Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
C ENTRO DE T ECNOLOGIA
P ROGRAMA DE P ÓS -G RADUAÇÃO EM E NGENHARIA E LÉTRICA E
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DE C OMPUTAÇÃO
Primeiramente à Deus.
Aos meus pais, Geraldo Gomes de Oliveira Filho e Ana Pereira Araújo de Oliveira.
Aos meus colegas do LEIER, Denis Alves, José Raimundo, Thales Queiroz e Sâmara Paiva.
Aos professores da banca, Carlos Eduardo Trabuco Dórea, Euzeli Cipriano Dos Santos, Thiago
de Oliveira Alves Rocha,
Aos amigos que fiz durante a graduação na UFRN, Dênnyson Eliseu, Fellipe Augusto, José
Raimundo, Wellerson Viana.
Aos amigos que fiz no ensino médio na escola Contemporâneo, Ayrton Bruno, Ederson Levi,
Fabrizio Oliviero, Felipe Ferreira, Gustavo Henrique, João Pedro Ferreira, João Pedro Quirino,
Julio Pontes, Lucas Nathaniel, Pedro Henrique Braga, Raphael Medeiros e Thiago Edwin.
2
Abstract
The growing global energy demand and the increasing social/political concern for the en-
vironment has driven the insertion of renewable energy sources (RESs) in the electrical power
system (EPS), such as photovoltaic systems and wind generation systems. Generally, these
sourcers are inserted in the EPS as distributed generation (DGs) systems in the new matrix
energy model organized by microgrids (MGs). MGs are small-scale networks composed of
sources based on DGs, electrical loads and energy storage systems (ESS). RESs are dependent
on meteorological conditions which make it intermittent and stochastic. To provide the energy
balance of these microgrids, it is necessary to integrate ESSs. Therefore, this work proposes a
cooperative control strategy to regulate the power flow of a DC MG with an interconnected ESS.
The proposed strategy coordinates the voltage control of the DC bus by Interlink CC (ILC) and
by ESS, providing power smoothing. To decouple the control loops from the bus, a Gaussian
inference function is used based on the information of the voltage deviation on the DC bus. The
proposed technique is validated through digital simulations and experimental tests.
3
Sumário
Sumário i
Lista de Simbolos x
1 Introdução 1
1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Organização do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2 Estado da Arte 6
2.1 Microrredes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.1.1 Configurações das Microrredes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.1.2 Classificação das Microrredes Híbridas . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Controle das Microrredes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Controle Cooperativo de Microrredes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3.1 Controle Cooperativo de Microrredes CA . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3.2 Controle Cooperativo de Microrredes CC . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.3 Controle Cooperativo de Microrredes Híbridas . . . . . . . . . . . . . 14
2.4 Inserção de Sistemas de Armazenamento em Microrredes . . . . . . . . . . . . 19
2.4.1 Tipos de Sistemas de Armazenamento de Energia . . . . . . . . . . . . 20
2.5 Métodos de Suavização de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.6 Síntese do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
i
3.4 Fonte de Energia Renovável (FER) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.4.1 Variação de Potência na Forma Degrau . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.4.2 Variação de Potência na Forma Trapezoidal . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.5 Sistema de Armazenamento de Energia (SAE) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.6 Análise de Regime Permanente do Fluxo de Potência da Microrrede . . . . . . 35
3.6.1 Análise de Regime Permanente do Fluxo de Potência entre o Barra-
mento CC e a Rede CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.6.2 Análise do Fluxo de Potência entre Barramento CC e Sistema de Ar-
mazenamento de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.7 Síntese do capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4 Sistema de Controle 38
4.1 Sistema de Controle Aplicado à Microrrede CC . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.2 Controle Aplicado ao Ramo ILC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.2.1 Controle da Tensão do Barramento CC pelo Ramo ILC . . . . . . . . . 40
4.2.2 Controle interno de corrente do ILC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.3 Controle Cooperativo Proposto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.3.1 Controle de Tensão no Barramento CC pelo SAE . . . . . . . . . . . . 45
4.3.2 Controle interno de corrente para o SAE . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.3.3 Fator de Distribuição µ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.4 Síntese do capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5 Plataforma de Simulação 54
5.1 Parâmetros da Microrrede CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
5.1.1 Obtenção dos Parâmetros do SAE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
5.2 Projetos dos controladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.2.1 Controle de tensão do barramento pelo ILC . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.2.2 Controle interno de corrente do ILC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
5.2.3 Controle de tensão no barramento pelo SAE . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.2.4 Controle interno de corrente do SAE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
5.3 Influência de µ nas Respostas dos Controladores . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.3.1 Erro em regime do sistema de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.3.2 Resposta ao Degrau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.3.3 Resposta em Frequência em Malha Fechada . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.3.4 Resposta em frequência para função em malha aberta . . . . . . . . . . 73
5.4 Projeto da Função Gaussiana µ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
5.5 Simulações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.5.1 Variação do tipo Degrau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.5.2 Variação do tipo trapezoidal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
5.5.3 Inicialização do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
5.6 Conclusões do capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6 Resultados experimentais 94
6.1 Cenários operacionais utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
6.1.1 Variação da Corrente de Geração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
6.1.2 Inserção de Carga no Barramento CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.1.3 Inserção de Carga no Ponto de Acoplamento Comum . . . . . . . . . . 98
7 Conclusão 100
7.1 Conclusões Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
7.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
1.1 Potência instalada de FERs a nível mundial entre os anos de 2010 e 2019 (GW). 1
1.2 Matriz energética brasileira entre 2011 e 2019. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
iv
4.1 Diagrama de blocos do controle da microrrede CC. . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.2 Função Gaussiana genérica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.3 Função Gaussiana µ em função dos parâmetros σ, κs e ev . . . . . . . . . . . . 49
viii
ix
Lista de simbolos
xvi
Capítulo 1
Introdução
1000 GW
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Figura 1.1: Potência instalada de FERs a nível mundial entre os anos de 2010 e 2019 (GW).
1
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 2
solar se deve à sua fácil instalação, não sendo necessário um amplo espaço para sua instalação
como as demais formas de energia, como consequência apresenta um menor custo de instalação,
sendo instalada inclusive no lado de baixa tensão da rede de distribuição (Shang; Li; Li, 2018).
No Brasil, a maior parte da geração de energia elétrica é proveniente de usinas hidrelétricas.
De acordo com ANEEL (2018) em 2018, cerca de 64, 57% da energia elétrica produzida no
Brasil era baseada nessa forma de geração. Porém, em geral, as usinas hidrelétricas apresentam
um maior impacto ambiental quando comparadas à usinas eólicas e fotovoltaicas. Além disso,
tais usinas necessitam de um amplo espaço para sua construção, o que provoca consequências
sobre o meio ambiente e sobre os moradores locais (COLITO, 2000). Dessa forma, uma pos-
sibilidade de se garantir o fornecimento de potência com o aumento da demanda observado ao
longo dos anos é a larga utilização de usinas eólicas e fotovoltaicas. Em 2012, a resolução
ANEEL (2012) permitiu ao consumidor gerar sua própria energia elétrica, por meio de FERs
ou co-geração qualificada e fornecer o excedente para a rede de distribuição. Nesse contexto,
a demanda energética futura tende a ser, cada vez mais, atendida por essas novas formas de
energia. Na Figura 1.2 é apresentado o crescimento dessas formas de energia citadas na matriz
energética nacional, de acordo com dados da MME (2020).
Na Figura 1.2 é destacado que em 2011 a energia solar configurava menos que 0, 01% da
matriz energética brasileira, enquanto a eólica compunha 1, 22%. No ano de 2019, observa-se
que a geração solar está em torno de 2, 6%, enquanto que a eólica é responsável por 8, 9% da
geração energética nacional.
As FERs baseadas em energia eólica e fotovoltaica são, geralmente, inseridas no SEP em
sistemas de geração distribuída (SGDs). Sistemas de geração distribuída são definidos como
fontes de geração de baixa potência conectadas próximas aos locais de consumo, minimizando
perdas e gastos relativos a transmissão (Rocha, 2015). Com a inserção de SGDs, surge uma
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 3
nova forma de matriz energética com um maior número de fontes de menor potência, atendendo
consequentemente um menor numero de cargas situadas mais próximas (El-Khattam; Salama,
2004). Esses SGDs podem ser conectados à rede na forma de microrredes (Liu; Wang; Loh,
2011) (Baboli et al., 2014).
As Microrredes são redes elétricas de pequena escala que possuem fontes baseadas em
SGDs, cargas e sistemas de armazenamento de energia (SAEs), e as mesmas podem estar ou
não conectadas à rede elétrica dominante. Em comparação com o modelo energético tradici-
onal, com uma fonte de energia dominante distante dos centros consumidores, as microrredes
apresentam uma série de vantagens, que são i) eliminação das perdas nas linhas de transmissão,
tornando o sistema mais eficiente, ii) maior nível de confiabilidade, pois uma desconexão de
uma das fontes não acarreta em uma queda total do sistema e iii) maior estabilidade devido a
demanda ser distribuída em um maior numero de fontes (Dou et al., 2017).
As microrredes apresentam diferentes configurações e formas de acoplamento (Abdelgawad;
Sood, 2019) (Nejabatkhah; Li, 2015). Dentre as configurações apresentadas na literatura, a mi-
crorrede CC está ganhando destaque devido ao crescimento do número de cargas e fontes dessa
natureza, destaca-se: carros elétricos, FERs baseadas em energia solar, iluminação LED, Siste-
mas de Armazenamento de Energia (SAEs), entre outros (Liu et al., 2019).
Nas microrredes, independente de sua configuração, é necessário fazer o controle e distri-
buição de potência de forma apropriada para garantir seu funcionamento adequado (Xia et al.,
2018). O uso do conceito de controle cooperativo em microrredes vem ganhando destaque.
Entende-se por controle cooperativo quando a coordenação de diferentes reguladores provê um
controle mais eficaz, na qual os elementos do sistema podem, inclusive, desempenhar funções
auxiliares.
1.1 Motivação
Para extrair o máximo de potência disponível pela fonte de energia primária, as FERs ope-
ram no ponto de máxima potência (MPPT, do inglês Maximum Power Point Tracking). En-
tretanto, tais fontes fornecem potência de forma intermitente e estocástica, pois dependem de
condições meteorológicas (Zhou; Francois, 2011). Dessa forma, variações abruptas na irra-
diação solar ou velocidade do vento podem gerar bruscas flutuações de potência prejudiciais
à microrrede. Portanto, é necessário um mecanismo de suavização de potência (Yan; Zhang,
2017). Nessa premissa, trabalhos na literatura são propostos, muitas vezes usando o SAE para
desempenhar essa função (Li; Joos, 2008), (Xu et al., 2012), (Meng; Dragicevic; Guerrero,
2018). O SAE é utilizado em microrredes para prover balanceamento de energia quando existe
algum desbalanço entre a potência gerada/consumida, em especial quando essas microrredes
atuam de forma ilhada (Liu; Wang; Loh, 2011). O uso desse elemento para suavização de
potência condiz com o intuito de maximizar o uso dos equipamentos em microrredes.
Até então, poucos trabalhos unem o conceito de suavização ao de controle cooperativo,
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 4
tratando de forma independente, além disso essa suavização muitas vezes é feita por meio de
filtros e/ou algoritmos de alta complexidade mas ainda assim com poucos graus de liberdade.
1.2 Objetivos
Nesse trabalho é proposta uma técnica de controle cooperativo aplicado a uma microrrede
CC, realizando de forma simultânea o controle da tensão no barramento CC usando o ILC,
(do inglês, interlink CC), e o SAE baseado em uma bateria de chumbo-ácido. Nesse sistema
proposto, o ramo de controle do ILC atua em regime permanente e a malha de controle pelo SAE
atua durante o regime transitório provocado por variações de potência, provendo a suavização
da potência fornecida para à rede e as cargas. Tal estratégia cooperativa deve garantir:
1.3 Contribuições
Dentre as contribuições desse trabalho, destacam-se:
Na Tabela 1.1 são apresentados os trabalhos que foram publicados em anais de congresso
no decorrer do mestrado. O primeiro está diretamente relacionado a este trabalho, os outros
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 5
dois, apesar de se situarem no tema de controle de microrredes, não apresentam relação direta
com esta dissertação.
Estado da Arte
2.1 Microrredes
De uma forma geral, microrredes são redes elétricas de escala reduzida, compostas por uni-
dades geradoras e consumidoras, sistemas de armazenamento de energia e sistema local de con-
trole do fluxo de potência. As microrredes podem operar nos modos conectado e ilhado, o que
aumenta significativamente a sua margem de confiabilidade e estabilidade (Alam; Chakrabarti;
Ghosh, 2019).
6
CAPÍTULO 2. ESTADO DA ARTE 7
BCA
FER
CC = ~ Rede
CA
Carga
FER
CA ~ = CA
=
Carga
=
SAE = CC
Figura 2.1: Diagrama de blocos simplificado de uma microrrede híbrida com acoplamento CA.
Na Figura 2.1 observa-se que a conexão entre fontes CA e o barramento CA são realizadas
utilizando-se de duas etapas de conversão CA-CC e CC-CA, enquanto que fontes CC utilizam
apenas uma etapa de conversão CC-CA. A carga CA pode ser diretamente conectada ao barra-
CAPÍTULO 2. ESTADO DA ARTE 8
mento sem o uso de um conversor, enquanto que a carga CC precisa de um conversor CC-CA
para fazer sua conexão ao BCA.
Em contraste, MH-acoplamento CC conectam os SGDs e os SAEs por meio do ponto de
acoplamento comum no barramento CC (BCC), o ILC realiza a regulação do fluxo de potência
entre os barramentos CC e CA nesse tipo de microrrede. Esse tipo de MH é geralmente empre-
gada quando fontes CC são predominantes. Nessa estrutura, o controle da tensão no barramento
CA e CC, assim como, gerenciamento de potência dos subsistemas, são também necessários.
O diagrama de blocos da estrutura básica da MH-acoplamento CC é apresentado na Figura 2.2.
A conexão entre as fontes CA e o barramento CC é feita por meio de um conversor CA-CC,
enquanto que a conexão entre fontes CC e esse mesmo barramento é realizada por um conver-
sor CC-CC. A carga CC pode ser diretamente conectada ao BCC, diferente da carga CA que
necessita de um conversor CA-CC para fazer essa conexão.
BCC BCA
FER = ILC
CC =
Carga
FER
CA ~ =
CC ~ REDE
CA
= Carga
SAE = CA
Figura 2.2: Diagrama de blocos simplificado de uma microrrede híbrida com acoplamento CC.
BCC BCA
(2011). Em geral, utiliza-se uma estrutura hierárquica composta por três camadas, denominadas
de controles primário, secundário e terciário. O controle primário é composto por controladores
locais, responsáveis pela regulação de tensão/frequência das unidades da microrrede CA, ou
tensão das unidades da microrrede CC. Na camada acima ao controle primário está o controle
secundário, responsável pelo restauro das referências associadas às grandezas controladas na
camada primária. A camada de controle terciária é responsável pelo gerenciamento do fluxo de
potência de toda a rede, coordenando a distribuição de potência entre todas as suas unidades.
De uma forma geral, existe um consenso na utilização de um controle hierárquico de 3 camadas.
No entanto, variantes de formas de gerenciamento têm sido verificadas na literatura (Wang et
al., 2015).
Os SGDs, interconectados às microrredes, através de conversores de potência, podem operar
como fontes controladas de corrente (grid-feeding) ou de tensão (grid-forming) e, dependendo
da sua configuração, podem dar suporte à rede (grid-supporting). Em geral, os SGDs utilizados
em microrredes como fontes controladas de corrente atuam, como despachadores de potência
ativa/reativa, mas não têm a capacidade de operarem desconectados da rede elétrica em uma
operação isolada. Já os SGDs que se comportam como fonte de tensão, além do despacho de
potência ativa/reativa, também permitem o funcionamento no modo isolado. Os que dão suporte
à rede elétrica podem operar como fonte de corrente ou de tensão, mas além do despacho de
potência, contribuem para a manutenção da frequência e tensão do ponto de acoplamento onde
o sistema é conectado (Rocabert et al., 2012).
Os conversores controlados no esquema grid-feeding são projetados para fornecer energia
à rede, considerando a rede elétrica como um barramento infinito. Tais conversores podem ser
representados como uma fonte de corrente ideal conectada à rede. O SGD possui uma alta
impedância de saída e regula as correntes de saída com base na potência fornecida pelo SGD,
no ponto de máxima potência (MPPT, do inglês, Maximum Power Point Tracking) (Barreto,
2013), em sincronismo com o vetor tensão do Ponto de Acoplamento Comum (PAC). Por conta
CAPÍTULO 2. ESTADO DA ARTE 10
disso, são fortemente dependentes de sistemas de identificação do ângulo do vetor tensão tais
como PLL (do inglês, Phased-Locked Loop) (Phipps; Harrison; Duke, 2006).
Por outro lado, os conversores grid-forming podem ser representados como uma fonte de
tensão CA ideal com baixa impedância de saída. Quando o conversor opera no modo fonte
de tensão a frequência e tensão nominais da rede elétrica são usados como referência para o
sistema de controle. Nesse caso, o SGD regula simultaneamente a amplitude do vetor tensão
e o seu ângulo de potência, controlando indiretamente as potências ativas e reativas injetadas
no PAC. A estrutura de controle empregada é implementada em cascata, na qual a malha mais
interna regula as correntes de saída e a mais externa, a tensão do PAC.
Os conversores grid-suporting podem ser representados como uma fonte de corrente CA
ideal controlada em paralelo com alta impedância, ou como uma fonte de tensão CA ideal em
série com baixa impedância. Esses conversores regulam sua corrente / tensão de saída para
manter o valor da frequência da rede e amplitude da tensão da rede próximos aos seus valores
nominais com a ação de controles por decaimento (droop-control) (Cardoso, 2019).
O controle por decaimento consiste em uma técnica de distribuição de potência na camada
de controle primária, bastante utilizada na literatura devido a sua simplicidade de implementa-
ção. Para uma microrrede ou submicrorrede CC utiliza-se a corrente controlada para determinar
a tensão de referência a partir de um ganho determinado pela relação de potência/tensão. Já em
microrredes ou submicrorredes CA, o controle por decaimento apresenta duas curvas caracte-
rísticas. Quando a rede elétrica onde o SGD é conectado possui uma característica indutiva, ou
seja, indutância característica predominantemente indutiva, a frequência é regulada pela potên-
cia ativa (relação P/ω) e a tensão é regulada pela potência reativa (relação Q/V). Para redes com
características resistiva a frequência é regulada pela potência reativa (relação Q/ω) e a tensão
pela potência ativa (relação P/V). Em redes com impedância complexa a frequência e tensão
são reguladas simultaneamente pela potência ativa e pela reativa. (Yoo; Nguyen; Kim, 2020).
As microrredes devem ser dotadas de mecanismos de ilhamento para garantir a estabilidade
e a confiabilidade do sistema de potência (Sahoo; Sinha; Kishore, 2018). A operação de ilha-
mento permite que a microrrede continue operando quando desconectada da rede principal. O
ilhamento pode ocorrer de forma programada, ou decorrente da ocorrência de falhas na micror-
rede ou no barramento principal. No modo ilhado a microrrede deve ser capaz de se autorregular
e atender as demandas das cargas locais com suas fontes de geração (Katiraei; Iravani; Lehn,
2005), (Xu et al., 2013). No modo conectado, a microrrede pode operar despachando potên-
cia para rede principal ou atuando de forma compartilhada. A integração dos SAEs nas MH
contribui para a equalização do balanço energético da rede elétrica, reduzindo a ocorrência de
oscilações, flutuações de tensão e variação de frequência. Além disso, o seu emprego, permite
a transição suave entre os modos de operação conectado e ilhado.
O controle de uma microrrede pode ser centralizado ou distribuído (também chamado de
autônomo). Na primeira forma, as ações de controle são determinadas por um controlador
central que obtém informações em tempo real das variáveis controladas, já para a segunda,
CAPÍTULO 2. ESTADO DA ARTE 11
o controle é feito mais próximo de cada conversor. A vantagem desse último está em não
apresentar dependência de sistemas de comunicação, de modo que pode-se considerá-lo mais
confiável. Além disso, o controle autônomo permite uma expansão da microrrede, que não
seria possível ser feita em um controle centralizado sem que aumentasse a complexidade do
controlador local (Chen; Xu, 2012).
caimento (mais externo) e uma malha de controle de tensão/corrente (mais interno), utilizando
um controlador robusto. O controle secundário utilizado se baseia no protocolo consensus, que
vem se consolidando na literatura como forma de melhor distribuir potência e redefinir o ponto
de operação do sistema (Meng et al., 2015), (Yoo; Nguyen; Kim, 2020).
artigo em questão, tal estratégia se baseia em um controle por decaimento de dois estágios
modificado para distribuição de potência no ILC, na interface entre as submicrorredes CC e
CA. O método de controle proposto utiliza os valores medidos de tensão da submicrorrede
CC e frequência da submicrorrede CA para projetar o controle por decaimento mais externo,
definindo a potência de referência do ILC. Por meio dessa estratégia de controle, as duas submi-
crorredes (CA e CC) podem ser tratadas como uma microrrede unificada, em que a demanda de
potência solicitada pelas cargas pode ser distribuída pelas fontes de energia existentes nessa mi-
crorrede. A nível local, são utilizados controladores PI para o controle de potência ativa/reativa.
Nesse artigo é possível fazer o controle tanto no modo conectado quanto no modo ilhado, assim
como é levada em conta a transição entre os estados. Os conversores operam no modo fonte
de tensão com suporte à rede. No artigo não são abordados desbalanços de energia entre gera-
ção e consumo, pois como o sistema não possui SAEs, tais desbalanços podem comprometer a
operação do sistema, gerando por exemplo, flutuações de tensão no barramento CC.
Mudanças paramétricas em microrredes podem também ocasionar flutuações de tensão. Tais
mudanças podem ser, por exemplo, a alteração do valor de capacitância do barramento CC.
Nesse sentido, Wang et al. (2014) propõem a utilização de um observador de distúrbio não-
linear, o qual consiste em um método de estimação de parâmetros, para auxiliar no controle de
tensão do barramento CC de uma microrrede híbrida. Tal método é descentralizado e o barra-
mento CC pode ser controlado pelo SAE ou pelo conversor CC-CA, em que a submicrorrede
CA auxilia a submicrorrede CC enquanto mantêm a potência e energia balanceadas. Nesse
artigo, esse método auxiliar é coordenado ao controle de tensão no barramento convencional
feito por dois PIs em cascata, um externo para controle de tensão e um interno para controle de
corrente. Isso é feito ao adicionar uma malha de perturbação na entrada do PI mais interno. Os
autores focam apenas no controle local primário, sem utilização de controle secundário. Tam-
bém não é especificado no artigo como é feito o controle de potência. Os conversores operam
no modo fonte de corrente, dessa forma a microrrede não é analisada para a operação isolada.
Embora o uso do controle por decaimento seja bastante utilizado em estratégias decentrali-
zadas de distribuição de potência, devido a sua alta confiabilidade e flexibilidade, essa técnica
apresenta alguns problemas, como: i) equilíbrio entre a precisão do compartilhamento de ener-
gia e a regulação da tensão, ii) a inerente dependência da frequência às cargas, iii) baixo desem-
penho no compartilhamento de cargas não lineares, e iv) susceptibilidade a impedância de linha
(Guerrero; Hang; Uceda, 2008). Baseando-se nessas adversidades, Wang et al. (2015) propõem
uma outra abordagem para o controle coordenado decentralizado de uma MH autônoma com
conversores operando no modo tensão com suporte à rede. Tal abordagem consiste em dividir o
controle de potência em três partes: distribuição de potência local LPS (do inglês, local power
sharing), para o controle individual da rede CC ou CA, distribuição de potência global GPS (do
inglês, global power sharing), para o compartilhamento entre redes CA e CC, e distribuição de
potência armazenada SPS (do inglês, storage power sharing), para a regulação de potência entre
os SAEs distribuídos. Essa divisão tem o objetivo de facilitar o controle de cada submicrorrede
CAPÍTULO 2. ESTADO DA ARTE 16
Operação Validação
Referência Hierárquico Tipo Controle VBCC Comp. de Pot. Secundário Conf. SAE
Ilhado Conec. Sim. Exp.
He, Shi e Sharma √ √ √
Centralizado PI Consensus - Consensus - CA -
(2014)
Simpson-Porco et al. √ √ √ √
Decentralizado PI Decaimento - DAPI CA -
(2015) √ √ √ √
Shafiee et al. (2018) Decentralizado PI Decaimento -√ √ - √ √ CA -√
Chen e Xu (2012) - Decentralizado PI / Decaimento Decaimento - CC
Kakigano, Miura e √ Fuzzy +gain- √ Fuzzy+gain- √ √ √
Decentralizado Decaimento - CC
CAPÍTULO 2. ESTADO DA ARTE
Exp. : Experimental
CAPÍTULO 2. ESTADO DA ARTE 19
A partir da revisão bibliográfica apresentada na Tabela 2.1 nota-se a tendência das micror-
redes apresentarem uma configuração de controle decentralizado. Esse tipo de controle não
depende de comunicação e, portanto, apresenta autonomia. Para o controle da tensão do bar-
ramento CC, em geral, é utilizado o controlador PI devido a sua simplicidade e a conseguir
atender os requisitos de desempenho. Em geral, o controle por decaimento é utilizado para
o compartilhamento de potência entre os SGDs do sistema, com algumas alterações. Quando
a microrrede utiliza uma camada secundária, o método Consensus aparece duas vezes, sendo
assim, o mais usado, porém nessa camada observa-se uma ampla diversidade. A utilização do
SAE apresenta crescimento nos últimos anos, como elemento importante em microrredes, tal
ente pode desempenhar funções de balanceamento de potência em regime, elemento suavizador
de potência, dentre outras funções auxiliares que podem ser desempenhadas.
1
Z
SOC = SOC0 + iSAE dt, (2.1)
Cmax
em que, SOC0 é o estado de carga inicial, Cmax é a capacidade máxima da bateria e iSAE é a
corrente da bateria.
Em geral, a modelagem dos SAEs, baseados em sistemas eletroquímicos, pode ser obtida
por meio de equações diferenciais ou pela sua representação via circuitos elétricos. Segundo
Nikdel et al. (2014), as metodologias empregadas para modelagem dos SAEs eletroquímicos,
podem ser classificadas como:
1. Modelo simples: a bateria é modelada por uma fonte de tensão Vbca com ou sem resistên-
cia interna Rint , possuindo a tensão terminal vt . (Conforme apresentado na Figura 2.4.).
A fonte de tensão e a resistência interna podem ser expressas em função do SOC, com
intuito de aproximar o modelo teórico do comportamento real da bateria. No entanto, a
inserção dessas modificações aumentam a complexidade dos seus modelos. Esse modelo
é aplicado no controle de sistemas de potência ininterruptos,e também em aplicações que
utilizem inversores de tensão (CUN et al., 1996).
rint
vt
Vbca
2. Modelo baseado no circuito equivalente de Thévenin: essa modelagem tem por objetivo
adequar a representação das dinâmicas da bateria no regime transitório. A metodologia
empregada consiste na representação do SAE por meio de uma fonte de tensão ideal, que
CAPÍTULO 2. ESTADO DA ARTE 21
representa a tensão da bateria em circuito aberto Vbca , em série a uma resistência interna
Rint , associada a um capacitor cc em paralelo com uma resistência de amortecimento rc ,
que resulta em uma tensão terminal vt (ver Figura 2.5.). O objetivo da obtenção deste
modelo é aperfeiçoar a resposta dinâmica da bateria, considerando os seus ciclos de carga
e descarga. O referido modelo pode ainda considerar o SOC.
rc
rint
cc +
Vbca vt
-
a)
rse rct
rbulk Zw
cse cct
b)
Figura 2.6: Diagrama elétrico do SAE modelado pela impedância. a) circuito elétrico da bateria.
b) circuito elétrico da impedância interna equivalente.
+ + +
Rsdes
CBAT
+
vt
ibat
c0 - Vtaxa - VSOC
- - ibat -
a) b) c)
Figura 2.7: Diagrama elétrico do SAE modelado pelo tempo de execução. a) taxa de descarga
da bateria. b) determinação do valor do SOC em função da taxa de descarga. c) tensão terminal,
levando-se em conta o SOC.
V (VSOC)
+ +
CBAT
Rsdes
+ ibat
VSOC vt
-
- -
Figura 2.8: Diagrama elétrico do SAE obtido utilizando o modelo de circuitos elétricos combi-
nados.
O modelo apresentado na Figura 2.8 é composto por uma fonte de tensão controlada por
corrente. O circuito do lado direito realiza o controle da fonte de tensão por meio da cor-
rente ibat , a partir do SOC da bateria, modelado pelo capacitor CBAT . A resistência Rsdes
é utilizada para descrever o comportamento de descarga da bateria. O circuito do lado es-
querdo (conectado a tensão VSOC ), segue o mesmo princípio do modelo por impedância,
associada em série com uma resistência interna rint e com duas malhas RC em paralelo.
A malha composta por r1 e c1 modelam o seu comportamento no caso de transitórios
rápidos, enquanto r2 e c2 descrevem os eventos lentos.
6. Modelo genérico: esse modelo utiliza a curva de descarga fornecida pelos fabricantes
para obtenção de um modelo matemático que descreva os comportamentos elétricos do
SAE. Na Figura 2.9 é apresentado o circuito equivalente para esse modelo.
rint
+ .
-
+
ibat
vt
Eq. Vbca
-
Dimensionamento e Modelagem da
Microrrede CC
O interesse em microrredes CC vem aumentando com o tempo devido a grande partes das
FERs e cargas presentes na rede elétrica serem dessa natureza (Lampadas LED, Carros elétri-
cos) (Dragicevic et al., 2014). O uso dessa configuração também se justifica por possuir menos
etapas de conversão, quando comparada à microrrede CA, e desse modo apresentar menor custo
e maior eficiência. Outra vantagem refere-se ao uso de uma estrutura de controle mais simples
sem a necessidade do controle de frequência e de potência reativa, permitindo assim uma dis-
tribuição de potência mais eficiente (Liu et al., 2019).
Para que uma microrrede CC opere de forma adequada é necessário desenvolver um modelo
que represente o seu comportamento dinâmico e permita o dimensionamento dos seus controla-
dores. Neste capitulo é apresentada uma descrição da microrrede CC, seus principais elementos
e a modelagem dinâmica dos sistemas de interconexão das FERs e dos SAES com a micror-
rede. Também são apresentados os modelos matemáticos que descrevem os comportamentos
dinâmicos do fluxo de potência entre o barramento CC e a rede CC, e entre o barramento CC e
o SAE.
27
CAPÍTULO 3. DIMENSIONAMENTO E MODELAGEM DA MICRORREDE CC 28
Essa microrrede é composta por uma bateria, um conversor VSI ponte-H, composto pelas
chaves S1 - S4 , interconectado à rede CC por meio de um filtro do tipo L, com indutância li
e resistência intrínseca ri . Também é utilizado um conversor boost bidirecional em corrente,
para interconexão do SAE com o barramento CC do VSI. O conversor boost é composto pelas
chaves S5 e S6 e pela indutância lb com resistência intrínseca rb , que forma junto a um capaci-
tor cbb , um filtro LC. Além desses componentes, a microrrede CC possui uma FER ligada ao
barramento CC, a qual injeta a corrente iFER no barramento. No ponto de acoplamento comum
PAC está conectada uma carga resistiva rl . A fonte primária é implementada por uma fonte CC,
representada pelo seu circuito equivalente de Thévenin, ou seja, uma fonte de tensão ideal vs
associada em série a uma resistência rs . A carga é alimentada simultaneamente pelo conversor
VSI e pela rede elétrica. A bateria é caracterizada por sua tensão terminal vbat e sua corrente
ibat . A tensão vc é a tensão do barramento CC, a corrente iILC é a corrente que o VSI fornece
para o PAC e vPAC é a tensão do ponto de acoplamento. A corrente is é a corrente fornecida para
a rede elétrica, il é a corrente consumida pelo carga e iSAE é a corrente fornecida pelo boost ao
barramento CC.
li ri iILC
vVSI vPAC
Analisando-se o circuito elétrico da Figura 3.2, pode-se escrever a seguinte equação para
descrever a tensão do PAC:
diILC
vV SI − vPAC = iILC ri + li . (3.1)
dt
Admitindo-se que a tensão vPAC pode ser considerada como uma perturbação a ser compen-
sada pelo controle de corrente é possível redefinir a tensão vV SI como:
1
IILC (s) l
= i . (3.3)
VV0 SI (s) s + ril
i
3.3 Barramento CC
O controle da tensão do barramento CC é essencial para que se alcance o balanceamento
energético da microrrede CC (Khodamoradi et al., 2017). Para que o controle do barramento CC
seja feito de forma apropriada, é necessário desenvolver um modelo matemático que descreve
o seu comportamento dinâmico. Diferentes metodologias podem ser empregadas para obter
o modelo dinâmico do barramento CC. Em geral, ele é implementado por meio de um banco
capacitivo composto por associações de capacitores eletrolíticos. Uma possibilidade que se
aproxima da metologia empregada pelos fabricantes é proposta em Aeloiza et al. (2005) cujo
comportamento dinâmico pode ser descrito pelo circuito elétrico apresentado na Figura 3.3.
lc
cb rd Dz
esr
Figura 3.3: Circuito elétrico que descreve o comportamento dinâmico do capacitor eletrolítico.
No circuito elétrico da Figura 3.3, lc refere-se às perdas indutivas introduzidas pelos termi-
nais do capacitor, cb é a capacitância ideal, rd é a resistência que modela a descarga do capacitor,
esr é a resistência equivalente que descreve as perdas no dielétrico, e o diodo Zener Dz , modela
a tensão de ruptura reversa.
Estudos demonstram que o valor da capacitância ideal cb diminui com o aumento da frequên-
cia de operação, a resistência equivalente esr varia em função da frequência e da temperatura
de operação, e finalmente a resistência shunt rd cresce com o aumento da capacitância, da tem-
peratura e da tensão terminal. As perdas indutivas representadas por lc são pouco dependentes
da temperatura e da frequência, sendo mais influenciadas pela área do capacitor. Além disso,
ela só apresenta valor significativo quando a frequência de operação for superior a 100 kHz.
Nas aplicações em microrredes CC, o modelo do referido capacitor pode ser simplificado com
a desconsideração das perdas indutivas e da tensão de ruptura reversa. Desta forma, o modelo
do capacitor eletrolítico pode ser representado pelo circuito equivalente da Figura 3.4.
CAPÍTULO 3. DIMENSIONAMENTO E MODELAGEM DA MICRORREDE CC 30
cb rd
esr
1
Vc (s) cb
= . (3.5)
Icc (s) 1
s+
rd cb
Genericamente, a tensão do barramento CC pode ser regulada: i) pelo sistema de intercone-
xão, via controle de corrente (configuração fonte de corrente controlada) ou, ii) pela estratégia
do conversor boost que interconecta o SAE ao barramento CC. Diferentemente das soluções
convencionais, neste trabalho é proposto que o controle da tensão do barramento CC seja re-
alizado cooperativamente pelas duas etapas de conversão. Para isso é necessário determinar
a função de transferência que relaciona a corrente do banco capacitivo do barramento CC em
função das correntes do SAE e do ILC. Essa função de transferência pode ser obtida por meio
da análise nodal do barramento CC, o que resulta em:
1
Vc (s) cb
= (1 − D) . (3.7)
ISAE (s) s + r 1c d b
1
Vc (s) cb
= . (3.8)
IV SI (s) s + r 1c
d b
A partir da Equação 3.8 e sabendo que IILC (s)D0 = IV SI (s), é possível obter a seguinte função
de transferência:
1
Vc (s) cb
= D0 , (3.9)
Iilc (s) s + r 1c
d b
iFER
∆ i iger
A fonte de corrente iger representa a corrente fornecida pela FER em regime permanente
operando no ponto de máxima potência. As variações inerentes as FERs são modeladas pela
fonte ∆i , que impõe as variações de correntes que são somados a iger .
No caso de FERs baseadas em geração eólica, as referidas intermitências podem ser pro-
veniente de rajadas de vento. Já no caso da geração solar, as mesmas podem ser decorrentes
de uma mudança brusca de irradiância, provocada pela passagem de uma nuvem ou por um
sombreamento.
Matematicamente, a corrente fornecida pelo FER iFER ao barramento CC pode ser descrita
por:
CAPÍTULO 3. DIMENSIONAMENTO E MODELAGEM DA MICRORREDE CC 32
em que ∆i é a variação de corrente, que neste trabalho é expressa de duas formas, para simular
dois cenários de operação.
em que, Imax é o valor máximo do degrau de corrente, t0 o instante de início do pulso, tn o tempo
final do pulso, e u(t) é a função degrau unitário. A forma de onda da corrente resultante iFER
para um cenário possível é apresentado na Figura 3.6.
iFER(A)
Imax
iger
t0 tn t(s)
Figura 3.6: Corrente imposta pela FER na microrrede CC com variação do tipo degrau.
A forma de onda característica de iFER para esse tipo de transição é apresentada na Figura
3.7.
iFER(A)
Imax
iger
t0 t1 t2 tn t(s)
Figura 3.7: Corrente imposta pela FER na microrrede CC com variação do tipo trapezoidal.
O circuito equivalente da Figura 3.8 possui modelo de segunda ordem, devido as associa-
ções RC em paralelo. Os valores dos componentes do circuito elétrico equivalente podem ser
calculados em função do SOC da bateria, e são dados por:
CAPÍTULO 3. DIMENSIONAMENTO E MODELAGEM DA MICRORREDE CC 34
lb rb iSAE
vbat va
A partir da análise do circuito apresentado na Figura 3.9 é possível obter a seguinte expres-
são no domínio da frequência:
1
lb
ISAE (s) = (Vbat (s) −Va (s)). (3.19)
s + rlbb
Considerando Vbat (s) como uma perturbação a ser compensada pelo controlador de corrente,
é possível obter a seguinte função de transferência:
1
ISAE (s) l
= b rb . (3.20)
Va (s) s + lb
A igualdade representada pela Equação 3.22 pode ser reescrita em função do produto das
tensões pelas correntes locais, o que resulta em:
Vc iger ∼
= VPAC iILC . (3.23)
Vc
iILC = ( )iger . (3.24)
VPAC
Dessa forma, é possível aproximar a corrente no ILC a partir da corrente que é imposta pela
FER.
Conversor CC-CC
Meia ponte
iSAE rb
+
iger vd rd vbat
-
vc
iSAE = ( )iger . (3.28)
vbat
Dessa forma, é possível aproximar a corrente do SAE a partir de quanto de corrente está
sendo imposta pela FER, desconsiderando a rede.
Na microrrede analisada nesse trabalho o fluxo de potência entre o barramento CC e o ILC
é tratado como prioritário, sendo determinante em regime permanente. Durante transitórios, o
fluxo de potência se dá entre o barramento CC e o ILC mais o SAE, com intuito de suavizar
oscilações na potência fornecida para a rede. No próximo capítulo é detalhado como define-se
distribuição de potência nesse caso, para atingir os objetivos de distribuição de potência aqui
explicitados.
Sistema de Controle
Para que uma microrrede CC opere de forma apropriada é necessário que seja empregado
um sistema de controle adequado (Xia et al., 2018). O sistema de controle dos componentes
ativos da microrrede deve ser projetado de acordo com as especificações de operação do sistema,
levando em consideração a sua modelagem. Microrredes CC que possuem FERs conectadas via
conversores de potência, e que também utilizam SAEs, necessitam implementar as seguintes
malhas de controle: i) controle da corrente fornecida à rede, ii) controle da tensão do barramento
CC e iii) controle do SAE. O SAE pode ser utilizado com fins de equilíbrio energético da
microrrede, ou também como elemento suavizador de oscilações de potência. Tais oscilações
podem ser causadas por variações bruscas de geração de energia, por exemplo, as causadas por
rajadas de vento em sistemas eólicos, ou por causa de variações bruscas de cargas.
Nesse sentido, neste trabalho é utilizada uma microrrede CC, que possui um sistema de
geração baseado em FER. Tal sistema utiliza um SAE para suavizar as oscilações de potência
presentes na microrrede. Dessa forma, o sistema de controle utilizado nesse trabalho se divide
basicamente na regulação do conversor VSI conectado à rede e do SAE conectado ao barra-
mento CC do VSI. O controle aplicado ao conversor VSI conectado à rede é do tipo cascata,
onde a regulação da tensão do barramento é a malha mais externa e a regulação da corrente
fornecida a rede é a malha mais interna. Na regulação do SAE também é utilizada uma estru-
tura em cascata, similar a usada no VSI. A diferença da atuação do controle aplicado ao VSI
e ao SAE é que o VSI é responsável pelo fornecimento da potência gerada pelo FER à rede
em condições normais de operação, já o SAE atua durante oscilações da tensão do barramento
CC, com o intuito de suavização de potência. Para definir a correta atuação da regulação da
tensão do barramento CC, por parte do VSI e do SAE, é utilizada uma estrutura de controle
cooperativo para coordenar as ações de cada um desses reguladores.
38
CAPÍTULO 4. SISTEMA DE CONTROLE 39
cargas conectadas nesse ponto. Geralmente, para microrredes com essa configuração, o balanço
de potência é obtido a partir da da regulação da tensão do barramento CC, com a utilização
de uma estrutura de controle em cascata. Na malha mais externa é controlada a tensão no
barramento CC, baseando-se no modelo de impedância do circuito equivalente do barramento,
enquanto na malha interna é regulada a corrente, baseando-se no modelo do filtro utilizado no
ILC (Liu et al., 2019). Nesse trabalho, em ambas as malhas são utilizados reguladores do tipo
PI. Com o intuito de simplificação do sistema estudado, considerada-se que a FER está sempre
operando no MPPT, onde a máxima potência disponível é extraída da fonte primária. O SAE
utilizado é orientado ao acesso para garantir a suavização de transitórios de energia causados
pela variação da potência injetada pela FER, em que também é usada uma estrutura em cascata
com controladores do tipo PI, sendo regulada a tensão do barramento CC e a corrente fornecida
pelo SAE. Como a regulação da tensão do barramento é realizada tanto pelo ILC como pelo
SAE, em um esquema de controle cooperativo, é utilizada uma função de ponderação em cada
uma das malhas baseada em uma função Gaussiana para que não haja competição entre os dois
controladores. Todos os controladores são projetados utilizando o método de posicionamento
de polos (Castrucci; Bittar; Sales, 2011).
Na Figura 4.1 é apresentado o diagrama de blocos do sistema de controle proposto aplicado
à microrrede CC utilizada nesse trabalho. No diagrama de controle apresentado, é observada
a presença de dois ramos de controle para a regulação da tensão do barramento vc . O erro de
tensão ev é ponderado por um fator de distribuição µ, em uma estrutura de controle cooperativo.
Tal fator é uma função do valor de ev e possui dois parâmetros de projeto, que são os valores de
κs e σ. O parâmetro κs configura no limite inferior para o contradomínio dessa função, já σ é a
variância da função que define a sensibilidade da gaussiana a ev . O fator µ pondera a participa-
ção de cada um dos dois ramos no controle da tensão do barramento CC, onde a ponderação no
ramo ILC é feita multiplicando o valor de ev por µ e no ramo SAE pela multiplicação do ev por
(1 − µ).
A malha superior apresentada na Figura 4.1 realiza o controle de tensão pelo ILC, já a malha
inferior está relacionada ao controle de tensão no barramento CC pelo SAE. Cada regulador de
tensão gera a corrente de referência para a unidade a qual o mesmo está relacionado. O regula-
dor do lado do ILC RILC ∗
v (s) gera a corrente de referência para o ramo ILC iILC . A modelagem
do barramento CC é feita analisando-o como carga, porém o VSI fornece energia à rede CC
de modo que esse atua no modo gerador. Por esse motivo, no ramo ILC o sinal de controle
i∗ILC gerado pelo controlador RILC
v é multiplicado por -1. A regulação da corrente iILC é reali-
zada usando o regulador RILC I (s). O projeto desse regulador se baseia no modelo do filtro de
conexão L (Equação 3.3). O regulador do lado da bateria RSAE v (s) gera a corrente de referência
exigida do SAE ISAE ∗ (s). Esse ramo também possui um controle interno de corrente realizada
pelo regulador RSAEI (s), sendo projetado baseando-se no modelo do indutor do conversor bo-
ost (Equação 3.20). Os controladores RSAE ILC
v (s) e Rv (s) são projetados usando a modelo de
impedância equivalente do barramento CC.
CAPÍTULO 4. SISTEMA DE CONTROLE 40
Ramo ILC
.
Controle cooperativo
μev ILC iILC* + ILC 1
μ Rv (s) -1 Σ R I (s) sl b + rb
σ κs iILC
- iILC Barramento CC
vc* +
vc
Σ ev
-
. μ(ev,κs,σ) . Ramo SAE
+
iFER - il + Σ iCC
+
rdp
srdpcb + 1
.
vc
(1-μ)ev iSAE
SAE iSAE* + SAE 1
(1 - μ) Rv (s) Σ RI (s) sl b + rb
-
iSAE
A malha referente ao ILC deve ter atuação predominantemente durante o regime perma-
nente. Na ocorrências de variações da tensão do barramento CC, o fator de ponderação µ di-
minui o peso do ramo ILC, multiplicando ev por um valor menor que 1. A função gaussiana
é implementada de tal forma que quanto maior for o erro de tensão do barramento, mais pró-
ximo de 0 é o valor de µ, e quando não há oscilações, o valor de µ é igual a 1. Dessa forma,
quanto menor o valor de µ, menor é a atuação do regulador RILC v . Como o erro da tensão do
barramento CC é multiplicado por (1 − µ) no ramo do SAE, o SAE tem ação predominante
durante as oscilações da tensão vc . Dessa forma, o SAE auxilia no controle da tensão do barra-
mento garantindo o balanço energético do sistema, absorvendo ou fornecendo energia durante
a ocorrência de oscilações. A operação dos ramos ILC e SAE é definida de forma suave, não a
ocorrendo chaveamentos abruptos da atuação de cada um, mas sim uma atuação ponderada.
kILC
kILC iv
pv s + kILC
RVILC (s) =
pv
, (4.1)
s
em que, kILC ILC
pv e kiv são os ganhos proporcional e integral do controlador, respectivamente. A
função de transferência do sistema em malha fechada HvILC pode ser expressa da seguinte forma:
kILC ILC
pv kiv
s + ILC
ILC
cb k pv
HV (s) = ILC ILC
. (4.2)
k pv
1 k
s2 + + s + iv
cb rd cb cb
O método utilizado para o projeto do controlador RILC
v é o de posicionamento de polos.
ILC
Dessa forma, a influência do zero de Hv é negligenciada. As consequências dessa considera-
ção são: aumento de M p e diminuição do tempo de subida (Franklin; Powell; Emami-Naeini,
2013). O peso dessa simplificação pode ser observada a partir de simulações do sistema em
malha fechada.
O polinômio característico de HvILC pode ser comparado ao polinômio característico gené-
rico de segundo grau A∗ (s):
1
kILC ILC ILC
pv = 2ξv ωn,V cb − , (4.4)
rd
CAPÍTULO 4. SISTEMA DE CONTROLE 42
ILC 2
kiv = ωILC
n,V cb . (4.5)
(− √ ξπ )
Mp = e 1−ξ2 , 0 < ξ < 1. (4.6)
O valor de ξ deve ser utilizado para garantir que o M p máximo seja atendido pode ser obtido
então por:
|ln(M p )|
ξ≥ p . (4.7)
π2 + ln2 (M p )
Da mesma forma, ωn pode ser obtida como função do tempo de estabilização a 2% do valor
final Ts2% , a partir da equação abaixo (Franklin; Powell; Emami-Naeini, 2013).
Portanto,
4
Ts2% = . (4.9)
ξωn
Utilizando a Equação 4.9, têm-se a banda passante do controle da tensão do barramento CC
pelo ramo ILC ωILC
n,V como segue:
4
ωILC
n,V ≥ ILC
, (4.10)
ξILC
v Ts2%,v
Vc,nom
limILC
sup = 2( )iger,nom ,
VPAC,nom
(4.11)
Vc,nom
limILC
in f = −2( )iger,nom ,
VPAC,nom
Na região de saturação, o sinal de saída do integrador do PI continua se elevando em módulo,
mesmo o sinal de controle estando fixo em um valor. A elevação desse sinal pode provocar um
inadequado comportamento quando o sinal de controle não estiver mais saturado. Esse fenô-
meno é conhecido como wind-up e pode deteriorar a resposta transitória. Para solucionar isso, é
implementado o integrador antiwindup que implica na desativação do integrador quando a saída
do controlador é saturada.(Franklin; Powell; Emami-Naeini, 2013). Essa função é aplicada à
todos os controladores utilizados neste trabalho.
• Polo em s = − rlii ;
• Ganho de malha aberta r1i ;
• Constante de tempo τ = rlii .
Como requisitos de controle é necessário que a malha interna tenha atuação mais rápida
que a malha externa, de modo que não imponha nenhum atraso significativo sobre o controle
do ramo ILC (Castrucci; Bittar; Sales, 2011). Dessa forma, os requisitos de projeto para o
controlador de corrente do ILC são feitos baseados no erro nulo para a entrada do tipo degrau,
um tempo de estabilização de ts,2% 10 vezes menor que o da malha externa, e um valor máximo
de sobressinal.
A função de transferência de malha fechada do controle da corrente do ramo ILC HIILC é
dada por:
kILC kiiILC
pi
s + ILC
l i k pi
HIILC = , (4.12)
ri + kILC ILC
pi kii
s2 + s+
li li
em que, kILC ILC são respectivamente os ganhos proporcional e integral do controlador
pi e kii
RILC
I (s).
Da mesma forma que é feito para RVILC , faz-se a comparação do denominador com um
polinômio característico de segundo grau apresentado na equação 4.3. Ao isolar os ganhos do
CAPÍTULO 4. SISTEMA DE CONTROLE 44
controlador, os mesmos podem ser obtidos em função do modelo apresentado na Equação 3.3 e
dos requisitos em malha fechada, tal qual é descrito a seguir:
2
kiiILC = ωILC
n,I li , (4.14)
em que ξILC
i e ωILC
n,I são, respectivamente, o coeficiente de amortecimento e a frequência natural
não amortecida para a malha interna de corrente do ramo do ILC.
Como já abordado, ξ é matematicamente relacionado apenas à M p , já ωn é função de Ts2%
e de ξ. Como no critério adotado é desejado uma resposta 10 vezes mais rápida que a externa,
o valor de ωILC ILC
n,I deve ser pelo menos 10 vezes maior o de ωn,V , caso seja adotado o mesmo M p
para os dois controladores.
inserir oscilações na microrrede. Outra vantagem é que não são utilizados filtros para realizar
a cooperação das duas malhas. Filtros inserem atrasos no sistema e geralmente são utilizados
em controle cooperativo. Além disso a função Gaussiana também apresenta graus de liberdade
para realizar a transição entre as malhas de diferentes formas.
kSAE
kSAE iv
pv (s + kSAE )
RVSAE (s) = iv
, (4.15)
s
em que, kSAE SAE
pv e kiv são, respectivamente, os ganhos proporcional e integral desse PI. A função
de transferência do sistema em malha fechada HVSAE (s) é expressa abaixo.
kSAE SAE
pv kiv
s + SAE
SAE
cb k pv
HV (s) = SAE SAE
. (4.16)
k pv
2
1 kiv
s + + s+
cb rd cb cb
A técnica de controle utilizada é a de posicionamento de polos. Como feito para os outros
projetos de controle até então, o polinômio característico de HVSAE (s) é comparado ao polinômio
característico genérico de segundo grau A∗ (s). Então, isola-se os ganhos dos controladores
como uma função matemática dos parâmetros de desempenho desejados e das características
da planta, conforme expresso abaixo.
1
kSAE SAE SAE
pv = 2ξv ωn,V cb − ; (4.17)
rd
SAE 2
kiv = ωSAE
n,V cb . (4.18)
em que, ξSAE
v e ωSAE
n,V são, respectivamente, o coeficiente de amortecimento e frequência natural
não amortecida, dado o desempenho esperado da função HVSAE .
Para as equações 4.17 e 4.18, cb e rd são conhecidos, o ξSAE
v é obtido a partir do valor de M p
CAPÍTULO 4. SISTEMA DE CONTROLE 46
vc,nom
limSAE
sup = 2( )iger,nom .
vbat,nom
vc,nom (4.19)
limSAE
in f = −2( )iger,nom .
vbat,nom
Para evitar processos de integração desnecessários, que podem resultar na degradação do
desempenho de controle, a função anti-windup é implementada para esse controlador.
Esse ramo é projetado para operar apenas durante eventos transitórios, é desejável então
que atingido o erro de regime nulo esse controle pare de atuar. Entretanto, a entrada do PI ser
zero pode gerar um sinal u constante diferente de zero. Portanto, quando o erro está no entorno
de zero durante um intervalo de tempo considerado suficiente para considerar que o sistema
está em regime permanente, a saída do integrador é zerada por um sinal de controle interno ao
controlador PI, de modo que esse controlador saia do processo e seu sinal de controle seja nulo.
• Polo em s = − rlbb ;
• Ganho de malha aberta de r1b ;
• Constante de tempo τ = rlbb .
Por se tratar de uma malha interna, essa deve apresentar uma dinâmica mais rápida que a
malha externa, de modo que não imponha nenhum atraso significativo sobre o ramo SAE. Tal
atraso poderia ser responsável pela instabilização do controle de tensão. Dada essa conside-
ração, é feito o projeto do controlador baseando-se no erro nulo para entrada degrau, ts,2% 10
vezes menor que o da malha externa e um valor máximo para MP .
Assim como os demais controladores até então projetados, RSAE I (s) pode ser do tipo PI.
Desse modo, a função de transferência de malha fechada do controle do ramo SAE HISAE é
descrita abaixo.
CAPÍTULO 4. SISTEMA DE CONTROLE 47
kSAE kiiSAE
pi
s + SAE
lb k pi
HISAE = , (4.20)
rb + kSAE SAE
pi kii
s2 + s+
lb lb
em que, kSAE SAE são os ganhos proporcional e integral do controlador RSAE .
pi e kii I
Adota-se, nesse ponto, o mesmo projeto de controle utilizado para os outros controladores
ao longo do trabalho, o posicionamento de polos. Assim como é feita a consideração de despre-
zar o efeito do zero no numerador, a influência desse negligenciamento precisa ser observado
por meio de simulações.
Ao comparar o denominador de 4.20 com um polinômio característico de segundo grau
(Equação 4.3) é possível isolar os ganhos do controlador em função dos parâmetros físicos do
indutor do modelo e dos requisitos de desempenho em malha fechada, tal qual é descrito abaixo:
2
kiiSAE = ωSAE
n,I lb , (4.22)
em que, ξSAE
I e ωSAE
n,I são, respectivamente, o coeficiente de amortecimento e a frequência natu-
ral não amortecida para a malha interna de corrente do ramo SAE.
Para tal equação, lb e rb são conhecidos, ξSAE
I é função de M p , e, admitindo o mesmo
requisito de sobressinal para os dois controladores desse ramo, pode-se assumir que ωSAEn,I =
SAE
10ωn,V .
(x − c)2
−
µ = Ae 2σ2 , (4.23)
μ
A
A1
√e
σ x
c
Figura 4.2: Função Gaussiana genérica.
A malha referente ao ILC é ponderada por µ, enquanto que a a malha relacionada ao SAE
é ponderada por (1 − µ). Dessa forma, as ações do ILC e do SAE têm comportamento comple-
mentares. A variável usada para alterar os pesos de cada uma das malhas de controle é o erro
de tensão x = ev , calculado pela diferença entre a tensão de referência e a tensão medida no
barramento CC. Esse valor é utilizado pois, dessa forma, o aumento em módulo dessa grandeza
significa um desbalanceamento momentâneo entre geração e consumo de energia na microrrede.
Além disso, a função deve assumir um valor máximo de A = 1 para que o erro não seja
amplificado na entrada de algum dos controladores. O parâmetro de variância da função é
definido como critério de um valor percentual da tensão nominal para o barramento. Por fim,
o erro nulo consiste na condição de equilíbrio da microrrede controlada, de tal modo que é
nesse ponto essa função deve ser centrada c = 0. Dessa forma, pode-se descrever o fator de
distribuição utilizado pela equação:
e2v
−
µ = e 2σ2 , (4.24)
Quando o erro de tensão é igual a zero (região de regime permanente), ou seja µ = 1, apenas
o ramo ILC atua. Caso algum distúrbio ocorra sobre o sistema, o módulo do erro de tensão vai
aumentar, o que implica na modificação do valor da função µ, resultando em uma diminuição
da participação do ILC enquanto simultaneamente é incrementada a participação do SAE na
regulação do barramento CC.
Entretanto, não é adequado para a microrrede que o valor da função µ assuma valores muito
baixos, de modo que o ILC não entregue um mínimo de potência ao PAC, devido ao valor
baixo de sua corrente. Isso implicaria em uma corrente elevada do SAE. Assim sendo, uma
modificação na função µ é necessária, sendo definido um valor mínimo para µ, denominado κs .
Esse valor de κs é calculado para a função µ para um valor específico de ev , denominado ev,lim ,
a partir desse valor a função é limitada. Dessa forma, a Equação 4.24 pode ser reescrita por:
CAPÍTULO 4. SISTEMA DE CONTROLE 49
e2v
−
µ = e 2σ2 , se ev ≤ ev,lim , (4.25)
µ = κs , se ev > ev,lim .
Na Figura 4.3 é possível observar a função gaussiana como será usada no trabalho.
μ
1
1
√e
.
κs
ev (V)
σ 0 σ
Figura 4.3: Função Gaussiana µ em função dos parâmetros σ, κs e ev
Nota-se que com o aumento do valor de σ há uma diminuição da sensibilidade, o que molda
o formato da função. Em cinza, no gráfico da Figura 4.3, tem-se a região utilizada da gaussiana,
a qual é limitada pelo valor de κs . Quanto maior for o valor de κs , menor é a variação possível
para a função, de forma que limita-se a ação do SAE, além de forçar a atuação do ILC durante
toda a operação.
Esse fator de distribuição é observado nas funções de transferência de ambas as malhas,
tanto em malha aberta quanto em malha fechada. É importante investigar como a tensão do
barramento se comporta para essa configuração, já que para o projeto dos controladores tal
fator foi negligenciado.
Ao analisar a malha de controle da Figura 4.1, têm-se para o ramo ILC (desconsiderando o
ramo SAE) que a tensão do barramento é dada por:
skILC ILC
pv + kiv
rd
(Vc∗ (s) −Vc (s))µ +
s srd cb + 1
(4.26)
rd
(IFER (s) − Il (s) + ISAE (s)) = Vc (s),
srd cb + 1
Assume-se que a malha de controle interno de corrente apresenta uma dinâmica rápida,
o suficiente a ponto de poder ser considerada um ganho unitário, de modo a omiti-la nessa
análise. Sob o ponto de vista da malha em questão, todas as demais correntes somadas na
CAPÍTULO 4. SISTEMA DE CONTROLE 50
entrada da planta (IFER , Il e ISAE ) são consideradas como perturbações a serem compensadas
pelo controlador. Tais correntes são, respectivamente, um distúrbio relacionado à injeção da
geração distribuída na rede, a potência demandada pela carga resistiva, e a influência da malha
de controle referente ao SAE.
ILC (s) para simplificar a notação, repre-
Dessa forma, essa soma de correntes é chamada de Idist
sentando a corrente total de perturbação do controle do ramo ILC. Assim, a equação 4.26, após
manipulações matemáticas, pode ser reescrita por:
Nesse ponto, isola-se Vc (s) na equação, para tornar ele função de sua referência Vc∗ (s), e da
ILC (s), o resultado final é expresso pela seguinte expressão:
perturbação a ele associado Idist
em que :
ILC
µrd (skILC ILC
pv + kiv )
GVc (s) = 2 ILC
, (4.29)
s rd cb + (1 + µrd kILC
pv )s + µrd kiv )
e
rd s
GILC
D (s) = ILC
. (4.30)
rd cb s2 + (1 + µrd cb kILC
pv )s + µrd kiv )
De modo que, a Equação 4.29 representa a função de transferência que relaciona a tensão do
barramento CC com sua referência, em malha fechada pelo ramo ILC. Enquanto que a Equação
4.30 é a função de transferência que relaciona, em malha fechada, a tensão no barramento com
a corrente de perturbação associada, pelo ramo ILC. Em ambas as funções de transferência o
fator µ é considerado.
Similarmente, pode ser feita a dedução da função de transferência para a malha referente ao
SAE a partir da equação:
skSAE SAE
pv + kiv
rd
(Vc∗ (s) −Vc (s))(1 − µ) +
s srd cb + 1
(4.31)
rd
(IFER (s) − Il (s) + IILC (s)) = Vc (s);
srd cb + 1
Novamente é feita a suposição de que a malha interna de corrente é suficientemente rápida
quando comparada à malha externa, a ponto de poder ser tratada como um ganho unitário. As
correntes IFER , Il e IILC são consideradas perturbações a serem compensadas pelo controla-
dor. Essas são: um distúrbio relacionado à injeção de geração distribuída na microrrede CC,
CAPÍTULO 4. SISTEMA DE CONTROLE 51
em que,
(1 − µ)rd (skILC SAE
pv + kiv )
GVSAE (s) = SAE
, (4.34)
c
s2 rd cb + (1 + (1 − µ)rd kSAE
pv )s + (1 − µ)rd kiv )
e
rd s
GSAE
D (s) = 2 SAE
. (4.35)
rd cb s + (1 + (1 − µ)rd cb kSAE
pv )s + (1 − µ)rd kiv )
Para essas expressões, a Equação 4.34 representa a função de transferência que relaciona a
tensão do barramento CC com seu valor de referência pelo ramo SAE. Já a Equação 4.35 é a
função de transferência que relaciona a tensão no barramento CC com a corrente de perturbação
associada pelo ramo SAE. Em ambas as funções, o fator µ é considerado.
Em que:
e
rd s
GD (s) = 2 ILC SAE ILC + (1 − µ)kSAE )
. (4.39)
rd Cb s + [rd (µk pv + (1 − µ)k pv ) + 1]s + rd (µkiv iv
De modo que a Equação 4.38 representa a função de transferência que relaciona a tensão no
barramento CC com seu valor de referência. Já a Equação 4.39 relaciona Vc (s) com a corrente
de perturbação a ele associado. Para a Equação 4.38 percebe-se que µ dá peso aos ganhos dos
controladores referentes ao ILC, enquanto (1 − µ) dá peso aos ganhos dos controladores refe-
rentes ao SAE, na função de transferência final. Desse modo, existe um ganho proporcional e
ganho integral equivalente a distribuição de ambas as malhas quando essas atuam concomitan-
temente.
k pv = µkILC SAE
pv + (1 − µ)k pv , (4.40)
ILC SAE
kiv = µkiv + (1 − µ)kiv . (4.41)
Plataforma de Simulação
54
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 55
Parâmetro Valor
lb 10 mH
rb 0,17 Ω
cb 4700 µF
rd 700 Ω
li 10 mH
ri 0,17 Ω
rl 6Ω
rs 0,5 Ω
vs 310 V
Parâmetro Valor
b0 1, 5780
b1 8, 5270
b2 0, 7808
b3 −1, 8870
b4 −2, 4040
b5 −0, 6490
c0 2, 7710
c1 9, 079
c2 0, 2200
d0 −2423
d1 75, 1400
d2 55
e1 9, 079
e2 0, 218
f0 −1240
f1 9, 5710
f2 3100
Para a aplicação nesse trabalho é desejado que a bateria opere dentro de uma faixa de 20%
< SOC < 80%. Como os parâmetros da bateria variam em função do SOC é definido um
SOC de 50%, com variação de ±10%, pois para esse SOC a bateria está com a metade de seu
carregamento possível (Nikdel et al., 2014). Com a variação de ±10%, os parâmetros da bateria
possuem valores que são apresentados na Tabela 5.3.
Como os valores dos parâmetros apresentados na Tabela 5.3 não possuem larga variação,
considerando a faixa de 40% < SOC < 60%, nesse trabalho os parâmetros da bateria utilizados
consideram um SOC = 50%. Os parâmetros para um SOC 50% são apresentados na Tabela 5.4.
Parâmetro Valor
Vbca 400 V
rint 0,3794 Ω
cc 55 F
rc 0,2496 Ω
cl 3089,6 F
rl 0,2476 Ω
ξSAE
I = ξVSAE = ξILC
I = ξVILC = 0, 707. (5.1)
Desse modo, a banda passante pode ser obtida pela seguinte expressão:
4 1
ωn = . (5.2)
0, 707 ts2%
• O controle interno de corrente deve apresentar ts2% 10 vezes menor que os controle ex-
terno de tensão, tanto no ramo ILC quanto no ramo SAE.
• O controle de tensão do SAE deve apresentar um tempo de estabilização 4 vezes me-
nor que o ILC. A relação entre essas malhas é definida assim para que quando ambas
estiverem atuando a ação do SAE seja predominante.
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 57
O controlador do lado do ILC naturalmente é um filtro passa baixa com a banda menor
quando comparado ao controlador do lado do SAE, o que é apropriado para a aplicação, pois
não é desejado que o ILC atue de forma significante durante oscilações de alta frequência.
A partir da definição de ts2% , para os controladores desse trabalho, têm-se:
ωILC ILC
n,i = 10ωn,v ; (5.3)
ωSAE SAE
n,i = 10ωn,v ; (5.4)
ωSAE ILC
n,v = 4ωn,v ; (5.5)
kILC
pv = 0, 1647. (5.6)
ILC
kiv = 2, 9375. (5.7)
0, 1647(s + 1, 783)
RVILC (s) = , (5.8)
s
A função de transferência de malha fechada da regulação da tensão no barramento por parte
do ILC é dada por:
Mp
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
Ts2%
0
0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
Tempo (s)
Figura 5.1: Resposta ao degrau para função em malha fechada referente ao controle de tensão
pelo ramo ILC.
150
100
Magnitude (dB)
50
-50
-90
Fase (º)
-135
65,7º
-180 -2 -1 0 1 ωg ωb 2 3
10 10 10 10 10 10
Frequência (rad/s)
Figura 5.2: Diagrama de Bode da função de transferência em malha aberta da tensão do barra-
mento pelo ramo ILC.
a margem de ganho desse sistema é infinita. As margens de uma função de transferência estão
relacionadas com a robustez da mesma à variação de parâmetros, de modo que quanto maior a
margem de ganho mais o ganho estático do sistema pode divergir do modelado sem que haja
uma perda considerável de desempenho.
Na Equação 4.11 é apresentado como é definida a saturação do sinal de controle para o
controlador RVILC (s). Considerando os parâmetros da microrrede iger = 10 A, VPAC = 300 V e
VBCC = 600 V, o limite superior do saturador é de limILC ILC
sup = 40 A e o inferior de limin f = −40
A, duas vezes maior que a corrente iILC,nom .
kILC
pi = 3, 365, (5.11)
dada por:
1.2 Mp
0.8
0.6
0.4
0.2
Ts2%
0
0 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050
Tempo (s)
Figura 5.3: resposta ao degrau para a malha fechada referente ao controle interno de corrente
do ramo ILC
Na Figura 5.3 é observado que ts,2% = 0, 0197 s, e M p (%) = 18, 8%. O tempo de assen-
tamento é aproximadamente 10 vezes menor que o tempo de estabilização da malha externa,
dessa forma considera-se que a malha interna não vai inserir atraso na malha de tensão, o qual
poderia instabilizar o controle. O zero de GILC
m f ,I (s), assim como para a malha externa foi des-
prezado no projeto, apresentando um efeito semelhante para essa malha interna, o aumento do
sobressinal e diminuição do tempo de subida.
Por fim, têm-se a análise das curvas de bode apresentadas na Figura 5.4 da função de trans-
ferência em malha aberta GILC
ma,I (s) apresentada abaixo.
50
-50
-90
Fase (º)
-120
66,5º
-150
0 1 2 ωg ωb 3 4
10 10 10 10 10
Frequência (rad/s)
Figura 5.4: Curvas de bode referente ao controle interno de corrente pelo ramo do interlink CC.
kSAE
pv = 0, 663, (5.16)
SAE
kiv = 47. (5.17)
0, 663(s + 71)
RVSAE (s) = (5.18)
s
Em malha fechada, a função de transferência da regulação da tensão no barramento pelo
SAE é dada por:
Mp
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
Ts2%
0
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10
Tempo (s)
Figura 5.5: Resposta ao degrau para a função em malha fechada referente ao controle de tensão
pelo ramo SAE.
A partir da análise do gráfico apresentado na Figura 5.5 nota-se Ts2% = 0, 0489 s M p (%) =
20, 7%. O tempo de estabilização se encontra adequado em um valor 4 vezes menor que o do
controle de tensão pelo ILC. Assim sendo, é garantido que o a malha projetada para o controle
pelo SAE apresente uma dinâmica mais rápida quando ambos estiverem atuando simultane-
amente. O sobressinal, por outro lado, apresenta um valor acima do projetado. Esse valor
pode ser determinado numericamente a partir da derivada da resposta ao degrau no domínio do
tempo, e difere do projetado pelo zero que foi negligenciado no projeto do controlador.
O diagrama de bode apresenta características analisadas para o sistema em malha aberta, tais
quais as margens de ganho e de fase nas frequência de cruzamento de fase e ganho, respectiva-
mente. Assim como a banda passante do sistema, definido pela frequência de corte. A função
de transferência de malha aberta para o controlador e planta do lado do SAE está apresentada
na Equação abaixo, e suas curvas de bode na Figura 5.6.
150
100
Magnitude (dB)
50
-50
-90
Fase (º)
-135
65,6º
-180 -2 -1 0 1 2 ωg ωb 3 4
10 10 10 10 10 10 10
Frequência (rad/s)
Figura 5.6: Curvas de Bode para a função em malha aberta do lado do SAE
ser cruciais para a robustez do sistema à variações assim como à qualidade da dinâmica das
respostas do sistema, valores de MF abaixo de 30o apresentam uma resposta muito oscilatória
por exemplo (Franklin; Powell; Emami-Naeini, 2013).
Na Equação 4.19 é apresentado como é definida a saturação do sinal de controle para o
controlador RVSAE (s). Considerando os parâmetros da microrrede: iger = 10 A, vc = 600 V e
vbat = 400 V o limite superior é definido em 30 A e inferior em −30 A, duas vezes o valor da
corrente nominal do SAE. Além disso, o sinal de controle é zerado quando o erro de tensão é
menor que 1% durante um intervalo de 0,5 segundos.
kSAE
pi = 13, 970, (5.21)
1397(s + 715, 8)
GSAE
m f ,I (s) = (5.24)
s2 + 1414s + 1000000
Os polos e zeros dessa função de transferência estão posicionados em s = −707 ± j707 e
s = −716, respectivamente. Assim sendo, observa-se a resposta ao degrau para essa função
GSAE
m f ,I .
1,4
Mp
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
Ts2%
0
0 0,001 0,002 0,003 0,004 0,005 0,006 0,007 0,008 0,009 0,010
Tempo (s)
Figura 5.7: Resposta ao degrau para a malha fechada referente ao controle interno de corrente
do ramo SAE.
Ao observar-se a Figura 5.7, nota-se que Ts2% = 0, 0049 s e M p (%) = 20, 3%. O tempo de
estabilização dessa malha é 10 vezes mais rápido que a externa, considera-se então que essa
malha não apresenta atraso a malha completa em cascata. Novamente, o sobressinal acima do
projetado se deve ao na função de transferência.
A função de transferência do controlador + planta dessa malha interna está apresentado
abaixo.
1397(s + 715, 8)
GSAE
ma,I (s) = . (5.25)
s(s + 17)
A resposta em frequência do ramo direto é importante para observar se o sistema atende
as margens mínimas para um desempenho satisfatório. Para tal análise, as curvas de bode da
função de malha aberta são apresentadas na Figura 5.8.
Na Figura 5.8 a margem de ganho do sistema é infinita. A margem de fase do sistema é
MF = 65, 7o a uma frequência de cruzamento de ganho ωg = 1540 rad/s. Além disso é possível
observar que a largura de banda do sistema é limitada pela frequência de corte no valor de
ωb = 2080 rad/s. O sistema então pode ser considerado como robusto à variações.
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 65
100
50
-50
-90
-135
65,7º
-180 ωg ωb
0 1 2 3 4 5
10 10 10 10 10 10
Figura 5.8: Curvas de bode para o controle interno de corrente em malha aberta pelo Sistema
de Armazenamento de Energia.
durante a operação da microrrede, desse modo essas análises são consideradas aproximações.
em que:
e
rd s
GD (s) = ILC SAE
. (5.28)
rd cb s2 + [r ILC SAE
d (µk pv + (1 − µ)k pv ) + 1]s + rd (µkiv + (1 − µ)kiv )
Para a Equação 5.27, têm-se o erro em regime Esr (∞) calculado por (Franklin; Powell;
Emami-Naeini, 2013):
A referência de tensão é constante, portanto, pode-se assumir que a entrada R(s) representa
o degrau unitário, dessa forma, têm-se:
1
Esr (∞) = lim s(1 − GVc (s))) . (5.30)
s→0 s
Pode-se reescrever GVc (s) como:
a0 s + b0
GVc (s) = , (5.31)
as2 + bs + c
em que, a0 = rd (µkILC SAE 0 ILC SAE ILC
pv + (1 − µ)k pv ), b = rd (µkiv + (1 − µ)kiv ), a = rd Cb , b = rd (µk pv +
(1 − µ)kSAE ILC SAE
pv ) + 1 e c = rd (µkiv + (1 − µ)kiv ).
O erro de regime então pode ser calculado como:
a0 s + b0
Esr (∞) = lim (1 − ). (5.32)
s→0 as2 + bs + c
Rearranjando-se os termos, têm-se:
as2 + (b − a0 )s + c − b0
Esr (∞) = lim . (5.33)
s→0 as2 + bs + c
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 67
c − b0
Esr (∞) = , (5.34)
c
desse modo:
Conclui-se que, independente do valor de µ, o valor do erro em regime Esr (∞) é igual a zero.
Raciocínio semelhante pode ser aplicado para as malhas individuais, tanto do ILC quanto do
SAE, o que traduz os mesmos resultados.
lim sGVILC
c
R(s) = lim sGVSAE
c
R(s) = 0; (5.37)
s→0 s→0
Sabe-se que idist (s) consiste na diferença entre o distúrbio devido a FER e a corrente relativa
a potência dissipada nas cargas resistivas, representado por: IFER − Il . Considerando que esse
distúrbio é do tipo degrau, o erro de regime permanente Esw (∞) é dado por:
d0s
Esw (∞) = − lim , (5.39)
s→0 ds2 + es + f
Da mesma forma, conclui-se que independente do valor da função µ, para uma entrada do
tipo degrau, o erro em regime devido a perturbação será nulo. O mesmo raciocínio pode ser
aplicado aplicado aos ramos SAE e ILC:
A partir desse resultado, desconsidera-se então o termo relativo à perturbação. Dessa forma
é possível simplificar a Equação 5.26 para:
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 68
As contribuições VcILC (s) e VcSAE (s) na tensão Vc (s) podem ser obtidas desconsiderando o
efeito da perturbação. Dessa forma, tais contribuições podem ser dadas por
1,0
0,5
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6
Tempo (s)
Figura 5.9: Resposta ao degrau unitário da malha de controle de tensão pelo ramo ILC para
diferentes valores de µ.
ressaltar que quanto menor o valor de µ menor é o sinal de µev na entrada de RVILC (s). Para
valores de µ próximos a 0,2 e 0,4 a resposta possui sobressinais iguais a M p (%) = 41, 7%
e M p (%) = 32, 1%, respectivamente. Com o intuito de evitar grandes oscilações, o µ nesse
trabalho é limitado em 0,5.
Do mesmo modo, a resposta de GVSAE
c
ao degrau, conforme é apresentada na Figura 5.10.
1,5 μ=0
= 0,2
= 0,4
= 0,6
= 0,8
1,0
0,5
0
0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
Tempo (s)
Figura 5.10: Resposta ao Degrau unitário da malha de controle do sistema pelo ramo SAE para
diferentes valores de µ.
1,4
μ=0
μ = 0,2
μ = 0,4
1,2 μ = 0,6
μ = 0,8
μ = 1,0
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
Tempo (s)
Figura 5.11: Resposta ao degrau unitário da malha do sistema final (com as duas malhas atuando
simultaneamente) para diferentes valores de µ.
valores de µ, desse modo o sistema final apresenta uma resposta satisfatória, com sobressinais
próximos e uma diferença apenas no tempo de assentamento.
Analisando a Equação 5.27 é possível observar que a função de transferência de malha
fechada GVc (s) possui ganhos que variam em função do fator µ, obtendo-se os seguintes ganhos:
k pv = µkILC SAE
pv + (1 − µ)k pv , (5.45)
ILC SAE
kiv = µkiv + (1 − µ)kiv . (5.46)
μ=0
5 μ = 0,2
μ = 0,4
μ = 0,6
μ = 0,8
0 μ = 1,0
Magnitude (dB)
-5
-10
-15
-20
-25
-30 0 1 2 3
10 10 10 10
Frequência (rad/s)
Figura 5.12: Diagrama de bode de malha fechada do controle pelo ramo ILC em função do fator
µ.
10
μ=0
μ = 0,2
5 μ = 0,4
μ = 0,6
μ = 0,8
μ = 1,0
0
Magnitude (dB)
-5
-10
-15
-20
-25
-30 0 1 2 4
3
10 10 10 10 10
Frequência (rad/s)
Figura 5.13: Diagrama de bode de malha fechada do controle pelo ramo SAE em função do
fator µ.
10
0
Magnitude (dB)
-10
-20
-30
-40 0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
-50 0.4
0 0.2
0.3 µ
10 101
10 2 10 3
0.1
Frequency (rad/s)
Figura 5.14: Diagramas de bodes do ramo ILC e do ramo SAE em malha fechada para diferentes
valores de µ.
Quanto menor o valor de µ, menor é a faixa de frequência a qual o ILC possui resposta
predominante, o contrário é observado para o SAE. Observa-se na Figura 5.14 uma área de
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 73
atuação para o ILC e para o SAE, obtendo a curva de bode de magnitude como função de µ e da
frequência. O encontro entre essas duas áreas forma uma curva que informa a frequência que
divide a preponderância de cada ramo em função do fator µ.
Na Figura 5.15 é apresentada a resposta em frequência da função de transferência em malha
fechada do sistema completo (ILC + SAE) GVc em função de µ.
10
μ=0
5 μ = 0,2
μ = 0,4
μ = 0,6
μ = 0,8
0 μ = 1,0
Magnitude (dB)
-5
-10
-15
-20
-25
-30 0 1 2 3 4
10 10 10 10 10
Frequência (rad/s)
Figura 5.15: Diagrama de bode de malha fechada do sistema completo (ILC + sae) em função
do fator µ.
A partir da análise da Figura 5.15 é possível observar que independente do valor de µ a res-
posta final do sistema não possui elevados picos de ressonância. O máximo pico de ressonância
ocorre em µ = 0, 8 e é de 2, 8 dB. Como para valores de µ mais próximos de zero a frequên-
cia de corte se eleva, o limite inferior de µ = 0, 5 definido anteriormente se mostra adequado.
Frequências de corte elevadas podem resultar em oscilações em regime permanente na tensão
vc .
150
μ=0
μ = 0,2
μ = 0,4
100
Magnitude (dB)
μ = 0,6
μ = 0,8
μ = 1,0
50
-50
-90
Fase (º)
-135
-180 -2 -1 0 1 2 3
10 10 10 10 10 10
Frequência (rad/s)
Figura 5.16: Diagrama de bode em malha aberta do ramo ILC considerando a variação de µ.
μ = 0,4
μ = 0,6
μ = 0,8
50 μ = 1,0
-50
-90
Fase (º)
-135
-180 -2 -1 0 3 4
1 2
10 10 10 10 10 10 10
Frequência (rad/s)
Figura 5.17: Diagrama de bode de malha aberta do ramo SAE considerando a variação de µ.
minimamente aceitável para valores de µ a partir de 0,5. Essa degradação ocorre devido a esse
sistema ter sido projetado para uma situação de µ = 0.
As margens de fase também variam no sistema completo, com os dois ramos atuando si-
multaneamente. Tal comportamento é apresentado na Figura 5.18.
150
μ=0
μ = 0,2
100 μ = 0,4
Magnitude (dB)
μ = 0,6
μ = 0,8
μ = 1,0
50
-50
-90
Fase (º)
-135
-180 -2 -1 0 1 2 3 4
10 10 10 10 10 10 10
Frequência (rad/s)
Nesse caso, é observado que as margens possuem um valor mínimo de MF = 56, 7o , para
µ = 0, 6. Dessa forma a margem de fase do sistema não é comprometida. Além disso, quanto
menor é o valor de µ, maior é a parcela do erro aplicado ao ramo SAE que apresenta margens
maiores para essa condição. O mesmo ocorre para altos valores de µ, que significam uma maior
atuação do ramo ILC, apresentando um desempenho mais satisfatório. A maior atuação do
ramo ILC ocorre devido ao fato de a função gaussiana multiplicar diretamente ev na entrada de
RVILC (s).
e2v
−
µ = e 2σ2 , se ev ≤ evl im . (5.49)
µ = κs , se ev > evl im .
Pelas condições de operação simuladas na seção anterior, o limite inferior de µ = 0, 5 é
adequado. Assim sendo, define-se: κs = 0,5, de modo a priorizar o ILC. Tal limitação impede
um possível desligamento do ILC, o que não é desejável. Esse valor de µ = 0,5 é calculado para
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 76
um desvio de tensão de ev u 14V , de forma que este valor é definido como ev,lim . Além disso,
foi observado que a partir desse fator mínimo o desempenho da bateria passa a ser satisfatório.
Portanto, projeta-se a gaussiana com uma baixa variância σ para que µ seja mais sensível ao erro
ev . Dessa forma o σ é definido como 2% do valor nominal da tensão do barramento CC. O valor
da tensão nominal do barramento CC é 600 V. Assim sendo, têm-se que σ = 12. Apesar disso,
os dois ramos apresentam na saída de seus controladores de tensão limitadores, garantindo que
não ocorram elevadas correntes do SAE e do ILC. A função µ então projetada possui a seguinte
equação:
e2v
−
µ = e 288 , se ev ≤ 14, (5.50)
µ = 0, 5, se ev > 14.
Quando o módulo do erro de tensão é próximo de zero, a atuação do SAE é minima, sendo
predominante a ação do ILC. Isso se dá pelo fato do erro ev ser multiplicado por µ no ramo ILC,
e por (1 − µ) no ramo SAE.
5.5 Simulações
Após os projetos e testes necessários para os controladores e para o fator de distribuição µ é
necessário comparar a resposta do controle cooperativo proposto nesse trabalho com o controle
convencional, sem o uso da bateria para suavização. Usando o software PSIM, a microrrede CC
é simulada com uma variação brusca da corrente fornecida pela FER, comparando-se a resposta
do sistema com a utilização da estratégia de controle convencional (atuação apenas do ILC),
e com a utilização do controle cooperativo (aturação do ILC + SAE). Os testes são feitos em
dois cenários distintos de atuação, com uma variação do tipo degrau e uma do tipo trapezoidal
como dito no capítulo 3. Além desses dois cenários também são apresentados nessa sessão, os
comportamentos das variáveis na inicialização do sistema.
14,5
14,0
13,5
13,0
12,5
iger + ∆i
12,0
11,5
11,0
10,5
10,0
9,5
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
25 Cooperativo
Convencional
20
Regime Transitório
15
10
Regime Permanente
5
ev (V)
-5
-10
-15
Regime Transitório
-20
-25
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
Figura 5.20: Comparação entre o comportamento do erro de tensão para a estratégia convenci-
onal (em azul) e o controle cooperativo proposto (em vermelho).
SAE auxilie o ramo ILC na ocorrência de transitórios corrigindo ev antes que esse assuma um
valor absoluto maior. Outra vantagem observada se dá na transição mais suave (com menos
oscilações) na tensão medida ao se restabelecer novamente no valor de regime, sem perda de
desempenho no tempo de acomodação. De fato, o erro devido a variação ocorrida em iFER no
instante t = 2 s tem módulo |ev | = 23, 62 V para a estratégia convencional, cerca de 3, 94%,
enquanto que o controle cooperativo reduz para |ev | = 13, 24 V, cerca de 2, 21%. Da mesma
forma, o erro devido à mudança ocorrida em iFER no tempo de t = 4 s, provoca um erro |ev | =
22, 71 V, cerca de 3, 78% para o convencional enquanto o cooperativo reduz para |ev | = 13, 03
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 78
V, cerca de 2, 17%. É relevante ressaltar que considera-se que desvios dentro da faixa de 2%
o sistema está controlado, o que significa que sobre o barramento houve um pequeno desvio
dentro de margens aceitáveis.
Independente do uso do controle cooperativo, RVILC (s) consegue controlar a tensão do barra-
mento na presença da perturbação. Outra vantagem do controle cooperativo é o sinal de saída
dos controladores com a mesma característica amena de ev . Tal sinal de controle para o caso do
controle convencional é i∗ILC , e para o cooperativo é essa mesma corrente assim como i∗SAE . A
comparação entre as correntes de referência o ramo ILC é apresentada na Figura 5.21.
30 Cooperativo
Convencional
25
iilc* (A)
20
15
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
Figura 5.21: Comparação entre a corrente de referência para o ILC entre a estratégia de controle
convencional (em azul) e o controle cooperativo proposto (em vermelho).
Assim como é observado na Figura 5.20, na Figura 5.21 percebe-se que, para o mesmo
tempo de acomodação, o controle cooperativo apresenta um comportamento mais comedido,
caracterizado por um menor valor de pico e menos oscilações. Essas características são desejá-
veis à microrrede para manutenção e vida útil de todos seus componentes (cargas, fontes, etc).
No intervalo entre 2 e 3 s, para a estratégia convencional, o valor de pico atingido pelo ILC é
de i∗ILC = 29, 45 A, no instante t = 2, 18 s, seguido por um mínimo local de i∗ILC = 25, 03 A até
praticamente se estabilizar no valor de referência de i∗ILC = 26, 10 A. Ao observar a estratégia
cooperativa, nota-se que o valor de pico é menor (i∗ILC = 26, 98 A), além de ocorrer em um tempo
maior t = 2, 43 s, seguido de pequenas oscilações até se estabilizar no valor de i∗ILC = 26, 10 A.
Nota-se nesse intervalo uma variação ∆i∗ILC = 1, 06 A para o controle cooperativo, enquanto que
o controle convencional apresenta uma variação de ∆i∗ILC = 4, 42 A no mesmo intervalo.
Na mesma figura, observa-se que no intervalo entre 4 e 5 segundos ocorre uma nova al-
teração do valor de i∗ILC , como consequência da variação de iFER . Na estratégia convencio-
nal, é possível notar uma oscilação maior caracterizada pela presença de um vale no valor de
i∗ILC = 15, 42 A em um tempo de t = 4, 18 s, seguido de um máximo local de i∗ILC = 19, 20 A no
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 79
1
isae* (A)
-1
-2
-3
-4
-5
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
Figura 5.22: Corrente de referência da malha interna relativa ao SAE para o controle coopera-
tivo proposto.
Na Figura 5.22 é importante destacar que a corrente de referência negativa indica o sentido
de fluxo de energia do barramento CC para a bateria, assim como uma corrente de referência
positiva indica a injeção de corrente por parte da bateria no barramento CC. No instante t = 2 s
ocorre um aumento abrupto de iFER , nesse instante a corrente de referência da bateria é negativa,
o controle cooperativo proposto direciona a energia excedente proveniente dessa variação para
a bateria. No instante t = 4 s ocorre uma diminuição abrupta da corrente injetada, nesse caso
a bateria supre a energia faltante proveniente da queda instantânea da energia injetada, como
pode ser observado no gráfico por uma corrente de referência positiva. A partir do controle da
tensão ev volta a ser nulo e a participação dessa malha é retirada de forma gradual.
Essa cooperação da malha é influenciada pelo valor da função que pondera o erro em cada
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 80
uma das malhas, o fator µ o qual tem o comportamento temporal apresentado na Figura 5.23.
1
0.95
0.9
0.85
0.8
μ(t)
0.75
0.7
0.65
0.6
0.55
0.5
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
30 iilc*
iilc
25
iilc (A)
20
15
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
Figura 5.24: Corrente de referência e medida para o controle interno de corrente do ILC.
5
iSAE*
4 iSAE
1
isae (A)
-1
-2
-3
-4
-5
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
Figura 5.25: Corrente de referência e medida para o controle interno de corrente do SAE.
Assim como é observado para as demais grandezas comparadas, a tensão no PAC, na estra-
tégia de controle cooperativo, segue a mesma tendência de um comportamento menos abrupto
no transiente quando comparada à estratégia convencional. Porém, na Figura 3.23 é observado
que o pico de tensão no PAC é proporcionalmente menor quando comparado à corrente. Essa
diferença pode ser explicada pelo fato de esse ponto está sendo simultaneamente alimentado
pela FER e pela Rede CC.
Sabe-se que uma microrrede deve apresentar distribuição de potência otimizada e descentra-
lizada. Com o intuito de observar a como a potência está sendo gerenciada na microrrede CC,
é feito um estudo comparativo entre a potência entregue no PAC para a estratégia cooperativa e
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 82
300
Cooperativo
299 Convencional
298
Vpac(V)
297
296
295
294
293
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
a convencional, tal comparação é apresentada na Figura 5.27. Essa potência é calculada a partir
da multiplicação de vPAC por iILC , além disso para melhor observação do gráfico, o resultado
apresentado é filtrado por um filtro de 50 Hz, de modo que apenas o valor médio é apresentado.
9000
8500 Cooperativo
Convencional
8000
7500
PPAC (W)
7000
6500
6000
5500
5000
4500
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
Observa-se que a transição entre dois pontos de operação para a estratégia que utiliza do
controle cooperativo proposto é menos oscilatória, apresenta picos menores, e um tempo de
acomodação semelhante quando comparada ao controle convencional. Ao analisar-se o gráfico
presente na Figura 5.27, percebe-se que a partir da mudança ocorrida no instante t = 2 s, a
oscilação presente na estratégia convencional apresenta um pico de valor PPAC = 8, 522 kW em
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 83
9000
Cooperativo
8500 Convencional
8000
PBCC (W)
7500
7000
6500
6000
5500
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
transição, nota-se que o comportamento cooperativo é menos oscilatório, de fato pode-se reparar
que exibe uma oscilação a menos (assim como também é observado no intervalo analisado
anteriormente), e a variação é menor em torno do valor final. Para a estratégia de controle
convencional, a oscilação é de ∆P = 272 W, pois atinge o valor mínimo de P = 5, 785 kW no
instante t = 4, 10 s, sucedida de um máximo local em t = 4, 37 s no valor de PBCC = 6, 057 kW.
O controle cooperativo apresenta uma variação de ∆P = 140W com um mínimo de P = 5, 874
kW e um máximo local de PBCC = 6, 014 W, muito próximo ao valor de regime.
A variação de potência menor tanto no barramento CC e principalmente no PAC para o
controle cooperativo, se deve ao SAE atuando como ente suavizador devido a função µ que
pondera as duas malhas de controle. Na Figura 5.29 é apresentada a curva referente à potência
na bateria, consequente da variação de corrente aplicada pela FER sobre a microrrede CC, essa
potência é calculada pela multiplicação de iSAE por Vbat .
É notória a semelhança desse gráfico com a corrente exigida pelo SAE apresentado na Fi-
gura 5.22, isso ocorre devido a tensão terminal da bateria estar sempre em um valor muito
próximo da tensão nominal de 400 V, com pequenas variações. No gráfico é possível observar
que o valor de potência máxima, transferida para a bateria, é de Pmax,trans = 1, 634 kW no ins-
tante t = 2, 06 s, a partir disso pode-se calcular, a área aproximada do gráfico entre os instantes
t = 2 e t = 3 s e observa-se que a energia que a bateria absorve é de E u 351 J. Quando é
demandado da bateria que forneça energia, dela é solicitado um valor máximo de potência de
Pmax, f orn = 1, 575 kW no instante t = 4, 05 s, da mesma forma é possível calcular a energia
fornecida aproximada pela área do gráfico E u 370 J.
Baseando-se no estudo efetuado a partir dessa simulação de variações abruptas na potência
gerada, percebe-se que as vantagens do uso do controle cooperativo proposto podem ser ob-
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 85
2000
1500
1000
500
PSAE (W)
-500
-1000
-1500
-2000
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
15
14
13
iger + ∆i (A)
12
11
10
8
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
15
Cooperativo
Convencional
10
5
ev (V)
-5
-10
-15
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
Figura 5.31: Comparação entre o erro de tensão para a variação de potência imposta para o
controle convencional (em azul) e do cooperativo (em vermelho).
nesse caso. Além dessa variável, é observada a corrente de referência no ramo ILC para os dois
casos, conforme pode ser observado na Figura 5.32.
Na Figura 5.32 nota-se, na estratégia cooperativa, a suavização de potência representada
pela amortização do pico observado na estratégia convencional. Tal qual é abordado para o
caso anterior, essa ação de atenuação é consequência da atuação o SAE que absorve/fornece
energia durante os intervalos de transição de potência, como pode ser observada a partir da
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 87
28
Cooperativo
Convencional
26
24
iilc* (A)
22
20
18
16
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
Figura 5.32: Comparação entre a os valores da corrente de referência no ramo ILC para o
controle convencional (em azul) e o cooperativo (em vermelho).
2,0
1,5
1,0
0,5
isae* (A)
-0,5
-1,0
-1,5
-2,0
-2,5
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
Figura 5.33: Corrente de referência da malha interna relativa ao SAE para o controle coopera-
tivo proposto.
1,00
0,95
0,90
μ(t)
0,85
0,80
0,75
0,70
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
O valor mínimo que a função atinge é próximo a µ = 0, 74. No cenário anterior quando
a variação de potência era mais abrupta, essa mesma função assumia um valor de µ = 0, 55,
próximo ao limite inferior κs . Quanto mais abrupta é a variação de potência, maior é o desvio
de tensão observado no barramento CC, e consequentemente, mais se é exigida potência da
bateria a partir da ação dessa função. Desse modo, com o SAE desempenhando a função de
suavizador de potência, observa-se a potência no PAC para o controle convencional e o controle
cooperativo de acordo com os gráficos apresentados na Figura 5.35.
Como pode ser observado na Figura 5.35, a potência quando utiliza-se a estratégia coo-
perativa apresenta um perfil mais ameno, tal qual é concluído para o cenário anterior. O que
distingue as duas condições de operação é que para esse caso é necessária uma menor suaviza-
ção, pois o pico de potência observado é menor. A energia extraída pela bateria utilizada para
amenizar a transição está apresentada na Figura 5.36.
A partir da observação da Figura 5.36, é possível estimar a energia extraída e absorvida
pela bateria nos dois instantes principais de transição de potência. O pico negativo de potência,
observado na bateria (quando o SAE absorve energia) é de PSAE u 670 W entre um intervalo
de tempo de ∆t = 0, 6 s, o que pode ser calculado pela área do gráfico como uma energia de
E u 201 J. No instante seguinte, quando a potência diminui, se tornando necessária a ação da
bateria, o pico de potência observado é de PSAE u 680 W no intervalo de tempo ∆t u 0, 6 s,
dessa forma, têm-se: E u 204 J. A fim de comparação, no cenário anterior a energia fornecida
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 89
8500
Cooperativo
Convencional
8000
7500
7000
PPAC(W)
6500
6000
5500
5000
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
Figura 5.35: Comparação da potência no PAC para a estratégia cooperativa (em vermelho) e a
convencional (em azul).
800
600
400
200
PSAE(W)
-200
-400
-600
-800
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Tempo(s)
energia sobressalente gerada pode ser utilizada para outros fins, como o carregamento de algum
banco de baterias. O caso 1 da Tabela 5.5 refere-se a variação é feita na forma degrau, e o caso
2 na variação na forma de rampa.
Tabela 5.5: Comparação entre o controle cooperativo e convencional para diferentes condições
de operação de operação.
Caso 1 Caso 2
Variável
Convencional Cooperativo Convencional Cooperativo
|ev,max |(V ) 23,62 13,24 10,47 9,45
∆i∗ilc,max (A) 4,42 1,06 1,20 0,50
|i∗SAE,max |(A) - 4,0 - 1,7
|ESAE,max |(J) - 370 - 204
∆PPAC,max (W ) 898 176 372 64
650
600
550
Vc (V)
500
450
400
350
300
0 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Tempo (s)
Figura 5.37: Tensão de referência (em azul) e medida (em vermelho) do barramento CC.
20
0
iilc*(A)
-20
-40
-60
-80
-100
0 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Tempo (s)
Figura 5.38: Corrente de referência (em azul) e medida (em vermelho) no ILC.
Observa-se na corrente medida no ILC um undershoot muito alto apesar do valor de refe-
rência estar saturado no valor positivo de 40 A, isso deve-se ao barramento CC inicialmente
começar com tensão abaixo do valor de referência de modo que naturalmente a corrente flui no
ILC no sentido da rede para o VSI, carregando o capacitor do barramento. Quando esse ele-
mento é carregado, essa corrente assume um valor positivo, direcionando o fluxo do VSI para a
rede, é observado que a convergência ocorre em um instante de t ≈ 0, 14 s.
Na Figura 5.39 é apresentado o comportamento da potência do barramento CC, calculado
pela multiplicação de iFER por VBCC .
Após pequenas variações variações o barramento se estabiliza no valor nominal de 6000 W.
Da mesma forma é apresentada a potência no ponto de acoplamento comum na inicialização do
sistema na Figura 5.40.
A potência do PAC, calculada pela corrente no ILC e tensão no PAC apresenta inicialmente
uma variação alta no valor negativo, determinada pelo sentido da corrente iILC . A potência
flui inicialmente entre a rede e o barramento CC, depois de estabilizado flui no sentido do
barramento CC para a rede, que é a operação em regime permanente dessa microrrede.
CAPÍTULO 5. PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO 92
7000
6000
5000
PBCC (W)
4000
3000
2000
1000
0
0 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Tempo (s)
8000
6000
4000
2000
PPAC (W)
-2000
-4000
-6000
-8000
-10000
0 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Tempo (s)
uma microrrede CC quando comparado ao controle convencional, sem o uso de bateria para
suavização, em especial durante transitórios de energia. Para os testes são simulados dois tipos
de variação.
Capítulo 6
Resultados experimentais
iVSI
+
S7 BCC k1 S1 S2 S3
iFER rf lf rr lr PAC ir vr
Bateria icc
ibat iSAE FER vc
+ r rcc
+
vbat c b lb S8 S4 S5 S6 rdd k2
bb
cf Rede
- rl CA
ll
94
CAPÍTULO 6. RESULTADOS EXPERIMENTAIS 95
Parâmetro Valor
vbat 60 V
lb 10 mH
rb 0,17 Ω
cbb 12,8 µF
VBCC 150 V
cb 4700 µF
rd 700 Ω
rc c 30 Ω
rf 0,127 Ω
lf 3,5 mH
cf 5µ F
rdd 2,5 Ω
rr 0,053 Ω
lr 1,5 mH
rl 0,62 Ω
ll 4,11mH
vs 60 V
150
130
110
0 1,0 2,0 3,0 4,0
Tempo (s)
Figura 6.2: Tensão no barramento CC com e sem o SAE durante variações de geração.
CAPÍTULO 6. RESULTADOS EXPERIMENTAIS 96
De acordo com a Figura 6.2, quando a potência é alterada e o SAE não está habilitado para
atuar de forma cooperativa, é possível observar que as variações na tensão do barramento CC
apresentam um valor de pico de maior amplitude e um perfil mais oscilatório quando compara-
se às variações no momento em que o SAE é acionado, em t = 2 s, quando é inserida a mesma
variação de potência imposta pela FER. Além da tensão no barramento CC, também é ne-
cessário analisar o comportamento da potência no ponto de acoplamento comum, tal qual é
apresentado na Figura 6.3.
800
PPAC (W)
600
400
200
0
1,0 2,0 3,0 4,0
Tempo (s)
Figura 6.3: Potência ativa no ponto de acoplamento comum com e sem SAE durante variações
de geração.
Na Figura 6.3 são destacados momentos de transição da potência antes da bateria ser habili-
tada e depois, é notável a suavização da potência observada pela bateria, a qual é caracterizada
por não apresentar os picos que antes eram presentes, esse perfil mais ameno condiz com o que
foi observado a nível de simulações. Essa suavização é obtida devido à operação da bateria que
injeta ou absorve potência quando necessário, como pode ser observado por meio da corrente
medida na saída do SAE, apresentada na Figura 6.4.
16,0
iSAE (A)
7,0
-2,0
-11,0
-20,0
0 1,0 2,0 3,0 4,0
Tempo (s)
Figura 6.4: Corrente na bateria durante as variações de geração.
Antes do controle cooperativo ser habilitado, a corrente do SAE apresenta um valor médio
de iSAE u 0 A, indicando que essa bateria não está sendo utilizada para aquela condição de
operação da microrrede. Quando habilitado o uso do controle cooperativo, esse elemento passa
a atuar absorvendo energia quando a potência injetada varia positivamente e fornecendo energia
quando essa mesma potência da FER varia negativamente.
CAPÍTULO 6. RESULTADOS EXPERIMENTAIS 97
150
130
110
0 1,0 2,0 3,0 4,0
Tempo (s)
Figura 6.5: Tensão no barramento CC com e sem SAE durante conexão/desconexão de carga.
Na Figura 6.5 é possível notar o perfil mais ameno observado quando o controle cooperativo
utilizando o elemento SAE é acionado, usa-se a notação k1 = 1 para representar que a chave
está fechada e k1 = 0 representa a chave desligada. Assim como para o caso anterior é analisada
a potência no ponto de acoplamento comum conforme indicado na Figura 6.6.
1000
PPAC (W)
700
400
100
-200
0 1,0 2,0 3,0 4,0
Tempo (s)
Figura 6.6: Potencia ativa no PAC com e sem SAE durante conexão/desconexão de carga.
30,0
15,0
suprida pelo banco baterias injetando corrente como pode ser observado. De forma análoga,
quando a carga é desconectada, pela operação de abertura da chave, existe um novo desba-
lanceamento de potência caracterizado pela diminuição da demanda energética das cargas, o
qual novamente é suprido pela bateria, nesse caso, absorvendo energia, representado por uma
corrente negativa durante a transição.
SAE
170 k2 = 1 k2 = 0 k2 = 1 k2 = 0
160
Vc (V)
150
140
130
0 1,0 2,0 3,0 4,0
Tempo (s)
Figura 6.8: Tensão no barramento CC com e sem SAE durante conexão/desconexão de carga
no PAC.
ruidoso. Assim como para os cenários anteriores é necessária a observação da potência no ponto
de acoplamento comum conforme é apresentado na Figura 6.9.
A partir da análise da Figura 6.9, é possível observar que a potência apresenta uma carac-
terística menos ruidosa, e com menos picos, configurando um perfil mais suave. Além dessas
variáveis, é medida a corrente do SAE tal qual apresentado na Figura 6.10.
30,0
15,0
iSAE (A)
0,0
-15,0
-30,0
0 1,0 2,0 3,0 4,0
Tempo (s)
Figura 6.10: Corrente na bateria durante conexão/desconexão de carga no PAC.
Nesse caso, é observado que a corrente exigida da bateria é muito baixa, pois a operação da
chave k2 variou pouco a potência. Sabe-se que o PAC é atendido, simultaneamente, pelo ILC
e pela rede, desse modo a variação da carga nesse ponto tem uma consequência menor quando
comparada a variação da potência da FER ou de uma variação de carga no barramento CC, tal
qual é possível observar pela análise das variáveis nos cenários anteriores.
Capítulo 7
Conclusão
100
CAPÍTULO 7. CONCLUSÃO 101
Para este trabalho foi feita a modelagem de uma microrrede CC. Tal configuração é utilizada
devido ao crescimento de cargas e fontes de características CC, como SAEs, FERs e cargas
resistivas. Essa configuração, em detrimento das demais opções, apresenta como vantagens:
i) um controle mais simples, pois não necessita de regulação frequência e potência reativa,
ii) menos perdas em conversores pois apresenta uma etapa a menos de conversão, e iii) uma
distribuição de potência mais eficaz por possuir apenas potência ativa. E como desvantagem
principal o fato de a rede elétrica convencional ser, em geral, CA. Nessa modelagem representa-
se o barramento CC por uma capacitância associada em paralelo a uma resistência, a FER, por
sua vez, é representada por uma associação de fontes de corrente, a rede CC é emulada por uma
fonte de tensão em série a uma resistência e a bateria é modelada a partir de um modelo elétrico
equivalente que emula as suas dinâmicas eletroquímicas.
O controle dessa microrrede é feito para garantir a distribuição adequada de energia, entre-
gando a potência gerada pela FER ao PAC e para a carga resistiva lá instalada. Para tal distribui-
ção ser efetiva é feito o controle da tensão no barramento CC. Com a finalidade de comparação,
são aplicadas duas estratégias de controle para a microrrede simulada: i) a convencional feita
apenas pelo ILC, e ii) o controle cooperativo proposto nesse trabalho, no qual, além da malha
convencional, usa-se o ramo de controle pelo SAE e a função Gaussiana ponderando esses dois
ramos.
Para a estratégia convencional é feito um controle em cascata que possui dois reguladores
do tipo PI, o mais externo é projetado baseando-se no modelo de impedância do barramento
CC, o mais interno se baseia no modelo do filtro de conexão l, utilizado no interlink CC. Por
outro lado, a segunda malha do controle cooperativo consiste, também, de dois reguladores PI
em cascata, o mais externo baseado no modelo de impedância equivalente do barramento CC
e o mais interno no indutor utilizado no filtro do conversor boost do ramo SAE. Esses PIs são
projetados baseando-se em critérios de desempenho transitório e em regime permanente. É
determinado que a malha interna deve apresentar um tempo de assentamento dez vezes menor
que a externa, dessa forma ela não introduz nenhum atraso no controle de tensão. Entre os dois
controladores de tensão do barramento CC é definido que o regulador do lado do SAE deve ter
um tempo de estabilização quatro vezes menor que o do ramo ILC, de modo a apresentar um
comportamento preponderante.
A parametrização da função de ponderação Gaussiana utilizada também é realizada. São
definidos os parâmetros: σ, referente a meia largura da mesma, κs , um limitador para o va-
lor mínimo dessa função, e define-se como variável de entrada a diferença entre a tensão de
referência e a medida no barramento, ev .
Como forma de comparação, são feitas simulações no software PSIM, comparando a uti-
lização estratégia coordenada com a convencional. Para ambas as simulações é inserida uma
variação na corrente do FER, simulando mudanças abruptas na condição de operação da gera-
ção. A partir da análise das simulações realizadas, é possível abstrair que o controle proposto
apresenta vantagens significativas quando comparado com a estratégia convencional, destaca-se
CAPÍTULO 7. CONCLUSÃO 102
Aeloiza, E. et al. A real time method to estimate electrolytic capacitor condition in pwm
adjustable speed drives and uninterruptible power supplies. In: 2005 IEEE 36th Power
Electronics Specialists Conference. [S.l.: s.n.], 2005. p. 2867–2872.
Alam, M. N.; Chakrabarti, S.; Ghosh, A. Networked microgrids: State-of-the-art and future
perspectives. IEEE Transactions on Industrial Informatics, v. 15, n. 3, p. 1238–1250, 2019.
Baboli, P. T. et al. Energy management and operation modelling of hybrid ac–dc microgrid.
IET Generation, Transmission Distribution, v. 8, n. 10, p. 1700–1711, 2014.
Bose, B. K. Global energy scenario and impact of power electronics in 21st century. IEEE
Transactions on Industrial Electronics, v. 60, n. 7, p. 2638–2651, 2013.
CHEN, C.-T. Analog and digital control system design: Transfer-function, state-space, and
algebraic methods. OUP USA, 1993.
Chen, D.; Xu, L. Autonomous dc voltage control of a dc microgrid with multiple slack
terminals. IEEE Transactions on Power Systems, v. 27, n. 4, p. 1897–1905, 2012.
103
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 104
Chen, Y. et al. Design and implementation of energy management system with fuzzy control
for dc microgrid systems. IEEE Transactions on Power Electronics, v. 28, n. 4, p. 1563–1570,
2013.
COLITO, M. C. E. A construção de usinas hidrelétricas e os impactos sobre a população e o
espaço-comunidades rurais ameaçadas pela uh de jataizinho-rio tibagi/pr. Serviço Social em
Revista, v. 2, n. 2, p. 275–258, 2000.
Craven, J. E.; Kinnamon, D. S.; Prasad, S. Randles circuit analysis toward investigating
interfacial effects on microchannel electrodes. IEEE Sensors Letters, v. 2, n. 1, p. 1–4, 2018.
CUN, J. P. et al. The experience of a ups company in advanced battery monitoring. In: IEEE.
Proceedings of Intelec’96-International Telecommunications Energy Conference. [S.l.], 1996.
p. 646–653.
Dou, C. et al. Mas-based distributed cooperative control for dc microgrid through switching
topology communication network with time-varying delays. IEEE Systems Journal, v. 13, n. 1,
p. 615–624, 2019.
Dou, C. et al. Improved droop control based on virtual impedance and virtual power source in
low-voltage microgrid. IET Generation, Transmission Distribution, v. 11, n. 4, p. 1046–1054,
2017.
Dragicevic, T. et al. Advanced lvdc electrical power architectures and microgrids: A step
toward a new generation of power distribution networks. IEEE Electrification Magazine, v. 2,
n. 1, p. 54–65, 2014.
Eghtedarpour, N.; Farjah, E. Distributed charge/discharge control of energy storages in a
renewable-energy-based dc micro-grid. IET Renewable Power Generation, IET, v. 8, n. 1, p.
45–57, 2014.
Eghtedarpour, N.; Farjah, E. Power control and management in a hybrid ac/dc microgrid. IEEE
Transactions on Smart Grid, v. 5, n. 3, p. 1494–1505, 2014.
El-Khattam, W.; Salama, M. M. Distributed generation technologies, definitions and benefits.
Electric power systems research, Elsevier, v. 71, n. 2, p. 119–128, 2004.
Franklin, G. F.; Powell, J. D.; Emami-Naeini, A. Sistemas de controle para engenharia.
bookman, v. 6, 2013.
Guerrero, J. M.; Hang, L.; Uceda, J. Control of distributed uninterruptible power supply
systems. IEEE Transactions on Industrial Electronics, v. 55, n. 8, p. 2845–2859, 2008.
Guerrero, J. M. et al. Parallel operation of uninterruptible power supply systems in microgrids.
In: 2007 European Conference on Power Electronics and Applications. [S.l.: s.n.], 2007.
p. 1–9.
Guerrero, J. M. et al. Hierarchical control of droop-controlled ac and dc microgrids—a general
approach toward standardization. IEEE Transactions on Industrial Electronics, v. 58, n. 1, p.
158–172, 2011.
He, D.; Shi, D.; Sharma, R. Consensus-based distributed cooperative control for microgrid
voltage regulation and reactive power sharing. In: IEEE PES Innovative Smart Grid
Technologies, Europe. [S.l.: s.n.], 2014. p. 1–6.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 105
IRENA. IRENA (2020), Renewable Energy Statistics 2020, The International Renewable
Energy Agency, Abu Dhabi. 2020. Disponível em: <https://www.irena.org/publications/2020/
Jul/Renewable-energy-statistics-2020>.
Jin, C.; Wang, J.; Wang, P. Coordinated secondary control for autonomous hybrid three-port
ac/dc/ds microgrid. CSEE Journal of Power and Energy Systems, v. 4, n. 1, p. 1–10, 2018.
Kakigano, H.; Miura, Y.; Ise, T. Distribution voltage control for dc microgrids using fuzzy
control and gain-scheduling technique. IEEE Transactions on Power Electronics, v. 28, n. 5, p.
2246–2258, 2013.
Katiraei, F.; Iravani, M. R.; Lehn, P. W. Micro-grid autonomous operation during and
subsequent to islanding process. IEEE Transactions on Power Delivery, v. 20, n. 1, p. 248–257,
2005.
Khodamoradi, A. et al. On-line stability monitoring for power converters in dc microgrids. In:
2017 IEEE Second International Conference on DC Microgrids (ICDCM). [S.l.: s.n.], 2017. p.
302–308.
Kim, T.; Qiao, W. A hybrid battery model capable of capturing dynamic circuit characteristics
and nonlinear capacity effects. In: 2012 IEEE Power and Energy Society General Meeting.
[S.l.: s.n.], 2012. p. 1–1.
Li, W.; Joos, G. A power electronic interface for a battery supercapacitor hybrid energy storage
system for wind applications. In: 2008 IEEE Power Electronics Specialists Conference. [S.l.:
s.n.], 2008. p. 1762–1768.
Liu, X.; Wang, P.; Loh, P. C. A hybrid ac/dc microgrid and its coordination control. IEEE
Transactions on Smart Grid, v. 2, n. 2, p. 278–286, 2011.
Lu, X. et al. Stability enhancement based on virtual impedance for dc microgrids with constant
power loads. IEEE Transactions on Smart Grid, v. 6, n. 6, p. 2770–2783, 2015.
Meng, L.; Dragicevic, T.; Guerrero, J. M. Adaptive control design for autonomous operation
of multiple energy storage systems in power smoothing applications. IEEE Transactions on
Industrial Electronics, v. 65, n. 8, p. 6612–6624, 2018.
Meng, L. et al. Modeling and sensitivity analysis of consensus algorithm based distributed
hierarchical control for dc microgrids. In: 2015 IEEE Applied Power Electronics Conference
and Exposition (APEC). [S.l.: s.n.], 2015. p. 342–349.
Mohamed, A.; Salehi, V.; Mohammed, O. Real-time energy management algorithm for
mitigation of pulse loads in hybrid microgrids. IEEE Transactions on Smart Grid, v. 3, n. 4, p.
1911–1922, 2012.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 106
Nehrir, M. H. et al. A review of hybrid renewable/alternative energy systems for electric power
generation: Configurations, control, and applications. IEEE Transactions on Sustainable
Energy, v. 2, n. 4, p. 392–403, 2011.
Nikdel, M. et al. Various battery models for various simulation studies and applications.
Renewable and Sustainable Energy Reviews, Elsevier, v. 32, p. 477–485, 2014.
Pan, C.; Liao, Y. Modeling and coordinate control of circulating currents in parallel three-phase
boost rectifiers. IEEE Transactions on Industrial Electronics, v. 54, n. 2, p. 825–838, 2007.
Parhizi, S. et al. State of the art in research on microgrids: A review. IEEE Access, v. 3, p.
890–925, 2015.
Phipps, W.; Harrison, M. J.; Duke, R. M. Three-phase phase-locked loop control of a new
generation power converter. In: 2006 1ST IEEE Conference on Industrial Electronics and
Applications. [S.l.: s.n.], 2006. p. 1–6.
Ribeiro, R. L. d. A. et al. A robust dc-link voltage control strategy to enhance the performance
of shunt active power filters without harmonic detection schemes. IEEE Transactions on
Industrial Electronics, v. 62, n. 2, p. 803–813, 2015.
Sahoo, S. K.; Sinha, A. K.; Kishore, N. K. Control techniques in ac, dc, and hybrid ac–dc
microgrid: A review. IEEE Journal of Emerging and Selected Topics in Power Electronics,
v. 6, n. 2, p. 738–759, 2018.
Shang, L.; Li, P.; Li, Z. Low voltage ride through control method of photovoltaic grid-
connected inverter based on model current predictive control. In: 2018 Chinese Control And
Decision Conference (CCDC). [S.l.: s.n.], 2018. p. 5209–5214.
Simpson-Porco, J. W. et al. Secondary frequency and voltage control of islanded microgrids via
distributed averaging. IEEE Transactions on Industrial Electronics, v. 62, n. 11, p. 7025–7038,
2015.
Tremblay, O.; Dessaint, L.-A. Experimental validation of a battery dynamic model for ev
applications. World electric vehicle journal, Multidisciplinary Digital Publishing Institute, v. 3,
n. 2, p. 289–298, 2009.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 107
Wang, P. et al. Distributed control for autonomous operation of a three-port ac/dc/ds hybrid
microgrid. IEEE Transactions on Industrial Electronics, v. 62, n. 2, p. 1279–1290, 2015.
Wu, S. et al. Ac impedance based online state-of-charge estimation for li-ion battery. In: 2017
International Conference on Information, Communication and Engineering (ICICE). [S.l.:
s.n.], 2017. p. 53–56.
Xia, Y. et al. Distributed coordination control for multiple bidirectional power converters in a
hybrid ac/dc microgrid. IEEE Transactions on Power Electronics, v. 32, n. 6, p. 4949–4959,
2017.
Xia, Y. et al. Power management for a hybrid ac/dc microgrid with multiple subgrids. IEEE
Transactions on Power Electronics, v. 33, n. 4, p. 3520–3533, 2018.
Xu, G. et al. Coordinated dc voltage control of wind turbine with embedded energy storage
system. IEEE Transactions on Energy Conversion, v. 27, n. 4, p. 1036–1045, 2012.
Yan, Z.; Zhang, X. General energy filters for power smoothing, tracking and processing using
energy storage. IEEE Access, v. 5, p. 19373–19382, 2017.
Yoo, H.; Nguyen, T.; Kim, H. Consensus-based distributed coordination control of hybrid
ac/dc microgrids. IEEE Transactions on Sustainable Energy, v. 11, n. 2, p. 629–639, 2020.
Zhou, T.; Francois, B. Energy management and power control of a hybrid active wind generator
for distributed power generation and grid integration. IEEE Transactions on Industrial
Electronics, v. 58, n. 1, p. 95–104, 2011.