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J. Delgado - K. Frensel - L. Crissa Geometria Analítica e Cálculo Vetorial


Capítulo 20

Superfícies Quádricas

Em capítulos anteriores, estudamos as cônicas, curvas dadas por uma

equação de segundo grau nas variáveis x e y.


Uma quádrica é uma superfície cuja equação cartesiana é uma equação

de segundo grau nas variáveis x, y e z, isto é, uma equação da forma:

Ax2 + By 2 + Cz 2 + Dxy + Exz + F yz + Gx + Hy + Iz + J = 0 , (1)

ondeA, B , C , D, E , F , G, H , I e J são números reais, sendo não nulo pelo

menos um dos coecientes A, B , C , D , E e F .

Além das superfícies quádricas, a equação acima também pode repre-

sentar:

• o conjunto vazio, • um ponto,

• uma reta, • um plano,

• um par de planos paralelos, • um par de planos concorrentes.

Estes conjuntos são denominados de quádricas degeneradas.

Estudaremos apenas as quádricas na forma canônica, visto que o estudo

geral das superfícies dadas pela equação (1) é mais adequado num curso de

Álgebra Linear.

Para estudarmos as superfícies quádricas, determinaremos as seções

planas Q∩π destas superfícies, onde π é um plano paralelo a um dos planos


374 1.. ELIPSOIDE

coordenados.

Além disso, analisaremos as simetrias das quádricas em relação aos

planos coordenados e em relação à origem.

Sabemos que um conjunto Q é simétrico em relação:

• ao plano XY quando: (x, y, z) ∈ Q ⇐⇒ (x, y, −z) ∈ Q;


• ao plano XZ quando: (x, y, z) ∈ Q ⇐⇒ (x, −y, z) ∈ Q;
• ao plano YZ quando: (x, y, z) ∈ Q ⇐⇒ (−x, y, z) ∈ Q;
• à origem quando: (x, y, z) ∈ Q ⇐⇒ (−x, −y, −z) ∈ Q;

É fácil vericar que se o conjunto Q é simétrico em relação aos planos

XY , XZ e Y Z, então é simétrico em relação à origem.

1. Elipsoide

Um elipsoide na forma canônica é uma superfície dada por uma equação

de segundo grau do tipo:

x2 y2 z2
Q: + + = 1,
a2 b2 c2
onde a, b e c são números reais positivos.

É fácil vericar que, o elipsoide Q é uma superfície simétrica em relação


aos três planos coordenados e em relação à origem.

Observação 1
A esfera x2 + y 2 + z 2 = R 2 é um caso particular de elipsoide no qual

a = b = c = R.

A interseção do elipsoide Q com o plano z = k , k ∈ R, paralelo ao

plano XY ,  2 2 2
x + y = 1 − k
Q ∩ {z = k} : a2 b2 c2 ,
z = k

é:
◦ uma elipse de centro (0, 0, k) se k ∈ (−c, c);

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 375

◦ o ponto (0, 0, c) se k = c;

◦ o ponto (0, 0, −c) se k = −c;


◦ o conjunto vazio se |k| > c.

Figura 1: Interseção do plano {z = k} com o elipsoide Q

Por outro lado, a interseção do elipsoide Q com os planos paralelos ao

plano XZ ,  2 2 2
x + z = 1 − k
Q ∩ {y = k} : a2 c2 b2 ,
y = k

é:
◦ uma elipse de centro (0, k, 0) se k ∈ (−b, b);
◦ o ponto (0, b, 0) se k = b;
◦ o ponto (0, −b, 0) se k = −b;

◦ o conjunto vazio se |k| > b.

Figura 2: Interseção do plano {y = k} com o elipsoide Q

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376 1.. ELIPSOIDE

Finalmente, a interseção do elipsoide Q com os planos paralelos ao

plano Y Z,
 2 2 2
y + z = 1 − k
Q ∩ {x = k} : b2 c2 a2 ,
x = k

é:
◦ uma elipse de centro (k, 0, 0)
se k ∈ (−a, a);
◦ o ponto (a, 0, 0) se k = a;
◦ o ponto (−a, 0, 0) se k = −a;

◦ o conjunto vazio se |k| > a. Figura 3: Interseção do plano {x = k} com o elipsoide Q

Exemplo 1
Mostre que nenhuma reta está contida num elipsoide.

Solução.

De fato, seja

x(t) = αt + x0



r: y(t) = βt + y0 ; t ∈ R ,


z(t) = γt + z0

uma reta que passa por um ponto (x0 , y0 , z0 ) pertencente a Q, e que é paralela
ao vetor (α, β, γ) 6= (0, 0, 0). Então,

(α t + x0 , β t + y0 , γ t + z0 ) ∈ Q
(α t + x0 )2 (β t + y0 )2 (γ t + z0 )2
⇐⇒ 2
+ 2
+ =1
a b c2
   
α2 β2 γ2 αx0 βy γz x20 y02 z02
⇐⇒ + + 2
t +2 + 20 + 20 t+ + + =1
a2 b2 c2 a2 b c a2 b2 c2
   
α2 β2 γ2 αx0 βy γz
⇐⇒ + + t+2 + 20 + 20 t = 0, (2)
a2 b2 c2 a2 b c

x20 y02 z02


pois + + = 1, uma vez que (x0 , y0 , z0 ) ∈ Q.
a2 b2 c2

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 377

Como
α2 β2 γ2
+ + > 0,
a2 b2 c2
a equação (2) possui no máximo duas soluções:
 
αx0 βy0 γz0
−2 + 2 + 2
a2 b c
t=0 ou t= 2 2 2 .
α β γ
2
+ 2 + 2
a b c


Observação 2
Provamos assim ,que nenhuma reta, que passa por um ponto do elipsoide,

está inteiramente contida no elipsoide.

2. Hiperboloide de uma Folha

Os hiperboloides de uma folha na forma canônica de eixo−OX , eixo−OY

e eixo−OZ são as superfícies dadas, respectivamente, pelas equações de se-

gundo grau abaixo:

x2 y2 z2
− + + = 1,
a2 b2 c2
x 2 y 2 z2
− + = 1,
a2 b2 c2
x 2 y 2 z2
+ − = 1,
a2 b2 c2

onde a, b e c são números

reais positivos.

É fácil ver que os hi-

perboloides de uma folha na

forma canônica são simétri- Figura 4: Q ∩ {z = k} é uma elipse de centro (0, 0, k) no plano
z=k
cos em relação aos três pla-

nos coordenados e à origem.

Vamos analisar o hiperboloide de uma folha na forma canônica de

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378 2.. HIPERBOLOIDE DE UMA FOLHA

eixo−OZ :
x2 y2 z2
Q: + − = 1.
a2 b2 c2
A interseção de Q z = k , paralelo ao plano XY ,
com o plano
 2 2 2
x + y = k + 1
Q ∩ {z = k} : a2 b2 c2 ,
z = k

é uma elipse de centro (0, 0, k) para todo k ∈ R.


Por outro lado, as seções planas,
 2 2 2 2 2
y − z = 1 − k = a − k
Q ∩ {x = k} : b2 c2 a2 a2 ,
x = k
são, para:

• k ∈ (−a, a), hipérboles

y2 z2

 −  =1
a2 − k 2 a2 − k 2

   
b2 c2
 a2 a2

x=k

de centro no ponto (k, 0, 0), reta focal paralela ao eixo−OY e assíntotas


( c
z=± y a2 − k 2
b , pois > 0;
x=k a2

Figura 5: Hipérbole de centro (k, 0, 0) no plano x = k, obtida como a interseção Q ∩ {x = k}

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 379

b
(
y=± z
• k = a, duas retas c concorrentes que se intersectam no ponto
x=a
(a, 0, 0);

Figura 6: Retas concorrentes no ponto (a, 0, 0), obtidas como a interseção Q ∩ {x = a}



y = ± b z
• k = −a, duas retas c concorrentes que se intersectam no ponto
x = −a

(−a, 0, 0);

Figura 7: Retas concorrentes no ponto (−a, 0, 0), obtidas como a interseção Q ∩ {x = −a}

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380 2.. HIPERBOLOIDE DE UMA FOLHA

• |k| > a, hipérboles



z2 y2
−  =1


k 2 − a2 k 2 − a2

   
c2 b2
 a2 a2

x = k


y = ± b z
de centro (k, 0, 0), reta focal paralela ao eixo−OZ e assíntotas c ,
x = k
k 2 − a2
pois > 0.
a2

Figura 8: Interseção Q ∩ {x = k} para |k| > a

Finalmente, a interseção de Q com os planos y = k, paralelos ao plano

XZ ,
 2 2 2 2 2
x − z = 1 − k = b − k
Q ∩ {y = k} : a2 c2 b2 b2 ,
y = k

nos dá, para:

• k ∈ (−b, b), uma hipérbole de centro (0, k, 0), reta focal paralela ao eixo−OX

z = ± c x 2 2
e assíntotas a , uma vez que b − k > 0;
y = k b2

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 381

Figura 9: Interseção Q ∩ {y = k} para −b < k < b


z = ± c x
• k = b, duas retas a que se cortam no ponto (0, b, 0);
y = b

Figura 10: Interseção Q ∩ {y = b}

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382 2.. HIPERBOLOIDE DE UMA FOLHA


z = ± c x
• k = −b, duas retas a que se cortam no ponto (0, −b, 0);
y = −b

• |k| > b, uma hipérbole



z2 x2
−  =1


k 2 − b2 k 2 − b2

   
Q ∩ {y = k} : c2 a 2
 b2 b2

y = k


x = ± a z
de centro (0, k, 0), reta focal paralela ao eixo−OZ e assíntotas c ,
y = k

k 2 − b2
pois > 0.
b2

Figura 11: Interseção Q ∩ {y = k} para k = −b Figura 12: Interseção Q ∩ {y = k} para k>b

Exemplo 2
Considere o hiperboloide de uma folha de eixo−OY :
y2
S : 4x2 − + z2 = 4 .
4
Determine as retas contidas em S que passam pelo ponto P = (1, 2, 1) ∈ S .

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 383

Solução.

Seja r = {(at+1, bt+2, ct+1) ; t ∈ R} uma reta paralela ao vetor →



v = (a, b, c) 6=
(0, 0, 0) que passa pelo ponto P = (1, 2, 1).
Então r ∈ S se, e só se,

(bt + 2)2
4(at + 1)2 − + (ct + 1)2 = 4
4
 
b2 4
⇐⇒ 2
4a − + c t2 + (8a − b + 2c)t + 4 − + 1 − 4 = 0
2
4 4
  
b2
⇐⇒ t 4a2 − + c2 t + 8a − b + 2c = 0,
4
para todo t ∈ R.
Logo,

b2
4a2 − 4
+ c2 = 0 e 8a − b + 2c = 0
⇐⇒ 4a2 − 14 (8a + 2c)2 + c2 = 0 e b = 8a + 2c
⇐⇒ 4a2 − (4a + c)2 + c2 = 0 e b = 8a + 2c
⇐⇒ 4a2 − 16a2 − 8ac = 0 e b = 8a + 2c
⇐⇒ −8a2 − 8ac = 0 e b = 8a + 2c
⇐⇒ ac = −a2 e b = 8a + 2c
⇐⇒ a 6= 0 , c = −a e b = 6a
a=0
ou e b = 2c
⇐⇒ →

v k (1, 6, −1) ou


v k (0, 2, 1).
Assim, r = {(t + 1, 6t + 2, −t + 1) ; t ∈ R} e l = {(1, 2t + 2, t + 1) ; t ∈ R}
são as retas contidas em S que passam pelo ponto P .


Observação 3
É possível provar que, para todo ponto P pertencente a um hiperboloide de

uma folha Q, existem exatamente duas retas contidas em Q que passam por

P.

Exemplo 3
Mostre que a interseção do plano π : 4x − 5y − 10z = 20 com o hiperboloide

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384 2.. HIPERBOLOIDE DE UMA FOLHA

de uma folha
x2 y2 z2
S: + − =1
25 16 4
consiste de duas retas, e determine as equações paramétricas destas retas.

Solução.

Temos que:

x2 y2 z2
+ − = 1 ⇐⇒ 16x2 − 4 × 25z 2 = 25 × 16 − 25y 2
25 16 4
⇐⇒ (4x − 10z)(4x + 10z) = 25(4 − y)(4 + y) .
Logo, (x, y, z) ∈ S ∩ π se, e só se, (x, y, z) satiszer ao sistema:

 4x − 5y − 10z = 20

 (4x − 10z)(4x + 10z) = 25(4 − y)(4 + y)




 4x − 10z = 20 + 5y

⇐⇒
 (20 + 5y)(4x + 10z) = 25(4 − y)(4 + y)


 4x − 10z = 20 + 5y

⇐⇒
 (4 + y)(4x + 10z) = 5(4 − y)(4 + y)

Portanto, se y 6= −4, temos que

4x + 10z = 20 − 5y ,
0
ou seja, (x, y, z) pertence também ao plano π : 4x + 5y + 10z = 20.

Assim, (x, y, z) pertence à reta



4x − 5y − 10z = 20
`: ,
4x + 5y + 10z = 20

que é paralela ao vetor



4 −5 −10
= (0, −80, 40) k (0, −2, 1)


4 5 10
e passa pelo ponto (5, 0, 0). Então,

` = {(5, −2t, t) | t ∈ R } ⊂ S ∩ π .
Agora, considere (x, −4, z) ∈ π .

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 385

Como 4x + 20 − 10z = 20, obtemos

5
que x= z, ou seja, π ∩ {y = −4}
2
é a reta

`0 = {(5t, −4, 2t) | t ∈ R } .


Além disso, a reta `0 está contida

em S, pois para todo t∈R


25t2 16 4t2
+ − = 1.
25 16 4
Logo `0 ⊂ S ∩ π . Figura 13: Hiperboloide S, plano π e retas ` e `0

Provamos, assim, que S ∩ π = ` ∪ `0 consiste de duas retas.




3. Hiperboloide de duas folhas

Os hiperboloides de duas folhas na forma canônica de eixo−OX , eixo−OY

e eixo−OZ são as quádricas denidas, respectivamente, pelas seguintes equa-

ções de segundo grau:

x2 y2 z2
− − = 1,
a2 b2 c2
x 2 y 2 z2
− 2+ 2 − 2 = 1,
a b c
x2 y2 z2
− 2− 2 + 2 = 1,
a b c

onde a, b e c são números reais positivos. Estas equações são simétricas em

relação aos três planos coordenados e à origem.

Vamos estudar o hiperboloide de duas folhas de eixo−OZ :

x2 y2 z2
− − + = 1.
a2 b2 c2
A interseção de Q z = k , k ∈ R, paralelo
com o plano ao plano XY ,
 2 2 2 2 2
x + y = k − 1 = k − c
Q ∩ {z = k} : a2 b2 c2 c2
z = k ,
é:

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386 3.. HIPERBOLOIDE DE DUAS FOLHAS

◦ o conjunto vazio para k ∈ (−c, c);

◦ o ponto (0, 0, c) para k = c;


◦ o ponto (0, 0, −c) para k = −c;
◦ a elipse

x2 y2
+  =1


k 2 − c2 k 2 − c2

   
a2 b2
 c2 c2

z = k ,

de centro (0, 0, k) para k ∈ (−∞, c) ∪ (c, +∞) .

Figura 14: Interseção de Q com os planos z =cte.

Por outro lado, as seções planas contidas em planos paralelos ao plano

XZ ,
 2 2 2
− x + z = 1 + k
Q ∩ {y = k} : a2 c2 b2
y = k

z2 x2
−   =1


 

k 2 k2
2 2
⇐⇒ Q ∩ {y = k} : c 1 + b2 a 1+ 2
b ,


y = k

são hipérboles de centro (0, k, 0), reta focal paralela ao eixo−OZ e assíntotas

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 387


x = ± a z
c k2
, pois 1+ >0 para todo k ∈ R.
y = k b2

Figura 15: Interseção de Q com planos y =cte. Figura 16: Interseção de Q com planos x =cte.

Finalmente, a interseção de Q com o plano x = k , k ∈ R, paralelo ao

plano YZ (gura 16),

 2 2 2
z − y = 1 + k
Q ∩ {x = k} : c2 b2 a2
x = k

z2 y2
−  =1


k2 k2

   
c2 1+ b2 1+
⇐⇒ Q ∩ {x = k} : a2 a2 ,


x = k

é uma hipérbole de centro (k, 0, 0), reta focal paralela ao eixo−OZ e assín-

y = ± b z
totas a para todo k ∈ R.
x = k

Exemplo 4
Prove que nenhuma reta está contida em um hiperboloide de duas folhas.

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388 4.. CONE ELÍPTICO

Solução.

De fato, sejam (x0 , y0 , z0 ) ∈ Q e



 x(t) = αt + x0

r: y(t) = βt + y0 , t ∈ R,

z(t) = γt + z0

uma reta paralela ao vetor (α, β, γ) 6= (0, 0, 0) que passa pelo ponto (x0 , y0 , z0 ).
Como (αt + x0 , βt + y0 , γt + z0 ) ∈ Q se, e só se,

(αt + x0 )2 (βt + y0 )2 (γt + z0 )2


− − + =1
a2 b2 c2
   
α2 β2 γ2 αx βy γz
⇐⇒ t 2
− 2 − 2 + 2 + 2t − 20 − 20 + 20 = 0,
a b c a b c

x20 y02 z02


pois − − + = 1, obtemos que r⊂Q se, e só se,
a2 b2 c2

α2 β2 γ2
− 2
− 2 + 2 =0 (3)
a b c

e
αx0 βy γz
− 2
− 20 + 20 = 0 .
a b c
Por (3), vemos que γ 6= 0. Caso contrário, teríamos α = β = 0, uma

contradição, visto que (α, β, γ) 6= (0, 0, 0).


Por outro lado, se γ 6= 0, a reta r intersectaria o plano XY , uma contradição,

pois r ⊂ Q e Q ∩ plano XY = ∅.

Assim, provamos que uma reta intersecta o hiperboloide de duas folhas em

no máximo dois pontos.

4. Cone Elíptico

Os cones elípticos na forma canônica de eixo−OX , eixo−OY e eixo−OZ

são as superfícies dadas, respectivamente, pelas equações de segundo grau:

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 389

x2 y2 z2
− + + = 0,
a2 b2 c2
x2 y2 z2
− + = 0,
a2 b2 c2
x 2 y 2 z2
+ − = 0,
a2 b2 c2

onde a, b , c são números reais positivos.

É fácil mostrar que, os cones elípticos na forma canônica são simétricos

em relação aos três planos coordenados e à origem.

Vamos analisar as seções pla-

nas do cone elíptico de eixo−OZ :

x2 y2 z2
Q: + = .
a2 b2 c2
As seções planas de Q em pla-

nos paralelos ao plano XY ,


x2 y2 k2
(
+ =
Q ∩ {z = k} : a2 b2 c2 ,
z=k

são elipses de centro (0, 0, k) se k 6= 0,


e é a origem (0, 0, 0) se k = 0. Figura 17: Interseção do cone elíptico Q com os pla-
nos z =cte.

A interseção de Q com o plano y = k,


k ∈ R, XZ ,
paralelo ao plano
2 2 2

 −x + z = k
Q ∩ {y = k} : a2 c2 b2 ,
 y=k

é uma hipérbole de centro (0, k, 0), reta fo-

cal paralela ao eixo−OZ e assíntotas


( c
x=± z
a
y = k,

se k 6= 0, e um par de retas

Figura 18: Q ∩ {y = k}, k > 0.

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390 4.. CONE ELÍPTICO

( c
x=± z
a
y = 0,

que se cortam na origem quando k = 0.

Figura 19: Q ∩ {y = 0} Figura 20: Q ∩ {y = k}, k < 0

Além disso, a seção plana de Q em um plano paralelo ao plano Y Z,


 2 2 2
 z −y =k
C ∩ {x = k} : c2 b2 a2 ,
 x=k

é uma hipérbole de centro (k, 0, 0), reta

focal paralela ao eixo−OZ e assíntotas


( c
y=± z
b ,
x=k

quando k 6= 0, e um par de retas concor-

rentes
( c
y=± z
b ,
x=0

que passam pela origem se k = 0.

Figura 21: Q ∩ {x = k}, k > 0

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 391

Figura 22: Q ∩ {x = 0} Figura 23: Q ∩ {x = k}, k < 0

Exemplo 5
Verique que, para todo ponto P = (x0 , y0 , z0 ) pertencente ao cone elíptico
x2 y 2 z2
Q: + = , a reta r que passa por P e pela origem está contida em Q.
a2 b2 c2

Solução.

A equação paramétrica de r é dada por:


r : { ( x0 t, y0 t, z0 t ) ; t ∈ R } .
x0 2 y0 2 z0 2
Como + = , pois P ∈ Q, temos que
a2 b2 c2
x0 2 2 y0 2 2 z0 2 2 (x0 t)2 (y0 t)2 (z0 t)2
t + t = t ⇐⇒ + =
a2 b2 c2 a2 b2 c2
para todo t ∈ R. Ou seja, (x0 t, y0 t, z0 t) ∈ Q para todo t ∈ R. 

Observação 4
Dizemos então que um cone elíptico é gerado por retas concorrentes.

5. Cilindro Elíptico

Os cilindros elípticos de eixo−OX , eixo−OY e eixo−OZ na forma canô-

nica são as superfícies dadas, respectivamente, pelas seguintes equações de

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392 5.. CILINDRO ELÍPTICO

segundo grau nas variáveis x, y z :

y2 z2
+ = 1,
b2 c2
x2 z2
+ = 1,
a2 c2
x2 y2
+ = 1,
a2 b2

onde a, b , c são números reais positivos.

Estas superfícies são simétricas em relação aos três eixos coordenados

e à origem.

Estudaremos as seções planas do cilindro elíptico de eixo−OZ :

x2 y2
Q: + = 1.
a2 b2
Todas as seções planas contidas em planos paralelos ao plano XY ,
 2 2
x + y = 1
Q ∩ {z = k} : a2 b2 ,
z = k

são elipses de centro (0, 0, k) pertencentes ao eixo−OZ .

Figura 24: Seções planas de Q em planos paralelos ao plano XY

A seção plana de Q no plano y = k , k ∈ R, paralelo ao plano XZ ,

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 393

 2 2
x = 1 − k
Q ∩ {y = k} : a2 b2 ,
y = k

x = ± a √ b 2 − k 2

• são duas retas paralelas ao eixo−OZ : b se k ∈ (−b, b);


y = k


x=0
• é uma reta paralela ao eixo−OZ : se k = b;
y=b

x=0
• é uma reta paralela ao eixo−OZ : se k = −b;
y = −b

• é o conjunto vazio se |k| > b.

Figura 25: Seções planas de Q em planos paralelos ao plano XZ

De modo análogo, a seção plana


 2 2
y = 1 − k
Q ∩ {x = k} : b2 a2
x = k

b√ 2
(
y=± a − k2
• são duas retas paralelas ao eixo−OZ : a para k ∈ (−a, a);
x=k

y=0
• é uma reta paralela ao eixo−OZ : para k = a;
x=a

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394 5.. CILINDRO ELÍPTICO


y=0
• é uma reta paralela ao eixo−OZ : para k = −a;
x = −a

• é o conjunto vazio para k ∈ (−∞, −a) ∪ (a, ∞) .

Figura 26: Seções planas de Q em planos paralelos ao plano YZ

Exemplo 6
x2 y2
Considere o cone elíptico Q : + = 1 de eixo−OZ e P = (x0 , y0 , z0 ) um
a2 b2
ponto pertencente a Q. Mostre que a reta r que passa por P e é paralela ao
eixo−OZ está contida na superfície Q.

Solução.

x0 2 y0 2
De fato, como + = 1, pois P ∈ Q, e r = {(x0 , y0 , z0 + t) ; t ∈ R},
a2 b2
temos que

(x0 , y0 , z0 + t) ∈ Q,
para todo t ∈ R. 

Observação 5
Portanto, podemos dizer que que um cilindro elíptico é gerado por retas

paralelas ao seu eixo.

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 395

6. Cilindro Hiperbólico

Os cilindros hiperbólicos de eixo−OX , eixo−OY e eixo−OZ na forma

canônica são as superfícies denidas, respectivamente, pelas equações de se-

gundo grau abaixo:

y2 z2 z2 y2
2
− 2 = 1 ou
2
− 2 = 1,
b c c b
x2 z2 z2 x2
− 2 = 1 ou − 2 = 1,
a2 c c2 a
x2 y2 y2 x2
− 2 = 1 ou − 2 = 1,
a2 b b2 a

onde a, b , c são números reais positivos. Estas superfícies são simétricas em

relação aos três planos coordenados e à origem.

Vamos estudar o seguinte cilindro hiperbólico de eixo−OZ :

x2 y2
Q: − = 1.
a2 b2
Todas as seções planas contidas em planos paralelos ao plano XY ,
 2 2
x − y = 1
Q ∩ z = k : a2 b2 ,
z = k

são hipérboles de centro (0, 0, k) sobre o eixo−OZ , reta focal paralela ao

b
(
y=± x
eixo−OX e assíntotas a
z = k.

Figura 27: Seções planas do cilindro hiperbólico Q em planos paralelos ao plano XY

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396 6.. CILINDRO HIPERBÓLICO

A interseção de Q com o planox = k , paralelo ao plano Y Z,


 2 2
y = k − 1
Q ∩ {x = k} : b2 a2 ,
x = k

b√ 2
(
y=± k − a2
• são duas retas a paralelas ao eixo−OZ se |k| > a;
x=k

y=0
• é a reta paralela ao eixo−OZ se k = a;
x=a

y=0
• é a reta paralela ao eixo−OZ se k = −a;
x = −a

k2
• é o conjunto vazio se |k| < a, pois − 1 < 0.
a2

Figura 28: Seções planas do cilindro hiperbólico Q em planos paralelos ao plano YZ

Por outro lado, a seção plana


 2 2
x = 1 + k
Q ∩ {y = k} : a2 b2
y = k
 √
x = ± a b 2 + k 2
⇐⇒ Q ∩ {y = k} : b
y = k

consiste de duas retas paralelas ao eixo−OZ para todo k ∈ R.

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 397

Figura 29: Seções planas do cilindro hiperbólico Q em planos paralelos ao plano XZ

Observação 6
Pode-se provar, como no exemplo 6, que todo cilindro hiperbólico é gerado

por retas paralelas ao seu eixo.

Observação 7
As seis quádricas apresentadas até agora são chamadas quádricas cêntricas,

porque todas são simétricas em relação à origem.

Na forma canônica, ainda restam três quádricas que não são simétricas em

relação à origem. Essas quádricas são denominadas quádricas não cêntricas.

7. Paraboloide Elíptico

Os paraboloides elípticos na forma canônica de eixo−OX , eixo−OY e

eixo−OZ são as superfícies dadas, respectivamente, pelas equações de se-

gundo grau:

y2 z2
+ = ax ,
b2 c2
x 2 z2
+ = by ,
a2 c2
x2 y2
+ = cz ,
a2 b2

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398 7.. PARABOLOIDE ELÍPTICO

onde a, b , c são números reais não nulos.

Vamos analisar o paraboloide elíptico de eixo−OZ

x2 y2
Q: + = cz , c > 0.
a2 b2

É fácil vericar que Q é simétrica em relação aos planos Y Z e XZ , mas


não é simétrica em relação ao plano XY e à origem.

Q com o plano
A interseção de

z = k , paralelo ao plano XY ,
 2 2
 x + y = ck
2 2
Q ∩ {z = k} : a b ,
z = k

• é uma elipse de centro (0, 0, k) se

k > 0;
• é a origem (0, 0, 0) se k = 0; Figura 30: Interseção Q ∩ {z = k}

• é o conjunto vazio se k < 0.


As seções planas contidas nos planos paralelos ao plano XZ ,
 2 2
 x = cz − k
Q ∩ {y = k} : a2 b2
y = k
  
k 2
x 2 = a2 c z −

⇐⇒ Q ∩ {y = k} : cb2 ,
y = k

 
k2
são parábolas de vértices Vk = 0, k, 2 e retas focais paralelas ao eixo−OZ ,
b c
com concavidade voltada para cima, pois a2 c > 0 (gura 31).

E as seções planas
 2 2
 y = cz − x
Q ∩ {x = k} : b2 a2
x = k
  
k 2
y 2 = b2 c z −

⇐⇒ Q ∩ {y = k} : ca2
x = k

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 399

 
k2
também são parábolas de vértices Vk = k, 0, 2 e retas focais paralelas
a c
ao eixo−OZ , com concavidade voltada para cima (gura 32).

Figura 31: Interseção de Q com planos paralelos ao Figura 32: Interseção de Q com planos paralelos ao
plano XZ plano YZ

Exemplo 7
Mostre que nenhuma reta está contida num paraboloide elíptico.

Solução.

x2 y2
De fato, se (x0 , y0 , z0 ) ∈ Q : 2 + 2 = cz e
a b

x(t) = αt + x0



r: y(t) = βt + y0 , t ∈ R,


z(t) = γt + z0

é uma reta paralela ao vetor




v = (α, β, γ) 6= (0, 0, 0) que passa pelo ponto

(x0 , y0 , z0 ), temos que um ponto (αt + x0 , βt + y0 , γt + z0 ) ∈ Q se, e só se,

(αt + x0 )2 (βt + y0 )2
+ = c(γt + z0 )
a2 b2
   
α2 β2 2αx0 2βy
⇐⇒ + 2
t + + 2 0 − cγ t = 0,
a2 b2 a2 b

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400 8.. PARABOLOIDE HIPERBÓLICO

x20 y02
pois + = cz0 .
a2 b2
Então r⊂Q se, e só se,

α2 β2 2αx0 2βy
+ =0 e + 2 0 − cγ = 0 ,
a2 b2 a2 b
ou seja, se, e só se, α = β = γ = 0, uma contradição.

Logo, uma reta intersecta o paraboloide elíptico em no máximo dois pontos.

8. Paraboloide Hiperbólico

Os paraboloides hiperbólicos na forma canônica de eixo−OZ , eixo−OY

e eixo−OX são as quádricas dadas, respectivamente, pelas equações de se-

gundo grau:

x2 y2
− = cz ,
a2 b2
x2 z2
− = by ,
a2 c2
y2 z2
− = ax ,
b2 c2

onde a, b , c são números reais não nulos.

Vamos estudar o paraboloide hiperbólico de eixo−OZ :

x2 y2
Q: − = cz , c < 0.
a2 b2
Esta quádrica é simétrica em relação ao plano YZ e ao plano XZ , mas
não é simétrica em relação ao plano XY e à origem.

A interseção de Q z = k , k ∈ R, paralelo
com o plano ao plano XY ,
 2 2
 x − y = ck
Q ∩ {z = k} : a2 b2 ,
z = k

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 401

Figura 33: Interseção do paraboloide hiperbólico Q Figura 34: Interseção do paraboloide hiperbólico Q
com o plano z = k, k > 0 com o plano z=0

• é uma hipérbole de reta focal pa-

ralela ao eixo−OY , centro no ponto



x = ± a y
(0, 0, k) e assíntotas b se
z = k

k > 0, pois, neste caso, ck < 0 (-

gura 33);

y = ± b x
• são duas retas a se k=0
z = 0 Figura 35: Interseção do paraboloide hiperbólico Q
com o plano z = k, k < 0

(gura 34);

• é uma hipérbole de reta focal paralela ao eixo−OX , centro C = (0, 0, k) e



y = ± b x
assíntotas a se k < 0, pois, neste caso, ck > 0 (gura 35).
z = k

As seções planas contidas em planos paralelos ao planoXZ ,


    
2 k2
x2 = a2 cz + k
 2
=a c z+ 2
Q ∩ {y = k} : b2 b c ,
y = k

são parábolas de retas focais paralelas ao eixo−OZ e vértice no ponto

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402 8.. PARABOLOIDE HIPERBÓLICO

 
k2
0, k, − 2 , com concavidade voltada para baixo para todo k ∈ R, uma
cb
vez que a2 c < 0.

Figura 36: Interseção do paraboloide hiperbólico Q com os planos y =cte

De modo análogo, para todo k ∈ R, as seções planas,


  2   
2
y 2 = b2 k − cz = −b2 c z − k

2a 2 a c
Q ∩ {x = k} : ,
x = k

são parábolas de retas focais paralelas ao eixo−OZ e vértice


 
k2
V = k, 0, 2 ,
a c

com concavidade voltada para cima, pois, neste caso, −b2 c > 0.

Figura 37: Interseção do paraboloide hiperbólico Q com o plano x=k

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 403

Exemplo 8
Determine as retas contidas no paraboloide hiperbólico
x2 y2
S: − =z
4 9
que passam pelo ponto A = (4, 3, 3) ∈ S .

Solução.

Seja r = { ( at + 4, bt + 3, ct + 3 ) ; t ∈ R } uma reta paralela ao vetor




v = (a, b, c) 6= (0, 0, 0) que passa pelo ponto A.
Então r ⊂ S se, e só se,

(at + 4)2 (bt + 3)2


− = ct + 3
4 9
 2   
a b2 2 8a 6b 16 9
⇐⇒ − t + − −c t+ − −3=0
4 9 4 9 4 9
   
a2 b2 2 2b
⇐⇒ −
t + 2a − − c t = 0
4 9 3
 2   
a b2 2b
⇐⇒ t − t + 2a − − c =0
4 9 3
para todo t ∈ R.
Assim,
 
2 b2
 a 3
 
= b=± a
 

4 9 ⇐⇒ 2
2b
 c = 2a − 2 b = 2a − 2 ± 3 a
   

 2a − − c = 0 
3 3 3 2
 3 3
⇐⇒ →
− →

  
v = a, a, a ou v = a, − a, 3a
2 2
3 3
⇐⇒ →

v k (1, , 1) ou


v k (1, − , 3).
2 2
3 3
Logo, r = { (t+4, t+3, t+3) ; t ∈ R } e s = { (t+4, − t+3, 3t+3) ; t ∈ R }
2 2
são as retas contidas em S que passam por A. 

Observação 8
É possível mostrar que, para todo ponto P pertencente a um paraboloide

hiperbólico S, há exatamente duas retas contidas em S que passam por P.

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404 9.. CILINDRO PARABÓLICO

9. Cilindro Parabólico

Os cilindros parabólicos na forma canônica de eixo−OX , eixo−OY e

eixo−OZ são as superfícies dadas, respectivamente, pelas seguintes equações

de segundo grau:

y2 z2
= cz ou = by ,
b2 c2
x2 z2
= cz ou = ax ,
a2 c2
x2 y2
= by ou = ax ,
a2 b2

onde a, b , c são números reais não nulos.

Estudaremos o cilindro parabólico de eixo−OY :

x2
Q: = cz , c > 0.
a2

É fácil mostrar que, Q é simétrico em relação ao plano YZ e ao plano

XZ , mas não é simétrico em relação ao plano XY e à origem.

Como estamos supondo c > 0,


a interseção de Q com o plano y = k ,

paralelo ao plano XZ , é a pará-

bola:

x2 = ca2 z
Q ∩ {y = k} :
y = k

de vértice Vk = (0, k, 0) e reta fo-


cal paralela ao eixo−OZ com con- Figura 38: Interseção de Q com os planos y=k parale-
los ao plano XZ
cavidade voltada para cima.

A seção plana contida em um plano paralelo ao plano XY :



x2 = ca2 k
Q ∩ {z = k} : ,
z = k
representa:

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 405

x = ± √ca2 k

• duas retas paralelas ao eixo−OY se k > 0;


z = k

x = 0
• a reta , ou seja, o eixo−OY se k = 0;
z = 0

• o conjunto vazio se k < 0.

Figura 40: Interseção de Q com os planos z = k,


Figura 39: Interseção de Q com o plano XY . paralelos ao plano XY , com k > 0.

Finalmente, as seções planas


2

z = k
2
a c
Q ∩ {x = k} :
x = k

são retas paralelas ao eixo−OY .

Figura 41: Interseção de Q com os planos x = k, paralelos ao plano Y Z.

Observação 9
Como no exemplo 6, podemos provar que um cilindro parabólico é gerado

por retas paralelas ao seu eixo.

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406 9.. CILINDRO PARABÓLICO

Denição 1
Dizemos que uma superfície S é regrada se, para todo ponto P pertencente
a S , existe uma reta que passa por P inteiramente contida em S .

Pelas observações e exemplos anteriores, segue que:

• as quádricas regradas são: o hiperboloide de uma folha, o cone elíptico, o

cilindro elíptico, o cilindro hiperbólico, o paraboloide hiperbólico e o cilindro

parabólico;

• as quádricas não regradas são: o elipsoide, o hiperboloide de duas folhas e

o paraboloide elíptico.

Observação 10
Em um curso de Álgebra Linear, e possível provar que, após uma rotação

e/ou uma translação dos eixos coordenados, podemos transformar qualquer

equação de segundo grau em R3 em uma equação de um dos tipos abaixo:

Ax2 + By 2 + Cz 2 = R (Quádrica Cêntrica)

Ax2 + By 2 = Sz (Quádrica não Cêntrica)

Podemos supor, sem perda de generalidade, que R≥0 e S ≥ 0.


Analisando o sinal dos coecientes A, B , C e R na equação
2 2 2
Ax + By + Cz = R ,
obtemos que:

(I) se R > 0 e os coecientes A, B , C são:

• todos positivos =⇒ Q é um elipsoide;

• todos negativos =⇒ Q é o conjunto vazio;

• dois positivos e um negativo =⇒ Q é um hiperboloide de uma

folha;

• um positivo e dois negativos =⇒ Q é um hiperboloide de duas

folhas;

• um zero e dois positivos =⇒ Q é um cilindro elíptico;

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 407

• um zero e dois negativos =⇒ Q é o conjunto vazio;

• um zero, um positivo e um negativo =⇒ Q é um cilindro hiper-

bólico;

• dois zero e um positivo =⇒ Q é a união de dois planos paralelos;


• dois zero e um negativo =⇒ Q é o conjunto vazio;

(II) se R = 0 e os coecientes A, B , C são:

• todos de mesmo sinal =⇒ Q é um ponto;

• dois de mesmo sinal e o outro de sinal contrário =⇒ Q é um cone


elíptico;

• um zero e os outros dois de mesmo sinal =⇒ Q é uma reta;

• um zero, um positivo e um negativo =⇒ Q é união de dois planos


concorrentes;

• dois zeros e um diferente de zero =⇒ Q é um plano;

Analisando agora os sinais dos coecientes A, B e S na equação:


2 2
Ax + By = Sz ,
obtemos que:

(I) se S > 0 e os coecientes A e B :


• tiverem o mesmo sinal =⇒ Q será um paraboloide elíptico;

• tiverem sinais opostos =⇒ Q será um paraboloide hiperbólico;

• um for zero e o outro diferente de zero =⇒ Q será um cilindro

parabólico.

(II) se S = 0 e os coecientes A e B :
• tiverem o mesmo sinal =⇒ Q será uma reta;

• tiverem sinais opostos =⇒ Q será a união de dois planos concor-


rentes;

• um for zero e o outro diferente de zero =⇒ Q será um plano.

Dizemos que o conjunto vazio, um ponto, uma reta, um plano, um par

de planos paralelos ou um par de planos concorrentes são quádricas degene-

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408 10.. EXEMPLOS

radas.

10. Exemplos

Exemplo 9
Considere as quádricas Q e os planos π dados abaixo. Determine a seção
plana Q ∩ π . Caso seja uma cônica, determine seus principais elementos.
x2 z2 √
(a) Q : − y2 + =1 e π:y= 3.
4 16
Solução.

A quádrica Q é um hiperboloide de uma folha de eixo−OY e a seção plana


 2 2
 2 2
 x + z =1+3  x +z =1
Q∩π : 4 16 ⇐⇒ Q ∩ π : 16 64
 y = √3  y = √3
√ √
é uma elipse de centro C = (0, 3, 0), contida no plano y= 3, reta focal
√ √
` = { (0, 3, t) ; t ∈ R } paralela ao eixo−OZ , reta não focal `0 = { (t, 3, 0) ;
√ √
t ∈ R } paralela ao eixo−OX , vértices A1 = (0, 3, −8) e A2 = (0, 3, 8)
√ √
sobre a reta focal, vértices B1 = (−4, 3, 0) e B2 = (4, 3, 0) sobre a
√ √ √ √
reta não focal e focos F1 = (0, 3, −2 12) e F2 = (0, 3, 2 12), pois
√ √ √
c = 64 − 16 = 48 = 2 12. 

2
(b) Q : − x + y2 = 4z e π : y = 2.
4
Solução.

A quádrica Q é um paraboloide hiperbólico de eixo−OZ e a seção plana


2
 
 − x + 4 = 4z  x2 = −16 × 4(z − 1)
Q∩π : 16 ⇐⇒ Q ∩ π :
 y=2  y=2

é uma parábola de vértice V = (0, 2, 1), contida no plano y = 2, reta focal

` = { (0, 2, t) ; t ∈ R } paralela ao eixo−OZ , 4p = 16 × 4 ⇐⇒ p = 16, foco

F = (0, 2, 1 − 16) = (0, 2, −15) e diretriz L = { (t, 2, 1 + 16) ; t ∈ R } paralela

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 409

ao eixo−OX .

2
(c) Q : x2 − y − z 2 = 1 e π : y = 2.
4
Solução.

A quádrica Q é um hiperboloide de duas folhas de eixo−OX e a seção plana


 
 x2 − z 2 = 1 + 4  x2 − z 2 = 2
Q∩π : 4 ⇐⇒ Q ∩ π :
 y=2  y=2

é uma hipérbole equilátera contida no plano y = 2, de centro C = (0, 2, 0),


reta focal ` = { (t, 2, 0) ; t ∈ R } paralela ao eixo−OX , reta não focal

`0 = { (0, 2, t) ; t ∈ R } paralela ao eixo−OZ , vértices A1 = (− 2, 2, 0) e
√ √ √
A2 = ( 2, 2, 0), vértices imaginários B1 = (0, 2, − 2) e B2 = (0, 2, 2),
focos F1 = (−2, −1, 0) F2 = (2, 1, 0) e assíntotas r+ = { (t, 2, t) ; t ∈ R }
e e
 
− + z=x − z = −x
r = { (t, 2, −t) ; t ∈ R }, pois r : e r : .

y=2 y=2

x2 z2
(d) Q : − =1 e π : z = 4.
2 16
Solução.

Q é um cilindro hiperbólico de eixo−OY e a seção plana


A quádrica
 2  
 x = 1 + 16  x2 = 4  x = ±2
Q∩π : 2 16 ⇐⇒ Q ∩ π : ⇐⇒ Q ∩ π :
 z=4  z=4  z=4

é o par de retas paralelas ao eixo−OY : r+ = { (2, t, 4) ; t ∈ R } e



r = {(−2, t, 4) ; t ∈ R }. 

Exemplo 10
Determine e classique as quádricas cêntricas na forma canônica que contêm
4y 2 + 2z 2 = 3

o ponto P0 = (1, 1, −1) e que possuem a seção plana γ : .
x=2
Existe, com as propriedades acima, uma quádrica não cêntrica na forma
canônica?

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410 10.. EXEMPLOS

Solução.

Seja

Q : Ax2 + By 2 + Cz 2 = R
uma quádrica cêntrica na forma canônica tal que P0 ∈ Q e γ ⊂ Q.
Então, como
(
By 2 + Cz 2 = R − 4A
γ: ,
x=2
existe λ 6= 0 tal que B = 4λ, C = 2λ e R − 4A = 3λ.
Ou seja,

A 2 R
Q : Ax2 + 4λy 2 + 2λz 2 = R ⇐⇒ Q : x + 4y 2 + 2z 2 =
λ λ
⇐⇒ Q : A0 x2 + 4y 2 + 2z 2 = R0 ,
onde

R0 − 4A0 = 3 . (4)

Além disso, como P0 = (1, 1, −1) ∈ Q, temos que

A + 4 + 2 = R ⇐⇒ R0 = A0 + 6 .
0 0

Logo, por (4),

A0 + 6 − 4A0 = 3 =⇒ A0 = 1 e R0 = 7.
Assim, a quádrica

Q : x2 + 4y 2 + 2z 2 = 7


r
7 7
é um elipsoide na forma canônica com a= 7, b = , c = .
2 2
Suponhamos que existe uma quádrica não cêntrica Q
e na forma canônica tal

que P0 ∈ Q
e e γ⊂Q
e.

Então, Q
e é da seguinte forma:

e : By 2 + Cz 2 = Ax ,
Q
pois a seção plana Q
e ∩ {x = 2} deve ser uma elipse.

Como

By 2 + Cz 2 = 2A

γ:
x = 2,
existe λ 6= 0 tal que B = 4λ, C = 2λ e 2A = 3λ.

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 411

Ou seja,

e : 4λy 2 + 2λz 2 = 3λ x
Q ⇐⇒ e : 4y 2 + 2z 2 = 3 x .
Q
2 2
3
Mas, como o ponto P0 = (1, 1, −1) não pertence a Q
e, pois 4 + 2 6= , não
2
existe uma quádrica não cêntrica na forma canônica com as propriedades

acima.


Exemplo 11
Determine e classique as quádricas Q na forma canônica que possuem como
seções planas as curvas:
 
2x2 + 3y 2 = 5 4z 2 − 3y 2 = 1
γ: e β: .
z = 1 x = 1

Solução.

Como a seção plana α = Q ∩ {z = 1} é uma elipse e a seção plana

β = Q ∩ {x = 1} é uma hipérbole, a quádrica Q tem que ser cêntrica.

Seja

Q : Ax2 + By 2 + Cz 2 = R
uma quádrica cêntrica na forma canônica tal que γ ⊂ Q e β ⊂ Q.
Então, como
 
Ax2 + By 2 = R − C By 2 + Cz 2 = R − A
γ: e β: ,
z = 1 x = 1

existem λ 6= 0 e µ 6= 0 tais que


A = 2λ, B = 3λ, R − C = 5λ, B = −3µ, C = 4µ e R − A = µ.
Logo, sendo 3λ = −3µ, podemos supor, sem perda de generalidade, que

µ = −1 e λ = 1 .
Assim, A = 2, B = 3, C = −4, R = C + 5λ = −4 + 5 = 1 = 2 − 1 = A + µ ,

ou seja,

Q : 2x2 + 3y 2 − 4z 2 = 1
é um hiperboloide de uma folha de eixo−OZ .


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412 10.. EXEMPLOS

Exemplo 12
Classique, para cada λ ∈ R, a equação de segundo grau:

(λ3 − λ)x2 + λ2 y 2 + (λ + 1)z 2 = λ2 + 1 . (5)

Solução.

Abaixo, analisamos a variação do sinal dos coecientes da equação (5):

−∞ < λ < −1 λ = −1 −1 < λ < 0 λ = 0 0 < λ < 1 λ = 1 1 < λ < ∞

λ3 − λ − 0 + 0 − 0 +
λ2 + + + 0 + + +
λ+1 − 0 + + + + +
λ2 + 1 + + + + + + +
Então, a equação representa:

• um hiperboloide de duas folhas de eixo−OY se λ ∈ (−∞, −1);



• dois planos paralelos, y = ± 2, se λ = −1;

• um elipsoide se λ ∈ (−1, 0);

• dois planos paralelos, z = ±1, se λ = 0;

• um hiperboloide de uma folha de eixo−OX se λ ∈ (0, 1);


• o cilindro elíptico y 2 + 2z 2 = 2 de eixo−OX se λ = 1;
• um elipsoide se λ ∈ (1, +∞) . 

Exemplo 13
Determine e classique as quádricas na forma canônica que possuem como
seções planas as curvas:
 
x2 = 2 y + 1
 
x2 = 2(y + 1)
γ: 4 e β: .
z = 1 z = 2

Solução.

Como as seções planas são parábolas de retas focais paralelas ao eixo−OY ,

a quádrica tem que ser não cêntrica de eixo−OY :

Ax2 + Cz 2 = Sy .
Sendo

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 413

( (
Ax2 = Sy − C Ax2 = Sy − 4C
γ: e β: ,
z=1 z=2
existem λ 6= 0 e µ 6= 0 tais que

λ
A = λ, S = 2λ, −C = , A = µ, S = 2µ e −4C = 2µ.
2
Assim, λ = µ 6= 0 e, sem perda de generalidade, podemos supor λ = µ = 1.
Logo, como

λ 1 2µ
A = λ = µ = 1, C = − =− =− e S = 2λ = 2µ = 2 ,
2 2 4
a quádrica é o paraboloide hiperbólico de eixo−OY :

z2
x2 − = 2y .
2


Exemplo 14
(a) Determine e classique as quádricas na forma canônica que possuem a
curva γ como seção plana e passam pelo ponto P0 = (1, 3, 1), onde
x2 + 5z 2 = 2

γ: .
y=1

(b) Ache as curvas de interseção das quádricas obtidas acima e faça um


esboço das superfícies, indicando as curvas de interseção.

Solução.

(a) Seja
Q : Ax2 + By 2 + Cz 2 = R
uma quádrica cêntrica tal que γ ⊂ Q e P0 ∈ Q.

Então, como

Ax2 + Cz 2 = R − B

γ: ,
y=1
existe λ 6= 0 tal que A = λ, C = 5λ e R − B = 2λ, ou seja,
2 2 2
Q : λx + By + 5λz = B + 2λ.
Além disso, como P0 = (1, 3, 1) ∈ Q, obtemos:
λ
λ + 9B + 5λ = B + 2λ ⇐⇒ 8B = −4λ ⇐⇒ B = − .
2

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414 10.. EXEMPLOS

Logo,

λ 3λ λ y2 3
Q : λx2 − y 2 + 5λz 2 = − + 2λ = ⇐⇒ Q : x2 − + 5z 2 =
2 2 2 2 2
√ √
3 √ 3
é um hiperboloide de uma folha de eixo−OY , com a = √ , b = 3, c = √ .
2 10
Agora, seja

Q0 : Ax2 + Cz 2 = Sy
uma quádrica não cêntrica de eixo−OY (por quê?) tal que γ ⊂ Q0 e P0 ∈ Q0 .
Então, sendo

Ax2 + Cz 2 = S

γ: ,
y=1
existe λ 6= 0 tal que A = λ, C = 5λ, S = 2λ, ou seja,
0 0
Q : λx + 5λz = 2λy ⇐⇒ Q : x2 + 5z 2 = 2y ,
2 2

é um paraboloide elíptico de eixo−OY .


0 0
Além disso, como P0 = (1, 3, 1) ∈ Q , pois 1 + 5 × 1 = 6 = 2 × 3, Q é uma

quádrica tal que γ ⊂ Q0 e P0 ∈ Q0 .


(b) Um ponto (x, y, z) pertence a Q ∩ Q0 se, e só se,
2
  
x2 + 5z 2 = 3 + y x2 + 5z 2 = 2y x2 + 5z 2 = 2y
2 2 ⇐⇒ y 2 3 ⇐⇒
x2 + 5z 2 = 2y  + = 2y y 2 − 4y + 3 = 0 .
2 2
2
Como as raízes da equação y − 4y + 3 = 0 são y = 1 e y = 3, obtemos que

Q ∩ Q0 = γ ∪ β ,
onde γ e β são as elipses:

x2 + 5z 2 = 2 x2 + 5z 2 = 6
 
γ: e β:
y=1 y=3
Veja, na gura abaixo, o esboço de Q e Q0 , com as curvas γ e β.

Figura 42: Superfícies Q e Q0




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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 415

Exemplo 15
Classique, para cada λ ∈ R, a quádrica dada pela equação de segundo grau:
Q : (λ3 + λ2 )x2 + (λ2 − 1)y 2 + (λ + 2)z 2 = λ .

Solução.

Começamos efetuando o estudo do sinal dos coecientes:

λ < −2 λ = −2 −2 < λ < −1 λ = −1 −1 < λ < 0 λ = 0 0 < λ < 1 λ = 1 λ > 1

λ3 +λ2 − − − 0 + 0 + + +
λ2 −1 + + + 0 − − − 0 +
λ+2 − 0 + + + + + + +
λ − − − − - 0 + + +
Portanto, a equação representa:

• um hiperboloide de uma folha de eixo−OY se λ ∈ (−∞, −2);


• o cilindro hiperbólico −4x2 + 3y 2 = −2 de eixo−OZ se λ = −2;
• um hiperboloide de duas folhas de eixo−OX se λ ∈ (−2, −1);
2
• o conjunto vazio (z = −1) se λ = −1;
• um hiperboloide de duas folhas de eixo−OY se λ ∈ (−1, 0);

• dois planos paralelos, y = ± 2 z, seλ = 0;
• um hiperboloide de uma folha de eixo−OY se λ ∈ (0, 1);
2 2
• o cilindro elíptico 2x + 3z = 1 de eixo−OY se λ = 1;
• um elipsoide se λ ∈ (1, +∞) . 

Exemplo 16
Determine as quádricas Q na forma canônica, de forma que todas as seções
planas x = k , k ∈ R, sejam hipérboles equiláteras com reta focal paralela ao
eixo−OY e que possuam o círculo

x 2 + z 2 = 1

y = 2

como seção plana.

Solução.

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416 10.. EXEMPLOS

Como todas as seções planas, contidas em planos paralelos ao plano Y Z , são


hipérboles com retas focais paralelas a um mesmo eixo (no caso, o eixo−OY ),

a quádrica só pode ser um hiperboloide de duas folhas de eixo−OY ou um

cilindro hiperbólico de eixo−OX .

Por outro lado, como o círculo



x 2 + z 2 = 1
γ: √
y = 2

é também uma seção plana da superfície, ela só pode ser um hiperboloide de

duas folhas de eixo−OY :

y2 x2 z2
Q: − − = 1.
b2 a2 c2
Sendo
 2 2
x + z = 2 − 1
γ : a2 √c2 b2 ,
y = 2
2 
obtemos que a2 = c 2 e a2 − 1 = 1.
b2
Além disso, como as seções planas,
 2 2 2
y − z = 1 + k
Q ∩ {x = k} : b2 c2 a2 ,
x = k

são hipérboles equiláteras, vemos que b2 = c 2 .


Logo, a2 = b 2 = c 2 e
2 
2
a 2
− 1 = 1 ⇐⇒ 2 − a2 = 1 ⇐⇒ a2 = 1 .
a
Ou seja,

Q : y 2 − x2 − z 2 = 1 .


Exemplo 17
Seja H a hipérbole, no plano z = 1, de centro no ponto C = (0, 0, 1) e reta

focal paralela ao eixo−OY , sendo F = 0, 5, 1 um dos seus focos e a reta


r : 2y − x = 0 uma das suas assíntotas.

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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 417

(a) Determine as quádricas Q na forma canônica tais que H ⊂ Q e (0, 0, 0) ∈ Q.


(b) Ache as curvas de interseção das quádricas obtidas acima.
(c) Faça um esboço das quádricas indicando as curvas de interseção.

Solução.
√ b
(a) Temos c = d(C, F ) = 5 e = 2, pois r : x = 2y é uma assíntota
a
de H, que possui reta focal paralela ao eixo−OY .

Como 5 = c2 = a2 + b2 = a2 + 4a2 , vemos que a=1 e b = 2.


Assim, a hipérbole é dada por:
2

y 2 − x = 1
H: 4 .
z = 1

Seja

Q : Ax2 + By 2 + Cz 2 = R

uma quádrica cêntrica na forma canônica tal que H⊂Q e (0, 0, 0) ∈ Q.


Então, R=0 e

Ax2 + By 2 = −C
H = Q ∩ {z = 1} : .
z = 1

λ
Portanto, existe λ 6= 0 tal que A=− , B = λ e C = −λ, ou seja,
4
λ
Q : − x2 + λy 2 − λz 2 = 0 .
4

Supondo, sem perda de generalidade, que λ = 1, obtemos:

1 1
Q : − x2 + y 2 − z 2 = 0 ⇐⇒ Q : x2 + z 2 = y 2 ,
4 4
que é um cone elíptico de eixo−OY .

Seja agora

Q0 : Ax2 + By 2 = Sz

uma quádrica não cêntrica na forma canônica de eixo−OZ .

Logo, (0, 0, 0) ∈ Q0 e

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418 10.. EXEMPLOS


Ax2 + By 2 = S
H : Q0 ∩ {z = 1} : .
z = 1

λ
Existe, assim, λ 6= 0 tal que A=− , B = λ e S = λ.
4
Supondo λ = 1, obtemos que

x2
Q0 : − + y2 = z
4
é um paraboloide elíptico de eixo−OZ .

(b) Um ponto (x, y, z) pertence a Q ∩ Q0 se, e só se,



2  2
− x + y 2 = z 2
 − x + y 2 = z 2
2
4 ⇐⇒ 4
− x + y 2 = z
 z 2 = z
 42  2
− x + y 2 = z 2 − x + y 2 = z 2
⇐⇒ 4 ou 4 .
z = 0 z = 1

Ou seja, Q ∩ Q0 = γ ∪ β , onde
 2 
− x + y 2 = 1 x = ±2y
γ=H: 4 e β: .
z = 1 z = 0

(c) O esboço de Q e Q0 são mostrados na gura 43.

Figura 43: Interseção Q ∩ Q0 = H ∪ β




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CAPÍTULO 20. SUPERFÍCIES QUÁDRICAS 419

Observação 11
Uma quádrica, dada por uma equação do segundo grau sem termo misto,

Ax2 + By 2 + Cz 2 + Gx + Hy + Iz + J = 0,
pode, por meio de uma translação dos eixos coordenados, ser reduzida à sua

forma canônica quando:

• pelo menos dois dos coecientes A, B e C são não nulos;

• A 6= 0, B = C = 0, H = 0 ou I = 0;
• B 6= 0, A = C = 0, G = 0 ou I = 0;
• C 6= 0, A = B = 0, G = 0 ou H = 0.
Mas, quando:

• A 6= 0, B = C = 0, H 6= 0 e I 6= 0;
• B 6= 0, A = C = 0, G 6= 0 e I 6= 0;
• C 6= 0, A = B = 0, G 6= 0 e H 6= 0,
precisamos fazer primeiro uma rotação e depois uma translação dos eixos

coordenados para reduzir a quádrica à sua forma canônica. Nestes casos, a

quádrica é sempre um cilindro parabólico.

Veja os exemplos abaixo.

Exemplo 18
Classique as quádricas transladadas abaixo:

(a) S : 4x2 + y2 + 3z 2 − 8x + 2y + 6z = −7 ;
(b) S : x2 − y2 − z 2 + 8x − 2y + 6z = −5 .

Solução.

(a) Completando os quadrados, obtemos que:


S : 4(x2 − 2x) + (y 2 + 2y) + 3(z 2 + 2z) = −7

⇐⇒ S : 4(x − 1)2 + (y + 1)2 + 3(z + 1)2 = −7 + 4 + 1 + 3 = 1


(x − 1)2 (z + 1)2
⇐⇒ S : + (y + 1)2 + = 1.
1/4 1/3

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420 10.. EXEMPLOS

Sejam OXY Z o sistema de eixos ortogonais no qual O = C = (1, −1, −1)


e os semieixos positivos O X, O Y e OZ têm, respectivamente, a mesma

direção e o mesmo sentido dos semieixos positivos OX , OY e OZ .


Então, como

(x, y, z) = (x, y, z) + (1, −1, −1) ,

temos que

x2 z2
+ y2 + =1
1/4 1/3
é a equação da quádrica nas coordenadas x, y e z.
1
Logo, a quádrica é um elipsoide de centro C = (1, −1, −1) com a= , b = 1
2

3
e c= .
3
(b) Completando os quadrados, temos que:
S : (x2 + 8x) − (y 2 + 2y) − (z 2 − 6z) = −5

⇐⇒ S : (x + 4)2 − (y + 1)2 − (z − 3)2 = −5 + 16 − 1 − 9 = 1 .

Seja OXY Z uma translação do sistema de eixos OXY Z no qual

O = C = (−4, −1, 3).


Como

(x, y, z) = (x, y, z) + (−4, −1, 3) ,

obtemos que

S : x2 − y 2 − z 2 = 1
é a equação da quádrica nas coordenadas x, y , z .

Logo, S é um hiperboloide de duas folhas de eixo

r = {(−4, −1, 3) + t(1, 0, 0) | t ∈ R }


paralelo ao eixo−OX com a = b = c = 1.


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Capítulo 21

Coordenadas Cilíndricas e
Esféricas

Para descrever, de modo mais simples, algumas curvas e regiões no

plano introduzimos, anteriormente, as coordenadas polares. No espaço, exis-

tem dois sistemas de coordenadas que nos fornecem uma maneira mais con-

veniente de descrever algumas superfícies e sólidos.

Seja P = (x, y, z) um ponto do espaço, onde x, y , z são suas coordena-

das em relação a um sistema de eixos ortogonais OXY Z .


Seja P 0 = (x, y, 0) a projeção ortogonal do ponto P sobre o plano XY
e sejam ρ e θ as coordenadas polares de (x, y).

Figura 1: Ponto P representado pelas coordenadas cilíndricas (ρ, θ, z).

421
422

Então, dizemos que (ρ, θ, z) são as coordenadas cilíndricas do ponto P.


Sabemos que:
p
ρ = ± x2 + y 2
x
x = ρ cos θ cos θ = ± p
x2 + y 2
e
y
y = ρ sen θ sen θ = ± p
x2 + y 2
y
tg θ =
x

Nas coordenadas cilíndricas, o cilindro circular de eixo−OZ ,

S : x 2 + y 2 = a2 ,
é dado por:

S : ρ 2 = a2 ⇐⇒ S : ρ = a,
ou seja, S = {(a, θ, z | θ, z ∈ R } .
A simplicidade da equação do cilindro, ρ = a, justica o nome coorde-

nadas cilíndricas.

−−→
Considere agora r = d(O, P ), ϕ o ângulo que o vetor OP faz com o
−−→
semieixo positivo OZ , ϕ ∈ [0, π], e θ o ângulo que o vetor OP 0 faz com o

semieixo positivo−OX .

Figura 2: Ponto P representado pelas coordenadas esféricas (θ, ϕ, r).

Dizemos que (r, θ, ϕ) são as coordenadas esféricas do ponto P.

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 423

Como r = d(O, P ), temos:

z = r cos ϕ e ρ = d(O, P 0 ) = r sen ϕ .


Logo,

x = ρ cos θ = r sen ϕ cos θ e y = ρ sen θ = r sen ϕ sen θ .


Ou seja, se (r, θ, ϕ) são as coordenadas esféricas do ponto P, então as

suas coordenadas cartesianas (x, y, z) são dadas por:

x = r sen ϕ cos θ
y = r sen ϕ sen θ
z = r cos ϕ

Observação 1
• Se r < 0, (r, θ, ϕ) corresponde ao ponto (−r, π + θ, π − ϕ), que é o simétrico
de (−r, θ, ϕ) em relação à origem.

• Como ρ = r sen ϕ e ϕ ∈ [0, π], ρ e r têm sempre o mesmo sinal.

Figura 3: Ponto P de coordenadas (r, θ, ϕ), r < 0.

Sendo r 2 = x2 + y 2 + z 2 e x2 + y 2 = r2 sen2 ϕ = ρ2 , obtemos que:

p
r = ± x2 + y 2 + z 2 ,
p
ρ x2 + y 2 z z
sen ϕ = =p , cos ϕ = = ±p ,
r x2 + y 2 + z 2 r x + y2 + z2
2

x x y
cos θ = = ±p , sen θ = ± p .
ρ x2 + y 2 x2 + y 2

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424

A esfera S : x 2 + y 2 + z 2 = a2 de centro na origem e raio a é dada em

coordenadas esféricas da seguinte maneira:

S : (r sen ϕ cos θ)2 + (r sen ϕ sen θ)2 + (r2 cos2 ϕ) = a2


⇐⇒ S : r2 sen2 ϕ + r2 cos2 ϕ = a2

⇐⇒ S : r2 = a2
⇐⇒ S:r=a

Ou seja,

S = {(a, θ, ϕ) | θ ∈ R e ϕ ∈ [0, π] } .
Esta forma simples, r = a,
de representar uma esfera cen-

trada na origem é a razão para o

nome coordenadas esféricas. Figura 4: Esfera S : r = a.

Exemplo 1
Determine as coordenadas cilíndricas e esféricas dos pontos abaixo dados em

coordenadas cartesianas.

(a) P = (1, 1, 1).


Solução.
√ √
√ 1 2 1 2
Temos ρ = ± 2, cos θ = ± √ = ± e sen θ = ± √ = ± .
2 2 2 2
Assim,
√ π
  √ π

P = 2, + 2πk , 1 ou P = − 2 , π + + 2πk , 1 , k ∈ Z ,
4 4
é o ponto P em coordenadas cilíndricas.

√ √ ρ 2 z 1
Sendo r=± 3 e ρ = ± 2, temos sen ϕ = = √ , cos ϕ = = ± √ ,
r 3 r 3
x 1 y 1
cos θ = = ±√ e sen θ = = ±√ .
ρ 2 ρ 2
Logo,
√ π
  √ π

P = 3, + 2πk, ϕ0 ou P = − 3, π + + 2πk, π − ϕ0 , k ∈ Z ,
4 4

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 425


1 2
é o ponto P em coordenadas esféricas, onde cos ϕ0 = √ e sen ϕ0 = √ ,
3 3
ϕ0 ∈ (0, π). 

(b) P = (0, 1, 2).


Solução.

Temos ρ = ±1, cos θ = 0 e sen θ = ±1.


Logo,
 π   3π

P = 1, + 2πk, 2 ou P = −1, + 2kπ, 2 , k ∈ Z ,
2 2
é o ponto dado em coordenadas cilíndricas.
√ ρ 1
Por outro lado, sendo r = ± 5 e ρ = ±1, temos sen ϕ = = √ ,
r 5
z 2 x y
cos ϕ = = ± √ , cos θ = = 0 e sen θ = = ±1.
r 5 ρ ρ
Então,
√ π
  √ 3π 
P = 5, + 2πk, ϕ0 ou P = − 5, + 2πk, π − ϕ0 , k ∈ Z ,
2 2
2 1
é o ponto dado em coordenadas esféricas, onde cos ϕ0 = √ e sen ϕ0 = √ ,
5 5
ϕ0 ∈ (0, π). 

Exemplo 2
Determine as coordenadas cartesianas e esféricas dos pontos dados abaixo

em coordenadas cilíndricas.

(a) P = (1, 0, 2) .
Solução.

Como ρ = 1, θ = 0 e z = 2, temos que x = ρ cos θ = 1, y = ρ sen θ = 0 e

z=2 são as coordenadas cartesianas de P.


√ ρ 1 z 2
Assim, como r = ± 5, ρ = ±1, sen ϕ = = √ , cos ϕ = = ±√ ,
r 5 r 5
x y
cos θ = = ±1 e sen θ = = 0, temos que:
ρ ρ
√ √
P = ( 5, 2πk, ϕ0 ) ou P = (− 5, π + 2πk, π − ϕ0 ) , k ∈ Z ,

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426

2 1
é o ponto dado em coordenadas esféricas, onde cos ϕ0 = √ e sen ϕ0 = √ ,
5 5
ϕ0 ∈ (0, π). 

(b) P = 2, π , 3
 
.
4
Solução.

π 2 √
Sendo ρ = 2, θ = e z = 3, temos que x = ρ cos θ = 2 × = 2,
4 2

y = ρ sen θ = 2 z = 3 são as coordenadas cartesianas de P .
e
√ √
Assim, como r = ± 2 + 2 + 9 = ± 13 e ρ = ±2, obtemos:
ρ 2 z 3
sen ϕ = =√ , cos ϕ = = ±√ ,
r 13 r 13
√ √
x 2 y 2
cos θ = = ± e sen θ = = ± .
ρ 2 ρ 2
Ou seja,
√ π
  √ 5π

P = 13, + 2πk, ϕ0 ou P = − 13, + 2πk, π − ϕ0 , k ∈ Z ,
4 4
3 2
é o ponto dado em coordenadas esféricas, onde cos ϕ0 = √ e sen ϕ0 = √ ,
13 13
ϕ0 ∈ (0, π). 

Exemplo 3
Determine as coordenadas cartesianas e as coordenadas cilíndricas dos pontos
dados abaixo em coordenadas esféricas.
√ π π
(a) P =

10, , .
4 3
Solução.
√ √
√ π π √ 3 2
Sendo r = 10, θ = e ϕ= , segue que x = r sen ϕ cos θ = 10 =
4 3 2 2
√ √ √ √ √
15 √ 3 2 15 10
, y = r sen ϕ sen θ = 10 = e z = r cos ϕ = são as
2 2 2 2 2
coordenadas cartesianas de P.
r √
p 30 30
Assim, como ρ = ± x2 + y 2 = ± =± , obtemos que
4 2

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 427

√ √ 
30 π 10
P = , + 2πk , ou
2 4 2
 √ √ 
30 π 10
P = − , π + + 2πk , , k ∈ Z,
2 4 2
é o ponto em coordenadas cilíndricas.


π π
(b) P = 2 ,
 
, .
6 4
Solução.
√ √ √
π π 2 3 6
Como r = 2, θ = e ϕ = , segue que x = r sen ϕ cos θ = 2 = ,
6 4 2 2 2
√ √ √
2 1 2 2 √
y = r sen ϕ sen θ = 2 = , z = r cos ϕ = 2 = 2 são as coorde-
2 2 2 2
nadas cartesianas de P.

r
p
2 2 8
Logo, como ρ = ± x +y =± = ± 2, obtemos que
4
√ π √   √ 7π √ 
P = 2 , + 2πk , 2 ou P = − 2 , + 2πk , 2 , k ∈ Z,
6 6
é o ponto em coordenadas cilíndricas.


Exemplo 4
Descreva as seções planas Q∩π em coordenadas cilíndricas e em coordenadas
esféricas, onde Q é a quádrica e π é o plano dado por:

x2 y2 11z 2
(a) Q : + + =1 e π : z = 1.
4 4 12
Solução.

A quádrica Q é um elipsóide e a seção plana


 2 2

 x + y = 1 − 11  x2 + y 2 = 4 = 1
C =Q∩π : 4 4 12 ⇐⇒ C : 12 3
 z=1  z=1

1
é um círculo de centro C = (0, 0, 1) e raio R= √ contido no plano z = 1.
3
−−→
Se P ∈ C, então o ângulo ϕ0 , que o vetor OP faz com o semieixo−OZ

Geometria Analítica e Cálculo Vetorial GGM-IME-UFF


428

√ r
1/ 3 π 1
positivo, é tal que tg ϕ0 = , ou seja, ϕ0 = , e r = d(P, O) = 1+ =
1 6 3

2 2 3
√ = .
3 3

Figura 5: Círculos C e C0.

1
(
0 x2 + y 2 =
Assim, como C : 3 é a projeção ortogonal de C sobre o plano
z=0
z = 0, segue que:

C = { (1/ 3, θ, 1) ; θ ∈ [0, 2π) }
é a curva C em coordenadas cilíndricas, e

C = { (2 3/3, θ, π/6) ; θ ∈ [0, 2π) }
é a curva C dada em coordenadas esféricas.


2
(b) Q : x2 + y2 − 3z = 1 e π : z = 2.
4
Solução.

A quádrica Q é um hiperbolóide de uma folha de eixo−OZ e a seção plana

 x2 + y 2 = 1 + 3 × 4
 
 x2 + y 2 = 4
C =Q∩π : 4 ⇐⇒ C :
 z=2  z=2

é um círculo de centro C = (0, 0, 2)


R = 2 contido no plano z = 2.
e raio
−−→
Se P ∈ C , então o ângulo ϕ0 , que o vetor OP faz com o semieixo−OZ posi-

2 π √ √
tivo, é tal que tg ϕ0 = = 1, ou seja, ϕ0 = , e r = d(P, O) = 4 + 4 = 2 2.
2 4

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 429

x2 + y 2 = 4

0
Sendo C : a projeção ortogonal de C sobre o plano XY ,
z=0
obtemos que:

C = { (2, θ, 2) ; θ ∈ [0, 2π) }


é a curva C em coordenadas cilíndricas, e

C = { (2 2, θ, π/4) ; θ ∈ [0, 2π) }
é a curva C dada em coordenadas esféricas.

Figura 6: Círculos C e C0.

Exemplo 5
Determine a equação em coordenadas cartesianas e em coordenadas esféricas
das superfícies abaixo dadas em coordenadas cilíndricas.

(a) S : ρ = 2a cos θ, a > 0.


Solução.
p x
Sendo ρ=± x2 + y 2 e cos θ = ± p , temos que
x2 + y2
p x
± x2 + y 2 = 2a p ⇐⇒ x2 + y 2 = 2ax ⇐⇒ (x − a)2 + y 2 = a2
± x2 + y2
é a equação cartesiana de S.
Portanto, S é um cilindro circular de eixo

r = {(a, 0, 0) + t(0, 0, 1) | t ∈ R }
paralelo ao eixo−OZ .

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430

Figura 7: Superfície S : ρ = 2a.


2 2
A equação de S : x + y = 2ax em coordenadas esféricas é dada por:

S : (r sen ϕ cos θ)2 + (r sen ϕ sen θ)2 = 2ar sen ϕ cos θ


⇐⇒ S : r2 sen2 ϕ = 2ar sen ϕ cos θ
⇐⇒ S : r sen ϕ = 2a cos θ .


(b) S : z = |ρ| .
Solução.
p
Como |ρ| = x2 + y 2 , temos que
p
S : z = x2 + y 2
é a equação cartesiana de S.
Logo, S é a parte do cone circu-

lar

z 2 = x2 + y 2
situada no semiespaço z ≥ 0. Figura 8: Superfície S : z = |ρ|.

A equação de S em coordenadas

esféricas é:
p
S : r cos ϕ = r2 sen2 ϕ cos2 θ + r2 sen2 ϕ sen2 θ
⇐⇒ S : r cos ϕ = r sen ϕ , r≥0
sen ϕ
⇐⇒ S : = tg ϕ = 1 , r≥0
cos ϕ
π
⇐⇒ S : ϕ = , r ≥ 0 .
4


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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 431

(c) S : z = ρ.
Solução.
p
Como ρ = ± x2 + y 2 , temos

que
p
S : z = ± x2 + y 2
⇐⇒ S : z 2 = x2 + y 2
é a equação cartesiana de S , que
representa um cone circular de

eixo−OZ .
π
Conforme o item (b), S:ϕ=
4
é a equação da superfície em co-
Figura 9: Superfície S : z = ρ.
ordenadas esféricas.


(d) S : z = ρ2 .
Solução.

Como ρ 2 = x2 + y 2 ,
S : z = x2 + y 2
é a equação cartesiana de S, que representa um paraboloide circular de

eixo−OZ .

Figura 10: Superfície S : z = ρ2 .

Assim,
cos ϕ
S : r cos ϕ = r2 sen2 ϕ ⇐⇒ S:r= = cotg ϕ cossec ϕ
sen2 ϕ
é a equação da superfície em coordenadas esféricas.


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432

(e) S : ρ cos θ + ρ sen θ + z = 1 .


Solução.

Como x = ρ cos θ e y = ρ sen θ, temos que:


S :x+y+z =1
é um plano.

Figura 11: Superfície S : ρ cos θ + ρ sen θ + z = 1.

Então,

S : r sen ϕ cos θ + r sen ϕ sen θ + r cos ϕ = 1


é a equação de S em coordenadas esféricas. 

(f) S : ρ2 + z 2 = a2 , a > 0.
Solução.

Sendo ρ 2 = x2 + y 2 , segue que

S : x 2 + y 2 + z 2 = a2
é a equação cartesiana de S , a esfera de centro na origem e raio a.

Como já vimos anteriormente, S : ρ = a é a equação da esfera em coordenadas

esféricas.


(g) S : z = ρ2 + 2ρ cos θ − 2ρ sen θ + 2 .


Solução.

Sendo ρ cos θ = x , ρ sen θ = y e ρ2 = x2 + y 2 , obtemos que:

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 433

S : z = x2 + y 2 + 2x − 2y + 2

⇐⇒ S : z = (x + 1)2 + (y − 1)2
é a equação cartesiana de S , um paraboloide circular de eixo

r = {(−1, 1, 0) + (0, 0, t) | t ∈ R } .
A equação de S em coordenadas esféricas é dada por:

S : r cos ϕ = r2 sen2 ϕ + 2r sen ϕ(cos θ − sen θ) + 2 .

Figura 12: Superfície S : z = ρ2 + 2ρ cos θ − 2ρ sen θ + 2.

Exemplo 6
Determine e identique a equação cartesiana da superfície S : r = sen θ sen ϕ
dada em coordenadas esféricas.

Solução.
p
p x2 + y 2 y
Como r = ± x2 + y 2 + z 2 , sen ϕ = p e sen θ = ± p ,
x2 + y2 + z2 x2 + y2
temos que:
p
p y x2 + y 2
S : ± x2 + y 2 + z 2 = ± p p
x2 + y 2 x2 + y 2 + z 2
⇐⇒ S : x2 + y 2 + z 2 = y
1 1
⇐⇒ S : x2 + (y − )2 + z 2 =
2 4
1 1
 
é a equação cartesiana da esfera de centro 0, , 0 e o raio igual a .
2 2

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434

Figura 13: Esfera S : r = sen θ sen ϕ.

Exemplo 7
Use sistemas de inequações
 
 z1 (x, y) ≤ z ≤ z2 (x, y)  z1 (ρ, θ) ≤ z ≤ z2 (ρ, θ)
y (x) ≤ y ≤ y2 (x) ; ρ (θ) ≤ ρ ≤ ρ2 (θ) ;
 1  1
x1 ≤ x ≤ x2 θ1 ≤ θ ≤ θ2

 r1 (θ, ϕ) ≤ r ≤ r2 (θ, ϕ)
ϕ (θ) ≤ ϕ ≤ ϕ2 (θ)
 1
θ1 ≤ θ ≤ θ2

para descrever, em coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas, respecti-


vamente, os sólidos delimitados pelas superfícies abaixo.

(a) S1 : z = x2 + y2 , S2 : x2 + y2 = 1 e S3 : z = 0.
Solução.

A superfície S1 é um paraboloide circular de eixo−OZ e S2 é um cilindro

circular de eixo−OZ , cuja interseção

z = x2 + y 2 x2 + y 2 = 1
 
⇐⇒
x2 + y 2 = 1 z=1
é o círculo de centro (0, 0, 1) e raio igual a 1, contido no plano z = 1.
Assim, o esboço do sólido R, delimitado pelas superfícies S1 , S2 e S3 , é:

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 435

Figura 14: Região R delimitada pelas superfícies S1 , S2 e S3 .

Sendo a projeção do sólido sobre o plano XY o disco D de centro na origem

e raio igual a1, temos que


 √
− 1 − x2 ≤ y ≤ √1 − x2
D:
−1 ≤ x ≤ 1
ou

0 ≤ ρ ≤ 1
D: .
0 ≤ θ ≤ 2π

Logo, o sólido R é dado por:






 0 ≤ z ≤ x2 + y 2 Figura 15: Disco D: projeção da região R so-
 √ √ bre o plano XY .
R: − 1 − x 2 ≤ y ≤ 1 − x2 ,



−1 ≤ x ≤ 1

em coordenadas cartesianas;

2
 0≤ z ≤ρ



R: 0≤ ρ ≤1 ,


 0 ≤ θ ≤ 2π

em coordenadas cilíndricas;

cos ϕ 1
≤ r ≤






 sen sen ϕ
R: π π ,
≤ ϕ ≤


 4 2

0 ≤ θ ≤ 2π

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436

em coordenadas esféricas, pois S1 : z = ρ2 , S2 : ρ = 1 e S3 : z = 0 são

equações das superfícies em coordenadas cilíndricas, e

cos ϕ
S1 : r cos ϕ = r2 sen2 ϕ ⇐⇒ S1 : r = ,
sen2 ϕ
1
S2 : r2 sen2 ϕ = 1 ⇐⇒ S2 : r = e
sen ϕ
π
S3 : r cos ϕ = 0 ⇐⇒ S3 : ϕ =
2
são as equações das superfícies em coordenadas esféricas.


(b) S1 : z = x2 + y2 e S2 : z = 1.
Solução.

A superfície S1 é um paraboloide circular de eixo−OZ , cuja interseção com

o plano z = 1 é o círculo
(
x2 + y 2 = 1
.
z=1
O esboço do sólido R, delimitado por S1 e S2 , é dado por:

Figura 16: Região R delimitada pelas superfícies S1 e S2 .

sendo o disco

x 2 + y 2 ≤ 1
D:
z = 0

a projeção do sólido sobre o plano XY .

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 437

Figura 17: Disco D: projeção da região R sobre o plano XY .

Assim, o sólido R é dado por:





 x2 + y 2 ≤ z ≤ 1
 √ √
R: − 1 − x2 ≤ y ≤ 1 − x2 ,


−1 ≤ x ≤ 1

em coordenadas cartesianas;

2
 ρ ≤ z ≤1



R: 0≤ ρ ≤1 ,


 0 ≤ θ ≤ 2π

em coordenadas cilíndricas;
 


 0 ≤ r ≤ sec ϕ 

 0 ≤ r ≤ cotg ϕ cossec ϕ
π π π
 S 
R: 0≤ ϕ ≤ ≤ ϕ ≤ ,

 4 
 4 2
 0 ≤ θ ≤ 2π
  0 ≤ θ ≤ 2π

em coordenadas esféricas, pois S1 : z = ρ2 e S2 : z = 1 são as equações das

superfícies em coordenadas cilíndricas, e

S1 : r cos ϕ = r2 sen2 ϕ ⇐⇒ S1 : r = cotg ϕ cossec ϕ


e

S2 : r cos ϕ = 1 ⇐⇒ S2 : r = sec ϕ
são as equações das superfícies em coordenadas esféricas.


(c) S1 : z =
p p
1 − x2 − y 2 e S2 : z = x2 + y 2 .

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438

Solução.

A superfície S1 é a parte da esfera x2 + y 2 + z 2 = 1 contida no semiplano

z ≥ 0. Já S2 é a parte do cone circular z 2 = x2 + y 2 contida no semiplano

z ≥ 0. Como
 
z = p1 − x2 − y 2 z = px2 + y 2
γ = S1 ∩ S2 : p ⇐⇒ γ : √
z = x 2 + y 2 z = 1 − z 2
x 2 + y 2 = 1
 
z = px2 + y 2
⇐⇒ γ: ⇐⇒ γ : 2
2z 2 = 1 z = √1
2
 
1 1 1
é o círculo, no plano z=√ , de centro 0, 0, √ e raio √ , temos que:
2 2 2

Figura 18: Região R delimitada pelas superfícies S1 e S2 .

é o esboço do sólido R delimitado pelas

superfícies S1 S2 , e o disco
e

x2 + y 2 ≤ 1
D: 2
z = 0

é a projeção de R sobre o plano XY .


Logo, o sólido R é dado por:

p p
x2 + y 2 ≤ z ≤ 1 − x2 − y 2






 r r
1 1
R: − − x2 ≤ y ≤ − x2 ,
 2 2 Figura 19: DiscoD: projeção da região R

 sobre o plano XY .
 1 1
−√ ≤ x ≤ √



2 2
em coordenadas cartesianas;

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 439

 p


 ρ ≤ z ≤ 1 − ρ2
1

R: 0≤ ρ ≤ √ ,

 2

 0 ≤ θ ≤ 2π
em coordenadas cilíndricas;



 0≤ r ≤1
π

R: 0≤ ϕ ≤ ,

 4
 0 ≤ θ ≤ 2π

p
em coordenadas esféricas, pois S1 : z = 1 − ρ2 e S2 : z = |ρ| são as equações
das superfícies em coordenadas cilíndricas, e
p h πi
S1 : r cos ϕ = 1 − r2 sen2 ϕ ⇐⇒ S1 : r = 1 , ϕ ∈ 0,
2
e
π
S2 : r cos ϕ = r sen ϕ ⇐⇒ S2 : ϕ = ,r ≥ 0,
4
são as superfícies em coordenadas esféricas.


(d) S1 : z − 1 = − x2 + y2 e S2 : z = − 1 − x2 − y2 .
p p

Solução.

A superfície S1 é a parte do cone circular de eixo−OZ e vértice (1, 0, 0),


2 2 2
(z − 1) = x + y ,
situada no semiespaço z ≤ 1. A superfície S2 é a parte da esfera
2 2 2
x +y +z =1
situada no semiespaço z ≤ 0. A interseção das superfícies é:

z − 1 = −px2 + y 2
γ = S1 ∩ S2 : p
z = − 1 − x 2 − y 2

2 2 2
x + y = (1 − z)



⇐⇒ γ = S1 ∩ S2 : z 2 = 1 − (1 − z)2


z ≤ 0


x 2 + y 2 = 1
⇐⇒ γ = S1 ∩ S2 :
z = 0

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440

um círculo de centro na origem e raio igual a 1 no plano XY .


Portanto, o esboço do sólido S, delimitado pelas superfícies S1 e S2 é:

Figura 20: Sólido R delimitado pelas superfícies S1 e S2 .

E sua projeção D sobre o plano XY é o disco



x 2 + y 2 ≤ 1
D:
z = 0

Figura 21: Região plana D.

Assim, o sólido R pode ser descrito das seguintes formas:


 p p
2 2 2 2
 − 1 −√x − y ≤ z ≤ 1√− x + y


R: − 1 − x2 ≤ y ≤ 1 − x2 ,


 −1 ≤ x ≤ 1

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 441

em coordenadas cartesianas;
 p
2
 − 1−ρ ≤ z ≤1−ρ


R: 0≤ ρ ≤1 ,


 0 ≤ θ ≤ 2π
em coordenadas cilíndricas;
 
1

 0≤ r ≤ 
 0≤ r ≤1


 cos ϕ + sen ϕ 


π S π
R: 0≤ ϕ ≤ ≤ ϕ ≤π ,

 2 
 2
 

 0 ≤ θ ≤ 2π  0 ≤ θ ≤ 2π

p
em coordenadas esféricas, pois S1 : z = 1 − |ρ| e S2 : z = − 1 − ρ2 são as

superfícies em coordenadas cilíndricas, e

1 π
h i
S1 : r cos ϕ = 1 − r sen ϕ ⇐⇒ S1 : r = , ϕ ∈ 0, ,
cos ϕ + sen ϕ 2
hπ i
e S2 : r = 1, ϕ ∈ , π , são as superfícies em coordenadas esféricas. 
2


(e) S1 : x2 + y2 = 4, S2 : z = 2 3 e S3 : z = −2.
Solução.

A superfície S1 é um cilindro circular reto de eixo−OZ . O esboço do só-

lido delimitado pelas superfícies é

Figura 22: Sólido R delimitado pelas superfícies S1 , S2 e S3 .

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442

A projeção D do sólido sobre o plano XY é o disco

x2 + y 2 ≤ 4

D: .
z=0
Então, o sólido R pode ser descrito das

seguintes formas:
 √
−2 ≤ z ≤ 2 3
√ √


R: − 4 − x2 ≤ y ≤ 4 − x2 ,

−2 ≤ x ≤ 2

em coordenadas cartesianas;
 √
 −2 ≤ z ≤ 2 3

R: 0≤ ρ ≤2 , Figura 23: Disco D.

0 ≤ θ ≤ 2π

em coordenadas cilíndricas;
 √  
2 3 2 2
0≤ r ≤ 0≤ r ≤ 0≤ r ≤−

 
 

  


 cos ϕ 
 sen ϕ 
 cos ϕ
π S  π 3π S  3π
R: 0≤ ϕ ≤ ≤ ϕ ≤ ≤ ϕ ≤π ,


 6 

 6 4 

 4
  
 0 ≤ θ ≤ 2π
  0 ≤ θ ≤ 2π
  0 ≤ θ ≤ 2π


2 2 3 2
em coordenadas esféricas, pois S1 : r = , S2 : r = e S3 : r = −
sen ϕ cos ϕ cos ϕ
são as superfícies dadas em coordenadas esféricas.


Exemplo 8
Repita o exercício anterior para as regiões do espaço denidas pelas desigual-
dades:

(a) R : z ≥ x2 + y2 .
Solução.

A superfície S : z = x2 + y 2 , que delimita a região R, é um paraboloide


circular de eixo−OZ e a região consiste de todos os pontos dentro ou sobre

o paraboloide circular S .

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 443

Figura 24: Região R delimitada pelo paraboloide circular S.

Assim, a região R pode ser dada das seguintes formas:



2 2
 x + y ≤ z < +∞


R: −∞ < y < +∞ ,


 −∞ < x < +∞
em coordenadas cartesianas;

2
 ρ ≤ z < +∞


R: 0 ≤ ρ < +∞ ,


 0 ≤ θ ≤ 2π

em coordenadas cilíndricas;



 0 ≤ r ≤ cotg ϕ cossec ϕ
π

R: 0≤ ϕ ≤ ,

 2
 0 ≤ θ ≤ 2π

em coordenadas esféricas, pois S : z = ρ2 e S : r = cotg ϕ cossec ϕ é a

superfície dada em coordenadas cilíndricas e esféricas, respectivamente.




x 2 + y 2 + z 2 ≤ 2
(b) R: .
x 2 + y 2 ≥ 1

Solução.

A região R é delimitada pela esfera S 1 : x2 + y 2 + z 2 = 2 e pelo cilindro


2 2
circular de eixo−OZ , S2 : x + y = 1. A interseção destas superfícies é:

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444

 
x 2 + y 2 + z 2 = 2 x2 + y 2 = 1
S1 ∩ S2 : ⇐⇒ S1 ∩ S2 :
x 2 + y 2 = 1 z 2 = 1
⇐⇒ S1 ∩ S2 = γ1 ∪ γ−1 ,
onde γ1 e γ−1 são os círculos:
 
x 2 + y 2 = 1 x 2 + y 2 = 1
γ1 : e γ−1 : .
z = 1 z = −1

O esboço da região R é:

Figura 25: Região R delimitada pela esfera S1 e pelo cilindro S2 .

E sua projeção A sobre o plano XY é o anel:



1 ≤ x 2 + y 2 ≤ 2
A:
z = 0

Figura 26: Anel A.

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 445

Logo, a região R pode ser descrita nas seguintes formas:


 p p  p p
 − 2 − x 2 − y2 ≤ z ≤ 2 − x2 − y 2  − 2 − x 2 − y2 ≤ z ≤ 2 − x2 − y 2
 
√ √ √ √
 S 
R: − 2 − x2 ≤ y ≤ 2 − x2 − 2 − x2 ≤ y ≤ 2 − x2

 √ 
 √
− 2 ≤ x ≤ −1 1 ≤x≤ 2
 
 p p  p p
2 2 2 2 2 2 2 2
− 2 − x − y ≤ z ≤ 2 − x − y − 2 − x − y ≤ z ≤ 2 − x − y

 

√ √ S √ √
R: − 2 − x2 ≤ y ≤ − 1 − x2 1 − x2 ≤ y ≤ 2 − x2

 

−1 ≤ x ≤ 1 −1 ≤ x ≤ 1
 

em coordenadas cartesianas;
 p p

 − 2 − ρ 2 ≤ z ≤ 2 − ρ2

 √
R: 1≤ ρ ≤ 2 ,


0 ≤ θ ≤ 2π

em coordenadas cilíndricas;
 √


 cossec ϕ ≤ r ≤ 2
π 3π

R: ≤ ϕ ,

 4 4
0 ≤ θ ≤ 2π

em coordenadas esféricas, pois

S1 : z 2 = 2 − ρ2 , S2 : ρ = 1
são as equações das superfícies em coordenadas cilíndricas, e
√ 1
S1 : r = 2, S2 : r = = cossec ϕ
sen ϕ
são as equações das superfícies em coordenadas esféricas.



x2 + y 2 + z 2 ≤ 1
(c) R: .
z 2 ≤ x 2 + y 2

Solução.

A região é delimitada pela esfera S1 : x2 + y 2 + z 2 = 1 e pelo cone circular

de eixo−OZ S 2 : z 2 = x2 + y 2 .
A interseção das superfícies são os círculos:

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446

x 2 + y 2 = 1 x2 + y 2 = 1
 

γ1 : 2 e γ2 : 2
z = √1 z = − √1
2 2
e o esboço da região R é:

Figura 27: Região R delimitada pela esfera S1 e pelo cone S2 .

sendo o disco:

x2 + y 2 ≤ 1
D:
z=0

Figura 28: Disco D.

a sua projeção sobre o plano XY .

Assim, a região R pode ser descrita das seguintes maneiras:

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 447

 
p p p p


 − 1 − x 2 − y 2 ≤ z ≤ 1 − x 2 − y 2 

 − 1 − x2 − y2 ≤ z ≤ 1 − x2 − y 2
 
√ √ √ √

 

S
R: − 1 − x2 ≤ y ≤ 1 − x2 − 1 − x2 ≤ y ≤ 1 − x2
 

 1 
 1
−1 ≤ x ≤ − √ √ ≤x≤ 1

 

 
 p 2  p 2
p p
 − 1 − x2 − y 2 ≤ z ≤ 1 − x2 − y 2 

 
 − 1 − x2 − y2 ≤ z ≤ 1 − x2 − y 2
 
√ √
 r  r
S 1 S 1
− 1 − x2 ≤ y ≤ − − x2 − x2 ≤ y ≤ 1 − x2
 2  2
1 1 1 1

 

−√ ≤ x ≤ √ −√ ≤ x ≤ √

 

 
 p 2 2 2 2
p



 − x2 + y 2 ≤ z ≤ x2 + y 2
 r r
S 1 2
1
− −x ≤y≤ − x2
 2 2
1 1


−√ ≤ x ≤ √ ,



2 2
em coordenadas cartesianas;
  p p


 −ρ ≤ z ≤ ρ 

 − 1 − ρ2 ≤ z ≤ 1 − ρ2
1 S 1
 
R: 0≤ ρ ≤ √ √ ≤ ρ ≤1 ,

 2 
 2

 0 ≤ θ ≤ 2π 
 0 ≤ θ ≤ 2π
em coordenadas cilíndricas;

 0≤ r ≤1


π 3π
R: ≤ ρ ≤ ,

 4 4
0 ≤ θ ≤ 2π

em coordenadas esféricas, pois S1 : z 2 = 1 − ρ2 , S2 : z 2 = ρ2 são as superfícies


π
em coordenadas cilíndricas, e S1 : r = 1, S2 : ϕ = são as superfícies em
4
coordenadas esféricas.


Exemplo 9
Esboce os sólidos denidos pelos sistemas de inequações abaixo e identique
as superfícies que os delimitam.

 ρ≤z≤1
(a) R: 0 ≤ ρ ≤ 1 , onde (ρ, θ, z) são as coordenadas cilíndricas de um
0≤θ≤π

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448

ponto da região.
Solução.

0 ≤ ρ ≤ 1
A região do plano R0 : é dada em coordenadas cartesianas
0 ≤ θ ≤ π
por:

x 2 + y 2 ≤ 1
R0 :
y ≥ 0

Figura 29: Região R0 no plano.

Assim, o esboço de R é:

Figura 30: Sólido R.


p
pois a superfície z = |ρ| = x2 + y 2 é a parte superior do cone circular de

eixo−OZ

z 2 = x2 + y 2 .
Logo, as superfícies que delimitam a região são o plano y = 0, o plano z=1

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 449

e a parte superior do cone z 2 = x2 + y 2 . 

2

1 ≤ r ≤


 cos ϕ
(b) R : 0 ≤ ϕ ≤ π , onde (r, θ, ϕ) são as coordenadas esféricas de um


 4
0 ≤ θ ≤ 2π

ponto da região.

Solução.

Observe que:
π
ϕ= ⇐⇒ tg ϕ = 1 ⇐⇒ r sen ϕ = r cos ϕ
4
⇐⇒ r2 sen2 ϕ = r2 cos2 ϕ ⇐⇒ x2 + y 2 = z 2
é a equação de um cone circular de eixo−OZ .

Por outro lado,

r = 1 ⇐⇒ x2 + y 2 + z 2 = 1
é a equação da esfera de centro na origem e raio 1.

Além disso,
2
r= ⇐⇒ r cos ϕ = 2 ⇐⇒ z = 2
cos ϕ
é a equação de um plano paralelo ao plano XY .
Assim, o esboço do sólido R é dado por:

Figura 31: Sólido R.


2 2 2
sendo a esfera x + y + z = 1, o cone z = x2 + y 2
2
e o plano z = 2 as

superfícies que o delimitam.




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450

 √
3
1≤r≤




 sen ϕ
(c) R: π
≤ϕ≤π−
π , onde (r, θ, ϕ) são as coordenadas esféricas de
 3 3
0 ≤ θ ≤ π



2
um ponto da região.

Solução.

As superfícies que delimitam o sólido são :

• r = 1 ⇐⇒ x2 + y 2 + z 2 = 1, a esfera de centro na origem e raio igual

a 1;

3 √
•r= ⇐⇒ r sen ϕ = 3 ⇐⇒ r2 sen2 ϕ = 3 ⇐⇒ x2 + y 2 = 3, um
sen ϕ
cilindro circular reto de eixo−OZ ;
π π √ sen ϕ √
•ϕ= ou ϕ=π− ⇐⇒ tg ϕ = ± 3 ⇐⇒ = ± 3 ⇐⇒
3 3 cos ϕ

r sen ϕ = ± 3 r cos ϕ ⇐⇒ r2 sen2 ϕ = 3r2 cos2 ϕ ⇐⇒ 3z 2 = x2 + y 2 , um cone
circular de eixo−OZ ;

• θ = 0 ⇐⇒ y = r sen ϕ sen θ = 0, o plano XZ ;


π
•θ= ⇐⇒ x = r sen ϕ cos θ = 0, o plano Y Z.
2

Assim, o esboço do sólido é:

Figura 32: Sólido R fora da esfera, entre o cone e o cilindro delimitado pelos planos x=0 e y = 0.

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CAPÍTULO 21. COORDENADAS CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 451




 0≤z ≤1−ρ

(d) R: 0≤ρ≤1 , onde (ρ, θ, z) são as coordenadas cilíndricas de

0 ≤ θ ≤ π



4
um ponto de R.
Solução.

As superfícies que delimitam o sólido R são:

• z = 0, o plano XY ;
p
• z = 1−ρ ⇐⇒ z−1 = − x2 + y 2 , parte do cone circular (z−1)2 = x2 +y 2
situada no semiespaço z ≤ 1;
• θ = 0 ⇐⇒ y = 0, o plano XZ ;
π
•θ= ⇐⇒ x − y = 0, um plano vertical.
4
Assim, o esboço do sólido R é:

π
Figura 33: Sólido R delimitado pelos planos θ=0 e θ= 4
e pelo cone (z − 1)2 = x2 + y 2 . 

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452

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