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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

BEATRIZ NUNES CHAGAS

AS PERSPECTIVAS DO ENSINO DA ARTE NO BRASIL

MANAUS
2023
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BEATRIZ NUNES CHAGAS

AS PERSPECTIVAS DO ENSINO DA ARTE NO BRASIL

Trabalho final da Disciplina IHI 250 de


Fundamentos do Ensino da Arte,
ministrada pelo Profº Elias Farias

MANAUS
2023
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SUMÁRIO

● Introdução ____________________ 4
● Fundamentos e conceitos acerca da Arte ____________ 4
● As leis e normas para o Ensino da Arte no Brasil ______________ 6
● Tópico 3 do desenvolvimento _____________ 8
● Conclusão _________________________ 9
● Referências ____________10

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Resumo

Esta dissertação teve por objetivo tratar dos conceitos fundamentais básicos
da Educação e da Arte e, a partir deles, analisar historicamente e atualmente os
parâmetros e normas que regem o ensino da Arte no Brasil, propondo uma reflexão
acerca dos tópicos levantados.

Introdução

O ensino da Arte no Brasil tem passado por mudanças exponenciais ao


longo dos últimos anos devido às mudanças das normas curriculares. Um grande
exemplo de tal feito é a Lei nº 13.415/2017, que ampliou o tempo mínimo do
estudante do Ensino Médio de 800 para 1000 horas anuais, e mudanças
significativas na disciplina de Artes. Tais mudanças exigem um olhar crítico e um
embasamento do que a sociedade está precisando na sua relação educacional,
acadêmica e profissional e que se justifique. Para isso, torna-se imprescindível
saber a fundamentação que percorre os alicerces da nossa Educação e do Ensino
da Arte no Brasil.

Desenvolvimento

Fundamentos e conceitos acerca da Arte

Os conceitos acerca da Arte são fundamentais para que possamos


sintetizar os pontos acerca da Educação, e entre eles está a Cultura. No meio
educacional é muito comum referirmos essa palavra simplesmente como uma série
de costumes, crenças e religião de determinados povos. Algo que além de vago,
soa simples e fácil. Porém, Vannuchi sugere um conceito mais amplo:

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Podemos dizer que cultura é tudo aquilo que não é
natureza. Por sua vez, toda ação humana na natureza
e com a natureza é cultura. A terra é natureza, mas o
plantio é cultura. O mar é natureza, mas a navegação
é cultura. As árvores são natureza, mas o papel que
delas provém é cultura (1999, p. 23).

De forma simples, podemos definir Cultura sendo o produto de toda ação


humana, a partir do momento em que tomamos consciência do que nos cerca ou
seja, damos significado às coisas, elas se tornam produto nosso, seja
transformando árvore em papel, seja no modo mais simbólico possível, o simples
fato de pensarmos em algo da natureza já a descaracteriza como da natureza,
porque a idealizamos a partir da nossa mente.

A experiência estética surge como “compreensão pelos sentidos”, vindo do


vocábulo grego aisthesis. Utiliza-se o termo estética para compreender ideias de
beleza, ou feiúra. Para os gregos, a beleza se encontra no ideal de perfeição, em
formas proporcionais e simétricas. “Esta forma artística teve seu apogeu no
Classicismo (século XVII)[...]Surge, então, uma nova concepção de arte, iniciada na
segunda metade do século XIX: o Impressionismo rompe com a atitude naturalista,
valorizando, sobretudo, a variação de luz incidida sobre o objeto” Diz Elias Farias
(199? ver depois a data).

A partir disso, entendemos que a beleza é histórica e subjetiva. E a


experiência estética, que por sua vez é o produto de qualquer percepção sensorial
que temos, é subjetiva de acordo com o nosso ideal de beleza. Para termos a
experiência estética, precisamos entender que a atividade artística é um meio de
comunicação. As duas principais formas de comunicação são a de linguagem verbal
e a não verbal. Como diz Farias:

“[...]Assim, a comunicação através da linguagem deve


transmitir conceitos de modo a evitar ambiguidades e
conotações duplas. Convencionou-se, por exemplo, que
o signo linguístico “mesa” (a palavra), em língua
portuguesa, significa uma determinada estrutura

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retangular, ou circular, basicamente de madeira ou de
ferro, cuja superfície serve como suporte para colocar
objetos. Já na língua inglesa, convencionou-se que o
mesmo objeto fosse representado pelo signo table (a
palavra)”. (Pg. 19).

Em contraponto, a linguagem não-verbal, ou da expressão, não transmite


um significado explícito, mas indicam sentimentos e sensações. E é a partir daí que
cercamos o conceito do que é a Arte.

Etimologicamente, a palavra arte tem origem latina do vocábulo artis ou ars,


que significa agir. “[...] a arte é uma produção; logo, supõe trabalho”, afirma Alfredo
Bosi. Nota-se que temos arte como ideia de trabalho, do fazer, do construir. “A arte é
uma forma de conhecimento do mundo que permite um entendimento intuitivo. A
arte é um conhecimento adquirido pela percepção sensível do mundo.” (FARIAS,
199?).

As leis e normas para o Ensino da Arte no Brasil

De acordo com o próprio documento de Introdução aos Parâmetros


Curriculares Nacionais (PCNs), “constituem um referencial de qualidade para a
educação no Ensino Fundamental em todo o País”. Os PCNs exercem a função de
guiar e garantir a conformidade e concordância entre os conteúdos, considerando
as diferentes regiões do país e suas respectivas demandas.

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei


Federal n. 9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996,
consolida e amplia o dever do poder público para com a
educação em geral e em particular para com o ensino
fundamental. Assim, vê-se no art. 22 dessa lei que a
educação básica, da qual o ensino fundamental é parte

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integrante, deve assegurar a todos “a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes
meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”,
fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo tempo,
um caráter de terminalidade e de continuidade (pp.11, 1998)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais classificaram os conteúdos da


Disciplina de Artes dentro de 4 principais eixos: Artes Visuais, Música, Teatro e
Dança. É desejável que o estudante ao longo da sua vida escolar tenha a
possibilidade de vivenciar ao máximo as mais variadas formas de arte,
considerando a realidade e recursos da escola.

Existem 3 eixos que são a base do conjunto de conteúdos:

- Produção: o fazer artístico e o conjunto de questões a ele


relacionadas;
- Fruição: a contemplação do objeto artístico;
- Reflexão: a elaboração do conhecimento sobre o trabalho artístico.

Entre a 1ª e 4ª séries do Ensino Fundamental, entendemos que o Ensino da


Arte é voltado para o aluno obter consciência que existe uma produção social.
Nesse período ele vai dar o nome às coisas e começar a fazer associações e lhes
dar significado. Entre a 5ª e 8ª séries, o estudante consegue discernir a posição que
sua comunidade ocupa no contexto de diferentes espaços de produção cultural e
sabe estabelecer conexões entre o que lhe é passado em sala de aula com a
cultura extra-escolar. Já no Ensino Médio, o objetivo é levar os estudantes a
aprimorarem seus conhecimentos desenvolvidos nas etapas de ensino anteriores,
principalmente o aprimoramento estético. De acordo com o documento dos
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino médio (PCNEM), não significa
necessariamente a imersão em matérias e conteúdos de dança ou música, mas sim
“[...] a busca de pontos de interseção e, por vezes, a ênfase na separação entre as
áreas e disciplinas, de modo a garantir que à classificação dos conteúdos de ensino

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de cada disciplina corresponda também a possível articulação entre conteúdos de
diferentes disciplinas”.

O ensino da arte atualmente

Mação et. al (2022) observa que ”os professores que atuam no sistema
público de ensino possuem formação acadêmica em uma das áreas (música, dança,
teatro ou artes visuais), entretanto, continuam a ensinar todos os conteúdos
exigidos pela grande área da Arte, exercendo, portanto, a polivalência”. Isso
acarreta em conteúdos mal aplicados por professores que não tem qualificação
apropriada. Outro empecilho é a falta e má distribuição de recursos de arte, como
salas próprias, instrumentos musicais, entre outros materiais.

Em relação à grade curricular, a mudança mais perceptível nos dias atuais


em relação ao ensino das Artes é o novo Ensino Médio, que entrou em vigor em
2022. De acordo com Carvalho (2022) “[...] o componente Arte não será
contemplado em todas as séries do Novo Ensino Médio. Conforme as novas
diretrizes, há agora a tentativa de promover um ensino cada vez mais
interdisciplinar, por áreas de conhecimento (sendo a Arte um componente da área
de Linguagens e suas Tecnologias)”.

Um dos fatores positivos nos dias atuais é que podemos ter uma visão mais
inclusiva sobre os tipos de artes e suas demonstrações. Com os avanços da
tecnologia, nos lares, nas comunidades, e aos poucos, nas escolas, podemos não
só ter um ponto de vista aprofundado sobre conteúdos de arte como também a
criação de objetos de arte online. “Nos dias atuais os povos que compõem o globo
se encontram mais ‘conectados’ do que a um século atrás, tornando o mundo uma
grande ‘aldeia global’” (PAULA, PESSOA, NEVES, 2023). O avanço da tecnologia
tornou-se um fator chave para como podemos expor objetos artísticos; imagine que
um professor de Arte irá lecionar sobre o Renascimento Italiano e, a partir de
recursos como PCs e tablets, poder transportar os alunos para o Museu do Louvre,
em Paris, para conhecer a Monalisa, poder andar pelo espaço, conhecer as outras

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obras. Isso promove uma imersão ao conteúdo nunca antes experienciada. Ou até
mesmo promover que os alunos façam digital arts usando essas ferramentas.

Conclusão

Entende-se que o ensino da arte no Brasil evoluiu conforme sua integração


como disciplina, porém, ainda precisa de renovação para atingir um melhor
aproveitamento. A baixa qualidade, causada pela falta de recursos e professores
capacitados culminam no desinteresse do aluno, que acaba por levar as Artes
simplesmente como um um momento de lazer e “tempo livre”. A arte precisa
tornar-se acessível, criada, experimentada, exposta e discutida dentro da escola e
da comunidade, para que assim, os processos educativos formais e informais
possam complementar a formação do indivíduo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

B823p Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais : arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997.
130p.

B823p Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais : introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de
Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. 126p

B823p Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais : introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de
Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. 126p

FARIAS, Elias Souza. Fundamentos da Educação em Arte. CED/UFAM: Manaus,


2007.

MENEZES, Ebenezer Takuno de. Verbete PCNs (Parâmetros Curriculares


Nacionais). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo:
Midiamix Editora, 2001. Disponível em
<https://www.educabrasil.com.br/pcns-parametros-curriculares-nacionais/>. Acesso
em 01 nov 2023.

CARVALHO, Edvaldo do Nascimento. O componente curricular Arte no contexto do


Novo Ensino Médio – abordagem, desafios e perspectivas. Revista Educação
Pública, Rio de Janeiro, v. 22, nº 39, 18 de outubro de 2022. Disponível em:
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/38/o-componente-curricular-arte-no
-contexto-do-novo-ensino-medio-r-abordagem-desafios-e-perspectivas

PAULA, Julia De; PESSOA, Luan Kauê; NEVES, João Emmanuel D Alkmin. Os
Impactos da Tecnologia na Educação. RBTI – Revista Brasileira em Tecnologia da
Informação, Volume 5, número 1, p. 35-45. Junho, 2023. Disponível em

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<https://www.fateccampinas.com.br/rbti/index.php/fatec/article/download/90/45>
Acesso em 02/11/2023 às 22:46.

MAÇÃO, Tayene Elize, et. al. O ENSINO DA ARTE NO BRASIL: REFLEXÕES


HISTÓRICAS. Revista Humanidades e Inovação. Palmas, volume 9, número 1.
271-280. Outubro, 2022. Disponível em
<https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/5170/3853#:
~:text=No%20cen%C3%A1rio%20atual%20temos%20a,s%C3%A3o%20necessaria
mente%20de%20sua%20fun%C3%A7%C3%A3o.> Acesso em 02/11/2023 às
23:11.

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