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Os autores Sutton e Staw (2003) trazem para o centro do debate o que é teoria, ao passo que

apontam que não há consenso para tal, e que por outro lado, um dos caminhos mais
consensuais seja apontar o que não é uma teoria. Atentam para elementos que são
comumente utilizados para fazer alusão a uma teoria, mas que ao fim e ao cabo não são e que
são indicativos de evitar: referências, dados, lista de variáveis ou construto, Diagramas,
hipóteses ou predições.

Acho que o debate não é sobre verdade ou não verdade de uma teoria. Mas o quanto ela pode
ou não ser refutada pelo que se pretende.

Fiquei bastante provocado com a questão levantada sobre o fazer ciência, reflexões
epistemológicas e o lugar da teoria. Lembrei que na graduação o primeiro e talvez único
contato nessa direção foi no 1º semestre, não tive mais, apesar de ter passado por grupos de
pesquisa na graduação. E como estava bem verde pra pensar nessas coisas era mais difícil
fazer as abstrações necessárias. Aqui na UFBA o profº Wilson Sene fazia a gente viajar, voltava
da viagem, e tinha gente que ficava lá rsrs.

Nunca pensei com afinco a esse respeito epistemológico da teoria. De todo modo, pensando
nos elementos que compõe o caminho errado, eles estão muito mais ligados a centralidade
com que são utilizados no conjunto da produção, em contra ponto a marginalização de
pressupostos teóricos que dariam ligar e conexão entre si. A experiência do mestrado e o
contato com o construcionismo social me fizeram fazer reflexões mais aprofundadas para
pensar essa perspectiva teórica, seus fundamentos filosóficos e suas conexões com outras
áreas do saber. Pois contrária a máxima cartesiana de que penso, logo existo, construcionistas
partem do digo, logo existo. A primazia do lugar da linguagem na construção social das
realidades.

De outro modo, pensando de onde familiarmente tenho produzido - O construcionismo social,


que se diz como não teoria fechada em si, não é essencialista e vários outros pressupostos que
subsidiam a compreensão da realidade social construída e mediada pela linguagem –
provavelmente não teria o status de teoria forte. Estou apontando o que criticamente os
autores pontuam de uma forma viciosa e automática de se avaliar os artigos em um jogo dual
quali-quanti, inclusive a alusão que eles fazer as teorias sustentadas e produzidas por Freud,
Darwin e Marx. Com isso não saberia dizer o que é um avanço teórico como se isso tivesse
uma régua universal. Porém, apostaria algo na direção de uma descrição sistemática dos fenômenos de
interesse, por diferentes perspectivas e vozes, paralelo a utilização de conceitos e estratégias
metodológicas para acessar e analisar o fenômeno e suas variáveis. Pensando em fenômenos sociais, onde
a manipulação do contexto não é possível, é importante levar em consideração essas interferências e
pressupor acontecimentos a partir dessas confluências, o que Breakwell e Rose (2010) vão chamar de
teorias básicas ou regras relacionais com influências de meios dedutivos e indutivos.

Estou com uma pergunta-problema oriunda do componente de teorias do desenvolvimento


que diz: a experiência do encarceramento e a expressão da dimensão religiosa produzem
efeitos positivos durante e após a condição de liberdade no desenvolvimento? E no caso das
religiosos de matrizes africanas?
- Qual linha teórica adotar para pensar o desenvolvimento?
- Como avaliar a vida adulta e o contexto penitenciário?
- É possível projetar hipoteticamente a influencia do comportamento religioso pós-cárcere?

Nossos PPGs passam por cima da construção teórica, não provocam o passo a passo. Como
não concorda com isso se fazer isso se congressos e correlatos nos condicionam a apresentar
trabalhos em 15 min? Como produzir reflexões mais complexas com a dinâmica de cobranças
de produções extremamente alta? Isso me remete a questões éticas em que grupos e espaços
de pesquisas produzem dados falsos, produzem níveis altíssimos de assédios das mais diversas
ordens e violências pois a cadeia de produção sempre vai existir e produzir explorações na
ordem do “casa grande e senzala”, um ambiente fértil para cristalização de modus operandis
de quantidades enormes de produção e baixa qualidade aprofundada.

Outro ponto interessante sustentado pelo autor é que os estudos quantitativos tendem a ter
mais aceitação em publicações de revistas, mesmo com sustentações teóricas fracas, do que as
qualitativas que tem outros formatos metodológicos e que pressupostos teóricos são maiores
evidenciados, mas por conta da sua baixa “testagem” são colocados como pouco relevantes.

(conjuntos de articulações reflexivas de produções anteriores que sustentam ou refutam


ideias)

(informações lapidadas com objetivos pre-estabelecidos que podem ser empíricos ou não)

(essas estão baseadas em conceitos que por sua vez são oriundas de uma perspectiva
explicativa e teórica)

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