de dados e a facilidade de
acesso a informações pessoais na internet, tornou-se ainda mais relevante
garantir a proteção desses dados. A LGPD estabelece uma base legal para o
tratamento de dados pessoais, o que é essencial para o desenvolvimento de
negócios e inovações tecnológicas de forma responsável e ética.

Outro ponto importante é que a LGPD tem implicações não apenas no âmbito
das empresas e instituições, mas também na vida dos cidadãos. A legislação
reconhece a importância da privacidade e da proteção dos dados pessoais como
um direito fundamental dos indivíduos, e a conscientização sobre esse tema
pode levar a uma mudança cultural em relação ao tratamento de informações
pessoais.

5 OS PRINCÍPIOS E AS BASES LEGAIS QUE DÃO SUPORTE À LGPD

A LGPD estabelece uma série de princípios que devem nortear o tratamento de


dados pessoais. Os princípios que regem a LGPD são fundamentais para
garantir que as empresas e organizações tratem os dados pessoais de forma
adequada, respeitando a privacidade e a segurança das informações. Entre eles,
destacam-se: a finalidade, a adequação, a necessidade, a transparência, a
segurança, a prevenção e a não discriminação.

Isso significa que os dados pessoais devem ser coletados para fins específicos,
explícitos e legítimos, e não podem ser tratados de forma incompatível com
esses objetivos, eles devem ser adequados, relevantes e limitados ao
necessário para a finalidade para a qual foram coletados, e devem ser protegidos
por medidas técnicas e administrativas adequadas para evitar o acesso não
autorizado ou ilegal, a destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer
outra forma de tratamento inadequado ou ilícito. O tratamento de dados pessoais
deve ser necessário para a realização das finalidades para as quais foram
coletados e os titulares dos dados pessoais devem ser informados de forma clara
e transparente sobre o tratamento de suas informações.

Além desses princípios, a LGPD também se baseia em uma série de leis e


normas internacionais, incluindo o Regulamento Geral de Proteção de Dados
(GDPR) da União Europeia e a Lei de Proteção de Dados Pessoais da Califórnia
(CCPA). Como o já citado Marco Civil da Internet, existem outras legislações
brasileiras importantes para a proteção de dados e que consequentemente estão
ligadas a LGPD, como o Decreto nº 8.771/2016, que regulamenta a LGPD,
estabelecendo normas sobre o tratamento de dados pessoais no âmbito da
administração pública federal. Quanto a essas bases legais que dão suporte à
LGPD, é importante destacar que a Constituição Federal de 1988 é uma delas,
e assegura o direito à privacidade como um direito fundamental.

Ademais, a LGPD estabelece que o tratamento de dados pessoais somente pode


ocorrer com o consentimento do titular ou em outras situações específicas
previstas em lei, como o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo
controlador, a proteção da vida ou da integridade física do titular ou de terceiros,
entre outras. Estabelecendo também, a Autoridade Nacional de Proteção de
Dados (ANPD) como um órgão responsável por fiscalizar e aplicar a legislação
em relação ao tratamento de dados pessoais no país. Além disso, a lei prevê
sanções para o descumprimento de suas disposições, como multas, suspensão
do tratamento de dados e proibição parcial ou total do exercício de atividades
relacionadas ao tratamento de dados pessoais.

6 OBRIGAÇÕES DAS EMPRESAS E DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS EM


RELAÇÃO AOS DADOS PESSOAIS

A LGPD estabelece uma série de obrigações para as empresas e os órgãos


públicos em relação aos dados pessoais. Entre elas, O tratamento de dados
pessoais depende do consentimento do titular, que deve ser informado de forma
clara e específica sobre a finalidade do tratamento e as consequências do
consentimento; A LGPD estabelece uma série de direitos para os titulares dos
dados pessoais, como o direito de acesso aos dados, de correção, de exclusão,
de portabilidade, entre outros; E as empresas e os órgãos públicos são
responsáveis pelo tratamento adequado dos dados pessoais, devendo adotar
medidas para garantir a segurança e a privacidade dos dados. Em caso de
descumprimento da LGPD, as empresas e os órgãos públicos estão sujeitos a
sanções que podem incluir advertência, multa simples ou diária, bloqueio dos
dados pessoais, suspensão do exercício da atividade de tratamento de dados
pessoais e até mesmo a proibição total ou parcial do exercício de atividades
relacionadas ao tratamento de dados.

Além das obrigações descritas acima, as empresas e órgãos públicos devem


nomear um encarregado pelo tratamento de dados pessoais, também conhecido
como Data Protection Officer (DPO). O DPO é responsável por garantir a
conformidade da empresa com a LGPD e atuar como canal de comunicação
entre a empresa, os titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de
Dados (ANPD).

Outra obrigação importante é a elaboração e implementação de um Programa


de Governança em Privacidade, que deve incluir políticas, procedimentos e
controles internos para garantir a segurança e privacidade dos dados pessoais.
Esse programa deve ser adequado ao tamanho e complexidade da empresa e
levar em consideração o risco do tratamento de dados pessoais.

Outrossim, as empresas e órgãos públicos devem realizar uma análise de


impacto à proteção de dados pessoais (AIPD) sempre que o tratamento de dados
pessoais apresentar risco elevado aos direitos e liberdades dos titulares dos
dados. A AIPD deve identificar os riscos e as medidas necessárias para
minimizar esses riscos.

Por fim, é fundamental que as empresas e órgãos públicos estejam preparados


para responder a incidentes de segurança que possam comprometer a
privacidade dos dados pessoais. Para isso, é importante ter um plano de
resposta a incidentes e notificar os titulares e a ANPD sobre o ocorrido, quando
necessário.

É importante destacar que a LGPD se aplica a todas as empresas e órgãos


públicos que coletam, armazenam e usam dados pessoais, independentemente
do tamanho ou do setor de atuação. Além disso, a LGPD se aplica a dados
pessoais de qualquer natureza, como nome, CPF, RG, endereço, e-mail, entre
outros. Portanto, as empresas e órgãos públicos devem estar atentos às suas
obrigações previstas na LGPD para garantir a proteção dos dados pessoais dos
titulares e evitar sanções por descumprimento da lei.

7 CASOS PRÁTICOS

No que se refere à jurisprudência, é importante mencionar que a LGPD ainda é


uma lei relativamente nova, e sua aplicação prática ainda está em fase inicial.
No entanto, já é possível verificar a aplicação de seus dispositivos em alguns
casos julgados pelos tribunais brasileiros, pois a violação de dados pessoais é
uma realidade cada vez mais comum na sociedade atual.

Destarte, no presente estudo traremos alguns casos emblemáticos sobre o


assunto, como o vazamento de dados de mais de 223 milhões de brasileiros em
janeiro de 2021, que ficou conhecido como “Megavazamento”. Esse incidente
expôs informações como nome completo, CPF, data de nascimento, telefone, e-
mail e endereço de milhões de brasileiros, gerando preocupações quanto à
privacidade e segurança dessas informações. Esse caso demonstra a
necessidade de medidas efetivas de proteção de dados pessoais, como
previstas na LGPD. É importante destacar que a lei estabelece sanções severas
para empresas e organizações que não cumprirem suas disposições, podendo
resultar em multas de até 2% do faturamento anual da empresa, além de outras
sanções como a proibição total ou parcial do tratamento de dados pessoais.

Outro caso é o das operadoras de telefonia Vivo e Claro, as quais teriam sido
responsáveis pelo vazamento de informações pessoais, como CPF e endereço,
de clientes que adquiriram planos de telefonia entre 2006 e 2007 e turma do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) manteve a
condenação das operadoras de telefonia por vazamento de dados de
consumidores. A decisão da turma confirmou a sentença de primeira instância e
determinou que as empresas paguem indenização por danos morais coletivos.

O terceiro caso é o de uma empresa que foi condenada a pagar R$ 5 mil de


indenização a um cliente cujos dados pessoais vazaram durante uma compra
online, devido à falta de medidas de segurança adequadas. A 6ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4) considerou a empresa
negligente e determinou que a mesma contrate uma empresa especializada em
segurança da informação para garantir a proteção dos dados de seus clientes.
A decisão ressalta a importância do cumprimento das normas de segurança da
informação por empresas que lidam com informações sensíveis dos clientes.

Por fim, o último caso mencionado é o da empresa Cyrela, que foi a primeira
empresa brasileira a ser condenada por vazamento de dados tratados com a Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD). O caso ocorreu em 2018, quando um
cliente que adquiriu um apartamento com a empresa começou a receber ligações
de instituições financeiras e empresas de decoração sem sua autorização. O
cliente abriu um processo e ganhou uma indenização de R$10 mil e a empresa
foi condenada a não compartilhar mais dados pessoais ou financeiros de clientes
sob pena de multa de R$300,00 a cada contrato mal utilizado. A juíza considerou
que a empresa feriu preceitos como a honra, a privacidade e a intimidade do
cliente ao revelar seus dados e detalhes da compra do imóvel.

O caso da Cyrela mostra a importância de as empresas tratarem com cuidado e


respeito os dados pessoais de seus clientes, além de destacar a relevância da
LGPD como ferramenta para proteger os direitos dos consumidores. A decisão
judicial de indenização e multa serve como um alerta para outras empresas que
lidam com dados pessoais no país, pois demonstra que a lei pode ser aplicada
de forma rigorosa para punir aqueles que desrespeitam os direitos dos
consumidores.

Esses casos mencionados expõe a maneira que os tribunais enxergam o não


cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados e destacam a importância da
proteção de dados pessoais e a aplicação rigorosa da LGPD no Brasil. As
empresas e organizações precisam estar cientes das suas responsabilidades em
relação à proteção dos dados pessoais de seus usuários e clientes e adotar
medidas efetivas para garantir a segurança dessas informações. A LGPD é uma
legislação fundamental para proteger a privacidade e os direitos dos indivíduos
em relação aos seus dados pessoais, e sua aplicação efetiva é essencial para
garantir a confiança dos usuários e o desenvolvimento sustentável de um
ambiente digital seguro.

8 AS IDEIAS DOS PRINCIPAIS AUTORES

A proteção de dados pessoais é um tema complexo e que envolve diversas áreas


do conhecimento, como o Direito, a Tecnologia da Informação e a Segurança da
Informação. Sendo um tema amplamente discutido na doutrina brasileira,
diversos autores têm destacado a importância da LGPD e a necessidade de sua
efetiva aplicação para garantir a proteção dos direitos da personalidade.

Dentre os principais autores que discutem o tema, destaca-se o jurista Danilo


Doneda, um dos principais responsáveis pela elaboração da LGPD. Segundo
Doneda, a LGPD representa um avanço significativo na proteção de dados
pessoais no Brasil, ao estabelecer um conjunto de direitos e obrigações para
empresas e organizações que lidam com dados pessoais. Além disso, a lei
representa uma mudança cultural importante, ao fomentar a cultura de proteção
de dados pessoais na sociedade brasileira.

Outro autor de destaque é o jurista Paulo Lôbo, que defende que a proteção de
dados pessoais é um direito fundamental e deve ser garantido pelo Estado. Para
ele, a LGPD é uma legislação importante para garantir a privacidade e a
segurança dos dados pessoais, mas é necessário um esforço conjunto da
sociedade para garantir sua efetividade.

O último, mas não menos importante autor a ser citado é o jurista Renato Opice
Blum, que defende que a LGPD é um marco importante na proteção de dados
pessoais no Brasil, mas destaca a necessidade de uma mudança cultural na
sociedade brasileira para garantir sua efetividade. Para Blum, a LGPD é um
instrumento importante para a proteção da privacidade e segurança dos dados
pessoais, mas é necessário um esforço conjunto de empresas, organizações e
cidadãos para garantir sua efetiva aplicação.

Certamente, a proteção de dados pessoais é um tema de grande relevância e


que tem sido amplamente discutido na doutrina brasileira. Autores como Danilo
Doneda, Paulo Lôbo e Renato Opice Blum destacam a importância da LGPD
como uma legislação fundamental para a proteção dos direitos da personalidade,
mas também enfatizam a necessidade de um esforço conjunto da sociedade
para garantir sua efetividade.

Doneda ressalta que a LGPD é um avanço significativo na proteção de dados


pessoais no Brasil, e que representa uma mudança cultural importante, ao
fomentar a cultura de proteção de dados pessoais na sociedade brasileira. Lôbo,
por sua vez, defende que a proteção de dados pessoais é um direito fundamental
e deve ser garantido pelo Estado, mas que é necessário um esforço conjunto da
sociedade para garantir sua efetividade. Já Blum destaca a importância da LGPD
como um marco na proteção de dados pessoais no Brasil, mas ressalta que sua
efetividade depende de uma mudança cultural na sociedade brasileira.
De maneira geral, os três autores convergem na importância da proteção de
dados pessoais como um direito fundamental e destacam a necessidade de um
esforço conjunto da sociedade para garantir a efetividade da LGPD. Como tema
complexo que envolve diversas áreas do conhecimento, a proteção de dados
pessoais requer a atuação conjunta de especialistas em diferentes áreas, como
o Direito, a Tecnologia da Informação e a Segurança da Informação, para
garantir a proteção adequada dos direitos da personalidade.

9 CONCLUSÃO

Em resumo, a LGPD e a proteção de dados pessoais representam um avanço


significativo na garantia dos direitos da personalidade no Brasil. É fundamental
que empresas e organizações se adequem às disposições da lei e adotem
medidas efetivas de proteção de dados pessoais, visando garantir a privacidade
e segurança dessas informações. Além disso, é importante que a sociedade em
geral se conscientize sobre a importância da proteção de dados pessoais,
contribuindo para a construção de uma cultura de proteção de dados no país.

Nesse sentido, a LGPD representa um avanço significativo na proteção de dados


pessoais no Brasil, e sua efetiva aplicação é fundamental para garantir a
segurança e privacidade dos dados pessoais. É importante que empresas e
organizações adotem medidas efetivas de proteção de dados, e que a sociedade
em geral se conscientize sobre a importância da proteção de dados pessoais,
contribuindo para a construção de uma cultura de proteção de dados no país.

Em suma, a LGPD e a proteção de dados pessoais são essenciais para garantir


a privacidade e a segurança dos indivíduos no contexto atual, em que o uso de
tecnologia de informações pessoais se torna cada vez mais comum. A legislação
e a jurisprudência brasileiras têm reforçado a importância da proteção de dados
e dos direitos da personalidade, o que traz mais segurança e confiança para os
cidadãos e para as empresas que lidam com informações pessoais. É
fundamental que as empresas e organizações estejam cientes das normas e
procedimentos previstos na LGPD e adotem medidas para garantir a segurança
e a privacidade dos dados pessoais de seus clientes e usuários. Além disso, é
importante que os cidadãos estejam atentos aos seus direitos e exijam o
cumprimento da legislação por parte das empresas e organizações que tratam
suas informações pessoais. A proteção de dados e dos direitos da personalidade
é uma questão fundamental para a sociedade atual e deve ser tratada com
seriedade e comprometimento por todos os envolvidos.

Em resumo, a LGPD é uma importante legislação que garante a proteção da


privacidade e da intimidade dos indivíduos, regulamentando o tratamento de
dados pessoais no país. É fundamental que empresas, órgãos públicos e outras
organizações estejam em conformidade com a lei, para que os direitos da
personalidade sejam respeitados e preservados.
Este artigo tem como objetivo apresentar a importância da LGPD e da proteção
de dados para a garantia dos direitos da personalidade no Brasil e alcançamos
esse resultado conforme poderá ser verificado acima.

Por fim, a LGPD recebe especial atenção, uma vez ser importante marco do
desenvolvimento e da garantia dos direitos relativos a guarda dos dados,
conceituação, organização da proteção e controle de informações, entre outras
atividades realizadas nesse paradigma do mundo virtual e das novas
tecnologias.

REFERÊNCIAS

Da privacidade à proteção de dados pessoais: fundamentos da Lei geral de


proteção de dados / Danilo Doneda ; prefácio: Gustavo Tepedino ; apresentação:
Bruno Gencarelli. Imprenta: São Paulo, Revista dos Tribunais, 2021.

Princípios da LGPD. Disponível em: <https://www.gov.br/cidadania/pt-


br/acesso-a-informacao/lgpd/principios-da-lgpd>. Acesso em: 22 de Abr. de
2023.

Princípios da LGPD — LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais |


Serpro. Disponível em: <https://www.serpro.gov.br/lgpd/menu/tratamento-dos-
dados/principios-da-lgpd>. Acesso em: 22 de Abr. de 2023.

O que muda com a LGPD — LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados


Pessoais | Serpro. Disponível em: <https://www.serpro.gov.br/lgpd/menu/a-
lgpd/o-que-muda-com-a-lgpd>. Acesso em: 22 de Abr. de 2023.

Entenda o que muda com a Lei Geral de Proteção de Dados. Disponível em:
<https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-09/entenda-o-que-muda-
com-a-lei-geral-de-protecao-de-dados>. Acesso em: 21 de Abr. de 2023.
Megavazamento de dados de 223 milhões de brasileiros: o que se sabe e o
que falta saber. Disponível em:
<https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2021/01/28/vazamento-de-
dados-de-223-milhoes-de-brasileiros-o-que-se-sabe-e-o-que-falta-
saber.ghtml>. Acesso em: 21 de Abr. de 2023.

Megavazamento de dados de 223 milhões de brasileiros: o que se sabe e o


que falta saber. Disponível em:
<https://advocaciaaod.jusbrasil.com.br/noticias/1159753178/megavazamento-
de-dados-de-223-milhoes-de-brasileiros-o-que-se-sabe-e-o-que-falta-saber>.
Acesso em: 23 de abr. de 2023.

BLOG, A. Conheça 8 casos de vazamentos de dados tratados com a LGPD.


Disponível em: <https://www.softwall.com.br/blog/vazamentos-de-dados-
tratados-com-a-lgpd/>. Acesso em: 23 de Abr. de 2023.
Empresa é condenada por vazar dados de cliente após venda pela internet.
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2021-jul-01/empresa-condenada-
vazar-dados-cliente-venda-online>. Acesso em: 23 de Abr. de 2023.

FIA. Vazamento de dados: o que fazer e principais casos do Brasil.


Disponível em: <https://fia.com.br/blog/vazamento-de-dados/>. Acesso em: 24
abr. 2023.

TJDFT mantém condenação a operadoras por vazamento de dados de


consumidores. Disponível em:
<https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2021/julho/turma-
mantem-condenacao-a-operadoras-por-vazamento-de-dados-de-
consumidores>. Acesso em: 24 abr. 2023.

MALDONADO, Viviane; BLUM, Renato. Lgpd: Lei Geral de Proteção de Dados


Comentada. São Paulo (SP): Editora Revista dos Tribunais. 2020. Disponível
em: https://thomsonreuters.jusbrasil.com.br/doutrina/1233940129/Igpd-lei-geral-
de-protecao-de-dados-comentada. Acesso em: 21 de Abril de 2023.

O Que Mudou nos Direitos de Personalidade com a Era Digital

Por Olívia Baldissera | 17, Janeiro 2022

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Comentários com ameaças de morte. Discurso de ódio veiculado em redes


sociais e mensageiros. Publicação de imagens íntimas por vingança. Vazamento
de dados sensíveis.

Quando você assiste ao jornal ou abre um portal de notícias, provavelmente se


depara com denúncias destes tipos de crime. Reparou que eles têm se tornado
cada vez mais frequentes?

Pois é, a popularização da internet no Brasil a partir dos anos 2000 não trouxe
apenas facilidades para a vida das pessoas.

O uso inescrupuloso da rede aumentou o número de pautas do jornalismo


policial, os cuidados que precisamos ter com nossas informações pessoais e,
em particular, o trabalho dos profissionais do Direito.

Crimes que acontecem no ambiente virtual trazem uma nova jurisprudência que
serve como base para ajudar as vítimas. Por isso, investigadores, advogados,
magistrados e procuradores precisam ficar atentos às mudanças que a internet
causou na sociedade brasileira, em especial as que impactam os direitos da
personalidade.
Além das principais características desta categoria de prerrogativas, você vai
encontrar aqui um resumo de novas leis e projetos legislativos que surgiram para
proteger os direitos da personalidade com a massificação da internet.

Você vai ver:

1. O que são os direitos da personalidade


2. O impacto da Era Digital nos direitos da personalidade
2.1 O Marco Civil da Internet
2.2 A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
3. 3 iniciativas para proteger os direitos da personalidade na internet
3.1 Herança digital
3.2 Direito ao esquecimento
3.3 Direito à desindexação

Aqui vamos tratar especificamente sobre violações de direitos relacionados à


honra, à privacidade e à imagem. Se você quiser saber mais sobre outros crimes
cibernéticos, recomendamos a leitura desta lista no Blog da Pós PUCPR
Digital.

O que são os direitos da personalidade

Os direitos da personalidade são prerrogativas irrenunciáveis e intransmissíveis


de todo ser humano, que tem o poder para controlar o uso dos aspectos
constitutivos de sua identidade – o que inclui, por exemplo, o corpo, o nome e a
imagem.

Eles são indissociáveis da dignidade humana, indispensável para o


desenvolvimento físico, psíquico e moral de todo indivíduo.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves, no livro “Direito Civil Brasileiro”, as


principais características dos direitos da personalidade são:

• Irrenunciáveis: toda pessoa é única e tem uma peculiaridade que a


distingue das demais;
• Absolutos: os direitos da personalidade são válidos para todas as
pessoas e devem ser respeitados pela sociedade;
• Ilimitados: os direitos da personalidade não se restringem à Constituição,
ao Código Penal ou ao Código Civil. Existem diversas leis, súmulas e
jurisprudências que tratam sobre eles;
• Imprescritíveis: eles não perdem validade. A exceção é para casos de
indenização por dano moral;
• Impenhoráveis: não podem ser usados em uma negociação, pois são
direitos indisponíveis;
• Não podem ser desapropriados: os direitos da personalidade não
podem ser tirados de um indivíduo;
• Vitalícios: acompanham a pessoa por toda sua vida.
Os direitos da personalidade se consolidaram no meio jurídico com a publicação
da Declaração Universal de Direitos Humanos, em 1948. O documento foi uma
resposta ao atentado à dignidade humana decorrente da Segunda Guerra
Mundial.

Desde então, eles protegem direitos invioláveis como:

1. Intimidade

No âmbito jurídico, a intimidade se refere à vida privada e familiar do indivíduo,


abrangendo o que ele faz e pensa. No Brasil, a proteção à intimidade é garantida
pelo artigo 5º da Constituição e pelo artigo 21 do Código Civil.

2. Honra

A honra é um bem imaterial ligado à dignidade da pessoa humana. Ela se refere


ao modo de viver em sociedade de acordo com a ética e a moral, garantindo a
respeitabilidade do sujeito na sociedade.

O Código Penal criminaliza crimes contra honra e o Código Civil prevê


indenização em casos de desrespeito a este direito.

3. Imagem

O sentido de “imagem” aqui está relacionado à aparência física de um indivíduo


e suas diferentes manifestações, como em fotografias e vídeos publicados na
internet. Quando falamos em direito à imagem, estamos nos referindo à proteção
contra atos que a reproduzem ou a representam indevidamente, sem a
autorização do seu detentor.

O direito à imagem está previsto no artigo 5º, inciso X, da Constituição. No


Código Civil, ele é classificado como um direito da personalidade no artigo 20.

4. Privacidade

Privacidade pode ser definida como “exigibilidade de respeito ao isolamento de


cada ser humano, que não pretende que certos aspectos de sua vida cheguem
ao conhecimento de terceiros”.

A garantia deste e dos demais direitos se tornou ainda mais urgente com a
disseminação das redes sociais e a digitalização de serviços públicos e privados.

O impacto da internet nos direitos da personalidade

O meio jurídico deve sempre se adaptar às mudanças sociais, como as


motivadas pela popularização da internet. Isso fez com que, inclusive, surgisse
uma nova especialidade que combinasse as áreas do Direito que já existem com
as novas tecnologias: o Direito Digital.
Quem explica com mais profundidade esta relação é a professora convidada
da Pós PUCPR Digital Patrícia Peck Pinheiro, no livro "Direito Digital". Para ela,
o Direito deve refletir as grandes mudanças culturais e comportamentais vividas
pela sociedade, bem como seus profissionais devem estar atentos às mudanças
e se capacitar para lidar com elas.

É consenso no meio jurídico que os direitos da personalidade na internet devem


ser preservados. O que divide opiniões é a necessidade ou não de criar novas
leis, além da capacitação de agentes públicos para lidarem com atos que ferem
esses direitos no ambiente virtual.

Isso não significa que não haja avanços no âmbito legislativo. Na última década,
sociedade civil e entes públicos se uniram para construir normas e orientações
que garantissem a proteção dos direitos da personalidade na Era da Informação.

Dentre as iniciativas, duas se destacaram e estão em vigor: o Marco Civil da


Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

O Marco Civil da Internet

O Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/14) é a primeira lei do Brasil a


estabelecer princípios, garantias, direitos e deveres sobre o uso da internet no
país. Ele começou a ser discutido em 2010 no Congresso e sancionado em
2014.

O texto aborda a preservação dos direitos da personalidade no artigo 3º, ao


adotar como princípios a proteção da privacidade e dos dados pessoais dos
usuários.

Na seção II, a lei determina que os provedores de conexão e de aplicações de


internet garantam a segurança e confiabilidade dos mecanismos de criação, uso,
gestão e exclusão de dados dos usuários. Estes devem ter controle sobre suas
informações e ter o poder de solicitar a alteração ou exclusão de conteúdo
relacionado à sua personalidade de bancos de dados.

Provedores e aplicações também devem ter planos de ação para verificar e


remover conteúdos que violem os direitos da personalidade. As últimas
denúncias contra o Facebook sobre a omissão na exclusão de postagens com
discurso de ódio são um exemplo de como o respeito à esta regra ainda deixa a
desejar.

Outro ponto do Marco Civil da Internet que protege os direitos da personalidade


é a neutralidade de rede, que impede que qualquer usuário seja discriminado ao
acessar a internet.

Em outras palavras, uma vez que a pessoa entre na rede, ela deve ter acesso a
todos os endereços disponíveis, independentemente do seu provedor, da origem
da sua conexão ou da extensão do seu pacote de dados.
Senadores e entidades da sociedade civil comemoram a aprovação, por
unanimidade, do Marco Civil da Internet, em 22 de abril de 2014. Créditos: Jonas
Pereira/Agência Senado.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é um conjunto de normas que define


como os dados pessoais dos usuários devem ser armazenados, protegidos e
usados por empresas, pessoas e órgãos públicos. A legislação é válida em todo
o território nacional e garante a privacidade da população, ao impedir que bases
de contatos circulem livremente entre entidades privadas.

A LGPD garante a proteção dos direitos da personalidade ao determinar que


todo o cidadão tem o poder de escolher como seus dados pessoais são
tratados. Neste artigo trazemos mais detalhes sobre a lei.

3 iniciativas para proteger os direitos da personalidade na internet

Além do Marco Civil da Internet e da LGPD, há outras iniciativas do Poder


Legislativo e da comunidade jurídica para proteger os direitos da personalidade
na Era da Informação. Aqui você vai conhecer 3 exemplos.

Se quiser se aprofundar mais no assunto, o impacto da internet nos direitos da


personalidade é tema de uma das disciplinas do curso Direito 4.0: Direito
Digital, Proteção de Dados e Cibersegurança da Pós PUCPR Digital.
1. Herança digital

O termo “herança digital” refere-se à transferência de patrimônio digital após o


falecimento do titular. Este patrimônio é constituído por bens incorpóreos, que
podem ter valor econômico ou afetivo. Eles podem ser:

• Contas em redes sociais e aplicativos;


• Fotos
• Vídeos
• Áudios
• Arquivos de texto
• E-mails
• E-books
• Jogos online
• Assinaturas digitais

Dois projetos de lei propostos em 2017 abordaram o tema, mas foram arquivados
na Câmara:

1. PL 7.742/17: propunha acrescentar um artigo ao Marco Civil da Internet


que determinasse que provedores de aplicações de internet excluíssem
as contas de usuários brasileiros mortos;
2. PL 8.562/17: propunha acrescentar um capítulo sobre herança digital ao
Código Civil para assegurar o direito dos familiares de gerir o legado
digital.

Hoje tramita no Congresso o PL 1689/2021, que recupera a discussão sobre o


que fazer com as contas, publicações e perfis de pessoas mortas. O texto propõe
incluir disposições no Código Civil e na Lei de Direitos Autorais (9.610/1998).

A discussão sobre a herança digital não se restringe a esses projetos de lei e


promete durar bastante tempo.

2. Direito ao esquecimento

Com origem no Direito Penal, o direito ao esquecimento garante ao apenado que


ele não terá que carregar o título de “infrator” depois de cumprir sua sentença
perante o Estado. Isso ficou mais difícil de cumprir com a internet.

Lembra que falamos no começo do texto sobre matérias publicadas em sites de


jornais? Elas continuam publicadas e disponíveis nos resultados de pesquisa do
Google por anos, mesmo após o cumprimento da pena do autor de algum crime.
Essas informações estarem públicas pode prejudicar a recolocação do indivíduo
na sociedade.

As notícias encontradas na rede são apenas um exemplo de possível aplicação


do direito ao esquecimento. E garanti-lo não é simples, por causa do conflito
entre os direitos fundamentais da liberdade de expressão e do direito da
personalidade.
Não existe consenso na comunidade jurídica sobre em que casos o direito ao
esquecimento é adequado, e cada corte avalia a questão de forma diferente.

Na União Europeia, o direito ao esquecimento foi referendado por uma decisão


de 13 de maio de 2014 (C-131/12), que determinou que a Google atendesse a
solicitação de cidadãos europeus para retirar informações “irrelevantes” ou
“desatualizadas” sobre si próprios dos resultados de busca.

Em fevereiro de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o direito


ao esquecimento é incompatível com a Constituição, ao analisar o pedido de
uma família que pediu reparação de danos morais, materiais e à imagem após a
exibição de um episódio do programa “Linha Direta”, da TV Globo, em 2004.

Já o Marco Civil da Internet alude indiretamente o direito ao esquecimento no


artigo 7º, sem mencionar a remoção de conteúdo de sites e redes sociais.

3. Direito à desindexação

O direito à desindexação é uma prerrogativa mais específica do que o direito ao


esquecimento. Ele se refere à exclusão de links em buscadores online, como o
Google, após a solicitação de um indivíduo que já tenha cumprido sua sentença.

Há o mesmo conflito entre direitos fundamentais ao se falar em direito à


desindexação: liberdade de expressão e direitos da personalidade.

Existe jurisprudência no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) sobre o tema, mas


sem uma resposta definitiva. O caso mais conhecido é a ação que Xuxa
Meneghel moveu contra o Google, em 2010.

A apresentadora solicitou que o buscador removesse termos que vinculassem o


nome da artista a qualquer prática ilícita, em 2010. O STJ decidiu que a big tech
não precisava atender ao pedido.

Gostou deste artigo sobre os direitos da personalidade? Saiba mais sobre os


impactos das novas tecnologias no mundo do Direito no Blog da Pós PUCPR
Digital.

Direito
SOBRE O AUTOR

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital.

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