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CAMPINAS
2019
FOLHA DE APROVAÇÃO
COMISSÃO EXAMINADORA
CAMPINAS
2019
“Um desses sonhos por que lutar, sonho
possível mas cuja concretização demanda
coerência, valor, tenacidade, senso de justiça,
força para brigar, de todas e de todos os que a
ele se entreguem é o sonho por um mundo
menos feio, em que as desigualdades
diminuam, em que as discriminações de raça,
de sexo, de classe sejam sinais de vergonha e
não de afirmação orgulhosa ou de lamentação
puramente cavilosa. No fundo, é um sonho sem
cuja realização a democracia de que tanto
falamos, sobretudo hoje, é uma farsa”.
Uma palavra de agradecimento a todos que contribuíram para este trabalho, aqueles
que de forma direta ou indireta se envolveram. Compartilhamos descobertas, incertezas,
obstáculos e muitos conhecimentos.
Aos meus pais, Milene e Claudio, por cada dia maravilhoso que vivemos juntos, se
desdobrando para contribuírem com a minha formação como sujeito crítico. Estão sempre me
amparando com as mais diversas formas de amor. Mamãe e papai são meus maiores exemplos
de luta e força para continuar minha trajetória como professora de física em escolas públicas.
À minha orientadora, Maria José Fontana Gebara, que com seu apoio, paciência e
dedicação me auxiliou a construir o caminho que percorri desde a elaboração do projeto até à
concretização deste trabalho. Um agradecimento muito especial pela sua competência
profissional, dimensão humana e questionamentos constantes.
Aos professores Jorge Megid Neto e Luciano Fernandes Silva pelas valiosas
contribuições no exame de qualificação e por terem aceitado o convite para composição da
banca de defesa.
Aos meus lindinhos peludos Choquito, Jubinha, Kiara e Salem pelos momentos de
alegria e carinho.
Aos ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, cujas políticas
públicas contribuíram para a minha formação como professora de física e mestre em Ensino de
Ciências e Matemática em duas universidades públicas brasileiras.
A todas as pessoas — familiares, amigos, colegas, companheiros de escola, alunos,
do presente e do passado — com quem tenho cruzado na minha trajetória e que em muito têm
enriquecido a minha vida.
RESUMO
A física ambiental é uma temática que permite explorar, de forma integrada e inseparável,
questões socioambientais e conteúdos de física. A importância das discussões sobre as questões
socioambientais é defendida por diferentes autores e integram as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Ambiental e os documentos curriculares brasileiros. Pesquisas
acadêmicas brasileiras procuram promover debates sobre a relevância das questões
socioambientais na educação básica, no entanto, apontam a necessidade de mudanças no ensino
da física, inclusive nos livros didáticos, considerando que se trata de tema complexo que
demanda reflexão e mudanças socioculturais. Nesse sentido, a física ambiental se constitui
como uma temática relevante para o desenvolvimento de uma educação crítico-transformadora.
Sendo assim, o trabalho busca investigar a abordagem da temática física ambiental em livros
didáticos aprovados no PNLD 2018, tendo a seguinte questão de pesquisa: quais os limites e as
contribuições dos livros didáticos de física do PNLD 2018 para abordar a temática física
ambiental nas salas de aula do ensino médio? Não apenas na perspectiva de atender o que
determina a legislação sobre Educação Ambiental, mas de criar situações de ensino que
favoreçam o desenvolvimento de sujeitos críticos e participativos frente às questões
socioambientais enfrentadas pelas sociedades em diferentes contextos históricos e/ou culturais.
Apesar de existir uma literatura internacional que recomenda, fortemente, a inserção da física
ambiental na educação básica, estas pesquisas também apontam as dificuldades para trabalhá-
la. Nesse sentido, esta pesquisa se caracteriza pelo caráter documental, com base na análise de
conteúdo. Foi elaborado um quadro de descritores de física ambiental, contendo elementos que
possibilitaram caracterizar os aspectos inovadores das coleções; as propostas de atividades; os
temas de física ambiental; as integrações com outras áreas do conhecimento; e as
macrotendências político-pedagógicas da educação ambiental brasileira presentes nas coleções
didáticas. Após a análise dos volumes do 1° ao 3 º ano das 12 coleções aprovadas no PNLD
2018, identificamos algumas contribuições e limites para se trabalhar a física ambiental na
educação básica. Verificaram-se diferentes temas de física ambiental que são discutidos em
diversos contextos, como em textos, gráficos, atividades práticas, projetos com envolvimento
da comunidade, entre outros. Outro aspecto que merece destaque refere-se às questões
socioambientais que explicitam integrações com outras áreas do conhecimento, favorecendo
debates e o desenvolvimento de uma visão desfragmentada da realidade. Por outro lado,
constatou-se a predominância de atividades individuais e de poucos elementos
problematizadores nas questões socioambientais. Além disso, observou-se que as questões
socioambientais nas coleções são fortemente marcadas pelas macrotendências conservadora e
pragmática. Este fato pode ser evidenciado pela visão ecológica, antropocêntrica, utilitarista e
reducionista de ambiente presente em algumas situações de física ambiental. Entretanto,
identificou-se alguns possíveis avanços e, ainda que haja poucos elementos problematizadores,
consideramos que todas as coleções têm potencial para se trabalhar a física ambiental na
educação básica. As questões socioambientais identificadas, associadas aos diálogos entre
professores e alunos, podem promover o desenvolvimento da consciência crítica visando a
emancipação dos sujeitos. Espera-se, dessa forma, que as discussões sobre física ambiental
possam possibilitar aos professores, pesquisadores e aos formuladores de políticas públicas
referentes à educação básica reflexões sobre a necessidade de mudanças nos livros didáticos e
nas práticas pedagógicas escolares.
Palavras-chave: Física Ambiental, Livro Didático, Ensino de Física, Ensino Médio, PNLD.
ABSTRACT
Environmental physics is a theme that allows to explore, in an integrated and inseparable way,
socio-environmental issues and physical content. The importance of discussions on socio-
environmental issues is defended by different authors and are part of the National Curriculum
guidelines for environmental education and Brazilian curriculum documents. Brazilian
academic research seeks to promote debates on the relevance of socio-environmental issues in
basic education, however, indicate the need for changes in the teaching of physics, including in
textbooks, considering that this is a theme Complex that demands reflection and socio-cultural
changes. In this sense, environmental physics constitutes a relevant theme for the development
of a critical-transformative education. Thus, the work seeks to investigate the approach of the
environmental physical theme in textbooks approved in the PNLD 2018, with the following
question of research: what are the limits and contributions of the physics textbooks of PNLD
2018 to address the theme Environmental physics in high school classrooms? Not only in the
perspective of meeting what determines the legislation on environmental education, but of
creating teaching situations that favor the development of critical and participative subjects
facing the socio-environmental issues faced by societies in Different historical and/or cultural
contexts. Although there is an international literature that strongly recommends the insertion of
environmental physics in basic education, these researches also point out the difficulties to work
with it. In this sense, this research is characterized by documentary character, based on content
analysis. A table of environmental physics descriptors was elaborated, containing elements that
made it possible to characterize the innovative aspects of the collections; the proposals for
activities; the themes of environmental physics; Integrations with other areas of knowledge;
And the political-pedagogical macrotendencies of Brazilian environmental education present
in the didactic collections. After analyzing the volumes from the 1st to the 3rd year of the 12
collections approved in PNLD 2018, we identified some contributions and limits to work on
environmental physics in basic education. There were different topics of environmental physics
that are discussed in various contexts, such as in texts, graphs, practical activities, projects with
community involvement, among others. Another aspect that deserves prominence refers to
socio-environmental issues that clarify integrations with other areas of knowledge, favoring
debates and the development of a defragmented view of reality. On the other hand, it was
observed the predominance of individual activities and few problematizing elements in socio-
environmental issues. Moreover, it was observed that socio-environmental issues in the
collections are strongly marked by conservative and pragmatic macrotendencies. This fact can
be evidenced by the ecological, anthropocentric, utilitarian and reductionist view of
environment present in some situations of environmental physics. However, some possible
advances have been identified and, although there are few problematizing elements, we
consider that all collections have the potential to work on environmental physics in basic
education. The socio-environmental issues identified, associated with the dialogues between
teachers and students, can promote the development of critical consciousness aimed at the
emancipation of the subjects. It is hoped, therefore, that discussions about environmental
physics can enable teachers, researchers and public policy formulators referring to basic
education reflections on the need for changes in textbooks and in school pedagogical practices.
Figura 5. Fragmento do livro didático que exemplifica a localização da física ambiental num
texto principal............................................................................................................................71
Figura 7. Fragmento que exemplifica uma atividade com materiais de laboratório e de baixo
custo..........................................................................................................................................74
Figura 9. Fragmento que exemplifica uma atividade que possibilita integração com outras áreas
do conhecimento.......................................................................................................................77
Figura 12. Fragmento do livro didático relacionado a localização da física ambiental numa
atividade....................................................................................................................................90
Figura 27. Fragmento de uma atividade caracterizada como integração com Ciências
Humanas..................................................................................................................................111
Quadro 4. Descritores da física ambiental nos livros didáticos de física aprovados pelo PNLD
2018...........................................................................................................................................69
Quadro 5. Distribuição dos conteúdos programáticos das coleções GP, AG, CA, SP, EM e
HG.............................................................................................................................................82
Quadro 6. Distribuição dos conteúdos programáticos das coleções IT, AA, BC, FC, CT e
CF..............................................................................................................................................82
Tabela 1. Distribuição das dissertações e teses sobre questões ambientais no ensino da Física
por nível de Ensino....................................................................................................................40
Tabela 2. Distribuição das dissertações e teses sobre questões ambientais no ensino da Física
por foco temático da pesquisa....................................................................................................42
Tabela 3. Valores totais de aquisição por editora - Livros didáticos de física aprovados no
PNLD 2015...............................................................................................................................53
Tabela 4. Dados Estatísticos da distribuição de livros didáticos para o Ensino Médio (2006 a
2016).........................................................................................................................................54
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 2. Distribuição das 132 dissertações e teses sobre questões ambientais no ensino da
Física por Ano de Defesa...........................................................................................................38
Gráfico 3. Distribuição das dissertações e teses sobre questões ambientais no ensino da Física
segundo a localização da realização da pesquisa no Brasil.......................................................39
Gráfico 4. Distribuição da física ambiental por volume das coleções GP, AG, CA, SP, EM e
HG.............................................................................................................................................85
Gráfico 5. Distribuição da física ambiental por volume das coleções IT, AA, BC, FC, CT e
CF..............................................................................................................................................86
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LD Livro Didático
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 20
CAPÍTULO 1 ..................................................................................................................... 24
CONTEXTO E RELEVÂNCIA DA FÍSICA AMBIENTAL NO ENSINO ESCOLAR . 24
1.1. As diferentes visões sobre ambiente e as macrotendências político-pedagógicas da
educação ambiental...................................................................................................................28
1.2. A física ambiental e o processo educativo...................................................................... 31
1.3. O contexto brasileiro: revisão bibliográfica ................................................................... 37
1.4. A física ambiental e os documentos curriculares ............................................................ 46
CAPÍTULO 2 ..................................................................................................................... 49
O Livro Didático de Física e o PNLD ................................................................................ 49
2.1. As questões ambientais nos livros didáticos: uma análise dos resultados das pesquisas...55
CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................... 64
Caminhos da Pesquisa ....................................................................................................... 64
3.1. Os livros didáticos de física do PNLD 2018 .................................................................. 64
3.2. Procedimentos da Pesquisa ............................................................................................ 66
CAPÍTULO 4 ..................................................................................................................... 82
Análise e Discussão dos Dados ........................................................................................... 82
4.1. Descritores de localização no projeto editorial da física ambiental nos livros didáticos .. 90
4.2. Descritores referentes as possíveis interações estabelecidas pelas situações de física
ambiental ............................................................................................................................. 93
4.3. Descritores sobre as atividades propostas nos livros didáticos ....................................... 97
4.4. Descritores sobre os temas de física ambiental presentes nos livros didáticos .............. 102
4.5. Descritores sobre a integração das questões ambientais com outras áreas do
conhecimento..........................................................................................................................110
4.6. As perspectivas gerais das coleções com relação as macrotendências político-pedagógicas
da educação ambiental.............................................................................................................113
Quadro de Referências das 132 Dissertações e Teses Localizadas sobre Temas de Física
Ambiental (continuação).................................................................................................. 139
Quadro de Referências das 132 Dissertações e Teses Localizadas sobre Temas de Física
Ambiental (continuação).................................................................................................. 140
20
INTRODUÇÃO
As origens deste estudo têm relações profundas com a história familiar e o contexto
sociocultural da investigadora. Desde muito cedo, observava as lutas por direitos sociais na
comunidade em que morava e participava de reuniões do sindicato de trabalhadores com seu
pai. Este contexto de luta por transformações na realidade teve impactos profundos no seu
desenvolvimento como sujeito político e de ideais do pensamento livre.
ser trabalhadas em todas as áreas do conhecimento, ora de forma integrada, ora como um tema
transversal. Nesse sentido, a física ambiental se constitui como uma temática relevante para o
desenvolvimento de uma educação crítico-transformadora.
Admitindo: (1) que a escola exerce uma importante função social e que deve ocupar
seu papel na democratização da ciência; (2) que a compreensão dos conhecimentos físicos
envolvidos nas questões ambientais pode contribuir para que os estudantes desenvolvam uma
postura crítica e reflexiva frente ao ambiente; e (3) a importância dos livros didáticos no cenário
educacional brasileiro, amplamente defendida por pesquisadores, surgiu o interesse em
investigar quais os limites e as contribuições dos livros didáticos de física do PNLD 2018 para
abordar a temática física ambiental nas salas de aula do ensino médio?
(2) Caracterizar os temas de física ambiental presentes nos livros didáticos de física
aprovados pelo PNLD 2018;
23
(3) Identificar atividades e debates sobre a temática ambiental que podem ser
desenvolvidos com o apoio dos livros de física do PNLD 2018;
CAPÍTULO 1
desertos em países localizados, por exemplo, no Oriente Médio, foram consequência de práticas
agrícolas agressivas. No Brasil, na visão de Silva (1973), o contexto histórico de escravidão
agrícola na produção de alimentos e os métodos agronômicos rudimentares poderiam
transformar o Brasil, em menos de dois séculos, em desertos áridos como os da Líbia.
6.000
América do Norte
4.000 Europa
O uso de combustíveis fósseis vem crescendo nos últimos anos, assim como a
demanda energética, apesar disso, ainda existe mais de um bilhão de pessoas no mundo sem
acesso à energia elétrica e, desse total, aproximadamente 85% se encontram em regiões da
África Subsaariana e países asiáticos em desenvolvimento, concentradas em áreas rurais. Tais
dados evidenciam que são necessários mais investimentos em fontes de energia renováveis,
contudo, trata-se de um investimento inacessível para muitos países menos desenvolvidos (IEA,
2009; IEA, 2016).
1
Million Tonnes of Oil Equivalent
27
Para Ikeme (2003), existem diferentes pontos de vista quando se trata de políticas
climáticas e justiça ambiental. Os países desenvolvidos possuem estratégias de proteção
climática, eficiência econômica e escassa preocupação com a responsabilidade histórica na
degradação ambiental. Por outro lado, há alguns países em desenvolvimento que apresentam
expressiva percepção de justiça no debate ambiental global. Nesse sentido, a justiça ambiental
tem como pressuposto uma distribuição equitativa de riscos, custos e benefícios ambientais.
É importante ressaltar que, embora o estilo de vida de muitas pessoas dos países
ricos e em desenvolvimento tenha um alto custo social e ambiental, é um equívoco atribuir a
crise ambiental apenas aos padrões de produção e de consumo da sociedade, uma vez que a
degradação ambiental implica na análise de fenômenos físicos (mudanças climáticas,
catástrofes naturais, entres outros) e de processos sócio-históricos (modos de produção,
organizações culturais, sistemas políticos e econômicos) (LEFF, 2007; ZACARIAS, 2009).
De acordo com Mason e Hughes (2014), o ambiente pode ser definido como o meio
no qual determinado ser vivo se encontra. Por exemplo, para uma planta, é o campo em que se
encontra, e para uma baleia é o mar em que nada. Nessa medida, é importante discutir questões
socioambientais no contexto do ambiente em que o ser vivo se encontra.
Contudo, segundo alguns autores, este argumento está atrelado à uma noção de
ambiente que não incorpora o homem como um dos seus componentes. Nesse sentido,
consideram — também pelo fato que o homem é um ser vivo que integra o ambiente — que as
questões socioambientais envolvem aspectos das múltiplas dimensões, e não somente as
dimensões ecológicas (LEFF, 2007; REIGOTA, 2010; LAYRARGUES; LIMA, 2011).
Para Reigota (2010), na medida em que o sujeito se constitui na relação com o outro
e com o mundo, há muitas e diferentes visões de ambiente, cujas particularidades são
influenciadas por ideologias, pelo seu contexto sociocultural e por seus conhecimentos
políticos, econômicos, filosóficos, entre outros. Para o autor, as três representações sociais mais
comuns de ambiente podem ser sistematizadas como segue:
Como biosfera É a interação entre os Esses movimentos educacionais Estudos de casos de questões
componentes bióticos objetivam a compreensão das ambientais globais.
e abióticos múltiplas dimensões do mundo,
estimulando a participação
efetiva no enfrentamento das
questões ambientais.
Como projeto Com envolvimento da É uma visão crítica de ambiente. Pesquisa ação com enfoque nas
comunitário comunidade Envolve a participação política questões ambientais da
da comunidade e ações de comunidade.
transformação da realidade.
Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa a partir de Sauvé (1997).
respectivos conflitos, uma vez que atribui um caráter reducionista às questões ambientais e
supõe que os princípios do capitalismo podem promover a sustentabilidade.
A macrotendência pragmática está atrelada à educação para o desenvolvimento
sustentável. Tem um caráter utilitarista e uma dominância da lógica do capitalismo em
detrimento de políticas públicas que possam contribuir para construção de um sistema de
produção mais equilibrado no uso dos elementos naturais e que priorize a justiça social. Esta
macrotendência valoriza o consumo verde, os créditos de carbono, mecanismos de
desenvolvimento limpo e sistemas de eficiência energética. Um sistema econômico que
privilegia o consumismo, mas que, ao mesmo tempo, tem uma preocupação com a produção
crescente de resíduos sólidos (LAYRARGUES; LIMA, 2011).
Por último, para Layrargues e Lima (2011), a macrotendência crítica busca
contextualizar e enfatizar a dimensão política do debate ambiental, problematizar as estruturas
de opressão e os modelos econômicos. A perspectiva crítica destaca a necessidade das questões
socioambientais nas ressignificações dos valores e nas transformações das sociedades. Esta
macrotendência privilegia uma educação ambiental voltada para a tomada de decisão,
participação democrática e enfrentamento das injustiças sociais.
Também na Suécia, foi realizada uma investigação em 2003 para analisar como as
escolas, em todos os níveis de ensino, trabalham para promover uma educação voltada para a
sustentabilidade. Esta pesquisa teve como objetivo o desenvolvimento da autonomia dos alunos
para poder agir no ambiente tanto em nível local quanto global. Os resultados do estudo
evidenciaram que é necessário um desenvolvimento contínuo do currículo, mudanças na
formação inicial dos professores, e mais pesquisas na área de educação (ENGSTRÖM;
GUSTAFSSON; NIEDDERER, 2010).
Desde a segunda metade dos anos 1990, o Brasil vem desenvolvendo políticas
públicas no sentido de promover e incentivar a educação ambiental no ensino fundamental.
Com o intuito de avaliar esses avanços, o Ministério da Educação (MEC) iniciou, em 2005,
uma pesquisa intitulada “O que fazem as escolas que dizem que fazem educação ambiental? ”,
com o objetivo de identificar a realidade da educação ambiental nas escolas brasileiras. Foram
realizadas entrevistas em 418 escolas e aplicado um questionário contendo 27 perguntas. Os
resultados mostraram que: 1) 59% dos entrevistados responderam que, no geral, as práticas de
educação ambiental nas escolas são baseadas na iniciativa de um professor ou um grupo de
professores; 2) 66% das escolas declararam que desenvolvem projetos de educação ambiental,
no entanto, no que se refere à percepção sobre a contribuição da comunidade nos projetos, 62%
34
consideraram que esta não possui um papel relevante; 3) somente 49 escolas apontaram que o
objetivo central das atividades de educação ambiental é a “compreensão crítica e complexa da
realidade socioambiental”; e 4) no que diz respeito aos espaços mais comuns de diálogos,
atividades e projetos que envolvem as questões socioambientais, observa-se uma maior
relevância nas disciplinas de Ciências Naturais (MENDONÇA; TRAJBER, 2006).
Quando Mason e Hughes (2014) definem a física ambiental como a “física dos
processos e questões ambientais”, entendemos que os “processos” se referem à compreensão
das leis físicas, do saber matemático, dos conceitos e que as “questões” apontam para o contexto
social e político dos processos ambientais.
Boeker, Van Grondelle e Blankert (2003) chamam a atenção para o fato de que em
geral, os cientistas estudam os fenômenos em ambientes controlados para estabelecerem as leis
da física. A física ambiental implica na compreensão dos conhecimentos de física e dos
impactos ambientais da interação do homem com os demais elementos da natureza. Esta
compreensão permite a estruturação de modelos, que são explorados a partir de pesquisas e
experimentos. Ao final desse processo, são possíveis tomadas de decisões políticas que
possibilitem o enfrentamento das questões ambientais atuais, como pode ser observado na
Figura 2. Estes autores afirmam que ações políticas têm um grande impacto nas mudanças
climáticas e a ausência de posturas mais colaborativas pode dar origem a novas questões
socioambientais.
35
Outros conhecimentos
Fonte: Elaborada pela autora da pesquisa a partir de Boeker, Van Grondelle e Blankert (2003).
Para Forinash (2016), um exemplo que pode ser discutido em sala de aula são as
fontes de energia. O uso global de energia, em 1900, era de 30 GJ (ou 30 bilhões de joules) por
indivíduo. Em 2010, o consumo passou a ser de 80 GJ. Embora exista, hoje, no mundo maior
utilização de fontes renováveis, os combustíveis fósseis ainda representam 80% da matriz
energética. Logo, fontes de energia renováveis se apresentam como um tema que deve ser
36
O autor esclarece ainda que é necessário discutir os vários aspectos que permeiam
a utilização das fontes de energia, incluindo as renováveis. A título de exemplo, na geração de
energia eólica, os moinhos de vento podem matar aves e aumentar a poluição sonora; os painéis
utilizados para captação de energia solar e as pás dos moinhos de vento são produzidas com
produtos tóxicos. As hidrelétricas, por sua vez, dependem de grandes reservatórios de água que
comprometem a biodiversidade, obrigam comunidades que vivem próximas a se mudar e
proliferam algas que emitem dióxido de carbono e metano. Com relação às usinas nucleares,
além de produzirem resíduos radioativos, podem protagonizar — embora reconhecidamente
atendam a níveis de segurança elevados — graves acidentes, ocasionando a morte de milhares
de vidas e outras consequências para a saúde humana e para o ecossistema.
A física ambiental, de acordo com Holubová (2005), possui como um dos seus
propósitos não apenas estudar as questões ambientais, mas também os métodos experimentais
e teóricos que envolvem estas questões. A autora elenca alguns temas que fazem parte dos
estudos da física ambiental, como: poluição sonora, física do transporte de poluentes, questões
energéticas e física da atmosfera. Alguns destes temas podem ser discutidos na educação básica
como parte da resolução de atividades, na elaboração de projetos e na realização de
experimentos, permitindo que os estudantes compreendam conceitos e desenvolvam uma visão
crítica sobre as questões socioambientais.
2
A relação completa das produções acadêmicas analisadas se encontra no Anexo 1
38
dados, ano a ano, com o objetivo de identificar produções acadêmicas que tivessem como foco
principal o ensino de física. Ou seja, as buscas contemplaram, simultaneamente, além dos
termos mencionado, a palavra “física”.
Os downloads dos textos completos foram realizados nos próprios repositórios dos
programas de pós-graduação aos quais estavam vinculados os trabalhos. Após a leitura dessas
produções, selecionamos somente dissertações e teses que tivessem alguma relação com temas
ambientais no ensino da física.
Gráfico 2. Distribuição das 132 dissertações e teses sobre questões ambientais no ensino da
Física por Ano de Defesa
25
1
20
2
15 1
1
1 2 22
10
16
14 13
5 1 10 10
7 8 7
5
2 2 1
0 1 1 1 1 1 1
1987 1999 2000 2001 2003 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Dissertações Teses
No que diz respeito aos níveis de ensino abordados nessas investigações, no geral,
foi priorizado o Ensino Médio, com, aproximadamente, 78% de toda a produção acadêmica e
9% voltaram-se para o Ensino Fundamental (Tabela 1).
Tabela 1. Distribuição das dissertações e teses sobre questões ambientais no ensino da Física
por nível de Ensino
2. Clima: umidade relativa do ar; física da formação das nuvens; eletricidade atmosférica;
efeito estufa; camada de ozônio; massas de ar e frentes meteorológicas; alterações das correntes
marítimas; entre outros fenômenos que envolvem as relações entre o ambiente e o clima;
3. Mobilidade Urbana: este tema está relacionado com as políticas públicas e desenvolvimento
de tecnologias voltadas para a melhoria das condições de deslocamento da população no espaço
urbano. Algumas questões discutidas neste tema são: transporte público de qualidade;
congestionamentos; planejamento urbano; ciclovias; entre outras;
7. Radioatividade: algumas das questões discutidas neste tema são o uso das radiações
ionizantes nos alimentos e os possíveis impactos socioambientais; os acidentes nucleares; os
efeitos biológicos relacionados com o excesso de exposição aos raios ultravioleta; a energia
nuclear; os resíduos radioativos; entres outras;
8. Poluição: a poluição é uma atividade que degrada o ambiente e altera as suas características
físicas e/ou químicas. Nesse tema, são objeto de estudo, principalmente, a poluição do solo, da
água, da atmosfera, visual e sonora;
9. Sistemas Sustentáveis: como exemplo desse tema, é importante lembrar que, atualmente,
muitas casas e edifícios possuem sistemas de regulação de temperatura, umidade relativa do ar
e que cada vez mais o conceito de habitação sustentável vem ganhando espaço. São casas que
possuem painéis solares fotovoltaicos; sistema de captação de água da chuva (que reduz o
consumo de água tratada); bem como possuem equipamentos de baixo consumo de energia
42
elétrica. Porém, tais habitações implicam em altos investimentos financeiros e não são
acessíveis para a maioria da população;
10. Desastres Ambientais: conhecidos também como catástrofes ambientais, são processos
naturais que podem estar relacionados à dinâmica interna ou externa da Terra. No entanto,
ressalta-se, que muitos destes “desastres” são oriundos da ação humana, como, por exemplo,
vazamentos de fábricas de agrotóxicos, que podem ser considerados como negligência ou crime
ambiental. Este tema, portanto, está relacionado com: terremotos; atividades vulcânicas;
tsunamis; movimentos de massas (deslizamentos de terra, fluxos de lama); impactos
socioambientais provocados pelas indústrias; entres outros.
Tabela 2. Distribuição das dissertações e teses sobre questões ambientais no ensino da física
por foco temático da pesquisa
O tema com maior presença nas produções acadêmicas brasileiras foi Energia, com
53 dissertações e 3 teses, correspondendo a, aproximadamente, 42% do total, seguido do tema
Radioatividade, com 20% do total. Os temas menos representativos são: Sistemas Sustentáveis
e Poluição.
Os trabalhos que tiveram como foco principal o tema Energia, no geral, discutiram
assuntos como: fontes de energia e a questão energética brasileira. Silva (2001), em sua
dissertação de mestrado, abordou a produção de energia elétrica em larga escala, com um
trabalho de intervenção em três turmas do 3° Ano do Ensino Médio de uma escola pública da
cidade de Araraquara, SP. As atividades realizadas foram: leitura de textos jornalísticos, debates
e uma atividade de campo. O pesquisador aplicou um questionário inicial e as suas respostas
indicaram que os alunos, de maneira geral, não apontam as questões ambientais como umas das
principais questões enfrentadas pela sociedade, no entanto, quando o autor menciona a sua
existência, muitos relacionam o homem como um dos responsáveis pelas inúmeras degradações
ambientais. Porém, não estabelecem uma conexão entre estas degradações e a produção de
energia elétrica em larga escala.
Através de sua busca para convencer os alunos de seu próprio testemunho sobre a
liberdade, da sua certeza na transformação da sociedade, você deve salientar,
indiretamente, que as raízes do problema estão muito além da sala de aula, estão na
sociedade e no mundo. Exatamente por isso, o contexto da transformação não é só a
sala de aula, mas encontra-se fora dela. Se o processo for libertador, os estudantes e
os professores empreenderão uma transformação que inclui o contexto fora da sala de
aula (FREIRE; SHOR, 1986, p. 27).
Lima (2012), em sua dissertação de mestrado, discutiu alguns aspectos da regulação
térmica com estudantes do Ensino Médio, numa perspectiva Ciência, Tecnologia e Sociedade
(CTS). Segundo Santos e Mortimer (2002), no Brasil, assim como nos demais países, desde a
década de 1970, têm sido desenvolvidos currículos de ciências com enfoque CTS, cujo foco
centra-se nas relações entre a ciência e tecnologia buscando explorar as dimensões sociais. A
regulação térmica é uma questão bastante ampla, que possibilita integração com outras áreas
44
Um sujeito que está inserido num contexto de muita violência e condições sociais
degradantes carrega consigo significados e visões de mundo. Portanto, cabe ao professor dar a
palavra a esse indivíduo, e não silenciá-lo. Possibilitar que esses alunos argumentem é
contribuir para a formação de um jovem que tenha participação ativa na sua comunidade e que,
em certa medida, possa fazer mudanças em seu/no mundo.
3
Todos os alunos do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física são professores em exercício que
ministram a disciplina na educação básica e/ou ensino superior.
46
que todos tenham acesso a um ensino de qualidade, que privilegie a tomada de decisões e que
estimule um papel ativo na construção do conhecimento. No entanto, ressalta-se a importância
de enfrentar esta questão desde a educação básica, considerando que se trata de tema complexo
que demanda reflexão e mudanças socioculturais.
Galian (2014), por sua vez, tece algumas críticas aos PCN, tais como: a) seu
potencial para o desenvolvimento de identidades marcadas pela perspectiva neoliberal; b) um
currículo que possui poucas características políticas e sociológicas; c) caráter prescritivo; e d)
existência de poucos temas transversais que podem promover o desenvolvimento de uma visão
crítica em relação aos debates em torno da diversidade e da pluralidade cultural.
CAPÍTULO 2
Ressalta-se, contudo, que, devido aos vários questionamentos com relação aos
livros didáticos estrangeiros, foram desenvolvidos no Brasil projetos voltados para o ensino de
Física, nas décadas de 1960 e 1970, que consideravam a importância do contexto sociocultural
das escolas e dos professores. Desse modo, surgiram o Projeto de Ensino de Física (PEF); Física
Auto-Instrutivo (FAI); e o Projeto Brasileiro de Ensino de Física (PBEF), entre outros, os quais
foram elaborados em grande parte por professores do Instituto de Física da Universidade de
São Paulo. Entretanto, como havia ocorrido com os livros estrangeiros, os projetos iniciais
foram pouco aceitos pelos professores brasileiros, já que a utilização deles no ensino da física
e divulgação destes projetos se mostraram pouco relevantes (GARCIA, 2012).
50
Muito utilizado pelos professores, o livro didático, segundo Steele (2011), ocupa
um papel relevante no processo de ensino e aprendizagem. Alguns autores defendem que a forte
dependência dos professores em relação a esse instrumento didático, na elaboração e no
gerenciamento das atividades desenvolvidas com os estudantes, está atrelada às condições de
trabalho desse profissional — normalmente com elevada carga horária em sala de aula e
atuando em várias escolas (MACHADO, 1996; MUNAKATA, 2007) — que o utiliza como um
facilitador nas aulas. Por outro lado, igualmente relevante é o fato de que tais materiais didáticos
podem ser os únicos livros com que muitos dos estudantes terão contato ao longo da vida.
Issitt (2004), em estudos relacionados aos livros didáticos no Reino Unido, destaca
que eles se mostram, muitas vezes, como um veículo de ensino e de aprendizagem passivos, de
significações prontas e pré-determinadas, impregnados por ideias dominantes, ideologias e
51
valores sociais. Essa visão representa, em nosso entendimento, uma postura acrítica frente à
importância dos livros didáticos para a educação e de seu valor sociocultural.
Para Choppin (2004), os livros didáticos das diferentes áreas podem exercer quatro
funções essenciais, que podem variar, consideravelmente, de acordo com o contexto
sociocultural, os níveis de ensino, as disciplinas, as práticas pedagógicas e as formas de
utilização:
4) Função documental, quando o livro didático pode fornecer, sem que sua leitura
seja enviesada pelo professor, um conjunto de documentos, cuja investigação ou
confrontamento podem vir a desenvolver o espírito crítico do aluno. Essa função, reconhecida
muito recentemente nas pesquisas na área da educação, não é universal, sendo encontrada, na
maioria das vezes, em ambientes que possibilitam a interação e o diálogo entre os alunos, bem
como o favorecimento da autonomia. Portanto, a utilização do livro didático nessa perspectiva
pressupõe uma boa formação dos professores.
Núñez et al. (2003) salientam os diversos debates que têm permeado os efeitos da
globalização e dos avanços científicos no currículo das escolas, o que sugere a responsabilidade
do processo de seleção de livros didáticos, a fim de que promovam a construção de uma
sociedade em constante transformação e aberta às relações dialéticas entre o contexto local e
global. Para os autores, os livros didáticos nem sempre conseguem acompanhar as evoluções
científicas, posto que acabam condensando, de forma fragmentada, os conhecimentos
52
Em 1996, é publicado o primeiro Guia do Livro Didático, que tem como objetivo
apoiar as escolhas dos professores com relação aos livros mais indicados para suas aulas. Os
critérios de análise, previamente estabelecidos, são de responsabilidade do MEC e vêm sendo
aprimorados ao longo dos anos. Os livros que apresentam erros ou os induzam conceitualmente,
estejam desatualizados, apresentem abordagens metodológicas inadequadas ou, ainda, sugiram
algum tipo de discriminação de gênero, raça, religião ou prejulgamentos de qualquer tipo, são
excluídos.
De acordo com Castro (2001), no ano de 2000, foram repassados R$ 370 milhões
para o programa do livro didático, valor que superou qualquer investimento anterior. O MEC é
responsável pela compra de quase 85% de toda a produção de livros didáticos brasileira. O
PNLD é considerado o maior programa governamental de aquisição de livros didáticos do
mundo, sendo avaliado internacionalmente, pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) (ZAMBON; TERRAZZAN, 2017). Um aspecto
53
muito importante deste programa é o respeito à liberdade de escolha do professor 4, fato que não
ocorre em países como, por exemplo, a China, Cuba ou Chile, que adotam um único livro.
As editoras que mais lucraram com a aquisição de livros didáticos de física pelo
MEC no ano de 2015 foram a FTD e a Saraiva, como se observa na Tabela 3. Neste ano, foram
repassados, aproximadamente, R$ 899 milhões para o programa do livro didático, valor este
que representa um aumento significativo em relação ao ano de 2000.
Tabela 3. Valores totais de aquisição por editora - Livros didáticos de física aprovados no
PNLD 2015
4
É importante ressaltar, contudo, que embora haja liberdade de escolha, não há garantias que a mesma será
atendida.
54
Tabela 4. Dados Estatísticos da distribuição de livros didáticos para o Ensino Médio (2006 a
2016)
2.1. As questões ambientais nos livros didáticos: uma análise dos resultados das pesquisas
5
Mais informações sobre o PNLD podem ser obtidas em http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-
didatico-historico. Acesso em: 28/04/2017.
56
Referências Título
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comunidade
BUDREVICIUS, 2017, Santo André O tema água para discutir a física no Ensino Médio: um percurso
temático na perspectiva freireana
CARVALHO, 2014, Rio de Janeiro Variações diurnas na pressão atmosférica: um estudo investigativo
baseado na utilização da placa Arduino
CAVALCANTE, 2013, Belo Horizonte Energia nuclear no Ensino Médio: uma análise dos livros didáticos de
Física dos programas PNLEM 2007 e PNLD 2012
ENGSTRÖM; GUSTAFSSON; NIEDDERER, Content for teaching sustainable energy systems in physics at upper
2010, Taiwan secondary school
PERON, 2016, Ponta Grossa O ensino de física nuclear e suas aplicações no contexto da sociedade
contemporânea
REIS; MARTINS, 2016, Santa Catarina Estudo comparativo sobre as atividades experimentais em coleções de
Física coincidentes recomendados nas edições 2012 e 2015 do PNLD
SOBRINHO, 2009, Cuiabá Análise de livros didáticos do nível médio quanto a potencialidade para
uma possível aprendizagem significativa de física ambiental
SOBRINHO, 2016, Brasília Temas sociocientíficos no Enem e no livro didático: limitações e
potencialidades para o ensino de Física
SOUZA, 2005, Florianópolis Poluição Nuclear: a inserção da educação ambiental no Ensino Médio
na perspectiva globalizante via enfoque CTS
SOUZA, 2010, Natal Despertando responsabilidade social no Ensino Médio por meio de
temáticas associadas à física nuclear
WATANABE, 2008, São Paulo Elementos para uma abordagem temática: a questão das águas e sua
complexidade
WATANABE, 2012, São Paulo Aspectos da complexidade: contribuições da Física para a compreensão
do tema ambiental
Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa.
57
Souza (2005) adverte que os livros didáticos trazem uma visão deformada da
ciência, caracterizando-se por apresentá-la “repleta de aspectos positivos sobre as
possibilidades de aplicação dos conhecimentos científicos, pouco considerando ou
simplesmente ignorando as consequências sociais, econômicas, políticas e ambientais
decorrentes do uso da tecnologia” (SOUZA, 2005, p. 166). Outro apontamento diz respeito ao
posicionamento político dos cientistas ao longo da História. O autor defende que o debate dos
aspectos sociais da Revolução Industrial e do aquecimento global podem possibilitar uma
reflexão sobre os impactos socioambientais de um modelo de industrialização predatório e de
uma cultura consumista.
Watanabe (2008) analisou, em sua dissertação de mestrado, o tema água nos livros
didáticos de física mais utilizados à época da pesquisa. Em síntese, observa-se que o ciclo
hidrológico, a formação de cristais de gelo, a poluição da água e o saneamento básico são temas
pouco discutidos nos livros. Aspectos socioculturais, econômicos e políticos estão quase
ausentes. Entretanto, quando se reflete que um terço da população mundial não tem acesso à
água de qualidade e que há muitas pessoas morando em áreas com risco de inundação, percebe-
58
se que questões socioambientais relevantes estão sendo negligenciadas nos livros didáticos de
física.
Sobrinho (2016), em sua tese de doutorado, observou que 80% dos livros não
apresentam projetos que possam contribuir com discussões éticas, com o desenvolvimento da
cidadania e o respeito às diversidades culturais. No entanto, alguns apresentam projetos, como,
por exemplo, o "Uso racional e fontes alternativas de energia elétrica", que podem colaborar
com a formação de cidadãos responsáveis socialmente; para a integração da física com outras
áreas do conhecimento; e para o estímulo às relações sociais e grupais de trabalho.
contexto da educação básica, a fim de que haja efetivas mudanças nos discursos de autoridade
presentes nas salas de aula e que são reproduzidos socialmente. Essas transformações dar-se-
ão por meio da incorporação de diferentes perspectivas de ciências e de uma postura crítica
frente às tomadas de decisões políticas, sociais, econômicas e culturais, pautadas na justiça
ambiental.
didáticos, incluindo práticas que possibilitem maior participação dos alunos e envolvimento da
comunidade.
químicos/biológicos) que ocorrem ao seu redor e utilizar esse conhecimento em prol do seu
bem-estar e da sociedade ao qual este faz parte” (SILVA, 2017, p. 29).
O conjunto dessas investigações, que têm como foco a análise de temas ambientais
nos livros didáticos de física, evidenciaram a importância dessas questões na construção de
conhecimentos de física e no desenvolvimento de sujeitos participativos, éticos e críticos. Como
se percebe, as pesquisas ressaltam a importância de investigações sobre livros didáticos, assim
como a potencialidade deste instrumento para a inserção, no ensino da física, de questões
socioambientais. Por outro lado, elas apontam que a presença de questões socioambientais nos
livros didáticos ainda é pouco expressiva, fator que pode comprometer a estruturação de
atividades fortemente centradas na discussão de questões socioambientais.
CAPÍTULO 3
Caminhos da Pesquisa
No PNLD 2018 foram aprovadas 12 coleções de livros didáticos de física, cada uma
composta de três volumes. Tendo em vista o objetivo de implementação da temática física
ambiental na educação básica, particularmente no ensino médio, optou-se por analisar todas as
coleções aprovadas. No Quadro 3 estão descritas as coleções aprovadas no PNLD 20186.
6
As informações foram obtidas no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Dados estatísticos sobre a
distribuição das coleções no Brasil não estavam disponíveis até a data do último acesso. Disponível em:
http://www.fnde.gov.br/programas/programas-do-livro/livro-didatico/guia-do-livro-didatico. Acesso em: 07/11/2018.
65
Quadro 3. Informações editoriais sobre os livros didáticos de física aprovados no PNLD 2018
Partindo destes pressupostos, realizou-se uma busca nos livros didáticos por
assuntos que estivessem relacionados com física ambiental. Desta forma, foram considerados
como UR temas que contivessem termos como: degradação ambiental, fenômenos
atmosféricos, qualidade de vida, poluição, fontes de energia, eficiência energética,
sustentabilidade, cidadania, reciclagem, entre outros.
Figura 3. Exemplo de um fragmento que não foi considerado relacionado à física ambiental
Contudo, da leitura do enunciado é possível perceber que essa relação não está
presente e que a “gota de chuva” poderia ser substituída por outro objeto qualquer. Dessa forma,
o exemplo em questão é uma aplicação de conhecimentos de mecânica clássica que não permite
desenvolver a temática da física ambiental.
De acordo com Amaral et. al. (2006), descritores gerais se constituem no projeto
gráfico e nos procedimentos metodológicos. O projeto gráfico envolve todos os aspectos
formais relativos à capa, ao texto, às imagens, mapas, tabelas e gráficos, que podem influenciar
na compreensão dos conteúdos e na eficácia dos procedimentos metodológicos sugeridos no
manual do professor. Os aspectos teórico-metodológicos procuram entender as características
68
comuns a todos os componentes curriculares e que devem ser respeitadas em qualquer coleção
didática, tais como: precisão conceitual; adequação social e educativa, e gradação de
complexidade ao longo dos anos escolares. Os descritores específicos, por sua vez, apresentam
as concepções de ambiente; cotidiano; saúde; CTS e propostas de atividades em ciências.
A escala utilizada para cada descritor compõe-se dos seguintes valores: 1, para
quando o descritor está pouco presente nas coleções didáticas; 2, quando tem uma presença
média; 3, quando está muito presente. Neste quesito da análise, considerou-se o conjunto de
registros de cada descritor, os números de páginas em que esses registros estavam presentes nos
três volumes da coleção, e o nível de intensidade da presença em cada volume (AMARAL et
al., 2006).
Quadro 4. Descritores da física ambiental nos livros didáticos de física aprovados pelo PNLD
2018
Nesses casos, é possível pressupor que uma importância maior foi atribuída ao
ambiente quando comparada a situações em que a física ambiental está localizada em textos
complementares ou atividades de revisão. Um exemplo da física ambiental presente num texto
principal é ilustrado na Figura 5.
Figura 5. Fragmento do livro didático que exemplifica a localização da física ambiental num
texto principal
física. O professor pode a partir desta atividade prática fazer articulações com o contexto dos
alunos em nível local e global.
Figura 7. Fragmento que exemplifica uma atividade com materiais de laboratório e de baixo
custo
pessoas, sem acesso à energia elétrica, vivem, majoritariamente, nas localidades de menor
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e pertencem a famílias de menor renda7.
7
Mais informações sobre a distribuição e o acesso à energia elétrica no Brasil podem ser obtidas no endereço do
Ministério de Minas e Energia. Disponível em: http://www.mme.gov.br/. Acesso em: 28/03/2019.
76
sociocultural dos alunos, sendo possível propor atividades que proporcionem maior interação
entre a escola e comunidade.
Figura 9. Fragmento que exemplifica uma atividade que possibilita integração com outras áreas
do conhecimento
conjunto dos descritores. Estudos conduzidos por Layrargues e Lima (2011, 2014), propõem
três macrotendências da educação ambiental: 1) macrotendência conservadora; 2)
macrotendência pragmática; e 3) macrotendência crítica.
Destaca-se que esta investigação não tem como foco avaliar as coleções didáticas,
visto que, todos os livros podem contribuir para a implementação das discussões da física
ambiental no ensino. Interações entre os estudantes, professores e comunidade, quando bem
conduzidas, podem propiciar discussões de física ambiental reflexiva e crítica, ainda que as
coleções não se alinhem a essa perspectiva. A finalidade principal, portanto, é contribuir para
o debate da física ambiental na educação, sobretudo nos livros didáticos.
O registro dos descritores para cada situação foi realizado no Quadro de Descritores
e os registros foram inseridos numa planilha Excel®. Ainda é preciso lembrar que cada situação
de física ambiental pode ser localizada em mais de um descritor. Nessa planilha foram
relacionados os seguintes elementos: unidade; capítulo; volume; número da página dos textos
ou imagens analisadas; o contexto em que está localizado; as unidades de registro; o(s)
descritor(es) associado(s); um trecho exemplificativo; e observações que se julgou pertinentes
79
às possíveis interações que esta situação pode possibilitar temos os descritores 5 e 6 (propõem-
se que uma das atividades seja realizada em grupos).
É importante reiterar que o foco central deste trabalho é analisar o potencial dos
livros didáticos para a implementação das discussões da física ambiental no ensino médio. A
análise, portanto, não considerou os aspectos teóricos, metodológicos ou conceituais, assim
como possíveis incorreções nos textos (escritos ou imagéticos).
Newton (HG); Física: Interação e Tecnologia (IT); Física Aula por Aula (AA); Física -
Bonjorno, Clinton, Eduardo Prado e Casemiro (BC); Física em Contextos (FC); Física: Ciência
e Tecnologia (CT) e Conexões com a Física (CF).
82
CAPÍTULO 4
Nesta seção, analisaram-se as coleções de física aprovadas pelo PNLD 2018. Para
uma visão geral das obras, foram organizados nos Quadros 5 e 6 a distribuição dos conteúdos
programáticos através das unidades/capítulos de cada um dos três volumes das 12 coleções para
se ter uma perspectiva geral dos temas que são discutidos em cada volume.
Quadro 5. Distribuição dos conteúdos programáticos das coleções GP, AG, CA, SP, EM e HG
Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa a partir dos dados editoriais presentes nos livros didáticos analisados.
83
Quadro 6. Distribuição dos conteúdos programáticos das coleções IT, AA, BC, FC, CT e CF
Unidade 0 - Pensando a Física Unidade 1 - Calor e Temperatura Unidade 1 - Eletrização; Força e Campo
Unidade 1 - Movimentos Unidade 2 - Gases e Termodinâmica e Elétrico; Trabalho e Potencial Elétrico
Unidade 2 - Cinemática Vetorial Unidade 3 - Princípios da Óptica Geométrica Unidade 2 - Circuitos Elétricos
Unidade 3 - Leis de Newton e Reflexão da Luz Unidade 3 - Magnetismo
Unidade 4 - Sólidos e Fluídos em Unidade 4 - Refração da Luz Unidade 4 - Indução e Ondas
CF Equilíbrio Estático Unidade 5 - Oscilações e Ondas Eletromagnéticas
Unidade 5 - Trabalho e Energia Unidade 5 - Questões da Física do
Mecânica Século XXI
Unidade 6 - Princípio da Conservação
da Quantidade de Movimento
Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa a partir dos dados editoriais presentes nos livros didáticos analisados.
84
O referido autor considera que as editoras dos livros didáticos da área de Ciências
da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, como estratégia de valorização e divulgação,
utilizam-se de um discurso de grandes mudanças e de uma proposta curricular que se enquadra
nos PCNEM. No entanto, os livros didáticos continuam a apresentar estrutura e organização em
unidades, capítulos e conteúdos bastante similares aos das obras anteriores aos PCNEM.
exemplo o projeto Viver e Conviver em Trânsito, que solicita ao aluno uma análise da
mobilidade urbana na região que ele mora.
Gráfico 4. Distribuição da física ambiental por volume das coleções GP, AG, CA, SP, EM e
HG
Gráfico 5. Distribuição da física ambiental por volume das coleções IT, AA, BC, FC, CT e CF
Por sua vez, nos volumes destinados ao 2º ano do Ensino Médio, os assuntos mais
recorrentes são: revolução industrial; fenômenos atmosféricos; e aquecimento global. São
enfatizados os impactos socioambientais, alguns aspectos sociais e históricos referentes ao
desenvolvimento tecnológico. Destaca-se o texto — com respectiva figura — presente no
capítulo de termodinâmica da coleção SP, que menciona situações degradantes de trabalhadores
nas minas de carvão e faz articulações entre a situação do trabalho infantil no século XXI com
a Segunda Revolução Industrial (Figura 11).
87
Figura 11. Fragmento que discute a revolução industrial e o trabalho infantil associado à
extração de carvão mineral
Tópico recorrente nos volumes 2 de todas as coleções, e que está relacionado aos
fenômenos atmosféricos, é a inversão térmica. Em algumas coleções este tópico apresenta
elementos que podem possibilitar discussões sobre os impactos socioambientais da poluição
atmosférica.
Por fim, nos volumes 3, destinados ao 3º ano do Ensino Médio, existe uma
predominância de assuntos ligados à eletricidade atmosférica e à questão energética. Ressalta-
se que as coleções discutem as fontes de energia renováveis e não renováveis de forma
detalhada e trazem apontamentos de elementos sociais, políticos e econômicos associados a
este tema. Também quando se aborda a eletricidade atmosférica existem indicações de cuidados
que devemos ter para evitar acidentes.
Quadro 7. Distribuição das coleções de física do PNLD 2018 referente ao conjunto de 26 descritores sobre física ambiental e as perspectivas gerais
das coleções referente às macrotendências político-pedagógicas da educação ambiental
14. Clima CA; SP; IT; AA; FC; CT GP; AG; EM; HG; BC CF
15. Mobilidade Urbana GP; AG; CA; SP; EM; HG; IT; AA; BC; FC; CT; CF
16. Sensoriamento Remoto GP; AG; CA; SP; EM; HG; IT; AA; BC; FC; CT; CF
17. Saúde Ambiental GP; AG; CA; SP; EM; HG; IT; AA; BC; FC; CT; CF
Temas
18. Biodiversidade GP; AG; CA; SP; EM; HG; IT; AA; BC; FC; CT; CF
19. Radioatividade GP; AG; CA; SP; EM; HG; IT; AA; BC; FC; CT; CF
20. Poluição GP; AG; CA; SP; EM; HG; IT; AA; BC; FC; CT; CF
21. Sistemas Sustentáveis GP; AG; CA; SP; EM; HG; IT; AA; BC; FC; CT; CF
22. Desastres Ambientais GP; AG; CA; SP; EM; HG; IT; AA; BC; FC; CT; CF
89
Quadro 7. (Continuação).
4.1. Descritores de localização no projeto editorial da física ambiental nos livros didáticos
Neste descritor, verificou-se que a física ambiental, nas 12 coleções, está mais
localizada nas fotografias e atividades. De forma um pouco menos expressiva, encontramos
inserções em textos e textos complementares. Como exemplo de física ambiental localizada em
uma atividade, temos a Figura 12.
Figura 12. Fragmento do livro didático relacionado a localização da física ambiental numa
atividade
Na coleção CT, por exemplo, a física ambiental tem uma considerável presença nos
textos complementares, em comparação com as outras coleções. O fragmento (Figura 13)
discute os diferentes pontos de vista dos moradores de Angra dos Reis com relação à existência
de duas usinas nucleares na região. O texto possibilita o debate da importância de não silenciar
os sujeitos sociais e os aspectos socioculturais. A energia nuclear é um tema polêmico e que
divide opiniões, uma vez que existem muitas questões de relevância social envolvidas, como,
por exemplo: a) o lixo nuclear; b) a possibilidade de acidentes; e c) a relação entre a eficiência
energética e os impactos socioambientais.
questões podem partir de questões ambientais locais, como casas construídas em locais de risco,
ou globais, como o aquecimento global.
1. Belo Monte estará listada entre as cinco maiores hidrelétricas do mundo e será
capaz de produzir energia para atender a demanda de até 60 milhões de pessoas e
alavancar o crescimento do país. No entanto, seu projeto é bastante polêmico e está
sendo combatido até agora por muitos setores da sociedade. Pesquise e debata com
seus colegas as vantagens e desvantagens da construção dessa usina e aponte algumas
alternativas que poderiam evitar sua construção (Ser Protagonista, v. 3, p. 181).
Embora existam textos e atividades que podem proporcionar uma interação entre
professor e aluno, apontamentos nos livros e recomendações do Manual do Professor indicam
relações verticalizadas, não dialógicas. Carneiro, Santos e Mól (2005) argumentam que os
livros impõem aos professores conhecimentos construídos historicamente que são mais
97
relevantes para serem trabalhados em sala de aula, assim como um conjunto de propostas de
práticas pedagógicas, que acabam, de certa forma, condicionando o trabalho do professor. As
propostas, no geral, sugerem leituras e planejamentos de atividades detalhados, não ficando
explícito se existe a possibilidade de as questões socioambientais serem propostas por alunos
ou serem desenvolvidas a partir da realidade do entorno da escola.
De acordo com vários autores (FREIRE, 2011; REIS, 2004; TEIXEIRA, 2007;
ENGSTRÖM; GUSTAFSSON; NIEDDERER, 2010; GARCIA, 2012), uma educação como
prática de liberdade e voltada para a emancipação dos sujeitos, pressupõe-se a construção de
um currículo crítico, mudanças nos livros didáticos e políticas públicas de formação de
professores. Portanto, depreende-se que os livros didáticos podem diminuir o distanciamento
entre alunos, professores e comunidade, desde que contribuam para a substituição do
autoritarismo existente nas escolas pelo diálogo democrático em diferentes espaços.
Figura 19. Fragmento referente aos aspectos sociais e históricos das questões socioambientais
4.4. Descritores sobre os temas de física ambiental presentes nos livros didáticos
Ao analisar os temas mais presentes nos livros didáticos de física do PNLD 2018,
identificou-se uma situação análoga à da análise das dissertações e teses brasileiras. Os temas
mais representativos nas coleções são Energia, Clima e Radioatividade. Os assuntos de menor
destaque relacionam-se aos temas Biodiversidade, Sensoriamento Remoto, Sistemas
Sustentáveis, Desastres Ambientais e Saúde Ambiental.
103
Outro aspecto negligenciado nas coleções são as tensões e conflitos sociais que
permeiam a questão energética, tanto no Brasil, quando no mundo. Destaca-se a importância de
promover diálogos em sala de aula sobre os conflitos armados, os elementos políticos,
econômicos e socioculturais atrelados à questão energética (UEBEL, 2013).
Tópico pouco discutido nas coleções é a poluição sonora e visual. Como exemplo
de uma situação que aborda a poluição sonora e seus impactos socioambientais, temos o trecho
a seguir, que evidencia os aspectos biológicos e psicológicos associados à poluição sonora:
“Muitas doenças e mortes devido a alterações do meio podem ser identificadas por qualquer
pessoa. Mas a poluição sonora, mesmo em níveis exagerados, produz efeitos imediatos
moderados. Seus efeitos mais graves vão se implantando com o tempo, como a surdez, que não
tarda a se acompanhar às vezes de desesperadores desequilíbrios psíquicos e de doenças físicas
degenerativas” (Física para o Ensino Médio, v. 2, p. 269).
Gouveia (1999) afirma que, no Brasil houve uma expansão das redes de tratamento
de água e esgoto, mas ainda existe uma grande diferença de cobertura de saneamento básico
intra-regionais e intra-urbanos. Segundo o autor, o acesso a moradias com saneamento básico
107
Além desse, há outros condomínios sustentáveis cujos projetos desenham outra forma
de relacionar com o ambiente. (...) Apesar da inovação na relação com o ambiente,
alguns pesquisadores apontam problemas nesse tipo de empreendimento. (...) Com
relação aos aspectos humanos, há uma redução e seleção no espaço de socialização,
pois, em vez de buscar soluções amplas para tornar o espaço sustentável para todos, a
melhoria da qualidade de vida é seleta para aqueles que podem pagar pela residência
(Física Aula por Aula, v. 1, p. 241).
Portanto, é necessária a discussão de sistemas sustentáveis que considerem os
sistemas políticos, o modelo econômico e as injustiças sociais, pois é um paradoxo pensar que
possam coexistir cidades sustentáveis e desigualdade social (PIERRI, 2001). Em alguns
momentos, as coleções trazem discussões que evidenciam contradições que existem nas
grandes cidades, como ilustrado na Figura 25.
108
que a distância entre os fios da rede elétrica de alta-tensão é inferior à distância entre as pontas
das asas de algumas aves, no momento do voo” (Física Aula por Aula, v. 3, p. 91). Este
fragmento exemplifica questões socioeconômicas e ambientais relativas à urbanização, embora
no texto não haja, explicitamente, menções sobre a ocupação dos espaços pelo homem e os
impactos socioambientais.
4.5. Descritores sobre a integração das questões ambientais com outras áreas do
conhecimento
Figura 26. Fragmento de um texto caracterizado como integração com Linguagens e Códigos
Figura 27. Fragmento de uma atividade caracterizada como integração com Ciências Humanas
Figura 28. Fragmento caracterizado como integração com Ciências da Natureza e Matemática
Ressalta-se que foram caracterizadas as relações que estavam mais evidentes nos
textos, atividades e fotografias, contudo, todas as situações podem promover integrações com
outras áreas do conhecimento. Entendemos que a utilização dos livros didáticos pode
desencadear diferentes desdobramentos de discussões sobre questões socioambientais, entre
eles, o entendimento de uma visão integradora, multidimensional e interdependente de
ambiente.
113
educação ambiental crítica se caracteriza por um pensamento mais complexo das questões
ambientais, ao entender que não existem explicações reducionistas. Por essa perspectiva
complexa torna-se não só viável como necessária a inclusão das questões socioculturais,
econômicas, individuais e subjetivas que despontam com as transformações das sociedades
contemporâneas.
A investigação sobre as fontes alternativas para obtenção de energia elétrica pode ser
feita a partir da literatura científica e também estudos realizados pelos ambientalistas,
pois esse assunto não se refere apenas a procurar novas formas de energia para
abastecer o progressivo aumento da demanda de energia elétrica pelos consumidores,
mas também ao cuidado necessário com o ambiente. Assim, temas como degradação
do ambiente promovida pelas usinas geradoras de eletricidade (hidrelétrica,
termoelétrica e nuclear), os acidentes nas usinas nucleares, o antecipado esgotamento
do uso dos rios na geração de eletricidade, a contribuição das usinas termoelétricas no
agravamento do efeito estufa e na poluição ambiental promoverão a contextualização
necessária para uma reflexão sobre as nossas práticas sociais. Sugerimos que cada
grupo investigue uma temática específica de modo que, em conjunto, constituam um
panorama da situação energética planetária (Física: Interação e Tecnologia, v. 3, p.
217).
O projeto apresenta indícios de uma perspectiva crítica sobre as questões
socioambientais que pode favorecer uma visão mais ampla e integradora de ambiente.
Identifica-se, também, que o projeto evidencia a importância de posturas colaborativas como
estratégia metodológica para a compreensão mais complexa destas questões. Entendemos que
atividades em grupo podem estimular o desenvolvimento de sujeitos participativos e engajados
socialmente, no entanto, não são suficientes para a transformação da realidade.
CONCLUSÕES
Para a inserção da física ambiental na educação básica algumas ações devem ser
planejadas, frente à diversidade de perspectivas que existem no ensino de física no Brasil e no
mundo. Embora muitas vezes cristalizadas, as discussões sobre questões ambientais no ensino
de física são pautadas por abordagens CTS, temas controversos, controvérsias sociocientíficas
e também a partir de questões sociocientíficas. Contudo, na contramão dessas possibilidades,
observamos um ensino de física conteudista, mecanicista, tecnicista, e que está em desacordo
com as recomendações das pesquisas elencadas neste trabalho. Tais abordagens dificilmente
possibilitarão a implementação de questões socialmente relevantes no ensino de física da
educação básica.
grande intensidade; extinção acelerada de diversas espécies da fauna e flora; secas prolongadas
e inundações devastadoras, entre outras situações que são características de um contexto
histórico que coloca em questionamento sistemas econômicos, sociais e políticos que têm
influência direta nestes acontecimentos.
Ainda que discretos, pequenos e pontuais avanços foram percebidos no que diz
respeito à atualização de informações, pois um desastre ambiental ocorrido dia 5 de novembro
de 2015 em Mariana/Minas Gerais — portanto, relativamente recente — foi incluído em três
coleções aprovadas no PNLD 2018. Também vale destacar a presença de conceitos que têm
sido discutidos pelas pesquisas sobre questões socioambientais mais recentes, como
“degradação ambiental” ou “responsabilidade socioambiental”.
reflexivos e emancipados, uma vez que muitos temas possuem elementos problematizadores
que favorecem debates, atividades práticas e integração com outras áreas do conhecimento. Nas
coleções analisadas esse potencial foi pouco explorado.
Nesse sentido, a dimensão política parece estar muito distante das questões
socioambientais. Esta característica observada nos livros é evidenciada nas atividades que
priorizam mudanças individuais de comportamento no âmbito doméstico e industrial, portanto,
são necessárias discussões mais reflexivas, amplas e complexas pertinentes às questões
socioambientais.
educação crítica e transformadora exige um tratamento dinâmico dos conhecimentos, que são
construídos, de forma coletiva, contínua, integrada, democrática, pois somente assim podem
favorecer o processo de conscientização dos sujeitos para uma prática social emancipatória,
condição para a construção de sociedades democráticas que sejam justas e sustentáveis
(TOZONI-REIS, 2006).
Desse modo, reitera-se que uma visão crítica de ambiente implica numa visão
integrada, sem dissociar o ser humano dos demais seres vivos. Além disso, deve propor uma
leitura crítica da realidade e ressaltar as diversas dimensões necessárias para a compreensão
profunda dos modelos atuais de desenvolvimento e sociedade (dimensão física, química,
biológica, socioculturais, econômicas, políticas), consubstanciando numa possível
transformação desta realidade.
educação básica são CT, GP, IT e SP, sendo que as duas primeiras possuem capítulos
específicos que discutem diferentes temas de física ambiental, muito embora, ressalta-se, que
as discussões sobre questões socioambientais devem estar distribuídas em todas as obras. Por
outro lado, as coleções IT e SP, além de discutirem diferentes temas de física ambiental,
apresentam projetos que podem favorecer a integração com outras áreas do conhecimento e
envolvimento com a comunidade. Acredita-se que o desenvolvimento destes projetos numa
perspectiva crítica pode promover a divulgação da temática física ambiental para além dos
muros das universidades.
Uma das limitações deste estudo, embora tenham sido identificadas potencialidades
para se trabalhar física ambiental na educação básica, é que as situações propostas pelos livros
didáticos não foram verificadas num contexto real de sala de aula. Tal limitação abre caminho
para novas investigações, como, por exemplo, o desenvolvimento de projetos que envolvam o
diálogo e a participação democrática (famílias, alunos, professores, gestores, comunidade) a
partir das questões socioambientais sugeridas pelos livros didáticos de física. Estes novos
desdobramentos podem contribuir para a divulgação científica e efetiva implementação da
física ambiental no Brasil.
Defende-se um ensino de física que possa ser mais receptivo às discussões sobre
questões socioambientais na educação básica. Nesse pensamento, ressalta-se urgente a
valorização do professor e de políticas públicas voltadas para a melhoria da educação brasileira.
Por todo exposto, espera-se que os debates sobre física ambiental possam
possibilitar, aos professores, aos pesquisadores e aos formuladores de políticas públicas
referentes à educação básica, reflexões sobre a necessidade de mudanças nos livros didáticos e
nas práticas pedagógicas escolares.
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Apêndice A. Quadro de Referências das 132 Dissertações e Teses Localizadas sobre Temas
de Física Ambiental
Quadro de Referências das 132 Dissertações e Teses Localizadas sobre Temas de Física
Ambiental (continuação)
Quadro de Referências das 132 Dissertações e Teses Localizadas sobre Temas de Física
Ambiental (continuação)
Quadro de Referências das 132 Dissertações e Teses Localizadas sobre Temas de Física
Ambiental (continuação)