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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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UMA PROPOSTA DIDÁTICO-PRÁTICA EM UM MÉTODO


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DE ENSINO DE ATIVIDADE ESPECIAL POR ESTUDO DO


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MEIO SOB A DISPOSIÇÃO DE NAVEGAÇÃO NO LAGO


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PARANOÁ
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DO

MÁRNIA APARECIDA MARINHO BARROS

Orientador: Prof. Mariana de Castro Moreira


Co-orientadora: Profª. Leonardo Silva da Costa

Brasília
2010
M ÁRNIA APARECIDA M ARINHO BARROS

UMA PROPOSTA DIDÁTICO-PRÁTICA EM UM MÉTODO


DE ENSINO DE ATIVIDADE ESPECIAL POR ESTUDO DO
MEIO SOB A DISPOSIÇÃO DE NAVEGAÇÃO NO LAGO
PARANOÁ

Monografia apresentada ao Curso de Educação


Ambiental da Universidade Cândido Mendes como
requisito para obtenção do Título de Graduação em
Educação Ambiental sob a orientação da professora
Mariana de Castro Moreira.

Brasília
2010
M ÁRNIA APARECIDA M ARINHO BARROS

UMA PROPOSTA DIDÁTICO-PRÁTICA EM UM MÉTODO


DE ENSINO DE ATIVIDADE ESPECIAL POR ESTUDO DO
MEIO SOB A DISPOSIÇÃO DE NAVEGAÇÃO NO LAGO
PARANOÁ

Monografia apresentada ao Curso de Educação


Ambiental da Universidade Cândido Mendes como
requisito para obtenção do Título de Graduação em
Educação Ambiental sob a orientação da professora
Mariana de Castro Moreira.

Aprovada em _______ / _________/ __________

BANCA EXAMINADORA

______________________________________
Prof. Orientador

___________________________________________
Prof. Ms.

___________________________________________

Prof. Ms.

Brasília
2010
Ao integrar as condicionantes do projeto urbanístico, o Lago Paranoá passou a ser considerado como
o maior patrimônio ambiental da escala bucólica da cidade.

SEMARH, 2009
AGRADECIMENTOS

A Deus por sua infinita misericórdia e por todas as maravilhas que acontecem em
minha vida.
Aos meus pais pelo carinho, educação e valores que me passaram;
Ao meu esposo pelo incentivo e apoio para que eu pudesse completar mais essa
etapa da minha vida;
Ao professor orientador do projeto e do TCC, pelo incentivo e dedicação em todos
os momentos;
Aos coordenadores e demais profissionais da Universidade pela contribuição que
me deram ao longo do curso;
Aos meus amigos e colegas da faculdade que me incentivaram ao longo dessa
caminhada.
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, ao meu marido, à memória da minha
filha Marcelle Marinho de Queiroz, aos meus amigos e a toda a minha família pelo
incentivo e força para que pudesse atingir o meu objetivo.
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal transmitir aos alunos do Ensino
Fundamental conhecimentos e habilidades que os estimulem a construir
individualmente ou coletivamente valores sociais e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, compreendendo de que forma a interferência nesse
meio pode ser prejudicial ou benéfica. Escolheu-se este tema e estes procedimentos
porque uma aula embarcada desperta a curiosidade dos alunos, aguçando sua
atenção aos conteúdos abordados e encanta professores e coordenadores
pedagógicos. Este estudo é de suma importância para a conscientização tanto para
a geração ora estudada quanto para as gerações futuras. Utilizou-se a pesquisa
bibliográfica e também um estudo de caso, por meio de uma visitação/contemplação
assistida em uma área de ambiente lacustre, onde os conteúdos abordados foram
elaborados levando-se em conta as orientações dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), visando à melhor forma de aproveitamento do conteúdo
explorado. Os resultados mostram que o Lago Paranoá, além compor a bela
paisagem brasiliense, é muito usado para esporte náuticos, porém, suas margens
estão repletas de construções irregulares causando a destruição do meio ambiente.
Pode-se concluir que é preciso que haja conscientização das crianças acerca da
realidade do Lago Paranoá e também são necessárias políticas sociais no sentido
de reverter o quadro de destruição.

Palavras-chave: Lago Paranoá. Natureza. Crianças. Educação ambiental.


METODOLOGIA

Para a execução desta pesquisa que tem como tema “Uma proposta didático
prática em um método de ensino de atividade especial por estudo do meio sob a
disposição de navegação no Lago Paranoá” foi feita uma revisão bibliográfica, com o
intuito de mapear e extrair o máximo de conhecimento das publicações que podem
contribuir para o melhor entendimento das questões norteadoras deste trabalho.
Para alcançar os objetivos aqui propostos, tomou-se como base um passeio de
barco realizado no Lago Paranoá, onde foram avaliados os problemas ambientais
causados pela ação do homem no lago e suas implicações na vida do homem.
Este trabalho foi estruturado da seguinte maneira: o capítulo 1 faz um breve
histórico do Lago Paranoá, aborda as questões referentes à sua construção e suas
características; o capítulo 2 fala sobre a ocupação irregular nas margens do Lago, a
poluição e os esportes praticados; o capítulo 3 é a análise dos dados coletados, cujo
procedimento é de relacionar os dados com a pesquisa bibliográfica e a opinião dos
autores consultados. Ao final deste estudo, fazem-se as considerações finais sobre
o tema estudado.
Optou-se pela pesquisa bibliográfica descritiva, qualitativa e pesquisa de
campo. Será realizada uma pesquisa através de leitura sobre a Bacia Hidrográfica
do Paranoá em livros, revistas científicas, documentários e sites da web para obter
dados o mais atualizados e confiáveis possível. Será realizado ainda um passeio de
barco para coletar dados que serão discutidos no capítulo 3 deste trabalho.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................10

CAPÍTULO I – HISTÓRICO DO LAGO PARANOÁ.......................................12


1.1 A construção do lago artificial na bacia do Rio Paranoá.............................12
1.2 A Vila Amaury..............................................................................................14
1.3 Características do atual Lago Paranoá.......................................................15
1.4 A Ponte JK...................................................................................................17
1.5 A Ponte Costa e Silva..................................................................................18
1.6 O Pontão......................................................................................................19

CAPÍTULO II – NÍVEIS DE SUSTENTABILIDADE NO LAGO PARANOÁ.....21


2.1 Ocupação.....................................................................................................21
2.2 Ocupação irregular nas margens do Lago..................................................22
2.3 Sustentabilidade da Bacia do Lago Paranoá..............................................23
2. 4 Atividades de esporte, lazer e turismo......................................................26

CAPÍTULO III – EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMBARCADA............................29


3.1Passeio no Lago Paranoá............................................................................29
3.2 Fauna e flora do Lago Paranoá..................................................................31
3.3 Unidades de Conservação..........................................................................32
3.4 O Parque Ecológico Dom Bosco.................................................................33
3.5 Navegação pelo Lago Paranoá...................................................................34

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................37

BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................39
INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo principal transmitir aos alunos do Ensino
Fundamental conhecimentos, habilidades que os estimulem a construir
individualmente ou coletivamente valores sociais e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, compreendendo de que forma a interferência nesse
meio pode ser prejudicial ou benéfica. Para tanto, embarcou-se em uma viagem pelo
Lago Paranoá.
Escolheu-se este procedimento porque uma aula embarcada desperta a
curiosidade dos alunos, aguçando sua atenção aos conteúdos abordados e encanta
professores e coordenadores pedagógicos. Este estudo é de suma importância para
a conscientização tanto para a geração ora estudada quanto para as gerações
futuras.
O intuito de conseguir essa conscientização foi o que levou à escolha do tema
“Uma proposta didático prática em um método de ensino de atividade especial por
estudo do meio sob a disposição de navegação no Lago Paranoá”. O que direcionou
esta pesquisa foi o objetivo de estimular nos alunos valores e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente. Porém, o que realmente se almeja é que
este trabalho sirva como multiplicador, fazendo com que os alunos sejam
informados sobre os problemas ambientais que afetam o Lago Paranoá, bem como
de todo o sistema ambiental brasileiro.
A temática é uma apresentação educacional sobre a Bacia do Lago Paranoá,
onde se pretende mostrar os resultados de um processo de Educação Ambiental
realizado com os alunos, visando à interação homem/natureza, desde o
comportamento pessoal até uma postura de preservação e conscientização dos
contingentes envolvidos no processo.
Pretende-se ainda verificar se os alunos do Ensino Fundamental e Médio
aprenderam conceitos básicos de conservação e como aproveitaram a possibilidade
de participar de um processo de conscientização ambiental, por meio do estudo
realizado no Lago Paranoá.
Realizou-se uma visitação/contemplação assistida em uma área de ambiente
lacustre, onde os conteúdos abordados foram elaborados levando-se em conta as
orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), visando à melhor forma
de aproveitamento do conteúdo explorado.
Pretende-se ainda, com este estudo, verificar as consequências das atitudes
do homem em relação ao Lago Paranoá, que geram grandes impactos como
problemas que comprometem a sustentabilidade do Lago. Observa-se também o
delicado equilíbrio ambiental da bacia, caracterizado por degradação das pequenas
bacias que alimentam os córregos e os ribeirões, protegidos pelo cerrado, veredas e
matas de galeria. Além disso, as agressões decorrentes da ação humana
prejudicam os ciclos da água e os ciclos orgânicos.
Com base nessas informações, levantou-se o seguinte questionamento:
Como reparar os danos ambientais causados pelo assoreamento, os aterros, a
construção de poços artesianos, a captação de água e a poluição do lago
Paranoá?
Neste sentido, levantou-se a seguinte hipótese: os problemas ambientais do
Lago Paranoá poderão ser mais bem identificados por meio de um estudo
sistemático dos dados coletados em um passeio de barco pelo Lago Paranoá.
Para maior compreensão do tema, este estudo foi organizado em três
capítulos, sendo o primeiro é o referencial teórico, que traz o histórico e as
características do Lago Paranoá. O segundo capítulo faz um breve relato sobre a
sustentabilidade, a ocupação irregular e as conseqüências negativas e também fala
da prática de esportes no Lago Paranoá. No terceiro é mostrado o passeio e as
rotas percorridas para a formulação deste estudo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

CAPÍTULO I

“Entre os paralelos de 15º e 20º havia uma depressão bastante larga e


comprida, partindo de um ponto onde se formava um lago. Então,
repetidamente, uma voz assim falou: ‘...quando vierem escavar as minas
ocultas, no meio destas montanhas, surgirá aqui a terra prometida, vertendo
leite e mel. Será uma riqueza inconcebível...’” Dom Bosco

HISTÓRICO DO LAGO PARANOÁ

1.1 A construção do lago artificial na bacia do Rio Paranoá

Os lagos são classificados segundo sua origem: tectônicos, os que ocupam


zonas de fratura, correspondentes a fossas tectônicas, frequentemente profundas e
de grandes dimensões; glaciários, que são os mais vastos, formados após o recuo
dos inlandsis quaternários e também de barragem, resultantes do trabalho de
sedimentação marinha, como é o caso dos lagos litorâneos brasileiros ou resultantes
de represamento de braços de rios.
O Lago Paranoá é resultado do fechamento de uma barragem no Rio
Paranoá, onde se fez com que as águas se acumulassem no local, formando o Lago
Paranoá. Nele encontra-se a barragem do Paranoá, que produz energia hidrelétrica.
De acordo com Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH,
2003), a primeira pessoa a pensar na criação de um lago artificial na Bacia do Rio
Paranoá foi o botânico Glaziou, integrante da Missão Cruls. Porém, a efetivação da
criação do lago Paranoá é derivada dos estudos da Comissão de Localização da
Nova Capital do Brasil, mais especificamente da Subcomissão de Planejamento
Urbanístico, em 1955. Conforme os registros existentes, esses estudos resultaram
na proposta de implantação de um lago em torno da cidade, por meio da construção
de uma barragem no Rio Paranoá.
Em 12 de setembro de 1957, iniciou-se a construção do Lago, com o
fechamento da barragem, fazendo com que as águas das nascentes situadas a
montante da cidade fossem acumuladas no lago que foi construído em seu caminho,
onde antes existiam as corredeiras do Rio Paranoá.
O então presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira pensou em
uma solução para aumentar a umidade relativa do ar nas proximidades do Lago e
também oferecer uma fonte de lazer aos futuros moradores da nova capital.
As corredeiras que inicialmente eram usadas para o lançamento dos esgotos
tratados e das águas servidas passaram a contemplar a função de diluidor de
efluentes e também a realização de um espaço de lazer, recreação, esporte,
turismo, geração de energia e composição paisagística de Brasília. Assim, o lago
passou a integrar o projeto urbanístico de Brasília, sendo considerado o maior
patrimônio ambiental da escala bucólica da cidade. (SEMARH

A obra que ocupava o imaginário do povo local era, sem dúvida, a


Barragem do Rio Paranoá, não só porque se pensava ser a solução do
problema de oferta de energia elétrica, como também pelo seu ineditismo:
um lago em pleno Cerrado, cercado de canteiros de obras por todos os
lados. (SEMARH, 2003):

Assim, as obras de construção da barragem foram iniciadas por uma empresa


americana, com o envolvimento de várias empresas, tais como a Planalto, a
Portuária, a Geotec, a Rodobrás, a Camargo Correia e a CCBE, em dezembro de
1957, porém, somente em fevereiro de 1958 foram concluídas. Para tanto, foi
necessário um empréstimo oficial de 10 milhões de dólares, feito no Export & Import
Bank - Eximbank.
As obras de construção do Lago Paranoá foram coordenadas pela
Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (NOVACAP), e apresentaram
vários problemas técnicos e também financeiros, o que resultou em auditoria
administrativa.
[...] depois de cheio ele passou a guardar os segredos e mistérios que se
escondem no fundo daquelas águas, e os que hoje se deliciam com o
desfrutar saudável que elas podem oferecer, não têm idéia de que houve um
tempo que o esgoto brasiliense era ali despejado, in natura, o que
praticamente chegou ao fim graças às estações de tratamento.
(DANNEMANN, 2010)

A construção do Lago Paranoá trouxe muitas transformações sócio-


econômicas e comportamentais para a região do Distrito Federal, pois se tratava de
uma obra inédita no país: era a construção de um lago em pleno cerrado, que
mobilizou um grande contingente de trabalhadores.
Foto 1 - Construção do Lago Paranoá – 1959-1960 – fonte: SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos www.semarh.df.gov.br.

1.2 A Vila Amaury

Conforme informações do Jornal Nacional (2010), o Lago ocupou o lugar


onde havia uma vila que servia como alojamento para os trabalhadores que estavam
trabalhando na construção de Brasília. De acordo com a repórter, Cláudia
Bomtempo:
O Lago Paranoá em Brasília esconde segredos e tesouros. Olhando o
espelho d’água de 38 quilômetros quadrados não se pode imaginar o que
tem no fundo. Para contar essa história, é preciso voltar na época da
construção de Brasília. Pouco mais de 50 anos atrás.

Em 1959, os operários que trabalhavam na obra do Congresso Nacional e


dos Ministérios moravam em uma vila chamada Vila Amaury, nome de um dos
engenheiros envolvidos na construção da nova capital. “Era uma vila ‘dormitório’
onde 16 mil pessoas tinham apenas o domingo para descansar da rotina pesada nos
prédios que eram erguidos freneticamente dia e noite.” (BOMTEMPO, 2010)
Segundo a repórter, aquele vilarejo era provisório e os seus habitantes foram
avisados pelos engenheiros que o local seria inundado para dar lugar ao Lago
Paranoá. “A represa no Rio Paranoá seria inaugurada em breve. E a água chegaria
com o tempo.” No entanto, os trabalhadores e suas famílias permaneceram no local
até a chegada da água, que os obrigou a procurar outro domicílio.
Os moradores da Vila Amaury eram trabalhadores vindos de várias regiões do
Brasil, atraídos pela aventura de se construir uma cidade em meio a um cerrado
deserto e pela esperança de trabalho e dinheiro farto. Conforme relato de Seu
Luizinho, atualmente com 70 anos e um dos ex moradores da vila:
Era o lugar da peãozada, tinha uma rua comprida, comércio e bares e, nos
fins de semana, serviço de auto-falante pra pedir música. Eu tinha 19 anos
quando peguei um pau de arara em Piancó, na Paraíba e vim parar aqui. Tô
até hoje. No dia em que as casas foram submersas, a vila não desocupou.
A água foi subindo e aqueles que viam a água chegando perto da casa, iam
embora. Levavam o que queriam levar. (BOMTEMPO, 2010)

De acordo com a repórter, “não há documentação sobre o tempo em que os


pioneiros moravam no que hoje é só água”. Mas a vila submersa continua
alimentando a curiosidade de alguns moradores de Brasília, que afirmam ter
encontrado vários objetos como: Vidros, panelas, pratos, xícaras e restos de
construção da época, no fundo do Lago. Alguns afirmam que sentem prazer em
relembrar os tempos da construção de Brasília e, para eles, voltar ao passado na
construção da capital e do Lago é uma paixão.
A repórter do Jornal Nacional Claudia Bomtempo mergulhou menos de 10
metros para encontrar a primeira parede que tombou com o tempo.
Os tijolos estavam intactos. Foi possível identificar o piso das casas, as
antigas tubulações. Uma vasilha de metal enferrujada, restos de um sapato,
vidros que nos levam para o passado. Uma vila inteira, submersa onde hoje
fica o Lago Paranoá. (BOMTEMPO, 2010)

O Lago Paranoá é o único ponto de mergulho autônomo na região central de


Brasília e não contém cloro. Seu ponto principal é a região localizada próximo à
Barragem, com uma profundidade aproximada de 40 metros, que escondem postes,
casas, barcos, uma Kombi e muita lama. Há também pneus e outros objetos que
demoram a se decompor. A temperatura média de suas águas está entre 19 e
22ºC, a visibilidade varia entre de 0 a 5 metros.

1.3 Características do atual Lago Paranoá

O Lago, atualmente, faz parte do bioma cerrado no qual se encontra inserido.


Está cercado de ocupações das mais variadas formas, corretas e errôneas e passa
pelos processos de gestão ambiental, que conduzem as atividades realizadas em
suas águas e margens, o que em conjunto com a ocupação irregular traz problemas
ambientais, como a poluição hídrica, demanda de resíduos sólidos carreada para o
meio natural, queimadas, desmatamento, dentre outros.

Foto 2 - Vista do lago Paranoá – Brasília


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Brasilia_ParanoaLake_sun.jpg

Oficialmente, o Lago artificial, formado pelas águas represadas do rio


Paranoá, tem 48 quilômetros quadrados de extensão, profundidade máxima de 38
metros e cerca de 80 quilômetros de perímetro, com algumas praias artificiais, como
a "Prainha" e o "Piscinão do Lago Norte".
No entanto, há documentos que o definem como tendo a extensão de 630 m
(600 em terra e 30 em concreto), altura de 48 metros, com o nível altimétrico da
crista de 1004,3 m. Uma área de 67,45% de seu território compõe-se de unidades
de conservação, e 35,60% do espaço territorial foi ocupado por unidades de
proteção integral, onde só é permitido o uso indireto.
Segundo as pesquisas, este Lago foi criado com o objetivo de aumentar a
umidade em suas proximidades, tendo em vista o clima seco do Planalto Central. Ao
redor do lago há vários bares e restaurantes. Os bairros Lago Sul e Lago Norte
derivam seus nomes do lago. Cada um ocupa uma das duas penínsulas.
A idéia do lago, além de contemplar a função de diluidor de efluentes, abriu as
possibilidades de lazer, recreação, esporte, turismo, geração de energia e
composição paisagística de Brasília. Ao integrar as condicionantes do projeto
urbanístico, passou a ser considerado como o maior patrimônio ambiental da escala
bucólica da cidade. (SEMARH, 2003)

1.4 A Ponte JK

Foto 3 - Ponte JK – Fonte: Secretaria de Política Nacional de Transportes.


http://www.transportes.gov.br/bit/pontes/DF/ponte%20jk/GpJK.HTM.

A Ponte Juscelino Kubitschek foi construída sobre o Lago Paranoá,


obedecendo aos padrões inovadores da arquitetura brasiliense e foi
inaugurada em 15/12/2002, em Brasília, dando força ao turismo brasileiro como
um novo monumento da capital federal, cuja arquitetura moderna é tida como
ícone mundial.

A forma estrutural adotada conta com três arcos que sustentam, por
meio de estais de aço, três tabuleiros com vão de 240 metros cada
um, sendo um desafio imposto pela arquitetura e vencido pelo
engenharia, responsável pela obra, Via Dragados, José Celso Contigo.
O projeto audacioso impressiona pela funcionalidade e pela
arquitetura monumental que transformam o empreendimento em uma
execução ímpar da engenharia brasileira. Iniciando pela arquitetura,
com três arcos inspirados pelo movimento de uma pedra quicando
sobre o espelho d'água, a obra se integra ao conceito de Brasília,
aliando beleza e inovação. (SPNT, 2002)

A ponte JK se assenta em um ponto muito privilegiado do Lago Paranoá e


possui arcos de sustentação com encaixes diagonais nos pilares de sustentação
produzindo efeitos tridimensionais. Além disso, sua iluminação é composta por três
tipos:
Na pista foram colocados 41 postes com luminárias de vapor de mercúrio e
400 watts. Para manter a segurança de pedestre e ciclistas, 162 postes
com lâmpadas de 150 watts foram colocados na ponte e para realçar os
arcos há 164 refletores em 400, 1.500 e 150 watts. (SPNT, 2002)

Conforme informações da Secretária de Infra -Estrutura e Obras - GDF,


essa ponte foi criada pelo Arquiteto Alexandre Chan, Engenheiros: Mário Vila Verde
e Filemon Botto de Barros e construída pelo Consórcio Via Engenharia e Usiminas
Mecânicas S.A. Ela possui 1.200 metros de comprimento, 3 vãos de 240 metros
cada, com altura de 62,70 metros acima do nível do lago, apoiados em 4 bases
submersas, 24 metros de largura, ocupados por 6 pistas e Liga o Plano Piloto à QL
24/26 do Lago Sul.

1.5 A Ponte Costa e Silva

Foto 4 -Vistas noturna e diurna da Ponte Costa e Silva – Fonte:


http://www.transportes.gov.br/bit/pontes/DF/ponte%20jk/GpJK.HTM.

Conforme informações da Administração Regional do Lago Sul, a Ponte


Costa e Silva foi inaugurada em 6 de fevereiro de 1976 e é a segunda ponte
construída no Lago Paranoá. A ponte leva o nome do Presidente Costa e Silva que
governou o país durante o período de 1967 a 1969.
A estrutura possui 400 metros de extensão, três pistas de rolagem - sendo
que a pista do meio tem sua direção alterada de acordo com o fluxo de veículos -, e
está localizada no meio das pontes Presidente Médici (conhecido como Ponte das
Garças) e a Ponte JK. Projetada em 1967 pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a Ponte
Costa e Silva demorou a ser construída. Vários problemas colaboraram para o
adiamento da obra que ficou paralisada durante seis anos, sendo retomada apenas
em 1973. Inicialmente, a ponte deveria ser feita de concreto. Porém, como sua
ferragem havia sido deixada no interior do lago por vários anos, optou-se por compô-
la de estrutura metálica.
Quando a ponte foi finalmente erguida em 1976 trouxe muitos benefícios
para o Lago Sul, permitindo um maior acesso ao bairro, principalmente de
quem vinha de Brasília, ocasionando a expansão do número de lotes -
antes de 5.958 para mais de 8.000, provocando assim alteração em seu
projeto urbanístico. Hoje, mais de 19 mil carros trafegam todos os dias pela
Ponte Costa e Silva. (RA XVI – DF)

1.6 O Pontão

Foto 5 - Vista do Pontão do Lago Sul – fonte:


http://www.lagosul.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=13998.

Localizado às margens do Lago Paranoá, o Pontão do Lago Sul está situado


ao lado da Ponte Costa e Silva, conhecida também como segunda ponte, região
nobre da capital federal. O maior centro de entretenimento e lazer da cidade fica a
apenas dez quilômetros do aeroporto internacional de Brasília, quatro quilômetros da
Esplanada dos Ministérios e sete do Memorial JK.
O Pontão do Lago Sul, que faz parte do Projeto Orla, do Governo do Distrito
Federal, foi inaugurado em abril de 2002, visando à utilização das margens do lago,
abriga restaurantes e bares que recebem pessoas de diferentes origens, interesses
e faixas etárias e têm um alvo em comum, o Lago Paranoá.
O Pontão recebe todos os meses, em média, cerca de 200 mil pessoas que
freqüentam seus restaurantes, bares, quiosques, parquinho para crianças, caixas
eletrônicos, feiras, exposições, show, eventos esportivos, entre outros. Seu
freqüentador pode optar, ainda, por chegar ao Pontão de lancha, onde terá quatro
opções de píer para facilitar o seu acesso. (SITE DO PONTÃO)
O Pontão dispõe de: Anfiteatro ao ar livre com capacidade para até cem
pessoas bem-acomodadas; Tenda de 968 metros quadrados à beira do Lago
Paranoá, climatizada e com bela vista da orla; Sanitários de apoio com funcionários
full time; Atrações, como feiras de artesanato, reuniões esportivas e inaugurações
de lojas, bares e restaurantes. Além de uma área de aproximadamente dez mil
metros quadrados. (RA XVI – DF).
Todos os espaços citados são abastecidos com pontos de energia elétrica,
água, esgoto, voz e dados. Outras vantagens: 1,5 mil vagas de estacionamento, fácil
acesso e segurança 24 horas. (RA XVI – DF).
O Lago Paranoá, desde sua criação desperta curiosidade de todos por muitas
razões. Todavia, no decorrer dos anos, as pessoas foram utilizando dos seus
recursos de forma indevida e o Lago já passou por vários problemas ambientais,
como poluição das águas e assoreamento.
CAPÍTULO II

NÍVEIS DE SUSTENTABILIDADE NO LAGO PARANOÁ

2.1 Ocupação

A Vila Paranoá originou-se do acampamento de obras construído em 1957,


cuja finalidade era alojar os trabalhadores que vieram construir a barragem
formadora do Lago Paranoá. Após o término da construção, em 1960, permitiu-se
que vários moradores permanecessem no local.
A Vila Paranoá é atualmente o Parque Urbano do Paranoá, sede da RA VII,
que foi criada pela Lei n.º 49/89 e o Decreto n.º 11.921/89. A região é formada de
áreas urbana e rural. A área rural é composta pelas Colônias Agrícolas: Buriti
Vermelho, Cariru, Capão Seco, Lamarão, São Bernardo, pelos Núcleos Rurais
Jardim e Três Conquistas, Agrovila Capão Seco e as Áreas Isoladas: Quebrada dos
Guimarães, Santo Antonio, Quebrada dos Neres e o pelo Programa de
Assentamento Dirigido (PAD-DF).
Com a chegada constante de novos imigrantes a vila cresceu
desordenadamente, levando o Governo a criar o Núcleo Urbano, numa área próxima
à antiga vila. No novo núcleo foram instaladas as famílias pioneiras, que viviam na
Vila Paranoá e os moradores de diversas invasões, que para lá foram transferidos e
fixados.
O que se percebe diante das informações é que não há uma definição acerca
da data de início do povoamento das margens do Lago. Um bom exemplo disso são
as informações do Site do Lago, que afirmam o seu povoamento teve início em
1959, com a construção de casas pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do
Brasil (Novacap), cujo objetivo era abrigar os diretores dessa companhia.
As informações constantes deste site revelam que, em 1959, foram
construídas às margens do Lago, casas para os oficiais da Aeronáutica, devido à
proximidade da Base Aérea. No entanto, a área passou depois a ser habitada por
muitas pessoas, em razão de atrativos urbanísticos como tamanho dos lotes,
proximidade do Lago do Paranoá e visão aprazível, proporcionada pelo entorno
imediato, na época, composto por diversos subsistemas do bioma do cerrado.
No entanto, a proliferação de condomínios irregulares em áreas de
preservação ambiental, o assoreamento e outras ações humanas, entre elas os
aterros, sobretudo em terrenos privados no Lago Sul e Norte vem causando sérios
danos ambientais, diminuindo a qualidade de vida no local e causando preocupação
à autoridades e também aos ambientalistas.
O governador Joaquim Roriz lançou um decreto que visava disciplinar as
construções às margens do lago. O texto segue boa parte das regras estabelecidas
pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). A lei proíbe construções a uma
distância inferior a 30 metros da água. De acordo com as normas:
Cais e piers serão permitidos, mas com arborização. As obras precisarão de
autorização da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).
Um estudo do GDF identificou 75 infrações graves contra o lago. Cerca de
30% dos depredadores serão notificados. Os infratores terão que
apresentar, em 30 dias a partir da notificação, um plano de recuperação das
áreas degradadas.

Embora a intenção do governo e da secretaria do meio ambiente fosse de


recuperar, o que se percebe é uma sucessão de crimes ambientais e impunidade
em relação ao Lago Paranoá, cujas margens estão repletas de construções.
Percebe-se, portanto, que não basta impor regras, mas é preciso fiscalizar e
implantar um plano amplo, que procure preservar os afluentes e conservação das
margens.

2.2 Ocupação irregular nas margens do Lago

Um dos maiores problemas enfrentados pelas cidades e, conseqüentemente,


pelas suas populações são os impactos ambientais adversos que resultam da
ocupação irregular e urbanização indiscriminada de novas áreas.
A ocupação desordenada e a relevante diferença entre as classes sociais de
Brasília levam a população menos favorecida a construir suas casas em Áreas de
Preservação Permanente (APP). Todavia, observa-se que não são apenas as
populações de baixa renda que constroem casas às margens do Lago Paranoá, mas
existem condomínios residenciais de alto padrão edificados nesta área.
As construções irregulares às margens do Lago Paranoá ameaçam a
preservação ambiental e aumentam os riscos de assoreamento do espelho d’água.
Boa parte da represa já foi aterrada para construção de residências e também de
pontos comerciais.
Alguns prédios que compõem o complexo de construções às margens do
Lago Paranoá são erguidos sem a devida autorização da Administração de Brasília
e os fiscais do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) constatam que os engenheiros
não tomam precauções para evitar que sedimentos e resíduos sejam levados para
dentro d’água.
De acordo com a CODEPLAN, a Área de Proteção Permanente (APP), a faixa
de 30 metros do terreno até a chegada ao Lago, está degradada, não há respeito à
norma que determina que não haja nenhuma obra dentro da APP e a delimitação
para evitar que resíduos de construção sejam depositados ali.
O que se percebe é que não há uma preocupação dos ocupantes das
margens do Lago com a realização de novos estudos ambientais e nem com a
recuperação da área degradada para que essa seja recuperada.
Na opinião do presidente do Ibram, Gustavo Souto Maior: “É preciso tomar
cuidado com toda construção na bacia do Paranoá, especialmente nas margens. Se
os resíduos não forem tratados, o Lago poderá ficar ainda mais assoreado”.
(CORREIO BRAZILIENSE, 2009)
Não obstantes as recomendações das autoridades e a proibição de se
construir na área de preservação do Lago, o que se percebe no local é que algumas
construções parecem querer adentrar as águas do Lago, tão próximas dele se
encontram.

2.3 Sustentabilidade da Bacia do Lago Paranoá

Percebe-se que a população do Distrito Federal ultrapassou o número de


habitantes inicialmente programado, trazendo uma série de problemas que
comprometem a sustentabilidade da Bacia do Lago Paranoá. O delicado equilíbrio
ambiental da bacia, caracterizado por pequenas nascentes que alimentam os
córregos e os ribeirões, protegidos pelo cerrado, veredas e matas de galeria, vem
sofrendo agressões decorrentes da ação humana.
Os desmatamentos e a ocupação de solos suscetíveis à erosão vêm
provocando o assoreamento dos cursos d’água e do próprio Lago. Diversas
nascentes desapareceram em função do uso inadequado dos recursos hídricos.
O lago, inclusive, já sofreu um processo de eutrofização que chegou a
impossibilitar seus diversos usos. Altos investimentos foram necessários
para o controle posterior da situação. Mas, felizmente, possibilitaram
assegurar boas condições de balneabilidade em 92% de sua área.
(CODEPLAN, 2009)

Além do problema da ocupação irregular das margens do Lago, outro grande


problema, atualmente, é o assoreamento, que é o processo de carregamento de
resíduos de toda espécie e o acúmulo de sedimentos no fundo do Lago. A perda de
área é bem visível durante o período de estiagem quando é possível notar
claramente o acúmulo de lixo nas margens.
Outro fator a ser observado, é que a redução da área do lago também
acarreta a formação de pontos de água parada, o que aumenta o risco de doenças
como a febre amarela e a dengue. Em alguns pontos a situação é crítica. Nas
pontas do Lago há constante formação de bancos de areia e pequenas ilhas.
Estudos do Ibram estimam que o Lago Paranoá perdeu, desde a época da
sua criação, uma área de aproximadamente 230 campos de futebol por causa das
substâncias que se acumulam no seu leito.
De acordo com a SEMARH (2003), os desmatamentos, tanto das matas
ciliares quanto das demais coberturas vegetais que, naturalmente, protegem os
solos, a exposição dos solos para práticas agrícolas, exploração agropecuária,
mineração ou para ocupações urbanas, em geral acompanhadas de movimentação
de terra e da impermeabilização do solo, abrem caminho para os processos erosivos
e para o transporte de materiais orgânicos e inorgânicos, que são drenados até o
depósito final nos leitos dos cursos d’água e dos lagos.
No caso da Bacia do Lago Paranoá, esta ação destruidora tem-se mostrado
crescente, desde a chegada dos primeiros candangos para a construção de Brasília,
em 1957. O resultado dessa ocupação intensiva do território manifesta-se como um
quadro de diversos problemas ambientais, com reflexos visíveis no meio ambiente,
especialmente, na região de desembocadura no Lago Paranoá, reduzindo o espelho
d’água no braço Sul do Lago, onde os detritos se acumulam.
Os impactos das ocupações urbanas e rurais na Bacia do Lago Paranoá
acontecem em decorrência dos desmatamentos ocorridos, acompanhados da
exploração de cascalheiras, exposição e degradação dos solos, movimentações de
terra e forte urbanização, muitas vezes desprovida das redes de infra-estrutura
adequadas.
Eventos como os assentamentos da Granja do Torto e da Vila Varjão, áreas
de maior densidade populacional, nas proximidades da Península Norte, vem
exercendo uma crescente pressão, como também as ocupações das QLs, bem
como dos parcelamentos irregulares no Setor de Mansões do Lago Norte.

Passados quarenta anos do represamento do Lago Paranoá, calcula-se que


o espelho d’água perdeu 2,3 km2 de superfície, área equivalente a 213
campos oficiais de futebol. A análise comparativa das aerofotos de 1964 e
de 1991 revelam que uma área ainda maior, com cerca de 12,7 km2 ao
longo dos tributários do lago, encontra-se assoreada. (SEMARH, 2003)

Foto 6 - Mapa da Região Integrada de Desenvolvimento Fonte:


CODEPLAN/http://www.codeplan.df.gov.br.

Com base nestas informações, percebe-se que a população precisa se


conscientizar das suas responsabilidades para com a natureza, pois uma pequena
ponta de cigarro atirada no chão, em Águas Claras, com a chuva, se juntará a outros
resíduos jogados pela cidade e chegarão ao Lago.
É preciso observar que os setores habitacionais da Candangolândia, Guará,
Setor de Indústria, Lago Sul e Norte, Plano Piloto, Águas Claras e as Colônias
Agrícolas Samambaia e Vicente Pires foram erguidas na área da Bacia do Paranoá.
Dessa forma, tudo o que ocorre nestas áreas tende a precipitar-se para dentro do
Lago, prejudicando sobremaneira a sua preservação.
De acordo com Peregrinelli (2004):
Após 42 anos de existência, a população do Distrito Federal já ultrapassou
os dois milhões de habitantes, comprometendo a sustentabilidade da Bacia
do Lago Paranoá. A velocidade e intensidade do crescimento demográfico,
ameaça a qualidade de vida do brasiliense.

O que se verifica é que em todos esses anos de existência, a população do


Distrito Federal já ultrapassou os 2.000.000 de habitantes. De acordo com o IBGE
(2009), sua população foi estimada em 2.606.885 de habitantes. Isso reflete uma
série de problemas que comprometem a sustentabilidade da Bacia do Lago
Paranoá.
Neste sentido, observa-se a necessidade de se adotarem medidas de ordem
urbanística, ambiental, tecnológica, econômica e cultural, com ampla participação da
sociedade no desenvolvimento sustentável da cidade e na preservação do seu Lago
para as gerações futuras.
O crescente processo de impermeabilização do solo, inevitável com a
ocupação urbana, requer medidas de engenharia ambiental para coletar e
reciclar o volume de águas pluviais e de águas servidas, mediante a
aplicação de processos de infiltração para perenização de mananciais e
recarga de aqüíferos. (SEMARH, 2003)

As redes e galerias de águas pluviais, com lançamentos finais no Lago,


independentemente do uso de dissipadores de energia, contribuem
significativamente para o assoreamento do Lago Paranoá. As bocas-de-lobo,
espalhadas ao longo das vias urbanas, funcionam como captadores, não só das
águas pluviais, mas também de parte do lixo e demais detritos lançados nas ruas,
conduzindo-os diretamente ao lago.
Nesse sentido, a limpeza urbana, a varredura das ruas, a limpeza e
desobstrução das redes e galerias de águas pluviais, além da educação da
população, são fundamentais para o controle do processo de assoreamento do
Lago.
Caso o processo de assoreamento não seja controlado, mediante a adoção
de medidas urgentes de recuperação de áreas degradadas, reflorestamento das
matas ciliares, implantação de sistemas adequados de drenagem, ordenamento e
fiscalização do uso e ocupação do solo, poderá colocar em sério risco a
sustentabilidade do Lago Paranoá, especialmente para as gerações futuras.
(SEMARH, 2003)

2. 4 Atividades de esporte, lazer e turismo

Atividades vinculadas ao turismo demonstram a importância da relação


harmoniosa entre o homem e a natureza, uma vez que o meio ambiente se traduz
como uma grande fonte de objetos de trabalho, fornecedora de riqueza e geração de
uso e consumo, que pode ser entendido como uma transformação do espaço em
função de uma atividade inerente ao meio.
De acordo com informações do IBGE (2009), as maiores potencialidades do
Lago Paranoá estão relacionadas com a prática de esportes, o lazer, a recreação e
o desenvolvimento de atividades voltadas para o turismo, em função da sua beleza e
paisagem.
O surgimento do Lago abriu possibilidades de lazer, recreação, esporte,
turismo, geração de energia e composição paisagística de Brasília e passou
a ser considerado como o maior patrimônio ambiental da cidade.
(PEREGRINELLI, 2004)

O lago possibilita a prática de esportes náuticos como o do velejamento, por


exemplo, um dos melhores programas de fim de semana na capital. Diversos clubes
de recreação situam-se às suas margens, o mesmo acontecendo com restaurantes
e vários pontos turísticos que proporcionam a todos o lazer e descanso merecidos.
(DANNEMANN, 2010)
Foto 7 – Prática de esportes no Lago Paranoá. Fonte:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/10/29/cidades.
A navegação e os esportes náuticos tem grande ênfase no Distrito Federal,
que possui mais de 11 mil embarcações registradas, sendo a terceira maior frota
náutica do país, entretanto, não há em toda a orla do Lago qualquer píer ou marina
públicos.
Dentre os esportes náuticos praticados no Lago, estão a canoagem, o
iatismo, o esqui aquático e também o mergulho. Também é realizada no Lago
Paranoá, desde 1994, a 'Regata JK', disputa com mais de 200 embarcações. (IBGE
2009) Além dessas atividades, é praticada também a pesca amadora em pequena
escala, que permite a captura de acarás, tilápias, carpas, traíras e algumas outras
espécies.
Perigrinelli (2004) realça a necessidade de se promover o uso sustentável das
áreas públicas de lazer e recreação às margens do Lago Paranoá. Para ela, o Lago
possui muitas potencialidades, dentre elas, um importante espaço de lazer, esporte,
turismo, cultura e preservação ambiental para a cidade de Brasília.
Segundo a autora, é preciso que haja uma Política de lazer público para o
Distrito Federal, visando o controle do acesso a áreas às margens do Lago.
Sendo assim, faz-se necessário a implementação de um plano diretor para
sua orla, relacionando seu uso para o lazer, a prática de esportes e
recreação, visando identificar e incrementar suas potencialidades. Esse
mesmo potencial será usado para fomentar o turismo em Brasília de forma
sustentável, buscando a melhoria da qualidade de vida e da qualidade
ambiental na orla do Lago, estratégias para implantar programas que
evidenciem o turismo náutico e, conseqüentemente, traga benefícios para a
comunidade em forma de geração de emprego e renda. (PEREGRINELLI,
2004)

Peregrinelli ressalta ainda que é preciso que se realizem estudos de impacto


ambiental para verificar as ocupações privadas dos espaços públicos de lazer e da
qualidade da água. Com referência às ocupações privadas, as recomendações
foram no sentido de recuperar áreas invadidas, fortalecer os instrumentos de
controle do uso e ocupação do solo e aplicação das resoluções do CONAMA.
Quanto à qualidade da água a autora enfatizou a necessidade de
intensificação da fiscalização de lançamento de esgotos clandestinos, numa ação
integrada entre os gestores de tributários da Bacia do Paranoá e implementação de
um programa de educação ambiental que fiscalize também a prática de esportes e o
turismo.
CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMBARCADA

3.1Passeio no Lago Paranoá - Vegetação, Flora e Unidades de Conservação

Foto 8 - Educação Ambiental Embarcada no Lago Paranoá – fonte: www.semarh.df.gov.br.

O presente estudo possibilitou a aplicação de conteúdo de educação


ambiental à bordo de uma embarcação profissional da Marinha Mercante, no Lago
Paranoá, com recursos didáticos que utilizaram metodologias e tecnologias
inovadoras.A embarcação utilizada possui dois andares, sendo que o primeiro foi
preparado para receber um equipamento multimídia conectado a instrumentos
náuticos.
Em 1997, o Geógrafo Tupac B. Petrillo, especializado em Gestão Ambiental,
Ordenamento Territorial e Educação Ambiental, implantou um projeto de educação
ambiental embarcada, juntando sua formação a uma sala de aula com dois andares
que navegava por um ambiente quase natural em Brasília. . (SEDUMA, 2006)
Do ponto de vista didático, uma aula embarcada desperta a curiosidade dos
alunos, aguçando sua atenção aos conteúdos abordados e encanta professores e
coordenadores pedagógicos. Em um primeiro momento, a aula se dava apenas sob
a forma de explanação verbal, uma palestra alusiva à fauna, flora, tipologia da
ocupação das margens, problemas urbanos do Lago (lixo, esgoto, qualidade da
água, etc.).
Com o decorrer dos anos e o surgimento da demanda e interesse crescentes
por parte das instituições de ensino, elaborou-se um plano de curso metodológico
em educação ambiental, vinculado ao ensino formal e ao PCN (Parâmetros
Curriculares Nacionais), com blocos de conteúdo específico, elaborados conforme a
série e período escolar dos alunos.
Desta forma, os conteúdos abordados em sala de aula foram demonstrados
em forma de aula de campo, e, após a navegação, contando com subsídios para
aproveitamento em sala de aula, como recurso didático, foi montada no barco uma
estação multimídia. Composta por um notebook, conectado a uma TV 29 polegadas,
onde foram apresentados vídeos, fotos, diagramas, mapas, demonstrando os
diversos aspectos do cerrado e do Lago Paranoá.
O estudo propiciou a construção do mapa ambiental do Distrito Federal e do
Lago Paranoá, que revela que sua vegetação de cerrado tem grande diversidade de
clima, de solos e composições biológicas. Existem cerca de 11 biotas (flora + fauna)
que coexistem sem se misturar ou permeando-se em faixas de transição de
fitofisionomias. A sua biodiversidade pode ser comparada à amazônica. No Distrito
Federal, foram identificadas 1.700 espécie de plantas vasculares, somente para a
Área de Proteção Ambiental (APA) DA Bacia São Bartolomeu. (SEDUMA, 2006)
A composição florísticas dos diferentes tipos de vegetação do cerrado é
apenas parcialmente conhecida: são cerca de 2.000 espécies de plantas nativas e
mais de 270 espécies de gramíneas só no Distrito Federal. Muitas das espécies que
ocorrem na área do Distrito Federal são vicariantes, ou seja, ocorrem em mais de
uma fitofisionomias, tais como pombeiro, aroeira, buriti, peroba, carvoeiro, virola,
marmelada, tingui, pau-de-tucano, angico, copaíba, ipê, gomeira, canela, faveiro,
bacupari, frejó, pequi, mutamba, embiruçu e várias outras. . (SEDUMA, 2006)
A flora do DF tem um promissor potencial econômico com espécies
forrageiras, medicinais, alimentícias, corticeiras, taníferas, melíferas, ornamentais e
outras que são fixadoras de nitrogênio, importantes sob o ponto de vista
agronômico.
Conforme mostram as pesquisas, são áreas muito extensas, com certo grau
de ocupação humana, dotadas de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações
humanas. Têm como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

3.2 Fauna e flora do Lago Paranoá

Na parte menos profunda dos lagos encontram-se caniços, acompanhados de


sagitárias, íris amarelas, umbelíferas ou ranúnculos. Em uma zona mais profunda,
convivem espécies submersas e espécies enraizadas de folhas flutuantes,
florescendo fora d’água. Enfim, pode-se ter uma vegetação exclusivamente flutuante
na superfície ou em profundidade.
A fauna lacustre, geralmente tem origem fluvial e pode apresentar variedades,
peixes, mas sua composição é determinada principalmente pelas diferenças do meio
ambiente, como temperatura e salinidade da água, profundidade, correntes e
variações de estiagem. (LAROUSSE, 1998 p. 3472)
No caso do Lago Paranoá, tem uma área de 67,45% do seu território
composto por unidades de conservação, e 35,60% do espaço territorial foi ocupado
por unidades de proteção integral, apresentando diferentes tipos de vegetação:
Nas proximidades da Ponte do Braguetto, por exemplo, há apenas capim.
Mas em algumas áreas, existem espécies como Pindaíba e Buriti,
além de vegetação de mata de galeria. Nas proximidades da Embrapa,
no final da Asa Norte, a margem foi toda recomposta com espécies nativas
Nesse caso, o prejuízo ambiental é
ainda maior”, lembra Mara Moscoso. (SEDUMA, 2006)

Uma das aves mais comuns do lago é o Biguá. São também encontrados
garças, águias-pescadoras, matracas, marrecas-pé-vermelho e marrecas-irerê.
Entre mamíferos há a presença de lontras, capivaras, cuícas-d'água, ratos-d’água,
micos-estrela, gambás-de-orelha-branca e ratos-do-campo. Há também o
Jacaretinga, uma espécie nativa do lago, que prefere as águas mais rasas e com
mais vegetação, e não costuma atacar humanos.
Desde o ano 2000 a pesca é permitida e incentivada no lago após sua
despoluição, onde são extraídos em sua maioria tilápias, espécie não nativa, assim
como o tucunaré e a carpa, esta última introduzida especialmente como limpeza
contra as algas. As espécies nativas são acará, lambari e traíra.
A vegetação, a flora e a fauna remanescentes, portanto, ainda garantem a
preservação de parte da biodiversidade local, embora ameaçada pela proximidade
dos núcleos urbanos e pelo rompimento de parte dos antigos corredores ecológicos.
(SEDUMA, 2006)
O Lago Paranoá é uma natureza maltratada. Nascido pela mão do homem
está sob ameaça por causa da falta de consciência ambiental. Mesmo com 92% da
área em condições de banho, o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
Pastor Jorge Pinheiro (PMDB), está assustado quanto às condições de preservação
da Bacia do Paranoá. ‘‘Não temos o que comemorar. As condições do lago são
muito ruins’’, destacou ontem, durante a abertura da Semana do Meio Ambiente.
O maior inimigo do Lago Paranoá é o assoreamento — acúmulo de terra e
detritos no leito das águas. E o problema não ocorre apenas por causa de
construções irregulares nos 111 quilômetros de margem. A degradação dos rios e
córregos afluentes — Ribeirão do Torto, do Gama, do Riacho Fundo e do Bananal
— está reduzindo a profundidade do lago. Cerca de 2,3 km² da área interna do lago,
o que equivale a 213 campos de futebol, já foram perdidas. Esse índice representa
pouco mais de 6% da área total do Paranoá. (SEDUMA, 2006)

3.3 Unidades de Conservação

Uma Unidade de Conservação ou Área de Proteção Ambiental (APA) é


constituída por terras públicas e privadas. Respeitados os limites constitucionais,
podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade
privada.
No Distrito Federal há 67 unidades de conservação, o que significa que
46% de seu território é preservado. Deles, apenas 11 estão abertos ao
público. O Lago Sul está inserido em duas Áreas de Proteção Ambiental (APA), a
APA Gama Cabeça de Veado e a APA do Lago Paranoá, abrangendo parques
ecológicos e unidades de conservação. São eles:
Parque Ecológico do Anfiteatro Natural do Lago Sul (QL12/14); Parque
Garça Branca (QL16/18); Santuário Ecológico Canjerana (QI23/25); Parque
das Copaíbas (Ql26/28); Parque do Rasgado (QI27/29); Parque da Ermida
(QL30); Parque Península Sul (QL12); Arie do Riacho Fundo (QL02/04);
Arie do Bosque (QL10); Arie do Cerradão (SMDB12); Arie do Paranoá Sul;
Estações Ecológicas do Jardim Botânico; Reserva Ecológica do IBGE; e
Fazenda Água Limpa da UnB — estes três últimos compõem a Área Núcleo
da Reserva da Biosfera do Cerrado (Unesco). A vegetação é constituída de
áreas de cerrado (cerrado stricto e sensu), campo sujo, campo limpo,
campo de murunduns, vereda e mata de galeria. . (SEDUMA, 2006)

De acordo com o Ibram, na Bacia do Lago Paranoá estão inseridas,


completamente, as APAs das Bacias do Gama e Cabeça de Veado e do Lago
Paranoá. Pequenas áreas das APAs do Rio Descoberto, do Rio São Bartolomeu e
de Cafuringa se fazem presentes nas bordas da porção Norte da bacia. Fazem parte
daquelas APAs diversas categorias de unidades de conservação.
Após a fixação da Vila Paranoá, a área do antigo acampamento tornou-se um
parque ecológico, aprovado pelo Conselho de Arquitetura, Urbanismo e Meio
Ambiente (CAUMA) em 3/6/92. O objetivo dessa área do parque é preservar a
vegetação da antiga Vila, árvores frutíferas plantadas pelas famílias e as edificações
remanescentes como memória do antigo espaço.
O Parque Vivencial do Paranoá é um marco histórico para a memória daquele
núcleo pioneiro e sua preservação e valorização, como testemunho da construção
de Brasília, partiu de reivindicação da comunidade que vivenciou esse período da
história da capital.

3.4 O Parque Ecológico Dom Bosco

É um parque localizado às margens do Lago Paranoá, no Lago Sul, Distrito


Federal. Possui área de 131 hectares, com fauna e flora típicas do cerrado. Oferece
trilha de cerca de 2 km, com certo grau de dificuldade, pelo relevo acidentado.
Possui ainda local próprio para banho no Lago. Do local, tem-se uma vista
panorâmica da área central de Brasília e do Palácio da Alvorada.
Abriga a Ermida Dom Bosco, monumento em homenagem ao padre João
Belchior Bosco, que teria sonhado com o surgimento da capital; além de uma
capelinha. Na parte inferior, há um anfiteatro a céu aberto com capacidade para 10
mil pessoas, cujo horário de funcionamento é das 6 às 22 horas, diariamente.
Tradicional ponto turístico de Brasília, a Ermida Dom Bosco foi construída
em 1957 e é o primeiro templo religioso erguido de forma definitiva na nova
capital. Projetada por Oscar Niemeyer, está localizada na QI 29 do Lago
Sul, em um dos locais com melhor vista panorâmica do Plano Piloto. O
monumento homenageia o padre italiano João Belchior Bosco, que sonhou
existir entre os paralelos 15º e 20° uma terra em que leite e mel corriam em
grande abundância. (SEDUMA, 2006)
Um dos pontos mais procurados pelos brasilienses em dias de sol, a Ermida
Dom Bosco chama atenção pela beleza da paisagem no fim do Lago Sul, mas falta
estrutura para os visitantes. Quem passa o dia por lá não tem acesso aos banheiros,
que ficam próximos à margem do Lago Paranoá, pois eles foram construídos há dois
anos e nunca foram abertos aos visitantes.
A população reclama que a construção está abandonada e está toda pichada
e rodeada por mato. Há cabines para homens, mulheres e portadores de
necessidades especiais. Mas todas ficam trancadas. “O banheiro para deficientes
físicos não tem nem trinco na porta.”
“O jeito é ir no mato”, diz o auxiliar de cozinha Adilson Rodrigues, 25 anos,
frequentador assíduo do parque. “Acho que fizeram os banheiros só como
enfeite, porque ninguém usa. Não adianta só construir e depois deixar
fechado. Devia ter alguém para cuidar.” A dona de casa Luiza Mesquita, 45
anos, deixou Samambaia para visitar a Ermida Dom Bosco no fim de
semana com os três filhos, o genro, a nora e o neto. A turma levou lanche,
fez um churrasco, mas na hora de ir ao banheiro, deu de cara com a porta
trancada. “Nem caí na água, estou aqui me segurando”, comentou. Luiza
reclamou do mau cheiro na área atrás do banheiro. “Não aguento nem
chegar perto”. (CORREIO BRAZILIENSE, 2009)

De acordo com a Administração Regional do Lago Sul, quem construiu o


banheiro, a pedido dos visitantes, foi a administração em parceria com o Instituto
Israel Pinheiro, que fica ao lado da Ermida. Os funcionários da guarita da Ermida
afirmam que nunca tiveram as chaves. A administração regional informou que é um
padre do Instituto Israel Pinheiro que ajuda o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) a
tomar conta do parque e fica com as chaves do banheiro.
Destaca-se aqui a importância de se dar condições para a população usufruir
das dependências dos bens públicos e ter o direito de passar um dia de lazer com
sua família em um ambiente confortável, com recursos suficientes. De acordo com a
Administração Regional do Lago Sul, não há recursos para nenhum parque do Lago
Sul e Lago Norte, pois a prioridade é dada aos parques situados em áreas mais
populosas e menos nobres: Gama, Brazlândia, Planaltina, Taguatinga, Samambaia,
Águas Claras e Olhos D’Água, na Asa Norte.

3.5 Navegação pelo Lago Paranoá

As atividades realizadas no decorrer deste estudo foram desenvolvidas com a


mediação da empresa Navegatour – Turismo, Comércio e Navegação Ltda., cujo
contrato social contempla as atividades descritas em sua razão social e também a
atuação em conteúdos de gestão ambiental e educação ambiental. Todo o escopo
da segurança operacional, assim como responsabilidade técnica pelos
procedimentos didáticos, estão devidamente calçados nos conselhos regionais
pertinentes e instâncias governamentais necessárias.
A empresa possui as responsabilidades administrativa, jurídica, civil e penal
decorrente da atividade de transporte naval, assim como segue toda a normatização
de controle de resíduos gerados, conforme determina a ANVISA, contando a
embarcação com Estação de Tratamento de Esgoto e um Plano de Gerenciamento
de Resíduos, conforme normas nacionais e internacionais.
O estudo aqui apresentado possui assessoria técnica, com orientação,
treinamento e capacitação em educação ambiental, com estacionamento interno e
acesso especial para ônibus, segurança interna, acesso coberto no trajeto
estacionamento-píer de embarque (120 metros), e condições de acessibilidade a
portadores de necessidades especiais. (ASBAC)
O estudo procurou fornecer a maior gama possível de conhecimentos em
Educação Ambiental, não somente em caráter didático e técnico, mas também
levando os alunos à reflexão sobre a responsabilidade social em seu contexto, bem
como a necessidade e as principais formas de preservação, recuperação e
reabilitação ambientais. (FRANÇA, 2009 p. 69)
A empresa Turismo, Comércio e Navegação Ltda (Navegatour) trabalha há
nove anos com um projeto de Educação Ambiental, com escolas particulares, que
arcam com um desembolso médio por aluno, na matriz de custo do projeto está
inserido o financiamento de escolas públicas, na proporção de 1:10, ou seja, a cada
10(dez) turmas atendidas, indistintamente, ou a cada bloco de escola particular que
encaminhar 10(dez) turmas ao projeto, estará financiado o acesso de uma turma da
rede pública.
A turma da escola pública que realizou este passeio no Lago Paranoá foi
contemplada e teve acesso totalmente custeado pelo projeto, incluindo transporte da
escola até o barco, processo didático, navegação, lanche a bordo e retorno à escola.
Partiu-se do cais do Bay Park Hotel, localizado no Setor de Hotéis e Turismo
Norte, próximo à Vila Planalto. Navegou-se por cinco rotas temáticas:
Rota Dom Bosco: nessa rota, a visitação dos atrativos da orla, abre um link
com o sonho de Dom Bosco registrado no dia 30 de agosto de 1883. O passeio
contemplou lugares como a Barragem do Paranoá, o Convento das Carmelitas, o
Mosteiro de São Bento e a Terceira Ponte. Além desses foi possível observar o
Setor Habitacional Dom Bosco, que apresenta características naturais
extraordinárias para proteção e recuperação da vegetação as margens do Lago, na
qual se encontra o monumento da Ermida Dom Bosco.
Houve explicação de conteúdos referentes ao funcionamento da natureza,
lembrando sempre que o ser humano é parte integrante e indissociável dela, bem
como explicação referente à ação transformadora do homem sobre a natureza.
Explicou-se ainda que um fator decisivo para a escolha do local para a
pesquisa foi a história da construção da barragem que formou o Lago Paranoá. Na
época, buscava-se superar os problemas das cidades sem planejamento, baseando
a seleção do sítio em fatores econômicos e científicos, bem como nas condições do
clima e na beleza do lugar.
Navegando nas águas represadas do Lago Paranoá podem-se visitar vários
atrativos como clubes, muitas mansões, afloramentos de rochas e muitos outros
atrativos. Dentre tantos atrativos destaca-se também a casa da Dinda, que marcou
época no Governo Collor de Melo e a casa do colecionador de armas que chama
muita atenção pela inusitalidade. “Piscinão do Lago Norte”, uma das áreas de maior
acessibilidade a população do DF.
A navegação objetiva despertar para a consciência da conservação e
preservação de atributos naturais junto às áreas urbanas, com finalidade
educacional, recreativa e científica. Brasília visitada desse ângulo possibilita a
descoberta de muitas curiosidades, verdadeiros tesouros guardados a espera de
serem desvendados. É um encontro com a história da ocupação do Lago e da
criação da cidade. Também é uma oportunidade para admirar as atividades
esportivas, lanchas concentradas em passeios como se tudo estivesse preparado
para impressionar e encher os olhos do visitante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatou-se neste estudo que é necessário um esforço da comunidade em


preservar os recursos ambientais do Lago Paranoá, bem como da cidade como um
todo, que englobam a conservação dos recursos hídricos, da paisagem, da
biodiversidade, da fauna e da flora, da proteção do solo para o bem-estar das
populações humanas e da vida em geral.
Também é preciso que as pessoas conheçam os impactos negativos que
suas ações causam diretamente ao meio ambiente, pois eles são, na maioria das
vezes, irreversíveis, tanto para a natureza quanto para a população que sofre com
seus efeitos.
O Lago Paranoá, em Brasília, apesar de apresentar uma beleza inigualável,
também apresenta problemas ambientais derivados das ações depredatórias do
homem, como o lixo, as construções irregulares e o desmatamento de suas
margens, matando a vegetação nativa, destruindo fauna e flora e causando
assoreamento.
Percebe-se que todas as áreas em torno do Lago Paranoá estão sofrendo
mudanças causadas pelo homem: perda da vegetação, solo exposto e ocupação
irregular. Com isso, vem o assoreamento. A terra que é trazida pelas águas das
chuvas e pelos afluentes do lago carrega sedimentos que vão se depositar no fundo
ou nas margens do Lago, especialmente na ponta sul.
Os aguapés também tomam conta da superfície, sinal de muitos nutrientes na
água. Além disso, em excesso, as plantas aquáticas também causam desequilíbrio.
Segundo o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), para conter o assoreamento é
preciso que seja feita uma dragagem, uma limpeza no fundo do Lago. Mas é preciso
educação e consciência ambiental.
Neste sentido, observa-se a necessidade da criação de novas formas de
tratamento dos detritos humanos. Além disso, é preciso que se tomem atitudes no
sentido de não jogar lixo, não desmatar e não promover queimadas na orla. Todas
essas ações podem provocar o assoreamento do Lago Paranoá.
A Educação Ambiental Embarcada desenvolve o senso crítico e oferece
oportunidades para a discussão de medidas que podem ser tomadas pelos alunos,
pela escola e pela comunidade visando a recuperação e a preservação da natureza.
Assim, eles terão a noção das diferenças existentes entre ambientes
preservados e degradados, pois a visita a áreas de conservação mostra cuidados
para com as plantas e animais, enquanto as áreas poluídas e ocupadas
irregularmente denotam as causas e conseqüências da ação negativa do homem
sobre o meio.
Neste sentido, os conhecimentos adquiridos pelos alunos na aula embarcada
se unem aos estudos em sala de aula, dando margem a novos conhecimentos e
atitudes que os levem a promover ações positivas em relação ao meio ambiente e
também se tornar multiplicadores dessas ações.
É importante que eles tenham noções sobre o manejo e a conservação da
água, do lixo, do solo, e também aprendam sobre reciclagem, pois alguns resíduos
demoram anos para se decompor, no entanto, podem ser reutilizados, evitando que
vão parar no fundo dos rios e lagos.
O professor precisa ser criativo no momento de aplicar conteúdos de
Educação Ambiental, unindo esse tema transversal a outras disciplinas, mostrando
novas formas de se ensinar e de se adquirir conhecimentos.
Neste sentido, vale ressaltar que o professor também precisa aprender, se
atualizar, pois as demandas do ensino exigem que os profissionais da educação
acompanhem o processo de globalização e as necessidades ambientais casa vez
mais gritantes.
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