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Capitulo 2
♥
“Acho que dentre os três anos que conheço a Elna nunca a vi
tão irritada quanto hoje cedo, “a reunião com os taverneiros e
comerciantes de merda” nas palavras dela. Ocorreram hoje de
manhã por causa da taxa exorbitante que um dos nobres da
cidade havia posto sobre os vinhos que vinham de Andorra,
óbvio que para a gente eles taxam as melhores coisas, estava
ao ponto de explodir ou até pior... mas algo curioso aconteceu
nessa semana, logo após ela deixar a cidade, algumas tavernas
foram isentas de pagar a taxa e a nossa caravana também dado
o reconhecimento que somos “a maior caravana da cidade de
forma que atraímos mais e mais pessoas para o crescimento da
mesma” como disse o enunciado desse nobre de merda mas o
fato curioso não era apenas sobre isso e sim que um dia depois
ele apareceu morto, encostado em um canto da rua com
diversas taças em volta do corpo, todas cheias com o próprio
sangue, um corte limpo no pescoço... isso com toda certeza foi
um aviso para o próximo que fizer algo parecido, Padaleck diz
que esse é o preço que se cobra por aqui, independente de
quem seja”
Virando na rua que levava da forja até a praça, Varis
guardava novamente o diário em sua bolsa para prestar mais
atenção no caminho e nas pessoas em sua volta, tentava ouvir
o máximo que podia sobre as teorias que estavam circulando
na boca dos plebeus sobre a noite anterior, algumas eram
sobre o castigo divino dos Deuses do Olimpo sobre a raça dos
hadelianos e que ele seria apenas o começo, outras que ele
dormia com a mulher de algum nobre poderoso e teve o que
merecia. Nada que aparentasse ser verdadeiramente útil de
alguma forma apenas algo que o traria mais dificuldades se
não encontrasse logo pois o torneio de Sabázia em nome de
Atena traria diversos cavaleiros e outras pessoas para
tumultuar ainda mais a cidade, pensando na dor de cabeça que
poderia ter e na fome que estava, continuou seu caminho para
a praça almejando parar para comer algo perto da casa de
Palaios.
O frio que havia feito de manhã parecia querer persistir para
o início da tarde na forma de um grande temporal, nuvens
carregadas com algumas rajadas de vento que sopravam de
uma ponta a outra faziam com que algumas pessoas que
estavam na praça procurassem abrigo, em volta, comércios de
todos os tipos enfeitavam e chamavam atenção para a praça de
Sabázia, de alfaiates, sapateiros, até uma grande taverna
menos escondida que as outras. Para fugir do clima que estava
cada vez pior, Varis dá uma apertada no passo seguindo pelo
meio da pra praça pensando caso começasse a chover não
seria tão mal entrar em algum estabelecimento por um tempo,
principalmente algum com comida. Ao enxergar um grupo da
guarda da cidade mais a frente, vindo na sua direção, Varis se
lembrou das palavras de Brauk sobre o grupo voltando que
encontraria no caminho, fazendo com que chegasse à
conclusão que estaria indo para o caminho certo, continuou
seguindo na direção do grupo até passar por eles e começar a
contar as ruas até chegar na terceira que de forma curiosa
realmente tinha cheiro de café da manhã como estava escrito
no diário.
Mesmo não sendo no centro da cidade ao redor da praça a
padaria “estrela cadente” parecia tão bem frequentada quanto
as tavernas três ruas abaixo, era grande e com uma bela
vidraça digna de castelos ou catedrais feitas por nobres que
não tinham onde mais enfiar suas moedas, possivelmente
pertencesse a algum.
Varis que por sorte havia conseguido fugir a tempo da
tempestade que agora tomava forma do lado de fora do
estabelecimento, se acomodava em uma mesa perto das
grandes janelas e observava como o clima de Sabázia tinha
tendência a mudar de forma brutal e repentina, sentindo o
cheiro de chuva e distraído com as pesadas gotas que
despencavam dos telhados sobre o chão de pedras da rua que
formavam uma enorme poça, distraído por seus pensamentos
ou talvez pela fome que estava porém o suficiente para não
notar uma pessoa do seu lado, uma jovem garçonete de
cabelos dourados. Com um sorriso simpático, mas automático
em seu rosto, esperando uma deixa para interceptar a atenção
daquele cavaleiro que parecia desligado do mundo a sua volta.
— Sor? — a garçonete aproximava sua mão de forma sutil e
cuidadosa na direção do ombro direito do cavaleiro.
Tocado de volta para a realidade, Varis retorna seu olhar para
dentro da padaria — você por acaso conhece a pessoa que
mora do outro lado da rua? ...
— Sim, ele morreu na noite de ontem pelo o que ouvi...
costumava frequentar muito aqui e adorava nossas tortas de
maça, ouvi também que foi algo horrível a forma que morreu,
não teria coragem de olhar para ele nesse estado... não íamos
abrir hoje por ordem do dono em forma de luto, ele também é
um hadeliano mas disse que seria pior se ficasse sozinho hoje
e pediu pra estendermos um pouco o horário... mas então, vai
querer alguma coisa ou só veio se abrigar da chuva, sor? —
dizia cada palavra com um certo pesar na voz.
— Vou querer uma torta de maçã e um pouco de cerveja para
acompanhar, acho que essa cidade deu um bom motivo pros
céus chorarem...
Após ter acabado de comer e ainda com o copo em mãos.
Varis deixa suas coisas na mesa e sai para a frente da padaria
que ainda servia de refúgio para algumas pessoas que
esperavam a chuva cessar, dá uma última golada e repousa o
copo em uma mesa vazia perto da saída. Do lado de fora um
frio que faria qualquer cavaleiro tremer por dentro de sua
armadura, Varis não demonstrava nem ao menos
descontentamento pelo clima, para ele aparentava ser mais um
dia normal. Andou poucos metros e não deixou de notar desde
que pois os pés naquela rua a sua forma estreita e que mesmo
após limparem com a ajuda da chuva ainda havias vestígios de
sangue pelo caminho, mostrando o local de origem da morte
de Palaios.
Olhando em direção as janelas da casa no andar de cima,
dava pra notar uma certa movimentação como se tivessem
pessoas andando pelo lugar mas nada que desse para
distinguir estando do lado de fora em meio a chuva, voltando
para o estabelecimento e recolhendo suas coisas.
Varis vai em direção a porta da frente da casa para checar se
estava aberta, tendo sorte de estar destrancada ele entra sem
um pingo de preocupação, ouvindo barulhos vindo do andar
de cima e tentando se familiarizar com o primeiro andar, logo
tentou não fazer ruídos ao andar e por ser proficiente só tentou
ao máximo que sua armadura não fizesse tanto estardalhaço
mas com um certo receio ele proferiu “siopí” enquanto fazia
um movimento de fechar e abrir as mãos e voltou a caminhar
normalmente pelo primeiro andar com seu pensamento em
duas possibilidades, torcia para que sua segunda sugestão
fosse a correta pois não teria mais que procurar pela cidade,
subindo cautelosamente pelas escadas enquanto se esgueirava
para a parede ao lado da porta do quarto no andar de cima,
notou que a mesma estava semiaberta e tentou espiar. Porém
tendo uma grande decepção enquanto olhava para dentro do
quarto, haviam guardas sentados em volta do quarto cantando
e outros dançando com o odor da mais pura negligencia e
despreocupação com uma leve pitada de álcool pelo ambiente,
indignado com o que estava vendo, Varis cerra seus punhos e
diz para si mesmo “não vou mais perder tempo no meio dos
humanos, é inacreditável que todas as merdas que acontecem
por esse mundo têm o dedo de seres tão inferiores, o Rei que
me perdoe mas vou agir do meu jeito...”
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Já dentro do cemitério, com uma imensa escuridão os
cercando devido a pouca iluminação, Varis parecia não
enfrentar problemas para enxergar, já que alguns elfos
nasciam com o dom de enxergar claramente no escuro
absoluto, e por sorte, havia nascido com esse dom. Após uns
minutos de busca para encontrar uma estatua especifica que
constava em suas anotações, Varis para de frente a uma
grande estatua de um anjo sem o braço esquerdo, anda umas
três lápides para a direita, e por fim, para em uma cova sem
lápide. Determinado que havia encontrado, esboça um sorriso
e diz com toda satisfação " é aqui, Drasro!".
— Senhor, por que o hadeliano é tão importante? — disse
Drasro agachando sobre a terra e enterrando sua mão sobre ela
para escavar.
— Todos os assassinatos foram direcionados a nobres ou a
alguém importante, é quase impossível entrar e fazer o que
estamos fazendo agora sem sermos vistos, e além disso não
foram muitos, alguns foram até discretos, poucos tinham
alguma pista que desse um norte especifico. Mas esse,
olhando o diário e vendo que ele confirma nossas suspeitas.
Se acreditamos que Momo está na cidade, ela foi descuidada...
— enquanto falava com Drasro, Varis que por sua vez,
gesticulava graciosamente com uma de suas mãos sobre o ar
formando símbolos com seus dedos, até sussurrar as exatas
palavras de forma que só ele pode escutar "fos", e logo após
isso, uma energia luminosa se formou em cima da palma de
sua mão com o formato semelhante a uma mini estrela
incandescente, como se ele tivesse por alguns segundos
voltado no tempo e a roubado das noites mais estreladas que
havia vivido em toda sua vida, iluminando completamente o
ambiente em sua volta fazendo com que a alguns metros dali
um dos guardas soltasse uma grande exclamação.