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ARTE E CULTURA
POPULAR
AUTORAS
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 367
Unidade I: Cultura: um signo plural de inesgotável travessia . . . . . 371
1.1 Todo mundo tem cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 371
1.2 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 392
1.3 Vídeos sugeridos para debate . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 393
Unidade II: Cultura popular: a festa popular do artesanato e as diversas
manifestações regionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 394
2.1 As festas populares somos nós mesmos . . . . . . . . . . . . . . . 394
2.2 Festas religiosas às margens do Jequitinhonha e do São
Francisco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404
2.3 Arte popular: mãos modeladoras, corpos que falam . . . . . 411
2.4 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 415
Unidade III: Manifestações do folclore nos Vales do Jequitinhonha e do
São Francisco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 416
3.1 Compreendendo ps signos da “tradição” e do “folclore”. . . 416
3.2 Principais características do folclore . . . . . . . . . . . . . . . . . 424
3.3 O que diz a Constituição de 1988 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 424
3.4 Lendas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 436
3.5 Casos ou “causos”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 437
3.6 Anedotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 438
3.7 Folclore poético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 439
3.8 Folclore Linquístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 452
3.9 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 464
Unidade IV: Cultura popular: de povo à massa . . . . . . . . . . . . . . . 465
4.1 Povo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 465
4.2 Cultura popular na idade média e no renascimento . . . . . . 468
4.3 A massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 470
4.4 A intermediação dos meios de comunicação de massa . . . . 471
4.5 Folkcomunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 473
4.6 Arte e a indústria cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 474
4.7 Adorno e a indústria cultural. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 474
4.8 Walter Benjamin e a responsabilidade técnica da arte. . . . . 478
4.9 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 480
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 483
Referências básica, complementar e suplementar . . . . . . . . . . . . 487
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 493
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Unidade I: Cultura: um signo plural de inesgotável travessia . . . . . . 17
1.1 Todo mundo tem cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.3 Vídeos sugeridos para debate . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Unidade II: Cultura popular: a festa popular do artesanato e as diversas
manifestações regionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.1 As festas populares somos nós mesmos . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.2 Festas religiosas às margens do Jequitinhonha e do São
Francisco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.3 Arte popular: mãos modeladoras, corpos que falam . . . . . . 57
2.4 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Unidade III: Manifestações do folclore nos Vales do Jequitinhonha e do
São Francisco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.1 Compreendendo ps signos da “tradição” e do “folclore”. . . . 62
3.2 Principais características do folclore . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.3 O que diz a Constituição de 1988 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.4 Lendas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.5 Casos ou “causos”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
3.6 Anedotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.7 Folclore poético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.8 Folclore Linquístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
3.9 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Unidade IV: Cultura popular: de povo à massa . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.1 Povo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.2 Cultura popular na idade média e no renascimento . . . . . . 114
4.3 A massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
4.4 A intermediação dos meios de comunicação de massa . . . . 117
4.5 Folkcomunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
4.6 Arte e a indústria cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
4.7 Adorno e a indústria cultural. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
4.8 Walter Benjamin e a responsabilidade técnica da arte. . . . . 124
4.9 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Referências básica, complementar e suplementar . . . . . . . . . . . . 133
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
APRESENTAÇÃO
Caro(a) cursista,
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Apresentação UAB/Unimontes
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Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
B GC
ATIVIDADES GLOSSÁRIO E
A F
A leitura dos textos complementares indicados também é
importante, uma vez que indicam os possíveis desenvolvimentos e
ampliações para o estudo e a discussão. São recursos que podem ser
explorados de maneira eficaz por você, pois visam a promover atividades
de observação e de investigação que permitam desenvolver competências
e habilidades próprias da análise antropológica e exercitar a leitura e a
interpretação de fenômenos sociais e culturais.
Nessa discussão estamos interessados em sua valorização
profissional e em incentivá-lo(a) a aplicar o apreendido em sua prática
imediata, além de utilizar vídeos e TV para a sua formação continuada. Ao
planejar esta disciplina consideramos que estas questões e sugestões
seriam fundamentais, de forma que familiarize o acadêmico,
gradativamente, com a visão e os procedimentos próprios da disciplina.
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Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
As autoras.
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1
UNIDADE 1
CULTURA: UM SIGNO PLURAL DE
INESGOTÁVEL TRAVESSIA
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mentes - que comprometem tudo o que nelas venha a ser plantado. Após,
será preciso "arar" nossas inteligências, habituando-as a pensar.
Gradativamente, a “cultura” vai se distanciando da natureza e se
aproximando dos atos humanos. Essas ações humanas elevam o homem a
estágios civilizacionais superiores. Por isso, a “cultura” é vista como
conhecimentos adquiridos através de indagações racionais para que se
“evolua” cada vez mais. Nesse sentido é que se diz que “fulano tem
cultura”, e “sicrano não tem”; ou que “os índios estão num estágio cultural
atrasado”, enquanto a “Europa é culturalmente superior”. É fácil perceber
o quanto existe de preconceito na utilização do termo com esse sentido, no
qual se percebe sentimentos de superioridade entre os povos e as pessoas.
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Observe os hábitos No código das boas maneiras no Brasil velho era proibido cruzar as
pernas, uma sobre a outra. Denunciava claro abandono às normas
culturais da sua região.
essenciais da educação severa e nobre, dando a impressão
Compare-os com hábitos desfavorável de uma intimidade que ultrapassa os limites da
de outras regiões e outros confiança familiar. As meninas e mocinhas do meu tempo
países. recebiam a recomendação expressa e categórica de jamais pôr
uma perna em cima da outra. Valia um ultraje para os preceitos
fundamentais dos Bons Modos. Se alguma, mais espevitada e
trepidante, fingia esquecer o dogma e punha a perna cruzada, era
fatal o bombardeio dos olhares reprovativos e, sempre que possível,
um bom e discreto beliscão, avisador da infringência. Fui educado
com essas exigências. Menino e rapaz, “não passava a perna”
diante de gente de fora, visitantes ilustres, convidados de categoria
solene. Minha mãe, afável e simples, nos dias serenos dos seus
oitenta anos, nunca se atreveu a tomar essa posição,
delirantemente delituosa. Um dos elogios comuns ao Presidente
Arthur Bernardes (1922- 1926) era jamais violar essa regra no
Catete ou fora dele. Não se recostava no espaldar da poltrona e não
era capaz de descansar uma perna, cruzando-a na outra. Os
antigos ficavam encantados com essa obediência ao estilo de
outrora, quando havia gente bem-educada. As meninotas e
mocinhas sentavam-se hirtas, verticais, durinhas como bonecas de
Nuremberg, os pezinhos juntos, os joelhos unidos, omoplatas sem
esfregar nas costas da cadeira. Sabiam estar, sem assumir atitude
de quem se aninha para fazer sono.
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1.1.1 O eu e o outro
PARA REFLETIR
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ATIVIDADES
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Ferréz
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O rato e o sapo
Ferréz
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rejeitado.
É precisamente esse processo de absorção egocêntrica imediato,
sem esforço ou contradição, glorificador da auto-imagem, que a indústria
cultural vende sistematicamente em seus produtos. Ela justifica a produção
de suas mercadorias dizendo que é isso o que o público quer, mas dever-se-
ia dizer que tais produtos são apenas uma determinada maneira de
satisfazer uma carência inconsciente, e que tem a péssima característica
de reforçar essa mesma carência, pelo fato de viciá-los no consumo de
bens imediatos.
É preciso dizer que a distração e o lazer, em si mesmos, não têm
nada de ruim, nem de condenável. O desejo de produzir associações livres
de idéias e de sentimentos não caracteriza, por si só, uma carência que faz
o ser humano menor. O impulso lúdico, de jogo, de deixar-se atrair por um
empreendimento descolado da seriedade da vida já existe claramente até
nos animais, como nos cães, que se comprazem em buscar objetos e
brincar um com o outro. O problema que se pode detectar no lazer
pretendido pelos consumidores da indústria cultural é que essa distração
está mesclada à finalidade específica de resgatar um sentimento de
identidade integral perdido durante a vida esforçada no cotidiano.
É de suma importância relatar que a massa, de certo modo sofre
sem ter reação e nem sabem que sofrem ao ataque da mass media, através
da manipulação da indústria e dos governos, de fato é extremamente
favorável a eles que exista a cultura de massa. Deixar o intelecto
empobrecido, sem críticas e sem reação é uma das opções do sistema da
Indústria Cultural. Ela surgiu com a revolução industrial no século XIII e
trouxe consigo o capitalismo e o conseqüente valor do consumismo. É nele
que se sustenta o conceito de cultura de massa. No Brasil não podemos
dizer que a cultura é homogênea, pois no nosso país ainda existe uma
desigualdade de classes sociais. É necessário destacar uma o conceito de
massa e público. Esse último irá se destacar de acordo com o grau de
conhecimento e escolaridade da população.
Sabe o que disse certa vez Marx? Que “os homens fazem sua
própria história, mas não sabem que a fazem”. Ele bem que estava certo,
pois a nossa população não sabe por que assiste tal canal ou por que ouve
tal música ou ainda, por que usam tal roupa que está na moda e por que
consome tal bebida.
A população é fortemente influenciada pela mídia, mas não
percebe o porquê, e principalmente por onde ela (mídia) a manipula.
A indústria cultural, muitas vezes, usa este apelo ao conjunto de
idéias que é colocado explicitamente em suas obras como uma espécie de
isca para enganar aqueles que estão sedentos por lições de vida,
conteúdos filosóficos, morais, religiosos, ou outro qualquer que se
considere elevado, crítico, valioso em termos culturais e de formação
humana. O reconhecimento da existência de tais conteúdos “nobres” nos
produtos da cultura de massa tem o sentido mais próprio de narcisismo, ou
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REFERÊNCIAS
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UNIDADE 2
CULTURA POPULAR: A FESTA POPULAR DO ARTESANATO
E AS DIVERSAS MANIFESTAÇOES REGIONAIS
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produto e produtor.
Nenhuma região do Brasil, quer rural ou urbana, vive, hoje, sem
suas festas. São situações e cerimônias que apenas fazem passar de um
DICAS círculo a outro, de símbolo e sujeitos homenageados, os mesmos gestos e
os mesmos propósitos das humildes ou das grandiosas velhas “festas de
santo”.
RIBEIRO JÚNIOR. A festa Posso dizer que as festas populares representam o mundo como
do povo: pedagogia e teatro e prazer. É sabido, como explanei anteriormente, que todas as
resistência. Petrópolis: sociedades alternam suas vidas entre rotinas e ritos, entre trabalho e festa,
Vozes, 1982. os rituais e muitas outras comemorações, também já mencionadas. E o
mais importante é que tudo isto é visto por um novo ângulo e uma nova
perspectiva, depende do “olhar estrangeiro” que impregna, de um jeito
novo, sem romantismo.
Jorge Cláudio Noel Ribeiro Júnior (1982) estabelece uma relação
entre festa e celebração nos mesmos moldes que lembra muito a
importância dada pelo povo da cidade de São Francisco à dimensão
familiar e comunitária daquela festa. Ele diz que a festa é uma forma de
celebração, que tem como ponto de partida e de referência um evento
histórico, passado ou possível, cujo significado é vivenciado ritualmente por
um grupo. Diz, ainda, que celebrar é fazer a afirmação da vida e da alegria,
a despeito do fracasso e da morte; e que ao transformar em símbolos
determinados eventos, a celebração ritual manifesta um alto teor
pedagógico, além de provocar a participação e integração grupal,
componentes importantes na afirmação da identidade.
Como se vê, o povo transforma o modo de relação individual em
relação comunitária, de forma a facilitar a afirmação da identidade no que
diz respeito ao fato celebrado e à vida da população em torno de um
objetivo, como é o caso do Vale do São Francisco, com a Festadança de
São Gonçalo.
Tomamos de empréstimo as palavras de Homi Bhabha (1998),
DICAS quando ressalta que “o reconhecimento que a tradição outorga é uma
forma parcial de identificação”. Diz, ainda, que ao re-encenar o passado, o
povo introduz outras temporalidades culturais incomensuráveis na
Leia o livro O local da invenção da tradição. Com isso, ele assegura que esse processo afasta
cultura, de Homi Bhabha, qualquer acesso imediato a uma identidade original ou a uma tradição
Editoria UFMG, 1998. “recebida”, ou seja, a voz viva da tradição passa aos meios acústicos com a
modernização e se transforma para continuar. Assim, remete à
transmissão oral de mitos, fatos e valores religiosos e espirituais, através
das gerações, o que confirma a visão da tradição enquanto mobilidade,
sistema sujeito a significações outras, em seu espaço e em seu tempo,
“intercambiando experiências”, como diz Walter Benjamin (1987), acerca
da festa popular.
A cultura popular tradicional é produzida regionalmente e
ajustada às necessidades de cada comunidade. Dessa forma, ao dotar o
fato folclórico como algo da cultura popular, deve-se ter o cuidado para
que esse fato não seja confundido ou reduzido à chamada indústria
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A Reza cantada
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Pai e filho, Espírito Santo
Ora viva e reviva
Pai e Filho, Espírito Santo
Ora viva e reviva
Nas horas de Deus eu Canto
Viva São Gonçalo! Viva
Nas horas de Deus eu Canto
Viva São Gonçalo! Viva
2
9
Ora viva e reviva
O preso estava doente
Ora viva e reviva
O preso estava doente
Viva São Gonçalo! Viva
Doente para morrer
Viva São Gonçalo! Viva
Doente para morrer
3
São das primeiras toadas
10
São das primeiras toadas
Ora viva e reviva
Que nesta vitória eu canto
Ora viva e reviva
Que nesta vitória eu canto
Viva São Gonçalo! Viva
4
Viva São Gonçalo! Viva
Ora viva e reviva
11
Ora viva e reviva
São Gonçalo disse ontem
Viva São Gonçalo! Viva
São Gonçalo disse ontem
Viva São Gonçalo! Viva
Hoje tornou a dizer
5
Hoje tornou a dizer
Mandei fazer minha casa
12
Mandei fazer minha casa
Ora viva e reviva
Com as janelas para o mar
Ora viva e reviva
Com as janelas para o mar
Viva São Gonçalo! Viva
6
Viva São Gonçalo! Viva
Ora viva e reviva
13
Ora viva e reviva
Que tratasse do enfermo
Viva São Gonçalo! Viva
Que tratasse do enfermo
Viva São Gonçalo! Viva
Senão havia de morrer
7
Senão havia de morrer
Para ver meu São Gonçalo
14
Para ver meu São Gonçalo
Ora viva e reviva, Ora viva e reviva
Que vem lá de Portugal
Viva São Gonçalo! Viva. Viva São Gonçalo!
Que vem lá de Portugal
Viva
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REFERÊNCIAS
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UNIDADE 3
MANIFESTAÇÕES DO FOLCLORE NOS VALES
DO JEQUITINHONHA E SÃO FRANCISCO
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É popular.
?
Emana do saber cultural.
?
Constitui-se em uma tradição.
?
É transmissível notadamente pela oralidade e pela prática.
?
Faz parte do conhecimento coletivo.
?
Espelha uma situação ou ação.
?
Tem caráter universal.
?
É anônimo, pois desconhecem-se seus criadores.
?
É criatividade livre e espontânea de um povo.
?
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3.3.3 Mitos
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variante culta. Por onde passa, Galinha Tonta deixa visível o seu carinho
com as crianças. Automaticamente, as crianças dele se aproximam,
independente de serem chamadas ou não. O seu maior sonho é construir
uma escola de línguas estrangeiras para ensinar crianças carentes de São
Francisco.
Análise do mito
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(ou mergulhar) num rio significa, para a alma, entrar num corpo.
O rio toma o significado do corpo. O corpo tem uma existência
precária, escoa-se como a água. A alma seca é aspirada pelo fogo; a alma
úmida é sepultada no corpo; e cada alma possui seu corpo particular, a
parte efêmera de sua existência – seu próprio rio. O simbolismo do rio e do
fluir de suas águas é, ao mesmo tempo, o da possibilidade universal e da
fluidez das formas, o da fertilidade (plantações nas vazantes), o da morte (a
esterilidade em que se transformou o sertão vai sendo carregada para
dentro do Chico) e da renovação (novas águas, desovas dos peixes e a
piracema). O curso das águas é a corrente da vida, mas também da
morte.
O Chico grita, responde a tanto aperto. Supita, deixa seu leito,
avança pelos barrancos, toma outras trilhas e vai carregando casas, roças,
pontes... Não faz de maldade maior e precipitada, dá muitos avisos,
enquanto se avoluma, não é para machucar ninguém. É só protesto por
tanta dor guardada, sem resposta. O homem continua voraz na vontade de
acabar com o sertão e matar o Chico (MELO, 1998, p. 93).
Fonte: Dr. Daniel Souto.
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Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
que todo ouvinte ou leitor possa se identificar, dando sentido ao que ouve
ou lê.
Darnton nos mostra, trabalhando com contos populares do século
XVIII, que, por trás das tramas padronizadas e temas convencionais, entre
fantasias, ogres e duendes, os contos revelam elementos de realismo. Vale
dizer, com isso, que a narrativa em questão traduz bem as verdadeiras
razões para não se mergulhar profundamente no Velho Chico, não
enquanto narrativa fotográfica, mas permitindo que se localize um
substrato de realismo social barranqueiro. O narrador descreve uma moça,
sem ver o rosto, que dança e rebola dentro d'água.
Percebemos aí uma relação com as Ondinas, “fadas das águas,
geralmente maléficas, que se oferecem para conduzir viajantes pescadores
no meio de rios e pântanos, mas que os extraviam e os afogam”. As
Ondinas têm uma cabeleira verde-mar que elas vêm graciosamente
pentear na superfície das águas; são todas belas, maliciosas e às vezes
cruéis. Têm prazer em atrair para junto delas o pescador ou belo cavaleiro
que passa perto do rio; raptam-no e o transportam para o fundo de seu
palácio encantado, onde os dias passam tão rápidos como os minutos...
As lendas barranqueiras são mais sombrias e mais apaixonadas: o
belo jovem arrastado pelas Ondinas para o fundo das águas não mais revê
o dia e morre exaurido entre seus braços, lembrando Ulisses. Simbolizam,
também, os sortilégios da água e do amor ligados à morte; os perigos de
uma sedução. No terceiro mergulho, o narrador viu aproximar de si uma
moça, não como sempre ouvira dos velhos pescadores, mas uma moça de
rosto feio: “tinha um só olho no meio da testa e... assim... era careca e dos
lados assim era cabeludo... aquele cabelo grande... e quando ela abriu a
boca pra mim e fez assim: nhááá... e eu vi os dente, aquela presa inorme,
eu me assustei e fui duma vez pra superfície...”
Baseando na descrição do Galinha Tonta, a Ondina, a moça, o
monstro, aquilo que ele vira, possuía um corpo grotesco, cuja imagem
pode ser lida segundo a concepção de Bakhtin, “uma imagem grotesca do
corpo”, isto é, desfigurada, monstruosa, horrenda.
433
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
434
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
435
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
3.4 LENDAS
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Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
O Pescador
437
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
3.6 ANEDOTAS
O bêbado
438
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
O papagaio manco
Num belo dia, Manuel estava indo ao banco com sua esposa Maria,
com sua bela BMW, que acabara de sair da concessionária.Ao chegar ao banco
Maria entrou, e deixou Manuel no carro.Quando de repente um brasileiro com
sua Brasília velha bate na BMW, Manuel louco sai de seu carro, o brasileiro com
muita esperteza e malandragem se desculpa rapidamente, e explica que seu
chefe tem uma igual, e pergunta:
- O senhor já leu o manual do carro?E responde Manuel:
- Não. O manual está em alemão e não entendo nada. E o que isso tem
a ver?
Então o brasileiro diz:
- Pois então, meu chefe quando ele bate o dele, ele me manda soprar
pelo escapamento porque o carro tem um dispositivo que o faz voltar ao
normal.Manuel desculpa o brasileiro, e começa a soprar pelo escapamento,
quando está quase azul de soprar chega sua mulher, e pergunta:
- Manuel o que estás a fazer? Ele se explica e conta toda a história, daí
Maria diz furiosa:
- Não é a toa que brasileiro diz que português é burro! Como vais a fazer
isso com os vidros abertos Manuel?
439
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
Capelinha de melão
Capelinha de melão
É de São João
É de cravo,
é de rosa,
É de manjericão
São João está dormindo
Não acorda, não
Acordai,
acordai,
Acordai, João!
440
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Caranguejo
Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo só é peixe
Na enchente da maré.
Palma, palma, palma,
Pé, pé, pé
Roda, roda, roda
Caranguejo peixe é.
A brincadeira
Ficarás sozinha
Ó Fulanazinha,
Ó Fulanazinha,
Entrarás na roda,
Ficarás sozinha.
A menina cujo nome é citado entra para o meio da roda e
canta:
Sozinha eu não fico,
Nem hei de ficar
Uma de vocês (em outra versão: Porque Fulaninha)
Há de ser meu par.
Tira pela mão a escolhida, que atende ao convite e dançando
441
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
Fonte do Tororó
Fui no Tororó
beber água não achei
achei bela morena
que no Tororó deixei
Aproveite, minha gente,
que uma noite não é nada
Se não dormir agora,
dormirá de madrugada
Ó dona Maria,
Ó Mariazinha,
entrarás na roda
e dançarás sozinha
Sozinha eu não danço
nem hei de dançar
porque eu tenho o fulano
para ser meu par
A brincadeira
O cravo e a rosa
O cravo brigou com a rosa,
Debaixo de uma sacada.
O cravo saiu ferido,
E a rosa despedaçada.
O cravo ficou doente.
A rosa foi visitar.
O cravo teve um desmaio,
E a rosa pôs-se a chorar.
442
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Pai Francisco
Pai Francisco entrai na roda,
Tocando seu violão.
O menino que faz de Pai Francisco entra na roda
que continua a cantar de mãos dadas:
Quem dirá, meu bem, quem dirá?
Pai Francisco está na prisão.
Pai Francisco, fingindo tocar violão, dança e
requebra:
Como ele aí vem,
Todo requebrado,
Ganhando dinheiro
Com o seu melado (em outra versão: Pedindo
vinténs)
Quadrinhas
443
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Sextilhas
444
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
A-B-C
DICAS
Literatura de Cordel
445
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446
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
447
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Eu já falei de Lampião
Que é um herói invisível
Nesse momento de Kung Fu
Nas grandes lutas de morte
Sempre foi o imbatível
Desembarcou em Fortaleza
Do Ceará, a capital
E o resto desse percurso
Fez a pé, e não fez mal
Porque ele é um atleta
Cuja força é sem igual
448
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Os dois se levantaram
E saíram pela igreja
Mas, por fora no patamar
Tinha um soldado com inveja
E gritou para Lampião:
— Tu não perdeste a peleja
449
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450
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
451
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Paremiologia popular
452
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Frases feitas
Adivinhas
453
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Campeonato de adivinhas
454
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Trava-línguas
A lontra prendeu a
Tromba do monstro de pedra
E a prenda de prata
De Pedro, o pedreiro.
455
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Parlendas
456
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Mnemonias
Segundo Luís da Câmara Cascudo (1989), Mnemonias são
parlendas que se destinam a fixar ou ensinar algo às crianças as primeiras
noções de números ou idéias, nomes de coisas de seu pequeno mundo. O
ritmo e a rima facilitam-lhes a memorização desses simples com os quais
travam o seu primeiro contato.
457
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
Pregão
É a forma de linguagem com a qual os trabalhadores anunciam
sua mercadoria.
Pode ser também cantado:
Apelidos
Numa comunidade em que quase todos se conhecem, as
identificações por meio de apelidos, tornam mais fácil localizar pessoas do
458
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Orações e benzeções
Apesar dos avanços verificados na medicina, as práticas de
benzeções não ficaram enterradas no passado nem foram totalmente
substituídas pelos preceitos científicos. Acreditando ou não no poder da
reza, tem sempre aqueles que procuram nas benzeções, uma cura para a
sua doença. O que é esta prática religiosa tão permeada em nosso
cotidiano? Que maneira é esta de resolver problemas tão fincados na
solidariedade, tão diferentes da cultura dominante? O que significa
benzer?
Quebranto, cobreiro, mau-olhado, espinhela caída, erisipela,
vento virado, peito arrotado. Quem quer que percorra os povoados da zona
rural mineira, as pequenas cidades do interior ou mesmo as periferias das
grandes cidades vai se deparar, em um momento ou outro, com alguns
desses nomes que fazem parte de um mundo mágico-religioso, povoado
de rezas, crenças, simpatias e benzeções.
Na cultura popular, corpo e espírito não se separam, tampouco
desliga-se o homem do cosmos, ou a vida da religião. Para todos os males
que atingem o corpo e a alma do homem sempre há uma reza para curar. É
por isso que, apesar do tempo e dos avanços da medicina, a tradição dos
benzedores ainda persiste na nossa moderna sociedade mineira.
459
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
As rezadeiras usam
Águas da chuva e do rio
Curam as dores do corpo
Cisco no olho, espinhela caída
As benzedeiras vão
Com fé na oração
Curando nossas feridas
Como obaluaê
As rezadeiras quebram
Quebranto, mal olhado
Males que vem dos ares
Nervos torcidos, ventres virados
As benzedeiras são
As estrelas das manhãs
As nossas anciãs
Nanás buruguêis
Afastam a inveja
E o mal olhado
Com suas forças
Com suas crenças
Com suas mentes sãs
As rezadeiras são
As nossas guardiãs
Por dias, noites, manhãs Nanás
As rezadeiras são
As nossas guardiãs
Por dias, noites, manhãs
Nanás
460
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
461
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
462
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
a diversidade cultural é uma estratégia das mais importantes uma vez que
contribui na construção identidade nacional. O desafio do Programa é
tratar a diversidade cultural. Nesse sentido, a escola pode ser o local de
diálogo, de aprender a conviver e vivenciar a própria cultura, respeitando
as diferentes formas de expressão cultural. Significa considerar as
diferenças como fator de enriquecimento e não como obstáculo para a
alfabetização.
Desta mesma forma, devemos acordar do romantismo e perceber
que para a continuidade das manifestações populares tradicionais
continuarem existindo, elas precisam ser transformadas, ainda que se
apresentem através da mídia tecnológica.
O incentivo à divulgação das tradições populares pelos meios de
comunicação de massa (televisão, rádio, jornal, revista, celular, internet, e-
mail, autdoor entre outros) pode ser um benefício para a continuidade,
como por exemplo facilita a comunicação e o acesso ao maior número de
pessoas;resgata os produtos e objetos da cultura popular que foram
danificados; serve como subsídio em projetos educacionais e políticos; s
surgimento de um novo olhar sobre as culturas populares; o aumento da
criatividade do povo, que faz surgir grupos alternativos de folguedos e
danças populares; possibilita a sobrevivência de certos grupos que
estavam fadados a desaparecer.
Como malefícios do uso da tecnologia nas tradições populares,
podemos pensar na deformação e a deturpação exercidas pelos meios de
comunicação de massa. Na estilização do produto e objetos.Na
espetacularização dos folguedos e das danças.Na padronização do
produto, que faz perder a qualidade nas manifestações populares.Na
aceleração do processo de desaparecimento de certos grupos das
tradições populares que não acompanham a dinâmica da informação.
Sabemos que à luz da globalização, Softwares avançados, novos
ships para celulares, a quebra das fronteiras desencadeiam um processo
de transformação nas tradições populares. Com isso, encontramos como
saída a refuncionalização nos produtos das tradições populares para
sobreviverem no mundo da concorrência, automação e tecnologia da
informação.
É importante analisar a cultura popular e, para isso, pensar a
melhor maneira de revivescer tradições baças, cansadas e
incompreendidas. Para isso, na busca de retomar através da história oral as
tradições populares no contexto capitalista, teremos que utilizar a
tecnologia como maneira de aprimorar, resgatar e facilitar a vida do povo,
pois isso nunca matará o jeito tradicional de ser do povo. Podemos ver na
tela do computador o que as pessoas faziam num tempo antes de nossa
existência. São esses argumentos que fazem com que a gente acredite na
união perfeita entre as tradições populares e tecnologia.
Pois é, amigo(a) acadêmico(a), é preciso acordar do encanto e,
por alguma razão, encerrar a travessia. E travessia ilustra bem o que
463
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
REFERÊNCIAS
ADORNO, Theodor Adorno e Max Horkheimer. Brasil ou Dialética do
Iluminismo.
ARANTES, Antonio Augusto. O que é cultura popular. São Paulo:
Brasiliense, 1986
AYALA, Marcos; AYALA, Maria Ignez Novais. Cultura popular no Brasil.
São Paulo: Ática, 2003.
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento. Brasília: UnB, 1996.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo:
Perspectiva, 2003.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é folclore. 5. ed. São Paulo:
Brasiliense, 1985.
BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Moderna. Trad. Denise
Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
CANCLINI, Néstor García. Cultura y Comunicación: entre lo global y lo
local. La Plata: Ediciones de Periodismo y Comunicación, 1997.
CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia do Folclore Brasileiro. Global,
2002.
CASCUDO, Luís da Camara. Literatura Oral no Brasil. Belo Horizonte:
Itatiaia, 1989.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário Folclórico Brasileiro. INL, 1954.
CHARTIER, Roger. Cultura popular: revisitando um conceito
historiográfico. Estudos Históricos. n. 16 (1995).
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1986.
DAMATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis. Rio de Janeiro:
Rocco, 1978.
EAGLETON, Everardo. A idéia de cultura. São Paulo: UNESP, 2005.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. As culturas populares no capitalismo.
Tradução de Cláudio Novaes Pinto Coelho. São Paulo: Brasiliense, 1982.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1978.
464
4
UNIDADE 4
CULTURA POPULAR: DE POVO À MASSA
4.1 O POVO
465
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
466
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
B GC
GLOSSÁRIO E
70 A F
Signo lingüístico: pode ser
desembrado em duas
Figura 35: Ilustração dos Foliões de São Gonçalo. faces: o significante, que é
a parte concreta do signo,
Para tratar da questão da cultura popular é preciso, de início, como sons ou letras e
saber que se está lidando com um termo esquivo, dado a muitas definições percepetível através dos
e repleto de ambigüidades. Tentaremos, portanto, circunscrever essa sentidos; e o significado,
expressão de modo a não deixá-la demasiadamente ampla e vaga. que é a idéia formada, a
É necessário reforçar, antes de tudo, que o conceito de cultura imagem que se tem em
popular é amplo, gelatinoso, objeto de muitas polêmicas e repleto de mente.
contradições. O termo popular é proveniente de povo. Mas o que seria um
“povo”? Não há consenso na resposta, porém a acepção mais comum é
considerar povo como o conjunto dos cidadãos de um país, excetuando-se
os dirigentes e os membros da elite socioeconômica. Se não há consenso DICAS
em torno do termo “povo”, o que dizer do conceito de “cultura”? Peter
Burke julga que esse conceito parece ser ainda mais controverso. Antes,
era usado para se referir à “alta” cultura, mas, hodierno, o uso do termo foi
Acesse o site do Centro
ampliado, incorporando a “baixa” cultura, ou cultura popular. Em outras
Nacional de Folclore e
palavras, o termo cultura normalmente se relacionava à literatura
Cultura Popular:
(acadêmica), música (clássica), ciência.
http://www.cnfcp.com.br/int
erna.php?ID_Secao=16
467
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
468
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
469
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
4.3 A MASSA
470
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Até o final dos anos 50, o rádio foi um grande companheiro das
classes populares no processo de assimilação dos valores e da vida urbana.
“Conservando suas falas, suas canções e não poucos traços de seu humor,
o rádio mediará entre tradição e modernidade (BARBERO, 1997, p. 267)”.
Além disso, o Estado se utilizou do rádio (e depois da televisão)
para construir uma identidade nacional, um sentimento de nação entre os
brasileiros. O rádio possui o papel de unificador nacional. Os símbolos
dessa união são buscados na cultura popular, como Luiz Gonzaga, que se
transformou no Rei do Baião, conhecido e prestigiado em todo o país
através da Rádio Nacional – a primeira com alcance em todo o estado
Brasileiro.
Nesse contexto, ocorre uma mudança: o popular deixa de ser
sinônimo de periferia e classes subalternas e passa a ser visto como aquilo
que atinge muitas pessoas – o popular massivo. Sendo assim, o futebol é o
esporte mais popular do Brasil, não porque é o esporte preferido das
classes populares, mas dos brasileiros. Assim, ocorre a identificação do
popular com o nacional: carnaval, samba, feijoada...
Segundo Barbero (1997), “a partir dos anos 60, a cultura popular
urbana passa a ser tomada por uma indústria cultura urbana cujo raio de
influência se torna cada vez mais abrangente, transpondo modelos em
larga medida buscados no mercado transnacional. A proposta cultural se
torna sedução tecnológica e incitação ao consumo (p. 268)”.
Assiste-se a uma crescente popularização dos filmes e das
músicas americanas, bem de toda a sua cultura. O consumo também
chega à periferia, como não poderia deixar de ser num sistema capitalista.
471
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
472
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
4.5. FOLKCOMUNICAÇÃO
473
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
(ibidem, p. 40)”
ATIVIDADES
São considerados sistemas de folkcomunicação, meios de
Pesquise quais são os expressão como a “queima do Judas”, o carnaval, a música de tradição
sistemas de oral, o mamulengo, o bumba-meu-boi, o artesanato e as artes plásticas
folkcomunicação presentes populares, os folhetos, almanaques, bem como a informação oral
na sua cidade. transmitida pelos cantadores, rezadeiras, benzedeiras etc.
Fonte: Marcelo Júnior, 2007.
DICAS
DICAS
4.7. ADORNO E A INDÚSTRIA CULTURAL
474
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
475
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
476
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Televisão
ATIVIDADES
Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto
477
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
478
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
479
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
REFERÊNCIAS
ADORNO, Theodor. Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra,
2002;
ARANTES, Antonio Augusto. O que é cultura popular. São Paulo:
Brasiliense, 2004;
BARBERO, Jésus-Martin. Dos meios às mediações – Comunicação,
cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997;
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre
literatura e história da cultura. 7ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras
escolhidas; v.1);
BOSI, Ecléa. Cultura de Massa e Cultura Popular. 9ª ed. Petrópolis: Vozes,
1996;
CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas. São Paulo: EdUsp, 1998;
CARNEIRO, Geralda Vânia Nogueira Fonte Boa. O lugar e a vida de
pequenos produtores. In. Trabalho, cultura e sociedade no norte/ nordeste
de Minas.
CAVALCANTI, Maria Laura. Cultura e saber do povo: uma perspectiva
antropológica. In: Revista Tempo Brasileiro. Out. – dez. – nº. 147 – Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro, 2001, ed. trimestral;
CHARTIEUR, Roger. A história cultural: entre práticas e representações.
Bertrand Brasil/ Difel, 1990;
CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia. 6ª ed. São Paulo: Cortez Editora,
1993;
COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de política cultural. 2ª ed. São Paulo:
Editora Iluminuras, 1999;
COLARES, Mona Lisa Campanha Duarte. A tradição no mundo
contemporâneo: análise dos caboclinhos montesclarences – terno do
congado das festas de agosto. (dissertação de mestrado não publicada);
-------------------. Notas sobre o popular e o folclórico. In: Funorte
Humanidades: Revista dos Cursos das Ciências Humanas / Soebrás. V. 1,
n. 2 (2006), Montes Claros – MG;
-------------------. A representação do Vale do Jequitinhonha nas canções
dos Festivales. (monografia não publicada);
DAMATTA, Roberto. Explorações – ensaios de sociologia interpretativa.
Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
___________Relativizando – uma introdução à antropologia social. Rio
de Janeiro: Rocco, 1987;
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editora, 1993. 2 v;
FERNANDES, Florestan. O folclore em questão. São Paulo: Martins
Fontes, 2003;
480
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
481
RESUMO
483
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
484
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
485
REFERÊNCIAS
BÁSICA
487
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
COMPLEMENTAR
488
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
SUPLEMENTAR
489
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
490
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
491
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
- AA
UNIDADE I
UNIDADE II
493
Arte e Cultura Popular UAB/Unimontes
UNIDADE III
494
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
UNIDADE IV
495
1º PERÍODO
HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO
AUTORES
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 501
Unidade I: A educação antiga e medieval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 505
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 506
1.2 Povos primitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 507
1.3 Educação egípcia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 511
1.4 Educação grega . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 514
1.5 Educação romana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 522
1.6 Educação medieval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 527
1.7 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 535
Unidade II: A educação no período do renascimento . . . . . . . . . . . 536
2.1 O Renascimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 537
2.2 O renascimento cultural, científico e artístico . . . . . . . . . . . . 538
2.3 O renascimento humanista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 540
2.4 A reforma e a contra-reforma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 541
2.5 O iluminismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 544
2.6 O pensamento pedagógico renascentista iluminista . . . . . . . 546
2.7 O surgimento dos sistemas escolares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 548
2.8 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 551
2.9 Vídeos sugeridos para debate . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 552
Unidade III: Brasil: a educação no período colonial . . . . . . . . . . . . 554
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 554
3.2 Para um começo de história. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 555
3.3 Período Jesuítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 556
3.4 A Influência Jesuítica na Educação Brasileira . . . . . . . . . . . . 557
3.5 A educação no Brasil na era pombalina . . . . . . . . . . . . . . . . 561
3.6 A educação brasileira no Brasil imperial . . . . . . . . . . . . . . . . 562
3.7 Educação no Brasil Colônia: fim da visão iluminista? . . . . . . . 570
3.8 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 572
Unidade IV: A educação no Brasil: o período republicano . . . . . . . . 573
4.1 A reforma educacional de Bejamim Constant . . . . . . . . . . . . 574
4.2 A educação na 2º república. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 579
4.3 A educação superior no Brasil pós LDBEN 9.394/1996 . . . . . 586
Referências básica e complementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 589
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 593
APRESENTAÇÃO
Experiências de aprendizagem
501
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
(Referências)
Para aprofundamento de subtemas,
serão indicadas obras ou páginas na
Internet.
502
História da Educação UAB/Unimontes
503
1
UNIDADE 1
A EDUCAÇÃO ANTIGA E MEDIEVAL
505
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Figura 1
1.1 INTRODUÇÃO
506
História da Educação UAB/Unimontes
1.2.1 A escrita
507
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
508
História da Educação UAB/Unimontes
509
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
ATIVIDADES
Acesse o site:
http://www.hyperhistory.co
m/online_n2/History_n2/a.h
tml
Localize as primeiras
civilizações.
DICAS
510
História da Educação UAB/Unimontes
Fonte: http://www.discoverybrasil.com/egito/brasil_dc_egito_home/index.shtml
Figura 8: Egito
511
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
512
História da Educação UAB/Unimontes
Fonte: www.suapesquisa.com/egito/
513
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
comerciais.
A escola egípcia consistia na manutenção da literatura de
inspiração divina. A técnica predominante no ensino era a memorização e
repetição.
As virtudes consideradas neste período eram o silêncio, a
obediência, abstinência e reverência ao passado.
A criatividade e originalidade deveriam ser evitadas e o castigo era
aplicado ao aluno como forma para conseguir as virtudes.
Evidentemente, para se tornar escriba, o aluno tinha que alcançar
perfeição na reprodução dos textos antigos e modelos de escrita. Assim
poderia ter acesso à mobilidade social.
O processo educativo do Egito consistia na conservação das
instituições existentes na sociedade sem que elas fossem modificadas. Essa
educação que formava os guardiões funcionou durante 3000 anos.
Fonte: http://www.suapesquisa.com/grecia/
514
História da Educação UAB/Unimontes
515
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
516
História da Educação UAB/Unimontes
517
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
democracia representado
por Péricles. Além disso, as
artes, literatura e filosofia
contribuíram
definitivamente para
herança cultural do mundo
ocidental.
PARA REFLETIR
O ideal cosmopolita
expansionista de Alexandre
era o ideal de que uma
única cultura abarcasse
todo o mundo civilizado. Figura 12
Este ideal foi importante
para transmissão da 1.4.2 Educação homérica
cultura da Grécia Antiga
às futuras gerações e
Os gregos homéricos eram em grande parte analfabetos. O
civilizações.
processo educativo tinha por base a tradição oral, que concretiza -se em
duas epopéias,Ilíada e Odisséia, atribuídas a Homero considerado por
Thomas Giles Platão 'o educador de toda a Grécia' (MANACORDA, 1989).
Essas obras dominaram todo o processo educativo na Grécia e
depois irão fazer parte do patrimônio romano.
Nessas epopéias, os heróis servem de modelo para a juventude
ATIVIDADES onde Aquiles o guerreiro, será a personificação de um povo bélico; Nestor,
representa o modelo da experiência e maturidade; já Agamenão era o
Que tipo de educação
modelo da liderança e Ulisses da oratória.
surgiu na Grécia?
Aquiles e Ulisses serão também modelos da verdadeira virtude, da
honra e superioridade no cumprimento do dever. Essas virtudes
representam coragem no campo de batalha e perseverança na arena.
518
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Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
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Fonte: www.paginas.terra.com.br/arte/mundoantigo/roma/
Figura 13
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História da Educação UAB/Unimontes
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Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
526
História da Educação UAB/Unimontes
Agora:
O que mais caracteriza esta decadência é o fato desta
PARA REFLETIR
educação ser limitada à classe mais elevada. A educação já
não se destinada a ser a educação prática de todo o povo,
mas o ornamento de uma sociedade oca, superficial e
A transição do principado
geralmente corrupta; já não é um estádio de
desenvolvimento possível para um povo inteiro, ou para
não Império é marcado por
indivíduos de dada categoria, mas a simples obtenção ou turbulências políticas, mas
mesmo mera insígnia de distinção de uma classe também é marcado por ser
favorecida.Quando o antigo vigor político e as
um período de cultura
oportunidades para as atividades políticas desapareceram,
o governo municipal se tornou mera máquina para coletar
ímpar na história de Roma.
impostos, quando o exército se encheu de bárbaros, a Houve construção de
classe superior, agora mais numerosa do que nunca, monumentos colossais
voltou-se para o único traço remanescente da primitiva
como Panteão e o Coliseu.
Roma imperial- a cultura. (MONROE, 1976).
Houve grande interesse
Para tanto, na educação romana prevaleceu um sistema
pela ciência e pela
modificado que incluía elementos gregos e romanos.
atividade literária.
A cultura e literatura grega chegaram às classes superiores, na
qual se organizou um sistema de escolas de gramática e de retórica,
fundaram-se então universidades e bibliotecas.
Mas com tempo, essa educação se fez formal e irreal e perdeu sua
a importância social. Surge então uma nova educação ministrada pela
ATIVIDADES
Igreja.
Assista aos filmes:
O Império Romano- SBJ
1.6 EDUCAÇÃO MEDIEVAL Produções
Ou
1.6.1 A Europa medieval Roma Antiga – 3 filmes/
Videopéia Britânica
A Estrutura Política que prevaleceu na Idade Média são as Ou
relações de vassalagem e suserania. O suserano era quem dava um lote de A Queda o Império
terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e ajuda Romano
ao seu suserano. O vassalo oferecia ao senhor, ou suserano, fidelidade e
Ou
trabalho, em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As
Ben- Hur
redes de vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o rei o
suserano mais poderoso. Todos os poderes jurídico, econômico e político
concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras Faça um debate no Fórum
(feudos) A sociedade era estática (com pouca mobilidade social) e com seus colegas sobre o
hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, cotidiano, a política, a
duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos educação, a cultura dos
camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, romanos.
pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de
impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era
formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos. Os servos
deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como:
corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade
da produção), banalidades (taxas pagas pela utilização do moinho e forno
do senhor feudais). A religião era Igreja Católica dominava o cenário
527
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
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529
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
530
História da Educação UAB/Unimontes
531
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
1.6.3 A escolástica
DICAS
A educação como disciplina intelectual foi denomina escolástica,
que predominou do século XI ao século XV.
O nome Escolástica, surge
A escolástica contribui para a criação das universidades e
por ser a filosofia ensinada
dominou o trabalho destas instituições durante 4 séculos, produzindo uma
nas escolas.
vasta literatura com características próprias.
A finalidade do pensamento escolástico foi a atitude de
Maria Lúcia Arruda Aranha obediência, aceitação de todas as doutrinas, declarações da Igreja.
A partir das verdades formais dogmaticamente estabelecidas,
hostilizava todo estado de dúvida, investigação considerada pecaminosa.
O objetivo era apoiar a fé na razão, ou seja, revigorar a vida
ATIVIDADES
religiosa e a Igreja pelo desenvolvimento intelectual.
A fé era considerada superior a razão, agora as doutrinas da Igreja
O que foi a escolástica?
formuladas anteriormente, deveria ser analisada, definidas e
sistematizadas. Para tanto
A educação escolástica estava incluído neste objetivo mais
amplo. A educação escolástica visava desenvolver o poder
B GC de formular as crenças num sistema lógico e de expor e
GLOSSÁRIO E defender tais definições de crenças contra todos os
A F argumentos que pudessem ser levantados contra elas. Ao
mesmo tempo, empenhou-se em evitar o desenvolvimento
Escolástica: de uma atitude crítica de espírito perante os princípios
Para Monacorda, a fundamentais já estabelecidos pela autoridade.
escolástica é uma cultura (MONROE, 1976).
532
História da Educação UAB/Unimontes
533
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
O Nome da Rosa A influência política das universidades foi importante, devido seu
modelo de organização democrática. Era um ambiente livre para assuntos
Faça um debate no Fórum políticos, eclesiásticos e teológicos.
com seus colegas sobre as Thomas Giles explica que:
bibliotecas, as De todas as instituições educativas que surgiram desde a
universidades e ao acesso Antiguidade, é a universidade que exerce mais influência na preparação
as publicações na Idade da época moderna e contemporânea.
Média
1.6.5 A cavalaria
Castelos Medievais
Feudalismo
Baixa Idade Média
Cruzadas na Idade Média
Arte Medieval
Trovadorismo
Peste Negra
Igreja Medieval
534
História da Educação UAB/Unimontes
REFERÊNCIAS
Sites:
http:// portal.mec.gov.br
www.cervantesvertical.com
www.dominiopublico.gov.br
http//rived.mec.gov.br
www.webeduc.mec.gov/educacionais
www.ibge.gov.br
535
2
UNIDADE 2
A EDUCAÇÃO NO PERÍODO DO RENASCIMENTO
536
História da Educação UAB/Unimontes
2.1 O RENASCIMENTO
537
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
538
História da Educação UAB/Unimontes
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Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
540
História da Educação UAB/Unimontes
cidades (antropocentrismo).
DICAS
Dentro do humanismo houve inúmeras correntes diferentes que se
distinguiam de acordo com a prática a que se dedicavam a temática que
abordavam e a tradição filosófica da Antiguidade a que se ligavam.
Homens e entidades encarregados de preservar a cultura Sugestão de filme:
tradicional se opuseram aos humanistas e passaram a
O Nome da Rosa
persegui-los, Dante e Maquiavel foram exilados,
Campanella e Galileu foram presos e torturados, Thomas Diretor: Jean Jacques
Morus foi decapitado, Giordano Bruno e Dolet foram Annaud
queimados pela Inquisição, entre outros. Esse clima de
Data: 1986
insegurança vivido pelos humanistas fez com que se
estabelecesse entre eles um laço de solidariedade Inspirado na obra
internacional através de toda a Europa. Eles trocavam homônima de Umberto
informações, livros, idéias, hospitalidade e assim, eram Eco. Na península Itálica
estimulados e suas teorias se espalhavam.
medieval, um monge
Na cidade de Florença surgiu o platonismo, uma das mais investiga uma sucessão de
significativas correntes do pensamento humanista, que consistia no crimes em um mosteiro
conhecimento rigoroso das leis e propriedades da natureza para transpô-la benetitino. A partir dessa
com a máxima harmonia nas obras de arte mediante a elaboração trama, o filme mostra as
matemática precisa. diversas posições e
A cidade de Pádua, ligada a corrente aristotélica, tornou-se um correntes de pensamento
centro de estudos voltado principalmente para a medicina e os fenômenos da Igreja às vésperas do
naturais, desligado de preocupações teológicas. Renascimento (século XIV).
No norte da Europa desenvolveu-se a corrente chamada de
humanismo cristão, que condenava a ganância da Igreja, a exploração das
imagens e relíquias, o formalismo vazio dos cultos e a venda de
indulgências.
Os utopistas eram outra corrente do pensamento humanista. Eles
concebiam uma comunidade ideal, puramente imaginária, onde os ATIVIDADES
homens vivem e trabalham felizes, com fartura, paz e mantendo relações
fraternais. Os utopistas desejavam o fim da imprevisibilidade da História e Diferencie as três correntes
dos conflitos sociais. humanistas.
541
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
seria menor que o gasto Em 1517, Martinho Lutero expôs em Wittenberg suas famosas "95
com armas e traria mais Teses Contra a Venda de Indulgências", sendo excomungado e correndo o
benefícios" (ALTMANN, risco de ser martirizado pela Igreja. Lutero encontrou terreno fértil à sua
1994). pregação nas regiões em que era interessante aos nobres se apoderarem
das terras da Igreja Católica. Aliando-se aos príncipes, conseguiu
principalmente o apoio do Imperador do Sacro Império Romano-
Germânico Carlos V. As doutrinas luteranas causaram grande agitação,
principalmente sua idéia subversiva de confiscar os bens da Igreja.
“(...) as classes destinadas à produção são consideradas
não mais como os principais destinatários da catequese
cristã, mas também como participantes ativos no processo
comum da instrução; Lutero se põe o problema da relação
instrução – trabalho. Se a necessidade de ler as Sagradas
Escrituras e a capacidade de cada um interpretar a palavra
divina nelas contida está na base desta nova exigência da
cultura popular, é porém o desenvolvimento das
capacidades produtivas e a participação das massas na
vida política que exigem este processo”. (MANACORDA,
2004, p. 198).
A reforma teve implicações relevantes na educação, Martinho
Lutero insistia em suas pregações que o ensino deveria ser ministrado a
todos, nobre, plebeu rico e pobre. Defendeu que a educação não devia
por mais tempo ser pela religião e pela igreja.
Ainda que não houvesse alma,ou céu, nem inferno, seria
necessário haver escolas para a segurança dos negócios
deste mundo, como a história dos gregos e romanos
claramente nos ensina. O mundo tem necessidade de
homens e mulheres educados, para que os homens possam
governar o pais acertadamente e para que as mulheres
possam criar convenientemente seus filhos, dirigir os seus
criados e os negócios domésticos. (MONROE,
1985,p.179).
542
História da Educação UAB/Unimontes
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Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
2. 5 O ILUMINISMO
544
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História da Educação UAB/Unimontes
B GC
GLOSSÁRIO E
REFERÊNCIAS A F
Renascimento: foi um
ARANHA, Maria Lúcia Arruda. História da Educação. São Paulo: movimento cultural surgido
Moderna, 1990. em Itália no século XV e
MANACORDA, M. A. História da Educação: da antiguidade aos nossos que, recusando as
dias. São Paulo: Cortez/Editores Associados, 1989. concepções teocêntricas
medievais passa a colocar
PETITAT, A. Produção da escola/produção da sociedade: análise sócio- o homem no centro de
histórica de alguns momentos decisivos da evolução escolar no ocidente. todos os interesses e o seu
Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. bem-estar passa a
ALTMANN, Walter. Lutero e Libertação. São Paulo: Editora Ática, 1994. constituir a principal
preocupação. A principal
CAMBI, Franco. O século XV e a Renovação Educativa; História da característica filosófica do
Educação.Tradução de Álvaro Lorencini – São Paulo,Editora UNESP, 1999. Renascimento é assim a
DOWNS, Robert B. Fundamentos do pensamento moderno. Rio de passagem do Teocentrismo
Janeiro: Biblioteca do Exército/Renes, 1969. v. 76. (Coleção General que considera Deus como o
Benício). centro do Universo para o
Antropocentrismo que
FARIA FILHO, Luciano Mendes. História da Educação. In: Veredas – coloca o Homem como o
Formação superior de professores: módulo 3 – volume 1 / SEE-MG; centro do Universo.
organizadoras: Maria Umbelina Caiafa Salgado; Glaura Vasques de
Miranda – Belo Horizonte: SEE-MG, 2002.
551
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/descartes
O Nome da Rosa
Diretor: Jean Jacques Annaud; Data: 1986; Inspirado na obra homônima
de Umberto Eco. Na península Itálica medieval, um monge investiga uma
sucessão de crimes em um mosteiro benetitino. A partir dessa trama, o
filme mostra as diversas posições e correntes de pensamento da Igreja às
vésperas do Renascimento (século XIV)
552
História da Educação UAB/Unimontes
Agonia e êxtase
Diretor: Carol Reed; Nacionalidade: EUA – 1960; Duração: 140 min
Narra a história do conflituoso relacionamento entre o grande pintor do
renascimento cultural, Michelangelo, e seu patrocinador, o Papa Júlio II.
Produção meticulosa e envolvente, com a preocupação de mostrar as
características do período de transição do feudalismo para o capitalismo.
553
3
UNIDADE 3
BRASIL: A EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL
3.1 INTRODUÇÃO
554
História da Educação UAB/Unimontes
Fonte: img412.imageshack.us/.../5783/
Para melhor compreender nossa
familiarealbm0.jpg história educacional o convidamos a rever
alguns fatos discutidos anteriormente.
No período compreendido entre os PARA REFLETIR
séculos XV e XVI surge a Renascença que
recebe esse nome por sugerir a retomada
dos valores greco-romanos. Segundo Gramsci
Este período se destaca como o hegemonia é a prática
Figura 18
período das grandes invenções e das grandes dominante, no seio das
viagens marítimas que ocorriam motivadas pela necessidade de ampliação sociedades capitalistas
nos negócios da burguesia e pela busca de enriquecimento da classe avançadas, visando suscitar
burguesa. o conhecimento ativo dos
A expansão marítimo-comercial européia dos séculos XV e XVI foi dominados, através da
um dos mais grandiosos acontecimentos da época moderna. Como elaboração de uma função
resultado dessa expansão, continentes inteiros foram conquistados e ideológica particular que
explorados pelos europeus. visa a constituição da
Vários fatores contribuíram para a expansão marítimo-comercial ficção de interesse geral. È
neste período entre eles podemos destacar: o exercício não coercivo do
? a crise econômica que perturbava a maioria das nações domínio e da dominação
representada pela fome e muitas doenças; de classe, nomeada pela
? a busca de uma nova rota para o comércio do Oriente com o hegemonia ideológica.
objetivo de abastecer, com maiores lucros, o comércio de especiarias Porque a dominação de
(cravo, canela, pimenta, noz-moscada, gengibre) e de artigos de luxo classe pode fazer adotar os
(porcelanas, tecidos de seda, marfim, perfumes); seus valores e suas
convicções pela sociedade
? interesses dos Estados Nacionais que, com governos
restante através de
centralizados e objetivos mercantis impulsionaram a expansão marítima e
instâncias de socialização
?
o desejo dos reis de aumentar o seu poder.
sem ter que recorrer à força
ou à repressão.
Havia também, neste período, um consenso entre a nobreza e a
Para Antônio Gramsci, o
burguesia no que diz respeito ao anseio de crescimento e hegemonia, pois
conceito de hegemonia
a nobreza desejava manter os seus privilégios e a burguesia queria
caracteriza a liderança
aumentar seus lucros.
cultural -ideológica de uma
Os ideais da nobreza e da burguesia podem ser bem retratados na
classe sobre as outras.
descrição que Gramsci faz sobre a hegemonia onde este afirma que “uma
(Coutinho, Carlos Nelson.
massa humana não se distingue e não se torna independente por si, sem
Gramsci. Porto Alegre:
organizar-se; (...) e não existe organização sem intelectuais, isto é, sem
LP&M, 1981, p 94-96)
organizadores e dirigentes...” (GRAMSCI, 1989, p. 21).
Vemos, porém que a expansão marítimo-comercial surgiu como
uma excelente opção para atender a todos esses interesses. Associada as
555
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
556
História da Educação UAB/Unimontes
B GC
Começaremos essa discussão apresentando a proposta de ensino E
GLOSSÁRIO
criada pelo Padre Manoel da Nóbrega, líder dos jesuítas aqui no Brasil. A F
No Brasil o Padre Manoel da Nóbrega forjou um plano de ensino Canto orfeônico:
adaptado ao nosso país. A história do canto em
A proposta de estudo de Nóbrega se fundamentava: conjunto tem suas raízes
?
no ensino do Português; intimamente associadas à
?
na doutrina cristã e história da música e da
?
a escola de ler e escrever. própria humanidade.
Esta modalidade de ensino era chamada de ensino básico. As primeiras melodias
Após a etapa do ensino básico recomendado pelos jesuítas o foram proferidas durante o
aluno ingressava no estudo da música instrumental e do canto orfeônico. canto coletivo de tribos
Após esta etapa de estudo o aluno se encontrava pronto para primitivas em rituais
prosseguir seus estudos de gramática, completando depois sua formação religiosos para clemência e
nas Universidades Européias. agradecimento aos deuses.
Os alunos que não tinham pretensão ou não tinham condições
poderiam finalizar seus estudos, com o aprendizado de uma profissão
ligada a agricultura.
557
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
558
História da Educação UAB/Unimontes
559
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
Isto mesmo!
PARA REFLETIR
Observamos através dos relatos históricos que os jesuítas
educavam e instruíam os filhos da elite colonial ao mesmo tempo em que
As escolas jesuítas não se catequizava os índios.
limitaram ao ensino das A ação educacional dos jesuítas sobre os índios se resumia à
primeiras letras; além do cristianização e na sua pacificação para que estes se tornassem dóceis
curso elementar, facilitando o seu engajamento no trabalho agrícola.
mantinham cursos de Com os filhos dos colonos a ação dos jesuítas era diferente, pois
Letras e Filosofia, estes se dedicavam oferecendo aos aprendizes uma educação mais
considerados secundários, ampla, ultrapassando os limites da educação elementar, ou seja, do ler e
e o curso de Teologia e escrever.
Ciências Sagradas, de nível Isso mesmo!
superior, para formação de
Vimos que nesse período a nobreza buscava acentuar ainda mais
sacerdotes. No curso de
o seu poder político e econômico e a nova classe, burguesia busca
Letras estudava-se
aumentar seus lucros.
Gramática Latina,
Vimos também que a expansão marítimo-comercial surgiu como
Humanidades e Retórica; e
uma excelente opção para atender a todos esses interesses.
no curso de Filosofia
A ação jesuítica então surgiu como uma necessidade da
estudava-se Lógica,
manutenção e da propagação da fé cristã e ainda com o propósito de
Metafísica, Moral,
converter os povos não-cristãos de todo o mundo e dessa forma a ação
Matemática e Ciências
catequética dos jesuítas contribuiu para o alcance dessas metas.
Físicas e Naturais.
É preciso observar também que no período jesuítico a educação
primária, aqui no Brasil como em toda a Europa na sua maior parte, ficava
DICAS aos cuidados das famílias, ou seja, as famílias é quem se responsabilizava
pela iniciação da escolaridade da criança.
Porém as famílias mais afortunadas optavam por pagar um
Assista ao filme: preceptor ou por delegar o ensino de suas crianças aos cuidados de um
A MISSÃO. parente mais letrado.
Este filme vai levar você a Isso mesmo!
uma viagem no tempo. Os jesuítas vieram para o Brasil com o principal objetivo de
Ele transportará você para desenvolver o trabalho missionário e pedagógico, tinham como finalidade
o Brasil recém - descoberto, converter o gentil e impedir que os colonos que aqui viviam se desviassem
pois aborda: da fé católica.
- as finalidades da Observa-se que a educação jesuítica assumiu, no Brasil, também
colonização; um papel de agente colonizador.
- o papel da catequese no Podemos também concluir que a educação desenvolvida pelos
processo civilizatório; jesuítas aqui no Brasil, estava voltada a atender aos brancos não muito
pobres e na idade juvenil, ou seja, atender aos jovens já basicamente
- o choque cultural entre
instruídos.
povos com usos e costumes
diferentes; Iniciando na cidade de Salvador a obra jesuítica estendeu-se para
o Sul e, no ano de 1570, vinte e um anos após sua chegada, já era
- e ainda retrata a aliança
composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus,
e o confronto entre as
São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio
posições da igreja e dos
de Janeiro, Pernambuco e Bahia).
donos de terras.
560
História da Educação UAB/Unimontes
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Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
PARA REFLETIR
Voltando um pouco na história podemos dizer que no princípio do
século XIX (anos 1800...), com a expulsão dos jesuítas a educação
O surgimento das aulas brasileira ficou reduzida a praticamente nada.
régias acabava com
Persistia o panorama do analfabetismo e do ensino precário que
qualquer possibilidade do
foi agravado pela democracia da reforma pombalina.
aluno realizar um curso
Neste período a educação brasileira ficou a deriva e esta situação
organicamente articulado,
se arrastou por um longo período, durante o Brasil colônia, ocasião em que
obrigando-o, a montar um
aumentou a distância entre os letrados e a maioria da população que era
curso próprio, o “seu”
analfabeta.
curso.
ATIVIDADES
Em 1808 com a chegada da família real portuguesa a estrutura
educacional Brasileira passa por modificações para adequar-se as
Vá ao Fórum e comente necessidades da Corte que aqui se instala.
esta afirmativa dando sua
A primeira medida que D. João VI toma ao chegar ao Brasil foi o de
opinião a este respeito,
instituir o ensino superior não-teológico visando atender essa demanda.
aproveite para refletir sobre
Porém em 1808 surgem cursos profissionalizantes em nível médio
esta possibilidade em
e em nível superior, pois a primeira medida tomada por D. João VI, assim
nossos dias.
que chegou ao Brasil, no que diz respeito a educação, foi criar escolas de
nível superior.
Observa-se que a educação brasileira desde os seus primórdios
busca atender as classes dominantes e aos interesses políticos do governo,
ATIVIDADES
pois D João VI ao criar as primeira escolas de ensino superior visava formar
Qual foi a principal oficiais do exército e da marinha, com o objetivo de defender a colônia.
conseqüência da expulsão Foram então criadas no Brasil Império universidades para formar
dos jesuítas do Brasil, no engenheiros, médicos e militares,
terreno da educação? Foi no ano de 1808 que, na Bahia que implantou-se o Curso de
562
História da Educação UAB/Unimontes
Isso mesmo!
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Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
REFERÊNCIAS
572
4
UNIDADE 4
A EDUCAÇÃO NO BRASIL: O PERÍODO REPUBLICANO
forma:
com imediata efetividade,
Unidade IV: A educação no Brasil: o período republicano ou seja, logo após
publicada passa a
4.1 A reforma educacional de Bejamim Constant
organizar a administração
4.2 A educação na 2º república
publica. Demonstra
4.3 A educação superior no Brasil pós LDBEN 9.394/1996
centralização de poder nas
mãos do presidente.
Segundo Romanelli (1983), em 1888 o Brasil contava com
apenas 250.000 alunos matriculados para uma população de 14 milhões PARA REFLETIR
de habitantes. A autora afirma ainda que:
...dos liceus provinciais, em cada capital de província dos
colégios particulares em algumas cidades importantes, O caráter elitista da
alguns cursos normais (que formavam os professores), os educação era denunciado:
Liceu de Artes e Ofícios, criado na Corte, em 1856, e mais
- pela composição do
alguns cursos superiores, que foram enriquecidos com a
transformação da antiga Escola Central em Escola corpo docente, nomeado
Politécnica (p. 40). pelo governo e formado por
Percebe-se, a partir desta afirmativa a preocupação com a intelectuais de reconhecida
formação superior em detrimento da formação elementar da população, capacidade nos meios
fato que caracterizava a elitização do ensino. acadêmicos;
Outro fato importante a se registrar do período é a falta de dados - pela seletividade do
precisos do número de matriculados na educação elementar. corpo discente, revelada
Como a educação ainda tinha um caráter elitista, frases como a pelos exames de admissão
do Senador baiano João José de Oliveira Junqueira, senador entre 1873 e e promocionais e pelo
1887, ficaram famosas: “certas matérias, talvez, não sejam convenientes pagamento das anuidades;
para o pobre; o menino pobre deve ter noções muito simples”. - pelos programas de
Esta frase demonstra a falta de uma preocupação política no ensino, de base clássica e
Brasil para a formação de uma cultura educacional que atendesse aos tradição humanística;
interesses de toda a sociedade. - pela disciplina rígida,
A educação popular do período era meramente “propedêutica”, imposta pelos
voltada para o exercício de funções, nas quais “ a retórica tem o papel mais Regulamentos. Essas
importante do que a criatividade” (ROMANELLI, 1983, p. 41). medidas deram ao ensino
A primeira república no Brasil inicia-se no governo do presidente secundário oficial, uma
Marechal Deodoro da Fonseca, que governou em 1889 e 1891 como função formativa dirigida às
governo provisório. elites, através da
Deodoro governou por decretos-leis, até que fosse promulgada a preparação dos alunos
para o ensino superior.
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DICAS
Manuel Bergström Lourenço Filho, paulistano de Porto Ferreira
(1897-1970) como um educador escolanovista que, fiel a seu referencial
teórico, procurou intervir na educação brasileira respondendo às questões
de seu contexto histórico. Para ler mais acesse:
Para o movimento escolanovista a educação deixa de ser centrada http://www.centrorefeducaci
no professor e passa a centrar-se no aluno, tendo como foco a questão da onal.pro.br/aniescnova.htm
qualidade do ensino.
Com a Pedagogia da Escola Nova o professor passa a ser um “[...]
estimulador e orientador da aprendizagem.
A escola deixa de ser um ambiente de sujeição, de disciplina, de
silêncio para ser um ambiente de alegria, pesquisa e dinamismo”
(Nogueira, 2001, p.28). DICAS
Psicólogo por formação, Lourenço Filho desenvolveu o chamado
Teste ABC, que verificava a maturidade necessária à aprendizagem da
leitura e da escrita, principalmente no que se refere à reforma educacional Sobre Lourenço Filho
do Estado do Ceará, no ano de 1922, realizada pelo educador. acesse:
Neste estado, promoveu a reforma no curso normal www.dgbiblio.unam.mx
(profissionalização do curso), além do convite para os professores a
realizarem cursos de férias para o aperfeiçoamento da profissão.
Em seu bojo, constava a inovação de todo o processo pedagógico.
Era ainda uma exigência do educador que os professores
aprendessem a forma correta de aplicação dos Testes, para que esses
fossem utilizados de maneira cautelosa e respaldada no conteúdo teórico
defendido por Lourenço.
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Fonte: (CPDOC/FGV/Arquivo
Lourenço FIlho/LF foto 96-1)
Afirmava o documento que se a
evolução do sistema cultural de um país
depende de suas condições econômicas, é
impossível desenvolver as forças econômicas e
produtivas, sem o prepara intensivo das forças
culturais e o desenvolvimento das aptidões, aos
fatores fundamentais do acréscimo de riqueza
de uma sociedade, a educação seria, portanto,
fundamental tanto para o processo de
Figura 21: Lourenço Filho, desenvolvimento, quanto o definiria numa
um dos signatários do ordem dialética (apud Romanelli, 1983).
Manifesto.
Alegavam os intelectuais que a
educação do período privilegiava as elites – área onde atuava a igreja
católica com cursos pagos – e que a educação popular necessitava de
maior atenção estatal.
Além disso, a classe média ascendente do período clamava por
melhoria do ensino médio, seguidos pelos anseios das classes populares
que reivindicavam escolas com ensino primário de boa qualidade. Fazia
parte das propostas:
Educação de qualidade, pública, gratuita e totalmente laica;
?
? Direitos de todos à educação: assegurados que homens o
mulheres deveria ter acesso às mesmas oportunidades educativas;
Educação
? posta para o desenvolvimento econômico,
financeiro e intelectual de toda nação;
? No início da escolarização, escolas pré-primárias e ensino
primário se configurariam num único bloco; -
O ensino primário deveria ser articulado ao ensino secundário;
?
O ensino superior deveria ser diversificado, proporcionando
?
formação em cursos para as carreiras liberais e para as profissões técnicas.
Afirmava o documento:
“em nosso regime político, o Estado não poderá, de certo,
impedir que, graças à organização de escolas privadas de
tipos diferentes, as classes mais privilegiadas assegurem a
seus filhos uma educação de classe determinada; mas está
no dever indeclinável de não admitir, dentro do sistema
escolar do Estado, quaisquer classes ou escolas, a que só
tenha acesso uma minoria, por um privilegio
exclusivamente econômico. Afastada a idéia do monopólio
da educação pelo Estado num país, em que o Estado, pela
sua situação financeira não está ainda em condições de
assumir a sua responsabilidade exclusiva, e em que,
portanto, se torna necessário estimular, sob sua vigilância
as instituições privadas idôneas, a "escola única" se
entenderá, entre nós, não como "uma conscrição precoce",
arrolando, da escola infantil à universidade, todos os
brasileiros, e submetendo-os durante o maior tempo
possível a uma formação idêntica, para ramificações
posteriores em vista de destinos diversos, mas antes como a
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REFERÊNCIAS
BÁSICA
COMPLEMENTAR
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http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_09
1.html. Acessado em 21/11/2008.
______. História das Idéias Pedagógicas. 5 ed. São Paulo, Editora Cortez,
2001.
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
40602008000100006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 20 nov. 2008.
doi: 10.1590/S0104-40602008000100006.
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APRENDIZAGEM
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