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Superfícies quádricas

Uma superfície quádrica é tal em um plano tridimensional definida pelo lugar geométrico
de uma equação polinomial de segunda ordem nas três variáveis espaciais, a equação
é dada por:

Ax² + by² + cz² + 2dxy + 2exz + 2fyz + mx + ny + pz + q = 0

Uma exigência para que esta equação represente uma superfície quádrica é que um
dos coeficientes a, b, c, d, e ou f seja diferente de zero, pois se o mesmo acontecer, não
haverá uma equação do segundo grau, se resumindo a um plano ou até um ponto.
Se a superfície representada pela equação acima for cortada pelos planos coordenados
ou por planos paralelos a eles, a curva de intersecção será uma cônica. A intersecção
de uma superfície com um plano é chamada traço da superfície no plano.
Através de rotações e/ou translações de eixos coordenados é possível transformar a
quádrica em cêntrica e não cêntrica, a equação apresentada anteriormente se resume
em uma das mostradas a seguir:

Ax² + By² + Cz² = D (quádrica cêntrica) (4.26)

Ax² + By² + Rz = 0 (quádrica não cêntrica) (4.27)


Ax² + Ry + Cz² = 0 (quádrica não cêntrica) (4.28)
Rx + By² + Cz² = 0 (quádrica não cêntrica) (4.29)

Dentro das superfícies quádricas cêntricas, ao obter uma equação onde as constantes
A, B, C e D não são nulas é possível escrever a equação da forma canônica
representada a seguir:

𝑥2 𝑦2 z2
± ± ± =1
𝑎2 𝑏 2 c 2

Para esta forma canônica há três possibilidades, os três sinais positivos, dois positivos
e um negativo ou dois negativos e um positivo, levando em consideração que três sinais
negativos levam a um lugar geométrico vazio.

Elipsoide
A elipsoide é a superfície quádrica formada pela revolução ou rotação da elipse em torno
de seus eixos. Considerando uma elipse no plano yz de equação:

𝑦2 z2
+ =1
𝑏2 c2

Na figura é possível ver a representação da cônica em questão.

Figura x.x – Representação da elipse no plano yz

Ao girarmos essa elipse em torno do eixo Oy é possível obter uma elipsoide de


revolução, cuja equação será obtida pela substituição de z por ±√(𝑥 2 + 𝑧 2 ),
resultando assim, na equação geral do elipsoide, a qual é mostrada a seguir.

𝑥2 𝑦2 z2
+ + =1
𝑎2 𝑏 2 c 2

Estes parâmetros a, b e c são os semieixos das três elipses obtidas no corte do


elipsóide pelos planos coordenados z = 0, y = 0 e x = 0, respectivamente, dadas pelas
equações:

𝑥2 𝑦2
+ =1
𝑎2 𝑏 2
𝑥2 z2
+ =1
𝑎2 c 2
𝑦2 z2
+ =1
𝑏2 c2

Na figura podemos ver a localização destes parâmetros.


Figura x.x – Representação gráfica da elipsoide

Na figura podemos ver a demonstração das elipses resultantes dos cortes realizados
na elipsoide.

Figura x.x – Cortes na elipsoide

Dentro da elipsoide temos características e também variações em sua equação que


podem resultar em diferentes formas, fatos que são apresentados a seguir.

 A elipsoide é simétrica relativamente a cada um dos planos coordenados e


relativamente à origem.

 Se dois parâmetros a, b, ou c são iguais o elipsoide é uma superfície de


revolução chamado esferoide e as intersecções com planos perpendiculares ao
eixo de revolução são circunferências. O esferoide pode ser de forma alongada
ou prolato com a = b < c ou achatado com a = b > c.
Figura x,x – Representação dos esferoides

 O terceiro esferoide se dá quando os três parâmetros são iguais, ou seja, a = b


= c, resultando assim em uma esfera de raio a.

Figura x.x – Representação da esfera

 A sua intersecção com um plano paralelo a qualquer um dos planos coordenados


é uma elipse, um ponto ou o conjunto vazio. As elipses são dadas por:

𝑥2 𝑦2
+ =1
𝑎2 𝑏 2
Considerando 𝑧 = 0
𝑥2 z2
+ =1
𝑎2 c 2
Considerando 𝑦 = 0
𝑦2 z2
+ =1
𝑏2 c2
Considerando 𝑥 = 0

 Interseções podem ser feitas com cada um dos planos ordenados, como pode
ser visto a seguir:

1. Eixo Ox: A (±a, 0,0)


2. Eixo Oy: B (0,±b, 0)
3. Eixo Oz: C (0,0,±c)

 Seções podem ser feitas também em planos paralelos aos planos coordenados,
formando elipses, o mesmo é mostrado a seguir.

1. Elipse para −𝑐 < 𝑘 < 𝑐:


𝑥2 𝑦2 k2
+ = 1 −
𝑎2 𝑏 2 c2
Considerando 𝑧 = 𝑘

2. Elipse para −𝑏 < 𝑘 < 𝑏:


𝑥2 z2 𝑘2
+ = 1 −
𝑎2 c 2 𝑏2
Considerando 𝑦 = 𝑘

3. Elipse para −𝑎 < 𝑘 < 𝑎:


𝑦2 z2 𝑘2
+ = 1 −
𝑏2 c2 𝑎2
Considerando 𝑥 = 𝑘

 Para uma elipsoide com um traço representado no plano caracterizado por duas
coordenadas ( Ex: xOy) e outra nula (𝑧 = 0), temos as seguintes equações.

No plano xOy:
𝑥2 𝑦2
+ =1
𝑎2 𝑏 2
Considerando 𝑧 = 0
No plano xOz:
𝑥2 z2
+ =1
𝑎2 c 2
Considerando 𝑦 = 0
No plano yOz:
𝑦2 z2
+ =1
𝑏2 c2
Considerando 𝑥 = 0

 A partir da translação de eixos com C (h,k,l) sendo o centro do elipsoide, e seus


eixos paralelos aos eixos coordenados temos:

(𝑥 − ℎ)2 (𝑦 − 𝑘)2 (z − l)2


+ + =1
𝑎2 𝑏2 c2

Da mesma forma, para a esfera formada igualdade dos parâmetros terá a


seguinte equação.

(𝑥 − ℎ)2 + (𝑦 − 𝑘)2 + (z − l)2 = 1

Exemplos resolvidos

1. Dada a equação da superfície esférica 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 + 4𝑥 − 6𝑦 − 12 = 0,


determinar o centro e o raio.

 Primeiramente deve-se completar o quadrado da equação, da forma que é feito


a seguir.
(𝑥 2 + 4𝑥 + 22 − 22 ) + (𝑦 2 − 6𝑦 + 32 − 32 ) + (𝑧 2 ) = 12
(𝑥 2 + 4𝑥 + 4) + (𝑦 2 − 6𝑦 + 9) + (𝑧 2 ) = 12 + 9 + 4

(𝑥 + 2)2 + (𝑦 − 3)2 + (𝑧 − 0)2 = 25

Considerando que a equação do centro da esfera é dada por:


(𝑥 − ℎ)2 + (𝑦 − 𝑘)2 + (z − l)2 = 𝑟²
Logo, o centro é dado por C(2,-3,0) e o raio é 5.
Hiperbolóide de Uma Folha

Os hiperboloides de revolução são obtidos a partir da rotação de uma hipérbole


ao redor de um dos eixos. A equação reduzida e a representação gráfica do hiperbolóide
de uma folha é dada por:

(𝑥 − 𝑥𝑐)2 (𝑦 − 𝑦𝑐)2 (z − zc)2


− + + =1
𝑎2 𝑏2 c2
(hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo x)

(𝑥 − 𝑥𝑐)2 (𝑦 − 𝑦𝑐)2 (z − zc)2


− + =1
𝑎2 𝑏2 c2
(hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo y)
(𝑥 − 𝑥𝑐)2 (𝑦 − 𝑦𝑐)2 (z − zc)2
+ − =1
𝑎2 𝑏2 c2
(hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo z)

Onde: xc, yc e zc são as coordenadas do ponto de origem (centro) do


hiperbolóide de uma folha;

Interseções do Hiperbolóide de Uma Folha

Considerando um hiperboloide de uma folha ao longo do eixo z com centro na


origem, dado por:
𝑥2 𝑦2 z2
+ − =1
𝑎2 𝑏 2 c 2

Quando x = 0, obtém-se:
2 2
𝑦 z
2
− 2=1
𝑏 c
Tal equação corresponde a equação de uma hipérbole no plano yOz.

Quando y = 0, obtém-se:
2 2
𝑥 z
2
− 2=1
𝑎 c
Tal equação corresponde a equação de uma hipérbole no plano xOz.
Quando z = 0, obtém-se:
𝑥2 𝑦2
+ =1
𝑎2 𝑏 2
Tal equação corresponde a equação de uma elipse no plano xOy.

Portanto, pode-se concluir que os parâmetros a e b se relacionam com o


diâmetro da elipse no eixo Ox e Oy, respectivamente, alterando o formato do
hiperboloide de uma folha. Além disso, percebe-se que quanto maior o valor de z, maior
é a elipse correspondente no hiperbolóide. Assim, ao aumentar o valor de c, o módulo
do termo z²/c² tende a diminuir e, então, a área da elipse também diminui.
Se a = b, o hiperbolóide é de revolução em torno de Oz;
Se a = c, o hiperbolóide é de revolução em torno de Oy;
Se b = c, o hiperbolóide é de revolução em torno de Ox;

Equações Paramétricas

Exemplos:

1. Faça um esboço do gráfico da quádrica de equação:


2.
𝑥2 𝑦2
+ − 𝑧² = 1
4 9

Solução:
𝑥2 𝑦2
Fazendo z = 0, obtemos a elipse + = 1. Fazendo as interseções com os
4 9
planos coordenados x = 0 e y = 0, obtemos, respectivamente, os traços:
y2
− z² = 1 : hipérbole no plano yOz
9

𝑥2
− 𝑧² = 1 : hipérbole no plano xOz
4
3. Esboce o gráfico do hiperboloide de uma folha:

z2
𝑥² + y² − =1
4

Solução:

Fazendo z = 0, obtemos a elipse x² + y² = 1 de raio 1 centrada no eixo


z.
Fazendo z = ± 2, obtemos a elipse x² + y² = 2 de raio igual √2 centrada
no eixo z.
Ao unir esses círculos (a = b) com retas hiperbólicas em ambos os planos
verticais, obtemos o hiperbolóide:

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