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Mediunidade Doutrina - Odilon
Mediunidade Doutrina - Odilon
BACCELLI
MEDIUNIDADE e
DOUTRINA
Odilon Fernandes (Espírito)
Leitor amigo,
A mediunidade, desde o século passado, tem sido perquirição e tema para
eminentes cientistas e escritores.
Estudemos juntos, leitor amigo, este volume que nos expõe a verdade sobre as
lides e realizações mediúnicas, tais quais são, e estaremos buscando a frente, sem
as soberbas ilusões do cientificismo, não só palmilhando as veredas de nosso
aperfeiçoamento íntimo, mas também integrando-nos, cada vez mais nos
ensinamentos de Jesus e nos desígnios de Deus.
Emmanuel
Apresentando estas páginas aos nossos amigos, não tenho outra intenção que não
seja a de estudarmos juntos os variados temas da mediunidade.
Quando encarnado, militando na seara espírita, a mediunidade sempre mereceu-
me observações continuadas e, desde muito, alimentava o propósito de alinhavar
algumas notas em torno do assunto, a título de colaboração despretensiosa.
Durante anos, participei das inesquecíveis reuniões mediúnicas da "Casa do
Cinza", em Uberaba, Minas Gerais, e tive oportunidade de contatar com
inúmeros médiuns, quase todos eles em tremenda luta consigo mesmos para
perseverarem na tarefa encetada.
Muitos me procuravam, atormentados por suas dúvidas; então, de imediato os
convidava ao estudo de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec; aí, ouvia-os
responder-me que o tempo se lhes fazia escasso...
Odilon Fernandes
"Por que o Espírito livre não poderia se comunicar com o Espírito cativo, como
o homem livre com o que está aprisionado?" (O Livro dos Médiuns - Allan
Kardec - IDE - Primeira Parte -Cap. I)
"A explicação dos fatos admitidos pelo Espiritismo, suas causas e suas
consequências morais, constituem toda uma ciência e toda uma filosofia, que
requerem um estudo sério, perseverante e aprofundado." - (O Livro dos Médiuns
-Primeira Parte - Cap. II)
Mediunidade sem estudo pode ser comparável a uma locomotiva correndo fora
dos trilhos.
O primeiro e mais importante dever do médium é, sem dúvida, o de estudar.
Não basta ser médium para deter o conhecimento espírita, assim como não basta
ser espírito liberto da matéria para possuir toda a sabedoria acerca do Mundo
Espiritual. Existem Espíritos tão ou mais ignorantes do que os médiuns dos quais
se servem.
Afora a necessidade de tomar parte nas reuniões de estudos do Centro Espírita a
que esteja vinculado, o médium deve estudar por conta própria, procurando
ampliar os seus conhecimentos, permutando ideias com os companheiros mais
experientes da jornada humana.
Mediunidade é intercâmbio, e o intermediário deve aprimorar-se quanto possível,
para não deturpar a mensagem de que deseje fazer-se o estafeta.
Não raro, o que pertence ao Espírito comunicante são a ideia e a emoção; ao
medianeiro cabe materializá-las através de seus recursos intelectuais.
Quanto mais consciente o médium, maior a sua participação na mensagem e,
consequentemente, maior a sua responsabilidade.
Os médiuns chamados mecânicos, ou inconscientes, são difíceis de encontrar. No
caso deles, os Espíritos têm que, praticamente, fazer todo o trabalho; por isso,
preferem trabalhar com os médiuns que, conscientemente, lhes secundem os
esforços. O exemplo que podemos citar nesse sentido é o do próprio Cristo, que
foi o Médium Consciente de Deus. Ele representa a Mediunidade no que ela tem
de mais sublime. A sua identificação com o Pai era de tal ordem, que disse: "Eu e
o Pai somos um."
Sendo um sentido psíquico, a mediunidade está sujeita à evolução, assim como
os demais sentidos do homem. À medida que evolui, ela caminha para o campo
da intuição pura, que é o seu ápice. Por isso, não vemos motivo para que os
médiuns desejem operar na inconsciência, como se isso lhes fosse garantia contra
o animismo ou problemas semelhantes.
Quando se trata do bem genuíno, não existe animismo e nem tampouco
mistificação, no sentido literal da palavra.
Quando enfatizamos a necessidade de estudo do médium, não estamos nos
referindo apenas ao estudo de caráter doutrinário. Quanto mais o médium se
forma e se informa, maior será a sua colaboração ao Espírito comunicante. Sim,
porque muitos Espíritos precisam do médium, não apenas como uma ponte de
que se servem para atravessar o abismo dimensional que os separa da Terra, mas,
igualmente, para suprir-lhes a falta de recursos intelectuais e a sua total
inabilidade para lidarem com o intercâmbio em si.
Portanto julgamos de bom alvitre que o médium se dispa de seus escrúpulos
excessivos e procure estudar e estudar sempre.
Para manifestar-se aos homens, o Espírito não pode agir sem o concurso do
médium, o qual lhe é imprescindível. Sejam manifestações físicas ou intelectuais,
em suas variadas formas.
Assim, grande parte dos obstáculos que nos separam serão removidos e os nossos
caminhos aplainados, de modo que a nossa mensagem não chegue à Terra tão
entrecortada e "cheia de ruídos", à semelhança da comunicação telefónica de
longa distância, efetuada sob tempestade.
Nota do Autor Espiritual - Como exemplo de mediunidade absolutamente
inconsciente, temos os casos de obsessão, em que a "vítima", em avançado grau
de fascinação ou, então, já subjugada, age sem nenhum controle sobre si mesma,
sem reter, quando consegue tornar à realidade, nenhuma lembrança do que lhe
ocorreu, ou se se recorda de alguma cousa, essa recordação, fixando-se em seu
consciente, são "sequelas obsessivas" que somente o tempo poderá afastar em
definitivo.
VII- INCREDULIDADE
"Os ateus e os materialistas não são, a cada instante, testemunhas dos efeitos do
poder de Deus e do pensamento? Isso não os impede de negar a Deus e a alma.
Os milagres de Jesus converteram todos os seus contemporâneos?"-(O Livro dos
Médiuns - Segunda Parte - Cap. V)
"Qual é o objetivo dos Espíritos que vêm com uma boa intenção?
Consolar as pessoas que os lamentam; provar que existem e que estão perto de
vós; dar conselhos e, algumas vezes, reclamar assistência para eles mesmos." -
(O Livro dos Médiuns -Segunda Parte - Cap. VI)
De quando em quando, chegam até nós rumores de que certa facção de espíritas
se mostra contrária aos nossos comunicados e já se falou, inclusive, em extinção
dos trabalhos mediúnicos dedicados à enfermagem espiritual...
Fossem os homens abandonados à própria sorte, teríamos na Terra de agora um
retorno à Idade Média, quando os Espíritos infelizes, agindo a seu bel prazer,
mergulhavam o mundo em completa escuridão. E chegamos a imaginar se não
será o que desejam novamente...
Se as reuniões de desobsessão nos Centros Espíritas fossem extintas, ter-se-ia
que aumentar a capacidade dos sanatórios e o número de celas nas penitenciárias!
Se fôssemos descrever a complexidade do trabalho dos Espíritos junto aos
homens, seríamos igualmente acusados de criar obras de ficção.
E, se os homens soubessem o que ocorre no Mundo Espiritual no momento do
repouso físico, quando a nossa população se vê consideravelmente aumentada,
talvez que não desejassem abandonar o corpo. No que afirmamos, se baseia o
medo inconsciente que muitos têm da morte, porque receiam o encontro consigo
mesmos.
X- SINTONIA
"O melhor meio de afastar os maus Espíritos é atrair os bons." - (O Livro dos
Médiuns -Segunda Parte - Cap. IX)
"Os Espíritos sérios não são todos igualmente esclarecidos; há muitas coisas
que ignoram e sobre as quais podem se enganar de boa-fé; é por isso que os
Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam, sem cessar, submeter
todas as comunicações ao controle da razão e da mais severa lógica." - (O Livro
dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. X)
O Espírito, quando bem intencionado, não luta para que o seu ponto de vista
prevaleça sobre os demais. Isto também vale para os médiuns.
O Espírito esclarecido não deseja impor a sua opinião, pois sabe que não detém a
última palavra, com referência ao assunto ventilado.
Os Espíritos Superiores que ditaram a Codificação orientaram Allan Kardec a
que submetesse os seus próprios comunicados "ao controle da razão e da mais
severa lógica".
Existem médiuns que se melindram, quando os comunicados que recebem são
colocados em dúvida...
Se um médium age com sinceridade, não deve temer a crítica, porque o tempo se
encarregará de defendê-lo.
Os Espíritos de uma evolução mediana falam do que sabem, mas, quando
possuem bom-senso, fazem questão de dizer que seus conhecimentos são
limitados. Assim, igualmente, deve agir o médium.
Somente os Espíritos de uma faixa superior têm opiniões mais ou menos estáveis,
mas, mesmo assim, não gostam de ditar normas de conduta. Eles têm um respeito
muito grande pelo livre-arbítrio de cada um.
Neste sentido, Kardec foi admirável, ao escrever que o Espiritismo, em face do
avanço da Ciência, estaria pronto a rever-se, se tal ou qual princípio lhe fosse
ultrapassado.
No atual estágio evolutivo do homem, a Verdade possui um dinamismo
extraordinário. O que hoje se compreende de uma forma, amanhã se
compreenderá de outra. As ideias vão-se aperfeiçoando.
A única Verdade Imutável é Deus.
Tanto os médiuns quanto os Espíritos têm a obrigação de estudar sempre!
Aqui, no Mundo Espiritual, o nosso estudo é muito mais intenso do que na Terra;
as nossas lições abrangem a Vida Universal. Aprendemos que todos os assuntos
estão relacionados uns com os outros e procuramos entender a vida como um
todo, porque tudo está contido em tudo. Um átomo é um universo em miniatura e
o homem é um deus em gestação.
O Mundo Espiritual possui dimensões que mesmo nós, os desencarnados,
estamos longe de conhecer.
Precisamos manter a mente receptiva à Excelsa Luz que se derrama das Alturas.
Os "donos da verdade" são os que mais sofrem quando retornam ao Além,
porque constituem um tipo de "ignorantes intelectualizados", com os quais é
difícil, também para nós, sustentar qualquer diálogo. Não raro, precisam
reencarnar de imediato, para que, no período da infância, se tornem receptivos a
novas ideias.
É triste observar os Espíritos que têm ideias fixas. Enclausurados em si mesmos,
julgam-se superiores aos outros e carecem ser tratados como doentes mentais,
pois que realmente o são.
Que os médiuns não se julguem investidos de altos mandatos, mas vacinem-se
contra o orgulho e a vaidade! Que também, não se considerem incapazes de
servir, a pretexto de inferioridade, porque diz a lógica que quem não caminha não
chega ao objetivo a que se propõe alcançar!
XII- PROSELITISMO
"Se nossa fé se consolidou dia a dia, foi porque compreendemos; fazei, pois,
compreender, se quereis arregimentar prosélitos sérios." -(O Livro dos Médiuns
- Segunda Parte - Cap. XII)
Muitos dos que, após o seu primeiro contato com a filosofia espírita, dela se
distanciaram, é porque se sentiram "incomodados", a nível de consciência, de vez
que, justamente por não exigir nada de ninguém, sentem-se na obrigação de
corresponder-lhe de alguma forma.
O comodismo é responsável pelo atraso espiritual de um sem-número de pessoas
e, infelizmente, existem religiões que fomentam esse estado de coisas, já que lhes
interessa a ingenuidade de seus profitentes.
Habitualmente, diz-se que os espíritas trabalham muito. E que, ansiando por
recuperar o tempo perdido, eles compreendem o significado das palavras do
Mestre Nazareno: "Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos
abrirá..."
No Espiritismo não há lugar para a ociosidade.
Compreende-se a brevidade da vida física e procura-se fazer o que se pode. O
espírita tem sede de progresso, e os Espíritos-espíritas (se é que nos podemos
rotular assim) também a temos.
É por não fazer proselitismo que a Doutrina tem chamado a atenção de muita
gente. Mas o espírita não faz proselitismo porque não deseja que as pessoas
sejam espíritas... Evidentemente que deseja colocar a luz sobre o candeeiro e
compartilhá-la com todos, mas sabe que não pode e não deve obrigar ninguém a
contemplá-la.
Paulo, que ansiava por espalhar a Boa-Nova, foi rejeitado exatamente pelo povo
mais culto da época - o grego -, que, inclusive, no Areópago de Atenas, rendia
culto ao Deus Desconhecido!
O médium não deve prevalecer-se de sua mediunidade para fazer proselitismo.
Quando o fruto amadurece, ele despenca da árvore, se bem que o vendaval das
provas pode arremessá-lo ao chão, obrigando-o à maturação.
O exemplo é o discurso mais convincente.
A altercação religiosa deve ser evitada, a todo custo, pelos espíritas idóneos.
Dialogar, sim; polemizar, não.
Se o próprio Cristo não polemizou sobre a Verdade, com Pilatos, por que
haveríamos de nos arvorar em seus intransigentes defensores?
A discussão religiosa aumenta a distância entre Deus e os homens.
Divulgar a Doutrina, através de todos os recursos lícitos, é dever básico do
espírita, desde que não haja imposição.
Que as sementes sejam lançadas e que germinem as que caírem em terreno fértil.
Lembremo-nos de que, dos dez leprosos curados pelo Mestre, apenas um voltou
para agradecer-lhe...
Silenciando, ainda, ante Pilatos, Jesus não o estaria convidando a descobrir por si
mesmo a resposta, como a dizer-nos que o conhecimento da Verdade é uma
tarefa pessoal?!...
XIII- TODOS SOMOS MÉDIUNS
"Toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos Espíritos, por
isso mesmo, é médium." (O Livro dos Médiuns Segunda Parte Cap. XIV)
Raros são os médiuns auditivos que escutam a voz dos Espíritos, de forma "clara
e distinta como a de uma pessoa viva." Esse fenómeno, quando acontece,
assemelha-se ao da voz direta e, portanto, quase estaria nos domínios das
manifestações físicas, embora a voz do Espírito seja modulada, para que apenas o
médium a registre. Explica-se por que a sensibilidade auditiva desses médiuns é
maior do que nas demais pessoas.
Dificilmente se encontrará alguém que ainda não captou uma voz como que
"saída do nada", mormente quando se desperta no meio de um sonho. Por vezes,
têm-se a nítida impressão de estar-se ouvindo conversar no quarto de dormir, ao
lado da cama.
De outras vezes, andando-se nas ruas, ouve-se ser chamado pelo nome e não se
sabe por quem, ou batidas insólitas na porta da casa em que se mora, a qual, uma
vez descerrada, não revela nenhuma presença física...
Encontraremos, porém, um maior contingente de médiuns auditivos que
registram, intimamente, as vozes dos Espíritos. Esses medianeiros,
habitualmente, julgam ouvir a voz da consciência.
O fenómeno é tão sutil, que passa despercebido.
Para que as pessoas portadoras desse género de mediunidade possam ouvir a voz
dos Espíritos, devem aprender a distingui-la de seus próprios pensamentos, o que
se consegue com o tempo.
A tentação, por exemplo, pode manifestar-se pela audição de forma sub-reptícia.
É comum o homem ouvir como que uma voz imperiosa ordenando-lhe cometer
certos desatinos. Os internos dos hospitais psiquiátricos chegam a tapar os
ouvidos com as mãos (ou os olhos, no caso da obsessão visual), mas isso seria
como que tentar agarrar uma sombra...
Quantos não são induzidos ao suicídio dessa maneira?
Para distinguir os seus pensamentos dos pensamentos dos Espíritos, o médium
precisa calar-se interiormente, aprender a silenciar.
Para melhor entendimento, poderíamos figurar o pensamento dos Espíritos como
sendo uma ideia que, paulatinamente, viesse à tona do cérebro do médium,
emergindo de seus próprios pensamentos, semelhante ao nadador que se
impulsiona para a superfície da água, procurando oxigénio puro, depois de
demorado mergulho...
Sócrates ouvia dentro de si mesmo uma voz que ele atribuía ao seu génio, ou
seja, ao Espírito que os gregos acreditavam guiar os passos do seu protegido na
Terra.
Joana d'Arc foi condenada à fogueira por testemunhar as vozes dos Espíritos que
nunca a abandonaram.
O rei Saul, das páginas do Antigo Testamento, era atormentado por vozes que
apenas se calavam quando Davi fazia soar a harpa.
Os Espíritos conversam com os homens mais do que os homens com os próprios
homens, mas a verdade é que os homens, de maneira geral, não estão preparados
para ouvi-los.
Para o pensamento, não existem fronteiras.
Se a Ciência já admite a telepatia entre os encarnados, por que ela não seria
possível entre os homens e os Espíritos, desde que se creia na sobrevivência da
alma?
O barulho interior, mais do que o barulho exterior, é que impede as pessoas de
ouvir as vozes de além-túmulo...
XV- O GRUPO MEDIÚNICO
"A prece e o recolhimento são condições essenciais; por isso, pode-se esperar
como impossível a obtenção de alguma coisa em uma reunião de pessoas pouco
sérias, ou que não estejam animadas de sentimentos simpáticos e benevolentes."
- (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XIV)
"Para que uma comunicação seja boa, é necessário que emane de um Espírito
bom; para que esse Espírito bom POSSA transmiti-la, lhe é necessário um bom
instrumento; para que QUEI¬RA transmiti-la, é preciso que o objetivo lhe
convenha." - (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XVI)
"Concebe-se que deve ser bastante raro que a faculdade de um médium seja
rigorosamente circunscrita a um só género; o mesmo médium pode, sem dúvida,
ter aptidões, mas há sempre uma que domina e é a que deve se interessar em
cultivar, se for útil." - (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XVI)
"A fé no médium novato não é uma condição rigorosa; sem contradita, ela
secunda os esforços mas não é indispensável: a pureza de intenção, o desejo e a
boa vontade bastam." - (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XVII)