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DESENHOS COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DE

QUÍMICA A PARTIR DE ATIVIDADE PRÁTICA EXPERIMENTAL

DIBUJOS COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAJE PARA LA ENSEÑANZA


QUÍMICA DE LA ACTIVIDAD PRÁCTICA EXPERIMENTAL

DRAWINGS AS A LEARNING INSTRUMENT FOR CHEMICAL TEACHING


FROM EXPERIMENTAL PRATICAL ACTIVITY

Apresentação: Pôster

Monielle dos Santos SILVA1; Amanda Keli Andrade de CARVALHO 2; Francisca Deiane
Freitas SILVA3; Maria Clara Pereira da SILVA4; Ézio Raul Alves de SÁ5

Introdução
O ensino de Química é um tema que vem sendo discutido devido a aversão dos alunos,
tendo sido considerado um grande obstáculo para a eficácia da aprendizagem, por isso tem-se
a necessidade de mudanças, não se restringindo apenas a transmissão de conteúdos ao aluno,
mas diversificando os métodos e estratégias. (VALDUGA, 2018).
Uma forma de mudar a metodologia de rotina é fazendo a utilização de experimentos
em sala de aula, que promove uma maior atenção dos estudantes, despertando a motivação e o
interesse pelo assunto estudado, além de contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem
significativa (SCHNETZLER, 2015).
Além das aulas com estratégias diferenciadas, também é preciso testar novas formas de
avaliação, que sejam do interesse dos estudantes. A representação em desenho pode oferecer
ao aluno um recurso que facilite a aprendizagem e permita visualizar conceitos (FOGAÇA,
2003).
Assim, o presente trabalho tem por objetivo analisar os desenhos feitos por estudantes
do segundo ano do Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Piauí (IFPI) – campus Picos, a partir da sua capacidade motora, de memorização e compreensão
em uma aula prática experimental sobre o tema diluição de soluções, tendo como finalidade

1
Licenciatura em Química, Instituto Federal do Piauí, moniellesantosss@gmail.com
2
Licenciatura em Química, Instituto Federal do Piauí, amandacarvalho122322@gmail.com
3
Licenciatura em Química, Instituto Federal do Piauí, deianes668@gmail.com
4
Licenciatura em Química, Instituto Federal do Piauí, mariazinha741@hotmail.com
5
Mestre em Química, Instituto Federal do Piauí, ezio.sa@ifpi.edu.br
avaliar a aprendizagem desses acerca do processo experimental, com o uso de uma ferramenta
lúdica.

Fundamentação Teórica
Com o tempo o ensino de Química vem perdendo sua importância, devido à falta de
valorização da educação básica no Brasil. Estes aspectos fazem com que grande parte dos
estudantes desenvolvam uma aversão em relação à química que é vista, geralmente como uma
disciplina pouco significativa, composto por fórmulas abstratas ou conceitos de difícil
memorização (SCHNETZLER, 2015).
Lisbôa (2015) enfatiza que as atividades experimentais são importantes no processo de
ensino e aprendizagem científica, uma vez que estimulam o interesse dos estudantes em sala de
aula. À medida que os experimentos são planejados, é possível aproximar a motivação e a
aprendizagem, fazendo com que haja o envolvimento dos alunos, acarretando em evoluções de
termos conceituais.
A partir das práticas experimentais é possível incentivar atividades que complementem
e estimulem a imaginação dos estudantes, a fim de torna-los mais preparados a cerca de um
tema, como exemplo o uso do desenho. Quando os alunos são incentivados a desenhar, poderá
ser observado a concentração na realização das atividades, demonstrando interesse em aprender
com mais facilidade os conteúdos que lhes são repassados (ANDRADE et al., 2007).
Telles e Silva (2012) lembram que o desenho é uma das formas de expressão desde os
princípios da antiguidade, considerado como a primeira forma de manifestação registrada pelo
homem. Com isso, Barbosa-Lima e Carvalho (2008) concluem que quando uma proposta de
ciências é direcionada para que o aluno interprete o que compreendeu, sendo solicitado um
relato em desenho sobre os passos e complementos necessários para o entendimento, considera-
se que o ser humano desenha o que sabe, este representará o seu conhecimento daquele
determinado assunto.

Metodologia
O presente estudo constituiu-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, onde se utiliza
como procedimento o estudo de caso com abordagem qualitativa. A pesquisa é realizada por
graduandas do curso de Licenciatura em Química integrantes do Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), onde participaram da atividade 35 alunos do 2º ano do
Ensino Médio Integrado ao curso de Eletrotécnica do IFPI.
Após as aulas teóricas ministradas pelo professor de Química, referente ao primeiro
capítulo do livro didático adotado (Ser Protagonista), realizou-se uma aula prática em sala de
aula com os materiais de laboratório existentes, a partir do roteiro sugerido ao final do capítulo
estudo das soluções (atividade intitulada por “Diluição de solução de Sulfato de Cobre II”).
Explicou-se na prática como se prepara uma solução, reforçando alguns conceitos e fórmulas,
para em seguida ser apresentado o experimento com o tema diluições de soluções.
Após a realização da atividade prática, os alunos receberam folhas em branco para
desenharem o que assimilaram da atividade experimental. Disponibilizou-se assim um tempo
20 minutos para os estudantes descreverem a prática através do desenho. Logo após foram
analisados e classificados em quatro categorias: Grupo A (Fácil compreensão), Grupo B (Média
compreensão), Grupo C (Confuso) e Grupo D (Não compreenderam o objetivo da atividade).

Resultados e Discussões
Ao reforçar os conceitos, fórmulas e cálculos acerca do conteúdo, observou-se que os
alunos apresentam dúvidas em relação às formas de representar os símbolos das variáveis
apresentadas nas fórmulas, por isso a importância de um auxílio além do livro didático. No
decorrer da realização dos cálculos para o preparo da solução de Sulfato de Cobre (II), os alunos
conseguiram associa-los com a teoria já estudada assim como compreenderam como encontrar
cada variável presentes nas fórmulas.
A atividade prática instigou a participação dos alunos com perguntas e curiosidades,
algumas das perguntas foram: “Podemos beber água destilada? ”, “O sulfato de cobre é
tóxico? ”, isso mostra que ao levar o aluno a ter contato com diferentes experiências, resulta em
curiosidades e interações ativas nas aulas (LISBOA, 2015).
Quadro 1. Características destacadas em cada categoria
Grupo A: Riqueza em detalhes; setas curvas; nome das vidrarias; representação das cores;
explicação do desenho com poucas palavras;
Grupo B: Detalhes razoáveis; pouca informação das vidrarias; etapas ausentes;
Grupo C: Poucos detalhes; setas indicando etapas diferentes; desorganização nas ideias;
Grupo D: As vidrarias foram desenhadas e identificadas; não houve passo a passo;
Fonte: Próprio autor, 2019.
Na análise das categorias, conforme o Quadro 1, os alunos do grupo “A” conseguiram
compreender a prática. As cores utilizadas em alguns desenhos mostram o nível de
compreensão dos alunos quanto o processo de diluição, e as breves descrições sanavam as
dúvidas presentes nos desenhos. No grupo “B” os alunos conseguiram compreender, porém não
souberam expressar as etapas corretamente. No grupo “C” os alunos desenharam, porém não
conseguiram organizar as ideias no desenho. E no grupo “D” eles desenharam apenas os
materiais que estavam sendo utilizados.
Gráfico 1. Quantidade de alunos por categoria

60
Quantidade de

50
alunos (%)

40
30
20
10
0
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D
Categorias

Fonte: Próprio autor, 2019.

Ao observar o Gráfico 1, percebe-se que mais da metade dos alunos conseguiram se


expressar o que assimilaram da aula prática através do desenho esquemático, enquanto menos
da metade não conseguiram se expressar a metodologia através do desenho ou não
compreenderam a atividade proposta.
Barbosa-Lima e Carvalho (2008) consideram o desenho como uma ferramenta eficaz
para avaliação e também como uma forma de representação valorizada pela Ciência, pois pode
gerar dados para elaboração de novas estratégias de ensino sendo um viável recurso
metodológico como forma de expressão do aluno. Abaixo estão algumas imagens selecionadas
de cada categoria analisada.

Imagem 1. Grupo A Imagem 2. Grupo B

Fonte: Aluno do grupo A, 2019. Fonte: Aluno do grupo B, 2019.


Imagem 3. Grupo C Imagem 4. Grupo D

Fonte: Aluno do Grupo C, 2019. Fonte: Aluno do Grupo D, 2019.

Os grupos C (Imagem 3) e D (Imagem 4) mostraram que os desenhos estavam confusos


ou que apenas desenharam as vidrarias, porém levou-se em consideração que os alunos dessa
categoria desenharam o que viram e identificaram com os nomes corretos. Alguns alunos não
identificaram com os nomes as vidrarias, porém souberam desenhar e destacar a função de
acordo com o desenho esquemático.
Dias (2008) relata que dificuldades de expressar o que foi visto pode identificar,
possíveis dificuldade de aprendizagem que podem estar relacionadas a problemas cognitivos,
problemas de memória, problemas de percepção ou problemas de défice da atenção, dessa
maneira a partir dos desenhos feitos pelos alunos é possível perceber o que conseguiram
assimilar baseadas em níveis de compreensão (entendível ou não) e dependendo do nível pode-
se diagnosticar dificuldades que podem ser desfeitas trabalhando novos métodos.
Os dados mostram que o desenho é uma forma de avaliação eficaz onde todos os alunos
participaram sem haver resistência. Identificou-se que o desenho é uma atividade mais simples
e prazerosa onde não perde a essência da avaliação, pois mostrou que mais da metade dos alunos
conseguiram desenvolver a atividade com êxito, levando em consideração o tempo proposto.

Conclusões
Os resultados e discussões mostram que a utilização dos experimentos nas aulas de
Química é importante, pois além de diferenciar das aulas tradicionais, percebe-se uma
contribuição e interesse por parte dos alunos, onde se associou os fatos com a teoria,
possibilitando uma aprendizagem mais significativa. Os desenhos como forma de avaliação
comprovaram que os alunos conseguiram assimilar algo do experimento.
Após a prática, os alunos tiveram conhecimento sobre aos nomes dos materiais e
vidrarias utilizados, também compreenderam os cálculos de massa, volume e concentração
utilizados no preparo e diluição da solução e quais as vidrarias do procedimento. A reprodução
das fórmulas e a aplicação na prática solidificou o aprendizado visto nas aulas teóricas.
Através da maioria dos desenhos dos alunos, pode-se identificar os materiais e reagentes
utilizados, procedimento experimental e prever os possíveis resultados. Com isso, pode-se
concluir que os desenhos como forma de avaliação da aula experimental são eficazes e
permitem que os alunos descrevam o que viram e o que ouviram, de modo que seja possível
avaliar o nível de compreensão.

Referências

ANDRADE, A. F. ARSIE, K. C. CIONEK, O. M. RUTES, V. P. B. A contribuição do


desenho de observação no processo de ensino e aprendizagem. Graphica, Curitiba, Paraná,
2007. Disponível em: http://www.exatas.ufpr.br/portal/docs_degraf/artigos_graphica/
ACONTRIBUICAODODESENHO.pdf. Acesso em: 12 de jul. 2019.

BARBOSA-LIMA, M.C.; CARVALHO, A.M. P. O desenho infantil como instrumento de


avaliação da construção do conhecimento físico. Rev. Electrónica de Enseñanza de lãs
Ciências, v. 7, n. 2, p. 337-348, 2008.

DIAS, M. A utilização da imagem e das tecnologias interactivas nos programas de treino


da percepção visual: um estudo com alunos do 1.º ciclo do ensino básico com dificuldades
de aprendizagem. Tese (Dr em educação) – Universidade do Minho, Portugal, 2008.

FOGAÇA, M. Imagens mentais e compreensão de conceitos científicos. In: MACHADO, N.


J.; CUNHA, M. O. (org.). Linguagem, Conhecimento, Ação: ensaios de epistemologia e
didática. São Paulo: Escrituras Editora, 2003.

SCHNETZLER, R. P. Ensino de Química em Foco. Unijui, Brasil: Ijuí, 2015.

LAY, M. C. D.; REIS, A. T. L. Avaliação da qualidade de projetos: uma abordagem perceptiva


e cognitiva. Ambiente Construído, Porto Alegre, v.6, n.3 p. 21-31, 2006.

LISBÔA, J. C. F. QNEsc e a seção de experimentação no ensino de química. Química Nova


na Escola, 37(2), 198-202, 2015.

TELLES, C.A; SILVA, G. L. F. Relação criança e meio ambiente: Avaliação da percepção


ambiental através da análise do desenho infantil. Rev. TechnoEng, v. 1, p. 1-25, 2012.

VALDUGA, M. F. Desenho e atividades experimentais: uma proposta para o ensino de


ciências com alunos de uma turma de 4º ano do ensino fundamental. Lajeado, 2018.
Disponível em: https://www.univates.br/bdu/bitstream/10737/2191/1/2018Marci%20Fleck
Valduga.pdf. Acesso em 23 de jul. 2019.

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