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Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica


INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE
Campus Santa Rosa do Sul

ANA CLARA MORAES, ARTHUR VELHO,


GUSTAVO OLIVEIRA, JÉSSICA ALVES,
LUCAS CARDOSO E RAFAELLA PAULINO

CAPOEIRA:
INSTRUMENTOS, VESTIMENTAS, CORDÕES
E MÚSICAS

Santa Rosa do Sul (SC)


2016
Introdução
A capoeira é uma representação cultural de origem brasileira, descendente de
escravos africanos, que mistura esporte, luta, dança, cultura popular, música e
brincadeira. Caracteriza-se por seus movimentos rápidos e complexos que são
acompanhados por músicas específicas, característica que a diferencia das demais lutas.
No trabalho a seguir iremos abordar algumas características importantes da
capoeira e explicar os principais estilos desta luta, dança e jogo: a capoeira Angola e a
capoeira Regional.
1. Instrumentos
É muito difícil determinar com precisão a data de inserção de um determinado
instrumento musical na capoeira, pois, muitas vezes, os relatos existentes são
contraditórios.
O primeiro registro de um instrumento musical relacionado com o jogo da
capoeira aparece no início do século XIX, em 1835. Nessa ocasião, o artista Johann
Moritz Rugendas apresenta na gravura de nome "Dança da Guerra", o jogo da capoeira
sendo brincado ao som de uma espécie de tambor.

(FIGURA 01) Gravura “Dança da Guerra” de Johann Moritz Rugendas.

Esta foi a forma retratada por Rugendas, não excluindo a possibilidade da


presença de outros instrumentos. Essa pode ter sido a capoeira que Rugendas viu e viveu
durante sua estadia no Brasil, mostrando assim a importâncias dos instrumentos musicais
no jogo.
Seguindo os registros históricos, podemos perceber que a introdução de alguns
instrumentos musicais utilizados atualmente é recente. Tudo indica que instrumentos
como o agogô e reco-reco foram associados ao jogo da capoeira no século XX, muitos
deles aparecem com a criação do Centro Esportivo de Capoeira Angola de Mestre
Pastinha, ou seguindo a criatividade dos capoeiras.
Muitos instrumentos já estavam presentes na Capoeira primitivava da Bahia,
como é o caso da palma-de-mão e até da Viola.
1.1 Principais Instrumentos
1.1.2 Berimbau
Conhecido também como hungo, o berimbau é quase sinônimo de capoeira. O
instrumento é reverenciado antes de iniciar o jogo, mostrando sua importância na
Capoeira, alguns ainda tratam o berimbau como um instrumento sagrado. É ele que
comanda a roda de capoeira, ditando assim o ritmo e o estilo a ser jogado.
O som do berimbau vem da batida da baqueta de encontro ao arame, que é
esticado em uma madeira envergada. Uma cabaça é usada para amplificar o som.
Na capoeira, até três berimbaus podem ser tocados conjuntamente:
1.1.2.1 Gunga
O gunga toca a linha grave, raramente com improvisações.
1.1.2.2 Médio
O médio completa o gunga.
1.1.2.3 Viola
O viola toca a maioria das improvisações dentro do ritmo definido pelos outros dois.
Não há muitas regras formais no toque do berimbau na capoeira, sendo que cada mestre
de roda determina a interação entre seus músicos.

(FIGURA 02) Instrumentos de Capoeira – Berimbau.

1.1.3 Atabaque
O atabaque é um instrumento de percussão afro-brasileiro. É feito de madeira cortada em
ripas largas e presas umas às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros.
Constitui-se de um tambor cilíndrico ou ligeiramente cônico, com uma das bocas coberta
de couro de boi,veado ou bode.
O atabaque pode ser tocado com as mãos ou com baquetas, dependendo do ritmo e do
tambor a ser tocado. É o atabaque que marca o ritmo das batidas do jogo, juntamente
com o pandeiro, é ele que acompanha o solo do berimbau.
(FIGURA 03) Instrumentos de Capoeira – Atabaque.

1.1.4 Pandeiro
O pandeiro é conhecido por muitos como panderola ou tamborim, tendo vindo
para o Brasil com os portugueses. É um instrumento de percussão, que consiste em uma
pele esticada em uma armação. São geralmente circulares, mas podem ter outros
formatos.
O pandeiro é segurado por uma das mãos, enquanto a ponta dos dedos, o
polegar e a base da outra mão são usados para tocar.

(FIGURA 04) Instrumentos de Capoeira – Pandeiro.


1.2 Outros Instrumentos
1.2.1 Caxixi
O caxixi é um instrumento tipo chocalho, de origem africana. É um pequeno cesto
de palha trançado em forma de campanula. Possui arroz, sementes ou conchas que
fazem o som.

(FIGURA 05) Instrumentos de Capoeira – Caxixi.

A mão direita que segura à vareta entre o polegar e o indicador, segura também o
Caxixi, com o médio e o anular, desta maneira, cada pancada da vareta sobre a corda do
berimbau é acompanhada pelo som seco do Caxixi.
1.2.2 Agogô
O agogô é um instrumento musical que foi desenvolvido na África. Os primeiros
exemplares do instrumento africano apresentam dois sinos de tamanhos muito diferentes.
Os agogôs brasileiros são confeccionados de uma maneira um pouco diferente, do
instrumento africano, eles são normalmente ligados entre si por uma peça em forma de U
de metal longa.
Os sinos ficam separados. Normalmente os dois sinos, ou até três sinos, são
tocados com uma vara de madeira.

(FIGURA 06)nstrumentos de Capoeira – Agogô.

1.2.3 Reco-reco
Conhecido também como Ganzá ou Querequexé, o Reco-reco, segundo o novo
dicionário de língua portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, o Reco-reco é um
instrumento de percussão, que produz um ruído rascante e intermitente, quando duas
partes separadas são colocadas em atrito.
Para tocar, desliza-se uma baqueta de metal ou de madeira nas molas ou sucos
das caixas e tubos.

(FIGURA 07) Instrumentos de Capoeira – Reco-reco.

2. Estilos de Capoeira
Existem dois estilos bem específicos na capoeira: o angolano e o regional. Apesar
de possuírem a mesma filosofia, cada um deles possui suas peculiaridades e maneiras
diferentes de jogar.
2.1 Capoeira Angola
O nome ligado a este estilo é Mestre Pastinha que, em 1941, criou o Centro
Esportivo de Capoeira Angola. Esse estilo procura manter as tradições e os rituais da arte.
A Angola é o estilo mais próximo de como os negros escravos jogavam a Capoeira. É
considerado muito mais uma dança do que uma luta e caracteriza-se por uma música
mais lenta, porém com movimentos rápidos perto do solo. Durante uma roda, quem está
assistindo não participa do coro.

(FIGURA 08) Roda de Capoeira Angola.

A designação “Angola” aparece com os negros que vinham para o Brasil oriundos
da África, embarcados no Porto de Luanda que, independente de sua origem, eram
designados na chegada ao Brasil de “Negros de Angola”.
2.2 Capoeira Regional
A capoeira Regional foi criada pelo Mestre Bimba. Ela mais recente, com
elementos fortes de artes marciais em seu jogo. Tornou-se rapidamente popular, levando
a Capoeira ao grande público e mudando a imagem do capoeirista tido no Brasil até então
como um marginal.
Seu jogo é mais rápido, mas também existem jogos mais lentos e compassados.
O forte da capoeira regional são as quedas, rasteiras, cabeçadas.
Os alunos, que usam abadás (calça e camiseta brancas), são batizados por
mestres. Os capoeiristas regionais passam por cordões de acordo com sua graduação e
nível técnico. Na roda, os assistentes podem bater palmas e também participam do coro.

(FIGURA 09) Roda de Capoeira Regional.

3. Vestimentas
Como os capoeiristas eram encarados como marginais antigamente, as primeiras
vestimentas usadas tinham o objetivo de disfarçá-los dos senhores chamados capitão do
mato.
As primeiras vestimentas usadas eram calças folgadas, com boca de sino, que
poderiam chegar até 28cm, cobrindo o pé todo. Utilizava-se também chapéu, camisa,
gravata, e ainda um lenço de seda amarrado ao pescoço, como forma de manter a
camisa limpa do suor, e proteger o capoeira contra golpes de navalha, na medida em que
esta não consegue cortar a seda. Devido a proibição da capoeira, os capoeiristas, que em
sua maioria trabalhavam nos cais de portos, utilizavam trajes diários para não serem
identificados. Normalmente usavam calças comuns arregaçadas, camisas folgadas feitas
de saco de açúcar ou farinha de trigo, andavam normalmente descalços ou calçados com
chinelos de couro.
Muitos historiadores contam que a origem das vestimentas da capoeira é dos
marujos, pois muitos capoeiristas conviviam com eles e adotaram o hábito de usarem
calças boca de sino. Para os capoeiras, além de serem convenientes para os seus
movimentos, a calça boca de sino, servia também como forma de esconder armas
brancas, como a navalha ou a faca.

(FIGURA 10) Primeiras vestimentas de Capoeira.

3.1 Vestimentas da Capoeira Regional


Na Capoeira Regional o Mestre Bimba aboliu o uso dos sapatos, adotou a cor
branca nas vestimentas, herdado de um hábito que afirmava que o bom capoeirista era
aquele que terminava um jogo sem sujar a roupa. O branco também tinha o significado de
ser a cor das vestes dos antigos escravos. Segundo depoimentos Mestre Bimba era muito
rigoroso com a higiene dos seus alunos.

(FIGURA 11) Vestimentas da Capoeira Regional.

A vestimenta usada na Capoeira Regional é o abadá. Os abadás de capoeira são


geralmente de cor branca e podem possuir o logo da escola que o capoeirista pratica.
Muitos capoeiristas acreditam que a capoeira é de natureza religiosa, e dão a maior forma
de respeito a sua arte marcial praticada. Assim, a cor branca é sempre usada para os
uniformes de treino.

(FIGURA 12) Vestimenta da Capoeira Regional – Abadá.

3.2 Vestimentas da Capoeira Angola


O uniforme utilizado pelos praticantes desse estilo é composto por uma calça
preta ou marrom e uma camiseta amarela. Em muitos grupos de capoeira Angola, a roupa
utilizada para se jogar é composta por chapéu, paletó, calça e sapato. Antigamente, por
uma questão de respeito, não se devia sujar a roupa do adversário.

(FIGURA 13) Vestimentas da Capoeira Angola.

4. Cordões
Um grande problema na capoeira são os cordões, pois muitos grupos adotam
suas próprias cores, o que dificulta a identificação. A Confederação Brasileira de Capoeira
(CBC) é um dos principais sistemas que organizam e tentam unificar a graduação da
capoeira.
A graduação adotada pela CBC é feito por cordas seguindo as cores da bandeira
nacional. Funciona da seguinte forma:
- 1º Estágio - Cordão verde (aluno) permanência 1 ano;
- 2º Estágio - Cordão amarelo (aluno) permanência 1 ano;
- 3º Estágio - Cordão azul (aluno) permanência 1 ano;
- 4º Estágio - Cordão verde-amarelo (aluno) permanência 1 ano;
- 5º Estágio - Cordão verde-azul (aluno) permanência 1 ano;
- 6º Estágio - Cordão amarelo-azul (aluno Instrutor) permanência 2 anos;
- 7º Estágio - Cordão verde-amarelo-azul (aluno Formado) permanência de 2 a 3 anos;
- 8º Cordão branco-verde (Monitor) permanência de 3 a 5 anos;
- 9º Cordão branco-amarelo (Professor) Título postulado pelo trabalho realizado na
Capoeira;
- 10º Cordão branco-azul (Contra Mestre) Título postulado pelo Mestre responsável do
Grupo;
- 11º Cordão branco (Mestre) Título postulado pelo reconhecimento dos Mestres mais
antigos.

(FIGURA 14) Graduação do grupo “Capoeira Arte e Vida”.

Os cordões de classificação, também chamados de rabo de rato são feitos com o


trançado de nove fios de seda, sendo três grupos de três fios. Apesar da importância do
cordão, é proibido o seu uso durante competições individuais ou por equipe.
5. Músicas
A música é um componente fundamental da capoeira. Foi introduzida como forma
de enganar os senhores, fazendo-os acreditar que os escravos estavam dançando e
cantando, quando na verdade também estavam treinando golpes para se defenderem. É
a música que determina o estilo de jogo e o ritmo.
Muitas canções são na forma de pequenas estrofes intercaladas por um refrão,
enquanto outras vêm na forma de longas narrativas (ladainhas). As canções têm assuntos
dos mais variados. Podem falar sobre histórias de capoeiristas famosos, do cotidiano de
uma lavadeira, sobre o que está acontecendo na roda de capoeira,contam sobre a vida ou
um amor perdido e outras ainda são alegres e falam de coisas tolas, cantadas apenas
para se divertir.
Cada estilo de capoeira em suas músicas específicas:
5.1 Músicas da Capoeira Angola
É uma música mais lenta do que comparada com as músicas da Capoeira
Regional. Durante uma roda, quem está assistindo não participa do coro. Confira no link a
seguir:
“Capoeira Angola – O vento que vem do mar” https://www.youtube.com/watch?
v=gvi4PCmiWoc
5.2 Músicas de Capoeira Regional
É uma música mais animada do que comparada com as músicas da Capoeira
Angola. Todas as pessoas podem participar do coro de alguma maneira. Confira o link a
seguir:
“Música Capoeira Regional – Paranauê” https://www.youtube.com/watch?
v=WiOuLm0FwsQ
Conclusão
A capoeira é praticada por 6 milhões de brasileiros. No mundo, são 8 milhões de
capoeiristas espalhados por mais de 160 países, mas ainda hoje a capoeira é vista de
forma preconceituosa pelas pessoas.
Hoje a capoeira possui uma confederação nacional (CBC) e é considerada
patrimônio cultural brasileiro. Ela pode trazer muitos benefícios: trabalha a coordenação
motora, aprimora a flexibilidade, equilíbrio e destreza, alivia as tensões do dia a dia,
proporciona criatividade e liberdade de movimentos.
A capoeira se tornou tão importante para o Brasil que no dia 3 de Agosto é
comemorado o Dia da Capoeira, porém, a data ainda não é nacionalizada, apesar de
existirem projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional.
Referências
Revista Mundo Estranho. “Como Surgiu a Capoeira?”. Disponível em: <
http://mundoestranho.abril.com.br/esporte/como-surgiu-a-capoeira/ > Acessado em 26 de
Ago. de 2016.

Mundo Educação. Capoeira. Disponível em: <


http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/educacao-fisica/capoeira.htm > Acessado em 26 de
Ago. de 2016.

Sua Pesquisa.com. História da Capoeira. Disponível em


http://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/historia_da_capoeira.htm > Acessado em:
02 de Set. de 2016.

Iphan. Roda de Capoeira. Disponível em: < http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/66


> Acessado em 02 de Set. de 2016.

Ministério da Cultura. Hoje é dia do Capoeirista. Disponível em: <


http://www.cultura.gov.br/noticias-destaques/-/asset_publisher/OiKX3xlR9iTn/content/hoje-
e-dia-do-capoeirista/10883 > Acessado em 04 de Set. de 2016.

Guia do Estudante. Gangues do Rio: capoeira era reprimida no Brasil. Disponível em:
< http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/gangues-rio-capoeira-era-
reprimida-brasil-435027.shtml > Acessado em 04 de Set. de 2016.

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