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1) Onomatopeias circundam uma construção: marteladas nos pregos,


misturadora de cimento, marretadas no chão, serra elétrica, risadas altas e
música ruim saindo de um aparelho. Câmera baixa pegando os pedreiros em
suas funções e parte de uma casa sendo erguida. Mecônio em primeiro plano,
com capacete de construção.
Mecônio Barros Versus Markão Vacilão
Arte: Celso Moraes F. Roteiro: Giorgio Cappelli
2) Markão sentado na cama de casa, puto, trajando um pijama brega de
bichinhos. Ao fundo, uma folhinha pendurada na parede.
– Que barulheira é essa??
3) Markão em segundo plano, meio corpo saindo pela janela, agitando os
braços, furioso, discute com Mecônio, na obra, em primeiro plano e fleumático
como de costume.
– São sete da manhã! Hoje é sábado! Dia de descanso!
– Pra você, pra nós não. Aqui a gente trabalha.

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1) Contraplano do quadrinho anterior: Markão dentro de casa, saindo com meio
corpo pela janela e Mecônio, do lado de fora, respondendo:
– Num basta trabalhar de segunda a sexta?
– não. Tenho prazo pra acabar essa obra.
2) Câmera alta, Markão mais puto ainda, rosnando e ruminando no quarto:
– Taqueul Pariul! Logo sábado, que eu queria dormir até mais tarde, não posso,
por causa desse bando de Fídumas Rapariga.
3) Markão na cozinha, preparando o café, câmera na parede, pegando o bule
esquentando no fogo e o gordo atrás, pensando:
– Por que eles não podem ser como o meu amigo Ismael Salomão Josué, que...
4) Markão olhando pro leitor, olhos arregalados. Uma lâmpada acende ao lado
dele. Teve uma ideia.
5) Close de Marcão Vacilão ainda de olho no leitor:
– Rê, rê, rê, rê!
6) Um calendário colado num pilar de concreto à esquerda do quadrinho, bem
em primeiro plano, indicando que é segunda-feira. Ao fundo, os pedreiros e
peões trabalhando na obra
7) Entra em cena um magricelo de cabelo bem curto e encaracolado, roupas de
crente. Um único operário, levando um carrinho de mão, repara, mas não
estranha.

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1) Câmera baixa: o magricelo se detém no meio dos trabalhadores
2) Com dois dedos na boca, assobia. Todos os trabalhadores, com as
ferramentas, param.
3), 4) e 5):
Sequência de três quadrinhos em que o magricelo, mexendo a boca, tendo a
Bíblia numa das mãos, e gesticula com exagero com a outra. O pessoal ao redor
(podem ser silhuetas) observando.
6) Da janela de sua casa, Markão Vacilão ri.
– Rê, rê, rê, rê!

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1) Na obra, o calendário preso no pilar de concreto em primeiro plano mostra
que é sexta-feira. O sol se pondo ao fundo.
2) Os trabalhadores indo embora, passando por Mecônio, que lhes dirige a
palavra. O último a responder não está em quadro, nem o balão de fala dele
aparece inteiro.
– Então, pessoal, amanhã todo mundo aqui às oito?
– Não.
– Não.
– Não.
– Não...
3)– “Não” Por quê? O combinado não era sábado às oito?
– Isso foi antes de a gente se converter.
4) – Converter?
– É. Agora a gente é Adventista do Sétimo Dia, e nós guardamos o sábado.
5) Mecônio, embora conservando a fleuma, tenta ser firme.
– Mas não é judeu que guarda o sábado?
– Nós também. Tchau.
– E como é que eu vou fazer? Tem prazo pra finalizar a obra!
6) Markão, lendo uma revista, sentado no sofá...
– Rê, rê, rê, rê! Vou ter meu primeiro sábado tranquilo depois de uma pá de
tempo.

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1)Markão todo feliz dormindo.
2) Pula da cama apavorado com uma barulheira pior que antes.
3) Markão aparece na obra correndo, naquele pijaminha ridículo.
– Ô porra, vocês não são Adventistas?
– Sim, nós somos.
4) – E por que tão trampando hoje?
– E por que não? É no sábado que a gente não trabalha.
5) – Domingo não tem problema!
– AAAAAHHHH! (markão desesperado, mãos no rosto gordo)
6) Último quadrinho: um círculo, com Mecônio rindo: Rê, rê, rê, rê!

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