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MARCO CIVIL E LGPD

MARCO CIVIL

O Marco Civil da Internet é uma lei (12.965/14) que regulamenta o uso


e estabelece certos parâmetros em relação à internet e como ela é oferecida
em território nacional. Especialistas na área chegam a chamá-la de
“Constituição da Internet”.
É interessante apontar que a participação popular era possível via blogs oficiais
e audiências realizadas no país inteiro. Essa foi uma das razões para a demora
em sair do papel: o processo começou em 2009 e a lei só foi ser sancionada em
junho de 2014. Elogiado ou criticado, o Marco Civil da Internet é acima de tudo
relevante. Teve por objetivo estabelecer princípios, garantias, direitos e
deveres para o uso da Internet, cujo acesso é considerado um direito do
cidadão. Sua criação teve importância ímpar na regulação das relações digitais.
É a lei em vigor e já norteou várias decisões judiciais e de negócios, como você
verá mais adiante. O Marco Civil é importante, pois, ele traz princípios
fundamentais para garantir que a internet não seja apropriada por interesses
comerciais e que não sirva de instrumento para a discriminação social, o
cerceamento da livre manifestação do pensamento e para o desrespeito à
garantia da privacidade. O Marco assegura a preservação dos princípios da
internet livre e aberta, protege os direitos daqueles que utilizam a rede e
assegura os instrumentos necessários para que prestadores de serviços de
telecomunicação realizem o gerenciamento de seus serviços e redes
preservando o princípio da neutralidade (leia mais abaixo) de rede.

LGPD

A Lei Geral de Proteção de Dados (13.709/2018) tem como principal


objetivo proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o
livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural. Também tem como
foco a criação de um cenário de segurança jurídica, com a padronização de
regulamentos e práticas para promover a proteção aos dados pessoais de todo
cidadão que esteja no Brasil, de acordo com os parâmetros internacionais
existentes.
A lei define o que são dados pessoais e explica que alguns deles estão sujeitos a
cuidados ainda mais específicos, como os dados pessoais sensíveis e dados
pessoais sobre crianças e adolescentes. Esclarece ainda que todos os dados
tratados, tanto no meio físico quanto no digital, estão sujeitos à regulação.
Além disso, a LGPD estabelece que não importa se a sede de uma organização
ou o centro de dados dela estão localizados no Brasil ou no exterior: se há o
processamento de informações sobre pessoas, brasileiras ou não, que estão no
território nacional, a LGPD deve ser observada. A lei autoriza também o
compartilhamento de dados pessoais com organismos internacionais e com
outros países, desde que observados os requisitos nela estabelecidos.
Sem a proteção da lei de proteção de dados pessoais (LGPD), não há
como saber se os dados coletados de diferentes indivíduos serão utilizados
para discriminação comercial, por exemplo. Hoje o processamento de dados
deverá ficar claro para o usuário e ele pode ter o poder de dizer “não” para o
compartilhamento. Por isso, é fundamental criar diretrizes claras para que seus
clientes possam se sentir seguros ao compartilhar seus dados pessoais com a
sua organização. Essa é a chance de você ganhar a confiança do seu público e
gerar empatia para futuros prospects.

DIFERENÇA ENTRE MARCO E LGPD

O Marco Civil da Internet foi inovador no sentido de regulamentar,


juridicamente, as atividades online. Apresentou-se como uma introdução
importante no direito digital brasileiro, pois, até então, as relações online eram
reguladas apenas por legislações não específicas. Foi o Marco Civil que
reconheceu as relações jurídico-virtuais e discorreu acerca dos crimes
cibernéticos, por exemplo. No entanto, a lei deixou uma importante lacuna: a
forma com que os dados fornecidos pelos usuários poderiam ser utilizados
pelas empresas.
Já a LGPD foi inspirada na legislação europeia GDPR (General Data Protection
Regulation), de 2018. Tratando-se de uma necessidade mundial em face do
contexto contemporâneo, a lei diz respeito aos dados de maneira geral, não
somente aqueles provenientes do mundo online. A LGPD cria uma
regulamentação para o uso, proteção e transferência de dados pessoais no
Brasil, nos âmbitos privado e público, e estabelece de modo claro quem são as
figuras envolvidas e quais são suas atribuições, responsabilidades e penalidades
no âmbito civil – que podem chegar a multa de 50 milhões de reais por
incidente.
Enquanto o Marco Civil da Internet prevê a segurança de dados apenas
em ambiente online, a LGPD cria diretrizes mais específicas de aplicação e
segurança, detalhando os tipos de dados existentes e assegurando toda a
movimentação de dados (inclusive off-line). Ou seja: as duas são leis
complementares e uma não revoga a existência da outra.

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