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2020
VALÉRIA BRESSAN CANDIDO
2020
FOLHA DE APROVAÇÃO
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Ao meu avô Antonio Bressan porque tudo que fiz, faço e farei de bom na minha vida,
será para ele.
AGRADECIMENTOS
À minha família, que arcou com o ônus de todo o meu stress da reta final desse
projeto.
À professora Sandra Maria Fodra, que através do seu amor pela educação
demonstrou que é possível solucionar conflitos através do amor na rede pública de
ensino.
Ao Promotor Dr. Daniel Serra Azul Guimarães, que pela sua disponibilidade, atenção
e conhecimento me fez, novamente, acreditar na justiça.
Aos Professores Doutores: Victor Chaves de Souza e Izabel Cristina Petraglia, por
fazerm parte da banca.
Ao Professor Doutor Renan Antônio da Silva, que mesmo de última hora, aceitou o
meu convite, e muito me honrou participando da banca de defesa.
À Professora Doutora Dra. Luci Mendes de Mello Bonini pelo seu conhecimento,
incentivo nas pesquisas, acreditando no meu potencial e sempre me apoiando, e
apesar de tudo que aconteceu, ter aceitado participar da minha banca de defesa.
Solving conflicts has been, throughout human history, an unceasing quest. This
research aimed to analyze how the application of the principles of Restorative Justice
in School Mediation can be an effective way to resolve conflicts in this environment.
Through a theoretical and philosophical comparison, among which I highlight:
Leoberto Brancher (2006); Kay Pranis (2010); Howard Zehr (2008, 2012); Niklas
Luhmann (2016) and Bakhtin (2009, 2012), and from works that are beginning to
emerge on the topic, we sought to build a safe environment for the observation of the
performance of teachers, mediators and education professionals and of different
knowledge that work , in an interdisciplinary way, mitigating the damage caused to
the actors involved in school disputes and conflicts. The research participants were
teachers, school mediators, school principals, pedagogical coordinators, students,
employees of the São Paulo State Department of Education and a prosecutor of the
São Paulo State Public Ministry, who works directly in the study of problems of state
education. By comparing the experiences observed during the research within the
national territory with the international experiences brought to the collection, we were
able to achieve revealing results that, although still timid, school mediation, when
combined with restorative principles, can produce satisfactory solutions to conflicts,
bringing to those involved the feeling of belonging of young people and adolescents
in the school universe. The data demonstrated that this type of public policy is
important and that it can bring positive results in the medium and short term:
improvement in the quality of human relations, social empowerment and personal
satisfaction, however, much needs to be done in the search for school pacification.
Key words: School Mediation, Restorative Justice, Culture of Peace, Public Policies,
Education.
Sumário
Introdução............................................................................................................1
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................155
REFERÊNCIAS................................................................................................163
ANEXOS...........................................................................................................173
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
INTRODUÇÃO
1
Por opção da semântica desta tese a palavra ator será utilizada para se referir aos sujeitos que compõem o
universo da educação.
5
garantias fundamentais que haviam sido extirpados pela ditadura militar. No entanto,
esse novo cenário também trouxe consequências, uma vez que há ainda muito que
se caminhar na capacitação de novos atores no Sistema Judiciário para que
encarem novas tarefas e novos olhares para essas questões 2, assim como também
é preciso a melhoria da infraestrutura para essas novas propostas de se fazer
justiça3.
2
Poder Republicano que tem a prerrogativa das soluções de litígios e conflitos entres os cidadãos.
3
Termo advindo do latim que se traduz em dizer o direito.
9
Na era primitiva, nas demais sociedade que não a hebreia, não havia
estado nem justiça. As penas aplicadas eram de forma privada, tendo como base a
vingança, tendo em vista que não só a vítima reagia, mas também todos seus
familiares. Tomados pelo desejo de vingança, a família agia de forma muito cruel
contra o ofensor. Diante disso, a vingança era tida como um comprometimento
religioso sagrado, que resultava em guerra e no extermino de todo o grupo do
respectivo réu.
4
Bíblia Sagrada – Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus - 1990
5
Disponível em: Biblioteca virtual de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo -
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-
cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/codigo-de-
hamurabi.html
10
6
Surge a pena restritiva de liberdade, onde se possibilitou ao Estado o encarceramento de quem
praticava ilícitos.
11
aplicar sanções como uma forma de correção social, destacando-se entre elas a
pena de morte (HORTA, 2005). Muito embora inexistisse a segurança jurídica, é
certo que esse período da história traz um grande progresso pelo fato de o Estado
ter a prerrogativa de sancionar o delinquente.
7
Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAddAAH/evolucao-historica-direito-penal
13
8
Declara abolida a pena de galés, reduz a 30 anos as penas perpétuas, manda computar a prisão
preventiva na execução, e estabelece a prescrição das penas.
14
Como observa Dotti (2003, p. 301), até os anos 1970 o Código Penal de
1940 vinha sendo alterado em três frentes: “a) a revogação e a alteração de dispositivos
isolados; b) a alteração setorial e; c) os projetos e as leis de alteração global”.
Tendo em vista que o estudo versa sobre conflitos e suas possíveis soluções
por meio do uso dos princípios restaurativos na mediação escolar, é ponderável que
alguns dos ilícitos conflituosos ocorridos dentro do ambiente escolar podem ou não ser
elevados à categoria de ato infracional. Para tanto, faz-se necessário um olhar sobre a
imputação penal que possa ser atribuída às crianças e aos adolescentes, uma vez que a
lei penal brasileira classifica em idades a imputabilidade criminal aos indivíduos que
cometem infrações.
dá um tratamento diferente, uma lei própria, na qual restam definidos direito, garantias e
formas de aplicação das sanções, denominadas medidas socioeducativas.
12
Texto da legislação disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm
18
Nesse passo, se para cada crime a lei prevê uma pena específica,
também para cada ato infracional a lei prevê uma medida socioeducativa específica,
qual seja: Leves = advertência, reparação do dano, prestação de serviços à
13
Ex: Ameaça 147 CP, calúnia 138 CP, constrangimento ilegal 146 CP, porte de substância
entorpecente para uso próprio, artigo 28 da Lei 11.343/06. Também são considerados leves os atos
infracionais análogos a crimes de médio potencial ofensivo (pena mínima não superior a um ano, com
base no artigo 89 da Lei 9099/95, que autoriza inclusive a suspensão condicional do processo). Ex:
Furto 155 CP, estelionato 171 CP, receptação 180 CP, aborto provocado pela gestante ou com o seu
consentimento 124 CP.
14
Ex: Tráfico ilícito de entorpecentes, artigo 33 da Lei 11.343/06, furto qualificado, 155, §4º, CP.
15
Ex: Homicídio 121 CP, roubo 157 CP, extorsão mediante sequestro 159 CP, estupro 213 CP.
19
dos reflexos sofridos pelos demais integrantes do grupo. Após todas as falas,
buscava-se a “cura” dos integrantes, por meio da reparação do dano à vítima,
quando essa era possível materialmente, a reparação do dano aos integrantes do
grupo, da mesma forma, e a responsabilização do ofensor, sem s eu banimento do
grupo. Esse ato não implicava, necessariamente, no perdão entre os principais
envolvidos, que poderia até acontecer, mas visava à compreensão das
necessidades de respostas e visibilidade à vítima, enquanto prejudicada no
contexto.
John Bender (apud ZEHR, 2010, p.149) relata que, em maio de 1974,
dois jovens de Elmira, Ontário, se declararam culpados de vandalismo contra 22
propriedades. Esse fato conduziria, mais tarde, a um movimento com dimensões
internacionais, pois a resolução do conflito, como relata o autor, surgiu a partir da
hipótese de os ofensores se encontrarem com as vítimas, que foi abandonada em
seguida. No entanto, um dos participantes desse grupo cristão, o coordenador do
Serviço de Voluntários do Comitê Central Menonita (MCC) de Kitchener, propôs ao
juiz que os ofensores se encontrassem com as vítimas para combinar o
ressarcimento. A reação inicial do juiz foi avessa a essa proposta, mas no momento
da sentença, o juiz, revendo sua posição anterior, determinou que se fizessem
encontros presenciais entre a vítima e o ofensor a fim de chegar a um ac ordo de
indenização. Acompanhados de seus oficiais de condicional e do coordenador, os
dois rapazes visitaram todas as vítimas, foi negociado o ressarcimento e em um
período de alguns meses, todos foram ressarcidos. Assim nasceu o movimento de
reconciliação entre vítimas e ofensores do Canadá.
local que é formada em sua grande maioria por descendentes de tribos aborígines,
especialmente dos Maoris, que estavam insatisfeitos em relação aos procedimentos
adotados pela justiça formal com os jovens que praticavam atos infracionais.
Propuseram, então, um resgate das tradições de suas tribos que seria uma forma
alternativa para resolução de conflitos. A partir de então, estas práticas têm sido
utilizadas regularmente e proporcionam resultados positivos (ZEHR, 2012, p. 14).
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 35. A execução das medidas socioeducativas reger-se-á pelos
seguintes princípios:
(...)
III - prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre
que possível, atendam às necessidades das vítimas; (grifo nosso).
16
Texto da legislação disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12594.htm
17
A mediação é um meio consensual e voluntário de resolução de conflitos de interesses, realizado
entre pessoas físicas e/ou jurídicas, que elegem, segundo a sua confiança, uma terceira pessoa - o
mediador, independente e imparcial, com formação técnica ou experiência adequada à natureza do
conflito, que terá, por funções, aproximar e facilitar a comunicação das partes, para que estas
solucionem suas divergências e construam, por si próprias, seus acordos com base nos seus
interesses.
18
A arbitragem é um meio consensual e voluntário de resolução de conflitos de direitos patrimoniais
disponíveis, aplicado fora do Judiciário, realizada entre pessoas físicas e/ou jurídicas, que elegem,
segundo a sua confiança, uma ou mais pessoas - árbitro ou os árbitros, independente(s) e
imparcial(is), especialista(s) na matéria técnica, para decidir, de modo definitivo, o litígio que tenha
surgido ou que venha a surgir entre elas. A figura do juiz é substituída pela do árbitro, e a grande
vantagem é a especialização sobre a matéria controversa, pois o árbitro, conhecedor do tema, dá
credibilidade e precisão à decisão.
22
vingança, e que a retribuição tome a seu cargo 'a culpa de sangue do povo', expie o
delinquente etc., tudo isto é concebível apenas por um ato de fé, que, segundo a
nossa Constituição, não pode ser imposto a ninguém, e não é válido para uma
fundamentação, vinculante para todos, da pena estatal (ROXIN, 1986).
princípio (ou regra) é a facilidade na busca de um acordo. Quando uma das partes
não tiver a vontade de participar da sessão, ou seja, não quiser buscar um acordo,
esse não será feito; ou, se feito, não será eficaz.
Candido (2014, p. 49) informa que existem no mundo hoje quatro grandes
práticas restaurativas. São elas: Os Círculos Restaurativos, difundidos na América
do Norte, principalmente no Canadá, pelas nações indígenas e algumas nações
indígenas dos Estados Unidos; o VOM (Victim-Offender Mediation), a mediação
entre vítima e ofensor – prática introduzida pelos canadenses em meados dos anos
1970 e muito difundida nos EUA também; Family Group Conferencing
(Conferências Familiares), muito difundido na Austrália e Nova Zelândia – uma
26
20
Seminário Internacional promovido pela Ajuris e Programa Justiça para o Século 21, com apoio do
Ministério Público como o tema “Processos Circulares: Ferramenta para intervenção e prevenção no
trabalho de jovens”, disponível em: https://www.mprs.mp.br/noticias/22825/.
28
21
Disponível em: https://www.monjacoen.com.br/textos/textos-da-monja-coen/141-o-que-e-uma-
cultura-de-paz. Acesso em 02 dez. 2019.
32
O ano 2000 foi o ponto de partida para a grande mobilização, assim como
foi o Ano Internacional para a Cultura de Paz. Foi neste momento que as Nações
Unidas iniciaram um movimento global para a Cultura de Paz, criando uma “grande
aliança” que unia todos os movimentos já existentes que já trabalhavam em prol da
Cultura de Paz nos oito âmbitos de ação. Este movimento foi crescendo com a
Década Internacional para a Cultura de Paz e Não Violência para as Crianças do
Mundo (2001-2010), nos termos da Resolução das Nações Unidas A/RES/53/25 22.
22
Texto integral da resolução disponível em: http://www.comitepaz.org.br/ResONU5811.htm
33
23
Relação completa disponível em : http://www.restorativejusticeinternational.com/affiliate-members-
of-rji/
24
Tradução livre: vergonha reintegrativa.
34
itinerantes, fazendo com que a solução seja mais pacífica para os envolvidos.
(ROBALO, 2012, p. 151). A legislação canadense permite que, caso o juiz seja
favorável à aplicação de outro método, estando este de acordo com a legislação,
seja autorizada a utilização de medidas alternativas. Ou seja, a utilização da Justiça
Restaurativa no Canadá, mais precisamente pela adoção dos círculos de sentença,
dar-se-á mediante decisão do juiz e não das partes (MEIADO, 2016, p.66).
25
Tradução livre: Círculos de Suporte.
35
26
Conceitos extraídos do dicionário on line de português, disponível em
https://www.dicio.com.br/mediacao/
38
Mais recentemente, há o caso da Escola Raul Brasil 27em Suzano, São Paulo,
ocorrido em 13 de março de 2019, onde, a exemplo de Columbine28, no estado do
Colorado, nos Estados Unidos, ocorrido em 20 de abril de 1999, aconteceu um
massacre de pessoas, por alunos e ex-alunos armados. Outra situação foi a da
Escola Estadual Maria de Lourdes Teixeira, em Carapicuíba 29, também, no estado
de São Paulo, ocorrido em 31 de março de 2019, onde alunos agrediram,
verbalmente, uma professora de 45 anos e lhe arremessaram livros, carteiras e
cadeiras.
Ramón Heredia (1999, p. 35), apud Sales e Alencar 30, conta que a história
da mediação de conflitos escolares nasceu há cerca de trinta anos por meio dos
estudiosos da resolução de conflitos, dos grupos comprometidos com a não
violência, como a igreja Quaker, pelos oponentes da guerra nuclear, pelos membros
do Educators for Social Responsibility (ESR) e advogados. O autor destaca que no
início dos anos 70, nos Estados Unidos, foram implementados os primeiros centros
de justiça de vizinhos, conhecidos como Programa de Mediação Comunitária,
oferecendo um espaço onde os cidadãos pudessem se reunir e resolver seus
conflitos. Esses centros obtiveram um grande êxito e posteriormente se estenderam
pelos Estados Unidos. Na década de 1980, o sucesso das atividades do programa
de mediação comunitária foi levado para as escolas, com o objetivo de ensinar os
estudantes a mediarem os conflitos com os seus colegas.
27
Reportagem sobre a tragédia ocorrida em março de 2019, disponível em:
https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2019/03/13/tiros-deixam-feridos-em-escola-
de-suzano.ghtml
28
Reportagem sobre o aniversário de 20 anos do massacre ocorrido em Columbine, disponível em :
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/03/13/massacre-em-columbine-nos-eua-completa-20-anos-
em-abril-relembre.ghtml
29
https://agora.folha.uol.com.br/sao-paulo/2019/06/vandalismo-em-escola-comecou-com-uma-porta-
fechada.shtml
30
Artigo disponível em: https://docplayer.com.br/14008093-Mediacao-escolar-como-meio-de-promocao-da-
cultura-da-paz-lilia-maia-de-morais-sales-1-emanuela-cardoso-onofre-de-alencar-2.html
39
31
Preâmbulo da Constituição Federal de 1988
32
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XXIV - diretrizes e bases da educação
nacional.
41
33
Relatório disponível em http://www.rondonia.ro.gov.br/seduc/institucional/conheca-o-projeto/
34
Relatório disponível em https://seduc.to.gov.br/programas-e-projetos/gerenciamento-de-conflitos/
42
35
Relatórios dos trabalhos desenvolvidos disponível em:
https://www.tjms.jus.br/_estaticos_/infanciaejuventude/projetos/REELISE_JRE.pdf
44
36
A integra do projeto Justiça para o Século 21 está disponível em:
http://justica21.web1119.kinghost.net/
45
37
Relatório das ações realizadas disponível em: http://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/noticias/tjmg-e-
parceiros-lancam-programa-de-justica-restaurativa.htm#.W8SnbmhKjIU
38
Relatório das ação realizada disponível em: http://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-
id=1653164
46
39
Dados colhidos no site: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/panorama
40
Dados colhidos no site: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/panorama
41
Art. 5º, inciso II, da Constituição Federal
49
42
Relatório com a íntegra das informações disponível em:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/seguranca_urbana/13_396.pdf
43
A Lei 14.879, de 07 de janeiro de 2009 – Introduz alterações nas Leis 13.396/2002, Lei
13.292/2002 e,
quanto à Lei 13.866/2004 introduz, por meio dos artigos 23, alterações nos artigos 1º e 12; e, através
do
artigo 24, acrescenta parágrafo 6-A ao artigo 6°.
50
[...]
X - intervir, gerenciar e mediar conflitos e crises em bens, serviços e
instalações municipais ou relacionadas ao exercício de atividades
controladas pelo poder público municipal;
[...]
fez ou não aquela ação – não se trata de uma câmara de julgamento onde serão
ouvidas testemunhas. Para tal, o sigilo no círculo é observado.
Por outro lado, em Guarulhos, onde a parceria não existe, a duras penas, o
Juízo da Infância e Juventude luta para a manutenção das práticas
restaurativas, muito embora dependa da participação de voluntários, que
nem sempre se encontram disponíveis. Por fim, ainda que a Coordenadoria
de Infância e Juventude, através de seu setor de Justiça Restaurativa
venham promovendo cursos de formação e divulgação da cultura de paz, o
conservadorismo do Judiciário Paulista é uma grande barreira a ser
transposta (CANDIDO, 2014, p. 93).
Nos sete anos de atuação, o Sistema de Proteção Escolar criou uma rede
de escuta e orientação com as Diretorias de Ensino e escolas, o que contribuiu para
minimizar os conflitos, as ações de violência e os danos ao patrimônio público. Sua
atuação se dá de diversas formas: Projeto Professor Mediador Escolar e
Comunitário, realizado em ações de resolução de conflitos nas escolas e
encaminhamentos à rede de proteção, quando necessário; a Vigilância Eletrônica
(VE), com instalação e manutenção de câmeras, alarme e sistema de gravação de
imagens em 1.582 escolas e 22 Diretorias de Ensino a fim de proteger o patrimônio
público; o Sistema de Registro das Ocorrências Escolares (ROE), que consiste em
uma ferramenta de gestão que permite subsidiar, a partir dos dados produzidos
pelas escolas, o planejamento das ações da Secretaria tanto no nível central, como
nos níveis regional e local; a parceria com a Segurança Pública: a Ronda Escolar -
garante o policiamento ostensivo em todas as escolas - O DEJEM - Diária Especial
por Jornada Extraordinária de Trabalho do Policial Militar que reforça o policiamento
nas escolas; o PROERD- Programa de Prevenção ao uso de Drogas que colabora
com a formação dos alunos de 9 a 14 anos, por meio de cursos e palestras; o
DPCDH da Polícia Militar – Departamento de Polícia Comunitária dos Direitos
Humanos, que atua na busca de solução dos problemas de segurança nas escolas;
a Representação em Conselhos: Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas –
54
Não é somente a ação policial que garante a paz, pelo contrário, como
podemos verificar neste estudo, quanto mais se busca o modelo punitivo, mais
distante ficamos da pacificação social, e no nosso caso, da pacificação social. Por
outro lado, a Polícia Militar, por meio da Ronda Escolar, tem se mostrado uma
parceira importante na busca da inserção da cultura de paz, não só no ambiente
escolar, mas também na sociedade como um todo.
44
Texto integral da resolução disponível em:
http://www.educacao.sp.gov.br/lise/sislegis/detresol.asp?strAto=20100212001
57
45
Conteúdo dos matérias utilizados pela Secretaria de Estada da Educação disponível em:
http://file.fde.sp.gov.br/portalfde/Arquivo/normas_gerais_conduta_web.pdf
58
Para descrever este modelo são necessárias algumas palavras sobre sua
criadora. Sara Cobb. É professora da Escola de Análise e Resolução de Conflitos
(S-CAR) da George Mason University, onde também foi Diretora por oito anos. Neste
61
contexto, ela ensina e conduz pesquisas sobre a relação entre c onflitos narrativos e
violentos. Ela também é a diretora do Centro para o Estudo da Resolução Narrativa
e de Conflitos no S-CAR, que fornece um centro de estudos sobre abordagens
narrativas para análise e resolução de conflitos. Anteriormente, ela foi diretora do
Programa de Negociação da Harvard Law School e ocupou cargos em várias
instituições de pesquisa, como a Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, a
Universidade de Connecticut e, mais recentemente, a Universidade de Amsterdã.
46
“pontos de virada” são os momentos durante a negociação ou solução de conflitos onde se verifica que o
ponto central da questão não era o que vinha sendo discutido e, portanto, o caminho para a solução toma um
novo rumo.
47
“momento crítico” é o momento em que, embora haja a intenção de um acordo, algum detalhe impede que
que ele aconteça.
48
Relatório identificador de dos diferentes modelos de mediação, disponível em:
https://www.mediare.com.br/diferentes-modelos-em-mediacao/
62
49
Artigo sobre a mediação transformativa disponível em: http://www.filosofias.com.br/mediacao-
transformativa-colaborativa/
64
Para Warat, (2001, p. 92), este modelo propõe a terapia do amor mediado
(TAM) de forma que se “possa ajudar as pessoas a compreender seus conflitos com
maior serenidade, retirando deles a carga de energia negativa que impede a sua
administração criativa”.
...Essa pode parecer uma solução melhor, mas não está livre de seus
próprios perigos. Mexer com o sistema imunológico é arriscado e pode
mostrar-se patogênicos. Ademais, tornar o organismo resistente a certas
ameaças provavelmente o torna vulnerável a outras.
pois será fundada em uma ótica com aspectos psicológicos, com viés direcionado às
relações dos vínculos cotidianos de família, vizinhos, trabalho, entre outros.
A tragédia vivida pelos estudantes da escola Raul Brasil era, até então,
noticia que vinha de outros países, mas que agora o Brasil importou e que trouxe um
sentimento de insegurança para pais, alunos e professores. O mesmo pode-se
afirmar em relação à Escola Estadual Maria de Lourdes Teixeira, pois os atos de
vandalismos transmitidos via internet assombraram o país, diante da brutalidade das
agressões impingidas a uma professora de 45 anos, atingida por livros, cadeiras e
carteiras.
Tendo em vista esses fatos recentes, e outro não tão recente, mas que
também deixou marcas amargas, como o caso da escola de Realengo no Rio de
Janeiro, é necessário refletir com profundidade todo o leque que envolve os
profissionais da educação, da justiça e da gestão pública. As desigualdades
50
A Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA), instituição vinculada à
Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania, tem a missão primordial de aplicar
medidas socioeducativas de acordo com as diretrizes e normas previstas no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) e no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).
69
Para que fique mais claro neste estudo o que é um conflito e como
compreender a violência, este capítulo busca aprofundar esses conceitos de modo
que se possa chegar às práticas utilizadas nas escolas, alvo desta pesquisa no
capítulo final.
51
Trabalho apresentado no I Seminário Internacional “Contributos da Psicologia em Contextos
Educativos”. Braga: Universidade do Minho, em 2010, disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/216042087_A_mediacao_escolar_na_narrativa_dos_alunos
_do_ensino_secundario.
71
Em síntese, o conflito não pode ser visto apenas com olhar negativo, pois
ele faz parte da natureza do indivíduo até mesmo como uma forma de se posicionar
na sociedade. Tratar o conflito apenas como algo negativo limita o crescimento do
ser humano, qualificando-o como sujeito à margem da sociedade e somente
passível de punição.
Ceccon (2009, p.31) informa que entre nós, o conflito tem uma conotação
mais negativa que positiva porque todo o seu potencial construtivo e criativo
desaparece, quando ele é ignorado ou mal administrado. Quando os conflitos são
negados ou disfarçados, esgotam a energia da equipe, atrapalham o trabalho
colaborativo e fazem os ressentimentos crescer e se acumular, podendo exprimir-se
de maneira violenta. No entanto, o autor lembra que perder a razão numa situação
de conflito pode levar a um resultado que será desastroso para todos os envolvidos.
52
Parte integrante do texto “Violências e maus tratos” texto na íntegra disponível em:
http://www.violenciadomestica.uevora.pt/index.php?/Violencia-e-Maus-Tratos/Definicao
53
Texto integral da norma disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13104.htm
54
Texto integral da norma disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del2848compilado.htm
55
Texto integral da norma disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm
75
Brasília (DF), ao enfatizarem que a violência na escola não pode ser vista como uma
modalidade de violência juvenil, e analisam as percepções dos atores sociais que
convivem nas escolas sobre: as violências no ambiente interno e no entorno da
escola (policiamento, gangue e tráfico de drogas, ambiente escolar, etc.); o
funcionamento e as relações sociais na escola (percepções sobre a escola,
transgressões e punições, etc.) e as violências nas escolas: tipos de ocorrências
(ameaças, brigas, violência sexual, uso de armas, furtos e roubos, outras violências
etc.), praticantes e vítimas.
Combater violência com violência não produz resultado eficaz. Por isso,
faz-se necessário incentivar a Cultura de Paz por meio da/na educação, para
promover valores, atitudes e comportamentos, incluindo os meios de resolução
pacífica de conflitos, o diálogo, a construção do consenso e a não violência ativa,
renovando, ou até mesmo ensinando valores como a tolerância, o diálogo e a
compreensão e a responsabilidade, tão necessários para a vida numa sociedade
cada vez mais complexa.
A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XXXV, dispõe que “a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça do direito”. Isso
equivale a afirmar que é o Estado quem tem a prerrogativa de solução de conflitos.
Este é o denominado princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, que visa
evitar a autotutela, forma primitiva de solução de conflitos pelo exercício arbitrário
das próprias razões.
56
Além da educação, a Declaração e Programa para uma Cultura de Paz das Nações Unidas
relacionam ainda a promoção de um desenvolvimento econômico e social sustentáveis; promoção do
respeito aos direitos humanos; desenvolver a igualdade entre homens e mulheres; fomentar a
participação democrática; promover a compreensão, a tolerância e a solidariedade; promover uma
comunicação participativa e a livre circulação de conhecimentos e informações; e promover a paz e a
segurança internacionais. Fonte: UNESCO.
57
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
77
58
CANDIDO, Valéria Bressan. A Inciativa do Poder Judiciário do Estado de São Paulo na implantação da Justiça Restaurativa:
Práticas de resgate da dignidade humana. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas), Universidade de Mogi das Cruzes,
Mogi das Cruzes, 2014
78
Não se pode esquecer que o Brasil tem um sistema prisional com graves
problemas de superlotação e de infraestrutura precária, que culmina com a
morosidade da máquina do judiciário.
Olhando, novamente, para a nossa lei maior, temos que o artigo 205
dispõe que:
80
59
Lei de Diretrizes e Bases - Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996.
81
60
https://www.imprensaoficial.com.br/downloads/pdf/projetossociais/conflitos_na_escola.pdf
83
Por outro lado, a pesquisa também demonstrou que, no que diz respeito à
Justiça Restaurativa, doze professores tinham ouvido falar sobre o assunto, no
entanto, apenas cinco relataram o que tinham ouvido.
61
Vide capitulo 2 p. 49
84
62
Reportagem sobre os dados da prova Brasil disponível em. https://g1.globo.com/sp/sao-
paulo/noticia/2019/09/19/professor-e-esfaqueado-por-aluno-dentro-de-ceu-na-zona-leste-de-sp-diz-
policia.ghtml. Acesso em 23 set. 2019.
63
A Prova Brasil é uma avaliação censitária das escolas públicas das redes municipais, estaduais e
federal, com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino. Participam desta avaliação as escolas que
possuem, no mínimo, 20 alunos matriculados nas séries/anos avaliados, sendo os resultados
disponibilizados por escola e por ente federativo. Disponível em: https://academia.qedu.org.br/prova-
brasil/o-que-e-a-prova-brasil/
64
Fonte: https://noticias.r7.com/sao-paulo/docentes-relataram-casos-de-agressao-na-escola-de-
suzano-em-sp-17032019.Acesso em 31 jul. 2019.
65
Idem.
88
A sociologia do final dos anos 1940 e início dos anos 1950 foi superada pela
necessidade de explicitar as condições de possiblidades da preservação
das referidas estruturas nos sistemas. E isso levou, no melhor dos casos, à
exposição de lista e catálogos que se aplicavam “ad hoc”, mas sem terem
sido teoricamente fundamentados.
Para melhor identificar o que ele chama de “Teoria Geral dos Sistemas”
esse autor apresenta o modelo orientado pela metáfora do equilíbrio e que se
harmoniza com este estudo.
Para Girard apud Muller (2007, p.19), esta insegurança gera uma
rivalidade que tem por finalidade a apropriação de um mesmo objeto (material ou
imaterial) e é a fonte geradora dos conflitos.
66
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
67
Artigo “A Mediatização da Indisciplina e Violência nas Escolas”, disponível em:
http://www.fersap.pt/index.php/artigos/98-a-mediatizacao-da-indisciplina-e-violencia-nas-escolas
90
68
Artigo “A Mediatização da Indisciplina e Violência nas Escolas”, disponível em:
http://www.fersap.pt/index.php/artigos/98-a-mediatizacao-da-indisciplina-e-violencia-nas-escolas
69
Póvoa Semanário, 2008, disponível em: http://www.fersap.pt/index.php/artigos/98-a-mediatizacao-
da-indisciplina-e-violencia-nas-escolas
92
Para Muller (2007, p.19), o que está em jogo nos conflitos em todas as
escalas sociais é, geralmente, o desafio do poder. Se em um primeiro momento o
homem busca o poder para não ser dominado pelo outro, em um segundo momento,
este mesmo poder se impõe para a dominação do outros.
Este percurso não é fácil, pois envolve uma educação para a paz em
tempos de muita polarização ideológica. No entanto, esta forma de educação, nas
palavras de Jarez (2007, pp.45-46), é um processo contínuo e permanente, que
exige uma atenção constante, não só do corpo administrativo escolar, mas, também,
dos projetos pedagógicos e parâmetros curriculares às programações em salas de
aulas e, principalmente, aos professores.
São os professores os atores mais próximos aos alunos. São eles que
experimentam, diretamente, as angústias, os sofrimentos, as inseguranças e as
dificuldades de relacionamentos entres os jovens que se encontram sob seus olhos
nas salas de aulas. Nada mais correto que o primeiro olhar a ser lançado para a
identificação da origem do conflito venha do cotidiano do professor.
Não se pode mais, nos dias atuais, ter como referencial a metodologia
aplicada nas décadas dos anos 1970 e 1980 na escola pública nesse período.
Manter a disciplina em uma escola onde havia três turnos e cerca de mil
alunos não era um trabalho difícil para os inspetores, pois havia regras de convívio,
e essas eram apresentadas aos pais no ato da matricula, e quando não observadas,
sofriam sanções, que sendo de conhecimento desses pais, também, por eles eram
observadas. Por exemplo: se alguém fosse pego correndo no recreio, além de ser
chamado a atenção, tinha a mãe chamada na escola. E esta mãe, jamais,
contrariaria a “pena” imposta, pois o filho tinha feito o que não podia fazer. A ideia de
“punição” era perfeitamente aceita pelos pais, que não viam o ato como danoso à
formação do filho, mas como uma medida educativa, dentro dos moldes sociais da
época.
entendia que o divórcio se estendia a toda à família, e não era apenas o fim das
obrigações conjugais.
uma escola estadual em Mogi das Cruzes; 3ª participante: gênero feminino, diretora
de uma escola municipal em São Paulo; 4º participante: gênero masculino, promotor
de justiça integrante do Grupo de Estudos para Educação do Ministério Público do
Estado de São Paulo.
1º. Participante:
2º Participante
[...] qual é o respaldo que a gente tem para dar o suporte e a formação
dessas pessoas para serem mediadores de conflito de quanto em quanto
tempo tem uma reunião chamando os mediadores de conflito, então duas
reuniões ao longo do ano, como a comissão que não tem a formação e
justiça restaurativa e mediação de conflitos.
3º. Participante
[...] então era uma formação que enxugava gelo, quando ia começar mais
efetiva, acabava.
99
4º. Participante
[...] aquela formação que foi boa, de repente se fosse para grupos
maiores, então se condições de ter professor na sala de aula, aí tem mais
professores com outras funções, eu digo em São Paulo né pensando na
política concreta da Secretaria Estadual de Educação.
1º. Participante
2º. Participante:
[...] depois que você começa a trabalhar com alunos ele falam assim é um
vagabundo não serve para nada, então não tem uma empatia, não tem
cuidado para conversar, o que tá acontecendo com você? você não tá
bem hoje? como tá lá em casa? conta para mim eu posso te ajudar, às
vezes não é dinheiro a gente ouvir, vi você e falar olha você tem valor que
você pode mudar ,hoje é dia de conversão muito caminho vem para cá
que vai dar certo, então são poucas as pessoas que têm esse cuidado
com a outra, que vê o outro como um ser inferior, olha quanto tempo já
passou essa vida amada para entender que o outro ainda interior?
100
3º. Participante:
4º. Participante:
70
Círculo de Diálogo sobre Byllyng realizado em maio de 2016.
71
idem
72
https://www.franceculture.fr/emissions/hashtag/la-violence-cest-le-lot-quotidien-des-enseignants.
Acesso em 11 fev. 2019.
102
A situação não é diferente nas escolas das áreas rurais, como relata o
professor Pierre, que não se sente muito apoiado:
Ainda que não seja uma atuação proporcionada pelo sistema público de
educação, é certo que a “France Victimes” tem utilizado o meio escolar para
introduzir as práticas restaurativas nas medições que conduz.
escolher de forma independente, quer ele deseje registrar uma queixa ou não. Nós
não somos polícia nem justiça, estamos aqui para ajudar as pessoas, explica Olivia
Mons (2018, s/p):
73
https://emu.edu/now/news/2017/07/educators-learn-restorative-justice-shifts-shifts-discipline-
punishment-transformation-two-day-academy/. Acesso em 11 fev. 2019.
106
74
https://emu.edu/now/news/2016/07/restorative-justice-education-academy-draws-educators-six-
states-introduction-creating-socially-just-equitable-learning-environments/.Acesso em 11 fev. 2019.
107
[...] a audição ultrapassa o olhar, uma vez que traduz a espessura sensível
do mundo aí aonde o olhar se satisfez com a superfície e passou adiante
sem desconfiar das vibrantes insinuações que a sua coloração dissimulava.
Assim, ouvir é uma maneira de se apresentar disponível ao outro e, aceitar
sua presença.
110
75
Artigo “This teacher has the coolest way to get her students excited to come to class and it is
amazing”, disponível em: http://en.goodtimes.my/2018/07/05/this-teacher-has-the-coolest-way-to-get-
her-students-excited-to-come-to-class-and-it-is-amazing/. Acesso em 05 fev. 2019.
111
E, por fim, temos um objeto para falar, que está na posse de quem tem
poder de fala (ou para passá-lo adiante) enquanto os outros escutam atentamente,
pois como veremos adiante, o objetivo do círculo não é ganhar um debate, mas
compartilhar e enriquecer com o que cada um pode contribuir.
76
Verbete disponível em: V= https://www.dicio.com.br/restauracao/
117
O Círculo, portanto, olha para o diálogo face a face do mesmo modo que
olha para uma obra literária, um trato filosófico, um texto religioso, isto é,
como eventos da grande interação sociocultural de qualquer grupo humano
[...] (FARACO, 2009, p. 62).
Toda existência humana é uma vida em busca de uma narrativa, isto, não
apenas porque ela se empenha em descobrir um padrão com o qual lidar
com a experiência do caos e da confusão, mas, também, porque cada vida
humana é quase sempre implicitamente uma história.
O “não álibi do ser” coloca o eu em relação com o outro, não segundo uma
relação indiferente com o outro genérico e enquanto ambos exemplares do
homem em geral, mas enquanto co-envolvimento, relação não indiferente
com a vida do próprio vizinho, do próprio contemporâneo com o passado e
o futuro de pessoas reais” (BAKHTIN, 2012, p. 26).
O outro, seja ele vítima ou ofensor, tem voz e ela é ouvida e sentida.
Assim, como no Círculo de Bakhtin, o outro se torna tão central no pensamento
porque o interlocutor não é passivo. Ao perceber e compreender o significado
(linguístico) do discurso, o interlocutor ocupa simultaneamente em relação ao locutor
uma ativa posição responsiva:
Tendo por premissas que todos quererem estar ligados aos outros de
modo positivo, que todos são membros valiosos da comunidade e têm direitos às
suas crenças e que todos têm valores centrais que indicam o que significa estar
ligado ao outro de modo positivo (muito embora nem sempre seja fácil agir segundo
esses valores, principalmente em tempos de conversas difíceis ou conflitos), os
processos circulares trazem aos participantes a responsabilidade individual.
[...] quando nos entregamos de coração, nossos atos brotam de alegria que
surge e resplandece sempre que enriquecemos de boa vontade a vida de
outra pessoa. Isso beneficia tanto quem doa quanto quem recebe. Este
121
Pranis (2010, p.51) explica que o bastão da fala é um objeto que passa de
pessoa para pessoa dando a volta no círculo, dando a oportunidade ao seu detentor
de falar enquanto os outros participantes têm a oportunidade de escutarem sem
pensar em uma resposta.
O bastão da fala tem sido usado há séculos por muitas tribos de índios
americanos como um meio de fala e escuta justa e imparcial. Era usado comumente
em reuniões de conselho circulares para designar quem tinha o direito de falar.
Quando assuntos de grande importância vinham à frente do conselho, o chefe da
tribo pegava o bastão e iniciava a discussão. Quando ele terminava o que tinha a
dizer, ele passava o bastão para alguém que desejasse falar. Dessa maneira, o
122
bastão era passado de um indivíduo para outro, até que todos que desejassem falar
o tivessem feito. O bastão então era passado novamente ao chefe da tribo, para que
ele pudesse guardá-lo em lugar seguro (LOCUST, 2009). Ele é a garantia de que
seu detentor será ouvido e poderá pensar e expressar esse pensamento da forma
que entender adequado, além de proporcionar segurança de que lhe será integral e
responsavelmente ouvido.
Eu, que realmente penso e sou responsável pelo ato do meu pensar não
tem lugar no juízo teoricamente válido. O juízo teoricamente valido é, em
todos os seus momentos, impenetrável para a minha atividade
individualmente responsável (BAKHTIN. 2012, p. 45).
Estar na posse do bastão da fala deve ser uma experiência segura para
quem o detenha, possibilitando expor pensamentos e sentimentos de sua
experiência de vida associando-os ao contexto proposto pelo círculo. Portanto, é
neste momento que o possuidor do bastão irá narrar o experimento vivido, seus
motivos e consequências, fazendo-se ouvir sem interferências ao mesmo tempo em
que interage com os demais integrantes do círculo.
[...] toda compreensão plena e real é responsiva e não é senão uma fase
inicial preparatória da resposta (seja qual for a forma que ela se dê). O
próprio falante está determinando precisamente a essa compreensão
ativamente responsiva: ele não espera uma compreensão passiva, por
assim dizer, que apenas duble o seu pensamento em voz alheia, mas uma
resposta, uma concordância, uma participação, uma objeção, uma
execução, etc. (os diferentes gêneros do discurso pressupõem diferentes
diretrizes de objetivos, projetos de discurso dos falantes ou escreventes)
(BAKHTIN, 2010, p. 272).
Para Faraco (2009), o texto de Bakhtin sobre o ato contém (em gérmen, é
verdade, considerando seu caráter de rascunho fragmentário) as coordenadas que
sustentarão boa parte do edifício posterior: a eventicidade (o irrepetível), o sempre
inconcluso (o que está sempre por ser alcançado), o antirracionalismo (o
antissistêmico), o agir (o interagir) e, acima de tudo (segundo meu ponto de vista), o
124
A dinâmica escolar, na sua maioria, não dá vez e voz aos seus alunos
com o intuito de ajudar e compreender uma situação conflitosa que surgiu no
ambiente escolar, o que foi lá explicitado. Nesse passo, Ricoeur (1989, p. 57) propõe
que é necessário que a fala dos alunos seja interpretada para que ocorra uma
mediação, dada as múltiplas possiblidades de interpretação do que se visa
expressar.
78
Artigo narrado a história do genocídio armênio, disponível em
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/genocidio-armenio.htm
128
Um ícone na narrativa da shoá é sem dúvida o italiano Primo Levi 79. Autor
de diversos livros, sua narrativa é um testemunho de quem viveu os horrores da
guerra no campo de Auschwitz, e procura, por meio de seus relatos, mostrar,
principalmente aos jovens, que recontar, ensinar e aprender sobre Auschwitz é uma
forma de fazer com que isto não se repita. Suas recordações descrevem o que viveu
e sentiu naqueles dias de horror:
79
Artigo no jornal “La stampa” Turim, 31 de julho de 1919 — Turim, 11 de abril de 1987.
129
Escrever e contar sua história foram para Levi uma atitude restauradora.
Seu relato não busca o perdão, o que também, não é buscado pela Justiça
Restaurativa, mas tentou mostrar às gerações futuras os fatos vividos por pessoas
que não eram consideradas humanas. Um artigo publicado no jornal “La Stampa”
em 26 de julho de 1986 teve como título “Por que um novo livro sobre Auschwitz?”.
A resposta dada por Levi foi: “Entender não é perdoar”.
Perdoar não é minha palavra. O termo é tratado, porque todas as cartas que
recebo, especialmente de jovens leitores e, especialmente, os católicos, tem
esse problema. Perguntam se eu perdoei. Eu acho que estou em meu
próprio caminho um homem justo. Eu posso perdoar um homem e não
outro; Gostaria de fazer um julgamento apenas em casos individuais. Se eu
tinha diante de mim Eichmann, eu teria condenado à morte. Perdoar de
imediato, como você me perguntar, eu não vou. (CALCAGNO, 1986).
Note-se que a busca pelo entendimento do ato praticado faz com que a
vítima absorva a situação, não para aceitá-la ou perdoá-la, mas para que, por meio
da compreensão, seja possível dar continuidade a sua existência. É assim, pelo
diálogo, pela exposição do fato, que a prática da Justiça Restaurativa se aplica
perfeitamente a esse estudo: não se quer “passa a mão na cabeça” do ofensor e
dizer: “tudo bem, está perdoado”, mas ouvi-lo, compreendê-lo na sua motivação, e
responsabilizá-lo, com o intuito de que esta responsabilização seja pedagógica a
ponto de que não o motive a praticar novamente o ato.
Kapo era um termo usado para certos presos que colaboravam com os
nazistas nos guetos e nos campos de concentração em várias posições
administrativas mais baixas. Eles recebiam mais privilégios que os presos normais,
130
Recentemente, Eva Lavi, que foi a pessoa mais jovem a ser salva pela
lista do empresário alemão Oskar Schindler durante a Segunda Guerra Mundial, em
discurso proferido na cerimônia anual de memória ao Holocausto, realizada na sede
131
das Nações Unidas, declarou sentir-se culpada por ter sobrevivido. Em suas
palavras:
80
https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2018/02/01/sobrevivente-mais-jovem-
da-lista-de-schindler-conta-sua-historia.htm
132
toma conta do cotidiano da escola, retratando a crise pela qual esta vem passando,
enquanto instituição social e educacional.
Para que a não violência realize todo o seu potencial, deve de fato enraizar-
se em um ambiente humano, ou seja, numa comunidade, numa sociedade
na qual todos os membros – ou ao menos a grande maioria deles –
partilhem os mesmos valores e as mesmas convicções.
Hoje, embora a temática do conflito ainda seja uma tônica, é certo que
formar e cultivar um ambiente escolar saudável é importante, por meio de ações dos
estudantes visando o engajamento social, ao contrário do controle social, fazendo
eco às pesquisas na área da pedagogia que incentivam mudanças no ambiente
escolar, ao invés de simplesmente tentar mudar o comportamento dos alunos de
forma individual (EVANS, 2008, p.28).
81
Manual: Conflitos na Escola, como transformar. Material disponível no site:
https://www.imprensaoficial.com.br/downloads/pdf/projetossociais/conflitos_na_escola.pdf, p.123.
134
Devemos tratar o jovem como protagonista de sua história, ainda que esta
seja difícil. Um dos caminhos para que isso ocorra é mudar nossa maneira de
entender os adolescentes e de agir em relação a eles. Para isso, temos de começar
mudando a maneira de vê-los. O adolescente deve começar a ser visto como
solução e não como problema, assim ele passa a compreender e assumir um
compromisso responsável por seus atos. (COSTA, 2007).
Mas não é só isso. Com essas ações, o professor também visa manter
viva a atenção à postura de cidadania dos alunos, buscando afastar a ideia de
punição que, como já discutido anteriormente, não mais atende às necessidades das
crianças e adolescentes que se encontram em formação de personalidade e caráter.
141
Poderá ser utilizado, quando após o fato, este de natureza ilícita, estiver
sob o crivo do Poder Judiciário, no exercício de sua jurisdição, auxiliando na
aplicação da sanção legal, ou mesmo após o processo judicial, quando na fase de
execução de sentença, sendo as práticas restaurativas consideradas um meio
sancionador. Assim, o seguinte gráfico demonstra o que foi acima explicitado:
82
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal [...].
142
Fonte: autora
Mas como integrar o ambiente escolar a fim de que, por meio de práticas
restaurativas, a incidência de conflitos seja reduzida, e por que não dizer,
eliminados? Mais uma vez quem nos dá essa resposta é Luhmann.
Silva (2011, p.57) explica que para Luhmann, é graças à memória que
reproduzimos as informações. Neste ponto, os pensamentos de Luhmann e Bakhtin,
que defendia que o tempo não se repete, se encontram, pois: “Reproduzir, na Teoria
144
dos Sistemas, é alterar, mudar o sentido anterior e, não, repetir igualmente. Cada
ato é único irrepetível” (p.58).
E, por fim, o espírito. Por pior que possa ser o ato danoso, é por meio do
diálogo que a humanidade e o senso de respeito comum transparecem, conforme
afirmam os autores: “fazendo uma comovente descrição de como o diálogo pode
tocar nos níveis mais profundos de nossa humanidade, um participante certa vez
descreve o trabalho do facilitador como ‘uma cirurgia na alma’” (SCHIRCH; CAMP,
2018, p. 18).
- Escola 1
83
https://www.melhorescola.com.br/escola/publica/dagoberto-jose-machado
146
- Escola 2
Ao longo dos seis anos que atuei como mediadora, embora não mais
exerça o cargo atualmente, sempre serei mediadora, o que eu pude notar
84
https://www.melhorescola.com.br/escola/publica/camilo-faustino-de-mello-prof
149
que a melhor coisa que pode acontecer para solução do conflito é o círculo.
Que deve ser composto sempre com as mesmas pessoas, para que estas,
sentindo-se confiante, e ciente de que o que acontecer ali, ficará ali, que a
intenção é a ajuda mútua. A partir do momento em que um dos integrantes
se sente a vontade para falar, os demais sentem-se motivados a fazer o
mesmo.
Eu tive um círculo que foi maravilhoso, ainda tenho alguns alunos
estudando na escola. Fomos para o pátio e assentamos no chão, e quando
parecia que nada ia dar certo naquele círculo, uma menina perguntou se
podia falar. Dado o bastão da fala para ela, começou a contar um pouco de
si, o porquê ela era tão agressiva, extremamente agressiva, ela conta o
caso que tinha descoberto que era adotada já em uma idade dos 12 para os
13 anos, e ela sentia algo diferente na família mas não entendia o que era,
então quando ela descobre que é adotada ela se dá conta que é por causa
disso. E aquilo foi revoltando ela de uma tal maneira, porque não foram os
pais que contaram, parece que foi em uma briga, e uma prima contou, a
partir daí ela começou a se expressar de forma agressiva para chamar a
atenção para si, agora já com 16 para 17 anos e ninguém podia chegar
perto, se chegasse apanhava.
Após o primeiro relato, outros se seguiram, uma garota queixou-se do
bullyng que sofria em razão de sua obesidade, tendo até procurado a
cirurgia bariátrica. Outro rapaz contou que utilizava maconha em razão dos
maus tratos que sofria em casa.
Assim, cada um foi contado sua história, choraram muito, se abraçaram, um
pediu perdão para o outro porque não consegui entender a situação. Ao
final o circulo encerrou-se com a conclusão de que eram todos irmãos, que
estavam lá para se ajudarem, que eles podiam contar uns com os outros.
A percepção na mudança de comportamento foi nítida. Este é o segredo
para a mudança.
Não há mais espaço para a punição como forma socializadora no meio
escolar. Há necessidade da compreensão do respeito do espaço do outros,
de suas diferenças, angustias e dores experimentadas, que somente
através da empatia poderá ser alcançada.
lado, o aluno era convidado a colocar uma camiseta (esta, em branco, a ser
preenchida pelo aluno) com algo de bom que ele tem para dar. Foi, então,
construído um lixinho para que eles colocassem um sentimento ruim seu, do qual
que eles quisessem se desfazer. Os alunos anotavam no papel o sentimento e a
série a que pertenciam, sem identificação.
- Escola 3
85
https://mediacionescolar.org/caso-real-proceso-mediacion-escolar-espontaneo/
86
Quem vai bater a saída? Um processo de mediação escolar espontânea (tradução livre). Disponível
em: https://mediacionescolar.org
153
5. Considerações finais
consequências ou danos dos atos praticados, por meio de uma forma mais
humanizada e individualizada.
É por meio da mediação que os conflitos que surgiram dentro ou fora dos
muros da escola e que podem ser refletidos nesse ambiente, aliados aos princípios
restaurativos, visam, pela solução do conflito, responsabilizar o ofensor pelos seus
atos, sem a necessidade de punição, que o estigmatiza, e atender às necessidades
do ofendido, quer quanto à reparação do dano sofrido, quer quanto às necessidades
emocionais experimentadas.
são membros ativos de uma comunidade que se preocupa com o seu ponto de vista
e com a sua existência.
Outro braço fundamental para que esse foco de olhar seja alterado é a
participação do corpo diretivo/administrativo escolar. Não só professores, mas
também diretores e demais membros da administração escolar devem estar
engajados na busca de uma solução de conflitos que não somente leve ao caminho
da punição, mas que acolha e faça que o jovem se sinta pertencente ao grupo em
que está inserido.
Este estudo não se encerra aqui, já que novas pesquisas podem e devem
ser feitas. O Brasil carece, ainda, de um maior aprofundamento sobre o tema. Ações
e acompanhamentos acadêmicos dos métodos de soluções de conflitos que são
experimentados nas escolas, não só no estado de São Paulo, mas em todo o país
precisam ser feitos para a compreensão sobre quais formas melhor se adaptam às
realidades tão diversas de nossa cultura de dimensão continental.
163
REFERÊNCIAS
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166
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NUNES, Pedro. Dicionário de terminologia jurídica. 12ª ed. Rio de Janeiro: Ed.
Freitas Bastos, 1994.
PRANIS Kay, Processos Circulares. São Paulo: Ed. Palas Athena, 2010.
ROXIN, Claus. Problemas fundamentais de direito penal. Lisboa: Ed. Veja, 1986.
171
SCHIRCH, Lisa; CAMPT, David. Diálogo para assuntos difíceis: um guia prático,
de aplicação imediata. Tradução Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2018.
SILVA, Artur Stamford da. 10 Lições sobre Luhmann. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes,
2016.
TUCCI, José Rogério Cruz e; Azevedo, Luiz Carlos de. Lições de Processo Civil
Canônico. Ed. Revistas dos Tribunais, 2001.
ZEHR Haward. Justiça Restaurativa. São Paulo: Ed. Palas Athenas, 2012.
Legendas
JR – Justiça Restaurativa.
RJI – Restorative Justice International
173
QUESTIONÁRIO
1 – APRESENTAÇÃO
Nome:
Idade: Sexo:
1 – FORMAÇÃO
Ensino ( ) Regular ( ) Magistério ( ) Técnico ( ) Supletivo
médio
Ano de
conclusão:
Escola: ( ) Pública ( ) Privada
Instituição:
Ensino Curso:
Superior Ano/início:
Ano/conclusão:
Escola: ( ) Pública ( ) Privada
Fez ou faz algum curso: ( ) sim ( ) não
Latu Sensu ( ) Pública ( ) Privada
Curso:
Instituição:
Mestrado ( ) Pública ( ) Privada
Pós- Curso:
Graduação Instituição:
Doutorado ( ) Pública ( ) Privada
Curso:
Instituição:
3 - PROFISSÃO
Há quanto tempo exerce a profissão?
( ) até 5 anos ( ) de 5 ( ) de 10 a 15 ( ) mais de 15 anos
a 10 anos anos
Qual rede trabalha? ( ) Pública ( ) Privada
4 – FORMAÇÃO EM MEDIAÇÃO
Seu grau de conhecimento em mediação escolar
( ) inicial ( ) intermediário ( ) avançado ( ) não sei e/ou não gosto
Você considera a mediação uma forma eficaz de solução/prevenção de
conflitos?
( ) sim ( ) talvez ( ) não ( ) não tenho opinião
formada
Na sua escola existe professor mediador?
( ) sim ( ) não
Obrigada por participar da pesquisa.
Valéria Bressan Candido
(valbressan@uol.colm.br)
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ENTREVISTA
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Valéria Bressan Candido