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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

JOÃO VICTOR TEIXEIRA DE ANDRADE

DESERTIFICAÇÃO DA CAATINGA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA BASE DA


SOLUÇÃO

FORTALEZA
2021
JOÃO VICTOR TEIXEIRA DE ANDRADE

DESERTIFICAÇÃO DA CAATINGA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA BASE DA


SOLUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de graduação em Ciências
Biológicas da Universidade Federal do Ceará
como requisito parcial à obtenção do título de
Licenciado em Ciências Biológicas.

Orientadora: Profa. Dra. Vânia Maria Maciel


Melo.

FORTALEZA
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

A567d Andrade, João Victor Teixeira de.


Desertificação da caatinga : educação ambiental na base da solução / João Victor Teixeira de Andrade. – 2021.
44 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências,


Curso de Ciências Biológicas, Fortaleza, 2021.
Orientação: Profa. Dra. Vânia Maria Maciel Melo.

1. Desertificação. 2. Irauçuba-CE. 3. Sensibilização ambiental. 4. Cartilha. I. Título.


CDD 570
JOÃO VICTOR TEIXEIRA DE ANDRADE

DESERTIFICAÇÃO DA CAATINGA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA BASE DA


SOLUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de graduação em Ciências
Biológicas da Universidade Federal do Ceará
como requisito parcial à obtenção do título de
Licenciado em Ciências Biológicas.

Orientadora: Profa. Dra. Vânia Maria Maciel


Melo.

Aprovada em: ____/____/_____.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________
Profa. Dra. Vânia Maria Maciel Melo (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
A todos os cearenses, nordestinos e brasileiros de
bem que já sofreram de alguma forma com a
degradação de suas terras, dedico este trabalho.
AGRADECIMENTOS

À Deus, em todas as suas formas, manifestações e interpretações de amor. Obrigado


por absolutamente tudo.
Aos meus pais, que conduziram minha trajetória até aqui, fazendo das minhas batalhas
as deles e me educando para ser uma pessoa honrada, humilde e determinada. Fiz esse
trabalho pensando em vocês, ainda que como uma simples prova de que todas as batalhas que
vocês lutaram por mim valeram à pena no final, porque eu não seria nada sem vocês.
Obrigado por todo o amor do mundo, eu amo muito vocês. Tomara que Belchior esteja certo.
À minha irmã Tamires e ao meu sobrinho Luís Miguel, por serem partes essenciais na
minha vida, ainda que role uns tapas. Aos meus avós: Augusta, por iluminar meus dias mais
sombrios com os mais simples gestos de amor; Maria, por sempre demonstrar seu amor e
preocupação, fazendo com que meu Juazeiro seja o melhor refúgio do mundo; Valdimiro, por
me inspirar força e garra ao mesmo tempo que me mostra a beleza da vida nas coisas mais
simples; Mundin, por todo o seu carinho e alegria que me proporcionou em vida, cuida de
mim aí do céu; vocês me inspiraram diversas vezes durante este trabalho, como os sertanejos
batalhadores e resilientes que vocês são e nos ensinam a ser. Muito obrigado por tudo. Aos
meus tios: Ivoneide, Neném, Ivone, Vânia, Iran, Solange, Nilton, Regina, Jéssica, Graça, Jô,
Aninha, Seu João e Aparecida; aos meus primos Nayara, Álvaro, Anderson, Natan, Henrique,
Júlia, Vanessa, Vanusse, Gustavo, Larisse, João Lucas, Iago, Iuri e Isis. Faço questão de
escrever o nome de cada um de vocês, porque é uma honra muito grande fazer parte dessa
família.
À Universidade Federal do Ceará. Por todas as oportunidades, bolsas, almoços de R$
1,10 e acolhimento nesses quase 5 anos. Possuo muito orgulho de fazer parte dessa
instituição. Obrigado à toda a infraestrutura, a todos os funcionários (muito obrigado seu
Valdenor) e a todos os professores que me instruíram, ensinaram e evidenciaram os tipos de
educadores que eu quero e não quero ser.
À minha professora Vânia, que desbravou os limites da orientação e tornou-se uma
peça essencial para a minha formação profissional e pessoal. Esse trabalho não seria possível
sem suas ideias maravilhosas. Obrigado por iniciar toda a minha paixão pelo que faço
atualmente desde a minha primeira aula de Microbiologia Geral (CH760); hoje tenho certeza
que sou um profissional competente, habilitado e desenrolado graças à senhora. Muito
obrigado.
Ao meu (não)pirimpedo: Alana, Rebeka, Vanessa e João Paulo, por fazerem parte do
meu alicerce dentro e fora da Biologia. Obrigado por todas as festas, conselhos, fofocas,
caronas, choros compartilhados, trabalhos estressantes, viagens, almoços, brigas, abraços e
todas as outras coisas que dariam um TCC por si só. Alana, obrigado por ser a melhor
parceira-para-tudo que eu poderia ter na alegria e na tristeza, e por toda a base e carinho que
você me deu, eu te amo muito; Rebeka, obrigado por trazer tanta alegria pra minha vida, pelas
nossas grandes aventuras, por todo o amor que só você sabe me dar, eu te amo muito;
Vanessa, obrigado por cuidar tão bem de mim, de me fazer eu me sentir uma pessoa melhor e
por ser esse grande exemplo de mulher na minha vida, eu te amo muito; João Paulo, obrigado
por ser minha energia nos piores e melhores dias, pela tua paciência, carinho e
companheirismo, eu te amo muito.
À minha amiga da vida toda, Hellen, obrigado por sempre acreditar em mim, me
preencher das melhores formas, me ensinar a ser uma pessoa boa e por trazer tanta alegria pra
minha vida. Obrigado por todas as conversas na janela, os livros e filmes e, acima de tudo,
pelas pequenas e tão importantes contribuições ao longo da minha vida. Se eu aprendi a ter
orgulho de mim, foi graças a você, eu te amo muito.
Ao meu namorado Abraão, obrigado por ter me acompanhado em toda a trajetória
desse trabalho e por me dar a oportunidade de dividir meus momentos com um ser humano
tão incrível. Obrigado por acreditar em mim, pegar na minha mão nos momentos mais
adversos e mostrar que vai dar tudo certo. Você torna mais lindos todos os meus dias, desde
que eu te conheci e além, eu te amo muito meu amor.
Aos meus amigos Victória, Vanessa Ariane, e Jefferson obrigado por todas as
experiências únicas e todo o carinho esmagador que eu sinto perto de vocês. Victória,
obrigado por me mostrar como meus momentos são lindos perto de ti, por ser minha
inspiração, minha luz e por me fazer sentir tão especial desde o primeiro dia que eu pisei na
Biologia, eu te amo muito. Vanessa Ariane, obrigado por ser minha companheira de trabalhos,
viagens e risadas, por me ensinar tanto sobre a vida quando eu acho que já sei de mais, eu te
amo muito. Jeff, obrigado por toda a companhia que você me fez em momentos tão
importantes da graduação e fora dela.
Às famílias que eu adquiri ao longo da minha graduação. Ao Lembiotech, que me
proporcionou tamanho aprendizado sobre a área de Microbiologia, em específico ao grupo
Caatinga (Lara New, Andreza e Vanessa Ariane) que me acompanharam nessa jornada tão
importante e permitiram que esse trabalho se concretizasse. Obrigado também Jonathan, Bella
e Professora Denise. Ao PET Biologia, que me ensinou o quão vasto pode ser a universidade
e como ela pode atingir significativamente outras pessoas, obrigado por me acolherem tão
bem e por compartilharem essas jornadas de ensino, pesquisa e extensão junto a mim.
Obrigado à Professora Érika por me ensinar tanto sobre como ser um bom professor,
pesquisador e pessoa; tenho muita gratidão por ter cruzados meus caminhos com a senhora. À
Mata Branca, por ter me proporcionado várias experiências únicas de empreendedorismo e
por protagonizar tantos momentos de crescimento durante minha graduação. Obrigado,
especialmente, à todas as pessoas que passaram por lá enquanto eu estive presente. Ao Ladmi,
por ter sido um divisor de águas no meu curso de graduação e me ter dado a certeza do que eu
queria pra minha vida, tanto em relação ao ensino quanto à microbiologia. Obrigado
Alessandra e Susy por me acompanharem em tantos perrengues e correrias e, ainda assim,
manterem nosso humor e animação de pé. Não teria sido nada igual se não fossem por vocês.
Obrigado Niédila, por me ensinar tanto sobre a vida e suas possibilidades.
Aos amigos da minha turma e aos que adquiri ao longo da graduação: Davi, Gabi de
Castro (quase uma bióloga também), Arthurzinho, Felipe, Genil, Sofia, Catherine, Vanessão,
Maria Vitória, Bea, Feynman, Jennifer, Renata, Alice, Leal, Alanna, e tantos outros que
cruzaram minha trajetória. Vocês foram muito importantes durante todo esse período. Aos
meus amigos de escola e de bairro. Lia, Luís, Matheus, Pedro, Sara, Christian, obrigado por
todos os momentos que antecederam e procederão essa jornada.
Todos vocês contribuíram de alguma maneira neste trabalho. Obrigado.
E, é claro, a mim mesmo. Por persistir sem perder minha essência. Me amo muito.
RESUMO

O Semiárido Brasileiro (SAB), onde predomina o domínio morfoclimático da Caatinga,


apresenta grande parte do seu território susceptível ao processo de desertificação,
apresentando, associado a práticas insustentáveis de sistemas agropastoris e de extrativismo,
“manchas” críticas em seu território denominadas Núcleos de Desertificação (ND); um dos
mais preocupantes e evidentes de tal área é o de Irauçuba, no estado do Ceará. O município
que dá nome a tal núcleo é conhecido por sofrer, tanto em âmbito natural quanto social, pela
degradação ambiental causada pelas atividades de extrativismo, agricultura intensiva e,
sobretudo, sobrepastoreio. Diversos projetos de pesquisa são executados em tal município,
mas poucos projetos de Educação Ambiental são veiculados para o combate à desertificação,
sendo tais metodologias muito valiosas a longo prazo para a mitigação de tal problemática.
Uma forma prática e eficiente de divulgar informações necessárias durante o processo de
Educação Ambiental é o uso de cartilhas educativas. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho
é desenvolver uma cartilha de educação ambiental com conteúdo voltado à desertificação no
ambiente da Caatinga de Irauçuba, visando o combate à degradação de solos e de futuros
cenários de ambientes desertificados. Seu público-alvo foi estabelecido para estudantes de
Ensino Médio do município, de modo que sua confecção foi concebida com linguagem
simples e humorada e com elementos regionais e da própria Caatinga de Irauçuba. Sua
confecção foi baseada em ilustrações e textos informativos sobre a Caatinga e seus elementos
biogeográficos e climáticos e na problemática da desertificação e como combatê-la. Como
personagens principais, desenvolveu-se a árvore Jureminha, a qual foi baseada na planta
Jurema preta (Mimosa tenuiflora), e seus amigos microrganismos do solo e de sua rizosfera.
Por fim, tais conteúdos foram desenvolvidos em uma estória interativa e, complementando,
em um jogo de cartas sobre o impacto da desertificação na caatinga. Espera-se que a cartilha
possa, no futuro, ser validada e aperfeiçoada para a finalidade de utilização como material
informativo escolar e comunitário no município de Irauçuba, tornando-se uma valiosa
ferramenta de sensibilização e aproximação social da problemática da desertificação.

Palavras-chave: Desertificação. Irauçuba-CE. Sensibilização Ambiental. Cartilha.


ABSTRACT

The Brazilian Semi-Arid Region (SAB), where the morpho-climatic domain of the Caatinga
predominates, presents a large part of its territory susceptible to the process of desertification,
presenting, in association with unsustainable practices of agropastoral and extractive systems,
critical “spots” in its territory called Nuclei of Desertification (ND); one of the most worrying
and evident in this area is that of Irauçuba, in the state of Ceará. The city that gives the name
to this nucleus is known to suffer, both in natural and social spheres, by the environmental
degradation caused by the activities of extractivism, intensive agriculture and, above all,
overgrazing. Several research projects are carried out in this city, but few Environmental
Education projects do such a thing to combat desertification, these methodologies being very
valuable in the long term to mitigate such problems. A practical and efficient way to
disseminate necessary information during the Environmental Education process is the use of
educational booklets. In this sense, the objective of this work is to develop an environmental
education booklet with contents aimed at desertification in the Caatinga of Irauçuba’s
environment, aiming to combat soil degradation and future scenarios of desertified
environments. Its target audience was established for high school students in the city, so that
its preparation was conceived with simple and humorous language and with regional elements
and from the Caatinga of Irauçuba itself. Its production was based on illustrations and
informative texts about the Caatinga and its biogeographic and climatic elements and about
the problems of desertification and how to combat it. As main characters, the Jureminha tree
was developed based on the black Jurema plant (Mimosa tenuiflora), and its friends
microorganisms of the soil and its rhizosphere. As main characters, the Jureminha tree was
developed, which was based on the black Jurema plant (Mimosa tenuiflora), and its friends
microorganisms of the soil and its rhizosphere. Finally, such content was developed in an
interactive story and, in addition, in a card game about the impact of desertification in the
caatinga. It is hoped that the booklet can, in the future, be validated and improved for the
purpose of use as a school and community information material in the city of Irauçuba,
becoming a valuable tool for raising awareness and social approach to the problem of
desertification.

Keywords: Desertification. Irauçuba (CE). Environmental awareness. Booklet.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Áreas fortemente degradadas em processo de desertificação no Estado do


Ceará……………………………………………………………………………………….....18
Figura 2 - Quantificação por município das classes de uso e cobertura da terra mapeadas na
ASD – Núcleo I - Irauçuba/Centro-Norte - Irauçuba-CE………………………………….....20
Figura 3 - Capa de “A saga de Jureminha e seus amigos micróbios contra a desertificação”
...................................................................................................................................................32
Figura 4 - Jureminha (Ilustração genérica de Mimosa tenuiflora)............................................33
Figura 5 - Micróbios da terra (Ilustração genérica de microrganismos presentes em solo).....34
Figura 6 - Exemplos de cartas (equilíbrio, desequilíbrio e recuperação) do “Caatingame”.....34
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………...11
2. REFERENCIAL TEÓRICO……………………………………………………......14
2.1. Desertificação no Semiárido Brasileiro………………………………….....14
2.2. Influências da Desertificação em Irauçuba-CE…………………………....17
2.3. A Educação Ambiental como ferramenta do combate à desertificação.....20
2.4. Cartilhas como ferramentas da Educação Ambiental………………….....25
3. ESTADO DA ARTE………………………………………………………………....28
4. METODOLOGIA…………………………………………………………………...30
4.1. Caracterização do público-alvo…………………………………………......30
4.2. Delimitação do método de abordagem e dos personagens………………...30
4.3. Confecção do material artístico e textual………………………………......31
5. RESULTADOS…………………………………………………………………..…..32
5.1. História e Abordagem…………………………………………………….....33
5.2. Personagens....……………………………………………………………......33
5.3. Caatingame……………………………………………………………...…...34
6. DISCUSSÃO………………………………………………………………………....35
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………….....37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………......38
11

1 INTRODUÇÃO

Cenários de desertificação vêm tornando-se progressivamente comuns no panorama


mundial. Assim, é urgente que medidas mitigadoras sejam tomadas para combatê-los,
acompanhando ou superando o seu ritmo de desenvolvimento, a fim de reverter ou minimizar
os impactos desse processo.
Por desertificação, entende-se a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da
vegetação e da biodiversidade de terras secas (áridas, semiáridas e subúmidas secas), bem
como a redução da qualidade de vida da população afetada (TRAVASSOS et al, 2009;
MATALLO-JÚNIOR, 1999). Apesar de tais ambientes serem susceptíveis ao processo de
desertificação naturalmente, é fato que tal problemática é de grande contribuição antrópica,
isto é, uma consequência direta do uso indevido dos recursos naturais de determinado local.
No Brasil, a maioria dessas áreas encontra-se na região semiárida (CGEE, 2016).
Compondo 63% da Região Nordeste e 10% do território nacional (CGEE, 2016), o
Semiárido Brasileiro (SAB), onde predomina o domínio fitogeográfico da Caatinga, apresenta
condições climáticas adversas, caracterizadas, principalmente, pela frequência reduzida,
quantidade limitada e má distribuição das precipitações pluviométricas durante as estações
chuvosas (MMA, 2005). Como agravante, as atividades voltadas para sistemas agropastoris
são a principal fonte de renda do Semiárido e, quando mal geridas, resultam em processos de
desertificação com elevada severidade (SÁ et al., 2010). Algumas destas áreas são mais
susceptíveis e apresentam-se como “manchas” de solos quase que reduzidas ao afloramento
rochoso, onde a capacidade de retenção de água e o aporte nutricional são baixos; elas são
denominadas Núcleos de Desertificação (NDD) (MMA, 2005 apud VASCONCELOS
SOBRINHO, 1983).
No estado do Ceará, que apresenta grande parte de seu território susceptível à
desertificação (CGEE, 2016), foram identificados três delas como principais:
Inhamuns/Sertão de Crateús, Médio Jaguaribe e Irauçuba (LEITE, SOARES e MARTINS,
1993). Os autores afirmam, ainda, que o NDD de Irauçuba compromete quase toda a área
municipal, a qual encontra obstáculos como baixa capacidade produtiva dos recursos naturais,
aumento da torrencialidade do escoamento superficial, declínio progressivo das pastagens e
salinização dos solos das planícies fluviais, tornando-se um dos NDD’s mais preocupantes do
Brasil (CEARÁ, 2010).
Sendo assim, Irauçuba é alvo de diversos projetos ambientais que visam à pesquisa
básica sobre os efeitos de sua degradação ambiental. Muitos deles são voltados à qualidade
12

físico-química do solo e à perda de biodiversidade de fauna e flora e geram diversas pesquisas


de base e publicações na área (OLIVEIRA & SALES, 2015). A exemplo disso, temos o
projeto “Microbiomas de Solos da Caatinga de Áreas Conservadas e de Áreas em Processo de
Desertificação”, o único no local que trabalha diretamente com a biodiversidade e ecologia
microbiana comparada de solos. Coordenado pela professora doutora Vânia Maria Maciel
Melo e executado no Laboratório de Ecologia Microbiana e Biotecnologia (Lembiotech), do
Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), o projeto busca
compreender a diversidade microbiana de tais solos e relacioná-la com o nível de sucessão do
ecossistema. Dentro do contexto da Caatinga, pode-se evidenciar que esses microbiomas são
de extrema importância para o equilíbrio dos solos e para sua recuperação, principalmente no
que diz respeito aos ciclos de nutrientes e sua disponibilidade para as plantas (MADIGAN et
al., 2016). Os diversos conhecimentos adquiridos por meio dessa e de outras pesquisas
evidenciam a urgência de processos e tecnologias de remediação, bem como intervenções e
medidas mitigatórias de base que buscam combater um cenário de desertificação irremediável
no ecossistema de Irauçuba.
Foi proposto no Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação
dos Efeitos da Seca (MMA, 2005) que a luta contra a desertificação deve estar explicitada nos
programas de desenvolvimento socioeconômico das áreas afetadas, isto é, “um dos aspectos-
chave para o sucesso desses programas está referido à participação das pessoas diretamente
afetadas por aludido processo”. Partindo da premissa de que tal fenômeno é, em grande parte,
de influência antrópica, alguns estudos e projetos, tais como Dantas (2007); Figueiredo (2003)
e Caetano et al. (2017), optaram por voltar-se diretamente às comunidades do município. Eles
levaram em consideração a interação humana com o meio ambiente e consideraram tais
agentes sociais como uma das ferramentas mais promissoras a longo prazo no combate à
desertificação, seja por meio de coleta de dados ou intervenções diretas. Assim, o projeto de
microbiomas de solos da Caatinga visa a utilizar-se de conhecimentos consolidados e
adquiridos durante a pesquisa para a criação de metodologias de sensibilização ambiental com
a comunidade de Irauçuba.
Metodologias de Educação Ambiental têm grande relevância em objetivos como esses.
Isso ocorre por meio do desenvolvimento de ideias acerca da importância de garantir a
sustentabilidade do planeta por meio da preservação ambiental (MENEZES, 2012), ideias
estas que convertem conhecimentos científicos e culturais para uma linguagem acessível e
propõe relacionar o homem com seu entorno natural e com todos os agentes que o constituem
(QUEIROZ, 2011). Práticas como estas agem formando ideias, estimulando o sentimento de
13

pertencimento ao meio ambiente e interferindo em práticas insustentáveis, as quais, no caso


de Irauçuba, levam à degradação das terras. Diante do exposto, utilizar-se do conhecimento de
sustentabilidade, processos de sucessão ecológica, e dos microrganismos como bases de um
processo de educação ambiental tem grande potencial de facilitar o entendimento e
conservação natural do bioma Caatinga.
Como uma forma efetiva de transmitir conhecimentos acerca da problemática da
desertificação para a comunidade propõe-se a produção de Cartilhas de Educação Ambiental
considerando que: (i) reproduzem, em muitos aspectos, a realidade, facilitando a percepção de
detalhes e reduzindo ou ampliando o tamanho real dos objetos representados (REIS et al.,
2012); (ii) mostram-se úteis em contrapartida às limitações impostas pelos livros didáticos e
temas ambientais de modo geral (BONOTTO & SEMPREBONE, 2010); e (iii) apresentam-se
como um material acessível e direcionado para a comunidade em geral (MARTEIS,
MAKOWSKI & SANTOS, 2010), sendo de fácil distribuição e inserção também em
instituições de ensino.
Nesse sentido, o objetivo deste estudo é o de utilizar-se dos conhecimentos
consolidados e adquiridos por meio da pesquisa dos Microbiomas dos solos da Caatinga para
a criação de uma Cartilha de Educação Ambiental voltada aos conteúdos de desertificação,
suas influências diante dos processos de sucessão ecológica e, de maneira inovadora, dos
microbiomas de solos e suas influências ecológicas, visando combater o avanço da
degradação de solos e de futuros cenários de ambientes desertificados.
14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Desertificação no Semiárido Brasileiro

Diferentes zonas climáticas são susceptíveis a diferentes alterações climáticas e


antrópicas. Dentre elas, temos as terras secas - denominação para as zonas áridas, semiáridas e
subúmidas secas -, que compreendem, atualmente, cerca de 41% do território mundial
(ZAFRIEL & ADEEL, 2005). Tais zonas são assoladas por diversos fatores prejudiciais ao
meio ambiente e sociedade; dentre eles, a desertificação chama bastante atenção por conta de
seu rápido crescimento ao longo dos anos e de suas consequências cada vez mais evidentes.
Nesse sentido, a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação definiu a
mesma como a degradação destas terras secas, resultante de vários fatores, incluindo
variações climáticas e atividades antrópicas (UNCCD, 1994).
Apesar de ser um processo que, evidentemente, modifica de forma negativa a
qualidade abiótica e biótica do solo, a definição de desertificação vai além disso. A
Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação de 1977, realizada em Nairóbi, também
a considerou como uma sequência de modificações regressivas da vegetação e do regime
hídrico, causando deterioração biológica destes ecossistemas naturalmente sensíveis (CGEE,
2016). O seu conceito, relativamente novo, foi amplamente explorado a partir de 1930,
gerando grande discussão acerca das consequências do processo e também, futuramente,
maior visibilidade diante a eventos como a própria Conferência de Nairóbi, o Plano Mundial
de Ação Contra a Desertificação, a Conferência da Rio-92 e a Convenção das Nações Unidas
para o Combate à Desertificação (MATALLO-JÚNIOR, 2003).
A Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação foi um evento que,
além de explorar vários de seus aspectos, teve como objetivo delimitar os horizontes e
perspectivas da problemática. Propondo a mitigação dos efeitos da degradação de terras, os
países participantes da convenção deveriam executar atividades que prevejam os efeitos
climáticos nas regiões afetadas e reduzam a vulnerabilidade social e natural (UNCCD 1994).
O Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca
(PAN-BRASIL), nesse sentido, trouxe tal problemática para o contexto brasileiro, sendo o seu
documento final proposto como “um instrumento norteador do processo de transformação da
realidade das áreas susceptíveis à desertificação, no âmbito das políticas de desenvolvimento
sustentável”. Sendo assim, este delimita que as Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD)
15

concentram-se, predominantemente, na região Nordeste do país, mais especificamente no


Semiárido Brasileiro (SAB) (MMA, 2005).
O Semiárido Brasileiro, que abriga quase 23 milhões de pessoas, é um subconjunto do
Nordeste representado pela sua área mais seca, onde as estiagens são mais severas e com
significativo déficit hídrico, sendo caracterizado pelo domínio fitogeográfico da Caatinga
(CGEE, 2016). Por ser uma zona que reage à estiagem mimetizando as zonas áridas, os
semiáridos são caracterizados por um “desequilíbrio entre oferta e demanda de recursos
naturais” (MMA, 2005). Ainda de acordo com o Programa de Ação Nacional de Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca,

“De forma específica, essas porções territoriais apresentam feições variadas,


pois são submetidas a condições particulares de clima, solo, vegetação, relações
sociais de produção e, em consequência, a distintos modos de vida. As variações na
paisagem podem ser mais ou menos acentuadas. Nessas áreas, há momentos em que
chove mais ou menos; em que o solo é fértil, já se degradou ou se encontra submetido
a intensos processos de desnudamento; em que a vegetação passa a ser mais rala e
menos vigorosa; e a escassez ou falta de alimentos básicos passa a constituir
ocorrência freqüente” (MMA, 2005. p 3).

Estas variações já eram citadas por Aziz Nacib Ab'Sáber em 1977, o qual defendia que
as atividades agrárias, o pastoreio extensivo e outras intervenções antrópicas relacionadas ao
crescimento demográfico, são as principais causas das degradações na paisagem semiárida,
sob a forma de ulcerações dos tecidos ecológicos regionais (AB’SÁBER, 1977).
Corroborando com tal ideia, Matallo-Júnior (2003) defende que as áreas de maior risco são
aquelas que associam alta susceptibilidade com fatores humanos de ocupação, tais como a
densidade demográfica, formas de manejo, integração aos mercados e índices tecnológicos.
Assim, comparado a outras regiões semiáridas do mundo, o sertão nordestino apresenta uma
das maiores densidades populacionais onde as terras foram ocupadas numa perspectiva de
exploração de recursos, aliada a uma estrutura social baseada em renda e poder, as quais
foram responsáveis pela relativa estagnação e baixos índices socioeconômicos registrados na
região (SALES, 2003; BRASIL, 2008).
Como principais consequências desses fatores que levam a processos de
desertificação, podemos destacar: formação de crostas superficiais, a salinização e
alcalinização dos solos (reduzindo sua biodiversidade e fertilidade natural); aumento das áreas
de afloramentos e salinização e alcalinização dos volumes hídricos (reduzindo sua
disponibilidade); biodiversidade empobrecida e fortemente impactada e sucessões ecológicas
16

freadas ou regredidas (diminuindo ainda mais a capacidade de resiliência do ecossistema) etc.


(CGEE, 2016).
Em um desenvolvimento sobre as causas da desertificação no SAB, destacam-se: o
uso e supressão indiscriminada do extrato vegetal (desmatamento e queimadas), reduzindo
progressivamente a biomassa; redução do volume dos corpos hídricos (devido a longos
períodos de estiagem, ao seu uso insustentável e à baixa retenção de umidade dos solos); o
uso intensivo e manejo inadequado do solo; pressões das atividades humanas sobre os
sistemas ambientais, como o sobrepastoreio, causando também mudanças na cadeia trófica do
ecossistema; a baixa capacidade de resiliência dos sistemas ambientais e o uso de tecnologias
não apropriadas para ecossistemas frágeis (CGEE, 2016; SÁ et al., 2010).
Se faz importante ressaltar que este panorama está fortemente ligado com a questão da
conservação legal da Caatinga ao longo de sua ocupação humana - este domínio apresenta
uma área de cobertura vegetal nativa da ordem de 518.635 Km2, o que equivale a 62,77% da
área mapeada do bioma (MMA, 2007). Tais dados alarmantes são refletidos no fato de que
apenas 7 % do território da Caatinga é protegido por Unidades de Conservação, uma vez que
a função das unidades de conservação no semiárido representa uma frente importante no
combate aos efeitos da degradação de terras e aos cenários de desertificação na Caatinga
(MMA, 2005).
Entretanto, o contexto desta degradação também está fortemente ligado à economia
das regiões semiáridas, nas quais, bem como de outras áreas susceptíveis à desertificação
brasileiras, nota-se uma redução da participação de setores que dependem diretamente da
variabilidade climática - a participação do setor primário no Produto Interno Bruto (PIB)
regional caiu de 10,7%, em 2000, para 7,6%, em 2010 (CGEE, 2016). A Caatinga vem sendo
utilizada desde tempos pré-descobrimentos como fonte de alimentos para a população
humana, onde as explorações agrícola, pastoril e madeireira foram intensificadas a partir da
colonização pelo homem branco (CEARÁ, 2010).
Como regra geral, a agricultura não possui grande desempenho na região nordeste,
devido à baixa fertilidade natural, ao manejo inadequado, às topografias acidentadas e à falta
de sistemas de drenagem (MATALLO-JÚNIOR, 2003). No período de 2000 a 2010, as
produções de feijão, milho e mandioca caíram de 491 para 425 kg/ha, de 940 para 838 kg/ha e
de 10.647 para 10.255 kg/ha, respectivamente (CGEE, 2016). Uma alternativa para isso é o
uso da vegetação da caatinga como grande fornecedora de lenha, carvão, estacas, material
para construção etc. (BRASIL, 2008).
17

Estas práticas, principalmente quando não manejadas corretamente, estão


intimamente ligadas à degradação de terras, uma vez que a cobertura vegetal é, talvez, o mais
importante dos fatores de controle do fenômeno da desertificação no espaço semiárido,
tornando-se imprescindível o alinhamento da cobertura vegetal com o processo de degradação
das terras. Quando o desmatamento é profundo, associando o plantio às atividades de
pastoreio, a terra tende a permanecer desprotegida por longos períodos de tempo, devido,
principalmente, à baixa capacidade de regeneração da vegetação nativa em determinados
locais (SÁ et al 2010).
Associa-se a isso o fato de que as ASD’s do Brasil abrigam 10,8% do rebanho bovino
do país, 12,9% dos suínos, 53,9% dos ovinos e 87,5% dos caprinos (CGEE, 2016). Em termos
gerais, o avanço da fronteira agropecuária representa a principal causa do desmatamento
citado acima (MMA, 2005), uma vez que os solos vêm sofrendo um processo intenso de
desertificação devido à substituição da vegetação natural por campos de cultivos (SÁ et al,
2010).
Por fim, pode-se destacar que o quesito social é também grande contribuinte neste
processo, onde o ciclo de degradação social e pobreza contribui fortemente para a degradação
ambiental e vice-versa (MMA, 2005).

2.2 Influências da Desertificação em Irauçuba-CE

O panorama da desertificação do Estado do Ceará (Figura 1), que possui grande parte
de seu território susceptível à desertificação, evidencia 3 ASD’s com alto grau de
desertificação: a região dos Inhamuns/Sertões de Crateús, o município de Irauçuba e suas
regiões adjacentes, e o Médio Jaguaribe (CGEE, 2016). A ASD de Irauçuba é considerada um
dos principais Núcleos de Desertificação da realidade do SAB (PEREZ-MARIN, 2012).
18

Figura 1: Áreas fortemente degradadas em processo de desertificação no Estado do Ceará.

Fonte: CGEE 2016.

O conceito de Núcleo de Desertificação, apresentado pelo ecólogo João Vasconcelos


Sobrinho, em 1971, é aquele que apresenta efeito máximo do processo de degradação de
terras, sendo representativas no estudo do processo de Desertificação (PEREZ-MARIN, 2012
apud SOBRINHO, 1971)
De modo geral, a ASD de Irauçuba, que é contida pelos municípios de Irauçuba,
Canindé, Sobral, Itapajé, Miraíma e Santa Quitéria, possui algumas paisagens com marcas
configuradas da desertificação, tais como: superfícies caracterizadas por dissecação, com
presença de rochas cristalinas que dificultam a infiltração de água; escoamento fluvial
esporádico e intermitente sazonal influenciado pelas chuvas irregulares e de baixo volume
anual (550-750 mm) do semiárido, agregado à interceptação pela serra de Uruburetama dos
ventos úmidos oriundos do oceano; e solos com processos erosivos acelerados, com
afloramentos rochosos revestidos por caatinga arbustiva aberta e fortemente degradada e com
biodiversidade empobrecida (CEARÁ, 2010; FUNCEME, 2015)
O município de Irauçuba-CE, alvo deste estudo, compreende uma área de
aproximadamente 1.461 km² e população humana de 22.347, resultando em uma densidade de
22,3 hab/km². Ambientalmente, ele é caracterizado pela avançada alteração de sua caatinga e
por seu território ser ocupado, em grande parte, por pastagens. Por possuir extensas áreas
19

recobertas por uma vegetação herbácea de excelente potencial forrageiro, a região encontra na
pecuária a mais importante atividade econômica, utilizando-se de um sistema de transumância
(migração periódica de rebanhos), abrigando, também, rebanhos da região litorânea durante a
época de chuvas. Sua vegetação, nesse sentido, espelha os efeitos dos fatores físicos, se
estendendo por todo o núcleo em que se insere. Seus principais componentes são
representantes de marmeleiro (Croton sonderianus), pau branco (Auxemma oncocalyx),
catingueira (Caesalpinia bracteosa), pereiro (Aspidosperma pyrifolium), aroeira
(Myracrodruon urundeuva), imburana (Commiphora leptophloeos), pinhão (Jatropha
mollissima) e jurema preta (Mimosa tenuiflora), chamando atenção para esta última por sua
predominância em áreas com restrições de fertilidade e drenagem do solo. Sua fauna nativa
encontra-se altamente dizimada, onde os principais representantes são aves, como a avoante
(Zenaida auriculata), que aparecem em épocas de chuva (OLIVEIRA E SALES, 2015).
O Zoneamento Ecológico-Econômico das ASD’s no Estado do Ceará feito pela
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos - FUNCEME (2015), indicou níveis
de alteração da Caatinga no município de Irauçuba. Os dados, esboçados na Figura 2,
evidenciam que 34,67% do seu território é destinado para a Agropecuária (Ap), enquanto que
29, 68% e 23,57% do mesmo apresentam uma caatinga degradada (Cdap) e fortemente
degradada (Cfdap) pela ação dessa agropecuária, respectivamente. Apenas 7,29% do território
é considerado moderadamente conservado, sendo utilizado para extrativismo (Cmce),
enquanto que 3,41% são caracterizados por Matas ciliares, sejam elas moderadamente
conservadas, ou degradadas, áreas de inundação sazonal (ais), planícies alveolares (pla) e
lajedos (l) e 1,38% por Água e áreas urbanas.
20

Figura 2: Quantificação por município das classes de uso e cobertura da terra mapeadas na
ASD – Núcleo I - Irauçuba/Centro-Norte - Irauçuba-CE

Fonte: FUNCEME, 2015

De acordo com o Censo de 2000 e 2010 feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2000; 2010), a população urbana de Irauçuba cresceu de 10 873 para 14
343 habitantes no período entre os levantamentos; já a população rural diminuiu, de 8 687
para 7 981 habitantes no mesmo período. Com relação aos sistemas educacionais, no período
de 2001 a 2009, o número de escolas de ensino infantil, fundamental e médio de Irauçuba caiu
em porcentagens negativas de 10,9, 1,6 e 11,5, respectivamente (FUNCEME, 2015). Com
relação ao sistema de saúde, ainda de acordo com a Funceme (2015), o crescimento anual de
2% dos leitos e 1,9% das unidades de saúde ligados ao sistema municipal não foram
proporcionais ao crescimento demográfico total do mesmo período.
Fenômenos de êxodo rural, evasão e indisponibilidade escolar e déficits na saúde,
associados a fatores como a dificuldade de acesso das populações carente às políticas
públicas, são intimamente influenciados pelas consequências da desertificação (CEARÁ,
2010).

2.3 A Educação Ambiental como ferramenta do combate à desertificação

Foi delimitado na Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação


(1994) a abordagem do próprio “combate à desertificação”. Esta por sua vez inclui todas as
21

atividades que fazem parte do progresso integrado de ASD’s para o desenvolvimento


sustentável, e que visam: “(i) prevenir e/ou reduzir a degradação da terra; (ii) reabilitação de
terras parcialmente degradadas; e (iii) recuperação de terras desertificadas” (UNCCD, 1994).
Diversos fatores influenciam negativamente a correta implementação dessas
delimitações. O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (2016) destaca alguns problemas que
diversos países consideram como limitantes para a aplicação destas alternativas no âmbito
global e regional, sendo esses: o financiamento insuficiente associado a uma escassa base
científica; as deficiências institucionais e dificuldades para alcançar consenso entre os
participantes da implementação e, por fim; uma insuficiente promoção e conscientização no
âmbito dos setores interessados.
Jacobi (2005) defende que o investimento das pessoas na população e no futuro da
sociedade levam adiante iniciativas e inovações que lhes permitam contribuir efetivamente
para a vida coletiva. Metodologicamente, pode-se afirmar que tais objetivos são alcançados
pela formação de pensamentos críticos na nossa comunidade, reflexo, este, do investimento
abordado pelo autor. Faz-se mais do que necessário, nesse sentido, citar uma das ferramentas
mais valiosas de conscientização que o ser humano outrora necessitou criar e desenvolver
constantemente: a Educação Ambiental (EA).
Historicamente, o seu conceito entrou em evidência em meados da década de 60 ao
início da de 70, período em que se evidenciou a crescente crise ambiental causada por ações
antrópicas. Em março de 1965, durante a Conferência de Keele, na Grã Bretanha, concordou-
se que “a dimensão ambiental deveria ser considerada imediatamente na escola, e deveria ser
parte da educação de todos os cidadãos”. No entanto, apenas após a publicação do relatório
nomeado “The limits of growth" (O limite do crescimento econômico), pelo Clube de Roma
em 1972, um crescente movimento ambientalista começou a se desenvolver. Após a rejeição
política das informações propostas pelo documento, as quais indicavam um colapso para o
meio ambiente e para a humanidade, os resultados desta pesquisa seriam levados à
Conferência de Estocolmo, também em 1972, onde estiveram reunidos representantes de 113
países para tratar do Ambiente Humano. Dentre outras recomendações estabelecidas, a de nº
96 da Conferência, reconhecia a EA como o elemento crítico para o combate à crise ambiental
do mundo. Também é válido citar nesse contexto, a Conferência de Tbilisi, de 1977, que
contribuiu consideravelmente para delimitar a natureza da EA, bem como definir seus
objetivos, características, recomendações e estratégias pertinentes no plano nacional e
internacional. (INEP, 2007).
22

Pode-se definir Educação Ambiental, de acordo com Ruiz e seus colaboradores


(2005), como um processo participativo cujo elemento central deve ser as pessoas, as quais
irão atuar ativamente no diagnóstico dos problemas e na busca de soluções. Ainda segundo os
autores, o processo nos prepara como “agentes transformadores, por meio de desenvolvimento
de habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta ética e condizente ao exercício
da cidadania” (RUIZ et al, 2005). Jacobi (2003) defende, nesse contexto, que a Educação
Ambiental deve ser, acima de tudo, um ato político voltado para a transformação social.
Ainda segundo o autor, o enfoque da EA deve ser o de relacionar o homem, a natureza e o
universo, evidenciando, por meio de uma perspectiva holística de ação, que os recursos
naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é justamente o homem.
Ela, por sua vez, assume uma função cada vez mais transformadora ao utilizar tais agentes
como essenciais para promover o desenvolvimento sustentável (JACOBI, 2003).
Esta função, bem como seu parâmetro de sustentabilidade, é de grande validez no
combate à degradação de terras. Entretanto, antes de se discutir a instrumentalização da
Educação Ambiental para tal finalidade, torna-se válida a abordagem do seu histórico no
Brasil, bem como as influências deste, e uma posterior análise de sua teoria.
Sendo de tamanha magnitude, com relação a território e biodiversidade, o nosso país
possui grande potencial e responsabilidade para com o desenvolvimento da EA. A
Constituição Federal de 1988 é clara, no inciso VI do § 1º do artigo 225, quando determina
que a EA deve ser promovida pelo Poder Público em todos os níveis de ensino, uma vez que
“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988). Entretanto,
levando em consideração todos os impactos antrópicos citados anteriormente, bem como os
não citados, fica claro que, associada a má gestão ambiental, a Educação Ambiental no Brasil
ainda não ultrapassou o âmbito das expectativas. Essa situação é um reflexo direto desse
histórico.
Durante Conferência de Estocolmo, em 1972, enquanto diversos países agiam diante a
preocupação da degradação ambiental, os nossos representantes apresentavam propostas
totalmente contrárias, em prol majoritariamente do crescimento de seu Produto Nacional
Bruto (PNB); desde então, a ideia de da EA viria sendo reduzida a meros “ecologismos” e a
uma abordagem perigosa, do ponto de vista econômico, principalmente na época da Ditadura
Militar, onde os movimentos militantes, em geral, eram extremamente marginalizados (INEP,
2007). Após diversas lutas em prol da institucionalização da EA, foi criado em dezembro de
23

1994, diante da Constituição Federal de 1988 e da participação do Rio 92, o Programa


Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), com o objetivo de desenvolver e executar
ações voltadas ao sistema de ensino e à gestão ambiental, sendo o enfoque brasileiro, desde
então, o desenvolvimento sustentável (INEP, 2007; ARRAES & VIDEIRA, 2019).
A preocupação com o desenvolvimento sustentável, segundo Jacobi (2003) representa
um grande potencial de garantir mudanças sociopolíticas que, no cenário brasileiro, não
comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades. Ainda
segundo o autor, nos dias atuais, em que a informação assume um papel cada vez mais
relevante, a educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as
pessoas para transformar as diversas formas de participação na defesa da qualidade de vida.
Este ideal de “transformação” por meio da Educação Ambiental é amplamente discutido entre
os educadores e filósofos da área, sendo um ponto chave no desenvolvimento do pensamento
crítico a ser alcançado. A seguir, será feita uma análise das perspectivas de Educação
Ambiental, bem como uma comparação de suas metodologias convencionais-conservadoras e
críticas-transformadoras.
Em uma publicação do Ministério do Meio Ambiente sobre as Identidades da
Educação Ambiental Brasileira (MMA, 2004) Carlos Loureiro aborda o adjetivo
“transformadora” como algo contrário à EA convencional, se tratando de um “movimento
integrado de mudança de valores e de padrões cognitivos com ação política democrática e
reestruturação das relações econômicas”. O autor também assemelha o termo com outras
metodologias da Educação Ambiental, tais como a crítica e a emancipatória, e lhe dá a função
de promover o questionamento às abordagens comportamentalistas, reducionistas ou dualistas
no entendimento da relação cultura-natureza.
Mauro Guimarães, no mesmo documento, aborda as diferentes nuances entre o que
seria uma Educação Ambiental Crítica e uma que “conserva o movimento de constituição da
realidade de acordo com os interesses dominantes – a lógica do capital”, a qual ele denomina
de Educação Ambiental Conservadora. De acordo com o autor, esta última se alicerça em uma
realidade fragmentada, simplificando e reduzindo-a, perdendo a riqueza e a diversidade da
relação, sendo muito associada a uma ideia freireana de educação bancária; enquanto que a
vertente crítica procura sair de padrões estabelecidos e objetiva promover ambientes
educativos de mobilização desses processos de intervenção sobre a realidade e seus problemas
socioambientais (MMA, 2004).
Desse modo, enquanto que as metodologias convencionais e conservadoras da
educação ambiental são individuais, limitadas a padrões e metodicamente depositadoras de
24

conhecimentos, podendo-se ousar até considerá-las ferramentas de senso comum, enquanto


que a Educação Crítica-Transformadora, para Tozoni-Reis (2006) tem alicerce no conceito de
sustentabilidade. Segundo a autora:

“A educação crítica e transformadora exige um tratamento mais vivo e


dinâmico dos conhecimentos, que não podem ser transmitidos de um pólo a outro do
processo, mas apropriados, construídos, de forma dinâmica, coletiva, cooperativa,
contínua, interdisciplinar, democrática e participativa, pois somente assim pode
contribuir para o processo de conscientização dos sujeitos para uma prática social
emancipatória, condição para a construção de sociedades sustentáveis. Para superar o
caráter informativo em busca de uma educação preocupada com a formação do sujeito
ecológico, os temas ambientais, locais – significativos, têm que ser tomados como
ponto de partida para análises críticas da realidade socioambiental. Vejamos então, os
temas ambientais como geradores da formação crítica como importante diretriz
metodológica para a educação ambiental” (TOZONI-REIS, 2006. Educar, Curitiba, n.
27, p. 97)

Enfim, tendo isso como base, pode-se desenvolver uma ligação da Educação
Ambiental para com o processo de desertificação. Como visto anteriormente, ele é, em grande
parte, consequência de uma pressão histórica em busca de desenvolvimento econômico
associada a uma inércia das pautas ambientais sobre o caso. Araújo e Arruda (2010) ressaltam
que a degradação ecológica, causada pelas maneiras com que as atividades antrópicas são
desenvolvidas atualmente, também é, via de regra, social.
Em uma análise social da EA como base para reversão dos impactos atuais, Marcatto
(2002) afirma que, em muitos casos, os residentes de um determinado local são, ao mesmo
tempo, causadores e vítimas de parte dos problemas ambientais. Ele afirma, ainda, que são
também essas pessoas quem mais têm condições de diagnosticar a situação, uma vez
que convivem diariamente com o problema e são, provavelmente, os maiores interessados em
resolvê-los.
A análise feita acima funciona muito bem como um elo entre a pergunta “Como ir
além de uma educação convencional e desenvolver uma consciência crítica e transformadora
em uma comunidade que sofre pelo processo de desertificação?” e a necessidade de inserir
este público em tal processo. A resposta, apesar de óbvia, pode ser facilmente atropelada no
processo: dar-lhes condições de promover mudanças. O obstáculo está no fato de que o
aprofundamento de conhecimentos necessário para o desenvolvimento de uma consciência
crítica necessita, primeiramente, da democratização desses conhecimentos.
É necessário destacar, nesse momento, que o processo de conscientização vai além de
fornecer conhecimentos. Segundo Tozoni-Reis (2006), em uma análise da teoria freireana, ele
25

é um processo de construção, referindo-se a articulação radical entre conhecimento e uma


ação política, transformadora, libertadora e emancipatória. Ela ressalta, ainda, que esse
processo é histórico, não sendo imediato. Além disso, em seu estudo sobre os temas
ambientais com “temas geradores” na perspectiva de Paulo Freire, ela os classifica como
importantes pontos de partida da Educação Ambiental em uma perspectiva de
problematização. Isto é, a resolução dos problemas emergentes não deve ser apenas um
objetivo, mas também um ponto de partida.
Aplicando tal ideia em uma perspectiva da desertificação, temos como ponto de
partida todas as consequências causadas pela degradação de terras. A construção de
conhecimento necessária para tal ponto de partida se encontra desde processos de divulgação
de conhecimentos até a construção dos mesmos, por meio de uma aprendizagem significativa.
A partir desta democratização e construção é possível iniciar uma Educação Ambiental
Transformadora e Crítica.
Por fim, baseando-se na ideia de Paulo Freire (1993), pode-se afirmar que os riscos
que necessariamente correríamos ao permitir que as vítimas da degradação de
terras ultrapassassem o nível meramente opinativo de conhecer, com a metodização rigorosa
da curiosidade, seria a tentação de supervalorizar a ciência e menosprezar o senso comum.
Nesse sentido, o conhecimento é a base da conservação, da construção da consciência crítica
e, desse modo, um ponto de partida. Mas antes, o primeiro passo é saber como abordá-lo.

2.4 Cartilhas como ferramentas da Educação Ambiental

A questão ambiental é complexa, trans e interdisciplinar (MMA, 2004). A necessidade


de tal tema ser abordado em mais de uma abordagem disciplinar fez com que os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) o destacassem como tema transversal, ou seja, um tema que
atravessa todos os âmbitos da sociedade e que devem ser amplamente discutidos. Assim
sendo, os próprios PCN destacam a necessidade de tratar a questão ambiental em uma esfera
complexa que inclua todos os setores, como educação, saúde, saneamento, transportes, obras,
alimentação, agricultura etc. (BRASIL, 1998). Quando analisadas tais influências na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) nota-se apenas a citação da questão ambiental em seus
parâmetros, não trazendo uma relevância significativa às escolas, em seus Projetos Político-
Pedagógicos (BARBOSA & OLIVEIRA, 2020) e, consequentemente, à comunidade de modo
geral - considerada um importante alicerce para o desenvolvimento do pensamento ambiental
crítico (BRASIL, 1998).
26

Como provável reflexo desse panorama, análises da abordagem da educação ambiental


em livros didáticos do ensino básico, evidenciam a predominância de ideias antropocêntricas
do ambiente natural, uma fraca abordagem transdisciplinar - insuficiente ao processo de
ensino aprendizagem - e o conhecimento científico como predominante às diversas outras
variáveis do meio ambiente (BONOTTO & SEMPREBONE, 2010; MEYER, 1991; GRETER
& UHMANN, 2015; MARPICA & LOGAREZZI, 2010). Vale ressaltar neste último ponto a
demonstração de que quando se compara o conhecimento científico e a Educação Ambiental,
depara-se com um panorama de conhecimento objetivo versus conhecimento subjetivo.
Utilizar-se apenas do conhecimento objetivo, como visto anteriormente, torna o processo de
educação ambiental engessado e convencional.
Nesse sentido, a produção de materiais paradidáticos sobre educação ambiental não é
só uma alternativa para tal abordagem, mas também uma condição de aplicação da EA,
reconhecida na lei 9.795 de 1999, Artigo 8º - III como “produção e divulgação de material
educativo” (BRASIL, 1999). Como abordado anteriormente, a necessidade da popularização
científica se evidencia em cenários como esses. Em uma análise sobre a Educação Ambiental
Crítica (MMA, 2004), Izabel Carvalho considera como um dos pontos críticos de tal processo
o de implicar os sujeitos com a solução de problemas através de processos de ensino-
aprendizagem que preguem a construção significativa de conhecimentos e a formação de uma
cidadania ambiental. Além disso, Marília Tozoni-Reis (2006), em uma análise da Declaração
da Conferência de Tbilisi, destaca a recomendação de que os temas ambientais sejam
radicalmente contextualizados, que tenham significado social e histórico para estes grupos e
sejam presentes na vida concreta das pessoas. Dentre as metodologias alternativas utilizadas
para democratização de conhecimentos, as Cartilhas são amplamente contemplativas por
conta de sua versatilidade e acessibilidade.
Historicamente, as cartilhas foram amplamente utilizadas no século XIX como um
objeto para o ensino e aprendizado da leitura e da escrita em meio a uma variedade de
escritos, gêneros textuais, recursos didáticos, utilizados na difusão da leitura e da escrita
(SILVA, 2014). Sua popularização veio como uma necessidade de acompanhar o processo de
nacionalização do livro didático, no sentido de instrução pública, e o crescimento do mercado
editorial brasileiro (MORTATTI, 2000).
Atualmente, elas são instrumentos de informação direcionados à população de maneira
geral, nas quais, muitas vezes, são utilizados textos didáticos e informativos (MARTEIS,
MAKOWSKI & SANTOS, 2010). Elas desenvolvem diferentes formações discursivas,
construindo novas formas de gestão do político nas práticas sociais (SILVA, 2014) e, assim,
27

fornecendo um ótimo alicerce de desenvolvimentos de temas transversais como o de


Educação Ambiental. Nesse sentido, tais materiais devem seguir uma produção de
conhecimento contemplativa, isto é, que contemple as relações do meio natural com o social,
numa perspectiva que torne o perfil de desenvolvimento sustentável uma prioridade a ser
alcançada (JACOBI, 2003).
Dentro desse contexto, Reis e colaboradores (2012) consideram cartilhas com
finalidade para a EA como compilações elementares de padrões por meio de ilustrações.
Segundo eles, o uso de ilustrações nas cartilhas é útil pois reproduzem a realidade em muitos
aspectos, facilitam a percepção de detalhes, tornam ampliáveis ou reduzíveis o tamanho real
dos objetos representados, aproximam do público os fatos e lugares distantes no espaço/tempo
e permitem a visualização estática de processos muito lentos ou rápidos. Fazendo-se
necessária a contextualização profunda dos temas ambientais, com presença e significado
social-histórico para os grupos afetados, proposta por Tozoni-Reis (2006), as cartilhas têm
como vantagem a ausência de limitações impostas pelos livros didáticos, bem como pelas
generalidades impostas pelos temas ambientais, e a fácil instrumentalização da popularização
da ciência.
28

3 ESTADO DA ARTE
O uso de cartilhas educativas é amplamente explorado em produções científicas,
divulgações de saúde pública e como resultados secundários de estudos, para fins de registro e
materiais complementares. Em uma perspectiva ambiental, elas são muito utilizadas como
ferramentas educativas e ilustrativas, sendo uma valiosa ferramenta, como facilitadora da
transmissão de informações.
Tratando do uso da cartilha para registro de informações e para posterior uso, no
trabalho de Carvalho (2018), a autora desenvolveu uma cartilha educativa com a finalidade de
ser utilizada como ferramenta para a preservação do peixe-boi-marinho no estado do Ceará. A
tese de Oliveira (2016) teve como objetivo o de foi registrar o conhecimento de comunidades
locais de Petrolândia e Itacuruba sobre anuros, no intuito de promover a conservação dos
anuros e de melhorar a qualidade de vida dos agricultores locais, uma vez que tais animais são
biocontroladores de insetos pragas nos sistemas agrícolas como uma forma de substituição
aos agroquímicos. A autora desenvolveu uma Cartilha ilustrada em literatura de cordel como
ferramenta de popularização da causa e da ciência em si. Em sua pesquisa sobre captação e
reuso da água, Rodrigues (2013) buscou entender como o uso de telhados verdes pode
contribuir para o uso de água potável e para a redução de enchentes. Ao fim de tal, a autora
produziu uma cartilha ilustrativa para disseminar as informações obtidas para visitantes e
moradores de Ilha Grande, local de tal estudo.
Quando se aborda a utilização das cartilhas como ferramentas diretas do processo de
educação ambiental, pode-se citar alguns autores. No seu estudo de Educação Ambiental
sobre manguezais, Pinheiro et al. (2010) utilizam de uma cartilha sob a forma de estória em
quadrinhos a fim de aprofundar o assunto do manguezal. Utilizando-se de humor e de uma
linguagem acessível, a cartilha foi considerada como ferramenta de aproximação dos
conteúdos com seus públicos-alvo, sendo de grande importância para o processo de
sensibilização. No trabalho de Silva, Ferreira e Damasceno (2014), a cartilha de educação
ambiental foi utilizada como alvo de pesquisa. Seu objetivo era o de sensibilizar alunos do
ensino básico sobre espeleoturismo consciente e características da fauna de cavernas; para tal,
eles utilizaram da cartilha e essa promoveu novas percepções sobre o ambiente de cavernas,
sendo recomendada como ferramenta no ensino de ciências e na Educação Ambiental.
Tratando-se da utilização de cartilhas no semiárido brasileiro, Souza (2019)
desenvolveu uma cartilha digital informativa sobre o rio Capibaribe, utilizando-a em sua
pesquisa como ferramenta para promover a educação ambiental com docentes e estudantes do
ensino básico e, assim, a preservação e conservação dos rios e suas bacias hidrográficas.
29

Desse modo, ela foi muito bem aceita entre os docentes como um potencial instrumento
didático e sua acessibilidade. Sales (2017) buscou comprovar a eficácia de um espaço verde
em ambiente escolar na promoção da Educação Ambiental. Desse modo, ela confeccionou
uma cartilha que serviria de ferramenta para professores utilizarem durante suas aulas. Vieira
(2013) utilizou uma cartilha sobre eutrofização para caracterizar a dinâmica espacial e
temporal do fitoplâncton como indicador ecológico da qualidade de água de açudes em região
semiárida. Em tal estudo, a cartilha utilizada foi considerada de alta eficiência na
sensibilização dos participantes do mesmo, por dar a oportunidade aos estudantes e
repensarem as atitudes de respeito e cuidado com o meio ambiente.
30

3 METODOLOGIA

A organização metodológica da Cartilha se organizou em 3 etapas principais: (i)


Caracterização do Público-Alvo; (ii) Delimitação dos personagens e do método de abordagem
e (iii) Confecção do material artístico e textual.

3.1 Caracterização do público-alvo

A cartilha teve como público-alvo central os estudantes de Ensino Médio das escolas
de Irauçuba que procurem ou sejam estimulados a entender mais sobre o processo de
desertificação, bem como suas causas e consequências. Por serem pessoas com uma faixa
etária média, a linguagem e abordagem da cartilha pode atingir outros públicos coadjuvantes
que já tiveram contato com as ideias desenvolvidas e/ou que veem o processo de maneira
generalizada em disciplinas de Ciências do Ensino Fundamental.

3.2 Delimitação do método de abordagem e dos personagens

A abordagem desenvolvida na Cartilha foi de cunho inter e transdisciplinar, como


requer a abordagem do tema transversal do Meio Ambiente (BRASIL, 1998). Os conteúdos
formais utilizados no seu desenvolvimento foram os de Ecologia, Biogeografia, Climatologia,
Diversidade Biológica e Microbiologia. Estes, por sua vez, foram delimitados diante da Base
Nacional Curricular Comum (BNCC). Os conteúdos informais foram delimitados, direta e
indiretamente, pela situação sócio-econômica de Irauçuba-CE e pela biodiversidade local,
informações estas colhidas a partir de levantamentos estratégicos (CGEE, 2016; FUNCEME,
2015, PAN-BRASIL, 2005; CEARÁ, 2010) e publicações acadêmicas (OLIVEIRA &
SALES, 2015).
A escolha de personagens protagonistas teve como base a biodiversidade de Irauçuba-
CE e o contexto do projeto de pesquisa de Microbiomas de Solos da Caatinga. A planta
Jurema preta (Mimosa tenuiflora) se mostrou como escolha principal por sua grande
abundância populacional em Irauçuba e por sua característica de planta pioneira de ambientes
com limitações edáficas (OLIVEIRA E SALES, 2015). Os personagens microrganismos
foram confeccionados de maneira generalizada a partir do projeto de pesquisa e da
diversidade microbiana de solos, bem como de suas interações com plantas.
31

3.3 Confecção do material artístico e textual

A confecção dos personagens e do corpo da cartilha se deu a partir da utilização do


programa Adobe Illustrator e do suporte de ilustrações vetorizadas e divulgadas no site
Freepik (www.freepik.com), com suas devidas atribuições referenciadas no próprio material.
A linguagem do material foi desenvolvida de maneira descontraída e evitando termos
técnicos, os quais foram contemplados em um glossário no mesmo. Assim, pode-se abranger
a compreensão do maior número possível de pessoas interessadas. Ela foi esquematizada a
partir de ilustrações e textos, priorizando-se modelos didáticos que facilitem o entendimento
do conteúdo abordado.
32

4 RESULTADOS

A produção da Cartilha “A saga de Jureminha e seus amigos micróbios contra a


desertificação” resultou em um material onde personagens de Irauçuba discutem a situação da
Caatinga e a problemática da desertificação como principal evidência da degradação sofrida
por ela. Possuindo 46 páginas, o material foi dividido em capa (Figura 3), contracapa,
desenvolvimento (história) e apêndices (Glossário dos termos abordados e “Caatingame -
Jogo de investigação da Caatinga”).

Figura 3: Capa de “A saga de Jureminha e seus amigos micróbios contra a desertificação”

Fonte: elaborada pelo autor com recursos de www.freepik.com.


33

4.1 História e Abordagem

A história da cartilha tem como enfoque a Caatinga, como domínio fitogeográfico


predominante do Semiárido Brasileiro e, assim, da cidade de Irauçuba. Seu desenrolar se dá
por meio da apresentação de tal ambiente, dos personagens principais e dos impactos e
mitigações relacionados ao processo de desertificação.
A abordagem se deu por uma linguagem em 1ª pessoa, evitando termos técnicos e
utilizando-se, por vezes, de uma linguagem pouco denotativa. Assim sendo, abordou-se
aspectos dos conteúdos de Ecologia, Biogeografia, Climatologia, Diversidade Biológica e
Microbiologia, bem como conhecimentos e informações locais sobre a diversidade e
abundância de fauna, flora e microbioma. Além disso, foram evidenciadas medidas
mitigatórias acessíveis com base em recomendações especializadas (CGEE, 2016).

4.2 Personagens

Como personagens principais, foram confeccionados: a árvore Jureminha (Mimosa


tenuiflora) (Figura 4), planta pioneira de terras degradadas e com limitações edáficas; e os
micróbios do solo (Figura 5), sendo baseados em bacilos flagelados e estreptobacilos,
estafilococos, um modelo genérico de actinobacteria e um modelo de bolor do gênero
Penicillium.

Figura 4: Jureminha (Ilustração genérica de Mimosa tenuiflora)

Fonte: Elaborada pelo autor com recursos de www.freepik.com.


34

Figura 5: Micróbios da terra (Ilustração genérica de microrganismos presentes em solo)

Fonte: Elaborada pelo autor.

4.3 Caatingame

Como aplicação lúdica dos conhecimentos adquiridos e mecanismo complementar


para sensibilização ambiental, confeccionou-se um jogo de cartas baseado em dinâmicas
lúdicas de “Investigação e blefe”. Seus acontecimentos ocorrem em 2 momentos: “Dia e a
Noite”. Pela noite, os “Agentes de Desertificação” irão eliminar algum personagem que não
seja de sua categoria; pelo dia, todos os personagens irão votar em quem eles acham que deve
ser eliminado do jogo. Nesse sentido, o jogo tem como objetivos: os “personagens bons”
descobrirem e eliminarem os “Agentes de Desertificação” e estes, por sua vez tentarem
sobreviver até que todos os personagens bons sejam eliminados. No momento em que todos
os personagens de uma categoria são eliminados, o outro time vence. A figura 6 exemplifica
cartas do jogo.

Figura 6: Exemplos de cartas (equilíbrio, desequilíbrio e recuperação) do “Caatingame”.

Fonte: Elaborado pelo autor com recursos de www.freepik.com.


35

6 DISCUSSÃO

O uso da cartilha como ferramenta de educação ambiental se mostra como grande


potencial de facilitar o processo de sensibilização. Silva, Ferreira e Damasceno (2014)
demonstraram, por meio de questionários aplicados antes e após sua instrumentalização, que
as cartilhas têm grande poder de mudança de percepção dos estudantes do ensino básico.
Pinheiro et. al (2010) também demonstraram a sua eficiência como tal ferramenta, exaltando
sua independência de entendimento e fácil alcance e participação de familiares.
Apesar de abordar a Caatinga em um contexto geral, a cartilha traz a ambientação da
cidade de Irauçuba como residência dos personagens e grande alvo da desertificação. Tal
abordagem vai além do alcance do público alvo, ela se firma na urgência para com o Núcleo
de Desertificação onde o município se insere e na necessidade de não se limitar ao trabalho de
um livro didático comum. Sousa e Carmo (2010) defendem que a utilização do livro didático
como principal ferramenta para a abordagem dos conteúdos não permite uma especificidade
com relação ao local de estudo, isto é, não se leva em conta a realidade das comunidades.
Além disso, Tozoni-Reis (2006) defende como necessária a contextualização profunda dos
temas ambientais, com presença e significado social e histórico para os grupos afetados.
Nesse sentido, tais medidas vêm como necessárias para o processo efetivo de sensibilização
do público-alvo.
Dentro desse contexto, o uso da inspiração para a personagem Jureminha, a árvore
Jurema-preta (Mimosa tenuiflora), demonstra grande potencial de aproximação com o
público, por sua grande distribuição nos ambientes de Irauçuba e, especificamente, nos
ambientes com limitações nutricionais, características associadas ao fato de a planta ser de
comunidades pioneiras do estágio de sucessão (OLIVEIRA E SALLES, 2014). Além disso,
tal planta tem grande potencial farmacêutico e já é usada para finalidades fitoterapêuticas em
comunidades tradicionais (SOUZA et al, 2008). Desse modo, o conhecimento e convivência
com tal elemento pode evitar o afastamento do público em uma primeira impressão e, além
disso, permitir o aprofundamento em uma realidade próxima.
A abordagem não formal da cartilha, com presença de contrações linguísticas,
linguagem menos acadêmica e de aspectos humorísticos, tem grande potencial na
aproximação do público-alvo com a causa. Pinheiro et al. (2010) demonstraram que essa
metodologia tem grande potencial de acelerar o processo de aproximação com os conteúdos
abordados, uma vez que, dessa maneira, a cartilha tem poder de auto explicação, sem a
36

necessidade de acompanhamento e criando um ambiente favorável para o desenvolvimento da


sensibilização ambiental.
As medidas de combate propostas pelo desenvolvimento da cartilha tiveram como
base as tecnologias propostas pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (2016) sobre o
combate à desertificação. Suas utilizações se basearam nas estratégias de mitigação propostas
pela FUNCEME (2015), que, dentre outros aspectos, propôs estimular os diferentes aspectos
da gestão de recursos naturais, o que inclui a capacitação e o treinamento de recursos
humanos e a Educação Ambiental como forma de fortalecer tais medidas. A seleção das
medidas mitigatórias propostas ao final da cartilha se deu pela simplicidade e acessibilidade
que o público-alvo teria ao executá-las.
O jogo como ferramenta complementar idealiza-se como método de ancoramento dos
conhecimentos adquiridos e, logo, como ferramenta do processo de sensibilização. Lidar com
conhecimentos prévios, discutidos anteriormente, e desenvolvê-los por meio de uma história e
de atividades lúdicas, é uma clássica metodologia utilizada em processos de aprendizagem
significativa. Isso se dá por conta que o aprendiz se apropria de um conhecimento que não
surgiu do nada, mas que já estava lá foi desenvolvido e ancorado nessa ideia pré-estabelecida
(PELIZZARI et al., 2002). Nesse sentido, jogos didáticos mostram-se muito valiosos nesse
processo. Isso porque eles contribuem positivamente para apropriação de conceitos e
corrobora com a formação crítica e intelectual do educando (SILVA & BIANCO, 2020).
37

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É fato que o processo de desertificação em Irauçuba é crítico e que necessita de


medidas à sua altura e/ou superiores. Uma das maneiras mais efetivas de mitigação nesse
processo, a longo prazo, é a Educação Ambiental. Assim sendo, a cartilha surgiu como uma
ideia de contribuir para tais processos de maneira profundamente contextualizada e
proporcionando um material de fácil entendimento e confortável de se aprender.
Espera-se que, no futuro, ela possa ser validada e aperfeiçoada para a finalidade de
utilização como ferramenta escolar e comunitária no município de Irauçuba. Desse modo, que
ela seja uma valiosa ferramenta de sensibilização e aproximação ambiental, onde o público-
alvo consiga interferir diretamente na situação proposta e disseminar tais informações para os
familiares e todos aqueles que se interessarem pelo tema. E, por fim, que o processo de
desertificação possa ser combatido por todos os âmbitos da sociedade, que variam de órgãos
governamentais até um estudante de ensino médio.
38

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