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CAPA COMPETITIVIDADE.

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COMPETITIVIDADE
DA INDÚSTRIA PAULISTA
PROPOSTAS DE POLÍTICAS
Coordenação Geral
Alberto Goldman

Coordenação Executiva
Denise Andrade Rodrigues
Luciano Santos Tavares de Almeida

Equipe Técnica
Cristina Rodrigues de Borba Vieira
Gilson Roberto Kohs
Graziela Ferrero Zucoloto
João Emilio Padovani Gonçalves
Luciana Oliveira Telles
Maria das Graças Moura Brito
Mariana Nunciaroni Zanatta Inglez
Pollyana de Carvalho Varrichio
Uirá Sorbo Semeghini

IPT
Instituto de Pesquisas Tecnológicas

Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo

São Paulo

2008
I

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© 2008, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. – IPT
Av. Prof. Almeida Prado, 532 – Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira”
05508-901 – São Paulo – SP ou Caixa Postal 0141 CEP 01064-970 – São Paulo – SP
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Impresso no Brasil.

Diretoria de Gestão Estratégica


Diretora
Denise Andrade Rodrigues

Pesquisadores
Cristina Rodrigues de Borba Vieira
Gilson Roberto Kohs
Luciana Oliveira Telles
Maria das Graças Moura Brito
Mariana Nunciaroni Zanatta Inglez
Pollyana de Carvalho Varrichio
Uirá Sorbo Semeghini

Apoio
Capa
Guilherme Mariotto

Produção gráfica
Páginas e Letras Editora e Gráfica Ltda.
Tel. (11) 3628-2144 - Fax: 3628-2139
e-mail: paginaseletras@uol.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Competitividade da indústria paulista: propostas de políticas / coordenadores
Denise Andrade Rodrigues, Luciano Santos Tavares de Almeida. --
São Paulo : IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo, 2008.

ISBN 978-85-09-00168-1

Vários colaboradores.
Bibliografia

1. Competitividade (Economia) - São Paulo 2. Indústria - São Paulo 3.


Política industrial - São Paulo I. Rodrigues, Denise Andrade. II. Almeida, Luciano
Santos Tavares de.

08-10782 CDU 338.098161

Índices para catálogo sistemático:


1. São Paulo : Competitividade na indústria : Políticas industriais: Economia 338.098.161

Publicação IPT
Tiragem: 800 exemplares

II

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Governo do Estado de São Paulo
Governador
José Serra

Secretaria de Desenvolvimento
do Estado de São Paulo
Secretário
Alberto Goldman

Secretário Adjunto
Luciano Santos Tavares de Almeida

Instituto de Pesquisas Tecnológicas


do Estado de São Paulo

Diretor-Presidente
João Fernando Gomes de Oliveira

Diretor de Operações e Negócios


Marcos Tadeu Pereira

Diretor Financeiro
Altamiro Francisco da Silva

Diretor de Processos e Tecnologia da Informação


Walter Furlan

Diretora de Gestão Estratégica


Denise Andrade Rodrigues

III

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IV

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Apresentação

A Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo coordenou, de


setembro de 2007 a agosto de 2008, 27 estudos setoriais e temáticos e duas rodadas
com seminários setoriais em parceria com a FIESP. Envolveu cerca de 100 especialistas
e centenas de executivos em propostas para a melhoria da competitividade da economia
paulista, que apresenta resumidamente nesta publicação.
Os setores selecionados nesta avaliação representaram 54% do valor da trans-
formação industrial e 52% do pessoal ocupado na indústria paulista em 2005. Mos-
traram-se relevantes, também, na geração de renda e na pauta de exportações. São
eles: aeronáutico, automotivo (autopeças, veículos leves e veículos pesados), bebidas,
bens de capital sob encomenda (para geração, transmissão e distribuição de energia),
carne bovina, cimento, componentes semicondutores, couro e calçados, defensivos
agrícolas, equipamentos de informática, equipamentos médicos-hospitalares e odonto-
lógicos, equipamentos de telecomunicação, farmacêutico, fotônica, máquinas-ferramenta,
petróleo e gás natural, petroquímico, serviços de telecomunicação, sistema agroindustrial
da laranja, software, sucroalcooleiro, têxtil e vestuário e transformados plásticos.
O cenário internacional, também parte do estudo, de forte competição indicou que
São Paulo tem qualificações para colocar-se como grande produtor mundial e importante
mercado consumidor. As suas qualificações baseiam-se em três condições estruturais da
economia estadual: diversificação, dimensão e qualidade da mão-de-obra. Uma das
vantagens de São Paulo é possuir uma indústria com elevado grau de diversificação que
possibilita potencializar os resultados de ações em determinados setores por meio da
irradiação dos impactos para outros segmentos industriais da mesma cadeia produtiva ou
que pertençam ao mesmo complexo industrial. A diversificação industrial também é uma
vantagem porque eleva o patamar de competitividade da indústria, como um todo, através
do estímulo ao progresso técnico. A incorporação de novas tecnologias pelas empresas
traz benefícios, seja pela redução dos custos e do aumento da produtividade, seja pela
diferenciação ou pelo lançamento de novos produtos que também gera um diferencial
positivo de competitividade empresarial e de bem-estar para a sociedade.
O Estado de São Paulo se diferencia, também, pelo tamanho do seu mercado
consumidor. Várias atividades industriais revelam a proximidade do mercado como

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um importante ou principal fator de localização produtiva. Nesse sentido, São Paulo é
uma localização privilegiada não só pelo seu mercado como, também, pelas condições
de infra-estrutura de transportes e comunicações e de logística para atender às
necessidades de distribuição e armazenamento da produção.
Para ampliar e modernizar esta infra-estrutura, o Estado investirá, em 2009,
cerca de R$ 18 bilhões na ampliação do Rodoanel, das linhas do Metrô e da CPTM,
na melhoria das estradas vicinais, na recuperação e implantação da malha rodoviária,
na habitação, no saneamento e em outros projetos já definidos. Estão, também, em
fase de análise e articulação entre várias secretarias estaduais alguns projetos
integrados de multimodalidade de infra-estrutura, como a implantação da Rede Paulista
de Dutos, a maior utilização da Hidrovia Tietê-Paraná, a implantação do Ferroanel e
a extensão da malha ferroviária, a ampliação portuária e a construção do terceiro
aeroporto de grande porte do Estado.
A terceira condição estrutural, que diferencia São Paulo, está associada à
qualificação de sua mão-de-obra. Sua indústria paulista destaca-se pela grande
proporção de recursos humanos qualificados empregados em ocupações tecnológicas.
Apesar desta qualificação estar entre as melhores do país, o governo do Estado
considera que será necessário um grande esforço para ampliar a oferta de profissionais
qualificados através da expansão do ensino técnico e tecnológico, pois foram
detectadas carências em vários segmentos produtivos, e, neste sentido, reformulou o
programa de expansão das escolas técnicas e tecnológicas do Centro Paula Souza.
Na comparação com as políticas de desenvolvimento dos outros estados
brasileiros, São Paulo aparece como implementador de incentivos ao investimento
de nova geração; em outras palavras, promove políticas que não se apóiam
exclusivamente em vantagens tributárias ao investidor, mas naquelas que se utilizam
de instrumentos integrados a outros componentes da competitividade como
qualificação de mão-de-obra, apoio à P&D e modernização da infra-estrutura de
transporte, armazenamento e energia.
As políticas de aprofundamento da qualificação dos recursos humanos estão no
centro das preocupações para dotar o Estado de condições para concorrer com as
economias mais desenvolvidas, assim como o apoio às atividades de pesquisa, ao
desenvolvimento e à inovação de produtos e processos dentro das empresas e, também,
consorciadas com seus institutos de pesquisa e universidades. Para cumprir uma agenda
de melhoria da competitividade industrial, o governo do Estado está criando uma Agência
de Promoção do Investimento e da Competitividade e uma Agência de Fomento que,
juntas, poderão prover os empresários de infra-estrutura de apoio financeiro e institucional
ao novo investimento e à expansão dos empreendimentos existentes. Está investindo na
modernização de suas instituições de pesquisa e indicando uma maior aproximação

VI

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com o desenvolvimento tecnológico necessário às indústrias. O plano de modernização
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) prevê investimentos em infra-estrutura
laboratorial e em capacitação de recursos humanos de modo que este possa responder
às necessidades empresariais no que tange aos grandes desafios tecnológicos.
A implementação da Lei Paulista de Inovação será um marco no estímulo às
universidades, aos institutos de pesquisas, às empresas e aos pesquisadores no processo
de inovação tecnológica ao superar obstáculos e estimular a integração dos centros
de conhecimento às empresas. A Lei Paulista cria estímulos diretos à melhoria da
remuneração dos inventores, à comercialização de patentes e à participação societária
do Estado em fundos de investimentos e em sociedades de propósito específico em
projetos de valor tecnológico meritório.
O apoio à inovação das pequenas e médias empresas está sendo fortalecido
com a adoção de políticas integradas nos Arranjos Produtivos Locais, em parceria
com o SEBRAE e a FIESP. Esta integração com as entidades empresariais municipais
e regionais de forma a criar instrumentos de coordenação de ações, subordinando os
programas de formação profissional, de desenvolvimento do design, de unidades
móveis dotadas de equipamentos laboratoriais (Prumo) proporcionarão melhorias
competitivas em todos os municípios que se organizarem desta forma.
Finalmente, os estudos setoriais apresentaram características específicas que
puderam ser classificadas em cinco dimensões, recursos humanos, tecnologia e
inovação, regulação, infra-estrutura e meio ambiente, desenvolvidas ao longo desta
publicação, e apontaram, também, para a necessidade de uma atenção especial a
alguns setores, entre eles, o de Petróleo e Gás Natural que passará a ter uma maior
participação no PIB paulista. Para dimensionar o impacto do setor e propor ações
coordenadas entre as Secretarias de Estado foi criada a Comissão Especial de Petróleo
e Gás, presidida pelo próprio governador.
Há muito a ser feito, em especial, o programa de melhoria da qualidade do
produto paulista, o programa de apoio aos Parques Tecnológicos e os programas de
melhoria da infra-estrutura de transportes e logística multimodal. Tratam-se de ações
de longo prazo que requerem muita integração com os empresários e suas entidades.
Acredito que a Secretaria de Desenvolvimento está preparada para articular estas
ações e aberta a novas propostas.
Agradeço a todos que colaboraram nesta empreitada.
Alberto Goldman
Outubro de 2008

VII

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“UMA AGENDA DE COMPETITIVIDADE PARA A INDÚSTRIA PAULISTA”

ESTRUTURA

Coordenação Técnica
Carlos Américo Pacheco
Denise Andrade Rodrigues
Luciano Santos Tavares de Almeida

Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas - FIPE

Coordenação Geral
Hélio Nogueira da Cruz
Mariano Laplane
Roberto Vermulm

Coordenação Setorial
Siegfried Bender
Fernando Sarti
Célio Hiratuka
Rodrigo Sabbatini
Rogério Gomes
Enéas Carvalho

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP

Diretor
José Ricardo Roriz Coelho

Equipe
Renato Corona Fernandes
Fernando Pelai
Silas Lozano Paz
Vanderléia Radaelli
Maria Cristina B. M. Flores

Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo

Coordenadores
José Luis Ricca
José Roberto dos Santos
Vahan Agopyan

Estudos Transversais
“Perspectivas para São Paulo”
Coordenação: José Roberto Mendonça de Barros
Equipe: Lídia Goldenstein, Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, Maria Cristina Mendonça de Barros, Sergio Vale
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Perspectivas_para_Sao_Paulo.pdf

VIII
“Análise das políticas estaduais de desenvolvimento industrial e de serviços no Brasil: políticas e
instrumentos tradicionais e de nova geração”
Consultor: Mariano Macedo
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Politicas_estaduais_de_ desenvolvimento.pdf

Notas Técnicas Setoriais


Aeronáutico
Consultor: Marcos José Barbieri Ferreira – IE/UNICAMP
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Aeronautica.pdf
Autopeças
Consultor: Mario Salerno – POLI/USP
Equipe: Idenilza Moreira Miranda, Fernando Kamisaki, Geovani Maluta
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Industria_autopecas.pdf
Bebidas
Consultor: Luiz Guilherme Scorzafave – FEARP/USP
Equipe: Simone V. Ribeiro Galina, Hélio Braga de Paiva, Érica Marina C. de Lima
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Bebidas.pdf
Bens de capital sob encomenda para geração, transmissão e distribuição de energia
Consultor: Eduardo Strachman – FCLAr/UNESP
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Equipamentos_eletricos.pdf
Carne bovina
Consultor: Hildo Meirelles de Souza Filho – UFSCAR
Equipe: Marcela Vinholis, Fabiano Tito Rosa, José Candido Diniz Alves
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Carne_bovina.pdf
Cimento
Consultor: Marcelo Pinho – UFSCAR
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Cimento.pdf
Componentes semicondutores
Consultor: José Rubens Doria Porto – IE/UNICAMP
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Componentes_semi-condutores.pdf
Couro e calçados
Consultor: Renato Garcia – POLI/USP
Colaboradora: Paula Madeira
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Couro_e_calcados.pdf
Defensivos agrícolas
Consultora: Lia Hasenclever – IE/UFRJ
Colaboradora: Adelaide Antunes
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Defensivos.pdf
Equipamentos de informática
Consultor: Danilo Camargo Igliori – FEA/USP
Colaborador: Antonio Carlos Diegues Jr.
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Equipamentos_de_informatica.pdf
Equipamentos médico-hospitalares e odontológicos
Consultora: Geciane Silveira Porto – FEARP/USP
Equipe: Sérgio Kannebley Júnior, Marcelo Caetano Oliveira Alves
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Equipamentos_medicos.pdf

IX

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Equipamentos de telecomunicação
Equipe: Marina Szapiro – IE/UFRJ
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Equipamentos_de_telecomunicacoes.pdf
Farmacêutico
Consultor: Carlos Gadelha – FIOCRUZ
Equipe: José Maldonado, Marco Vargas
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Industria_farmaceutica.pdf
Fotônica
Consultor: Hugo L. Fragnito – IFGW/UNICAMP
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Fotonica.pdf
Máquinas-ferramenta
Consultora: Ana Paula Avellar – IE/UFU
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Maquinas_ferramentas.pdf
Petróleo e gás natural
Consultor: José Augusto Gaspar Ruas – IE/UNICAMP
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Petroleo_e_gas_natural.pdf
Consultores: David Kupfer, Esther Dweck e Fabio Freitas – GIC-IE/UFRJ
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Impactos_Economicos_da_Exploracao_ de_Petroleo.pdf
Petroquímico
Consultor: José Maria F.J. da Silveira – IE/UNICAMP
Equipe: Marco Antonio da Rocha, Thais Nagata, Caroline Nasper Pereira, Paulo R.S Oliveira
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Industria_petroquimica.pdf
Serviços de telecomunicação
Consultor: José Manuel Martin Rios – CPqD
Equipe: Fernando Basseto, Moacir Giansante, Nyvea Maria da Silva
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Servicos_de_telecomunicacoes.pdf
Sistema agroindustrial da laranja
Consultor: Marcos Fava Neves – FEARP/USP
Equipe: Vinícius Gustavo Trombin, Frederico Fonseca Lopes
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Laranja.pdf
Software
Consultor: José Eduardo Roselino – UNISAL/FACAMP
Colaborador: Antonio Carlos Diegues
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Software.pdf
Sucroalcooleiro
Consultor: Rudinei Toneto Jr. – FEARP/USP
Equipe: Josiane Mayara Palomino, Lara Liboni
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Sucroalcoleiro.pdf
Têxtil e vestuário
Consultor: Armênio de Souza Rangel – FIPE/USP
Colaborador: Eder Vierto
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Industria_textil.pdf
Transformados plásticos
Consultora: Maria Carolina A. F. de Souza – IE/UNICAMP
Colaboradora: Daniela Salomão Gorayeb
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Transformacao_de_plasticos.pdf

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Veículos leves
Consultor: Roberto Marx – POLI/USP
Colaboradora: Adriana Marotti de Mello
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Veiculos_leves.pdf
Veículos pesados
Consultor: Mauro Zilbovicius – POLI/USP
Colaboradora: Adriana Marotti de Mello
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Veiculos_pesados.pdf

Relatório Consolidado da Coordenação

Equipe: Hélio Nogueira da Cruz, Mariano Laplane, Fernando Sarti, Célio Hiratuka, Rogério Gomes, Enéas
Carvalho, Siegfried Bender
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/RelatorioConsolidadodosEstudos.pdf

Eventos Realizados

Lançamento do livro “Agenda de Competitividade para a Indústria Paulista”


Local: FIESP
Data: 10/09/2007
Pronunciamento do Vice-Governador e Secretário do Desenvolvimento do Estado de São Paulo Alberto
Goldman
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/Discurso_Alberto_Goldman.pdf
Apresentação do Presidente do BNDES Luciano Coutinho
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/Luciano_Coutinho.pdf
Apresentação do Diretor Executivo da FAPESP Carlos Henrique de Brito Cruz
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/Brito_Cruz.pdf
Apresentação do Secretário Adjunto de Desenvolvimento do Estado de São Paulo Carlos Américo
Pacheco
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/Carlos_Americo_Pacheco.pdf
Apresentação do Diretor Titular do Decomtec-FIESP José Ricardo Roriz Coelho
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/Decomtec.pdf
Apresentação da Diretora do IPT Denise Andrade Rodrigues
Link: http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/Denise_Andrade_Rodrigues.pdf
Primeira rodada de seminários setoriais - Outubro/2007
“Apresentação dos Diagnósticos Setoriais Preliminares”
08/10/2007 – Software, Bebidas, Cimento, Equipamentos Médico-Hospitalares e Odontológicos, Máquinas-ferramenta,
Sucroalcooleiro
09/10/2007 – Aeronáutico, Bens de Capital sob Encomenda para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia,
Carne Bovina, Defensivos Agrícolas
10/10/2007 – Farmacêutico, Equipamentos de Informática, Transformados Plásticos, Sistema Agroindustrial da Laranja
11/11/2007 – Equipamentos de Telecomunicação, Componentes Semicondutores, Fotônica, Petróleo e Gás Natural,
Petroquímico, Serviços de Telecomunicação
16/10/2007 – Couro e Calçados, Têxtil e Vestuário, Veículos Leves, Veículos Pesados, Autopeças
Segunda rodada de seminários setoriais - Fevereiro/2008
“Apresentação dos Diagnósticos Finais e Propostas de Políticas Setoriais”
18/02/2008 – Aeronáutico, Veículos Leves, Veículos Pesados, Autopeças
Links:
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Aeronautica.pdf

XI

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http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Veiculos_Leves.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Veiculos_Pesados.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Autopecas.pdf
19/02/2008 – Bebidas, Carne Bovina, Sucroalcooleiro, Couro e Calçados, Têxtil e Vestuário, Sistema Agroindustrial
da Laranja
Links:
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Bebidas.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Carne_Bovina.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Sucroalcooleiro.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Couro_e_Calcados.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Textil.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Citricos.pdf
20/02/2008 – Cimento, Petróleo e Gás Natural, Petroquímico, Defensivos Agrícolas, Transformados Plásticos,
Farmacêutico
Links:
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Cimento.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Petroleo_Gas.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Petroquimica.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Defensivos_Agricolas.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Transformados_Plasticos.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Industria_Farmaceutica.pdf
21/02/2008 – Máquinas-ferramenta e Bens de Capital sob Encomenda para Geração, Transmissão e Distribuição de
Energia
Links:
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Maquinas_Ferramentas.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Bens_de_Capital_Sob_Encomenda.pdf
22/02/2008 – Equipamentos de Telecomunicação, Componentes Semicondutores, Fotônica, Serviços de
Telecomunicação, Equipamentos de Informática, Software e Equipamentos Médico-hospitalares e Odontológicos
Links:
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Tele-equipamentos.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Componentes_Eletronicos.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Fotonica.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Telecomunicacoes.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Informatica.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Software.pdf
http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/Equipamentos_Medicos.pdf

XII

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Sumário

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................... V

Lista de Siglas e Abreviaturas ....................................................................................................................................... XV

Lista de Ilustrações ......................................................................................................................................................... XVII

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 1

2. O DESEMPENHO RECENTE DA INDÚSTRIA PAULISTA .................................................................................... 3


2.1 Cenário Internacional ......................................................................................................................................... 6
2.2 Cenário Nacional versus Paulista ......................................................................................................................... 13
2.2.1 Análise de Dinamismo Industrial ............................................................................................................... 13

3. DIAGNÓSTICOS SETORIAIS ................................................................................................................................... 21


3.1 Justificativa, Estrutura e Metodologia .............................................................................................................. 21
3.2 Síntese das Notas Técnicas Setoriais ............................................................................................................ 24
3.2.1 Aeronáutico ............................................................................................................................................. 24
3.2.2 Automotivo (Autopeças, Veículos Leves e Veículos Pesados) ....................................................... 27
3.2.3 Bebidas ................................................................................................................................................... 31
3.2.4 Bens de Capital sob Encomenda para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia ........... 35
3.2.5 Carne Bovina ......................................................................................................................................... 38
3.2.6 Cimento ................................................................................................................................................... 41
3.2.7 Componentes Semicondutores ............................................................................................................ 44
3.2.8 Couro e Calçados ................................................................................................................................. 46
3.2.9 Defensivos Agrícolas ............................................................................................................................ 49
3.2.10 Equipamentos de Informática ............................................................................................................... 52
3.2.11 Equipamentos Médico-Hospitalares e Odontológicos ........................................................................ 54
3.2.12 Equipamentos de Telecomunicação .................................................................................................... 57
3.2.13 Farmacêutico ......................................................................................................................................... 60
3.2.14 Fotônica .................................................................................................................................................. 63
3.2.15 Máquinas-Ferramenta ........................................................................................................................... 67
3.2.16 Petróleo e Gás Natural .......................................................................................................................... 71
3.2.17 Petroquímico .......................................................................................................................................... 73
3.2.18 Serviços de telecomunicação .................................................................................................................... 78
3.2.19 Sistema Agroindustrial da Laranja .............................................................................................................. 81
3.2.20 Software .................................................................................................................................................... 84
3.2.21 Sucroalcooleiro ......................................................................................................................................... 87
3.2.22 Têxtil e Vestuário ....................................................................................................................................... 91
3.2.23 Transformados Plásticos ............................................................................................................................ 94

4. PROPOSTAS DE POLÍTICAS PARA A MELHORIA DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA ....... 99


4.1 Ações em Curso ............................................................................................................................................... 99
4.2 Outras Propostas da “Agenda de Competitividade para a Indústria Paulista” ............................................ 105
4.3 Propostas Segundo as Dimensões Estratégicas ................................................................................................... 106
4.3.1 Recursos Humanos .................................................................................................................................. 106

XIII

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4.3.2 Tecnologia e Inovação ............................................................................................................................. 108
4.3.3 Regulação ................................................................................................................................................ 109
4.3.4 Infra-estrutura e Logística ......................................................................................................................... 110
4.3.5 Ambiental .................................................................................................................................................. 111

5. “SETORES PORTADORES DE FUTURO”: PETRÓLEO E GÁS NATURAL, FOTÔNICA,


SEMICONDUTORES E ENERGIAS ALTERNATIVAS ........................................................................................... 113
5.1 Petróleo e Gás Natural ...................................................................................................................................... 113
5.2 Fotônica .............................................................................................................................................................. 115
5.3 Semicondutores ................................................................................................................................................. 116
5.4 Energias Alternativas ........................................................................................................................................ 117
5.4.1 Etanol ...................................................................................................................................................... 117
5.4.2 Biodiesel ................................................................................................................................................. 118
5.4.3 Gás Natural ............................................................................................................................................ 119

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 121

7. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................................... 127

8. ANEXO......... ................................................................................................................................................................ 131

XIV

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Lista de Siglas e Abreviaturas

ABINEE – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
Eletrônica FNDCT - Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química Tecnológico
ADRs – Agências de Desenvolvimento Regional FTTP – Fiber To The Premise
AENDA – Associação Brasileira dos Defensivos FUNTTEL – Fundo para Desenvolvimento Tecnológico
Genéricos das Telecomunicações
AFESP – Agência de Fomento do Estado de São Paulo GN – Gás Natural
ALADI – Associação Latino-Americana de Integração GTA – Guia de Trânsito Animal
ALC – América Latina e Caribe HTA – High Technology Aeronautics
ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e IAC – Instituto Agronômico de Campinas
Biocombustíveis IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
APLs – Arranjos Produtivos Locais ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento Prestação de Serviços
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento ICT – Institutos de Ciência e Tecnologia
Econômico e Social IDC – International Data Corporation
BRICs – Brasil, Rússia, Índia e China IDE – Investimento Direto Estrangeiro
C&T&I – Ciência, Tecnologia e Inovação IG – Indicação Geográfica
CAD – Computer-Aided Design INATEL – Instituto Nacional de Telecomunicações
CDTA – Centro de Desenvolvimento Tecnológico da INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial
Aeronáutica IPEN – Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
CENPRA – Centro de Tecnologia da Informação Renato IPGN – Indústria de Petróleo e Gás Natural
Archer IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados
CESP – Companhia Energética de São Paulo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento São Paulo
Ambiental ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica
CMOs – Contract Manufacturing Organizations LCD – Liquid Crystal Display
CNAE – Classificação Nacional de Atividades Eco- MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
nômicas MERCOSUL – Mercado Comum do Sul
COMPERJ – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro NAFTA – North American Free Trade Agreement
CROs – Contract Research Organizations NFC – Not From Concentrated
CTC – Centro de Tecnologia Canavieira NGNs – New Generation Netwoks (Redes de Nova
CTCC – Centro de Tecnologia do Couro e Calçados Geração)
CVC – Clorose Variegada dos Citros OCDE – Organização para Cooperação e Desenvol-
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral vimento Econômico
ECIP – Estudo de Competitividade da Indústria Paulista OIDA – International Optoelectronics Association
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa OLED – Organic Light Emitting Diodes
Agropecuária OMC – Organização Mundial do Comércio
EMHO – Equipamentos Médicos, Hospitalares e ONIP – Organização Nacional da Indústria do Petróleo
Odontológicos P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
ESP – Estado de São Paulo PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
ETECs - Escolas Técnicas Estaduais PAS – Pesquisa Anual de Serviços
FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado PEIAB – Programa de Expansão da Indústria Aeroes-
de São Paulo pacial Brasileira
FATECs – Faculdades de Tecnologia PGO – Plano Geral de Outorgas
FBCF – Formação Bruta de Capital Fixo PIA – Pesquisa Industrial Anual

XV

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PIB – Produto Interno Bruto TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação
PINTEC – Pesquisa de Inovação Tecnológica UE – União Européia
PMEs – Pequenas e Médias Empresas UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
PO – Pessoal Ocupado UL – Unidade Local
PPB – Processo Produtivo Básico UN Comtrade – United Nations Commodity Trade
PQU – Petroquímica União S/A Statistics Database
RAIS – Relatório Anual de Informações Sociais UNCTAD – United Nations Conference on Trade and
SAA – Secretaria de Agricultura e Abastecimento Development
SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
de São Paulo Mesquita Filho”
SD – Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar
Paulo UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas UNIDO – United Nations Industrial Development
Empresas de São Paulo Organization
SECEX – Secretaria de Comércio Exterior UNIP – Universidade Paulista
SEFAZ – Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo UNITAU – Universidade de Taubaté
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba
SEP – Secretaria de Economia e Planejamento USP – Universidade de São Paulo
SES – Secretaria de Ensino Superior do Estado de São VBP – Valor Bruto da Produção
Paulo VTI – Valor de Transformação Industrial
SMA – Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São WIMAX – Worldwide Interoperability for Microwave
Paulo Access
SNI – Sistema Nacional de Inovação WSTS – World Semiconductor Trade Statistics
SSA – Sul e Sudeste Asiático ZFM – Zona Franca de Manaus
SSL – Solid State Lighting ZPEs – Zonas de Processamento de Exportações
TIB – Tecnologia Industrial Básica

XVI

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Lista de Ilustrações

FIGURAS
Figura 2.1. Taxa de crescimento médio anual do produto industrial do mundo e regiões
selecionadas, entre 1995-2000 e 2000-2005 (em %) ............................................................... 7
Figura 2.2. Taxa de crescimento médio anual do produto industrial da América Latina e Caribe e Sul
e Sudeste Asiático, entre 1995-2000 e 2000-2005 (em %) ....................................................... 8
Figura 2.3. Setores vencedores e perdedores em setores dinâmicos e em regressão .............................. 15
Figura 3.1. Participação da indústria paulista e dos 25 setores examinados no ECIP na indústria
brasileira segundo VTI, pessoal ocupado e salários em 2005 (em %) ...................................... 22

QUADROS
Quadro 3.1. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Aeronáutica ........................ 27
Quadro 3.2. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:
Veículos Leves e Veículos Pesados ........................................................................................ 30
Quadro 3.3. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Autopeças .......................... 31
Quadro 3.4. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Bebidas ............................. 34
Quadro 3.5. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Bens de Capital sob
Encomenda para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia ......................................... 37
Quadro 3.6. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Carne Bovina ..................... 40
Quadro 3.7. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Cimento ............................. 43
Quadro 3.8. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:
Componentes Semicondutores .............................................................................................. 46
Quadro 3.9. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Couro e Calçados .............. 49
Quadro 3.10. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Defensivos Agrícolas .......... 51
Quadro 3.11. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Equipamentos de
Informática ............................................................................................................................. 54
Quadro 3.12. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:
Equipamentos Médico-Hospitalares e Odontológicos ................................................................. 56
Quadro 3.13. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:
Equipamentos de Telecomunicação ......................................................................................... 60
Quadro 3.14. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Farmacêutico ........................ 64
Quadro 3.15. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Fotônica ................................ 67
Quadro 3.16. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Máquinas-Ferramenta ........ 70
Quadro 3.17. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Petróleo e Gás Natural ........ 74
Quadro 3.18. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Petroquímica ...................... 77
Quadro 3.19. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:
Serviços de Telecomunicação ............................................................................................... 78

XVII

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Quadro 3.20. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:
Sistema Agroindustrial da Laranja ........................................................................................... 83
Quadro 3.21. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Software ............................. 86
Quadro 3.22. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Sucroalcooleiro .................. 90
Quadro 3.23. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Têxtil e Vestuário ................. 94
Quadro 3.24. Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:
Transformados Plásticos ....................................................................................................... 97

TABELAS
Tabela 2.1. Grau de ameaça chinesa aos produtos manufaturados* brasileiros, por região e país
importador, entre 2003 e 2006 (em % e US$ milhões) ............................................................. 10
Tabela 2.2. Taxa de crescimento médio anual do produto industrial em países selecionados,
1995 a 2000 e 2000 a 2005 (em %) ........................................................................................ 10
Tabela 2.3. Participação da indústria no PIB em países selecionados em 1995, 2000 e 2005 (em %) ......... 11
Tabela 2.4. Participação relativa de países selecionados no produto industrial mundial e dos países
em desenvolvimento em 1995, 2000 e 2005 (em %). .............................................................. 12
Tabela 2.5. Participação no VTI das estruturas industriais do Brasil, São Paulo e Brasil sem São Paulo
segundo grupos de intensidade tecnológica (OCDE) de 1996 a 2005 (em %) ........................... 17
Tabela 2.6. Participação no VTI das estruturas industriais do Brasil, São Paulo e Brasil sem São Paulo
segundo grupos de intensidade tecnológica (IBGE) de 1996 a 2005 (em %) ............................ 19

XVIII

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1. Introdução

1. Introdução

A economia paulista se destaca no cenário brasileiro por sua liderança no


setor industrial, pelo desempenho comercial e inovador e por dispor de vantagens
em termos de infra-estrutura, logística e recursos humanos. Estes fatores devem
ser avaliados conjuntamente para aprimorar a capacidade competitiva dos setores
industriais paulistas, elevando seu potencial para enfrentar os desafios impostos de
forma crescente pela economia mundial. Para isto, políticas públicas com ênfase
no aumento da competitividade industrial são essenciais para que o Estado alcance
uma posição de destaque internacional e continue promovendo seu desenvolvimento
econômico e social.
Com esta preocupação, a Secretaria de Desenvolvimento (SD) do Estado
de São Paulo coordenou a realização do estudo “Uma Agenda de Competitividade
para a Indústria Paulista”, para mapear a competitividade dos setores industriais e
identificar políticas públicas adequadas à promoção de seu desenvolvimento, em
conjunto com a Diretoria de Política Industrial e Tecnológica do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT)1 .
Esta publicação apresenta os resultados consolidados deste estudo elaborado
parcialmente por especialistas setoriais das três principais universidades públicas
do Estado – USP, UNICAMP e UNESP – e de algumas de outros estados. O
objetivo foi realizar um amplo diagnóstico dos principais setores industriais da
economia paulista, a fim de identificar oportunidades e desafios à sua competitividade.
Para isso, foram selecionados 25 setores representantes das atividades
produtivas mais relevantes da indústria paulista, quais sejam: aeronáutico; autopeças;
bebidas; bens de capital sob encomenda para geração, transmissão e distribuição
de energia; carne bovina; cimento; componentes semicondutores; couro e calçados;
defensivos agrícolas; equipamentos médico-hospitalares e odontológicos;
equipamentos de telecomunicação; farmacêutico; fotônica; informática; máquinas-
ferramenta; petróleo e gás; petroquímico; serviços de telecomunicação; sistema
agroindustrial da laranja; software; sucroalcooleiro; têxtil e vestuário; transformados

1
Atualmente denominada Diretoria de Gestão Estratégica (DGE).

cp-cap1 - ipt.p65 1 16/12/2008, 16:44


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

plásticos; veículos leves e pesados. Para cada um deles foram elaborados relatórios
setoriais, discutidos com especialistas, empresários e representantes de várias
esferas de governo, compondo um vasto material com propostas de políticas para
alavancar a competivividade da indústria.
A publicação está dividida na apresentação dos cenários econômicos mundial
e brasileiro e da relativa redução da participação da indústria paulista no período
recente ante estes cenários. Em seguida, apresenta os 25 diagnósticos setoriais a
partir dos quais são apresentadas as principais propostas para o aumento da
competitividade industrial sugeridas pela SD. Destacam-se também algumas
propostas para os setores considerados “portadores de futuro”, como os de petróleo
e gás natural, fotônica, componentes semicondutores e energias alternativas. Por
fim, são feitas algumas considerações acerca dos resultados apresentados.

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2. O Desempenho Recente da Indústria Paulista

2. O Desempenho Recente
da Indústria Paulista

A indústria paulista apresentou uma queda significativa de participação no


valor agregado industrial brasileiro no período entre 1996 e 2005, com uma redução
de 49,4% para 40,1% na sua participação do Valor de Transformação Industrial
(VTI), em termos reais, refletindo uma relativa perda de competitividade nas
dimensões sistêmica, setorial e empresarial.
A tendência de menor participação relativa no VTI em si mesma não seria
preocupante se tal perda estivesse associada a um maior dinamismo industrial de
outros estados brasileiros vis-à-vis o desempenho paulista. Assim, a descentralização
industrial seria um fenômeno até mesmo desejado porque refletiria o desenvolvimento
mais acelerado de outras regiões no país. Além disso, um crescimento regional
mais equilibrado, com o aumento da produção e do mercado consumidor em outros
estados, também favoreceria São Paulo na condição de maior fornecedor de bens,
serviços e insumos industriais. Nesse caso, uma expansão dos serviços industriais
e de outros serviços (financeiro, tecnológico, de logística, entre outros) mais que
compensaria a perda de valor agregado industrial.
No entanto, a perda de participação do Estado de São Paulo não foi
conseqüência de uma maior desconcentração dos investimentos para os estados
menos desenvolvidos: o recente boom de investimentos se mantém relativamente
concentrado nos principais estados, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná.
A perda relativa de São Paulo foi acompanhada, também, de uma queda
expressiva da participação do produto industrial brasileiro diante das principais
economias emergentes. A rigor, o crescimento econômico brasileiro foi muito modesto
nas últimas três décadas, revertendo um padrão de crescimento mais vigoroso e
provocado pela expansão industrial das décadas de 1950 a 1970, concentrada em
São Paulo. Assim, o baixo dinamismo da estrutura industrial brasileira nas últimas
três décadas parece ter tido efeitos mais danosos para a indústria paulista que, por
sua estrutura produtiva mais diversificada, adensada e sofisticada tecnologicamente,
apresentava melhores condições para absorver uma demanda diferenciada.
No período mais recente, particularmente no biênio 2006-07, a indústria
retomou a sua posição de motor dinâmico da economia brasileira. Em um primeiro

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

momento, esse dinamismo industrial esteve associado ao aumento da demanda


doméstica por bens de consumo, sobretudo duráveis e semiduráveis, fortemente
beneficiado pelo aumento da renda e da melhoria das condições de financiamento.
Em um segundo momento, o vetor do dinamismo esteve concentrado no segmento
de bens de capital, refletindo a expansão dos investimentos na agricultura, na indústria
e na infra-estrutura. Esse padrão de crescimento industrial sustentado na expansão
dos investimentos e, em menor medida, nos bens de consumo duráveis, teve um
impacto positivo sobre a produção industrial paulista, que voltou a se desenvolver
acima da média industrial nacional.
O estudo “Uma Agenda de Competitividade para a Indústria Paulista”
identificou e avaliou essa relativa perda de competitividade das estruturas produtivas,
tanto brasileira quanto paulista, observada nas últimas décadas. Com relação à
recuperação recente, apontou a dificuldade de se generalizar essa tendência, dadas
as especificidades setoriais e a elevada heterogeneidade da estrutura produtiva.
O efeito conjugado entre as fragilidades estruturais e competitivas, as reduzidas
taxas de investimento e de inovação tecnológica, as quais, por sua vez, são resultantes
do baixo dinamismo econômico das últimas décadas e da desarticulação dos
instrumentos de política industrial, tecnológica e de comércio exterior, tiveram como
efeito a imposição de riscos e limitações à manutenção ou mesmo ampliação das
atuais taxas de crescimento econômico e industrial. Por outro lado, o estudo também
identificou setores e segmentos competitivos internacionalmente e também algumas
oportunidades e nichos de mercado importantes para a indústria brasileira e paulista.
Por isso, tanto os riscos e fragilidades quanto as oportunidades demandam uma
nova agenda de competitividade.
Em relação ao fluxo recente de investimento, três tendências se destacam.
A primeira diz respeito à sua forte expansão. As taxas de crescimento da formação
bruta de capital fixo (FBCF) têm superado as do PIB desde 2004. No biênio 2006-
07, a FBCF foi o componente de demanda que mais cresceu, superando o consumo
das famílias e do governo. Esses dados do IBGE são corroborados pelos desembolsos
do BNDES para o período, que sinalizam um salto importante nos financiamentos a
partir de 2004, praticamente dobrando o valor total financiado de R$ 33,5 bilhões,
em 2003, para R$ 64,9 bilhões, em 2007.
A segunda tendência apontada é a crescente destinação dos recursos para
os setores de serviços. Em 2007, os desembolsos do BNDES para os segmentos de
comércio e serviços superaram os da indústria: 51,5% contra 39,1%, sobretudo por
conta dos investimentos em infra-estrutura, tais como eletricidade e gás, transporte
terrestre e construção, segmentos beneficiados pelo Plano de Aceleração do

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2. O Desempenho Recente da Indústria Paulista

Crescimento (PAC)1. Além desses setores, também o setor de telecomunicações


ampliou de forma significativa sua participação, com desembolsos de
aproximadamente R$ 5,5 bilhões no biênio 2006-07, consolidando o processo de
retomada dos investimentos iniciado em 2004, depois de um período de estagnação
que se seguiu ao estouro da bolha global no setor de tecnologia da informação e
comunicação (TIC) no início dos anos 2000.
A terceira tendência mostra que os maiores investimentos nas atividades de
comércio e serviços e a relativa estagnação dos investimentos industriais reduziram
a participação de São Paulo no total desembolsado pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No início do presente ciclo de
investimentos, em 2004, São Paulo captava 38,5% dos recursos desembolsados.
Esta participação atingiu um patamar recorde em 2005, com São Paulo recebendo
43,3% dos investimentos financiados pelo Banco. Já no biênio 2006-07, de forte
aceleração nas taxas de investimento, a participação do Estado caiu para pouco
mais de um terço (33,9%). Outro fator importante para esta perda de participação
foi a forte retração dos desembolsos para o setor de “outros equipamentos de
transportes”, cuja empresa líder está instalada em São Paulo.
O impacto dessas tendências sobre a competitividade e o desempenho da
indústria paulista deve ser analisado de forma cautelosa, uma vez que um padrão
de crescimento mais elevado e sustentado de investimentos é positivo tanto para o
Brasil, como para São Paulo. Com a estrutura produtiva mais sofisticada e
diversificada, São Paulo tende a ser o principal provedor de bens e serviços para
suportar esse padrão e ritmo de crescimento. Isto explica, em parte, o crescimento
acima da média brasileira da indústria paulista, estimulado pelos setores de máquinas
e equipamentos, veículos automotores, material eletrônico e equipamentos de
comunicações, no período 2006-07 e nos primeiros meses de 2008. Por outro lado,
as perspectivas da competitividade da estrutura produtiva paulista, sustentada em
uma maior diversificação e sofisticação, dependerão da capacidade do Estado em
atrair parcela significativa dos novos investimentos, sobretudo em setores e serviços
geradores, portadores e difusores de avanços tecnológicos.
A busca por novos investimentos, principalmente nos setores de maior
dinamismo tecnológico e nas atividades produtivas que oferecem externalidades e
desdobramentos sobre o tecido industrial, impõe-se como o desafio estratégico mais
relevante para o Estado de São Paulo.

1
Conjunto de projetos de investimentos públicos e privados a serem realizados no período de 2007 a 2010,
listados pelo governo federal.

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

É importante ressaltar que o Estado oferece vantagens locacionais


significativas. Destaca-se a grande disponibilidade de infra-estrutura de ciência e
tecnologia, representada por um conjunto de instituições fortes e reconhecidas, em
que se destacam as universidades públicas estaduais paulistas e federais, formadoras
de recursos humanos qualificados, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP) e os Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs).
A presença de grandes empresas, nacionais e estrangeiras, públicas e privadas,
que detêm parte significativa do conhecimento utilizado na esfera produtiva e têm
realizado esforços significativos de capacitação tecnológica e de inovação, também
se apresenta como fator positivo para a competitividade. Ademais, estas empresas
realizam em São Paulo parte substancial das atividades produtivas mais sofisticadas
e que exigem mão-de-obra qualificada. No entanto, o risco de esvaziamento destas
funções corporativas estratégicas, como as áreas de engenharia, P&D, finanças e
marketing, também se faz presente.
A infra-estrutura tradicional de transportes, energia e comunicação, embora
com intensa utilização da capacidade instalada, também se apresenta como fator
favorável para a composição de um tecido produtivo sofisticado e flexível, que se
destaca no Brasil e entre os países emergentes. A retomada de investimentos e o
crescimento industrial recente da indústria brasileira e, com maior ênfase, paulista,
oferece boas perspectivas para o avanço do setor industrial. Por isso, o momento
atual é propício para um novo salto da capacidade produtiva e de inovação para a
indústria paulista.

2.1 Cenário Internacional


No período entre 1995 e 2005 houve um desaquecimento do dinamismo industrial
brasileiro, não apenas em relação aos demais setores da economia, mas também com
relação aos demais competidores mundiais. Nos países em desenvolvimento de maior
dinamismo econômico, sobretudo naqueles do Leste Asiático e dos países periféricos
da Europa, este crescimento baseou-se na expansão da indústria.
O ciclo de preços favorável à produção e à exportação de commodities
agrícolas e minerais e de produtos industriais intensivos em recursos naturais
contribuiu para o desempenho satisfatório de alguns setores, mas foi insuficiente
para compensar a perda de participação do valor agregado industrial no restante da
economia brasileira e também na produção mundial.
Em termos globais, o produto industrial tem apresentado maior dinamismo
que o produto total. A taxa de crescimento do PIB mundial foi de 3,1% ao ano no

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2. O Desempenho Recente da Indústria Paulista

período 1995-2000, e de 2,7%, entre 2000 e 2005, enquanto as taxas médias de


crescimento do PIB industrial foram de, respectivamente, 3,3% e 3,0% (Figura
2.1). Por meio da análise desagregada por regiões é possível observar que, nos dois
períodos, a taxa de crescimento dos países em desenvolvimento e dos países em
transição foi superior à verificada nos países desenvolvidos. No período 1995-2000,
a diferença de desempenho entre os grupos de países foi pequena, tanto em razão
do forte crescimento dos Estados Unidos, que influenciou o resultado dos países
desenvolvidos, quanto pelos efeitos negativos das sucessivas crises financeiras pelas
quais passaram os países em desenvolvimento e em transição. Já no período 2000-
2005, o crescimento do produto industrial foi sustentado principalmente pelo
crescimento mais acelerado dos países em desenvolvimento e dos países em
transição, já que o crescimento dos países desenvolvidos foi de apenas 1,7% a.a.

9,0
8,1
8,0

7,0
Mundo
6,0
5,1 Países
5,0
Desenvolvidos
3,9
4,0 Países em
3,3 3,1 Desenvolvimento
2,8 3,0
3,0
Países em
2,0 1,7 Transição

1,0

0,0
1995-2000 2000-2005

Figura 2.1: Taxa de crescimento médio anual do produto industrial do mundo e regiões selecionadas,
entre 1995-2000 e 2000-2005 (em %).
Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da UNIDO.

Com relação ao grupo de países em desenvolvimento, o destaque foi a


aceleração nas taxas de crescimento dos países asiáticos, como ilustra o gráfico da
Figura 2.2. A América Latina e Caribe (ALC) mantiveram sua taxa de crescimento

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

em um patamar bastante baixo (2,6% ao ano), inclusive inferior à média mundial.


Por outro lado, o produto industrial dos países do Sul e Sudeste Asiático (SSA)
cresceu a uma taxa média de 6,6% entre 1995 e 2000 (4,8% excluindo China e
Taiwan), e 8% (6,8%) no período 2000-2005. É importante destacar que as assimetrias
nas taxas de crescimento dos países latino-americanos e asiáticos foram observadas
nos períodos de crise da dívida externa (anos 1980), de reforma (anos 1990), de
crise financeira internacional (segunda metade dos anos 1990) e nos períodos de
recuperação (primeira metade dos anos 2000).

9,0

8,0
8,0

6,8 América Latina


7,0 e Caribe
6,6

6,0

5,0 4,8 Sul e Sudeste


Asiático

4,0

3,0 2,6 2,6 Sul e Sudeste


Asiático excluindo
China e Taiwan
2,0

1,0

0,0
1995-2000 2000-2005

Figura 2.2: Taxa de crescimento médio anual do produto industrial da América Latina e Caribe e Sul
e Sudeste Asiático, entre 1995-2000 e 2000-2005 (em %).
Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da UNIDO.

O crescimento da produção industrial na Ásia, no último período, tem sido não


apenas mais rápido, mas também mais generalizado. Em grande parte, este fato
reflete os efeitos dinâmicos do crescimento chinês sobre o restante dos países da
região. Dentro da especialização intra-regional organizada pelas grandes corporações
transnacionais, a China assume a posição de “centro de gravidade” por realizar a
etapa final de montagem e distribuição dos produtos para fora da região, em especial
para os EUA, ao mesmo tempo em que importa grande quantidade de bens de capital,

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2. O Desempenho Recente da Indústria Paulista

peças e componentes dos demais países dentro da região. Além disso, o próprio
crescimento da demanda interna vem exercendo os mesmos efeitos de encadeamento
sobre o restante dos países asiáticos. Importante destacar que a ameaça asiática e,
em particular chinesa, foi identificada em vários setores analisados pelo estudo “Uma
Agenda de Competitividade para a Indústria Paulista”.
Utilizando a metodologia proposta por Lall e Weiss (2007), Hiratuka e Sarti
(2007) construíram um indicador de ameaça chinesa às exportações brasileiras. Uma
ameaça é considerada presente quando, para um determinado produto e um mesmo
mercado, observa-se a queda de market-share (participação de mercado) do Brasil
ao mesmo tempo em que ocorre um aumento dessa participação da China. Essa seria
a situação de ameaça direta. Um segundo tipo de ameaça, classificada como indireta,
estaria presente quando os dois países apresentam aumento de market-share, mas a
taxa de crescimento verificada na China é maior do que a do Brasil.
Os resultados apontam um crescimento expressivo da ameaça direta chinesa
nas regiões da ALADI, MERCOSUL e NAFTA, nas quais o Brasil tem uma
significativa inserção de exportações de bens manufaturados. Em 2003, apenas
17,1% do total importado do Brasil por essas regiões estavam sob ameaça direta
(Tabela 2.1). Em 2006, essa participação se expandiu para 37,9%, abarcando uma
gama de produtos manufaturados que totalizaram US$ 17,6 bilhões. Quando se
considera também a ameaça indireta, o total de produtos ameaçados atinge 81% da
pauta, em um montante de vendas externas de US$ 37,6 bilhões.
A análise por região permite observar que, no caso da ALADI, a ameaça direta
atinge mais de um terço da pauta de importação proveniente do Brasil, em um montante
que superou US$ 3,2 bilhões em 2006. Para o MERCOSUL, o indicador de ameaça
direta teve uma taxa de crescimento ainda mais expressivo, saltando do patamar de
10,3% para 41,1%, abrangendo produtos que totalizaram o valor de US$ 5 bilhões das
importações provenientes do Brasil, em 2006. Para o NAFTA, esse montante superou
US$ 9,4 bilhões e envolveu 37,4% da pauta em 2006, contra 19% em 2003.
Retornando à análise da evolução do setor industrial brasileiro, apesar do
melhor desempenho no período 2000-2005, verificou-se a continuidade do processo
de stop and go, com a alternância de períodos de alto e baixo crescimento. Em
2001, a crise energética impediu, de forma repentina, a expansão da indústria, iniciada
no ano 2000. Já em 2003 e 2005, o desempenho do setor industrial refletiu, em
grande parte, os efeitos de uma política macroeconômica bastante restritiva.
É interessante notar ainda que, na maioria dos países asiáticos, o crescimento
do produto industrial ocorreu a taxas superiores à do PIB não industrial, o que
significou um aumento da participação da indústria de transformação no PIB.

cp-cap2 - ipt.p65 9 16/12/2008, 16:44


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Tabela 2.1: Grau de ameaça chinesa aos produtos manufaturados* brasileiros,


por região e país importador, entre 2003 e 2006 (em % e US$ milhões)

2003 (%) 2006 (%) 2006 (US$ milhões)


País/Região
Ameaça Ameaça Ameaça Ameaça Ameaça Ameaça
direta indireta direta indireta direta indireta
Aladi 17,4 48,9 34,9 41,8 3.209 3.843
Mercosul 10,3 39,8 41,1 45,1 5.019 5.500
Nafta 19,0 51,3 37,4 42,3 9.433 10.688
Total dos Países da Amostra 17,1 48,7 37,9 42,9 17.660 20.030
(*) Total dos produtos.
Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados do UN Comtrade.

Tabela 2.2: Taxa de crescimento médio anual do produto industrial em países


selecionados, 1995 a 2000 e 2000 a 2005 (em %)

Taxa de crescimento médio anual do VAI


Período
1995-2000 2000-2005
América Latina e Caribe 2,6 2,6
Argentina 1,0 3,6
Chile 6,0 3,0
Brasil 0,4 3,4
México 7,6 1,0
Sul e Sudeste Asiático 6,6 8,0
China 9,2 10,4
Taiwan 5,6 4,8
Sul e Sudeste Asiático excluindo China e Taiwan 4,8 6,8
Índia 4,4 6,6
Indonésia 1,4 5,8
Malásia 6,0 5,6
Filipinas 2,6 4,0
Coréia do Sul 6,8 7,2
Singapura 7,2 5,0
Tailândia 1,8 7,4
Nota: VAI refere-se a Valor Agregado na Indústria.
Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da UNIDO.

10

cp-cap2 - ipt.p65 10 16/12/2008, 16:44


2. O Desempenho Recente da Indústria Paulista

Com exceção de Índia e Filipinas, os demais países asiáticos, apresentados na


Tabela 2.3, tiveram um aumento dessa participação entre 1995 e 2005. No conjunto
dos países em desenvolvimento do Sul e Sudeste Asiático, a participação da indústria
no PIB aumentou de 21,8%, em 1995, para 25,2%, em 2005. Na ALC, ao contrário,
o crescimento lento da indústria fez com que a participação desta no PIB se reduzisse
de 18,8%, em 1995, para 17,8%, em 2005. Quando se analisam os países mostrados
na Tabela 2.3, verifica-se que, de maneira geral, a estagnação ou perda de participação
da indústria no PIB esteve associada à perda de dinamismo da indústria, e não a um
crescimento mais expressivo de outros setores, como o de serviços. No caso brasileiro,
por exemplo, o PIB industrial representava 20% do PIB total, reduzindo-se para
18,8% em 2000 e voltando a aumentar para 19,6% em 2005.
O desempenho da indústria brasileira em relação ao conjunto da indústria
mundial e dos países em desenvolvimento tem sido decepcionante. Considerando a
participação do produto industrial brasileiro no total mundial, é possível perceber
uma queda de 2,4%, em 1995, para 2,2% em 2000, mantendo-se neste mesmo
patamar em 2005 (Tabela 2.4).

Tabela 2.3: Participação da indústria no PIB em países selecionados em 1995,


2000 e 2005 (em %)

Região/Ano 1995 2000 2005


América Latina e Caribe 18,8 18,4 17,8
Argentina 17,2 16,0 16,4
Chile 16,2 17,6 17,0
Brasil 20,0 18,8 19,6
México 19,0 21,2 20,8
Sul e Sudeste Asiático 21,8 23,8 25,2
China 33,4 34,8 36,0
Taiwan 25,4 25,2 26,4
Índia 16,4 15,8 15,6
Indonésia 24,2 26,8 28,0
Malásia 26,4 31,0 31,8
Filipinas 23,0 22,2 22,0
Coréia do Sul 25,0 29,4 33,0
Singapura 23,2 25,2 25,8
Tailândia 29,8 33,4 36,6
Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da UNIDO.

11

cp-cap2 - ipt.p65 11 16/12/2008, 16:44


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Entretanto, o quadro se torna mais grave quando o desempenho brasileiro é


comparado com a média dos países em desenvolvimento, que abrange os países
emergentes com maior dinamismo industrial, como revelam os dados da Tabela
2.4. Nesse caso, a perda de importância relativa do Brasil no produto industrial é
muito mais acentuada. Em 1995, a participação brasileira no total do produto industrial
dos países em desenvolvimento era de 12,4%, caindo para 9,8%, em 2000, e para
8,5%, em 2005. Esse dado é ainda mais preocupante ao se observar que em 1980
a participação do Brasil era de 20%. Mesmo quando se exclui a China dos países,
em desenvolvimento em razão de sua influência sobre o crescimento total dos países
em desenvolvimento, a tendência continua sendo de queda, passando de 15,8%, em
1995, para 12,3%, em 2005.
Portanto, a comparação da evolução da indústria brasileira com a indústria
mundial e, em particular, com a dos países emergentes asiáticos, revela um processo
contínuo de perda de participação do produto industrial. Além disso, esse menor

Tabela 2.4: Participação relativa de países selecionados no produto industrial


mundial e no produto dos países em desenvolvimento em 1995, 2000 e 2005 (em %)

Participação no Produto Participação no Produto


País Participação no Produto Industrial dos Industrial dos países em
Industrial Mundial países em desenvolvimento
desenvolvimento exclusive China
1995 2000 2005 1995 2000 2005 1995 2000 2005
Argentina 0,8 0,7 0,7 3,9 3,1 2,6 5,0 4,2 3,8
Chile 0,2 0,2 0,2 0,9 0,9 0,8 1,1 1,2 1,2
Brasil 2,4 2,2 2,2 12,4 9,8 8,5 15,8 13,2 12,3
México 1 1,2 1,1 4,8 5,3 4,2 6,1 7,1 6,1
China 4,2 5,7 8 21,4 25,5 30,7 - - -
Taiwan 1,2 1,4 1,4 6,1 6,1 5,5 7,8 8,2 7,9
Índia 1 1,1 1,3 5,1 4,9 5 6,5 6,6 7,2
Indonésia 0,9 0,8 1 4,3 3,7 3,6 5,5 5,0 5,2
Malásia 0,4 0,5 0,6 2,1 2,3 2,2 2,7 3,1 3,2
Filipinas 0,3 0,3 0,3 1,5 1,3 1,2 1,9 1,7 1,7
Coréia do Sul 2,2 2,8 3,4 11,4 12,6 13 14,5 16,9 18,8
Singapura 0,3 0,4 0,5 1,7 1,9 1,7 2,2 2,6 2,5
Tailândia 0,9 0,9 1.0 4,4 3,8 4 5,6 5,1 5,8
Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da UNIDO.

12

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2. O Desempenho Recente da Indústria Paulista

dinamismo industrial brasileiro, dados os mecanismos de encadeamento, reflete-se


no baixo crescimento do PIB. Nem mesmo a maior inserção exportadora e a geração
de elevados superávits comerciais, em boa medida em commodities – agrícolas e
minerais – e em produtos intensivos em recursos naturais, foram capazes de reverter
esse baixo dinamismo.
O menor dinamismo econômico e industrial, bem como o novo padrão de
especialização da estrutura produtiva, acompanhados por uma política industrial e
tecnológica passiva e subordinada à política macroeconômica, tiveram impactos
negativos sobre a estrutura industrial paulista, dada sua maior complexidade e
densidade produtiva e tecnológica, como será discutido a seguir.

2.2 Cenário Nacional Versus Paulista


Conforme observado anteriormente, a dinâmica industrial brasileira nas últimas
três décadas foi bastante inferior àquela do período de industrialização (1950-80) e
tem sido também muito inferior ao dinamismo apresentado pelas principais economias
emergentes, sobretudo asiáticas, as quais concentram hoje a expansão do produto
industrial global.
Embora de forma assimétrica, este fraco desempenho atingiu de forma mais
intensa a indústria paulista. Primeiro, porque São Paulo sempre foi o principal espaço
da indústria brasileira, sendo responsável, no início dos 1990, por mais de 50% do
PIB nacional. Segundo, porque alguns dos setores mais dinâmicos no período analisado
têm pouca representatividade em São Paulo (caso dos setores extrativos de minério
de ferro e petróleo). Em terceiro, alguns setores com elevada presença no Estado,
mesmo apresentando um relativo dinamismo na pauta paulista de produção,
experimentaram um dinamismo ainda maior no restante do Brasil (como a siderurgia,
refino de petróleo e indústria automobilística).
Nesse sentido, a perda de participação de São Paulo no emprego, no valor
da produção e no valor agregado não foi uma tendência generalizada para todos
os setores industriais, nem ocorreu na mesma intensidade. A rigor, alguns setores
industriais paulistas ampliaram sua participação na pauta brasileira. A análise a
seguir procura se aprofundar nesse processo de reestruturação industrial.

2.2.1 Análise de dinamismo industrial


Para a análise da evolução da estrutura produtiva no período 1996-2005, os
setores industriais foram classificados segundo os três dígitos da Classificação

13

cp-cap2 - ipt.p65 13 16/12/2008, 16:44


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) a três dígitos2. Denominaram-se


“setores dinâmicos” aqueles com taxa de crescimento superior à média da indústria
brasileira e que, portanto, tiveram ganhos de market-share no período.
Analogamente, foram classificados como “setores em regressão” aqueles com taxa
de crescimento inferior à média da indústria e com perda de market-share.
Além disso, os setores foram classificados segundo sua evolução na pauta
de produção paulista. Denominaram-se “vencedores” aqueles setores que ganharam
market-share na pauta de produção de São Paulo; e, analogamente, “perdedores”
aqueles que experimentaram queda de market-share na pauta de São Paulo.
Assim foram definidos 4 grupos de setores, conforme segue:
a) Grupo 1: Ganhador em Setor Dinâmico - aumento de market-share nas
estruturas industriais paulista e brasileira;
b) Grupo 2: Ganhador em Setor em Regressão - aumento de market-share
na estrutura industrial paulista, mas com perda de market-share na
estrutura brasileira;
c) Grupo 3: Perdedor em Setor Dinâmico - perda de market-share na
estrutura industrial paulista, mas com aumento de market-share na
estrutura brasileira;
d) Grupo 4: Perdedor em Setor em Regressão - perda de market-share nas
estruturas industriais paulista e brasileira.

As Tabelas 1 e 2 do Anexo fornecem informações sobre a participação e a


evolução do VTI por grupos para Brasil, São Paulo e Brasil sem São Paulo. O
VTI é utilizado como uma proxy do valor agregado na indústria. O menor dinamismo
paulista se torna explícito quando se compara as taxas médias reais (em valores
constantes) anuais de crescimento do VTI no período 1996-05. No caso de São
Paulo, a taxa foi de apenas 1,1% a.a. contra 4,3% a.a. do restante do Brasil.
Outro aspecto que deve ser ressaltado é a elevada assimetria dos desem-
penhos entre os 4 grupos. O Grupo 1 (ganhador em setor dinâmico) teve uma taxa
de crescimento de 11,3% a.a., mas representava apenas 11% de todo VTI paulista
em 2005 (contra 4,6% em 1996). Os setores de maior destaque aqui são o de refino
de açúcar (36,1% do VTI do grupo 1), seguido do setor de carne (13,6%) e de

2
Vale mencionar que estes setores examinados são mais abrangentes do que a amostra setorial referente ao
estudo “Uma Agenda de Competitividade para a Indústria Paulista”, conforme é apresentado na justificativa
do item 3.1.

14

cp-cap2 - ipt.p65 14 16/12/2008, 16:44


2. O Desempenho Recente da Indústria Paulista

aeronáutica (12,9%). O Grupo 3 (perdedor em setor dinâmico) cresceu 8,3%


a.a., sendo responsável por 26,9% do VTI paulista em 2005 (14,4% em 1996).
Destaque para o setor de refino de petróleo (45,4% do grupo) e autopeças (20,6%).
O Grupo 2 (ganhador em setor em regressão) teve um desempenho ínfimo com
taxa de 0,5% a.a., sendo responsável por 14% do valor agregado industrial paulista.
Os destaques aqui são os setores de motores e bombas (13,5% do grupo),
higiene e limpeza (13,5%), papel e papelão (12,8%), máquinas e equipamentos
(12,4%) e metalurgia (12,2%). Finalmente, o Grupo 4 apresentou taxa negativa (-
2,5% a.a.), mas com maior peso na pauta de produção: 48,2% em 2005 (66,4%
em 1996). Os setores de destaque por sua importância na pauta de produção são
farmacêutica (10%), alimentos (6,7%), transformados plásticos (6,7%),
automobilística (6,5%) e edição e impressão (6,4%).
O gráfico da Figura 2.3 é bastante ilustrativo do desempenho industrial paulista.
Os setores perdedores (aqueles que reduziram seu market-share na pauta de São
Paulo) representaram aproximadamente 75% do VTI da indústria paulista. Neste
grupo, quase dois terços são também setores em regressão na indústria brasileira. Em
contrapartida, os setores vencedores em São Paulo (com crescente market-share na
pauta paulista) representavam apenas 25% do valor agregado industrial paulista. Impor-

25,0
Variação da Participação do Setor

20,0

15,0
no VTI do Brasil

10,0

5,0

-
(15,0) (10,0) (5,0) - 5,0 10,0 15,0
(5,0)

(10,0)

(15,,0

(20,0)

(25,0)

Variação da Participação de SP no VTI Brasileiro

1,00 ganhador em setor dinâmico 2,00 ganhador em setor em regressão


3,00 perdedor em setor dinâmico 4,00 perdedor em setor em regressão

Figura 2.3: Setores vencedores e perdedores em setores dinâmicos e em regressão.


Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da PIA/IBGE.

15

cp-cap2 - ipt.p65 15 16/12/2008, 16:44


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

tante destacar que na pauta do restante do Brasil o grau de concentração é ainda


maior: os setores perdedores representaram quase 82% do valor agregado (59% em
regressão e 41% com dinamismo). Os indicadores para São Paulo e Brasil apontam
que, nesse período de relativa estagnação do produto industrial, o crescimento esteve
concentrado em poucos setores, com destaque para os setores extrativos minerais,
refino de petróleo e automobilística. Os dois primeiros com baixa presença em São
Paulo e o segundo com elevada presença, mas com uma crescente desconcentração
regional dos investimentos e da produção, devido à maturação dos investimentos
realizados no âmbito do Regime Automotivo, na segunda metade dos anos 1990.

2.2.1.1 Indicadores de intensidade tecnológica


Anteriormente, observou-se a crescente participação dos países emergentes,
notadamente asiáticos, no produto global da indústria e, sobretudo, o fato desta
participação ter se dado crescentemente nos setores de maior conteúdo tecnológico.
A reestruturação global da indústria tem sido condicionada pelas estratégias de
gestão da cadeia de valor dos grandes grupos transnacionais e, assim, tem promovido
um forte deslocamento do processo produtivo, até mesmo de unidades industriais
inteiras, redirecionando os fluxos globais de investimento produtivo. Nota-se também
que a China tem representado uma ameaça crescente às exportações brasileiras e
paulistas de manufaturados em três mercados tradicionais: MERCOSUL, ALADI
e NAFTA. Por isso, uma análise da reestruturação produtiva brasileira e paulista a
partir da intensidade tecnológica tem como objetivo contribuir para essa discussão
e auxiliar na formulação de políticas para uma Agenda de Competitividade.
Os setores da CNAE a três dígitos foram classificados segundo a intensidade
tecnológica e depois agregados em 4 grupos: baixa, média baixa, média alta e alta intensidade
tecnológica. Para tanto, foram utilizadas duas metodologias distintas: Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) e Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). A metodologia do IBGE reflete melhor a realidade brasileira com
relação ao conteúdo e aos esforços inovativos e tecnológicos. Já a metodologia da OCDE
tem como vantagem principal permitir comparações internacionais.
A Tabela 2.5 fornece indicadores da metodologia da OCDE. Com relação à
intensidade tecnológica da estrutura de produção paulista, observa-se uma
distribuição relativamente semelhante dos setores de baixa (28,4%), média baixa
(31,2%) e média alta (30,7%) no total do VTI paulista em 2005. Já o grupo de setores
de alta intensidade tem uma participação bem menor (9,8%), embora bastante superior
ao restante do Brasil (4,8%). São Paulo concentrava 57,6% do VTI dos setores de alta
intensidade tecnológica em 2005. Somadas as participações dos grupos de média

16

cp-cap2 - ipt.p65 16 18/12/2008, 15:10


2. O Desempenho Recente da Indústria Paulista

alta e alta intensidade tecnológica, eles representavam 40,5% do VTI paulista em


2005, contra apenas 23,5% no restante do país, corroborando a afirmação de
que a estrutura produtiva paulista tem um maior grau de sofisticação tecnológica.

Tabela 2.5: Participação no VTI das Estruturas Industriais do Brasil, São Paulo e
Brasil sem São Paulo, segundo Grupos de Intensidade Tecnológica (OCDE) entre
1996 e 2005 (em %)
Participação dos grupos de intensidade tecnológica no VTI do Brasil
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. Baixa Intensidade 41,8 41,4 42,0 41,6 38,7 40,0 40,4 40,1 39,1 39,4
2. Média Baixa Intensid. 22,7 22,4 22,9 24,7 28,3 26,5 27,0 28,9 28,8 30,3
3. Média Alta Intensid. 26,9 27,5 26,5 24,9 23,8 24,3 24,3 24,3 25,1 23,5
4. Alta Intensidade 8,6 8,7 8,6 8,8 9,2 9,2 8,2 6,7 7,0 6,8
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Participação dos grupos de intensidade tecnológica no VTI de São Paulo
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. Baixa Intensidade 33,5 33,1 32,7 32,2 29,8 29,9 29,8 29,6 28,1 28,4
2. Média Baixa Intensid. 21,5 21,4 21,3 23,9 27,3 26,0 27,8 29,3 29,3 31,2
3. Média Alta Intensid. 34,4 34,4 34,2 31,0 29,8 30,9 30,8 31,5 32,2 30,7
4. Alta Intensidade 10,6 11,1 11,8 12,9 13,1 13,2 11,6 9,6 10,5 9,8
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Participação dos grupos de intensidade tecnológica no VTI do Brasil (exceto São Paulo)
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. Baixa Intensidade 50,0 49,5 51,0 49,7 46,0 47,8 48,3 47,4 46,5 46,8
2. Média Baixa Intensid. 23,8 23,5 24,6 25,5 29,1 26,9 26,5 28,6 28,5 29,7
3. Média Alta Intensid. 19,5 20,7 19,1 19,6 18,8 19,2 19,5 19,4 20,4 18,7
4. Alta Intensidade 6,7 6,2 5,4 5,3 6,1 6,1 5,8 4,7 4,6 4,8
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Participação de São Paulo no VTI por grupo de intensidade tecnológica
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. Baixa Intensidade 39,5 39,7 38,4 35,8 34,4 33,0 31,3 30,2 28,9 28,9
2. Média Baixa Intensid. 46,9 47,2 45,7 44,7 43,1 43,1 43,6 41,4 40,9 41,3
3. Média Alta Intensid. 63,2 62,1 63,6 57,7 56,2 55,9 53,8 53,0 51,6 52,3
4. Alta Intensidade 60,7 63,7 68,0 67,9 63,7 62,9 59,6 58,6 60,3 57,6
Total 49,4 49,6 49,3 46,3 44,8 44,0 42,4 40,9 40,3 40,1
Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da PIA/IBGE.

17

cp-cap2 - ipt.p65 17 16/12/2008, 16:44


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Dependendo das metodologias utilizadas (IBGE ou OCDE), que diferem


quanto à classificação de alguns setores, a estrutura produtiva paulista sofreu ou
não um processo de empobrecimento tecnológico no período entre 1996 e 2005. No
entanto, em ambas as metodologias, São Paulo aparece sempre com uma intensidade
tecnológica muito superior à brasileira.
Pela metodologia da OCDE, em 1996, os setores de média alta e alta
intensidade tecnológica representavam 45% da pauta paulista, contra os 40,5% em
2005. Entretanto, se utilizar a classificação do IBGE, como mostram os dados da
Tabela 2.6, os grupos de média alta e alta intensidade tecnológica em São Paulo
ganharam espaço, refletindo um upgrade tecnológico. Observe-se que a participação
relativa de São Paulo na pauta brasileira cresce quanto maior é a intensidade
tecnológica para as duas metodologias: baixa (28,9% e 28,2%), média baixa (41,3%
e 40,6%), média alta (52,3% e 51%) e, finalmente, alta intensidade tecnológica
(57,6% e 48%).
Outra tendência importante observada no período é que a queda de
participação de São Paulo no VTI foi proporcionalmente menor quanto maior a
intensidade tecnológica. Como visto, o produto industrial paulista representava 49,4%
do VTI brasileiro em 1996, caindo para 40,1% em 2005. No setor de alta intensidade
essa queda foi muito menor: de 60,7% para 57,6%. Entretanto, no grupo de média
alta, a queda foi bastante significativa (63,2% para 52,3%) devido ao desempenho
do setor automobilístico (classificado como de média alta intensidade tecnológica
na OCDE e por alta intensidade tecnológica no IBGE). Assim, se a metodologia
utilizada for a do IBGE, as quedas são mais significativas. No caso do setor de alta
intensidade tecnológica, a redução seria de 60,3% em 1995 para 48% em 2005,
devido ao desempenho do setor de refino de petróleo, que aparece classificado
como setor de elevada intensidade tecnológica (mas classificado como de média
baixa intensidade tecnológica na OCDE) e do setor automobilístico.

18

cp-cap2 - ipt.p65 18 16/12/2008, 16:44


2. O Desempenho Recente da Indústria Paulista

Tabela 2.6: Participação no VTI das estruturas industriais do Brasil, São Paulo e
Brasil sem São Paulo, segundo Grupos de Intensidade Tecnológica (IBGE) entre
1996 e 2005 (em %)
Participação dos grupos de intensidade tecnológica no VTI do Brasil
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. Baixa Intensidade 35,4 35,6 35,7 34,6 31,7 33,1 32,9 33,2 32,6 34,1
2. Média Baixa Intensid. 22,1 22,3 22,7 22,3 22,0 21,6 22,7 23,0 23,4 22,3
3. Média Alta Intensid. 18,3 18,1 18,0 19,3 17,4 16,9 17,3 17,5 17,3 16,0
4. Alta Intensidade 24,1 24,0 23,7 23,9 28,9 28,3 27,2 26,4 26,7 27,7
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Participação dos grupos de intensidade tecnológica no VTI de São Paulo
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. Baixa Intensidade 28,7 28,9 27,9 27,0 24,5 24,6 24,1 24,3 22,3 24,0
2. Média Baixa Intensid. 20,7 20,7 20,7 21,2 20,6 20,1 21,0 22,0 23,2 22,6
3. Média Alta Intensid. 21,1 21,2 21,2 22,5 20,4 19,8 20,8 22,1 21,0 20,3
4. Alta Intensidade 29,5 29,2 30,2 29,3 34,5 35,4 34,2 31,6 33,4 33,1
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Participação dos grupos de intensidade tecnológica no VTI do Brasil (exceto São Paulo)
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. Baixa Intensidade 42,0 42,1 43,2 41,1 37,4 39,8 39,3 39,4 39,5 40,8
2. Média Baixa Intensid. 23,5 24,0 24,6 23,2 23,2 22,8 23,9 23,6 23,5 22,1
3. Média Alta Intensid. 15,6 15,1 14,9 16,5 15,0 14,6 14,7 14,3 14,8 13,1
4. Alta Intensidade 18,9 18,9 17,3 19,2 24,3 22,8 22,1 22,7 22,2 24,0
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Participação de São Paulo no VTI por grupo de intensidade tecnológica
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. Baixa Intensidade 40,1 40,3 38,6 36,1 34,7 32,7 31,1 29,9 27,6 28,2
2. Média Baixa Intensid. 46,2 46,0 44,9 44,1 41,8 40,9 39,3 39,2 39,9 40,6
3. Média Alta Intensid. 56,9 58,0 58,1 54,1 52,4 51,6 51,0 51,7 48,8 51,0
4. Alta Intensidade 60,3 60,4 62,9 56,7 53,5 55,0 53,3 49,0 50,4 48,0
Total 49,4 49,6 49,3 46,3 44,8 44,0 42,4 40,9 40,3 40,1
Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da PIA/IBGE.

19

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

20

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3. Diagnósticos Setoriais

3. Diagnósticos Setoriais

Esta seção apresenta, primeiramente, a justificativa de seleção dos 25 setores


industriais estudados - aeronáutico; autopeças; bebidas; bens de capital sob encomenda
para geração, transmissão e distribuição de energia; carne bovina; cimento;
componentes semicondutores; couro e calçados; defensivos agrícolas; equipamentos
médico-hospitalares e odontológicos; equipamentos de telecomunicação; farmacêutico;
fotônica; informática; máquinas-ferramenta; petróleo e gás; petroquímico; serviços
de telecomunicação; sistema agroindustrial da laranja; software; sucroalcooleiro; têxtil
e vestuário; transformados plásticos; veículos leves e pesados - a partir de indicadores
que demonstram sua importância econômica para o Estado de São Paulo.
Em seguida, são descritas a estrutura e a metodologia de realização do estudo
e, por fim, apresentam-se as sínteses das notas técnicas setoriais, bem como os
diagnósticos de cada setor, sistematizando seus principais gargalos, oportunidades
e demandas, em tabelas de acordo com as seguintes dimensões estratégicas de
atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação, Infra-estrutura e
Logística e Meio Ambiente.

3.1 Justificativa, Estrutura e Metodologia


A seleção destes setores industriais baseia-se na importância econômica
destes para a indústria paulista. Os 25 setores representavam, em 2005, 54,6% do
VTI, 55% do Pessoal Ocupado (PO) e 60% dos Salários em relação ao total da
indústria de transformação de São Paulo (Figura 3.1).
A fim de guiar os especialistas sobre os principais pontos a serem abordados
na elaboração dos diagnósticos setoriais e fornecer um quadro comparativo entre
os setores examinados foi estruturado um termo de referência cujos principais
elementos são apresentados a seguir.
1. Caracterização da Evolução da Estrutura e Competitividade do Setor/
Cadeia no Mundo:
• Quais são as principais características da estrutura produtiva do setor/
cadeia no mundo?

21

cp-cap3 - ipt.p65 21 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
VTI Pessoal Ocupado Salários

Total da Indústria SP/BR Indústria de Transformação SP/BR


25 Setores/Indústria Transformação SP
Figura 3.1: Participação da indústria paulista e dos 25 setores estudados, segundo VTI, Pessoal
Ocupado e Salários em 2005 (em %).
Fonte: PIA/IBGE – 2005.

• Qual é a evolução e perspectivas da estrutura produtiva e da competitividade


do setor/cadeia no mundo?
• Quais são as tendências tecnológicas mundiais do setor/cadeia nos próximos
anos?
• Quais são os fatores críticos de competitividade do setor/cadeia?
2. Caracterização da Evolução da Estrutura e Competitividade do Setor/
Cadeia no Brasil e no Estado de São Paulo:
• Quais são as características da estrutura produtiva do setor/cadeia no Brasil
e em São Paulo e a relativização entre ambos?
• Quais são os impactos da evolução da estrutura produtiva e da
competitividade no mundo sobre o setor/cadeia no Brasil e em São Paulo?
• Qual é a distribuição espacial da produção em São Paulo?
• Qual é o papel de São Paulo nos fatores críticos de competitividade do
setor/cadeia, tais como economias de escala e de aglomeração, papel da
inovação e diferenciação de produtos, custo e qualificação da mão-de-

22

cp-cap3 - ipt.p65 22 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

obra, políticas públicas e infra-estrutura existente, estrutura de fornecimento


regional e importância da demanda paulista?

3. Principais desafios e oportunidades para o setor:


• Quais são os rumos desejáveis para o setor industrial paulista em questão,
diante do quadro nacional e internacional para esse setor/cadeia?
• Quais são as principais dificuldades para elevar a competitividade do setor/
cadeia em São Paulo?
• Quais são os principais objetivos de médio e longo prazo que deveriam ser
estabelecidos para o setor/cadeia industrial paulista em questão?

A metodologia do estudo resultou na análise dos dados disponíveis em fontes


primárias e secundárias. Primeiramente, foi construído um banco de dados com
indicadores setoriais padronizados, a partir das principais fontes nacionais e
internacionais publicamente disponíveis, que subsidiou as análises dos consultores
setoriais e o trabalho de consolidação dos resultados da pesquisa. Foram
disponibilizados dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA/IBGE) ou Pesquisa Anual
de Serviços (PAS/IBGE); informações de comércio exterior relativas a exportações,
importações e saldo comercial das cadeias, fornecidas pela SECEX/MDIC; dados
de emprego do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS/MTE); informações
sobre inovação disponíveis na Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC/IBGE)
e dados sobre fluxos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) nas cadeias produtivas
selecionadas. Além dessas informações disponíveis no banco de dados, os consultores
analisaram dados setoriais de outras bases de dados do setor e de dados de
associações de classe e organizações internacionais.
Os consultores setoriais, a partir dessas informações, coletaram informações
também em fontes primárias por meio da realização de entrevistas nas principais
empresas do setor, no intuito de mapear os principais gargalos, desafios e
oportunidades em termos da competitividade da cadeia produtiva no Estado de São
Paulo. Tanto o diagnóstico setorial como as políticas industriais propostas foram
discutidas em dois workshops de trabalho para a validação dos resultados do estudo
por empresários e agentes representativos do setor, entre eles associações de classe,
sindicatos, bancos e governo federal e estadual.
Na próxima seção são apresentadas as sínteses dos 25 diagnósticos setoriais,
fornecendo assim um panorama geral da competitividade da indústria paulista, suas
principais características econômicas e tecnológicas, bem como as oportunidades e
desafios à sua competitividade.

23

cp-cap3 - ipt.p65 23 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

3.2 Síntese das Notas Técnicas Setoriais


3.2.1 Aeronáutico
O mercado aeronáutico mundial pode ser dividido entre as áreas civil e militar,
que apresentam lógicas produtivas e dinâmicas econômicas diferentes, ambas
subdivididas em segmentos bastante estratificados. O padrão de concorrência da
indústria aeronáutica configura-se como um oligopólio em nível mundial, cuja
concentração vem aumentando nas últimas décadas e está fundamentalmente
centrado na contínua introdução de inovações tecnológicas e na necessidade de
grandes escalas de produção.
Devido à crescente complexidade tecnológica, que se reflete nos elevados
custos de desenvolvimento de novos produtos, as fabricantes de aeronaves têm se
concentrado nas atividades de projeto e montagem, demandando um amplo conjunto
de componentes e serviços de uma cadeia de fornecedores. Outra característica é
que, desde a sua origem, a evolução tecnológica da indústria aeronáutica é marcada
pela existência de projetos dominantes.
Estes projetos são capazes de modificar a trajetória tecnológica vigente,
obrigando as demais empresas a adotá-los. O Boeing 787 Dreamliner, em virtude
da incorporação de um conjunto de inovações revolucionárias, tende a ser o projeto
dominante para os próximos anos. No centro da revolução tecnológica pela qual
está passando a indústria aeronáutica mundial está o desenvolvimento de novos
materiais e a redução da utilização de combustível. Estas inovações modificam não
apenas o processo produtivo, mas também a maneira de se projetar uma aeronave.
Outra característica desta indústria no mundo é a participação historicamente
essencial do Estado, sendo observada tanto em programas de incentivo e apoio ao
desenvolvimento tecnológico quanto, em alguns casos, na coordenação do processo de
concentração. Entre as formas de atuação do Estado destacam-se o apoio às atividades
de P&D, o financiamento aos fabricantes e às vendas, nacionais e internacionais, os
incentivos e subsídios fiscais e tributários, a utilização do poder de compra do Estado,
particularmente no que se refere às encomendas de aeronaves militares, entre outras.
A produção aeronáutica brasileira está praticamente concentrada na
EMBRAER, que hoje ocupa a liderança no mercado mundial de jatos regionais,
consolidando-se como a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo.
Além da EMBRAER e de seus fornecedores, a indústria aeronáutica nacional é
formada por empresas que atuam em segmentos bastante específicos, como a
Helibrás localizada em Itajubá-MG (subsidiária da européia Eurocopter), e o grupo
nacional Aeromot, em Porto Alegre-RS.

24

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3. Diagnósticos Setoriais

Todas as unidades produtivas da EMBRAER e a maioria dos seus


fornecedores estão localizados no Estado de São Paulo, na região de São José dos
Campos e no município de Gavião Peixoto. Atualmente, a EMBRAER é o único
player global que o Brasil possui na área de alta tecnologia que vende mais de
90% de sua produção para o exterior.
O segmento de jatos regionais representa mais de 60% de seu faturamento,
valendo ressaltar que na crise do mercado de aviação comercial que marcou o
início desta década, o segmento de jatos regionais foi um dos menos afetados. A
empresa atua, também, na produção de aviões militares e executivos, tendo como
objetivo se tornar um dos grandes fabricantes de jatos executivos do mundo nos
próximos 10 anos e ampliar sua atuação no segmento militar, buscando diversificar
suas atividades.
Esta empresa também tem adotado uma estratégia de progressiva
internacionalização de suas atividades, na qual se destaca a constituição de uma
joint-venture com a chinesa AVIC II, a aquisição da empresa OGMA de Portugal
e a construção de instalações para a manutenção de aeronaves em sua unidade de
Nashville, nos EUA.
De maneira simplificada, os fornecedores da EMBRAER podem ser divididos
em dois grupos: parceiros de risco (todos estrangeiros) e empresas subcontratadas.
A maioria dos fornecedores da EMBRAER está localizada no exterior, o que traz
para a agenda de competitividade do setor a preocupação com o maior adensamento
interno da cadeia produtiva. Com este objetivo, a EMBRAER, em 2000, implantou
o Programa de Expansão da Indústria Aeroespacial Brasileira (PEIAB), tendo como
resultado a instalação de diversos parceiros de risco na região de São José dos
Campos, entre eles a Aernnova, Sobraer, Latecoère, C&D Interiors, Parker Hannifin,
Pilkington Aerospace.
Os fornecedores da EMBRAER que estão no Brasil apresentam uma relação
de alta dependência com a empresa, que é responsável por mais de 90% de suas
receitas. As empresas subcontratadas pela EMBRAER são, em geral, de pequeno
porte, com menos de 50 funcionários, porém altamente especializadas e com elevada
capacidade tecnológica em serviços de engenharia, usinagem e tratamento de
superfícies. Nos últimos anos, iniciou-se um processo de consolidação do setor,
destacando-se: a formação de um consórcio de pequenas e médias empresas voltado
para a exportação, denominado High Technology Aeronautics (HTA); a fusão de
três pequenas empresas do setor de usinagem, criando a Graúna Aerospace S.A.,
a maior fornecedora de capital nacional da EMBRAER; e, finalmente, a aquisição
da Autômata Indústria de Peças Ltda. pelo grupo alemão ThyssenKrupp.

25

cp-cap3 - ipt.p65 25 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Apesar de ser a empresa líder na fabricação de aviões regionais, a


EMBRAER apresenta uma escala empresarial pequena para o padrão mundial de
empresas aeroespaciais, além de concentrar quase 60% da sua produção em um
único segmento e em um único mercado: jatos regionais para a América do Norte.
Assim, a entrada de novos concorrentes no mercado de jatos regionais, como a
Sukhoi russa e a AVIC I chinesa, representa um risco de perda de mercado. Os
novos concorrentes, contudo, além de não terem experiência na comercialização
de aeronaves no ocidente, ainda estão na fase de projetos/testes.
Um aspecto importante a ser considerado para a competitividade da indústria
aeronáutica no Estado é que a elevada dependência desta indústria quanto às atividades
de P&D, em particular neste período de grandes mudanças tecnológicas, faz com
que as deficiências da infra-estrutura tecnológica se tornem ainda mais evidentes.
Destacam-se, também, as deficiências relacionadas ao financiamento das atividades
de P&D, particularmente no que se refere à P&D nas fases pré-competitivas.
Outro elemento relevante é que o setor demanda mão-de-obra altamente
capacitada e especializada, e há carência no Brasil desta mão-de-obra, o que deverá
se agravar com sua expansão e com a mudança em curso do padrão tecnológico.
Embora haja iniciativas importantes na formação e qualificação de engenheiros,
como é o caso do convênio entre a EMBRAER e o Instituto Tecnológico da
Aeronáutica (ITA), no âmbito do Centro de Desenvolvimento Tecnológico da
Aeronáutica (CDTA), há ainda dificuldades na implantação dos cursos técnicos e
especializados em aeronáutica próximos à indústria.
Deve-se também considerar que o grande prazo de maturação dos projetos
faz com que as condições de financiamento, particularmente dos investimentos,
sejam um dos elementos centrais para o desenvolvimento das pequenas e médias
empresas deste setor. Além disso, as estruturas tributárias brasileira e paulista não
favorecem a competitividade e a rentabilidade da indústria aeronáutica,
particularmente no que se refere aos fornecedores da EMBRAER.
Quanto às potencialidades e oportunidades da indústria aeronáutica no Estado
de São Paulo, pode-se apontar que o crescimento no mercado militar pode ser de
grande importância para a EMBRAER, não apenas para diversificar suas atividades,
mas como forma de acesso a tecnologias de ponta, que posteriormente poderão ser
aplicadas no mercado civil. Há também competência tecnológica e empresarial
para a criação de novas empresas que venham a atuar em nichos do mercado
aeronáutico, nos quais a EMBRAER deixou de atuar, seja devido tanto à baixa
escala quanto ao menor conteúdo tecnológico destas aeronaves. Finalmente, há
uma forte concentração de instituições de ensino voltadas para o setor aeronáutico

26

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3. Diagnósticos Setoriais

no Estado de São Paulo, particularmente na região de São José dos Campos - ITA,
USP, UNITAU, UNIVAP, UNIP, UFMG, além da FATEC.
O Quadro 3.1 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.1: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Aeronáutico
Setor Recursos Tecnologia e Inovação Regulação Infra-estrutura Meio
Humanos e Logística Ambiente

Aeronáutico • O setor demanda • Recursos próprios e • A maioria dos – –


mão-de-obra de parcerias estraté- fornecedores
altamente capaci- gicas são insuficientes, da empresa
tada e especiali- tendo necessidade de líder Embraer
zada; porém, há financiamentos ou está localizada
carência dessa recursos não reembol- no exterior,
mão-de-obra, o sáveis (prática interna- portanto, há a
que deverá se cional comum no setor). necessidade de
agravar caso • Os fundos e recursos maior adensa-
haja uma expan- atuais, como o Pró- mento da ca-
são do setor e Aeronáutica (BNDES) deia produtiva
com a mudança e o FNDCT CT-Aero- no âmbito do
em curso no pa- náutica (Finep), embora PEIAB -
drão tecnológico. fundamentais, também Programa de
• Dificuldades na não são suficientes. Expansão da
implementação • Risco tecnológico para Indústria
dos cursos espe- a Embraer: a) deficiên- Aeroespacial
cializados nas cias da infra-estrutura Brasileira.
FATECS. tecnológica e b) dificul-
dades no financiamento
das atividades de P&D

3.2.2 Automotivo (Autopeças, Veículos Leves e Veículos Pesados)


O setor automotivo é um importante produtor e um dos principais consumidores
e difusores, no sentido de boas práticas, de inovações tecnológicas e organizacionais.
Além disso, internacionalmente, o setor é um dos maiores em termos de geração de
renda, de empregos e de investimentos industriais. A cadeia automotiva brasileira
respondeu, em 2006, por 14,5% do PIB industrial, e gerou cerca de 106 mil empregos
diretos e 1,3 milhão indiretos. Seu faturamento líquido atingiu US$ 37,3 bilhões.
Na década de 1990, a cadeia automotiva mundial passou por importantes
transformações. O advento da chamada “modularidade”, na segunda metade dos
anos 1990, modificou as relações entre montadoras e fornecedores. As novas fábricas

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cp-cap3 - ipt.p65 27 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

brasileiras foram pioneiras neste processo, tornando o Brasil um campo de provas


privilegiado da indústria automobilística mundial.
Verificou-se que, recentemente, alguns dos projetos de veículos têm sido
sediados em países não centrais, como é o caso do Brasil, o que pode contribuir
para o enraizamento local do setor, atraindo novos investimentos e conferindo maior
importância estratégica para as operações localizadas no país. As perspectivas
futuras de crescimento do mercado estão concentradas nos países emergentes,
especialmente nos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). Além da China, que
atualmente é o 3º maior produtor, destaca-se o crescimento da produção em países
como Índia, México, Rússia, Turquia, República Tcheca e Tailândia.
O Brasil, como já observado, foi um dos países que mais recebeu novas
unidades industriais, juntamente com a modernização das unidades já existentes e,
considerando que seus investimentos foram disputados pelos estados brasileiros
com base na chamada “guerra fiscal” (associada a um movimento de busca por
redução de custos de mão-de-obra), resultou em uma desconcentração da produção
automotiva e de autopeças em relação a São Paulo.
Embora tenha tido sua participação na produção reduzida, o Estado de São
Paulo ainda concentra a maior parte das atividades tecnológicas e de engenharia
do setor, em função da disponibilidade de profissionais qualificados, de seus centros
de pesquisa, laboratórios, escolas técnicas e da presença dos centros de
desenvolvimento dos principais fabricantes de autopeças.
O setor automotivo, após a crise do início da década de 1990, foi alvo de
políticas públicas que estimularam seu crescimento, como a implantação da Câmara
Setorial, em 1992 e 1993, e a criação do Regime Automotivo, em 1995. Houve, na
mesma época, um processo de redução das atividades de desenvolvimento local com
a adoção da estratégia de produção de veículos mundiais montados sobre plataformas
globais. As especificidades do mercado brasileiro, contudo, em especial a legislação
do “carro popular” que concedia redução de Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) para veículos com cilindrada inferior a 1.0, fizeram com que as adaptações
locais e os produtos desenvolvidos no país fossem mais bem sucedidos no mercado
local do que os seus correspondentes, os chamados “veículos mundiais”. O etanol,
por sua vez, motivou o desenvolvimento local dos motores flex fuel. Atualmente,
todas as montadoras no país disponibilizam versões flex de seus modelos.
Vive-se, desde 2004, um novo período de crescimento da indústria de
veículos leves. Novos investimentos em novos produtos e aumento de capacidade
de produção e desenvolvimento estão sendo anunciados, tanto para o lançamento
de novos veículos quanto para a criação de centros de desenvolvimento no país.

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cp-cap3 - ipt.p65 28 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

Com relação ao setor de autopeças, os investimentos estão relativamente


estagnados, apesar da recuperação no período recente, não havendo anúncios de
investimentos de maior porte até o final de 2007. No entanto, cabe ressaltar que
ainda existem algumas oportunidades para a cadeia produtiva no Estado. Após a
fase de realocação da capacidade de produção, haveria também uma tendência de
realocação do desenvolvimento de produtos em países com menores custos de
engenharia, mas com razoáveis competências tecnológicas em desenvolvimento de
veículos, tais como o Brasil, México, Índia e Rússia. Assim, o recente crescimento
do mercado brasileiro é um importante fator de atração de atividades de engenharia.
Cresce a importância de desenvolver produtos específicos para os mercados
emergentes, criando oportunidades para que a engenharia brasileira ganhe projetos
de desenvolvimento voltados para estes países. Nesse caso, o conceito de sede de
projeto de produto é decisivo, pois o enraizamento da cadeia de fornecimento tem
relação direta com o local onde o projeto é desenvolvido e sediado. Nos modelos de
veículos cuja sede é o Brasil, ocorre maior participação de fornecedores locais.
Destaca-se ainda que um requisito importante para habilitar um determinado país
ou região a sediar o projeto de desenvolvimento de produto é, justamente, a existência
de infra-estrutura de pesquisa e inovação.
Por isso, a vantagem competitiva de São Paulo nestas atividades com maior
conteúdo de conhecimento é a disponibilidade de mão-de-obra qualificada, uma
forte base de fornecedores, além do mercado e dos fatores históricos que levam à
manutenção destas atividades de maior qualificação.
A capacidade de investimento das empresas de autopeças e seu fôlego em
termos de capital de giro são cada vez mais relevantes, seja para possibilitar a
obtenção de contratos de fornecimento, seja para dar uma maior segurança de
fornecimento, ou ainda, para permitir a absorção de custos referentes ao
desenvolvimento de produtos. Apesar disso, a principal fonte de financiamento no
setor de autopeças é o capital próprio, o que indica os limitantes para a realização
dos investimentos necessários ao aumento de escala.
Os fatores determinantes para que as montadoras selecionem seus forne-
cedores são: qualidade, capacidade financeira, capacidade de engenharia, qualifica-
ção do processo produtivo e histórico de fornecimento à indústria. Uma vez
homologado como fornecedor, o preço torna-se o critério final de escolha. Além
disso, os contratos possuem cláusula de “manutenção da competitividade” ao longo
da duração do contrato.
Para a consolidação do Brasil como um centro de desenvolvimento de
produtos é importante a existência de uma rede de prestadores de serviço de

29

cp-cap3 - ipt.p65 29 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

tecnologia, formada por centros de pesquisa, fornecedores de serviços de


engenharia de projetos, ferramentaria e fornecedores de autopeças e materiais
capacitados para atender às demandas das montadoras.
Os Quadros 3.2 e 3.3 apresentam os diagnósticos do setor, sistematizando
seus principais gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes
dimensões estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação,
Regulação, Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.2: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Veículos Leves e Pesados
Recursos Tecnologia Infra-estrutura MeioAmbiente
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística
Veículos • São Paulo tem • O Brasil apresenta – – •As questões de
Leves disponibilidade de capacitação tecno- reciclagem de
mão-de-obra qua- lógica e escala em materiais, do uso
lificada competitiva produtos menos de materiais
no plano interna- sofisticados, inclu- pesados e do
cional, embora sive está à frente no uso de combus-
insuficiente, princi- uso de motores flex. tíveis alterna-
palmente, em en- • Em São Paulo há tivos terão
genharia, que é infra-estrutura de crescente
mais cara do que institutos e labora- importância no
em outras regiões tórios de pesquisa. cenáro interna-
no Brasil. cional e
• É um setor que doméstico.
gera direta e indi-
retamente grande
número de empre-
gos, sendo parte
dele com alta
qualificação.
Veículos • Há insuficiência – – – •As questões de
Pesados de mão-de-obra reciclagem de
qualificada, espe- materiais e do
cialmente de uso de materiais
engenheiros. pesados e de
combustíveis
alternativos terão
crescente impor-
tância no cenário
internacional e
doméstico.
•No Brasil, os
controles atuais
de emissão
nesse setor são
menos rigorosos
do que em
veículos leves.

30

cp-cap3 - ipt.p65 30 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

Quadro 3.3: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Autopeças
Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

Autopeças • São Paulo apre- • Este setor é estreita- – – • Há crescentes


senta boa disponi- mente vinculado ao exigências com
bilidade de mão- setor automotivo, o relação à reci-
de-obra qualifica- qual se encontra no clagem de
da em relação início de um novo materiais e ao
ao Brasil, mas é ciclo de exportação; uso de materiais
insuficiente, prin- portanto, há neces- pesados.
cipalmente de sidade de investi-
engenheiros, para mento, de amplia-
atender às cres- ção da capacidade
centes necessida- de produção e de
des do setor. incorporação de
tecnologias e
produtos.
• Este setor registra
elevada capacitação
tecnológica e precisa
manter-se na fron-
teira de tecnologia
internacional.

3.2.3 Bebidas
O estudo sobre a competitividade do setor de bebidas teve como foco os
seus quatro principais segmentos: água envasada, refrigerante, cerveja e aguardente
de cana. Os segmentos de refrigerante e cerveja respondiam por mais de 90% do
faturamento total do setor em 2005. Por sua vez, os segmentos produtores de água
envasada e de aguardente de cana representavam cerca de 5% do faturamento
total deste setor no mesmo ano.
No setor de bebidas, o principal fator de competitividade é a proximidade dos
centros consumidores e a logística, especialmente a ampla e moderna malha
rodoviária. Também em razão da necessidade de proximidade do mercado
consumidor, o comércio exterior de produtos do setor é pequeno.
O mercado brasileiro de águas envasadas cresceu a uma taxa média de
15% ao ano desde 1990. Embora o consumo per capita médio brasileiro seja
relativamente baixo (30 litros/ano), em São Paulo, que concentra 40% da produção
brasileira, ele atinge cerca de 75 litros/ano. Uma das características do segmento
de água envasada é a diferenciação de produtos por meio de embalagens e sabores

31

cp-cap3 - ipt.p65 31 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

variados. Essas características podem ser empregadas como fator de com-


petitividade do segmento.
Já em relação às dificuldades enfrentadas pelas empresas do segmento de
águas, vale destacar a demasiada burocracia para se regularizar e iniciar a produção
de água mineral. Essa excessiva burocracia ocorre tanto em nível estadual (CETESB),
quanto em nível federal (Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM –
órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, responsável pela autorização de
exploração da água em território nacional, com apoio dos órgãos estaduais).
Na produção de refrigerantes, destaca-se, em primeiro lugar, a região Sudeste,
com 43% dos produtores do país; em segundo e terceiro lugares, as regiões Norte
e Nordeste, com 22% do total de produtores de refrigerantes do Brasil. O elemento-
chave para a competitividade do segmento é a logística, fundamentada na distância
do mercado consumidor, reforçando a necessidade de boas condições de infra-
estrutura de transporte para sua redução de custos.
Entre os desafios estão as questões ambientais e a distribuição da carga
tributária. As empresas envasadoras têm buscado melhorar seus processos
produtivos e reduzir o consumo e o desperdício de água, além da preocupação em
aplicar os recursos para o tratamento de efluentes, água, energia elétrica e
reciclagem. Outra questão importante diz respeito à reciclagem de embalagens e
aos maiores investimentos em embalagens biodegradáveis.
O outro desafio relevante diz respeito à carga tributária, que é propor-
cionalmente mais onerosa aos pequenos produtores de refrigerantes, já que estes
pagam o mesmo montante dos grandes fabricantes. Isso induz algumas empresas à
ilegalidade e a práticas de concorrência desleal, oferta de produtos de qualidade
questionável e sonegação de impostos.
Com relação à qualidade dos refrigerantes, ressalta-se a insuficiência do
controle de qualidade por parte dos órgãos do Estado, especialmente dos produtos
regionais, como as “Tubaínas”.
A produção de cervejas no Brasil está fortemente concentrada nos Estados da
região Sudeste (53,9% da capacidade de produção brasileira). A região Nordeste fica
com 19,6% da produção nacional e a Norte tem a menor participação, com apenas
4,9%. Dentre os Estados, por sua vez, destacam-se São Paulo (35% da produção
total), Rio de Janeiro (17%), Bahia e Rio Grande do Sul (6%) e Pernambuco (4%).
Apesar de São Paulo e Rio de Janeiro destacarem-se na produção brasileira
de cervejas, nota-se uma tendência de modificação nesta distribuição em função
da busca das empresas pelo atendimento aos mercados mais distantes do centro

32

cp-cap3 - ipt.p65 32 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

econômico do país, com a abertura de cervejarias da Schincariol no Maranhão, em


2002, em Pernambuco e Goiás, em 2003, e no Paraná e Rio Grande do Sul, em
2005. No entanto, mesmo com a acelerada expansão nos mercados de outros
Estados, São Paulo mantém a hegemonia deste segmento por ser o maior mercado
consumidor. O elemento-chave para a competitividade do segmento também é a
logística, e o fator preponderante para a atração e manutenção de investimentos é
a proximidade do mercado consumidor.
Vale ressaltar que há algumas importantes tendências e perspectivas
tecnológicas na indústria cervejeira que contribuem para sua competitividade, como
o aumento da busca por redução de desperdícios, a reciclagem, a redução do
consumo de água na fabricação da cerveja e o uso da borra de cerveja para fabrica-
ção de ração animal e geração de energia.
A aguardente de cana é a segunda bebida alcoólica mais consumida no país,
perdendo apenas para a cerveja, e a terceira bebida destilada em consumo no
mundo, ficando atrás da vodca e do soju, esta última com consumo elevado na
Ásia. A produção brasileira é estimada em cerca de 1,3 bilhão de litros por ano,
gerando faturamento de cerca de US$ 500 milhões. Da produção total, cerca de
65% correspondem às aguardentes industriais, enquanto o restante são as chamadas
cachaças de alambique.
A aguardente vem ganhando espaço de forma crescente nos mercados
internacionais. As exportações brasileiras do produto têm se expandido
significativamente desde 2000, embora ainda correspondam a menos de 2% da
produção nacional do produto. Segundo Verdi (2006), São Paulo representou cerca
de 60% do valor das exportações do produto entre 2003 e 2005. De acordo com o
Ministério da Agricultura, com a ampliação da entrada da cachaça em novos
mercados, espera-se que as exportações cheguem a US$ 40 milhões em 2010.
São Paulo apresenta presença marcante no cenário nacional da produção de
aguardente. Contudo, o grande obstáculo do segmento é a falta de organização entre
os pequenos produtores, levando à prática de concorrência desleal entre as empresas
e à elevada informalidade. Uma das iniciativas do Estado de São Paulo que contribuiu
para a agregação de valor ao produto foi a criação do selo da “Cachaça Paulista”, em
2006. É importante que exista um trabalho de sensibilização junto aos produtores do
segmento, em termos de organização do setor, para que a atividade produtiva da
cachaça se enquadre nas especificações exigidas pelo selo a fim de que essa iniciativa
realmente gere um diferencial para a competitividade da indústria paulista.
O Quadro 3.4 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões

33

cp-cap3 - ipt.p65 33 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Quadro 3.4: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Bebidas
Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

Bebidas •Salários mais •Ausência de institui- •Falta de orga- • O principal • Reciclagem e


elevados que o ção de pesquisa nização dos fator de com- redução do
restante do país, para análise e produtores de petitividade é consumo da
mas a mão-de- assistência tecno- cachaça nos a proximida- água são ativi-
obra local é bem lógias às empresas. padrões de de dos cen- dades que
qualificada e em •Tendências tecno- qualidade tros consu- estão sendo
quantidade sufi- lógicas no segmento exigidos. midores e a feitas com uso
ciente. de cerveja: redução logística de novas
•Entre as funções do consumo de (especialmente tecnologias.
e formações mais água, reciclagem e boas • Uso da borra
demandadas utilização da borra estradas). da cerveja para
estão: técnicos e de cerveja para • Transporte e fabricação de
tecnólogos em produzir rações e logística pos- ração animal e
eletrônica, mecâ- gerar energia; meca- suem peso geração de
nica, processos nização produtiva, considerável, energia.
industriais e outros com minimização em especial • Demasiada
(para chão de da importância do no custo de burocracia para
fábrica); engenhei- mestre cervejeiro; distribuição. iniciar produção
ros de produção redução do tempo de água mine-
(para manufatura); de maturação/fer- ral por razões
engenheiros de mentação e altera- ambientais.
alimentos e quími- ção do mix de
cos (ambos para cereais, sem alterar
controle de quali- o sabor; possibilida-
dade e amostra- de da introdução de
gens); farmacêu- processo de produ-
ticos (também para ção contínua apare-
controle de quali- cendo como uma
dade e amostra- vantagem compe-
gens). titiva futura.
•Falta de formação •Características tec-
de mestres cerve- nológicas no seg-
jeiros. mento de águas
envasadas: existên-
cia de economias de
escala não desprezí-
veis (em distribuição
e compra de maté-
rias-primas); diferen-
ciação de produtos
através do design
de embalagens e da
introdução de águas
funcionais (adiciona-
das de nutrientes,
entre outras) e fla-
vorizadas.
•Aspectos tecnológi-
cos no segmento de
aguardente de cana:
introdução de certifi-
cação e exigências
técnicas.

34

cp-cap3 - ipt.p65 34 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,


Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

3.2.4 Bens de Capital sob Encomenda para Geração,


Transmissão e Distribuição de Energia
O setor de bens de capital sob encomenda para geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica é composto principalmente por geradores, turbinas,
transformadores de potência e disjuntores. Estes equipamentos são os principais em
termos de valor da produção, mas não em intensidade tecnológica (ainda que estes
quatro equipamentos sejam produtos de tecnologia complexa, porém, madura e estável).
No Brasil, especificamente no Estado de São Paulo, estão instaladas quase
a totalidade dos fornecedores de equipamentos para o setor elétrico, e existe
concorrência, ainda que oligopólica, em vários segmentos. A cadeia produtiva deste
setor também é relativamente densa, já que parcela significativa dos insumos e
partes mais sofisticadas provém do mercado interno.
A agenda atual do setor elétrico no Brasil compreende investimentos de
forma a harmonizá-los com o cenário de longo prazo para o desenvolvimento do
país. No cenário internacional, o contexto também é de investimentos na geração
de energia elétrica, principalmente na China, Índia, Rússia, e na reconstrução do
Iraque e Afeganistão. No âmbito estadual, destaca-se o estímulo à co-geração de
energia, principalmente a originada em usinas de açúcar e álcool.
O setor encontra-se, tanto nacional como internacionalmente, em um momento
de elevada utilização de capacidade instalada. Isto representa oportunidades para
novos investimentos produtivos e também para que se transfira a produção de
equipamentos para o Brasil, visando atender à demanda elevada. Por outro lado,
isto implica na necessidade de coordenação do setor produtivo com os distribuidores
e grandes consumidores, entre outros, para que, passado o ciclo de investimentos
em geração de energia elétrica, mantenha-se uma utilização mínima da capacidade
instalada, a fim de evitar o fechamento de unidades produtivas.
As empresas brasileiras, e principalmente paulistas, destacam-se na geração,
transmissão e distribuição de hidroeletricidade em grandes distâncias, tanto em qualidade
quanto em quantidades produzidas, assim como internalizam boa parte da pesquisa e
desenvolvimento. O setor, desde a década de 1990, vem passando por movimentos
internacionais de fusões e aquisições. Os grandes players do setor buscam as vantagens
das economias de escala e escopo, o que resulta em ganhos de produtividade, financeiros
e vantagens no atendimento das necessidades de clientes.

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cp-cap3 - ipt.p65 35 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

No Brasil, há quatro fabricantes de turbinas hidráulicas: Alstom, G.E. Hydro


Inepar (GEHI), VA Tech e Voith-Siemens. Os geradores também são produzidos
por elas, pois a produção e desenvolvimento destes equipamentos estão normalmente
interligados com a de turbinas hidráulicas. As turbinas e geradores para
termoelétricas a combustível sólido são fabricados no Brasil pela Alstom, NG, TGM,
Dresser Rand e Texas. Os transformadores de potência são produzidos no Brasil
pela ABB, Siemens, Toshiba, Areva e Weg; e, por fim, os disjuntores são montados
com índices de nacionalização muito menores no país, pela Siemens e Alstom.
A maioria destas empresas mantém unidades produtivas no Estado,
respondendo por 56% do valor da produção nacional no setor de bens de capital
sob encomenda para o setor elétrico, em 2005. É importante destacar que esta
participação no valor produzido já foi mais elevada, chegando a 63% do total.
Entretanto, a queda da participação de São Paulo se justifica, em grande parte,
mais pela instalação de outras unidades produtivas fora do Estado do que pela
perda efetiva de unidades para outros estados, já que o valor absoluto da produção
cresce tanto em São Paulo como no restante do país.
Diante disto, o setor de bens de capital sob encomenda para geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica paulista, para se manter competitivo,
necessita enfrentar as questões relativas à coordenação entre agentes públicos e
privados responsáveis pelo planejamento no setor. O Estado pode agir para a
integração entre os interesses dos responsáveis pela produção, distribuição e
consumo de energia elétrica, evitando-se descompassos entre as necessidades dos
setores demandantes e a capacidade de oferta dos setores produtores. O Estado
pode atuar, ainda, na consolidação de um marco regulatório para o setor energético
e na implantação de um sistema alternativo eficiente de co-geração de energia
elétrica, principalmente utilizando matéria-prima vegetal. Talvez a questão mais
relevante para a competitividade do setor em São Paulo esteja relacionada à logística
de transporte, já que representa custos excessivos comparativamente ao padrão
dos custos internacionais.
Deve-se destacar que o setor é dominado por grandes empresas, que
atuam globalmente dentro de estratégias definidas. Estas empresas decidem
em que países vão realizar a produção, de modo a otimizar seus ganhos. Assim,
buscam vantagens relativas à produtividade de mão-de-obra, logística, custos
de transporte, vantagens fiscais e de financiamento entre outras. As ações
públicas para atrair a produção para o Estado de São Paulo, dadas estas carac-
terísticas das grandes empresas, são, em geral, ações horizontais que benefi-
ciariam também outros setores.

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cp-cap3 - ipt.p65 36 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

O Quadro 3.5 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais


gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.5: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Bens de Capital sob Encomenda para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia
Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

Bens de • Necessidade de • Participação • Difícil apro- • Necessidade • Expansão da


Capital sob treinamento de relativamente priação e de melhorias geração de ele-
Encomenda pessoal técnico importante das compensação em infra-es- tricidade por
para Geração, (3 anos para filiais brasileiras de créditos trutura e com- meio de
Transmissão engenheiro e 1 em adaptações/ de tributação patibilização co-geração
e Distribuição ano para técnico). inovações em algumas desta com as (queima do
de Energia • Relativa escassez incrementais no operações, dimensões bagaço da
de mão-de-obra desenvolvimento aumentando dos produtos cana).
qualificada: requer tecnológico. os custos deste setor.
maior oferta • Financiamento/ para as • Infra-estrutura
através de uma crédito a empresas. de transpor-
maior interação produtores com tes e logística
entre empresas e maior conteúdo desempenha
universidades; nacional é papel acen-
maior facilidade importante para tuado para
na realização de estimular a competitividade.
estágios com as competitividade.
universidades, • O Brasil é
especialmente atualizado
para engenheiros tecnologicamente,
elétricos com exceção dos
(problema equipamentos para
mundial). a geração
termoelétrica de
maior porte e para
a co-geração
(produção
simultânea de
eletricidade e
calor).
• Em geral, a tecno-
logia básica dos
equipamentos é
desenvolvida no
exterior. Apenas
as mudanças
incrementais são
realizadas também
no Brasil.

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cp-cap3 - ipt.p65 37 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

3.2.5 Carne Bovina


A produção de carne bovina no Brasil cresceu significativamente devido
ao aumento da demanda doméstica e, principalmente, por causa do crescimento
do mercado internacional nos últimos anos. Os principais produtores mundiais de
carne bovina, segundo sua ordem de importância são: EUA, Brasil, China, União
Européia, Argentina, Índia e Austrália, os quais foram responsáveis por 82% da
produção mundial, em 2007. Os maiores produtores são também os maiores
consumidores: EUA, União Européia, China e Brasil, responsáveis, em 2007, por
70% do consumo mundial.
A liderança mundial, em termos de exportação, é ocupada pelo Brasil, seguido
da Austrália, Índia, EUA e Argentina, responsáveis por 75% das exportações
mundiais em 2007. Além disso, o Brasil destaca-se pelo espetacular crescimento
de suas exportações, de 52,4 mil toneladas, em 1997, para cerca de 2 milhões de
toneladas em 2007. Com isso, o país tornou-se o maior exportador mundial de
carne bovina (27% das exportações mundiais).
O aumento da oferta de carne bovina brasileira foi fortemente determinado
por mudanças tecnológicas nas atividades pecuárias, bem como pela modernização
do parque industrial brasileiro. Os maiores frigoríficos nacionais tornaram-se
importantes players no mercado internacional e passam, atualmente, por um
processo de internacionalização de suas atividades produtivas.
As principais regiões produtoras do país são: Centro-Oeste (35% do rebanho
nacional) e Norte (20%). O Estado de São Paulo conta com apenas 6% do rebanho
nacional, porém, foi responsável, em 2006, por 40% das exportações brasileiras de
carne bovina, ressaltando a característica exportadora de seu parque industrial.
Apesar do segmento industrial deste setor ainda estar concentrado no Estado
de São Paulo, a partir da década de 1980, cresceu significativamente o número de
empresas de abate e processamento que se instalaram nos estados das regiões
acima citadas, tanto dos grupos locais quanto das empresas provenientes de outros
estados, como São Paulo. A estratégia de localização do segmento de abate passou
a seguir o padrão norte-americano, deixando de estar próximo ao consumidor para
estar próximo à matéria-prima. No entanto, isso não significa que esteja havendo
um encerramento das atividades industriais no Estado de São Paulo. A indústria de
abate e processamento de bovinos no Estado encontra-se mais diversificada e agrega
mais valor aos seus produtos do que nos demais estados. Nesse sentido, um grande
volume de capital encontra-se imobilizado sob a forma não apenas de unidades de
abate, mas também em instalações de desossa e processamento da carne, produção
de couros, artigos de higiene, embalagens e outros, além de laboratórios de P&D.

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3. Diagnósticos Setoriais

Diante desse cenário, as principais oportunidades do setor de carne bovina


no Estado consistem na ampla disponibilidade de infra-estrutura de C&T&I
(universidades e centros de pesquisa) dedicada à pesquisa em diversas áreas da
cadeia e que também abriga recursos humanos para difusão tecnológica e formação
de profissionais; na ampla oferta de serviços de assistência técnica e difusão
tecnológica fornecidas pelo setor privado (profissionais autônomos, empresas de
consultoria e fabricantes de insumos); no parque industrial relativamente moderno,
notadamente em frigoríficos habilitados para exportação; na proximidade do maior
e mais rico mercado consumidor do país, gerando uma demanda expressiva, não
apenas para produtos de alta qualidade e mais elaborados, como também para
produtos de menor valor agregado; na infra-estrutura logística (capilaridade e
qualidade da malha viária permitem reduzir custos e tempo de transporte,
contribuindo para sustentar a qualidade de produtos e matéria-prima); nas políticas
sanitárias que têm sido mapeadas e, ainda que lentamente, implantadas no âmbito
da Secretaria da Agricultura (projeto “Sanidade Risco Zero”) e nas ações de
organizações de produtores.

No entanto, o setor ainda enfrenta alguns desafios importantes, como os


preços relativamente mais elevados da terra, das forrageiras e dos animais de
reposição em comparação às regiões Norte e Centro-Oeste; a dependência de
importação de animais de outros Estados, o que aumenta os custos devido aos
mecanismos de tributação existentes e torna São Paulo dependente dos sistemas
de controle sanitários aplicados fora de seu território; a concorrência com outras
culturas, especialmente a de cana-de-açúcar, que têm oferecido maior
rentabilidade e avançado sobre áreas de pastagens. Ademais, a “guerra fiscal”
tem prejudicado a competitividade da cadeia de carne bovina em São Paulo,
pois os frigoríficos e pecuaristas paulistas são dependentes da compra de gado
em estados vizinhos, tendo custo de aquisição mais elevado por conta da alíquota
de ICMS maior nas operações interestaduais. E por fim, embora a infra-estrutura
logística do Estado de São Paulo esteja entre as melhores do país, a exportação
pelo Porto de Santos enfrenta gargalos no acesso e nos terminais de contêineres
e lentidão na liberação de cargas, o que também diminui a competitividade do
setor no Estado.

O Quadro 3.6 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais


gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

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Quadro 3.6 - Diagnósticos setoriais sistematizados por
dimensões estratégicas: Carne Bovina

COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Quadro 3.6: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Carne Bovina
Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

Carne bovina • Ampla disponibili- • Disponibilidade de • Não há • Infra-estrutura


dade de infra-es- linhas de financia- padronização de transporte
trutura em univer- mento/crédito para do corte de e logística
sidades e centros modernização e carne (feito tem muita
de pesquisa dedi- implantação de por máqui- importância;
cados a diversas sistemas mais in- nas a laser): por isso há a
áreas pertinentes tensivos são rele- desvantagem necessidade
e existência, nes- vantes. internacional. de melhorar
sas instituições, • Marco regu- a eficiência
de recursos hu- latório: leis do porto de
manos para a di- que reduzam Santos.
fusão tecnológica riscos sani- • Descompas-
e a formação de tários são so entre exi-
profissionais, bem importantes gências sani-
como pela oferta para atração tárias do
de serviços pri- de investi- mercado e
vados de assis- mentos. resposta
tência técnica. • As exporta- rápida dos
• Os frigoríficos ções brasi- órgãos
processadores leiras e pau- públicos.
são dotados de listas per- • Inspeção
tecnologias mo- dem para deficitária
dernas e pos- Argentina e das unidades
suem mão-de- Austrália em de abate e
obra qualificada. agregação processa-
• É preciso aumen- de valor; ne- mento.
tar a oferta de cessidade • Projeto SP
mão-de-obra de padroniza- “Sanidade
qualificada em ção do corte Risco Zero”
áreas como su- de carnes e (2005): com-
pervisores e téc- criação de bate ao abate
nicos de carne. novos cortes clandestino e
de porciona- adoção de
dos. tecnologia de
• O Estado es- informação
tá fora da para rastrea-
União Euro- bilidade.
péia por • Aumento nas
causa de unidades de
problemas produção de
relacionados biocombustíveis
à rastreabili- e biogás,
dade; neces- geradores de
sidade de crédito de
melhorar a carbono.
fiscalização
das proprie-
da des de
gado.

40

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s por

3. Diagnósticos Setoriais

3.2.6 Cimento
O cimento é um produto de intensa utilização na construção civil, o que
confere à indústria cimenteira uma grande importância no cenário econômico. Trata-
se de um setor caracterizado pelo grande consumo de energia, pela intensividade
em capital fixo e pela propensão a apresentar economias de escala.
As economias de escala, a grande quantidade de capital imobilizado, a
presença de capacidade ociosa e a vantagem competitiva proporcionada pela
proximidade de insumos minerais constituem barreiras à entrada de novos
produtores. Os efeitos destas barreiras sobre as condições de concorrência são
potencializados pelo alcance regional do mercado relevante. Os custos de transporte
limitam o raio de comercialização de um produto de valor unitário baixo e com
pouca durabilidade em condições de armazenamento. Isto também explica o baixo
valor das trocas internacionais no setor.
A indústria de cimento é tecnologicamente madura, com poucas inovações
de produto. As inovações mais significativas têm ocorrido nos processos
produtivos e nos bens de capital, ou seja, as principais inovações encontram-se
na cadeia de fornecedores de equipamentos com melhorias no processo
produtivo. Ainda que nas empresas líderes mundiais os esforços tecnológicos
sejam modestos, as oportunidades para inovações não devem ser desprezadas,
já que estão surgindo novas rotas tecnológicas a partir da utilização de
nanotecnologias em cimento e do advento de produtos com características
diferentes e adequados a finalidades específicas.
O consumo mundial de cimento aumentou a uma taxa anual de quase 5%,
entre 1992 e 2005. O crescimento, entre 2001 e 2005, acelerou-se e atingiu 7,8%.
A China, o maior responsável por esse dinamismo, contribuiu com 68% do aumento
do consumo naquele período e demandou 45% do cimento produzido no mundo, em
2005. A Índia é o segundo foco de crescimento em um mercado em que os países
em desenvolvimento apresentam relevância muito maior do que habitualmente têm
na economia mundial.
As empresas líderes mundiais têm um perfil bem focalizado em cimento e,
secundariamente, na produção de concreto e agregados (areia e brita). Depois de
um processo de concentração e internacionalização, os seis maiores grupos
produtores de cimento controlam, atualmente, cerca de 40% da capacidade de
produção no mundo, excluindo-se a China. Em um setor em que o comércio
internacional é estruturalmente restringido, a internacionalização das empresas foi
o caminho para que o crescimento das empresas de cimento se mantivesse.

41

cp-cap3 - ipt.p65 41 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

A produção brasileira de cimento cresceu, entre 1990 e 2005, a uma taxa


anual de 2,7%, abaixo da média mundial. Com isso, a participação do país no total
mundial regrediu de 2,2% para 1,7%. O crescimento da produção esteve concentrado
no período 1994-1998 e foi seguido de uma retração, revertida apenas a partir de
2004. A intensificação do consumo em 2007 teria levado à produção recorde de
46,7 milhões de toneladas. O aumento do consumo interno em períodos de
crescimento econômico é evidência de que o mercado de cimento, no Brasil,
apresenta considerável elasticidade-renda.
Seis dos dez grupos cimenteiros que atuam no Brasil têm fábricas no Estado
de São Paulo e os outros quatro estão em condições de atender pelo menos algumas
áreas do Estado. Portanto, no caso de São Paulo, a concorrência tende a ser mais
intensa, o que explica o fato de os preços do cimento no Estado estarem entre os
mais baixos do país. São Paulo reduziu sua participação na produção nacional de
cimento entre 1995 e 2006. Esse recuo na parcela paulista pode ser explicado
basicamente pela menor taxa de crescimento do consumo no Estado, que deve ter
ficado um ponto percentual abaixo da média nacional.
Os fabricantes internacionais têm adotado estratégias para diferenciação de
produto, diversificação horizontal, verticalização e internacionalização da produção.
As empresas paulistas tentam seguir estas estratégias em busca de ganhos de
eficiência e de mercados. A internacionalização de unidades produtivas tem sido
uma forma de expansão para alguns grupos nacionais, mas deve-se destacar que o
consumo per capita brasileiro ainda é baixo e o mercado interno ainda deve ser o
mais relevante. Entre os fatores relevantes para a competitividade do setor, pode-
se considerar que as empresas paulistas caracterizam-se por adotarem processos
de produção modernos, porém, a técnica de co-processamento de resíduos, que
produz benefícios competitivos e ambientais, ainda é inferior ao praticado nas
empresas líderes mundiais.
Entre os fatores críticos para a competitividade do setor em São Paulo,
constata-se que a ausência de boas jazidas de calcário começa a afetar o potencial
para novas unidades produtivas no Estado. Outro fator importante de
competitividade é a malha rodoviária e ferroviária, fundamental na concretização
das ligações entre as fábricas de cimento e indústrias siderúrgicas, para o transporte
de escória da siderurgia.
Também pode ser considerado um aspecto relevante para a competitividade
a oferta de energia de fontes alternativas, e, nesse sentido, a adequação da regulação
ambiental para queima de diversos tipos de resíduos como fonte de energia pode
ser mais uma ação benéfica à competitividade da indústria do cimento.

42

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3. Diagnósticos Setoriais

O Quadro 3.7 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais


gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.7: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Cimento
Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

Cimento • Os custos de • A indústria de cimen- – • Os custos • Inovações incre-


mão-de-obra são to é tecnologica- são afetados mentais signi-
uma desvanta- mente madura, por dificulda- ficativas com
gem para even- com deslocamento des de infra- ênfase em redu-
tuais possíveis lento da fronteira estrutura de ção do consu-
exportações. tecnológica, inova- transportes mo de energia e
• Necessidade de ções radicais pou- rodoviário e diminuição da
ampliar a oferta co freqüentes e ferroviário. emissão de car-
de engenheiros concentração das • Melhorar efi- bono.
(principalmente competências ino- ciência por- • O desempenho
mecânicos) e vativas críticas nos tuária que ambiental tem
técnicos bem fornecedores de dificulta ex- sido conside-
formados. equipamentos. Con- portações e rado adequado,
tudo, as oportunida- encarece “tanto pelo re-
des para inova- importações. sultado dos in-
ções incrementais • A indústria vestimentos pa-
não devem ser brasileira tem ra atenuar im-
desprezadas. relativamente pactos locais
• As fábricas brasilei- boa eficiência quanto pelo
ras adotam o pro- energética, baixo patamar
cesso de produção mas está das emissões
mais moderno e, aquém do de carbono”,
na média, não dife- aproveitamento que se bene-
rem em escala da de resíduos ficiam do uso
maioria dos con- para geração amplo, no caso
correntes. de energia. brasileiro, da
• Os recursos dedica- escória siderúr-
dos ao desenvolvi- gica.
mento tecnológico • Difusão da téc-
pela indústria de nica de co-pro-
cimentos no Brasil cessamento de
são modestos, resíduos nos
mesmo para os fornos: entretan-
padrões internacio- to, ainda inferior
nais desta indús- às melhores
tria, mas o forte re- práticas inter-
lacionamento com nacionais.
fornecedores inter-
nacionais de equipa-
mentos e as carac-
terísticas da dinâ-
mica tecnológica
setorial atenuam o
problema.

43

cp-cap3 - ipt.p65 43 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

3.2.7 Componentes semicondutores


A indústria de componentes eletrônicos, com destaque para o segmento de
semicondutores, é portadora de grande dinamismo industrial e tecnológico,
configurando-se como um elemento central da convergência digital e de outros
processos da fronteira tecnológica da indústria eletrônica e de telecomunicações.
O faturamento mundial da indústria de semicondutores, segundo a World
Semiconductor Trade Statistics (WSTS), foi de US$ 250 bilhões, em 2006, com
estimativas de crescimento a taxas acima de 10% ao ano. Este mercado é segmenta-
do por tipo de componente, sendo que os circuitos integrados representam 85% do
total, dos quais os componentes integrados lógicos e microprocessadores respondem
por 45%. Trata-se de uma indústria muito concentrada, dada a presença de barreiras
à entrada, de economias de escala de produção e de elevados investimentos em
P&D. As tendências tecnológicas do segmento apontam para o aumento na densidade
dos transmissores aliada à crescente miniaturização dos componentes.
A produção de semicondutores é segmentada nas atividades de concepção,
projeto do componente (fabless ou design house), difusão (foundries),
encapsulamento e testes. As empresas do setor, na sua maioria, atuam em segmentos
da cadeia produtiva de forma especializada.
Dentre os países que dinamizaram recentemente sua produção nesta indústria,
nota-se que os diferenciais de custo de produção decorrentes de incentivos
governamentais foram estratégicos para o desenvolvimento local da indústria de
semicondutores e não apenas os custos de mão-de-obra. A China, por exemplo,
dentre outros incentivos concedidos, eliminou o imposto de renda das empresas do
setor por cinco anos e por mais cinco anos é cobrado 50%. Outros países, como
Cingapura e Malásia, oferecem dez anos de isenção de imposto de renda. Na
Irlanda, o imposto de renda é de 12%. Além destes exemplos, em 2007, a Índia
anunciou um conjunto de medidas de incentivo fiscal para incrementar a sua
competitividade no segmento.
No Brasil, a indústria de semicondutores é incipiente, pois apenas alguns
tipos de componentes são fabricados localmente por um grupo restrito de empresas
que produzem componentes com reduzido dinamismo industrial e tecnológico.
Destacam-se a Aegis e a Semikron, que fabricam componentes discretos,
basicamente diodos retificadores e tiristores. Em 2007, a Smart iniciou suas atividades
na etapa de encapsulamento de memórias e a Freescale atua nos projetos de circuitos
integrados. As principais empresas brasileiras do setor estão instaladas no Estado
de São Paulo.

44

cp-cap3 - ipt.p65 44 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

A balança comercial brasileira de semicondutores, nos últimos dez anos,


apresenta um déficit comercial estrutural e crescente, tendo atingido US$ 2,65
bilhões, em 2005, e US$ 3,32 bilhões, em 2006, segundo dados da SECEX. O
mercado brasileiro de semicondutores é maior que o mercado indiano; para
efeito de comparação, o mercado de semicondutores da Índia, em 2005, foi de
US$ 2,8 bilhões.
A competitividade brasileira no setor também é afetada pelo elevado custo
do financiamento para os investimentos e pelas burocracias trabalhista e tributária,
as quais ocasionam custos para a administração dos negócios e para as atividades
de P&D nas universidades e centros de pesquisa.
No que se refere à mão-de-obra brasileira, nota-se um custo relativamente
mais elevado com relação aos concorrentes asiáticos, como a Índia ou China, mas,
por outro lado, sua maior produtividade é uma vantagem que pode ser um fator de
atratividade para o desenvolvimento do setor, ainda que a mão-de-obra disponível
seja em quantidade insuficiente.
A segmentação da cadeia produtiva mundial de semicondutores abriu
oportunidades para o desenvolvimento da indústria brasileira e também para a
indústria paulista, uma vez que algumas etapas poderiam ser realizadas localmente,
com destaque para a área de projeto de circuitos integrados.
Há também oportunidades no mercado demandante de componentes
dedicados, os quais exigem projetos específicos de acordo com a sua funcionalidade,
ou na produção de Triacs que não são produzidos no Brasil e representam uma
importação da ordem de US$ 11 milhões por ano.
A implantação da etapa de difusão com linhas abaixo de 200 nm, embora não
seja vista como uma tecnologia de ponta, seria suficiente para atender a importantes
mercados de componentes dedicados projetados localmente, com investimentos
substancialmente menores do que aqueles necessários para se operar uma unidade
com tecnologia de última geração e com impactos positivos sobre o déficit comercial
do setor de semicondutores.
O Quadro 3.8 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

45

cp-cap3 - ipt.p65 45 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Quadro 3.8: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Componentes Semicondutores
Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

Componentes • Presença de • Setor altamente • China e Índia – –


Semicondutores mão-de-obra intensivo em têm mobiliza-
qualificada é um capital e tecnologia. do recursos
diferencial com- • Investimento em públicos e
petitivo; porém ciência básica e privados pa-
não há em quan- P&D são cruciais ra sustentar
tidade suficiente. para desenvolver sua competi-
capacidade de tividade e
inovação. criar capaci-
• Venture capital e dade de
demais formas de inovação.
capital de risco são
estruturas necessá-
rias para o financia-
mento do investi-
mento em tecno-
logia e inovação.
• Apoio do Estado e
cooperação entre
empresas, univer-
sidades e organiza-
ções de pesquisa
são cruciais para
catch-up, como
ilustra a experiên-
cia de China e
Índia.

3.2.8 Couro e Calçados


O principal movimento do setor calçadista mundial verificado desde meados
da década de 1990 foi a consolidação da Ásia como principal fornecedor mundial
de calçados, com destaque para a China, que responde por 62% da produção
mundial deste produto; em seguida, estão a Índia, o Brasil, a Indonésia, o Vietnã
e a Itália.
Deste grupo, China, Itália e Brasil destacam-se por suas peculiaridades. O
primeiro tem se caracterizado, mais fortemente, pelo elevado volume de vendas
com valor médio bastante reduzido e pelos baixos custos de trabalho; o segundo é
especializado na produção de calçados de alto valor agregado, com atuação associada
à capacidade de desenvolvimento de produtos e design que atendem a segmentos
superiores de mercado; e o terceiro ocupando uma faixa intermediária do mercado,
em que os produtos não atingem a sofisticação e os preços dos italianos, mas também

46

cp-cap3 - ipt.p65 46 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

não concorrem diretamente com o calçado chinês. Assim, a indústria brasileira é


caracterizada pela flexibilidade, sendo seus produtores capazes de atender a volumes
relativamente baixos de pedidos.
A consolidação da indústria calçadista asiática trouxe dificuldades
crescentes à indústria brasileira nos mercados consumidores internacionais. Em
grande parte isso se deve à forma de inserção internacional das empresas
brasileiras, fortemente vinculada e subordinada à atuação dos grandes
compradores globais. Além disso, a competitividade externa do setor também
tem sido adversamente afetada pela valorização cambial do período recente.
Todavia, o impacto desse cenário varia conforme o tamanho das empresas do
setor, sendo que as pequenas empresas são as mais prejudicadas. As grandes
empresas, por outro lado, realizaram melhorias dos processos produtivos com
ganhos de escala importantes e conseguiram redirecionar parte de sua produção
destinada às exportações para o mercado doméstico.
Além dessa reestruturação produtiva, que foi conjugada com a integração
dos processos de produção, comercialização e distribuição, com posse de marcas
consolidadas e lançamento de novos produtos, as grandes empresas relocalizaram
suas unidades produtivas, principalmente para a região Nordeste do país, em busca
de menores custos de mão-de-obra e da apropriação de incentivos fiscais oferecidos
pelos governos estaduais da região. Porém, essa relocalização é restrita às atividades
de manufatura, permanecendo as outras funções corporativas ainda nas regiões
tradicionais de suas sedes.
Contudo, há um cenário diferenciado para as empresas de médio e pequeno
porte. Nesse caso, o acirramento da concorrência internacional e a valorização
cambial implicaram em uma redução significativa de sua participação nas
exportações brasileiras, já que essas empresas não foram capazes de encontrar
alternativas domésticas à deterioração das vendas externas. Para estas, o
deslocamento para regiões mais distantes e com melhores custos e incentivos não
parece ser uma opção razoável ante os benefícios de aglomeração e escopo que
elas auferem nas regiões ou pólos produtores tradicionais.
A indústria em São Paulo tem como principal característica a forte
concentração da produção do setor em três regiões tradicionais, na forma de
Arranjos Produtivos Locais (APLs) - Franca, Birigui e Jaú. Franca, o principal
APL, com 30 mil empregos formais na cadeia couro-calçadista, é especializado
em calçado masculino, no qual se verifica a cadeia produtiva completa de produção
de couro e calçados, desde o tratamento do couro até a fabricação do produto
final (RAIS, 2005). Existe também em Franca um conjunto de serviços de apoio

47

cp-cap3 - ipt.p65 47 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

e suporte às atividades de produção de calçados, nas áreas de formação e


treinamento de mão-de-obra realizados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (SENAI), e de ensaios e testes laboratoriais realizados pela unidade
local do IPT, o Centro de Tecnologia do Couro e do Calçados (CTCC). Há
também atividades correlatas importantes para a produção de calçados, como:
fabricação de artefatos de plástico e de borracha e fabricação de máquinas e
equipamentos para a indústria de calçados.
O segundo APL é o de Birigui, especializado na produção de calçados
infantis, que emprega formalmente 17 mil trabalhadores em cerca de 270 empresas
(RAIS, 2005). Entretanto, nesse segundo pólo não há a cadeia completa e as
atividades de serviços de apoio têm menor expressão do que em Franca.
Por fim, o APL de Jaú emprega em torno de 8 mil trabalhadores formais
em cerca de 400 empresas especializadas em calçados femininos (RAIS, 2005).
Em Jaú, as atividades da cadeia de couro e calçados não têm a mesma dimensão
e complexidade que no caso de Franca, como também não possui as atividades
de serviço de apoio.
A organização do setor na forma de APL confere vantagens às suas
empresas, que se beneficiam das externalidades positivas geradas pela
aglomeração, como a concentração de mão-de-obra qualificada, a presença de
fornecedores e de prestadores de serviços especializados, a ocorrência de
transbordamentos tecnológicos e de conhecimento e a maior facilidade de ações
conjuntas deliberadas entre os agentes. Por outro lado, as empresas do setor
enfrentam inúmeros desafios, como sérias deficiências na área do desenvolvimento
de produto e design, pois são poucas as que possuem departamentos estruturados
para a realização de tarefas ligadas a essas atividades; problemas de gestão
empresarial, principalmente nas pequenas e médias empresas (PMEs); a falta de
padrões de certificação e conformidade técnica para o setor; a ausência de centros
próximos de prestação de serviços técnicos e tecnológicos de qualidade; questões
ambientais, como o problema do cromo no tratamento do couro; e, por último, a
informalidade das PMEs do setor.
O Quadro 3.9 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus
principais gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes
dimensões estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação,
Regulação, Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

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3. Diagnósticos Setoriais

Quadro 3.9: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Couro e Calçados
Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

Couro e • São Paulo tem • Há necessidade – – • Há necessidade


Calçados disponibilidade de aprimorar a de adequar a
de mão-de-obra tecnologia de produção de
qualificada e processo e de couro com
técnica para este incorporar relação ao uso
setor. crescentemente de materiais
• Os custos de os atributos de pesados no
mão-de-obra em moda e design. seu tratamento.
São Paulo são
mais elevados
do que em
outras regiões
do país.

3.2.9 Defensivos Agrícolas


Os defensivos agrícolas são os produtos e agentes de processos físicos,
químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento
e beneficiamento de produtos agrícolas.
Sua expansão está fortemente ligada ao desenvolvimento da agricultura
mundial, sendo esta indústria bastante internacionalizada, com suas maiores empresas
presentes em todos os países do mundo. As doze maiores empresas em faturamento,
em 2006, podem ser divididas em dois grupos: as seis maiores dominavam, no mesmo
ano, 76% do mercado mundial, tendo suas sedes em países desenvolvidos e sendo
de origem química; o segundo grupo, também de origem química, mas com suas
sedes localizadas em países de industrialização tardia, como Austrália, Israel,
Dinamarca, Japão, sendo a única exceção os Estados Unidos.
Esta indústria também pode ser dividida em produtos protegidos por patentes
e produtos genéricos, sendo que esses últimos competem em escala e preços, e os
primeiros competem em tecnologia e estratégias de diferenciação, via atividades
de P&D. Pode-se afirmar, também, que a indústria de defensivos é dominada por
multinacionais, baseada em ciência, com produtos segmentados que necessitam de
prescrição de agrônomos e extensionistas e fortemente regulamentada. Assim, a
indústria requer rigorosos critérios de controle de qualidade sobre a produção,
estocagem e distribuição. Os aspectos regulatórios e ambientais também são cada
vez mais severos. Estes elementos afetam a competitividade das empresas no Brasil,
que terão de se adequar às novas regras impostas pelos países, principalmente da
Comunidade Européia, no caso de exportação.

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

A competitividade desta indústria está fortemente baseada no lançamento


de novos produtos que, inicialmente, eram dependentes dos avanços do conhecimento
técnico-científico nas áreas de síntese orgânica e, atualmente, cada vez mais
dependentes de áreas de biotecnologia. A indústria brasileira de defensivos, apesar
de possuir um importante centro de pesquisa agrícola, a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), e o terceiro maior mercado consumidor
mundial, utiliza produtos desenvolvidos pelas empresas multinacionais através da
engenharia reversa. O descobrimento de moléculas é realizado nos centros de P&D
das multinacionais localizados em suas matrizes. No Brasil, as filiais das multinacionais
se ocupam das etapas seguintes, desenvolvendo as formulações e soluções
específicas para as necessidades locais.
Segundo informações da Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos
(AENDA), em 1990, as empresas de capital nacional detinham 30% do fornecimento
de defensivos agrícolas; atualmente, este percentual é de 5%. As principais empresas
que atuam no Brasil são multinacionais, sendo que cinco empresas respondem por
59,5% do mercado brasileiro de defensivos, confirmando a concentração que ocorre
em todo o mundo e o domínio das grandes multinacionais. Apenas uma empresa de
capital nacional está entre as 10 maiores no mercado brasileiro, sendo que esta mantém
um portfólio reduzido de produtos, formado principalmente por produtos genéricos.
As empresas nacionais que se destacam acabam sendo alvo de aquisições estrangeiras.
Em relação ao comércio exterior, a indústria brasileira de defensivos é deficitária.
Considerando o período de 2000 a 2006, as exportações brasileiras e paulistas cresceram,
mas não foram suficientes para reverter o déficit na balança comercial. Em 2006, as
exportações foram da ordem de US$ 270 milhões, enquanto as importações totalizaram
US$ 830 milhões. Os principais destinos das exportações foram Argentina e Bolívia,
enquanto as importações foram provenientes do Reino Unido e dos Estados Unidos.
Segundo os dados da RAIS, em 2005, o país tinha 129 estabelecimentos
gerando 6.800 empregos, com atividades concentradas em 5 Estados. No Estado
de São Paulo, para o mesmo ano, foram registrados 55 estabelecimentos e 3.400
empregos, concentrando 43% dos estabelecimentos e 50% dos empregos da indústria
de defensivos no Brasil. O Estado é o maior mercado consumidor, tendo, em 2006,
registrado 21,7% das vendas em quantidade e 20,6% das vendas nacionais em
valor. São Paulo ainda se destaca pela existência de vários institutos de pesquisa,
que formam uma infra-estrutura de C&T não existente em outros Estados. Entre
estes, destacam-se: o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o Instituto Biológico
e a UNESP de Botucatu. Deve-se enfatizar ainda o papel importante da FAPESP
como financiadora de pesquisa. Assim, o Estado apresenta a maior concentração
de competências nas áreas químicas, sementes, genética e biotecnologia.

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cp-cap3 - ipt.p65 50 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

O Quadro 3.10 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais


gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.10: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Defensivos Agrícolas
Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

Defensivos • A mão-de-obra • Apontado como • A regula- • Infra-estrutu- • Prazos previs-


Agrícolas qualificada é relati- pouco importante mentação ra de trans- tos para análise
vamente escas- para as empresas funciona porte e lo- dos processos
sa. Em razão multinacionais, o como bar- gística tem não são cum-
disso, as empre- financiamento para reira à entra- muita impor- pridos.
sas precisam for- a capacitação da no setor tância na • Legislação
mar o seu próprio tecnológica é por causa do distribuição muito aberta
quadro de recur- avaliado como custo de dos pro- em termos de
sos humanos e muito importante registro dutos. tipificação da
investir constante- pelas empresas (R$ 300 a infração.
mente no seu nacionais para o 400 mil). • Eficácia do
aperfeiçoamento. acesso à • Há proble- financiamento
tecnologia e ao mas também via crédito de
desenvolvimento com o tempo carbono pre-
de produtos. que se leva judicado pela
• São Paulo se para obter ausência de
destaca pela um registro, fiscalização.
existência de maior do que • Demora na
vários institutos de em outros emissão de
pesquisa: o IAC países. licenças e
(Instituto Agronô- • Falta de registros.
mico de Campi- segurança • Necessidade
nas), o Instituto jurídica. de revitalização
Biológico e a da CETESB
UNESP de Botu- que tem os
catu. A FAPESP é mesmos
muito importante recursos há
no suprimento de dez anos.
recursos. • Tratamento de
• Apoio governa- efluentes da
mental à P&D (via síntese
centros de pes- representa
quisa, entre custo elevado.
outros) é um fator
atrativo para
multinacionais que
normalmente
fazem pesquisa
básica no exterior;
importante para o
desenvolvimento
de produtos.

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cp-cap3 - ipt.p65 51 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

3.2.10 Equipamentos de Informática


A indústria de equipamentos de informática se caracteriza por um alto
dinamismo tecnológico decorrente de inovações, cujas características principais
têm sido a introdução de novas funcionalidades e a expansão da capacidade e
velocidade de processamento. Essas transformações impulsionaram a transferência
do comando das funções inovativas dos segmentos de hardware para as atividades
de software e a crescente commoditização dos equipamentos de informática. Neste
contexto, as assimetrias competitivas da indústria de equipamentos de informática
são estabelecidas pela liderança tecnológica, pela importância das economias de
escala e pela capacidade da empresa de responder, de maneira ágil, às necessidades
do mercado, por meio de inovações de produtos e/ou processos. No mercado mundial,
a China posiciona-se cada vez mais como um elo estratégico na cadeia global de
valorização desta indústria.
O mercado de equipamentos de informática no Brasil é bastante concentrado
em torno de algumas poucas grandes empresas. Segundo a International Data
Corporation (IDC), em 2006, cinco empresas concentravam 30% da participação
do mercado nacional. A produção está estruturada em torno de três grupos de
empresas: fabricantes de equipamentos (responsáveis pelas especificações e pelo
controle da marca), prestadores de serviços de manufatura (contract manufacturers)
e produtores de peças e componentes.
O setor tem se beneficiado da redução de preços de produtos e da expansão
das vendas para classes econômicas menos favorecidas, o que por sua vez tem
contribuído para a diminuição da participação do chamado “mercado cinza”
(produtos contrabandeados). Para tanto, a Lei de Informática e a chamada “MP
do Bem”, que criaram incentivos para o fortalecimento do setor no país, foram
fundamentais. De um lado, a Lei de Informática, por meio do Processo Produtivo
Básico (PPB), estabeleceu uma série de requerimentos que incluem a realização
de atividades de montagem de equipamentos e de P&D dentro do território
brasileiro. Por outro, a “MP do Bem” reduziu de forma significativa a carga
tributária sobre equipamentos de informática, permitindo uma subseqüente
diminuição nos preços. Tal redução, somada a maiores esforços de fiscalização,
fez não só aumentar as vendas de equipamentos de informática, mas também
reduzir o “mercado cinza”. Segundo a Associação Brasileira de Indústria Elétrica
e Eletrônica (ABINEE), a participação da indústria legal, no total da indústria,
cresceu de 43% para 63%, entre 2005 e 2007.
Os saldos comerciais da indústria de equipamentos de informática, no período
2000 a 2006, são negativos. Em 2006, segundo dados da United Nations Conference

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3. Diagnósticos Setoriais

on Trade and Development (UNCTAD), as exportações brasileiras e paulistas


concentram-se na América Latina, em particular nos países do MERCOSUL,
que respondem por 60%. Já os países da Ásia são responsáveis por 60% das
importações de equipamentos de informática, tanto para o Brasil quanto para o
Estado de São Paulo.
O setor brasileiro de equipamentos de informática está concentrado em poucos
Estados, com destaque para São Paulo, Paraná, Bahia e Amazonas. São Paulo
ainda é o maior produtor, respondendo por 33% do valor da transformação industrial,
e o maior empregador, com participação de 48% no pessoal ocupado do setor de
equipamentos de informática brasileira, segundo dados da PIA/IBGE de 2005.
Porém, São Paulo vem perdendo participação em relação aos demais Estados,
principalmente como conseqüência do acirramento da “guerra fiscal” observada
nos últimos anos.
Dentro do Estado de São Paulo, as atividades do setor concentram-se na
capital paulista, abrigando um maior número de profissionais com nível superior e
PMEs, segundo dados do RAIS. Os municípios de Sorocaba e Hortolândia também
têm forte presença do setor, pois abrigam algumas grandes corporações e as principais
unidades industriais do Estado. As principais vantagens competitivas do Estado
residem na proximidade com o maior mercado consumidor do país, na disponibilidade
de mão-de-obra qualificada e de infra-estrutura física e de C&T.
A produção de partes e peças componentes de equipamentos de informática
está sujeita a enormes retornos de escala e a China já estabeleceu uma forte
posição competitiva neste sentido, já que suas unidades industriais chegam a ser
dez vezes maiores que as instaladas no Brasil. Ao se adicionar tal vantagem aos
baixíssimos custos da mão-de-obra chinesa, o contexto fica desfavorável para os
produtores locais. Tudo indica, portanto, que as possibilidades para a ampliação
competitiva nas etapas industriais do setor de equipamentos de informática
permanecerão bastante dependentes da manutenção ou de revisão das medidas
previstas no Processo Produtivo Básico (PPB). Entretanto, existem talvez
melhores perspectivas para a exploração de nichos específicos dentro da
manufatura de equipamentos de informática.
O Quadro 3.11 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

53

cp-cap3 - ipt.p65 53 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Quadro 3.11: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Equipamentos de Informática
Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

Equipamentos • O quadro regula- • O setor tem alto – – • Tratamento das


de Informática tório do setor (Lei dinamismo questões de
de Informática, tecnológico. reciclagem de
PPB, Zona materiais e uso
Franca, Lei do de materiais
Bem) possibilitou pesados.
a criação de mão-
de-obra qualifica-
da e de capaci-
tação tecnológica.
• O Estado tem
maior disponibi-
lidade de RH, em
nível superior e
técnico, ainda que
em quantidade
insuficiente.

3.2.11 Equipamentos Médico-Hospitalares e Odontológicos


O setor de Equipamentos Médico-hospitalares e Odontológicos (EMHO) é
caracterizado mundialmente por um desenvolvimento tecnológico acelerado e se
favorece da presença de vantagens competitivas em áreas correlatas, como
microeletrônica e desenvolvimento de softwares, entre outras. A estrutura de
comércio intra-indústria, baseada na concorrência imperfeita e economias de escala,
com domínio dos países líderes em tecnologia, implica em uma relativa especialização
da indústria de EMHO entre os países. Por exemplo, EUA, Alemanha e Japão
possuem fortes vantagens comparativas na produção de instrumentos e aparelhos
para medicina, cirurgia, odontologia, veterinária e outros aparelhos eletro-médicos.
Além disso, no final da década de 1990, observa-se, no mundo, uma intensificação
da tendência de fusões e aquisições de pequenas empresas neste setor.
Na indústria mundial de EMHO, o total movimentado foi de US$ 368 bilhões
entre 2003 e 2006. Entre os 20 maiores fabricantes, 16 estão sediados nos EUA e 4 na
Europa. Os 13 principais países exportadores representam 63% das exportações
mundiais, sendo que os EUA respondem por 24% deste total. Em seguida, estão
Alemanha, Holanda, Irlanda, Japão, Suíça, França e China. Já os 8 principais países
importadores representam 51% das importações mundiais, sendo que o primeiro lugar
é ocupado pelos EUA, com 22% das importações mundiais, seguido por Alemanha,
Japão, Holanda, Reino Unido, França, China e Canadá. Segundo dados da Espicom
Business Intelligence (2007), a soma de dispêndios em saúde no Brasil, Rússia, Índia

54

cp-cap3 - ipt.p65 54 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

e China foi projetada para US$ 266 bilhões em 2006, dos quais a China representa US$
137 bilhões, o que evidencia uma grande oportunidade de investimentos nestes países.
Com relação às principais tendências tecnológicas mundiais, identifica-se a
inovação em novos materiais, como cerâmicas e polímeros para o segmento de
próteses e implantes, enquanto para o segmento de equipamentos médicos surgem
os procedimentos menos invasivos e aqueles voltados à redução das transfusões de
sangue ou melhoria da análise do sangue para evitar contaminações.
No comércio mundial de EMHO, a participação brasileira foi de 0,9% das
exportações e 2% das importações no período entre 2003 e 2006. As exportações
foram de US$ 185 milhões, concentradas em produtos de menor conteúdo tecnológico,
enquanto as importações atingiram US$ 660 milhões, tendo como resultado um
saldo negativo de US$ 476 milhões, no mesmo período. No Brasil, 79,6% das
empresas são de capital nacional, sendo que 31,9% são de pequeno porte, 58,2%
de médio e 9,9% de grande porte. As vendas da indústria estão distribuídas entre
48% para o setor privado, 44% para o governo e 8% para o mercado externo.
Com relação ao desenvolvimento tecnológico, as empresas deste setor são mais
inovadoras que a média das empresas da indústria de transformação. Em termos
percentuais, 68% das empresas do setor foram consideradas inovadoras pela PINTEC
(dados de 2003 a 2005), contra 33,5% da indústria de transformação. Uma comparação
entre as empresas do setor e as empresas da indústria de transformação mostra que as
taxas de inovação em produto são de 44,7% para a indústria de EMHO, contra 33,5%
da indústria de transformação e que ambas apresentam uma taxa de inovação em
processos de 30,6%. Com relação aos gastos com atividades internas de P&D, calculados
pela média por empresa, observamos que as empresas de EMHO gastaram R$ 534 mil
no ano de 2005, ao passo que em 2000 tais gastos foram de R$ 345 mil, o que demonstra
um crescimento de 54% no período entre 2000 e 2005. Entre os principais obstáculos à
inovação no setor estão os riscos econômicos e os elevados custos associados à inovação.
O Estado de São Paulo é o maior produtor de equipamentos médico-
hospitalares do país, representando 57% do emprego nacional do setor e cerca de
43% dos estabelecimentos. O setor caracteriza-se por empresas nacionais de
pequeno e médio porte que geralmente exportam produtos de baixo conteúdo
tecnológico. Por outro lado, importa equipamentos mais sofisticados, de média e
alta tecnologia, principalmente por meio do comércio intra-firma de grandes grupos
internacionais. Os principais determinantes da competitividade e os desafios desta
indústria são a qualificação da mão-de-obra, a existência de barreiras técnicas em
vários países que poderiam importar equipamentos e a regulação nacional do setor.
O Quadro 3.12 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
55

cp-cap3 - ipt.p65 55 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,


Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.12: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: EMHO


Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

EMHO • A maior qualifica- • Disponibilidade de • Rede de forne- • Marco regu- • Necessidade de


ção em São Paulo linhas de crédito/ cedores é mui- latório: o se- equiparação da
compensa o custo financiamento, to importante, tor necessita regulamentação
elevado. principalmente de mas os forne- de procedi- nacional aos
• Os técnicos em âmbito tecnoló- cedores nacio- mentos padrões
nível médio são gico e inovativo; nais não aten- mais ágeis internacionais.
bem formados, porém, custo do dem a exigên- para reduzir • Certificação é
mas em número financiamento e cias internacio- prazos para um importante
insuficiente; há acesso ao crédito nais de quali- autorização problema.
problemas com a são desfavorá- dade. de funciona-
distribuição veis. • O setor sofre mento e ins-
geográfica dos • Disponibilidade de com proble- talação de
cursos rede institucional mas de esca- equipamentos.
• É necessário de pesquisa e de la. Importância • Infra-estrutura
oferecer cursos formação de re- das compras de transpor-
de capacitação, cursos humanos governamentais tes e logísti-
principalmente de (centros de pes- que represen- ca é relevan-
adequação de quisa, universi- tam 44% do vante. Ne-
produtos às no- dades). total no país, cessidade
rmas e processos • Rede de fornece- contra 48% de aumentar
de certificação e dores locais é das compras a eficiência
boas práticas de importante. privadas. É do porto de
fabricação, quali- • O estímulo às necessário Santos.
dade, compatibi- atividades das melhorar a
lidade eletromag- incubadoras de regulamentação
nética e seguran- empresas de das compras
ça elétrica de base tecnológica públicas.
equipamentos. é importante para • A revisão da
• Aconselhável as ações volta- norma IEC/
maior interação das ao fortaleci- NBR 60601,
entre os cursos mento da cadeia deverá regular
técnicos das produtiva. todo o processo
instituições de de desenvolvi-
ensino e as mento de pro-
empresas de dutos, sob a
EMHO para ótica do geren-
proporcionar uma ciamento de
melhor risco, em es-
capacitação dos pecial em rela-
técnicos ção às precau-
formados. ções sobre o
risco que o
produto poderá
provocar à
saúde huma-
na, tanto do
paciente,
quanto do
profissional
que opera o
equipamento.

56

cp-cap3 - ipt.p65 56 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

3.2.12 Equipamentos de Telecomunicação


O surgimento do novo paradigma da microeletrônica e a difusão das
tecnologias digitais, a partir dos anos 1980, promoveu uma reestruturação do setor
de telecomunicações no mundo com a entrada de novos atores, segmentos e
elementos, o que resultou em uma maior complexidade na sua organização. No
final da década de 1990/2000, a indústria sofreu um período de expansão e
crescimento, decorrente dos processos de privatização, surgimento de novos serviços,
tecnologias e empresas relacionados às transformações tecnológicas, regulatórias
e institucionais. Em 2001, o setor passou por um período de crise com grande
impacto na indústria mundial.
Atualmente, a indústria mundial de equipamentos de telecomunicação atravessa
um processo de consolidação patrimonial, com movimentos de fusão, aquisição e
formação de joint ventures entre os grandes fabricantes, como demonstra a fusão
Alcatel-Lucent, resultando na maior empresa de equipamentos do mundo, com 19%
de participação de mercado, e a joint venture entre a Siemens e Nokia na área de
infra-estrutura de redes, originando a Nokia Siemens Networks, que ocupa a terceira
posição no mundo. A Ericsson ocupa a 2ª posição, com 18% de participação no
mercado. Existe também uma crescente pressão concorrencial por parte de empresas
chinesas (Huawei e ZTE), que oferecem equipamentos a custos reduzidos. Além
disso, é possível identificarmos três grandes vetores de crescimento deste setor no
mundo: as comunicações sem fio (áreas de terceira geração da telefonia móvel e
WIMAX), as Redes de Nova Geração e os serviços de banda larga.
No Brasil, houve o desenvolvimento de um conjunto significativo de
capacitações produtivas e tecnológicas na indústria de equipamentos de
telecomunicação nas últimas décadas. Isto foi o resultado da adoção de políticas
industriais e tecnológicas, da criação de um laboratório público de P&D e de um
amplo esforço de articulação entre os diversos agentes do Sistema Nacional de
Inovação (SNI), que possibilitou o desenvolvimento de importantes tecnologias
brasileiras, como as centrais de comutação digital Trópico, o telefone público a
cartão indutivo e a fibra óptica.
Na década de 1990, houve uma reestruturação significativa do setor no país.
Por um lado, ocorreu um enorme avanço em termos da ampliação da cobertura dos
serviços básicos, por outro, surgiram impactos negativos, dentre os quais destacamos
os desequilíbrios na balança comercial e a diminuição relativa do valor agregado
localmente. As áreas com oportunidades de crescimento para a indústria de
telecomunicações são: TV digital, comunicações sem fio (3G e WIMAX) e redes
de nova geração.

57

cp-cap3 - ipt.p65 57 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Os dados da balança comercial do setor mostraram que a privatização da


Telebrás e o crescimento dos investimentos das operadoras de serviços
impulsionaram as importações de equipamentos de telecomunicações, o que aponta
uma fragilidade estrutural da indústria brasileira - quando há um maior investimento
das operadoras de serviços, crescem também as importações. Por outro lado,
evidencia-se que o grande aumento do total exportado, a partir de 1999, está
relacionado ao crescimento das vendas externas de telefones celulares, que
corresponderam, em 2006, a 76% das exportações brasileiras da balança comercial
da indústria de equipamentos de telecomunicação.
A cadeia paulista de equipamentos de telecomunicação apresenta um alto
grau de heterogeneidade em termos de tamanho das empresas e de capacitação
produtiva e tecnológica. Os problemas enfrentados pela indústria paulista se
assemelham àqueles observados no âmbito da indústria nacional: a redução do
valor agregado localmente e os baixos investimentos em P&D. Em termos de
valor bruto da produção e valor da transformação industrial, São Paulo teve uma
participação na produção brasileira em torno de 48% e 51%, respectivamente,
em 2005.
O Estado também apresenta uma forte concentração em estabelecimentos do
setor na maior parte das faixas de tamanho, com exceção daquelas com mais de 500
empregados. Em 2005, 49% dos estabelecimentos fabricantes de equipamentos de
telecomunicação se localizavam em São Paulo. Neste mesmo ano, a participação do
pessoal ocupado da indústria paulista era de 46% no total da indústria brasileira de
equipamentos de telecomunicações. Com relação à inovação, os dados sobre os
dispêndios em atividades de P&D mostram que a indústria paulista vem reduzindo
seus gastos internos em P&D e há um incremento da participação dos gastos em
aquisição de máquinas e equipamentos.
Entre as dez maiores empresas de equipamentos de telecomunicação do Brasil,
cinco mantêm suas unidades produtivas em São Paulo: Motorola, Ericsson, Alcatel-
Lucent, Nortel Networks e NEC. A LG Electronics tem o escritório central e o
centro de pesquisa e desenvolvimento em São Paulo, mas concentra sua produção
em Manaus. A Siemens Enterprise tem sede e a maior parte de suas fábricas em São
Paulo (6 de 9 fábricas no total).
Tal fato é importante para a competitividade da indústria paulista, já que a
participação majoritária de multinacionais reforça sua estratégia corporativa
fortemente condicionada a vantagens relacionadas ao comércio intra-firma. Neste
contexto, percebe-se que o Brasil vem perdendo espaço nas estratégias de algumas
multinacionais e, como resultado disso, observa-se o aumento substancial das

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cp-cap3 - ipt.p65 58 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

importações das subsidiárias, a diminuição da capacidade produtiva local e do


conteúdo das atividades tecnológicas.
As empresas nacionais fabricantes de equipamentos atualmente se
constituem num restrito grupo de empresas de pequeno ou médio porte, com
atuação em segmentos com reduzido grau de especialização tecnológica (fios,
cabos, componentes, partes e peças) ou em nichos com maior grau de
especialização, mas que apresentam um crescimento relativamente baixo nos
últimos anos.
Um aspecto fundamental da indústria paulista de equipamentos de
telecomunicação é a forte concentração da produção e da exportação de celulares.
Além disso, recentemente observou-se um processo de maior concentração de parte
da produção para exportação de celulares em São Paulo em detrimento da Zona
Franca de Manaus (ZFM), resultante principalmente da mudança na estratégia de
duas empresas: a Motorola, que produz em São Paulo e aumentou suas exportações,
e da Nokia, que produz na ZFM e diminuiu suas exportações.
Além disso, há evidências de uma perda de competitividade da indústria de
São Paulo diante do deslocamento de atividades produtivas do Estado para Santa
Rita do Sapucaí (MG), em função dos incentivos fiscais oferecidos e da
disponibilidade de mão-de-obra qualificada formada pelo Instituto Nacional de
Telecomunicações (INATEL), localizado na região.
Finalmente, os desafios para o setor de equipamentos de telecomunicação
são definidos por suas áreas tecnológicas: 1) a TV digital pode contribuir para o
crescimento do setor, tanto através da oferta de equipamentos transmissores,
como também de set-up-boxes mais sofisticados que se enquadrem na categoria
de bem de informática; 2) estudos apontam para a viabilidade do desenvolvimento
de capacitações produtivas e tecnológicas na área de WIMAX fixo; 3) são
esperados grandes investimentos nas redes de telefonia 3G, o que deve dinamizar
o mercado em 2008; 4) as operadoras de serviços de telecomunicação brasileiras
vêm realizando investimentos em redes de nova geração; e, por último, 5) há o
potencial de crescimento da área de softwares, que tem contribuído com uma
parcela crescente da receita das fabricantes de equipamentos de telecomunicação
no mundo e no Brasil.
O Quadro 3.13 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

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cp-cap3 - ipt.p65 59 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Quadro 3.13: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Equipamentos de Telecomunicação
Recursos Tecnologia Infra-estrutura
Setor Humanos e Inovação Regulação e Logística MeioAmbiente

Equipamentos • A infra-estrutura do • Setor intensivo • Investimentos • Infra-estrutu- –


de Teleco- Estado, em ter- em P&D, com a das grandes ra logística é
municação mos de formação presença de empresas importante.
de mão-de-obra grandes players transnacionais
qualificada, uni- internacionais. no país
versidades e • Priorização dos dependem
centros de pes- investimentos em fortemente das
quisa é a melhor redes convergen- encomendas
do país, mas há tes, 3G, WIMAX e das grandes
necessidade de TV digital. operadoras.
ampliação e • A questão do
integração às financiamento às
necessidades do atividades de
setor produtivo. P&D é
• Para as empresas fundamental.
nacionais mais • Existem proble-
intensivas em mas relacionados
P&D, a mão-de- ao volume e à
obra qualificada e intermitência dos
a proximidade recursos para
com centros de pesquisa em
pesquisa têm áreas fundamen-
maior importância tais, como
relativa. comunicação
• O setor demanda sem fio.
mão-de-obra
qualificada, tanto
para a produção
quanto para as
atividades de
serviços, manu-
tenção e gerencia-
mento de redes.
• A mão-de-obra
disponível para
P&D é relativa-
mente reduzida
em relação ao
padrão interna-
cional.

3.2.13 Farmacêutico
A indústria farmacêutica mundial pode ser caracterizada como um oligopólio
baseado em ciências, com elevadas barreiras à entrada associadas a vultosos gastos
em P&D e marketing, formado por empresas de portes distintos e alto grau de
internacionalização. O elevado número de fusões entre os grandes grupos

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cp-cap3 - ipt.p65 60 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

farmacêuticos, a partir da década de 1990, teve como conseqüência o aumento na


participação dos 10 maiores grupos do setor no mercado mundial, que passou de
34% para 47%, entre 1996 e 2005.
O desenvolvimento de novos medicamentos abrange quatro estágios: P&D,
produção de farmoquímicos, produção de especialidades farmacêuticas e
comercialização das especialidades farmacêuticas. As etapas que agregam maior
intensidade tecnológica, como as atividades de P&D e produção de princípios ativos,
tendem a ficar concentradas nos países desenvolvidos, enquanto atividades com
menor agregação de valor e menor intensidade tecnológica, como a produção de
medicamentos, passam a ser delegadas aos países em desenvolvimento.
Apesar da predominância das grandes empresas, existem nichos de mercado
que comportam a participação de empresas de menor porte devido à inexistência
de economias de escala significativas, representando um espaço econômico
importante para a inserção de países em desenvolvimento, como o Brasil. Este
seria o caso, por exemplo, da produção de medicamentos com designação genérica,
de medicamentos com marca comercial com patentes expiradas e fármacos com
patentes expiradas para empresas formuladoras independentes.
Esta indústria vem passando por um processo de profundas transformações,
cabendo destacar a busca por novas fontes de inovação, a organização global das
cadeias produtivas e das bases de P&D, o enfrentamento e arbitragem antes as
condições políticas e sistêmicas de competitividade nacionais e locais, entre outros.
Cabe também destacar a importância das redes de cooperação técnico-científicas
na consolidação das bases de conhecimento das empresas do setor. Entre os países
em desenvolvimento, somente aqueles com estratégias agressivas de produção e
de inovação, como a Índia e a China, estão conseguindo participar da dinâmica
industrial global de modo ativo, sustentado e competitivo.
No Brasil, a indústria farmacêutica é formada por cerca de 600 empresas,
entre laboratórios, importadoras e distribuidoras. O país é o 9º maior mercado
farmacêutico do mundo, com vendas aproximadas de R$ 26 bilhões, em 2006. Mas,
apesar de ser um mercado mundial importante, observa-se um afastamento da
fronteira tecnológica mundial e um hiato expressivo nos esforços nacionais de P&D
diante do padrão competitivo internacional. Há um descompasso entre a evolução
da capacidade produtiva e da capacidade de inovação.
Os laboratórios farmacêuticos oficiais representam 3% do valor e 10% do
volume da produção nacional. Verifica-se também o surgimento de um número
crescente de pequenas empresas de base tecnológica, formadas a partir de spin-
offs acadêmicos. Em relação à capacidade produtiva de medicamentos finais

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cp-cap3 - ipt.p65 61 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

formulados, houve uma mudança estrutural no contexto nacional, com a elevação


da participação de empresas nacionais no mercado. As 10 maiores empresas do
setor representam 43,6% do mercado doméstico, sendo que destas, quatro são
nacionais – Aché, EMS, Medley e Eurofarma.
Apesar das multinacionais dominarem o mercado farmacêutico nacional, estas
concentram no Brasil apenas as atividades relacionadas à fabricação, marketing e
distribuição de medicamentos, enquanto as etapas de P&D e produção de
farmoquímicos são realizadas no exterior. O parque industrial brasileiro possui elevada
capacidade produtiva em produtos finais, porém limitada na produção de fármacos.
O processo de liberalização comercial, iniciado nos anos 1990, contribuiu para
acentuar a crise entre os produtores nacionais de fármacos e ampliar a dependência
de importações no segmento.
A balança comercial revela a dependência tecnológica setorial. No caso de
farmoquímicos e adjuvantes, as importações situaram-se em torno de US$ 1,1 bilhão,
enquanto as exportações estavam em torno de US$ 286 milhões, em 2006. Os
medicamentos, cujas importações eram irrelevantes até 1995, representam hoje a
principal parcela das importações brasileiras, chegando a US$ 3,5 bilhões, em 2007.
As exportações vêm crescendo em ritmo mais acelerado, mas com valores mais
modestos, alcançando US$ 745 milhões no mesmo ano.
A indústria farmacêutica no Brasil está fortemente concentrada no Estado
de São Paulo. Em 2005, o setor de fármacos no Estado gerou 47,5 mil postos de
trabalho, distribuídos em 591 estabelecimentos. Em relação ao Brasil, o setor
farmacêutico paulista representava, em 2005, 41% do total de estabelecimentos,
55% do emprego, 71% do Valor Bruto da Produção (VBP), equivalente a R$ 15,5
bilhões, e uma produtividade (VTI por empregado) de cerca de 2,4 vezes superior
à indústria farmacêutica nacional. Quanto ao porte das empresas, São Paulo
representava 34% do número de estabelecimentos com até 4 funcionários e 63,6%
do número de estabelecimentos com mil ou mais funcionários, ou seja, concentram-
se no Estado as empresas de grande porte.
As atividades farmacêuticas respondiam, em 2005, por 4,8% do total do VTI
da indústria paulista, 2,1% do pessoal ocupado e 4,9% dos salários, retiradas e
outras remunerações. O setor de fármacos também apresentou taxas de inovação
superiores à taxa média total da indústria, tanto no Brasil quanto em São Paulo.
Apesar disso, tanto no Estado quanto no país, percebe-se uma perda da importância
relativa da cadeia de fármacos em relação aos demais setores, entre 1999 e 2005.
As possibilidades da indústria farmacêutica em São Paulo e, ao mesmo tempo,
os fatores que contribuem para a competitividade do Estado, estão relacionados à

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cp-cap3 - ipt.p65 62 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

possibilidade da criação de parques tecnológicos, à existência de recursos humanos


altamente qualificados, ao potencial de articulação da indústria com uma elevada
concentração de instituições de saúde altamente qualificadas, que responderam, em
2007, por mais da metade do gasto do Estado com institutos estaduais de C&T, e pela
possibilidade da interface com instituições de C&T de excelência presentes no Estado.
Entre os desafios para São Paulo e para o país estão a baixa integração
entre as políticas de C&T e políticas de saúde, ou seja, o descolamento entre o
suporte à atividade científica em saúde, que segue um padrão internacional, e os
resultados em termos da taxa de inovação no setor, ainda muito baixa. Apesar das
dificuldades para o desenvolvimento de uma indústria nacional neste setor, pode-se
considerar que a atividade farmacêutica se constitui, ao mesmo tempo, uma
oportunidade para o Estado e uma fonte essencial para um novo padrão de
competitividade. O risco existente é o de que a indústria se acomode com um
padrão pouco inovador, na contramão da tendência internacional, baseando-se apenas
em produtos que possuem reduzido potencial de inovação.
O Quadro 3.14 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

3.2.14 Fotônica
O termo fotônica foi inicialmente utilizado para representar o conhecimento
e as técnicas ligadas ao processamento de sinais utilizando os fótons em lugar dos
elétrons na indústria eletrônica. Mas, atualmente, seu uso é mais amplo, referindo-
se às aplicações modernas da óptica que apareceram após a invenção do laser,
nos anos 1960, com interface nas áreas de comunicações ópticas, displays,
iluminação à base de semicondutores e materiais orgânicos, ciências da vida,
lasers industriais e energia fotovoltaica.
O mercado mundial de fotônica, em 2006, foi da ordem de US$ 565 bilhões,
segundo a International Optoelectronics Development Association (OIDA),
sendo que a estimativa para este mercado é da ordem de US$ 1,2 trilhão, em 2017.
A participação brasileira no segmento é de cerca de 1,8% e consiste essencialmente
de produtos importados ou montados no país com componentes importados.
O Estado de São Paulo tem alguns dos atributos críticos para o desenvol-
vimento e aplicação da fotônica: centros científicos com excelência reconhecida
em fotônica, capacidade de financiamento para a pesquisa, além de infra-estrutura

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cp-cap3 - ipt.p65 63 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Quadro 3.14: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Farmacêutico
Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Farmacêutico • A exigência de • A capacidade produtiva • Houve grande – • Não é um


mão-de-obra crescente contribuiu para o mobilização de fator signi-
qualificada é aumento de competitividade empresas na- ficativo de
importante da indústria, mas não foi cionais e es- competitivi-
para a capaz de aproximar a in- trangeiras, que dade.
produção e dústria local do padrão de ampliaram for- • Porém, há a
crucial para competitividade mundial. temente a oferta necessi-
as atividades • Desafio é viabilizar que o de medica- dade de
de P&D. aumento de capacidade de mentos gené- harmonização
• Falta recursos produção induza a estraté- ricos. Assim, o dos reque-
humanos gias mais ativas de Brasil se espe- rimentos da
qualificados inovação. cializou na pro- inovação
em ensaios • Descolamento da lógica de dução final de com a sus-
pré-clínicos e mercado (gasto em P&D e medicamentos tentabilidade
nos métodos marketing, inovação, lucra- em grande es- ambiental.
de produção tividade e crescimento) das cala, lançando • Necessida-
industriais. necessidades da saúde: mão da impor- de de agili-
• Necessidade baixos investimentos no tação de fárma- zação de
na formação desenvolvimento de medi- cos e demais procedimen-
técnica e camentos para doenças “negli- princípios ati-vos, tos para
tecnológica genciadas” - Malária, configu-rando uso susten-
em áreas Lepra, Leptospirose, Esquis- uma estrutura tável da
como tossomose, Tuberculose, pouco Biodiversi-
química, Dengue e Leishmaniose. adensada. dade.
engenharia • Necessidade de atenuar o • Não existe no
química e risco tecnológico e criar no- país entidade
farmacologia. vos arranjos financeiros que regulatória e
permitam superar as barrei- certificadora
ras para PMEs inovarem; para a quali-
• Biotecnologia, química orgâ- dade sanitária
nica avançada e tratamen- de animais
tos genéticos estão na fron- usados em
teira do desenvolvimento testes de
tecnológico da indústria e laboratório.
podem contribuir para as • O sistema de
próximas inovações. propriedade
• Apoio do Estado e integração intelectual
entre empresas, universida- nacional é
des e órgãos públicos de extremamente
pesquisa são cruciais para demorado e há
aproveitamento das janelas dificuldade para
de oportunidades patentear pro-
tecnológicas. dutos naturais e
• Infra-estrutura de C&T de- biotecnológicos.
ficiente: faltam competên- Algumas em-
cias na prestatação de presas prefe-
serviços; não dispõe de rem depositar
empresas tipo Contract nos EUA suas
Research Organizations patentes e
(CROs) ou Contract estendê-las ao
Manufacturing Organizations Brasil.
(CMOs), empresas a
contratam estes serviços no
exterior.

64

cp-cap3 - ipt.p65 64 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

de transporte aéreo e rodoviário, proximidade com o maior e mais dinâmico


mercado brasileiro, dentre outros fatores importantes. Dessa forma, o
desenvolvimento da área de fotônica, se estruturado e dinamizado, pode se
transformar em uma “janela de oportunidades” de desenvolvimento tecnológico
para São Paulo e para o Brasil com várias aplicações.
O segmento de comunicações ópticas é a área da fotônica mais desenvolvida
no Brasil, sendo que São Paulo concentra grande parte da produção nacional. Neste
segmento são produzidos equipamentos, fibras ópticas, cabos e outros componentes
relacionados à telecomunicação. Mas a demanda deste setor é coordenada por
grandes empresas operadoras de serviços de telecomunicação, o que dificulta a
inserção das empresas paulistas no mercado. Nota-se que um dos gargalos deste
segmento é a falta de produção nacional de componentes e dispositivos críticos.
Uma oportunidade evidente para dinamizar o desenvolvimento do segmento
de comunicações ópticas é a expansão das redes de fibra óptica de longa distância
Fiber To The Premise (FTTP) no Brasil e na América Latina, já a partir de 2009,
mas as empresas brasileiras ainda não estão suficientemente estruturadas para este
novo mercado. Para aumentar a competitividade deste segmento seria recomendável
a criação de uma grande empresa nacional, por meio de processos de fusões e
aquisições, que se torne fornecedora de soluções completas para as operadoras e
outros clientes, pois o desenvolvimento de dispositivos e componentes parece inviável
para as pequenas empresas, dado o volume de investimentos necessários.
No segmento de displays, as tecnologias de LCD e Plasma atualmente
disponíveis são consideradas maduras, com mercado dominado pelos países asiáticos
e europeus. Uma oportunidade, neste caso, pode ser o display flexível de base
de Organic Light Emitting Diodes (OLED), tecnologia que está em processo de
desenvolvimento. Os principais gargalos desse segmento é a falta de capacidade
de formação de recursos humanos qualificados que sejam suficientes para o
desenvolvimento de indústrias nacionais em tecnologias de ruptura. Porém, uma
contribuição brasileira na área de displays teria um enorme impacto para o déficit
comercial da indústria eletrônica nacional. Assim, seria importante incentivar a
nacionalização gradual da produção de componentes, de modo a criar demandas
para P&D e para empresas de componentes de alta tecnologia, além de formar
recursos humanos em número suficiente.
No setor de iluminação, a utilização da fotônica ocorre pelo uso de fontes de
luz de estado sólido (SSL). Acredita-se que nas próximas duas décadas esta
tecnologia substituirá as lâmpadas de filamento e fluorescentes, permitindo uma
poupança de 50% no consumo de energia no mundo. Esta tecnologia já está

65

cp-cap3 - ipt.p65 65 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

relativamente madura, pois já se produz lâmpadas em grande escala no mundo,


mas este mercado é novo e ainda não há padronização especificada. No Brasil, o
mercado de iluminação é dominado por grandes empresas transnacionais que ainda
não iniciaram a produção local de lâmpadas SSL. Por outro lado, existe um grande
número de pequenas e médias empresas nacionais que atuam em nichos de mercado,
fabricando luminárias e luzes de alarme para ambulâncias e carros policiais.
Para aumentar a competitividade destas empresas, seria interessante criar
um suporte em P&D, padronização e caracterizações espectrais para o uso e difusão
desta tecnologia no Brasil, o que poderia ser feito junto a uma instituição de apoio
ao desenvolvimento industrial. A entrada de produtos fotônicos no segmento da
iluminação causará também mudanças nos itens de suporte, como soquetes,
interruptores e outros, que demandarão inovações de produto e de processos ao
longo da cadeia produtiva que envolve a iluminação.
A aplicação de fotônica no segmento de fotovoltaicos engloba células
fotovoltaicas e painéis solares utilizados em casas e edifícios, que têm forte apelo
na produção de energia limpa. Recentemente, a Petrobras se mostrou interessada
no desenvolvimento desta tecnologia, tendo em vista os gargalos de produção de
energia no Brasil. A oportunidade que se abre aqui é realizar um esforço para
captar os novos investimentos no setor e estruturar a base tecnológica no Estado.
A aplicação da tecnologia de biofotônica nas ciências da vida pode permitir a
utilização de procedimentos minimamente invasivos, como, por exemplo, a utilização
de fibras ópticas para extrair informações morfológicas, bioquímicas e biomecânicas
importantes para o entendimento de processos celulares, dentre outras novas
utilizações. Estima-se que a utilização intensiva da biofotônica possa economizar
US$ 18 bilhões por ano nos gastos com saúde no Brasil e mais de US$ 500 bilhões
no mundo todo.
São Paulo conta com as principais competências do segmento de biofotônica
desenvolvidas no Brasil, abrigadas nas principais universidades e institutos de pesquisa
do Estado (UNICAMP, USP/São Carlos e IPEN) e um conjunto de pequenas
empresas geradas, na sua maioria, a partir de spin-offs da USP/São Carlos
interessadas em aplicações desta tecnologia. Não existem ainda grandes empresas
que dominam o mercado, pois o mercado em si é imaturo, com alto grau de inovação
e baixa padronização dos novos processos.
Neste contexto, o quadro mostra-se promissor para o Estado, que ainda dispõe
de uma rede multidisciplinar de pesquisadores das áreas de biologia e saúde
fortemente conectadas, além de físicos e engenheiros que podem desenvolver novos
equipamentos e métodos. É possível acelerar os desenvolvimentos e difusão das

66

cp-cap3 - ipt.p65 66 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

tecnologias de biofotônica, colocando pesquisadores das diversas áreas, como física,


computação, biologia, bioquímica e medicina trabalhando num mesmo local, num
Instituto de Fotônica, por exemplo, seguindo iniciativas de outros países, além da
estruturação de um parque tecnológico cuja área de interesse seja a biofotônica.
Já os lasers industriais são utilizados para processos industriais de impressão,
gravação, corte, solda, furação e tratamento de superfícies em metais, tecidos,
plásticos, couro e madeira utilizados em ampla escala na indústria de transformação.
As empresas que utilizam lasers nos processos de fabricação são, pelo menos,
25% mais produtivas do que suas concorrentes.
O Brasil ainda não desenvolveu um parque industrial expressivo que utilize
esta técnica; além disso, o número de pessoas ou grupos de P&D especializados
nesta área é limitado, sendo o IPEN de São Paulo a principal competência. Para
alavancar este segmento seria interessante estimular as iniciativas das empresas
que se disponham a produzir lasers industriais, pois as barreiras à entrada são
relativamente pequenas e os custos de aquisição de tecnologia são ainda acessíveis,
além de estimular a criação de um instituto para o desenvolvimento de lasers
industriais de última geração e de processamento de materiais por laser, que
facilite o acesso de pequenas e médias empresa a esta tecnologia.
O Quadro 3.15 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus
principais gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes
dimensões estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação,
Regulação, Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

3.2.15 Máquinas-Ferramenta
O setor de máquinas-ferramenta pode ser entendido como um conjunto de
máquinas e equipamentos mecânicos que compõem as atividades de fabricação de
outros bens de capital, relacionando-se diretamente com a produção dos demais
setores, por isso desempenha um papel importante na difusão de novas tecnologias.
Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos, Taiwan e Suíça exercem a liderança
mundial em termos de market-share das exportações mundiais. Os Estados Unidos têm
sido, ao mesmo tempo, grandes exportadores e importadores no segmento de máquinas-
ferramenta, resultando em um elevado comércio intra-industrial.AChina também já aparece
como uma grande importadora mundial de máquinas-ferramenta no período recente, em
razão das elevadas taxas de crescimento do PIB, a partir de 2002.
Desde os anos 1990, o setor passa por mudanças tecnológicas que
implicaram no uso intensivo de equipamentos eletrônicos. Criou-se assim uma

67

cp-cap3 - ipt.p65 67 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Quadro 3.15: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Fotônica
Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Fotônica • A evolução do • Setor altamente intensivo em – – • Impactos


setor deman- conhecimento e P&D, com ambientais
da recursos grandes economias de escala na utiliza-
humanos alta- e escopo na sua exploração ção de foto-
mente qualifi- comercial. voltaicos,
cados, além • Em biofotônica existe no que poderia
de um conjun- Estado uma rede de reduzir o
to de indús- pesquisadores com consumo
trias e servi- conhecimentos em biologia de energia.
ços de supor- e saúde, conectados com
te como ele- a área de engenharia e
trônica, mecâ- física, que pode ser
nica fina e estimulada e originar
software. inovações importantes.
• O desenvolvi- • Exceto em comunicações
mento rápido ópticas, a interação entre
do setor exi- empresas, e entre
giria a expan- empresas e universidades
são da forma- e institutos de pesquisa,
ção de profis- ainda é insuficiente.
sionais. • O padrão de concorrência
• Parte dos dou- mundial é marcado pela
tores forma- alta intensidade em gastos
dos na área em P&D e uma interação
são contrata- forte com o conhecimento
dos por multi- científico gerado em
nacionais. universidades e institutos
• Existe falta de de pesquisa.
mão-de-obra
qualificada
também no
nível técnico.

divisão entre produtores de máquinas mais avançadas e aquelas com menor


conteúdo eletrônico. Especificamente para o Brasil, a abertura comercial dos
anos 1990 representou, não só para o setor de máquinas-ferramenta, mas também
para maioria dos setores produtores de bens de capital, um período de ajuste e
adaptação às novas condições de mercado, que teve como principais conseqüências
a desverticalização do setor, o fechamento de unidades produtivas, a diminuição
da gama de produtos oferecidos, o aumento do número de empresas estrangeiras
e, também, o aumento do número de partes e componentes importados nas
máquinas nacionais. O setor de máquinas-ferramenta é representativo deste
cenário de abertura de mercado pouco planejada e, ainda que hoje tenhamos uma
recuperação do valor da produção interna, o Brasil é importador líquido no setor.

68

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3. Diagnósticos Setoriais

Tanto a produção para o mercado interno como aquela exportada é constituída


principalmente de produtos com conteúdo tecnológico apenas intermediário,
ocupando o espaço deixado pelos fabricantes dos países líderes que se
especializaram na produção de máquinas-ferramenta mais avançadas e inovadoras,
com forte presença de componentes eletrônicos em sua construção.
Existe forte relação entre as empresas de máquinas-ferramenta e as
condições de mercado dos seus compradores e dos fornecedores de peças,
componentes e matérias-primas. Os esforços tecnológicos dos fabricantes estão
diretamente relacionados com as expectativas que os diferentes setores
industriais tem acerca do desempenho da economia brasileira. Nos casos em
que o comprador da máquina não tenha expectativas positivas de expansão da
sua capacidade produtiva (pela expansão das vendas), nem de modernização
do seu processo produtivo (pela competição com os importados), as empresas
de máquinas-ferramenta têm pouco incentivo para despender grande esforço
tecnológico. Elas não são estimuladas a fazê-lo já que não necessitam ampliar
seu market-share, em um mercado interno estagnado ou ocupado por fornece-
dores externos mais competitivos.
Nos últimos anos, seguindo a tendência de aquecimento da economia com
expansão dos investimentos em bens de capital, o setor tem expandido as vendas
no mercado interno, com a ressalva de que os equipamentos vendidos são de menor
valor tecnológico ou ainda possuem as partes e componentes mais avançados
provenientes do exterior, dentro da estratégia de comércio intra-firmas das empresas
transnacionais situadas no Brasil, como já citado anteriormente. Além disso, a
evolução recente do mercado mundial de máquinas-ferramenta revela dinamismo
em termos de comércio internacional, já que apresenta taxas de crescimento de
exportações anuais superiores às taxas de crescimento das exportações totais no
período de 2001 a 2005. No entanto, já que o mercado está em expansão, esta pode
ser uma oportunidade para o Brasil, desde que as empresas sejam apoiadas por
políticas de melhoria da competitividade.
O Estado de São Paulo concentra a maioria das unidades produtivas do
setor, assim como tem a maior participação em termos do valor da produção. No
Brasil, em 2005, o VTI do setor somou R$ 1,35 bilhão, em 657 Unidades Locais
(UL), com mais de 21 mil pessoas ocupadas. No Estado de São Paulo, nesse mesmo
ano, o VTI foi de R$ 860 milhões, em 441 ULs, com mais de 14 mil pessoas
ocupadas. Esses indicadores sinalizam a grande importância do Estado na dinâmica
nacional do setor. No caso de máquinas-ferramenta, a participação do VTI paulista
é de 64% do VTI desse setor no Brasil.

69

cp-cap3 - ipt.p65 69 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Diante disso, encontra-se em São Paulo a oportunidade de reestruturação


que o setor necessita para tornar-se mais competitivo. Este ganho de competitividade
está relacionado a práticas que permitam às empresas terem acesso a matérias-
primas, principalmente o aço, a custos menores, organizando-se para se fortalecerem
nas negociações. Há possibilidades no campo das inovações tecnológicas, mediante
melhor interação com universidades e demais instituições de pesquisa, visando o
desenvolvimento de novos materiais em substituição ao aço e à incorporação de
componentes eletrônicos de controle.
O setor também enfrenta dificuldades na logística de transportes, assim
como problemas relacionados à devolução de créditos de impostos acumulados,
os quais poderiam ser utilizados no financiamento de pesquisas ou ainda na
criação de estruturas de financiamento para capital de giro, um problema
relevante para o setor que, em geral, trabalha com períodos longos de pro-
cesso produtivo.
O Quadro 3.16 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.16: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Máquinas-Ferramenta
Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Máquinas- • Há disponibili- • O setor precisa investir e – – –


Ferramenta dade de mão- incorporar novas tecnolo-
de-obra quali- gias para se modernizar e
ficada e de se tornar apto a atender
nível técnico. uma demanda doméstica e
internacional crescente e
em nível tecnológico
adequado.
• Há possibilidades no
campo das inovações
tecnológicas, por meio da
interação das empresas
com universidades e de-
mais instituições de pes-
quisa, visando o desen-
volvimento de novos
materiais em substituição
ao aço e à incorporação
de componentes eletrô-
nicos de controle.

70

cp-cap3 - ipt.p65 70 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

3.2.16 Petróleo e Gás Natural


A Indústria de Petróleo e Gás Natural (IPGN) tem vivenciado grandes
transformações nas últimas décadas. Após os choques do petróleo, a busca por
alternativas energéticas provocou o início de um processo de lenta substituição do
petróleo na matriz energética mundial. As empresas, sob intensa concorrência,
passaram a buscar novas reservas e, especialmente durante os anos 1990,
concentraram-se dando origem aos grandes conglomerados industriais e a um grupo
de gigantes estatais. A busca por novas reservas deu-se de maneira intensa,
especialmente após a elevação dos preços, tanto no início da década de 1980 quanto
nos dias atuais, e os preços chegaram inclusive a superar US$ 130 por barril.
A perspectiva de manutenção de preços elevados, o maior rigor nas atividades
de exploração e produção em águas do ártico, águas ultra-profundas ou em reservas
de petróleo não convencionais, bem como as pressões por melhores técnicas de
refino para produção de derivados mais limpos e capazes de reduzir a emissão de
Gás Carbônico na atmosfera, têm marcado o ambiente de investimentos na indústria
petroleira e para-petroleira1, com desafios intensos no campo tecnológico.
A indústria para-petroleira também teve um movimento intenso de fusões e
aquisições durante a década de 1990. Contratadas pelas empresas petroleiras
passaram a coordenar uma cadeia de fornecedores e realizar tarefas antes de
responsabilidade das petroleiras, como parte importante da P&D do setor. O resultado
desse processo foi uma maior capacidade de barganha em relação às empresas de
petróleo, incluindo uma maior capacidade de imposição de seus preços.
Recentemente, tal poder viabilizou o movimento de rápida elevação dos preços de
equipamentos e serviços em toda a cadeia produtiva como resposta ao crescimento
da demanda e dos custos de seus insumos.
No Brasil, as grandes transformações na IPGN das últimas décadas tiveram,
como maior expressão, a busca pela auto-suficiência de petróleo. Essa foi responsável
pelo fortalecimento da Petrobras, pelas descobertas em águas profundas no período
recente e, posteriormente, pela desregulamentação e abertura ao capital privado e
estrangeiro, que poderiam auxiliar no desenvolvimento da indústria nacional. Apesar
da realização de nove rodadas de licitação de campos de exploração, a Petrobras
manteve sua predominância no setor em todos os elos da cadeia e vem elevando
significativamente sua projeção qüinqüenal de investimentos a cada revisão anual.

1
Engloba todos os segmentos fornecedores de equipamentos, tecnologia e serviços especializados, necessários
na Indústria de Petróleo e Gás Natural.

71

cp-cap3 - ipt.p65 71 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Os investimentos planejados pela estatal representam a principal carteira de


investimentos (públicos ou privados) do país para os próximos anos e a maior parte
deles será realizada no país. O setor ainda conta com alguns bilhões de dólares da
iniciativa privada previstos para os próximos anos. Além disso, as recentes
descobertas de grandes bacias de óleo leve e gás natural na camada de pré-sal têm
potencial de alavancar ainda mais investimentos no país.
O Estado de São Paulo caracteriza-se historicamente pela amplitude de seu
mercado consumidor de combustíveis e pela ausência de capacidade em exploração
e produção de petróleo e gás natural. O mercado de gás natural no Estado, a
exemplo dos derivados de petróleo, é o maior do país, com participação de 38,5%
entre janeiro e outubro de 2007, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O Estado de São Paulo, com suas 4 refinarias,
responde por 41,6% da capacidade total de refino do país. Por outro lado, foi
responsável, em volume, por apenas 0,07% da produção de petróleo, em 2006,
contra 0,13%, em 2000. Em relação ao Gás Natural, São Paulo contribuiu, em
2006, com pouco mais de 1,8% da oferta bruta2 nacional. Entretanto, São Paulo
apresenta um dos maiores potenciais do país para futuras descobertas por meio de
parte da Bacia de Santos localizada no litoral do Estado.
O potencial para a cadeia de petróleo e gás natural no Estado tem sido
extremamente ampliado ao longo da última década. A descoberta do Campo de
Mexilhão, no início dos anos 2000, anunciou uma perspectiva positiva de descobertas
próximas ao Estado. Outras grandes descobertas confirmadas em 2007 caracterizam-
se por grandes volumes de petróleo de boa qualidade em águas ultra-profundas e em
camadas do pré-sal. Além dos investimentos planejados para este cenário, a questão
tecnológica ganha destaque pelos desafios que as características destas novas reservas
impõem, o que deve atrair interesse de toda a cadeia de petróleo e gás mundial.
O Estado de São Paulo é um dos grandes beneficiados destas descobertas.
Em primeiro lugar, abriga grande parte das empresas fornecedoras de equipamentos
e serviços para a IPGN, nas quais há espaço para constante inovação tecnológica.
Um sistema produtivo inovador depende de contínuo esforço de pesquisa e
desenvolvimento, bem como de um ambiente adequado para seu desenvolvimento
– mão-de-obra qualificada, laboratórios, institutos de pesquisa, recursos financeiros.
São Paulo possui um ambiente positivo para investimentos, conhecimento tecnológico
acumulado e infra-estrutura de pesquisa para alguns nichos da cadeia. Com a
fronteira de exploração em águas ultra-profundas recém-descoberta, o Estado

2
Sem considerar as reinjeções, queima e consumo próprio da Petrobras.

72

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3. Diagnósticos Setoriais

depara-se com novos desafios tecnológicos e potencial para se tornar uma das
principais províncias petrolíferas das próximas décadas.
Além disso, segundo dados da Petrobras, os investimentos planejados pela
empresa nos próximos anos deverão criar mais de 900 mil empregos qualificados
em todo país. A estimativa para São Paulo é que 160 mil empregos, diretos e indiretos,
sejam criados entre 2008 e 2011.
Segundo dados do cadastro de fornecedores criado pela Organização Nacional
da Indústria do Petróleo (ONIP) existem cerca de 700 empresas fornecedoras da
IPGN no país, das quais, mais de 40% estão do Estado de São Paulo. Segundo o
cadastro de produtos oferecidos, pouco mais de 7 mil itens, algo em torno de 55%,
são oferecidos pelas empresas de São Paulo.
Em relação às participações governamentais (compensações financeiras
cobradas pelo Estado em função do uso de um bem público e, como é o caso dos
recursos minerais, um recurso não renovável), no caso do petróleo, elas são divididas
em bônus de assinatura, royalties, participações especiais e pagamento pela
ocupação ou retenção da área. A operação no campo de Mexilhão, programada
para final de 2008 e início de 2009, deverá gerar em torno de R$30 milhões/anuais
para São Paulo, com uma produção inicial de 15 milhões de m3/dia. Estima-se que
serão destinados somente aos municípios de Ubatuba, Caraguatatuba, Iguape e
Peruíbe, outros R$32 milhões/ano em royalties, capazes de transformar o orçamento
anual destas prefeituras.
O potencial para a década subseqüente é ainda maior. Além da produção de
gás natural, que tende a aumentar, as expectativas quanto à produção e receita de
royalties das novas descobertas são ainda maiores.
O Quadro 3.17 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

3.2.17 Petroquímico
A indústria petroquímica é parte da indústria química e caracteriza-se pelo
uso de um derivado de petróleo (a nafta) ou o gás natural (que tecnicamente também
é petróleo) como matéria-prima básica.
O horizonte da cadeia petroquímica mundial encontra-se cada vez mais
condicionado por dois fatores: o elevado patamar em que estão os preços das

73

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Quadro 3.17: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Petróleo e Gás Natural
Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Petróleo • Demanda de • O desafio e as necessida- – • A produção • Forte pres-


e Gás mão-de-obra des de capacitação tecno- deste setor são pela
Natural amplamente lógica direcionaram-se tem grande progressiva
qualificada, para a extração em águas efeito em substituição
com remune- profundas e ultra-profun- toda a ca- de combus-
ração superior das, tais como as desco- deia produ- tíveis fós-
à média da bertas na Bacia de Santos. tiva. A de- seis por
indústria. • A Petrobras domina a tec- manda por energia lim-
• Não foi detec- nologia para extração em equipamentos pa deve al-
tada ainda a águas profundas e está e insumos terar a es-
escassez de investindo fortemente para industriais trutura com-
mão-de-obra, avançar no domínio da (com desta- petitiva do
mas há indí- extração sob a camada que para setor nas
cios de ser pré-sal, a mais de 6 mil produtos próximas
um problema metros de profundidade e metal-mecâ- décadas.
nos próximos 2 mil metros de coluna nicos) é • Legislação
anos, espe- d’água. muito inten- ambiental
cialmente nas • Este domínio tecnológico sa e tem se pode ser
áreas de en- será crucial para a estra- direcionado problema
genharia e tégia competitiva da Pe- paulatinamen- para a ex-
nos níveis trobras, não apenas para te para a in- pansão de
técnicos. exploração da Bacia de dústria brasi- unidades
Santos, mas também para leira. Aqui de refino e
se consolidar como líder residem as para trans-
mundial na exploração das maiores porte e ar-
últimas reservas oportunida- mazenagem
petrolíferas. des, ainda de óleo,
não total- mas não
mente apro- configuram
veitadas, impedimentos
para a in- para extra-
dústria pau- ção ou para
lista. a expansão
da rede de
gás.

matérias-primas e o deslocamento do principal mercado consumidor de produtos


petroquímicos para a China, tendo como efeito o deslocamento do fluxo de
investimentos em expansão da capacidade para o Oriente Médio e Ásia. Essas
mudanças na indústria petroquímica são centrais para descrever a atual situação
da indústria local em relação ao cenário mundial.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), o
faturamento da indústria petroquímica brasileira em 2006 foi em torno de US$ 23
bilhões. Este volume de vendas correspondeu a 81% dos US$ 28,6 bilhões de
faturamento total do setor fabricante de produtos químicos industriais nacionais. Se

74

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3. Diagnósticos Setoriais

avaliarmos pela ótica do valor adicionado, o peso da indústria petroquímica foi de


4,18% do total da indústria de transformação brasileira em 2005.
A indústria petroquímica brasileira está majoritariamente concentrada em
quatro pólos produtores: Capuava/SP, Camaçari/BA, Triunfo/RS e Rio Polímeros/
RJ e societariamente dividida em dois grandes grupos que integram a 1ª e 2ª geração.
O processo de reestruturação do setor contou com a participação da Petrobras
como sócia minoritária dos dois grupos. Em torno das centrais de matérias-
primas (1ª geração) destes pólos está localizada a maior parte das unidades de 2ª
geração, que fabricam resinas termoplásticas, intermediários para plastificantes e
resinas, entre outros, utilizando produtos como eteno, propeno, benzeno, butadieno
e xilenos recebidos das centrais. O Brasil está com a capacidade produtiva de
produtos petroquímicos muito próxima do limite e, de acordo com as projeções,
a demanda do setor deve aumentar nos próximos anos.
A petroquímica brasileira caminhou na direção de sua consolidação e do
equacionamento dos fatores que afetam sua competitividade. Todavia, face ao
desafio externo, há um espaço para ações portadoras de futuro, as quais envolvem
a utilização das fontes renováveis, o equacionamento do problema da reciclagem, a
reforma fiscal, a melhoria da legislação ambiental e o domínio de tecnologias que
permitem uma maior diversificação do parque produtivo, excessivamente centrado
na produção de resinas termoplásticas.
O Estado de São Paulo teve sua participação no valor da transformação industrial
reduzida de 41,4%, em 1996, para 29,1%, em 2005, o que se deve à forma de evolução
da indústria e às limitações impostas3, até 2002, ao desenvolvimento do Pólo de
Capuava. A redução da participação do Estado nas receitas líquidas de vendas totais
foi menos intensa: de 44,4%, em 1996, para 37,5%, em 2005. São Paulo, apesar de
ser o primeiro Estado a possuir um pólo petroquímico e ser o maior mercado para os
produtos do setor, foi o segundo maior produtor em 2006, com 24,9% do total, volume
praticamente igual ao do Rio Grande do Sul (pólo de Triunfo), também com 24,9% do
total. O Estado com maior capacidade produtiva, em 2006, foi a Bahia (pólo de
Camaçari), com aproximadamente 33,8% do total nacional.
Apesar da perda de representatividade na petroquímica nacional ao longo do
tempo, o Estado de São Paulo ainda se mantém como um espaço estratégico para
o desenvolvimento da indústria no país. Este posicionamento estratégico é explicado

3
A limitação mencionada é a legislação estadual, que restringia qualquer tipo de expansão da indústria
petroquímica na região da Grande São Paulo, por causa de seus impactos ambientais, sendo que esta legislação
foi modificada em 2002.

75

cp-cap3 - ipt.p65 75 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

por vários fatores. Primeiramente pela concentração geográfica das indústrias


dentro do Estado de São Paulo. Essa concentração é característica dos pólos
industriais do setor petroquímico, capaz de gerar sinergias logísticas e operacionais
ao parque petroquímico paulista e garantir grandes vantagens se comparado às
centrais de matérias-primas de Camaçari/BA e Triunfo/RS e às empresas de
segunda geração de outros Estados, que possuem armazéns de distribuição em
São Paulo. Outro fator importante é a localização do pólo petroquímico próximo
tanto das refinarias, quanto de grande quantidade de empresas do setor (2ª e 3ª
geração), e também do maior mercado consumidor do país, composto pelos
Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Além disso, São Paulo
possui o principal parque de refino do país com quatro das 13 refinarias e uma
das quatro centrais petroquímicas do Brasil (1ª geração) que, até 2006, era a
única da região Sudeste. Finalmente, o Estado possui a maior oferta de mão-de-
obra qualificada e universidades importantes, que garantem fortes características
competitivas.
Atualmente, São Paulo é foco de investimentos das grandes empresas petro-
químicas e insere-se no grande projeto da criação da Companhia Petroquímica do
Sudeste. No entanto, mesmo possuindo grandes projetos de investimentos,
comparativamente aos demais estados, ainda está aquém daquilo projetado para o
Rio de Janeiro, devido ao grande volume financeiro que será aplicado na instalação
do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ). No cenário nacional, a
indústria petroquímica de São Paulo está inserida no contexto da indústria da Região
Sudeste, que passou por reestruturação societária e atrai o maior volume de
investimentos do setor no país.
No que se refere aos constrangimentos nacionais, São Paulo deve reunir
esforços para superar os obstáculos em infra-estrutura, fontes de financiamento
para novos investimentos, tributação, complexidade acionária, constrangimentos de
matéria-prima e legislação ambiental.
Recentemente, o governo estadual conseguiu um tratamento tributário isonô-
mico ao praticado em outros Estados para produtos petroquímicos, referente à
redução da alíquota do ICMS, de 18% para 12%, para os produtos de 1ª e 2ª
geração, o que muda o cenário com o fortalecimento do setor e aumento das vantagens
competitivas do Estado de São Paulo.
Se em termos logísticos São Paulo se beneficia do mercado consumidor e da
oferta de petroquímicos, por outro lado, sofre com os problemas logísticos para
importação da nafta. Isto se tornou um obstáculo aos investimentos, pois a nafta
fornecida em âmbito nacional não atende totalmente às necessidades das empresas

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cp-cap3 - ipt.p65 76 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

da região, principalmente no que se refere aos planos de expansão.


O licenciamento ambiental desempenha um papel fundamental no processo
de investimento da indústria. O Governo do Estado de São Paulo já vem atuando
no sentido de aumentar a transparência do processo, com a adoção do
Licenciamento Unificado. Mas, mesmo assim, há dificuldades nas contingências
regionais e locais que, em geral, atuam de forma desfavorável ao investimento no
Estado. Finalmente, a diversificação produtiva é fundamental para a expansão da
indústria, diante das características do mercado de 3ª geração e do mercado de
consumo final.
O Quadro 3.18 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.18: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Petroquímico
Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Petroquímico • Setor com bai- • Inovações de processo e – • O último ci-clo • Produção


xa intensidade produto são elementos de gran-des muito afe-
de mão-de- cruciais, mas bastante investi- tada por le-
obra. restritas a poucos grandes mentos na gislação
• Não foi identi- players mundiais e apenas petroquímica ambiental:
ficada falta de nos produtos de uso não brasileira operação e
mão-de-obra massificado (como no ca- iniciou-se expansão
qualificada. so de resinas termoplás- com a ex- de unida-
ticas, consideradas pansão da des são
pseudo-commodities). COPESUL, objeto de
• Inovação tecnológica dispo- avançou na licenças e
nível em processos (no- instalação fiscalizações
vos catalisadores, por da RioPol ambientais
exemplo) e em produtos (para operar que retar-
(novos compostos, plás- com base dam inves-
ticos de engenharia, adi- em etano da timentos.
tivos). Baía de • Dificuldades
• Empresas brasileiras são Santos), e na conces-
usuárias de tecnologia deve se en- são de li-
(disponível no mercado cerrar com cenças em
internacional), ou seja, a inaugura- São Paulo:
realizam baixos ção da excesso de
investimentos em P&D. Petroquímica burocracia
• Produtos inovadores, com do Planalto e demora
baixa escala de demanda ea em analisar
e altos custos de investi- prometida projetos de
mento, não são produzidos expansão investimento.
no país. da PQU.

77

cp-cap3 - ipt.p65 77 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

3.2.18 Serviços de Telecomunicação


Os serviços de telecomunicação compõem uma infra-estrutura essencial para
o desenvolvimento de inúmeras cadeias produtivas; portanto, sua eficiência contribui
para a competitividade dos demais setores industriais. Existem evidências acerca dos
benefícios das TICs em geral e, particularmente, dos benefícios da ampliação do
acesso à banda larga, daí o interesse em adotar medidas que promovam o crescimento
dessa modalidade de acesso às redes e que possibilitem o surgimento de novas
oportunidades de desenvolvimento do setor.
Na indústria mundial de serviços de telecomunicação foi instaurado um
novo ambiente regulatório e institucional nas últimas décadas, que incentivou os
antigos monopólios de serviços nos países desenvolvidos, recém privatizados,
a buscarem novos mercados e ganhos de escala por meio de fusões e aquisições.
Esses movimentos proporcionaram volumes expressivos de IDE deste setor nos
países em desenvolvimento, sendo que o Brasil recebeu 26% do total de IDE, um
montante de aproximadamente US$ 51 bilhões, no período 1990-2003.
As tendências mundiais do setor são balizadas por três elementos inter-
relacionados: a globalização, a digitalização e a convergência tecnológica.
Primeiramente, a globalização promoveu a maior integração dos mercados por
meio das estratégias empresariais e dos investimentos das empresas multinacionais
atuantes no setor. Em segundo lugar, a digitalização permitiu a integração de
diferentes serviços em uma única infra-estrutura de redes e uma maior sinergia
ao longo de toda a cadeia de valor do setor de telecomunicação: produção de
conteúdo, distribuição, entrega e fruição – consolidando a convergência tecnológica.
Por último, a convergência tecnológica possibilitou a criação de novos serviços e
o estímulo à inovação, podendo também estar associada à integração vertical de
empresas globais.
O serviço de telefonia fixa é o principal dentre os serviços oferecidos pelas
empresas de serviços de telecomunicação e responsável pela maior parte de suas
receitas. No entanto, com a convergência tecnológica, os operadores tradicionais
de telefonia fixa estão começando a utilizar suas plataformas de acesso à Internet
em banda larga para a distribuição de conteúdos multimídia, com diversos modelos
de negócios: fornecedores de infra-estrutura de telecomunicações, prestadores de
serviços diversificados de comunicações, prestadores verticalizados e gerenciadores
de conteúdo, serviços e aplicações.
É possível identificarmos algumas tendências mundiais sobre o mercado
do setor de serviços para telecomunicações: 1) a saturação e redução no número
de acessos de telefonia fixa nos países desenvolvidos, em função da sua

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3. Diagnósticos Setoriais

substituição pelos serviços de telefonia móvel; 2) o crescimento do número de


acessos de telefonia fixa nos países em desenvolvimento, mas com uma tendência
à estagnação em níveis inferiores aos dos países desenvolvidos, em função da
renda disponível; 3) o forte crescimento do serviço de telefonia móvel, tanto nos
países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento, nos quais os altos
níveis de teledensidade são alcançados devido ao surgimento de modelos de negócio
inovadores (como o serviço pré-pago); 4) o acentuado crescimento dos serviços
de acesso à Internet em alta velocidade (banda larga), e, por último, 5) a entrada
de novos players na oferta dos serviços de comunicações de dados, os
operadores de TV por assinatura.
No Brasil, a privatização do setor de serviços de telecomunicação foi concre-
tizada com a venda do Sistema Telebrás por R$ 22 bilhões, em 1998, e sua divisão em
doze empresas, juntamente com a concessão de licenças para que estas novas empresas
entrassem em operação, um mecanismo para tornar a concorrência efetiva.
Atualmente, o setor está em uma fase de consolidação, com movimentos
de fusões e aquisições e um acentuado dinamismo. Evidência disso é que os
principais segmentos do setor de serviços de telecomunicação permanecem
fortemente concentrados em um grupo restrito de players. No segmento de
telefonia fixa, a Telemar tinha 92% do seu mercado regional, a Brasil Telecom
90,7% da área que inclui os Estados das regiões Sul e Centro-Oeste mais Tocantins,
Acre e Rondônia, e finalmente, a Telefônica detinha 93% do total do mercado do
Estado de São Paulo, em 2006. No segmento das prestadoras de celulares, a
Vivo detinha 34,5% do total de aparelhos; no segmento de TV por assinatura, a
NET ocupava a liderança (37%) seguida da Sky/DirectNet com uma participação
de 33% do mercado, em 2005.
A dinâmica do setor no Brasil é sustentada pelos serviços de telefonia móvel
e acesso à Internet por meio da banda larga. A concorrência setorial está
determinada na disputa entre os serviços de telefonia fixa versus telefonia móvel e
os serviços corporativos versus os residenciais. Além disso, é possível identificar-
mos a estratégia empresarial de verticalização da cadeia de valor, por meio da
oferta de pacotes de serviços de maior valor agregado, tais como acesso à Internet
e TV por assinatura. Neste sentido, algumas empresas buscam ampliar suas redes
por meio de aquisições e fusões no mesmo segmento, para alcançar economias
de escala, ao passo que outras buscam incorporar empresas de atividades distintas,
para promover ganhos de escopo e a diversificação do seu portfólio.
No caso de São Paulo, a densidade do tecido econômico torna o
Estado o principal demandante de serviços de telecomunicação do país. O

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cp-cap3 - ipt.p65 79 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

impacto da disponibilidade desses serviços de telecomunicação e, particu-


larmente, dos serviços de Internet em banda larga, sobre a competitividade
do sistema empresarial paulista é bastante significativo. Além disso, o Estado
de São Paulo é uma área do Plano Geral de Outorgas (PGO) e as suas
concessionárias estão entre os maiores players mundiais (Telefônica, América
Móvil-Telmex, TIM e Portugal Telecom).
São Paulo também possui elevada participação no total do setor no
país: 40% da base instalada em TV por assinatura e acesso à banda larga,
36% dos empregos gerados e 23% dos estabelecimentos. Há uma concentração
das atividades do setor nas regiões metropolitanas de Campinas e de São
Paulo, as quais possuem 70% dos estabelecimentos e 96% do total dos
empregos do Estado (2005).
As oportunidades do setor estão fundamentadas nos seguintes aspectos:
os serviços de telecomunicação são infra-estrutura essencial; o setor atrai grande
volume de IDE; no Estado atuam alguns dos maiores players mundiais e há a
possibilidade de oferecimento de mão-de-obra qualificada para o setor.
Dentre os riscos destacam-se os possíveis impactos da crise internacional
de crédito sobre as decisões dos grandes atores internacionais, o preço elevado
das tarifas dos serviços de telecomunicação, a renda e qualificação da população,
o contingenciamento de fundos de universalização e setoriais, as dificuldades na
interação universidade-empresa e os encargos fiscais e sociais elevados.
Finalmente, deve-se considerar o fato de que a regulação deste setor está sob a
responsabilidade de uma agência federal, o que pode limitar a abrangência das
políticas públicas estaduais, e agrava-se com os indícios de que o setor necessita
de grandes investimentos para determinadas modalidades de serviços de
telecomunicação.
O Quadro 3.19 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

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cp-cap3 - ipt.p65 80 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

Quadro 3.19: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Serviços de Telecomunicação
Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Serviços de • O setor de- • Crescente importância de • Entrada de no- – • Embora a


Telecomu- manda mão- novos serviços, em espe- vos players na regulação
nicação de-obra quali- cial telefonia móvel e ban- oferta de servi- seja fede-
ficada que é da larga. ços, como em- ral, o Esta-
considerada • Necessidade elevada de presas de TV do de São
satisfatória no investimento para a ex- por assinatura. Paulo criou
Estado. pansão e modernização de • Evolução do um grupo
• Há um des- redes, o que torna o custo marco regula- técnico pa-
compasso en- de financiamento tório é funda- ra avaliar a
tre as neces- fundamental. mental para legislação
sidades atuais definir os in- paulista so-
das operado- vestimentos e bre as
ras e o perfil estratégias das emissões
dos profissio- grandes opera- de antenas
nais de nível doras. de telefonia
superior e, celular e
principalmente, subsidiar a
de nível Secretaria
técnico. da Saúde.

3.2.19 Sistema Agroindustrial da Laranja


A produção mundial de frutas tem crescido a taxas significativas. Os
principais fatores deste crescimento são a abertura de novos mercados
consumidores, os avanços dos sistemas logísticos (permitindo a entrega de um
produto em menor tempo e maior qualidade), a elevação da renda dos
consumidores, o aumento da população mundial, a urbanização e o conseqüente
aumento da demanda por alimentos saudáveis, ricos em vitaminas e sais minerais.
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, com cerca de 38
milhões de toneladas, atrás da China (que produz aproximadamente 93 milhões de
toneladas) e da Índia (em torno de 43,5 milhões de toneladas). A participação do
Brasil no mercado externo de frutas tem aumentado consideravelmente e, a se
tomar por base o potencial do país, sabe-se que pode crescer ainda mais.
As maiores limitações para aumentar a competitividade do Brasil são as
barreiras fitossanitárias e as exigências de certificações. A ampliação do consumo
de frutas pode proporcionar novos aumentos na produção e exportação mundial,
especialmente dos países produtores do Hemisfério Sul, que abastecem os do Norte
quando esses estão em período de entressafra.
A citricultura brasileira respondeu, em 2006, por cerca de 22% da produção
mundial de frutas. Até 1998, a laranja era a fruta mais produzida no mundo, hoje é

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

a terceira do ranking com aproximadamente 65 milhões de toneladas. A banana


ocupa a primeira posição com cerca de 71 milhões de toneladas, seguida da uva
com 69 milhões de toneladas.
O Brasil é o maior produtor mundial de laranja, respondendo por 28% da
produção, seguido pelos Estados Unidos (14%) e México (6%). Como se pode
notar, a produção é altamente concentrada, sendo que os dois maiores produtores
destinam a maior parte dos frutos para a produção do suco de laranja.
No suco de laranja, o Brasil também é o maior produtor mundial, com 1,46
milhão de toneladas; o segundo maior produtor é os Estados Unidos, com 630 mil
toneladas, seguido por Espanha, Itália e México, com 48 mil toneladas cada. Os Estados
Unidos estão perdendo espaço em função de doenças que atacam as plantações, furacões
e problemas com a mão-de-obra, enquanto a China vem ampliando sua participação.
A lacuna deixada pelos Estados Unidos e a elevação da cotação do suco de
laranja fizeram novos países se interessarem pela entrada no mercado. Contudo,
existem barreiras à entrada significativas, como os ativos da citricultura
(especificidades físicas, tecnologia, custo de transporte, tempo prolongado para os
pomares alcançarem a plena produção) e os contratos de fornecimento.
Praticamente, todo o suco produzido no Brasil é exportado. No mercado
internacional existe a tendência de substituir os sucos concentrados por não concentrados
(NFC), de melhor paladar, mais natural, e que agregam mais valor do os sucos
concentrados. Esse produto vem ganhando participação nas exportações, porém o volume
de NFC é 6 vezes maior que o do suco concentrado, fator que eleva o custo de transporte.
São Paulo concentra mais de 70% da área cultivada de laranja no Brasil e
responde por mais de 80% da produção nacional e 98% do suco de laranja exportado.
No Estado de São Paulo, a atividade gera cerca de 400 mil empregos diretos e
representa uma das atividades mais importantes para 348 municípios paulistas,
abrigando o maior parque citrícola do mundo.
Considerando o Estado de São Paulo, entre 2001 e 2005, houve redução de 2% da
área plantada na sua Região Sudeste e 9% na Região Norte. O deslocamento do cultivo
da laranja para o Sudoeste do Estado foi uma alternativa encontrada para reduzir a pressão
de doenças que tornaram o controle fitossanitário caro e dependente de alta tecnologia.
Além destes fatores, o menor preço da terra na região tem compensado a implantação de
novos pomares que contam com maior disponibilidade de chuvas e dispensam a irrigação.
Os pomares localizados nas Regiões Norte e Nordeste do Estado estão sendo substituídos,
em certa medida, pela cultura da cana-de-açúcar. Assim, percebe-se um reposicionamento
dos pomares e não uma diminuição da área plantada. A produtividade cresceu 21% nos
últimos 6 anos, permitindo a manutenção da produção da laranja em São Paulo. Já em

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cp-cap3 - ipt.p65 82 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

relação à capacidade instalada das empresas processadoras em São Paulo, verifica-se


que 39% estão na Região Nordeste, 36% Norte e 22% Sudeste do Estado.
Três grandes empresas brasileiras controlam mais de 90% da produção e
exportação do país e estão maciçamente estabelecidas no Estado. Essas empresas
são elos intermediários da cadeia de valor, atuando em uma área em que a tecnologia
(processo de extração) é difundida. Esses agentes fazem o processamento das
frutas, transportam o suco até os mercados consumidores (principalmente EUA,
Europa e Japão) e, recentemente, vêm assumindo a função de engarrafamento (de
forma terceirizada) para os distribuidores finais junto aos seus mercados regionais.
Os distribuidores finais limitam-se a um duopólio formado pela Coca Cola Co. e a
Pepsi Co. Em virtude desta estrutura, as empresas brasileiras não possuem marcas
próprias e canais de distribuição internacionais.
Assim, a estrutura e coordenação da cadeia de suprimentos estabelecida no
Brasil tornam-se desafios para os pequenos produtores e processadores, já que a
maior parcela deles negocia antes da safra.
O Quadro 3.20 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.20: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Sistema Agroindustrial da Laranja
Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Sistema • São Paulo ofe- • A rentabilidade desta indús-tria – • Infra-estrutu- • Barreiras


Agroindustrial rece a mão- de commodity é funda- ra de trans- fitossanitá-
da Laranja de-obra neces- mentalmente dependente porte e lo- rias: princi-
sária na fase das estratégias de com- gística é im- pais amea-
industrial, mas pras e de suprimentos de portante. ças são a
necessita de frutas, uma vez que o Qualidade CVC e o
treinamento de marketing é restrito devido da frota ne- greening.
mão-de-obra ao duopólio a jusante da cessita de • Aumento
na parte agrí- cadeia (Coca Cola e incremento. de pragas
cola (produ- Pepsi) e ao fato de os • A exporta- e doenças.
ção de frutas). produtores nacionais não ção de suco
• Disponibilidade possuírem marcas pró- pasteurizado
de rede institu- prias e canais de distribui- aumentou o
cional de pes- ção internacionais. tráfego pelos
quisa e de for- pedágios,
mação de re- aumentando
cursos huma- os custos.
nos (centros
de pesquisa,
universidades).

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cp-cap3 - ipt.p65 83 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

3.2.20 Software
Esta indústria compreende o conjunto das empresas voltadas ao
desenvolvimento e comercialização de soluções em software, uma atividade que
se configura como a transformação do conhecimento tácito em conhecimento
codificado. Sua produção pode ser dividida nas etapas de: i) análise – atividade
onde se determina as soluções e funções que o software irá realizar; ii) design –
responsável pela concepção das instruções e informações lógicas que executam as
funcionalidades especificadas na análise, determina as regras de interface para o
desenvolvimento do software por meio de processos modularizados; iii)
codificação – onde se executa as funcionalidades especificadas; e iv) testes.
As empresas operam, na sua maioria, de forma segmentada, sendo que a
chamada engenharia de software engloba as duas primeiras etapas do processo,
que freqüentemente necessita de proximidade com os clientes, pois quanto maior a
complexidade da solução, maior a necessidade de conhecimento do negócio do
demandante. As etapas de codificação e testes são intensivas em mão-de-obra,
sendo responsáveis por grande parte do emprego do setor.
Para compreender a dinâmica produtiva do setor, optou-se por denominar
“serviços em software de baixo valor” aquelas atividades mais rotineiras, que são
de baixo valor agregado, embora intensivas em mão-de-obra de média qualificação.
Neste segmento observa-se a dispersão dos mercados e fragmentação dos padrões,
já que estes apresentam baixo potencial tecnológico e inovativo.
Já o “serviço de software de alto valor” inclui as atividades mais complexas,
como o design e a arquitetura de soluções e de banco de dados complexos, exigindo
o domínio de funções de maior intensidade tecnológica e competências mais
abrangentes. Nestas atividades, os determinantes competitivos são: confiabilidade,
interação com o usuário e sofisticação do mercado local. Observa-se, neste segmento,
o estabelecimento de barreiras, como a escala, as restrições tecnológicas e a frag-
mentação de mercado, o que implica na coexistência de mercados regionais e globais.
O “software produto” oferece soluções prontas. O domínio de capacitações
nas etapas de análise e design e um alto market share são fundamentais, assim como
as economias de escala, uma vez que este segmento apresenta estrutura altamente
concentrada, dominada por players globais. Devido à forte concentração, talvez o
único fator perturbador deste mercado sejam as inovações radicais ou disruptivas.
A internacionalização das atividades verificada na indústria de software
assemelha-se à ocorrida na totalidade da indústria, pois obedece à hierarquização
determinada por grandes corporações globais. Este movimento tem origem tanto

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3. Diagnósticos Setoriais

na terceirização de serviços de informática decorrente da reestruturação produtiva,


pela qual são alocadas em países periféricos, atividades de baixo conteúdo
tecnológico e execução de tarefas rotineiras, quanto na constituição de redes
produtivas globais, concentrando-se nos países centrais as atividades de maior valor
agregado, e alocando em outros países funções menos estratégicas.
No Brasil, segundo a PAS/IBGE de 2005, a receita operacional líquida da
indústria de software foi de R$ 24,1 bilhões distribuídos entre: ‘software pronto
para uso’ (R$ 7,8 bilhões), ‘software e banco de dados sob encomenda’ (R$ 10,2
bilhões), ‘processamento de dados’ (R$ 5,9 bilhões) e ‘atividades de banco de
dados’ (R$ 200 milhões). Das receitas de exportação, os segmentos de
desenvolvimento de software (pronto para uso e sob encomenda) respondem por
98% e o processamento de dados responde por 2,5% das exportações.
As empresas são, na sua maioria, de pequeno porte: o segmento de “softwa-
re pronto para uso” apresenta pessoal ocupado médio de 29 por empresa, no
segmento de “processamento de dados” a média é 7. Nos segmentos de “desenvol-
vimento de software e banco de dados sob encomenda” e “atividade de banco
de dados” a média é de 5 e 12, respectivamente. A PAS/IBGE revelou ainda que
a maior parcela da receita gerada no setor vem das atividades mais nobres: 20%
vêm do “software pronto para uso” e 10% de “venda de software de prateleira,
computadores e suprimentos”, ou seja, software produto; 21% da receita gerada
no setor vêm do “software sob encomenda” ou software serviço. As atividades
de “processamento de dados para terceiros” geram 15%, “outsourcing” 12%,
“especificação de hardware e/ou software para clientes” 10%, “manutenção e
reparação de computadores” 7% e “outros serviços / atividades” 3%.
A indústria paulista de software responde por 45% do total da receita do
setor no Brasil. O principal segmento é o de “software e banco de dados sob
encomenda”, que representa 61% da produção nacional deste segmento, seguido
por “software pronto para uso” (27%), “processamento de dados” (40%) e de
“atividade de banco de dados” (85%). As empresas paulistas de software respondem
por 43,4% do pessoal ocupado no Brasil, correspondente a 102.651 empregos. Na
exportação, o software paulista responde por 86% da receita brasileira.
São Paulo tem vantagens competitivas significativas ante os demais Estados
brasileiros, pois possui empresas de porte maior e é relativamente mais especializado
em atividades com maior dinamismo, com maior potencial de geração de economias
de escala, diferenciação de produtos e dinâmica inovativa. As desvantagens relativas
são os custos da mão-de-obra e a estrutura de tributação, mas a proximidade com
o mercado, os recursos humanos qualificados, ainda que insuficientes, e os pólos de

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

alta capacidade de aprendizado tecnológico e inovativo fazem com que os efeitos


das desvantagens sejam minimizados.
As oportunidades da indústria de software paulista diante de outros casos de
sucesso (Índia e Irlanda especialmente) são: i) mercado interno grande e sofisticado;
ii) atividades organicamente integradas à estrutura produtiva, aumentando seu potencial
dinamizador; iii) participação relevante das empresas nacionais; e iv) exportação
modesta, mas em trajetória de crescimento, “puxada” pela tendência de outsourcing
e descentralização do desenvolvimento de software no mundo.
As principais fragilidades e ameaças são provenientes da estrutura de oferta
pulverizada em um grande número de empresas nacionais que são significativamente
menores que as empresas estrangeiras, da escassez de mão-de-obra e da intensi-
ficação da pressão competitiva, com a entrada agressiva de empresas estrangeiras
em segmentos atendidos pelas empresas de capital nacional.
O Quadro 3.21 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.21: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas: Software


Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Software • Presença de • Setor heterogêneo em • As empresas – –


economias de termos de conteúdo nacionais são
escala e mão- tecnológico, qualificação pequenas e
de-obra qualifi- da mão-de-obra e precisam ex-
cada. dinâmica competitiva. pandir sua es-
• É importante a • Financiamento é proble- cala de produ-
disponibilidade mático em virtude das ção.
de infra-estru- dificuldades de obtenção • Aproveitamento
tura científica de garantias. do poder de
e tecnológica compra públi-
e formadora co.
de recursos
humanos qua-
lificados.
• Deficiência de
mão-de-obra
qualificada.
• O alto custo
da mão-de-
obra paulista é
uma das
principais
desvantagens
relativas da
indústria de
software.

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3. Diagnósticos Setoriais

3.2.21 Sucroalcooleiro
A importância da produção de açúcar e etanol na economia brasileira, e
especificamente paulista, tem aumentado nos anos recentes. Se, por um lado, no
mercado interno, o consumo de açúcar encontra-se estabilizado, apenas
acompanhando o crescimento populacional, o produto tem potencial de
crescimento no mercado externo a partir da expectativa de queda de barreiras
comerciais, principalmente européias, e também do aumento de renda e das
mudanças nos hábitos de consumo em países do sudoeste asiático, em especial
na China.
O etanol, por sua vez, tem a perspectiva de aumento de consumo no mercado
interno, com a continuidade da adição de álcool à gasolina e com o aumento do
número de automóveis utilizando álcool, principalmente com o lançamento e
aceitação no mercado dos carros bicombustíveis. No mercado externo, a
perspectiva de expansão decorre das medidas de redução de consumo de
combustíveis fósseis, tanto por questões ambientais, como pela necessidade de
redução da dependência da importação de petróleo a preços cada vez mais
elevados, em função de instabilidades políticas das regiões produtoras e da
diminuição das reservas passíveis de exploração econômica. Ainda que no mercado
externo o cenário seja indefinido, com os avanços e retrocessos nas discussões a
respeito de legislações de adição de etanol aos combustíveis fósseis em função
do receio de aumento de preços de alimentos, a perspectiva de mais longo prazo
é de aumento no consumo.
Além destas duas formas de consumo, cresce também a importância do
etanol na substituição dos derivados de petróleo como insumo na indústria
petroquímica, surgindo assim a alcoolquímica, que já absorve grandes investimentos
em P&D por parte dos países desenvolvidos.
A palha e o bagaço da cana não aproveitados no processo de produção do
açúcar e do álcool são importantes subprodutos se forem utilizados para co-geração
de energia elétrica. A co-geração permite às usinas operarem com auto-suficiência
de energia elétrica nos períodos da safra de cana-de-açúcar e ainda gera um
excedente com potencial para venda, que contribui com a geração de energia elétrica
justamente no período de seca, quando o nível de água das usinas hidroelétricas
atinge seu menor nível.
Este conjunto de produtos derivados da cana-de-açúcar permite a análise da
hipótese da transformação das atuais usinas de açúcar e álcool em futuras
biorrefinarias, onde, além dos produtos tradicionais, seria produzida uma série de
outros itens de grande importância nos mercados nacionais e internacionais.

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Este cenário de crescente importância econômica do etanol tem estimulado


pesquisas em diversos países do mundo, com a finalidade de obtenção de etanol
a partir de qualquer matéria vegetal. As pesquisas envolvendo a hidrólise enzimática
são as mais adiantadas nesta tarefa de converter qualquer matéria vegetal em
etanol. Mesmo com esta tecnologia, a cana-de-açúcar permaneceria competitiva,
pois produz grande quantidade de matéria vegetal em período relativamente curto
de tempo, comparativamente ao milho ou à beterraba utilizados nos Estados Unidos
e Europa.
As características de clima e solo em algumas regiões do Brasil e, especifi-
camente em São Paulo, permitem que estas regiões continuem sendo centros
produtores eficientes, capazes de manter o Brasil entre os maiores produtores
mundiais de açúcar e álcool. O Brasil era o maior produtor de açúcar, tendo sido
superado pela Índia em anos recentes, mas isto deve se reverter já nos próximos
anos com a retomada da liderança brasileira. O Brasil também era o maior produtor
de etanol, mas foi ultrapassado pelos Estados Unidos.
Em ambos os casos, o Brasil ainda é o maior exportador dos dois produtos,
pois tanto a produção de açúcar na Índia como de etanol nos Estados Unidos
são voltadas prioritariamente para atender à demanda interna. Além disso, a
produção de etanol a partir de cana-de-açúcar é muito mais eficiente em termos
energéticos do que aquele produzido com milho, matéria-prima utilizada nos
Estados Unidos.
Os principais Estados produtores no Brasil são: São Paulo, Paraná, Minas
Gerais e Alagoas. O Estado de São Paulo possui as lavouras com maior produtividade
e detém cerca de 50% das unidades produtivas processando mais de 60% da cana
plantada no país. Os outros destaques são os Estados do Paraná e de Minas Gerais,
que processam em torno de 7% da cana, e o Nordeste que é responsável por
12,5% da cana brasileira (ÚNICA, 2007).
Em relação à área plantada, a cana-de-açúcar aparece como a terceira
principal cultura do país, com área inferior à da soja e do milho. A cana ocupa
menos de 10% da área ocupada pela lavoura no país, enquanto a soja ocupa quase
um terço das áreas. Não há indicativos de que a área disponível para a lavoura seja
um impeditivo para o aumento da produção de açúcar e álcool.
No Estado de São Paulo também se encontram as principais empresas
fornecedoras de equipamentos para construção e manutenção das usinas de cana-
de-açúcar. Estas empresas estão localizadas principalmente nas cidades de
Piracicaba e Sertãozinho, onde se desenvolveram arranjos produtivos especializados

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3. Diagnósticos Setoriais

para atender às necessidades do setor. Estas empresas vendem equipamentos e


serviços para o Brasil todo, beneficiando-se também da expansão do setor em
outros Estados.
O setor sucroalcooleiro se manterá competitivo se houver concorrência em
um ambiente livre de barreiras comerciais tarifárias excessivas e de barreiras não-
tarifárias. Neste sentido, deve-se garantir a qualidade e padronização dos produtos.
A importância da padronização, principalmente do etanol combustível, é fundamental
para que ele possa ser comercializado internacionalmente como as demais
commodities industriais.
O respeito às normas ambientais e trabalhistas internacionais será um aspecto
importante na conquista de mercados internacionais para os produtos da cana-de-
açúcar. Haverá cada vez mais atenção internacional para estas questões e há ações
importantes a serem executadas nestas áreas.
O setor sucroalcooleiro deve atentar para a importância do contínuo
desenvolvimento tecnológico e da formação de recursos humanos que permitam
manter o diferencial competitivo do setor, tanto na fase agrícola como na fase
industrial da produção. É importante também a existência de condições favoráveis
de transporte (incluindo construção de alcooldutos), armazenagem e de logística
em portos, que diminuam custos e impactos ambientais da produção. A viabilização
da co-geração energética, por meio da possibilidade de venda de energia excedente,
também será um fator favorável às usinas paulistas.
O setor deve ainda ser capaz de coordenar a pesquisa e desenvolvimento
nas diversas fases da cadeia produtiva sucroalcooleira, com maior atenção aos
processos de hidrólise, na fase industrial e, especificamente na fase agrícola,
através de desenvolvimento genético e de rotatividade de culturas que garantam
maior preservação do solo e resistência contra pragas de canaviais. Neste
sentido, há potencial de ganho de competitividade se houver o envolvimento
das instituições de pesquisa públicas e privadas que tenham contribuições a
oferecer ao setor sucroalcooleiro, evitando duplicidade de esforços e desperdício
de recursos.
O Quadro 3.22 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

89

cp-cap3 - ipt.p65 89 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Quadro 3.22: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Sucroalcooleiro
Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Sucroalcooleiro • Faltam profis- • Linhas de financiamento e • Importância • A logística no • Importância


sionais qualifi- acesso a crédito são crescente da co- transpor-te estratégica
cados. importantes. geração de da cana é de energia
• Infra-estrutura • O setor de bens de capital energia através muito impor- renovável
científica e para usinas de açúcar e da queima do tante. ante o alto
tecnológica e álcool - que está fortemen- bagaço de ca- • Restrições à preço do
centros for- te concentrado no Estado - na. É necessá- expansão petróleo e
madores de utiliza-se de tecnologias rio avançar na do setor: in- da pressão
recursos hu- difundidas, mas também regulamentação disponibilidade pública so-
manos qualifi- há ganhos de escala e da desta atividade. de terras, o bre ques-
cados são proximidade do mercado preço cres- tões am-
relevantes. consumidor. cente das bientais.
• Os fabricantes de bens de terras em • Falta legis-
capital têm capacidade para São Paulo e lação espe-
atender à expansão prevista necessidade cífica para
e também para a atualização de melho- a geração
tecnológica das usinas rias nas ro- de bioele-
instaladas, necessária, por dovias, du- tricidade.
exemplo, para a ampliação tos e portos. • Mercado de
da co-geração de energia. • Infra-estrutu- créditos de
ra de trans- carbono
portes e lo- ainda fun-
gística pode ciona de
ser fator li- forma em-
mitante aos brionária
investimentos. com títulos
É necessá- de prazo
ria diversifi- curto.
cação mo- • Questão
dal dos ambiental é
transportes, relevante
ampliação diante da
dos portos e prática de
centros de queimadas.
estocagem. • Possibilida-
de do uso
integral da
cana para
produção
de etanol e
energia,
atenuando
significativa-
mente os
impactos
ambientais.

90

cp-cap3 - ipt.p65 90 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

3.2.22 Têxtil e Vestuário


Duas mudanças afetaram significativamente o padrão de concorrência
da indústria têxtil na economia internacional: a eliminação das conferências de
frete na navegação marítima, que levou ao barateamento dos fretes, globalizando
ainda mais o mercado internacional, e a extinção do Acordo Multifibras, em
janeiro de 2005, que permitiu a abertura do mercado norte-americano a produtos
de outros países.
A entrada de novos players, principalmente dos países do sudeste asiático,
tem conduzido a uma reestruturação do mercado de commodities têxteis,
principalmente em fibras, tecidos e confecções de poliéster. A China é o maior
exportador mundial, com uma participação total de 24,1% do mercado de produtos
têxteis e confeccionados. A defesa contra a concorrência asiática tem sido realizada
pela reestruturação da indústria na direção de nichos de mercado, com produtos
mais sofisticados para atender a uma clientela mais exigente.
O Brasil teve sua participação no mercado mundial de produtos têxteis
reduzida devido à queda recorrente de sua competitividade industrial. No período
de 1994 a 2006, enquanto as exportações mundiais de produtos têxteis cresceram
a uma taxa média anual de 5,7%, as exportações brasileiras cresceram a uma taxa
de 1,7%, ao passo que as exportações chinesas cresceram a 12,4% ao ano. Ao
longo do período analisado, a participação da indústria paulista nas exportações
do setor têxtil declinou de 32,5% para cerca de 25%.
Diante da intensificação da concorrência internacional, as empresas têm ado-
tado diferentes estratégias. No mercado de produtos de massa, com maior domínio
dos países asiáticos, a concorrência se dá basicamente via redução de custos e
preços, com a oferta de produtos padronizados. As empresas dos países desenvol-
vidos têm direcionado suas estratégias para o atendimento de um mercado consu-
midor diferenciado, predominando a concorrência por estilo, design e resposta rápida
às mudanças da moda. Cada vez mais a marca, o marketing, os canais de distribuição
e de comercialização tornam-se elementos cruciais das estratégias das empresas.
As indústrias têxtil e de confecções têm escasso poder de mercado junto
aos fornecedores de matérias-primas, de máquinas e equipamentos e às redes de
comercialização. Há fracas barreiras à entrada (tecnológicas e de capital) de novos
players, sendo que predominam as inovações tecnológicas incrementais. O setor
é dependente das inovações tecnológicas promovidas pela indústria de máquinas
e equipamentos e de fibras sintéticas e artificiais.
O acirramento da concorrência conduziu a uma significativa reestruturação
da cadeia produtiva. O modelo verticalizado de produção cedeu lugar a um

91

cp-cap3 - ipt.p65 91 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

modelo fragmentado, em que cada uma das etapas se torna autônoma para se
ajustar às novas condições de concorrência e aproveitar as vantagens oferecidas
no mercado mundial.
Diante da concorrência internacional, é necessário que se promova um
realinhamento das tarifas para o setor, mantendo-se o princípio de impor alíquotas
mais elevadas aos produtos de maior valor adicionado. Evidentemente, a utilização
da política tarifária com o objetivo de oferecer proteção à indústria doméstica
deve estar de acordo com as regras da OMC. A esse respeito, foram
regulamentadas salvaguardas transitórias, em consonância com o Art. 16 do
Protocolo de Acessão da República Popular da China à OMC. Esse acordo de
comércio, no entanto, é pouco restritivo com relação ao nível atual de importações
de produtos chineses.
Quanto à organização da cadeia têxtil brasileira, as atividades relacionadas
ao algodão e ao poliéster respondem pela maior parcela da produção, do emprego
industrial e do consumo de artigos têxteis. Em 2006, o algodão representou 57,8%
do consumo total de fibras e o poliéster, 24,3%.
O Brasil figurava como um tradicional produtor de algodão de fibras
longas (algodão arbóreo) até alguns anos. Devido à desestruturação produtiva
da região Nordeste, o Brasil passou de exportador a importador desse tipo de
fibra. Somente a partir de 2001, em função da expansão dos plantios na região
Centro-Oeste, a cotonicultura brasileira retomou sua posição de grande
exportador de algodão.
A indústria nacional revela padrões de competitividade internacional em alguns
segmentos da cadeia do algodão: possui oferta competitiva de fibras de algodão
herbáceo; as empresas mais modernas operam com padrões tecnológicos próximos
ao estado-da-arte nas etapas da fiação, tecelagem e acabamento; e possui uma
forte competitividade internacional na produção de índigo e brim. Não há grande
diferença de competitividade entre o Brasil e a China na cadeia do algodão, apesar
da dependência das importações de algodão de fibra longa retirar a competitividade
de vários produtos.
As fibras sintéticas (poliéster e nylon) são ofertadas pela indústria
petroquímica nacional, que é pouco competitiva em relação a outros países, em
função das pequenas escalas de produção. A produção de fibra de poliéster passa
por enorme dificuldade diante da concorrência internacional: 46,6% da demanda
doméstica é atendida pelas importações. Os três principais fabricantes de fibras,
fios e filamentos para indústria têxtil no Brasil (Polyenka, Vicunha Têxtil e FIT),
estão envolvidos, em parceria com a Petroquisa e a Mossi & Ghisolfi, produtor

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cp-cap3 - ipt.p65 92 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

italiano de poliéster, em um projeto para a construção de fábrica para a produção


de 280 mil toneladas de fibras, fios e filamentos de poliéster no pólo petroquímico
de Suape, Pernambuco. Este projeto deverá ser concluído em cinco anos.
Com relação a fibras, fios e filamentos de poliéster, toda a cadeia têxtil
depara-se com o estrangulamento da oferta, em decorrência da falta de escala
de produção da indústria petroquímica brasileira. Nesse segmento, há um processo
de perda de competitividade e desestruturação da indústria brasileira, ao passo
que, no mercado mundial, a China tem uma posição sólida em tecidos e confecções
à base de poliéster.
Na fiação e tecelagem convivem unidades modernas ao lado de instalações
com tecnologia defasada. Empresas líderes de padrão internacional convivem com
pequenas e médias empresas desatualizadas tecnologicamente. No segmento de
confecção predominam poucas empresas modernas ao lado de um grande número
de empresas familiares que trabalham em regime de subcontratação. Além disso,
há a presença significativa de costureiras e microempresas informais. De modo
geral, prevalece a cópia e não o design próprio.
A indústria paulista teve sua participação reduzida na indústria brasileira.
Após a abertura comercial dos anos 1990, iniciou-se um processo de relocalização
industrial, diante da necessidade de redução dos seus custos de produção nos
setores intensivos em mão-de-obra. Assim, muitas empresas paulistas mudaram-
se para outras unidades da federação e os novos investimentos têm privilegiado
outros Estados.
Seja em termos de número de empresas, de pessoal ocupado ou de produto
industrial, a indústria têxtil paulista sistematicamente perde espaço para a indústria
do restante do Brasil. Com relação às confecções, apesar da perda de participação,
a indústria paulista é mais eficiente que a do restante do país. Isso talvez possa
ser explicado por São Paulo se constituir como o maior e mais sofisticado mercado
consumidor.
As principais vantagens competitivas da indústria paulista seriam a proximidade
com os principais mercados consumidores domésticos, as fontes de fibras sintéticas,
artificiais e de algodão herbáceo; a excelente malha rodoviária estadual; o menor
custo logístico; a mão-de-obra qualificada e a grande disponibilidade de escolas técnicas.
O Quadro 3.23 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

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cp-cap3 - ipt.p65 93 18/12/2008, 15:12


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Quadro 3.23: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Têxtil e Vestuário
Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Têxtil e • Alta participa- • Na confecção, as questões – – • Há desafios


Vestuário ção de mão- relativas à moda e ao design de recicla-
de-obra femi- são decisivas e podem gem e pro-
nina. constituir nichos de mercado. dução am-
• A mão-de-obra bientalmente
tem maior correta,
participação com maté-
no segmento rias-primas
de confecção derivadas
e é menos da indústria
importante em petroquímica.
fiação e tece-
lagem.
• Fiação e
tecelagem
utilizam mão-de-
obra com maior
qualificação.
• Na confecção a
mão-de-obra
na produção é
menos qualifi-
cada, embora
as atividades
ligadas à mo-
da e design
exijam qualifi-
cação.

3.2.23 Transformados Plásticos


O setor de transformados plásticos pode ser caracterizado pela presença
de diversas pequenas empresas atomizadas que coexistem com grandes empresas
líderes. As empresas, sejam grandes ou pequenas, têm baixo poder de mercado
ante os fornecedores (indústria petroquímica, produtores de máquinas e moldes) e
os clientes. Os mercados consumidores pressionam as empresas de transformados,
seja porque se organizam em oligopólios, como as indústrias automobilística e de
eletrônica de consumo, ou pela existência de grande rivalidade em alguns segmentos,
como os mercados de utilidades domésticas, brinquedos, dentre outros.
A produção mundial de plásticos (resinas) evoluiu de 1,5 milhão de toneladas
em 1950, para 245 milhões de toneladas em 2006 (PlasticsEurope, EuPC, 2008).
Esse volume pode ser considerado um indicador da produção mundial de

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cp-cap3 - ipt.p65 94 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

transformados plásticos, dado que, em geral, as resinas são destinadas à


transformação. Desse total, a Ásia responde por cerca de 40% da produção, a
Europa aproximadamente 25%, a América do Norte próximo de 23%, e a América
Latina, cerca de 4% (Brasil, 3%).
Diante das recentes tendências tecnológicas e competitivas, da concentração
da petroquímica, do potencial da reciclagem, do desenvolvimento de novos
compostos e de nanotecnologia, das novas tecnologias de processamento e da forte
concorrência das importações chinesas e indianas, pode-se afirmar que os
transformados plásticos no Brasil, e especialmente em São Paulo, passam por um
momento de grandes desafios.
Um dos desafios do setor de transformados plásticos no Brasil e em todo o
mundo se sintetiza no “fator China”, que aparece em análises do setor nos países
da União Européia e EUA e se tornou muito perceptível nos últimos anos. A China
aparece como o grande fator de pressão e gerador de reações pelos notáveis
montantes em volume de produção, consumo interno, exportações, importações
(principalmente de resinas) e pelas altas taxas de crescimento. A conquista de
posições da China no setor em termos mundiais resulta da estratégia deliberada de
política industrial e de desenvolvimento adotada pelo governo chinês. Entretanto,
reações estão sendo esboçadas por diversos países, como a adoção de medidas
antidumping, empresas estrangeiras instalando unidades na China para se beneficiar
das mesmas vantagens competitivas, e reações de outra natureza, como investimentos
em design, tecnologia, inovação, ou seja, diferenciação na direção de produtos
de maior valor agregado.
No Brasil, o número de empresas na indústria de transformados plásticos é
considerado excessivo e é visto por representantes do segmento como um problema,
especialmente no que tange à atualização tecnológica do setor. No entanto, não é
pelo número de empresas em si que o Brasil teria um diferencial negativo, pois tal
fato é próximo à realidade de outros países. Além disso, a competitividade de uma
indústria não pressupõe que todas as empresas estejam na fronteira tecnológica,
mas sim que haja um conjunto delas capacitado nesse sentido.
Pode-se supor que parte das dificuldades usualmente apontadas para o setor
origina-se de variáveis sobre as quais o poder de gestão dos dirigentes das empresas
é baixo, em alguns casos, praticamente nulo, e que tais dificuldades também são
sentidas pelas empresas do setor mesmo nos principais países produtores.
Apesar das dificuldades enfrentadas, o Valor da Produção Industrial para o
setor de transformados plásticos, calculado em R$ 32 bilhões em 2005, cresceu 4,5%

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

ao ano, em média, entre 1996 e 2005 - percentuais razoavelmente superiores ao


crescimento anual do PIB brasileiro no mesmo período, segundo dados da PIA (IBGE).
A PIA/IBGE também revela que o Estado de São Paulo representa cerca
de metade do setor de transformação de plásticos do Brasil em quase todas as
variáveis. Em 2005, o Estado de São Paulo abarcava 48% das Unidades Locais,
48% do Pessoal Ocupado, 52% do Valor da Produção Industrial, 55% do Valor
da Transformação Industrial, 49% dos Custos Operacionais, 47% do total das
Remunerações e 54% do Lucro Bruto do setor de transformados plásticos no Brasil.
Vale ressaltar que, em todos os indicadores analisados entre 1996 e 2005 (com
exceção dos Custos Operacionais Industriais e da Produtividade Industrial), o
desempenho de São Paulo foi relativamente inferior ao brasileiro, havendo perda de
participação do Estado com relação ao restante do Brasil no período analisado. De
qualquer forma, a importância do Estado para o setor ainda é extremamente elevada.
Existe uma tendência, no Brasil e internacionalmente, da organização das
empresas em clusters, como observado na França, Alemanha, Estados Unidos,
Espanha, Itália, e também na China. No Brasil, esta concentração pode ser observada
no ABC Paulista.
Ainda que os desafios sejam significativos, pode-se afirmar que há um forte
potencial de desenvolvimento do setor no Brasil e em São Paulo. As necessidades
identificadas e as oportunidades no Estado estão relacionadas principalmente ao
aproveitamento, à coordenação e à agilidade na ampliação, quando necessária, da
já existente e completa infra-estrutura de apoio (formação de mão-de-obra) e de
pesquisa (universidades e centros de pesquisa de reconhecida excelência); da
presença de um parque industrial completo e de todos os elos da cadeia (matérias-
primas, resinas, máquinas, moldes, clientes); da presença de empresas capazes de
atender aos diversos segmentos de mercado. Esses diferenciais são valiosos no
que tange a uma das principais lacunas do setor: a frágil integração com os clientes
e com os produtores de resinas e moldes.
Os aspectos necessários para o incremento da competitividade são vários:
obtenção de economias de escala e escopo; atualização tecnológica (máquinas de
precisão que garantam um desgaste mínimo dos moldes); design e elaboração de
projetos; pesquisa para desenvolvimento de novos produtos; identificação de espaços
no mercado e localização fabril; gestão de processos (custos, produtividade,
qualidade), inclusive atividade de ferramentaria (moldes); relacionamento com
clientes e fornecedores (engenharia simultânea); e disponibilidade de mão-de-obra
com qualificação em gestão de processos e metal-mecânica (manutenção e criação).

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cp-cap3 - ipt.p65 96 18/12/2008, 15:12


3. Diagnósticos Setoriais

Estes diferenciais são valiosos no que tange a uma das principais lacunas do
setor: a frágil integração ao longo da cadeia produtiva. As principais medidas de
apoio ao segmento no Estado devem ser capazes de promover a coordenação da
cadeia, seja criando uma nova infra-estrutura de desenvolvimento tecnológico e
competitivo, seja reforçando a qualificação dos recursos humanos ou ainda
organizando os atores em arranjos produtivos locais.
O Quadro 3.24 apresenta o diagnóstico do setor, sistematizando seus principais
gargalos, oportunidades e demandas, de acordo com as seguintes dimensões
estratégicas de atuação: Recursos Humanos, Tecnologia e Inovação, Regulação,
Infra-estrutura e Logística e Meio Ambiente.

Quadro 3.24: Diagnósticos setoriais sistematizados por dimensões estratégicas:


Transformados Plásticos
Recursos Tecnologia Infra-estrutura Meio
Setor Regulação
Humanos e Inovação e Logística Ambiente

Transformados • Qualificação • Há grande dependência • Há a necessi- • A aglomera- • Legislação


Plásticos da mão-de- dos produtores de bens de dade de maio- ção do ABC ambiental
obra é exigên- capital, como máquinas e res investimen- tem se orga- não interfe-
cia crescente, moldes que, junto com a tos em design nizado cres- re direta-
mas não cru- petroquímica, são os indu- e projetos, centemente mente nas
cial para a tores de inovações de pro- assim como para se operações
competitividade. dutos (inclusive design de na produção (e transformar e investi-
• Não foi detec- moldes) e processos. manutenção) num arranjo mentos em
tada falta de • Investimentos em expan- de moldes. produtivo São Paulo.
mão-de-obra são da escala, mas, so- local (APL), • Pressão
qualificada. bretudo, em modernização com maio- crescente
do parque de máquinas é res níveis pelo uso da
uma necessidade premen- de geração reciclagem
te da indústria brasileira de de econo- deverá ter
plásticos. mias exter- efeitos so-
• O maior poder de mercado nas e de es- bre o mer-
de fornecedores e clientes, cala, o que cado de
a atomização do setor e o tem contri- transformados
excesso de rivalidade buído para plásticos.
debilitam a capacidade de um aumento
auto-financiamento das de competi-
empresas transformado- tividade da
ras. O alto nível de infor- indústria em
malidade e o tamanho São Paulo.
limitado das empresas
também dificultam o aces-
so ao crédito para aquisi-
ção de bens de capital.
• Novas tecnologias e pro-
dutos de reciclagem: ten-
dência com grande poten-
cial, mas baixa efetivação
no Brasil.

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

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4. Propostas de Políticas para a Melhoria da Competitividade da Indústria Paulista

4. Propostas de Políticas
para a Melhoria da
Competitividade da
Indústria Paulista
Este capítulo apresenta algumas ações já em curso tomadas pela Secretaria
de Desenvolvimento, bem como as principais propostas de política sugeridas para a
ampliação da competitividade da indústria paulista.

4.1 Ações em Curso


As ações em curso são tanto aquelas que já vinham sendo realizadas pela
SD, quanto algumas que foram sugeridas pela “Agenda de Competitividade” e já
estão sendo implementadas.
- Criação da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Compe-
titividade – INVESTE SÃO PAULO (SD): em fase de estruturação, esta
agência será a principal porta de entrada do investidor no Estado. A agência
terá como missão promover e executar as políticas de desenvolvimento,
especialmente aquelas que contribuam para a atração de investimentos, promoção
de competitividade da economia, geração de empregos e de inovações
tecnológicas. Estão entre suas atribuições:
 promover o ambiente de negócios;
 articular iniciativas do Estado junto a entes públicos e privados, nacionais ou
estrangeiros, para a promoção de oportunidades de negócios e de geração de
emprego e renda;
 auxiliar os municípios paulistas no atendimento ao investidor e no
desenvolvimento do ambiente de negócios;
 atrair novos investimentos, nacionais ou estrangeiros, bem como promover e
estimular a expansão de empresas instaladas no Estado;
 prospectar, no Brasil e no exterior, oportunidades de investimentos para o
Estado de São Paulo;
 disponibilizar informações que contribuam para o desenvolvimento do Es-
tado; e
 promover a imagem do Estado como destino de investimentos.

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cp-cap4 - ipt.p65 99 16/12/2008, 16:45


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

- Implantação da Agência de Fomento do Estado de São Paulo – AFESP


(SEFAZ): autorizada pela Lei nº 10.853/01 e regulamentada pelo Decreto nº
52.142, em 6 de setembro de 2007, a AFESP foi constituída para financiar projetos
de investimento de empreendimentos no Estado de São Paulo. Sua missão é
promover o desenvolvimento econômico no Estado, podendo, para isso, conceber
e implantar ações de fomento sob as diferentes modalidades. Seu Conselho de
Administração terá participação de representantes das Secretarias Estaduais da
Fazenda, de Desenvolvimento, de Economia e Planejamento, de Agricultura e
Abastecimento e do Emprego e Relações do Trabalho, de modo a financiar
iniciativas privadas em programas prioritários do Estado de São Paulo.
Suas principais orientações podem se direcionar para:
 uso de crédito acumulado de ICMS;
 programa de modernização para o setor de bens de capital (alongamento de
prazos);
 fundo garantidor;
 uso do poder de compra;
 recomendações para os setores e programas estratégicos:
 Petróleo e Gás Natural
 Etanol
 Programa de APLs
 Programa de Parques Tecnológicos
 fomento às empresas inovadoras.

- Implementação da Lei Paulista de Inovação (SD): aprovada pela Lei


Complementar n° 1.049, no dia 19 de junho de 2008, é considerada um marco
para o processo de promoção e implementação de inovações tecnológicas no
Estado. A Lei visa o estímulo às instituições (universidades, institutos de pesquisas
e centros de conhecimento), empresas, pesquisadores públicos ou do setor privado
e inventores na participação do processo de inovação tecnológica. Além disso,
essa Lei permite superar os principais entraves ao desenvolvimento e
fortalecimento das inovações técnico-científicas.
A Lei Paulista pretende intensificar a integração dos centros de conhecimento
aos setores de produção, seja por meio de incentivos diretos (autorização para
utilização da infra-estrutura de pesquisa existente, comercialização de patentes,
licenças, remuneração aos inventores, apoio financeiro e até mesmo participação
do Estado em sociedades de propósito específico, fundos de investimento e outros),

100

cp-cap4 - ipt.p65 100 16/12/2008, 16:45


4. Propostas de Políticas para a Melhoria da Competitividade da Indústria Paulista

como também pela criação de ambiente propício para essa interação por meio
dos parques tecnológicos e incubadoras. Com relação a estes últimos, a lei prevê
o Sistema Paulista de Parques Tecnológicos e a Rede Paulista de Incubadoras de
Empresas de Base Tecnológica.
Está também entre as novidades da Lei, a possibilidade de atuação do pesqui-
sador público nos setores da produção (prestação de consultoria técnico-cientí-
fica), previsão de mecanismos de apoio ao inventor independente e autorização
para IPT e IPEN, constituírem subsidiárias. As Instituições de Ciência e
Tecnologia (ICTs) também poderão, mediante remuneração e por prazo
determinado, compartilhar seus laboratórios, equipamentos, instrumentos,
materiais e demais instalações com empresas ou grupos de produção associados,
em atividades voltadas à inovação tecnológica e para atividades de incubação.
Ao pesquisador público é permitido licenciar-se do cargo efetivo ou emprego
público que ocupa para constituir empresa de base tecnológica ou colaborar com
empresas cujos objetivos envolvam a aplicação de inovação tecnológica que tenha
por base criação de sua autoria.
Há também dispositivos que permitem às universidades públicas e à FAPESP
investirem seus recursos em empresas inovadoras ou outros empreendimentos
privados que tenham por finalidade criar ambiente favorável à inovação, como
parques tecnológicos, incubadoras ou arranjos produtivos locais.

- Ampliação da formação de ensino profissionalizante – Centros Paula Souza


(SD): ampliar a formação de mão-de-obra de nível técnico e tecnológico para
suprir a demanda de diferentes segmentos industriais, aumentando as vagas nas
regiões do Estado de São Paulo de acordo com o perfil da concentração industrial.
A meta do Governo paulista é dobrar o número de Faculdades de Tecnologia
(FATECs) e ampliar a oferta de vagas nas Escolas Técnicas Estaduais (ETECs).

 47 FATECs:
 Localizadas em 44 municípios
 39 cursos oferecidos
 Meta: atingir 52 faculdades em 2010
 151 ETECs:
 Localizadas em 121 municípios
 86 cursos técnicos oferecidos

101

cp-cap4 - ipt.p65 101 16/12/2008, 16:45


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

 Meta: implantar todas as condições até 2010 para se atingir 100 mil
novas matrículas em Etecs, em 2012.

- Estabelecimento do Programa de Incentivo à Indústria e Proteção à


Economia Paulista (SD, SEFAZ e SEPLAN): regulamentado pelo Decreto
nº 53.051/08, este programa incentiva a renovação de bens de capital, a atração
de novas empresas e o apoio às existentes por meio da utilização do crédito
acumulado do ICMS. A condição é de que o montante total do investimento a
ser efetuado seja igual ou superior a R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais),
e o montante total do saldo credor do ICMS, passível de apropriação, nos
termos do artigo 71 do Regulamento do ICMS, ou do crédito acumulado devida-
mente apropriado, a ser utilizado seja igual ou superior a R$ 5.000.000,00 (cinco
milhões de reais), devidamente escriturado na data da protocolização do pedido.

- Implementação do Programa de Modernização do IPT: para ampliar o


desenvolvimento tecnológico das empresas, o Estado de São Paulo planeja investir
fortemente na modernização do IPT, um de seus principais institutos de pesquisas.
Para atingir este objetivo, as seguintes ações estão em curso:
 Investimentos de R$ 116 milhões, de 2008 a 2010, para modernização (compra
de equipamentos, capacitação de recursos humanos e construção de imóveis);
 Implantação de filial do IPT no Parque Tecnológico de São José dos Campos

- Aceleração do Programa “Sanidade Risco Zero” (SAA): em desenvolvimento


pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento, neste programa há medidas para
aumentar a eficiência do controle sanitário, como a adoção de tecnologias da
informação, que permitirão aprofundar a rastreabilidade, agilizar a emissão das
Guias de Trânsito Animal (GTA) e das notas fiscais, bem como a ativação de
corredores sanitários.

- Potencialização do Desenvolvimento Regional e Territorial por meio do


fortalecimento das Micro e Pequenas Empresas (MPEs): a política estadual
de apoio às MPEs estrutura-se em torno de um novo modelo de desenvolvimento,
que tem em sua base o Programa de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais (APLs)
do Estado de São Paulo, proporcionando uma nova forma de organização
empresarial, compatível com as modernas práticas de produção adotadas
mundialmente.
A partir de ações articuladas pela Rede Paulista de APLs, coordenada pela SD e
composta por SEBRAE-SP e FIESP, busca-se, em primeiro lugar, identificar

102

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4. Propostas de Políticas para a Melhoria da Competitividade da Indústria Paulista

os arranjos e aglomerados produtivos que já vêm desenvolvendo suas ações,


trabalhando de forma conjunta e com governança organizada. Em seguida,
objetiva-se promover o incremento da competitividade das empresas
pertencentes às cadeias produtivas, por meio da capacitação e do aumento da
produtividade, viabilizando também a concretização de ações horizontais
estruturantes.
Destaca-se a metodologia obtida pela parceria firmada com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) para execução do Programa de
Melhoria da Competitividade, que possibilitará a difusão da cultura cooperativa e
do empreendedorismo coletivo, elementos essenciais para o modelo de produção
do futuro. O fomento ao empreendedorismo tem como uma de suas vertentes o
programa de incentivo às incubadoras, que pode proporcionar o acesso das
empresas da cadeia produtiva à inovação. Esse processo de desenvolvimento
empresarial culmina com a formatação de distritos industriais e centros
empresariais.
Para nortear a política de fomento às MPEs, suas diretrizes devem acompanhar
os eixos de desenvolvimento do Estado, apontados pela “Agenda de
Competitividade”, que pode fornecer importantes subsídios para identificação e
aproveitamento das vocações produtivas do Estado.
As Agências de Desenvolvimento Regional (ADRs), por sua vez, têm o papel de
reunir os principais agentes econômicos e políticos locais, que identificarão as
necessidades, organizarão as demandas e realizarão as articulações necessárias
para que, em consonância com uma política maior de desenvolvimento, promova-
se o crescimento socioeconômico almejado para todo o Estado.
Nesse sentido, a SD assume uma função de articulação dos diferentes atores
sociais, tais como entidades públicas e privadas, pessoas físicas ou jurídicas que,
nos seus respectivos campos de conhecimento, possam colaborar na construção
de ações coletivas voltadas ao desenvolvimento. Para concretizar tal função,
foram criados Fóruns Estaduais que tratarão das políticas de desenvolvimento
especialmente voltadas ao apoio e organização das MPEs, à disseminação dos
modelos de APLs, ao fortalecimento das redes de incubadoras, ao incentivo da
formatação de ADRs, incluindo-se a coordenação do Fórum Estadual Permanente
da Média e Pequena Empresa, que articulará com as instâncias competentes a
implementação das medidas propostas em prol do fortalecimento das MPEs.
Para isso, o Estado deveria focar nas seguintes ações:
 formular políticas compatíveis com as vocações, potencialidades e caracte-

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

rísticas locais a partir de um modelo de desenvolvimento integrado, que


busque promover a convergência de ações públicas e privadas, articulando
os diferentes atores em torno dos eixos de desenvolvimento do Estado;
 estimular novas oportunidades de desenvolvimento regional e territorial
visando reduzir as diferenças econômicas e sociais do Estado;
 formular e coordenar projetos para o desenvolvimento de APLs, mobilizando
o setor produtivo para a atuação setorial e territorial de forma coletiva e
coordenada; e
 fomentar e induzir a criação de mecanismos e estruturas locais, tais como
ADRs, Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), incubadoras, distritos
industriais e empresariais, programas de apoio aos Municípios, dentre outros,
que contribuam para organização do desenvolvimento local.

- Programa de Parques Tecnológicos: o Estado de São Paulo, por meio da SD,


se propõe a implantar parques tecnológicos como instrumento e lócus para atração
de empresas de base tecnológica, como instrumento de apoio ao surgimento de
empresas inovadoras, de articulação entre instituições de pesquisa e empresas
e de irradiação de inovação nas áreas de influência dos parques.

O objetivo é criar condições para o desenvolvimento da inovação no Estado,


ampliando a interação entre universidades, institutos de pesquisa, setor privado
e órgãos públicos. Com isso, São Paulo se propõe a aproveitar-se dos elevados
investimentos realizados e contínuos no setor de ensino superior e pesquisa,
através de suas universidades estaduais, de seus institutos de pesquisa e da
FAPESP.
Com este programa busca-se assegurar o desenvolvimento da indústria
intensiva em conhecimento e tecnologia em São Paulo, com a criação de um
ambiente favorável ao surgimento de novas empresas de base tecnológica. Ao
mesmo tempo, o Estado se propõe a ampliar a geração e a difusão do conhecimento,
bem como fomentar a capacitação tecnológica em setores-chave para o
desenvolvimento nacional.
Estão em fase de pré-credenciamento junto à SD os Parques Tecnológicos
de Americana, Campinas, Piracicaba, São Carlos, São José dos Campos, São José
do Rio Preto, São Paulo, Ribeirão Preto e Santos.

104

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4. Propostas de Políticas para a Melhoria da Competitividade da Indústria Paulista

4.2 Outras Propostas da “Agenda de Competitividade


para a Indústria Paulista”
- Criação de um Sistema Paulista de Qualidade: formado por uma rede de
parcerias entre certificadoras e laboratórios públicos e privados que, através de
auditorias e análises, garantiriam a qualidade dos produtos paulistas.
Seus principais objetivos seriam:
 expandir a infra-estrutura relacionada aos serviços laboratoriais de calibração,
metrologia, normalização, avaliação de conformidade, serviços de apoio a
informações tecnológicas e de gestão de produtos e processos. Atenção
especial para propiciar condições isonômicas de concorrência com
competidores externos; e
 focar em pequenas e médias empresas, que têm maiores dificuldades de
acesso a esses serviços e até mesmo a informações sobre a sua importância.

- Fortalecimento dos Programas de Tecnologia Industrial Básica (TIB),


apoio à Certificação e Qualidade e Programas de Extensão e Serviços de
Consultoria Gerencial e Tecnológica: o aprofundamento das políticas de TIB
e extensão tecnológica e gerencial deve estar necessariamente articulado com
as políticas voltadas para APLs, onde se concentram pequenos produtores de
vários setores tradicionais (têxtil-vestuário, calçados, plásticos), além das ações
nos Parques Tecnológicos, para setores mais intensivos em conhecimento e
tecnologia.
- Incentivo ao Programa de Difusão da Cultura do Design: instituição de um
programa de formação de recursos humanos, com ações focadas na capacitação
e assessoramento técnico, gerando a difusão da cultura do design, por meio de
informações e tendências de mercado e prestação de serviços para fortalecimento
das iniciativas de design no Estado, atendendo a diversos setores industriais.
A proposta deve estar voltada não apenas para a dimensão estética do design, mas
também deve abranger aspectos da especificação de produtos, concepção de
produtos ambientalmente corretos e manufaturabilidade. Para tanto propõe-se:
 a aplicação dos conceitos de Design Estratégico para os APLs, objetivando
orientar e preparar as empresas para as questões que envolvem o posicio-
namento de mercado, análise crítica de produtos, trabalho coletivo de
criatividade;
 a divulgação por meio de seminários, de matérias-primas alternativas, novos
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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

materiais, componentes e processos;


 seminários de difusão do design como ferramenta estratégica de competi-
tividade, envolvendo empresários industriais, profissionais e escritórios de
design, coordenadores e docentes de cursos de design;
 treinamento de profissionais de nível técnico por meio de oficinas de design,
visando capacitar os profissionais que atuam nas empresas e
 assessoramento técnico para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de
produtos e para o desenvolvimento de identidade visual, marca e embalagem,
dentre outras.

- Incentivo ao Programa de Difusão do Registro de Indicação Geográfica:


implementação de um programa de incentivo à obtenção do registro de Indicação
Geográfica (IG) como meio de agregação de valor ao produto agrícola paulista.
Com base em estudos sobre o tema e consultas a alguns órgãos relacionados
(SEBRAE-SP, SENAI, MAPA, Secretaria Estadual de Agricultura, INPI), foram
levantados, de modo preliminar, alguns produtos/regiões agropecuários com potencial
para pedidos de IG no Estado de São Paulo, dentre os quais destacam-se:
 frutas: limão tahiti (São José do Rio Preto), abacaxi (região de Araçatuba),
figo (Valinhos), manga (Jardinópolis), uva (Jundiaí) entre outras;
 café (Alta Mogiana – região de Franca);
 flores (Holambra);
 lingüiça (Bragança Paulista);
 cachaça (Circuito das Águas);
 mel, produtos orgânicos e artesanato (Vale do Ribeira) e
 suco de laranja (região de Bebedouro).

4.3 Propostas Segundo as Dimensões Estratégicas


4.3.1 Recursos Humanos
Diretrizes Gerais:
 A principal carência identificada é a de engenheiros, tecnólogos e outros
profissionais técnicos; porém, as políticas públicas voltadas para a formação
de recursos humanos devem dar prioridade às atividades econômicas que
tenham como pré-requisito maior conhecimento técnico.
 Identifica-se um distanciamento das tradicionais estratégias de competição
por redução do custo, nas quais há o emprego massivo de mão-de-obra de
custo reduzido e pouco qualificada.
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4. Propostas de Políticas para a Melhoria da Competitividade da Indústria Paulista

 Dimensão de curto prazo: treinar e reciclar trabalhadores em novas práticas


e novas tecnologias, para atender os estrangulamentos setoriais mais agudos
no curto prazo, devido à oferta excedente em algumas áreas profissionais e
escassez em outras.
 Dimensão de médio e longo prazo: expandir a infra-estrutura para o
provimento de recursos qualificados compatíveis com as demandas indus-
triais e das diferentes instituições de pesquisa e apoio às atividades econô-
micas, em especial para os centros de design, engenharia e serviços. Forta-
lecer o ensino da matemática e das ciências no primeiro e segundo graus.
Diretrizes Específicas:
 Dar seqüência à atual política de educação do Governo do Estado que prioriza
a expansão do ensino profissional através do aumento de vagas nas escolas
tecnológicas e técnicas.
 Criar políticas que permitam aumentar o número de vagas nas escolas de
engenharia, com cursos mais adequados às necessidades das empresas. A
escassez de mão-de-obra de nível superior é mais aguda nas áreas de
engenharia de produção, mecânica, materiais, de mecatrônica, software e
processos químicos.
 Estimular a criação de novos cursos de pós-graduação e a introdução de novas
disciplinas nos currículos de graduação já existentes, para formar profissionais
de elevada qualidade para atuar nos setores mais intensivos em tecnologia; dar
condições para que os profissionais sejam capazes de assimilar rapidamente as
descobertas científicas bem-sucedidas realizadas no exterior; e permitir a
continuidade na formação profissional dos tecnólogos.
 Verificar, atualizar e implantar cursos em conformidade com as vocações
produtivas da localidade, de modo a atender à demanda por mão-de-obra
especializada.
Diretrizes Setoriais:
 Aeronáutico, Veículos Leves, Veículos Pesados, Autopeças, Defen-
sivos Agrícolas, EMHO, Bens de Capital sob Encomenda, Informática,
Equipamentos de Telecomunicação, Petróleo e Gás Natural, Software
e Componentes Semicondutores: estes setores demandam mão-de-obra
de elevada qualificação e têm enfrentado sérios problemas de carência de
profissionais, em particular nas áreas de engenharia e de tecnólogos.
Considerando a atual expansão prevista para a maioria desses setores, este
desequilíbrio deverá ser agravado.

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

 A escassez de mão-de-obra parece ser mais grave para os setores


aeronáutico e de petróleo e gás em virtude, também, da mudança em
curso no padrão tecnológico, no primeiro caso, e da forte expansão
prevista para o setor no Estado em virtude das descobertas na bacia de
Santos, no segundo caso.
 Essa situação determina a urgência na oferta de mão-de-obra relativa-
mente especializada de nível superior. Este quadro se estende, também,
ao nível técnico e tecnológico, pelas dificuldades e morosidade na
implementação dos cursos especializados.
 Sucroalcooleiro: para enfrentar a expansão da indústria e os novos desafios
é necessário aprimorar a formação de recursos humanos qualificados, utili-
zando a estrutura das universidades, escolas técnico-agrícolas, das FATECs,
do SENAI e a estrutura dos programas da iniciativa privada para a formação
profissional e os treinamentos realizados por entidades privadas, como o Centro
de Tecnologia Canavieira (CTC). Nesse sentido, estão em curso programas
de formação gerencial e capacitação executiva, tanto para as usinas como
para as empresas de equipamentos e programas de formação em manejo de
canavial, detecção de pragas, uso do solo entre outros.
 Couro e Calçados, Têxtil e Vestuário, e Bebidas: estes setores deman-
dam mão-de-obra com alguma qualificação, mas há disponibilidade de
profissionais. O principal fator de competitividade do Estado são as atividades
ligadas ao design. Assim, a qualificação profissional apropriada é a dos
tecnólogos das áreas de design, de moda e de produto, incorporando também
o design em embalagens, de especial importância para a competitividade
do setor de bebidas.
 Fármacos e Medicamentos: a mão-de-obra qualificada é importante para
a produção e crucial para as atividades de P&D da indústria farmacêutica.
São Paulo concentra mais da metade do emprego no setor farmacêutico
nacional e 70% do total de empregados com curso superior completo ou
incompleto do setor no Brasil. No entanto, há falta de recursos humanos
qualificados para ensaios pré-clínicos e nos métodos de produção industriais.
Além disso, há a carência de técnicos e tecnólogos nas áreas de química,
engenharia química e farmacologia.

4.3.2 Tecnologia e Inovação


- Criação de Centro Técnico de Ferramentaria (SD): incentivo à criação de
um centro de prestação de serviços para desenvolvimento, adaptação e

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4. Propostas de Políticas para a Melhoria da Competitividade da Indústria Paulista

certificação de ferramental, bem como de formação e treinamento de recursos


humanos, principalmente para os setores de autopeças e transformados plásticos.
Dentre as potenciais atividades do Centro Técnico, destacam-se: projeto
ferramental (CAD), projeto de embalagem, fabricação de ferramental, tratamento
térmico, verificação de atritos e análise metalográfica.
- Fomento à Pesquisa Pré-Competitiva (SD): o Estado de São Paulo poderá
apoiar iniciativas no processo de constituição de Núcleos de Pesquisa Pré-
Competitiva em setores como veículos leves, veículos pesados, autopeças,
aeronáutica, petróleo e gás natural, petroquímico e transformados plásticos,
alocando recursos próprios e mobilizando outros recursos ou agentes para o auxílio
na implantação da infra-estrutura física dos mesmos.

4.3.3 Regulação
O acirramento da concorrência internacional impõe a necessidade de uma maior
sofisticação tecnológica e diferenciação da produção doméstica, além de um maior
controle da qualidade dos produtos importados. A concorrência via preços muitas vezes
desconsidera aspectos importantes nas dimensões tecnológicas, sociais e ambientais.
Estudos da OMC apontam o Estado como o grande comprador individual, por
meio de suas aquisições governamentais, que representam de 10% a 15% do PIB. O
poder de compra público pode ser um importante instrumento de política desde que
exista flexibilidade para sua utilização a fim de promover a competitividade e a inovação,
como ilustram as experiências de países como EUA, Coréia e Itália (FIESP, 2008).
Assim, para o Estado de São Paulo seria interessante utilizá-lo como um
mecanismo estratégico, capaz de induzir o desenvolvimento industrial,
principalmente por meio de um aumento da escala para desenvolver produtos de
grande conteúdo tecnológico, facilitando a expansão e modernização da produção,
inovação de produtos e processos, atividades de P&D e a proteção contra práticas
desleais de concorrência.
Os setores que identificaram a importância do poder de compra público
enquanto instrumento de política industrial e tecnológica foram: equipamentos médico-
hospitalares e odontológicos, equipamentos de informática, farmacêutico, software,
equipamentos e serviços de telecomunicação e fotônica.
Os editais de compra das Secretarias do Estado (Saúde, Transporte, Habita-
ção, Agricultura, Educação, entre outras), das estatais e autarquias (SABESP,
CETESB, CESP, entre outras) deveriam incorporar em suas licitações critérios que
favorecessem a inovação e a responsabilidade social e ambiental, por meio de:

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

 priorização da qualidade nos editais de compra;


 programas de Gestão e Extensão Tecnológica.

4.3.4 Infra-estrutura e Logística


Transporte:
Os projetos a seguir estão em análise para elaboração de modelagem de concessão
ou de viabilidade econômica em articulação com várias Secretarias do Estado
para uma obra integrada de multimodalidade.
- Rede Paulista de Dutos: desenvolvimento do modal dutoviário no Estado de
São Paulo, visando a redução do fluxo de veículos de carga nas regiões
metropolitanas, redução de emissões atmosféricas, ampliação da acessibilidade
aos portos paulistas e redução do valor dos fretes, ampliando a competitividade
da produção paulista.
- Hidrovia Tietê-Paraná: ampliação da utilização e da competitividade do modal
hidroviário no Estado por meio da criação de conexões multimodais com dutovias,
ferrovias e rodovias, visando facilitar o escoamento barato e eficiente das cargas
para centros de consumo e portos.
- Terceiro Aeroporto Paulista: identificação de novas áreas, formas de acesso,
modelagens de parcerias com o setor privado e articulação com o Governo
Federal para agilizar o processo de implantação do terceiro aeroporto de grande
porte do Estado.
- Ferrovias – implantação do Ferroanel e Ampliação da Malha Ferroviária
Paulista: melhoria do acesso das cargas paulistas ao modal ferroviário, por meio
de novos ramais, terminais de carga e linhas de acesso aos portos e interior do
Estado de São Paulo, por meio de tarifas mais competitivas e serviços de qualidade.
Eliminação da passagem de comboios ferroviários com carga pelas linhas de
transporte de passageiros no centro do município de São Paulo e implantação de
novos ramais ferroviários em Sorocaba e Piracicaba.
- Ampliação Portuária: estímulo à viabilização e à implantação de novos terminais
e portos no litoral paulista, ampliando as alternativas de escoamento para os
produtos paulistas, de maneira competitiva e eficiente. Entre estas alternativas
destacam-se:
 o apoio ao projeto do Porto Brasil, em Peruíbe;
 a inserção da Rede Paulista de Dutos no projeto de expansão do Porto de
São Sebastião;

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4. Propostas de Políticas para a Melhoria da Competitividade da Indústria Paulista

 a análise de novos locais para implantação de novos portos em Cubatão,


Praia Grande e Itanhaém;
 o apoio à Prefeitura de Santos na implantação do projeto Barnabé-Bagres.

Energia:
- Criação da Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural: definição e
implementação de ações voltadas à consolidação da inteligência e a internalização
dos benefícios sociais e econômico do Petróleo e Gás Natural no Estado de São
Paulo.
- Etanol combustível: consolidação do etanol como commodity internacional.
- Desenvolvimento do Complexo da Bioeletricidade, através da ligação das
usinas de co-geração à rede de transmissão de energia elétrica e acompanhamento
do marco regulatório que defina as condições de compra e venda de energia
elétrica pelas usinas que praticam co-geração, promovendo ações e programas
junto a empresas e municípios visando o uso eficiente dos energéticos.

4.3.5 Ambiental
- Financiamento para equipamentos menos poluentes (SD, SEFAZ, SMA,
AFESP): criação de linha de financiamento exclusiva para que as unidades
industriais possam renovar os equipamentos com exigência ambiental mais
rigorosa.
- Modernização do processo de licenciamento ambiental (SMA): apoiar o
projeto de Licenciamento Ambiental Unificado, a fim de diminuir o prazo na
sistemática de renovação e pedido de licenciamento ambiental.
.

111

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

112

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5. “Setores Portadores de Futuro”: Petróleo e Gás Natural, Fotônica, Semicondutores e Energias Alternativas

5. “Setores Portadores de
Futuro”: Petróleo e Gás
Natural, Fotônica,
Semicondutores e
Energias Alternativas

Entre os diversos desafios, oportunidades e propostas apresentadas ao longo


deste trabalho, foram identificadas algumas oportunidades para o Estado de São
Paulo, nas quais se pode destacar o setor de Petróleo e Gás Natural e as áreas de
Fotônica, Semicondutores e Energias Alternativas. Tais setores e áreas se mostram
como “portadores de futuro” por vários motivos. Primeiramente, destaca-se o
potencial econômico deste conjunto de atividades e seus impactos para os demais
setores produtivos. Além disso, seu desenvolvimento é capaz de aumentar as
possibilidades de transbordamentos tecnológicos para a totalidade da estrutura
industrial paulista. Por fim, dado que a experiência de atuação dos agentes
econômicos paulistas nestas atividades ainda é restrita, em função do caráter
incipiente destas atividades, há a necessidade de um tratamento minucioso no
que diz respeito às propostas de políticas públicas destinadas à sua competitividade.
Em suma, são setores e áreas considerados “novos” para a economia paulista.

5.1 Petróleo e Gás Natural


O setor de Petróleo e Gás Natural (PGN) em São Paulo passa por um cenário
bastante otimista, o que cria oportunidades, mas também desafios para o Estado.
As descobertas de gás natural (GN) no litoral paulista, mais especificamente na
Bacia de Santos, apresentam importância histórica, dado que são as maiores reservas
já descobertas no Brasil no período recente. O campo de Mexilhão, a primeira
grande descoberta de GN na Bacia de Santos, deverá entrar em operação em 2009
e poderá produzir cerca de 15 milhões de m3/dia, o equivalente ao atual consumo do
Estado de São Paulo. Além disso, surge a oportunidade do Estado tornar-se um
grande produtor de petróleo, devido ao enorme potencial dos novos campos
descobertos em águas ultra-profundas, na camada de pré-sal, na Bacia de Santos.
A evolução constante de reservas, a diversificação de oferta, a ampliação
dos mercados de gás natural, a abertura aos investimentos estrangeiros, o
amadurecimento institucional, o reforço na cadeia de fornecedores nacionais e o

113

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

destaque no PIB nacional compõem um conjunto destacável de características


do setor de PGN brasileiro e geram uma expectativa positiva em relação ao futuro
e às oportunidades emergentes.
No entanto, para que haja o adequado aproveitamento destas oportunidades,
é necessário identificar como o Estado de São Paulo deve se estruturar e se
posicionar diante dos investimentos já anunciados pela Petrobras e dos novos
investimentos referentes às descobertas na Bacia de Santos. Outra questão
importante diz respeito aos impactos desses investimentos sobre a infra-estrutura,
a cadeia produtiva, as instituições de pesquisa e a mão-de-obra.
Um fator crítico é que grande parte dos equipamentos utilizados na cadeia
de PGN ainda é importada. Porém, com a dinamização do setor, políticas públicas
efetivas poderiam colaborar para a internalização da produção e o desenvolvimento
tecnológico destes produtos no Estado. Um sistema produtivo inovador depende
do contínuo esforço em P&D, de um ambiente adequado à inovação, da capacidade
de oferta de mão-de-obra qualificada, laboratórios, institutos de pesquisa e recursos
financeiros.
Os investimentos em novas tecnologias, principalmente aquelas menos
agressivas ao meio ambiente, no segmento de bens de capital ligados ao setor
de PGN, exigirão o apoio efetivo de políticas públicas para que São Paulo
amplie a competitividade neste setor. Além disso, os investimentos planejados
pela Petrobras nos próximos anos deverão criar mais de 900 mil empregos
qualificados em todo país, dos quais, estima-se que possam ser gerados 160
mil empregos, direta ou indiretamente, nos próximos quatro anos (2008-2011)
no Estado. Desta forma, novos investimentos em cursos técnicos, tecnólogos
e superiores, diretamente direcionados à PGN, serão essenciais para que esta
oferta seja suprida por mão-de-obra paulista.
Diante deste cenário, é necessário que São Paulo se prepare para o
crescimento do setor de PGN que, até então, não havia sido foco de especial interesse.
Considerando que historicamente esta indústria não tinha apresentado relevância
para o Estado e que existem escassos conhecimentos sobre os benefícios e
gargalos desses setores localmente, é necessário prospectar estas transformações
que deverão ocorrer na próxima década. As ações públicas, portanto, devem estar
relacionadas às questões de infra-estrutura, de investimentos, de meio ambiente, da
formação de mão-de-obra, do acompanhamento do marco regulatório, da definição
e utilização de royalties, dos efeitos de tributação na cadeia, da capacitação
tecnológica dos laboratórios de pesquisa, da capacitação da cadeia de suprimentos,
dos projetos de gás, entre outras iniciativas.

114

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5. “Setores Portadores de Futuro”: Petróleo e Gás Natural, Fotônica, Semicondutores e Energias Alternativas

5.2 Fotônica
A fotônica é uma área de conhecimento bastante ampla e ainda pouco
conhecida1, que detém potencial dinamizador e competitivo para diversos ramos
industriais, como as que absorvem as Tecnologias de Informação e Comunicação
TICs, os equipamentos para o setor de energia, a indústria farmoquímica, os
equipamentos médico-hospitalares e odontológicos, a indústria metal-mecânica, os
defensivos agrícolas (por meio da biofotônica), dentre outros.
Estima-se que o potencial de desenvolvimento das aplicações de fotônica
gere mais de um trilhão de dólares nos próximos anos. Mas para que a fotônica
seja um fator de aumento de competitividade da indústria paulista, é necessário
fortalecer seu desenvolvimento industrial e acadêmico, já que se trata de uma
tecnologia de fronteira.
É necessário fortalecer o sistema de excelência em P&D já instalado, suprir
adequadamente o sistema produtivo de recursos humanos especializados (em
aplicações da fotônica) e criar condições propícias para a interação do sistema de
P&D público e o setor produtivo.
O diagnóstico setorial de fotônica teve como uma de suas recomendações o
esforço no desenvolvimento de grandes empresas, de preferência nacionais, que
utilizem as tecnologias de fotônica, para que estas possam se transformar em uma
plataforma de sustentação das pequenas e médias empresas (PMEs) existentes.
Estas PMEs são inovadoras e criativas e desenvolvem dispositivos críticos
para viabilizar sistemas e produtos diferenciados e de maior valor agregado no mercado
global. Ao se considerar o estágio embrionário do desenvolvimento do mercado dos
produtos com aplicações de fotônica, no Brasil e no Estado de São Paulo, sem garantir
a presença destas grandes empresas, as PMEs e até mesmo as start-ups trabalharão
de forma dispersa, com poucas perspectivas de crescimento e com dificuldades para
atingir grandes clientes e ampliar o mercado. Por outro lado, se não houver a presença
destas PMEs, as grandes empresas não conseguirão se manter competitivas. Também
é recomendável que se estruture um sistema de P&D e de geração de recursos
humanos de qualidade e em quantidade, para que essa oportunidade seja aproveitada.
Atrair uma grande empresa internacional e estimular a criação de PMEs nesta área
poderia ser uma estratégia vencedora, ao conduzir a incorporação de novas tecnologias
e setores importantes da economia paulista.

1
Como exposto na nota setorial do Capítulo 3 (item 3.2.14).

115

cp-cap5 - ipt.p65 115 16/12/2008, 16:45


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

5.3 Semicondutores
A indústria de semicondutores é a base da indústria de produtos eletro-
eletrônicos e um fator crítico para o desenvolvimento das TICs, as quais, pelo seu
caráter pervasivo, acarretaram grandes transformações não só na esfera econômica
como na sociedade.
Embora o Brasil apresente um amplo e crescente mercado consumidor de
componentes semicondutores, o país importa grande parte destes componentes ou
placas já montadas e utilizadas pela indústria. Este desempenho industrial resultou
em um déficit estrutural e crescente da balança comercial, que atingiu US$ 3,3
bilhões, em 2006. Para efeito de comparação, o mercado produtor da Índia, em
2005, foi da ordem de US$ 2,8 bilhões.
Atualmente, a indústria brasileira de semicondutores ocupa uma posição
marginal e pouco expressiva no mercado mundial. No entanto, o Brasil nem sempre
esteve à margem do desenvolvimento da indústria de semicondutores, já que no fim
dos anos 1980 ainda existiam cerca de duas dezenas de empresas atuantes no país.
Esta situação de dependência dos componentes importados se estabeleceu a partir
de meados dos anos 1990, com a desarticulação das políticas industriais e tecnológicas
e dos esforços para o desenvolvimento setorial, resultando em um restrito grupo de
empresas atuando em alguns segmentos específicos. Vale mencionar que o primeiro
laboratório dedicado a semicondutores foi criado em 1968 na USP, no mesmo período
em que se iniciaram as atividades de pesquisa em Taiwan, que hoje é um dos
principais produtores mundiais de componentes semicondutores.
Na indústria mundial, tradicionalmente, as unidades produtivas de
semicondutores têm como característica a verticalização, mas em função da evolução
tecnológica e da necessidade de grandes investimentos, o processo produtivo foi
fortemente segmentado, o que abriu oportunidades para a atração de fabricantes
de semicondutores em vários países, inclusive no Brasil. A mais evidente dessas
oportunidades se encontra na área de projetos de circuitos integrados, pois o mercado
demandante de componentes dedicados exige projetos específicos, bem como uma
base de competência em recursos humanos, sendo que, principalmente em São
Paulo, há tal disponibilidade de recursos humanos, ainda que em pequeno número.
Outra oportunidade seria a atração de unidades industriais de tecnologia
madura, que poderiam atender parcelas representativas do mercado nacional, com
impacto positivo imediato na balança comercial. Novas soluções microeletrônicas
demandadas pela convergência digital também podem se configurar numa
oportunidade em mercados relevantes, como no caso da TV digital e da eletrônica
orgânica (OLEDs).

116

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5. “Setores Portadores de Futuro”: Petróleo e Gás Natural, Fotônica, Semicondutores e Energias Alternativas

Diferentemente do que ocorre com a fotônica, considerada uma tecnologia de


fronteira, a tecnologia dos semicondutores é relativamente madura e já dominada
pelos principais produtores mundiais, apesar do segmento caracterizar-se por um
elevado dinamismo tecnológico com o surgimento contínuo de oportunidades. Tendo
em vista estas características tecnológicas, a política industrial direcionada ao segmento
de semicondutores pode apresentar resultados mais rápidos do que a fotônica.
Para que o Estado de São Paulo possa aproveitar-se desta oportunidade
utilizando sua base de conhecimento, seria necessário considerar o segmento dos
semicondutores como uma estratégia para o desenvolvimento estruturado de várias
cadeias produtivas e, por isso, reforçar a capacidade dos institutos de P&D de São
Paulo, formando recursos humanos para este segmento e disponibilizando incentivos.
Tal iniciativa requereria uma participação ativa do Estado, como demonstram
experiências internacionais de sucesso.

5.4 Energias Alternativas


5.4.1 Etanol
O Estado de São Paulo já dispõe de uma matriz energética mais ampla e
mais diversificada que o restante do país, o que gera um potencial de crescimento
diferenciado. Na área da agroenergia, o primeiro destaque é a cana-de-açúcar e os
seus produtos derivados, em 3 segmentos principais: 1) caldo-etanol, 2) celulose-
etanol e 3) bagaço de cana e palha-biomassa.
O segundo conjunto de potencialidades está ligado ao biodiesel derivado do
sebo na pecuária. A terceira área de atuação é a da cadeia das florestas, da qual
deriva o etanol retirado da celulose e a energia gerada de cavacos e resíduos que
são utilizados na geração de energia.
O desafio é aumentar a geração de energia e a diversificação das fontes
aparece como uma das alternativas interessantes. A diversidade destas fontes é
tão mais relevante quanto mais a questão da energia fóssil se torna um problema,
tanto de abastecimento e preço quanto de meio ambiente. Nesse sentido, Brasil e
São Paulo se destacam como oportunidades globais.
O setor sucroalcooleiro paulista exerce um importante efeito multiplicador
de atividades impulsionando a produção de alimentos. A necessidade da rotação de
cultivos imposta pela renovação dos canaviais leva a que uma área importante seja
disponibilizada para plantio de soja, amendoim e outros cultivos destinados à produção
tanto de alimentos quanto de combustível.

117

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Além disso, estar em posição destacada na produção de cana-de-açúcar


também significa para São Paulo uma oportunidade de ocupar novas fronteiras
na utilização desta matéria-prima. A produção de combustível por meio da cana
rompeu há algum tempo a fronteira do agronegócio. Esta atividade vem produzindo
também eletricidade e produtos alcoolquímicos em graus variados de eficiência.
No futuro, a cana-de-açúcar também poderá ter espaço maior na produção de
bioplásticos.
Assim, outros itens da agenda do setor sucroalcooleiro se referem à
produção em larga escala de energia elétrica a partir de biomassa vegetal e o
desenvolvimento da alcoolquímica. Existem milhões de toneladas de bagaço, palha
e pontas que estão sendo desperdiçadas em processos de queima no campo e uso
de velhas caldeiras de baixa pressão. Este é um caminho que depende de uma
agenda conjunta dos setores público e privado. Já a alcoolquímica é o segmento
da indústria química que usa o álcool etílico como matéria para fabricação de
diversos produtos químicos, como o eteno (matéria-prima para resinas), além de
produtos hoje importados derivados do etanol, como os acetatos e o éter etílico.
Atualmente, a indústria química obtém do petróleo mais de 90% da matéria-
prima para síntese de moléculas orgânicas.
A expectativa dos especialistas é de que a alcoolquímica possa vir a substituir
parcela da petroquímica e o etanol substituir, em alguma medida, o petróleo como
fonte de matéria-prima. Para tal será preciso avançar no desenvolvimento da
tecnologia, em especial para uso de matérias-primas provenientes de sobras de
produtos naturais, como os resíduos do milho e da cana-de-açúcar e no
desenvolvimento de biorrefinarias.

5.4.2 Biodiesel
No conjunto das unidades de biodiesel, do ponto de vista da produção de
energia, São Paulo lidera os investimentos em diversas unidades produtivas
espalhadas por todo o território. Existe forte diversidade nas escalas de produção
das plantas e também diferentes usos potenciais de matéria-prima, como sebo,
pinhão manso, óleo de soja, mamona, amendoim, girassol, colza, etc.
O biodiesel derivado do sebo, porém, parece o mais viável, uma vez que
São Paulo é o maior exportador de carne bovina do país e possui importante
parque de frigoríficos, cerca de 40% das unidades frigoríficas brasileiras. O
abate de animais nos frigoríficos permite concentrar o sebo, que é uma excelente
matéria-prima para produção de biodiesel.

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5. “Setores Portadores de Futuro”: Petróleo e Gás Natural, Fotônica, Semicondutores e Energias Alternativas

5.4.3 Gás Natural


O gás natural participa com aproximadamente 10% da matriz energética do
país e deve atingir um patamar próximo de 15%, em 2010, com o avanço das
termoelétricas. Nesse sentido, a descoberta na Bacia de Santos aparece como
uma oportunidade, conforme já mencionado, não apenas pela receita a ser gerada
com a exploração, mas também pelos investimentos que ocorrerão na região.
O Campo de Mexilhão na costa paulista é o primeiro a entrar em operação e
deve atingir uma produção de 15 milhões de m³/dia, com maturação entre 2010 e
2012. Nesse projeto está prevista a implantação de um gasoduto de 135 quilômetros
de extensão, até a cidade de Caraguatatuba. Para completar o escoamento deste
gás, a Petrobras está elaborando um Plano Diretor de Escoamento e Tratamento
de Gás da Bacia de Santos, que tratará, inclusive, da ampliação da unidade de
tratamento também em Caraguatatuba, da criação de novos pontos de escoamento
e do recebimento na costa e até outras formas de transporte, como o de gás natural
liquefeito e gás comprimido.
O marco regulatório para o setor de gás não está completo e passa a ser
parte das funções da Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural contribuir para
seu aprofundamento, criando condições para o delineamento de uma nova fronteira
de investimentos nas áreas de transporte e armazenagem desse produto2.

Por fim, o esforço para o desenvolvimento dos “setores portadores de futuro”


poderia trazer impactos positivos para toda a estrutura produtiva paulista. Ao mesmo
tempo, para que estes segmentos criem raízes, o Estado já oferece uma estrutura
produtiva diversificada e integrada, além do maior mercado consumidor brasileiro,
fundamentais para o desenvolvimento e demanda de novas soluções. Portanto,
abrem-se oportunidades para que se amplie a participação dos setores de maior
conteúdo tecnológico na economia paulista. Entretanto, como já destacado, as
estratégias de sucesso dos segmentos intensivos em tecnologia, verificadas tanto
na experiência internacional, quanto na própria economia paulista, foram fortemente
estimuladas por políticas públicas.

2
Vale observar que o Congresso Nacional aprovou no dia 11 de dezembro de 2008 o Projeto de Lei do Gás Natural.

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

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6. Considerações Finais

6. Considerações Finais

Retomando os principais pontos levantados ao longo desta publicação, que


pretenciosamente intenciona resumir os vários estudos, seminários e notas técnicas
da “Agenda de Competitividade para a Indústria Paulista”, remete-se primeiramente
à participação da economia paulista nos cenários nacional e internacional.
A indústria paulista apresentou uma queda significativa na participação do
valor agregado industrial brasileiro, entre 1996 e 2005, o que se evidencia pela
redução de 49,4% para 40,1% de sua participação no VTI, em termos reais.
Além disso, apresentou também perdas de participação no emprego, no valor da
produção e no valor agregado em relação ao Brasil. A análise conjunta destes
indicadores reflete a perda de competitividade industrial paulista. No entanto,
estes resultados desfavoráveis não ocorreram de forma generalizada para a
totalidade da indústria, nem na mesma intensidade para todos os setores, já que
alguns até ampliaram sua participação na pauta brasileira. Percebe-se, com isso,
que a diversificação da estrutura industrial paulista é capaz de promover respostas
variadas às dificuldades enfrentadas no cenário nacional.
Os motivos associados à perda da importância relativa da indústria paulista
no Brasil referem-se aos seus custos operacionais e logísticos mais elevados, à
“guerra fiscal” promovida por vários governos estaduais, a programas de
incentivos aos investimentos regionais e à desconcentração industrial, ao padrão
de crescimento brasileiro baseado nas exportações de commodities agrícolas e
minerais e de produtos industriais intensivos em recursos naturais, no qual São
Paulo tem importância reduzida, e, ao baixo dinamismo do mercado interno
brasileiro.
No que se refere ao cenário internacional, a perda relativa na participação
de São Paulo foi acompanhada de uma queda do produto industrial brasileiro ante
as principais economias emergentes. Houve, entre 1995 e 2005, um desaquecimento
do dinamismo industrial brasileiro, não apenas em relação aos demais setores da
economia, mas também em relação aos competidores mundiais. A comparação da
evolução da indústria brasileira com a indústria mundial demonstra um processo
contínuo de perda de participação do produto industrial, resultando em um baixo

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

crescimento do PIB. Embora de forma assimétrica, este fraco desempenho


industrial teve um maior impacto na indústria paulista, em função de sua diversidade
e sua inserção no total do desempenho industrial brasileiro.
No entanto, apesar desta perda de participação relativa, a indústria paulista
ainda possui posição de destaque na economia brasileira. É líder no segmento
industrial, o que decorre, dentre outros elementos, do seu desempenho comercial e
inovador, das suas vantagens em termos de infra-estrutura e logística e da
disponibilidade de recursos humanos qualificados.
Um segundo ponto levantado refere-se aos inúmeros desafios e oportunidades
que se apresentam para a indústria paulista e que necessitam de iniciativas deliberadas
para a ampliação de sua competitividade. Manter-se competitiva não é tarefa
trivial, quanto mais melhorar sua inserção nos mercados. Além do desafio interno,
existem grandes dificuldades externas, principalmente diante do impacto dos
produtos chineses na economia brasileira. A “ameaça chinesa” diz respeito ao
volume expressivo de produtos exportados pela China que adentram o mercado
local e impactam fortemente alguns setores, notadamente o de produtos têxteis e
couro e calçados, nos quais houve uma perda de market-share dos produtos
locais pelo aumento da participação dos produtos chineses.
Diante disso, para enfrentar a concorrência chinesa e de outras economias
emergentes, geralmente baseada em preços com produtos de baixo valor agregado,
é necessária a adoção de políticas públicas que visem aumentar a produtividade
dos vários setores que não estão preparados para o grande desafio internacional
provenientes de altos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação
incorporados às linhas de produção. Estas ações diferenciadas focariam na
promoção da competitividade industrial em produtos de maior valor adicionado,
ações essenciais para que o Estado de São Paulo mantenha sua liderança no cenário
nacional e para projetá-lo internacionalmente e seja capaz de reproduzir, no médio
prazo, o crescimento necessário ao desenvolvimento econômico e social.
As principais mudanças no padrão das políticas estaduais de desenvol-
vimento industrial e de serviços no Brasil1 também merecem destaque nesta
Agenda. É possível constatar, desde o início dos anos 2000, a expansão e a
difusão das políticas estaduais de desenvolvimento industrial e de serviços, muito
além do processo de intensificação do uso destas políticas verificado a partir da
segunda metade da década de 1990.
Embora os instrumentos e as políticas de desenvolvimento industrial e de

1
Para visualizar melhor estas mudanças, consultar o Quadro 1 do Anexo.

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6. Considerações Finais

serviços estejam se tornando cada vez mais específicos em termos setoriais ou


regionais, é possível identificar que, em seu conjunto, estão definindo uma
determinada estratégia de desenvolvimento estadual que reflete de forma
crescentemente explícita os interesses econômicos de cada estado.
Além disso, enquanto no passado, as políticas estaduais de desenvolvimento
industrial e de serviços se restringiam a instrumentos que podem ser considerados
tradicionais2, atualmente, é possível identificar um movimento de mudanças no padrão
destas políticas associadas a processos de diversificação produtiva e de novos
desenhos da “cesta” de incentivos e benefícios às atividades econômicas, além dos
fiscais, financeiros e de infra-estrutura.
A diversificação desta “cesta” ocorre a partir de uma “nova geração” de
políticas e incentivos, que enfatiza o aumento da competitividade e a melhoria do
ambiente regional de negócios, principalmente por meio do fortalecimento das ações
na área de ciência e tecnologia, da promoção da inovação tecnológica, dos programas
específicos de desenvolvimento regional (APLs, clusters, cadeias produtivas, dentre
outros), do desenvolvimento dos serviços de apoio às empresas (centros de serviços
tecnológicos, em Tecnologia Industrial Básica, em serviços de extensão tecnológica
e informações tecnológicas), da ampliação do escopo dos serviços dos institutos de
tecnologia e de sua articulação com projetos de modernização e de inovação
tecnológica do setor privado, do fortalecimento das fundações de amparo à pesquisa,
da formulação de novas estratégias de inserção externa e atração de investimentos,
das novas políticas estaduais de apoio às exportações (por exemplo, relativas à
superação de barreiras técnicas), da definição de políticas de uso do poder de
compra (diferenciação de processos de licitação como indutores de inovações e de
padrões de qualidade das compras públicas ou que facilitem o acesso para as
pequenas empresas, dentre outras ações, e das políticas e incentivos voltados para
a sustentabildade ambiental.
É dentro desta amplitude e diversidade de políticas e incentivos de “nova
geração” que se inserem as propostas apresentadas nesta publicação, a fim de
alavancar a competitividade da indústria paulista, aproveitando oportunidades e
superando desafios.
O estudo “Agenda de Competitividade para a Indústria Paulista” identificou
inúmeras ações de políticas públicas para promoção da competitividade de sua
economia. Dentre estas ações, podemos destacar algumas iniciativas já em

2
Esses instrumentos tradicionais são os seguintes: benefícios fiscais; concessões financeiras diferenciadas;
estímulos para a infra-estrutura; e outros incentivos (simplificação do processo de registro de empresas).

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

andamento, como a criação da Agência de Atração de Investimentos e Promoção


da Competitividade do Estado de São Paulo - a INVESTE SÃO PAULO, a
implantação da Agência de Fomento do Estado de São Paulo (AFESP) e da Lei
Paulista de Inovação, a expansão da formação do ensino profissionalizante, através
dos Centros Paula Souza, o estabelecimento do programa de incentivo à indústria e
proteção à economia paulista, a implementação do programa de modernização do
IPT, a criação da Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural, o fortalecimento
do Programa “Sanidade Risco Zero”, o apoio às MPEs, por meio do
desenvolvimento regional e territorial e a implementação do Programa de Parques
Tecnológicos Paulistas.
O estudo ainda propôs outras iniciativas para promoção da competitividade
de caráter horizontal, cujos resultados permeiam a totalidade dos setores industriais,
como a criação de um Sistema Paulista de Qualidade, o fortalecimento dos
Programas de Tecnologia Industrial Básica, o apoio à Certificação e à Qualidade e
Programas de Extensão e Serviços de Consultoria Gerencial e Tecnológica, o
incentivo a programas de Difusão da Cultura do Design e de Difusão do Registro
de Indicação Geográfica.
Ademais, foram ressaltadas as ações de âmbito regional que consideram que
a formulação de políticas para a promoção da competitividade seja compatível com
as vocações, potencialidades e características locais, a partir de um modelo de desen-
volvimento integrado, que busque promover a convergência de ações públicas e priva-
das, articulando os diferentes atores em torno dos eixos de desenvolvimento do Estado.
As propostas de políticas públicas identificadas pelo estudo foram agrupadas,
também, em cinco dimensões estratégicas para a promoção da competitividade
industrial, quais sejam: recursos humanos, tecnologia e inovação, regulação, infra-
estrutura e logística, e ambiental.
A dimensão estratégica de recursos humanos identificou uma carência
generalizada de engenheiros, tecnólogos e outros profissionais técnicos, porém, as
políticas públicas voltadas para a formação de recursos humanos devem priorizar
as atividades econômicas que tenham como pré-requisito maior carga de
conhecimento técnico e tecnológico. Por isso, é recomendável a continuidade da
atual política do governo que prioriza a expansão do ensino profissional, através do
aumento de vagas nas escolas tecnológicas e técnicas, assim como incentivar o
aumento do número de vagas nas escolas de engenharia com cursos mais adequados
às necessidades das empresas.
A dimensão estratégica de tecnologia e inovação recomendou o incentivo à
criação de um centro de prestação de serviços para desenvolvimento, adaptação e

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6. Considerações Finais

certificação de ferramentaria assim como o apoio a iniciativas no processo de


constituição de Núcleos de Pesquisa Pré-Competitiva para diversos setores.
A dimensão estratégica da regulação identificou o potencial da utilização
do Poder de Compra Público, através das secretarias estaduais, autarquias e das
estatais paulistas como um importante instrumento de promoção ao
desenvolvimento industrial e tecnológico.
A dimensão estratégica de infra-estrutura e logística identificou vários
projetos no Estado que estão em fase de estudo de viabilidade econômica e de
articulação entre as secretarias para que resultem em uma ações integradas no
que se refere à multimodalidade, tais como a Rede Paulista de Dutos, a hidrovia
Tietê-Paraná, o Ferroanel e a ampliação da malha ferroviária e portuária paulista,
assim como o desenvolvimento de todo o complexo da bioeletricidade.
Com relação à dimensão estratégica de meio ambiente, o estudo
recomendou a criação de financiamentos específicos para equipamentos menos
poluentes e a modernização do processo de licenciamento ambiental, com redução
de prazos e processos.
Finalmente, o estudo identificou, também, algumas oportunidades para o
desenvolvimento industrial de São Paulo: os setores de exploração de petróleo e
gás natural, de semicondutores, os segmentos de aplicação para fotônica e o
desenvolvimento de energias alternativas, como o etanol, o biodiesel e o gás
natural. Tais setores e segmentos se mostram “portadores de futuro” pelo seu
potencial econômico e seus impactos para os demais setores produtivos, pelo
aumento das possibilidades de transbordamentos tecnológicos para a estrutura
industrial paulista e, por último, pelo caráter incipiente destas atividades no Estado.
No entanto, para que haja o aproveitamento destas oportunidades é recomendável
que exista um tratamento minucioso no que diz respeito às propostas de políticas
públicas destinadas à sua competitividade.
Portanto, a “A Agenda de Competitividade para a Indústria Paulista”
identificou uma amplitude de propostas de políticas para a promoção da
competitividade da indústria para que Estado possa manter sua posição de
destaque no país e ampliar sua participação no mercado mundial. O estudo
recomendou, porém, que sejam realizados esforços de articulação para o alinhamento
das diversas iniciativas desenvolvidas pelo governo estadual, a fim de promover o
desenvolvimento integrado do Estado de São Paulo.

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COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

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ZILBOVICIUS, M.; MELLO, A.M. (2008). Nota técnica sobre o setor de veícu-
los pesados. Uma Agenda de Competitividade para a Indústria Paulista. IPT-FIPE.

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cp-cap7 - ipt.p65 130 16/12/2008, 16:46


Tabela 1: Participação do VTI nas estruturas industriais do Brasil, São Paulo e Brasil sem São Paulo por

cp-cap8 - ipt.p65
grupos de dinamismo (1996 a 2005)
Brasil – Participação relativa dos Grupos na estrutura de cada região (em%)
Grupo 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. ganhador em setor dinâmico 6,4 6,9 7,5 8,6 8,6 9,9 10,7 10,8 11,0 10,9
2. ganhador em setor em regressão 13,4 13,2 13,0 13,2 12,5 11,7 11,7 11,0 11,0 10,4
3. perdedor em setor dinâmico 15,4 15,9 15,6 18,1 21,5 22,3 22,8 27,9 29,8 30,6
4. perdedor em setor em regressão 64,8 64,0 64,0 60,1 57,4 56,1 54,8 50,2 48,2 48,1

131
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
São Paulo – Participação relativa dos Grupos na estrutura de cada região (em%)
Grupo 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. ganhador em setor dinâmico 4,6 5,2 5,6 7,1 7,5 9,5 10,5 9,9 11,0 11,0
2. ganhador em setor em regressão 14,6 14,0 14,1 14,5 14,5 13,7 14,2 13,9 14,5 14,0
3. perdedor em setor dinâmico 14,4 14,8 13,7 16,2 19,8 20,7 22,2 25,2 26,1 26,9
8. Anexo

4. perdedor em setor em regressão 66,4 66,1 66,6 62,2 58,2 56,0 53,1 51,0 48,5 48,2
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Brasil sem SP - Participação relativa dos Grupos na estrutura de cada região (em%)
Grupo 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. ganhador em setor dinâmico 8,2 8,7 9,4 10,1 9,6 10,2 10,8 11,6 10,9 10,9
2. ganhador em setor em regressão 12,2 12,4 11,8 12,1 10,7 9,9 9,7 8,7 8,4 7,6
3. perdedor em setor dinâmico 16,5 17,0 17,6 19,8 23,1 23,7 23,3 30,1 32,7 33,6
4. perdedor em setor em regressão 63,1 61,9 61,3 58,1 56,6 56,1 56,1 49,6 47,9 48,0
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Participação Relativa dos Grupos no VTI de São Paulo no VTI do Brasil (em%)
Grupo 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1. ganhador em setor dinâmico 36,7 38,3 38,4 40,3 41,2 44,8 44,4 40,0 43,6 44,1

16/12/2008, 16:46
2. ganhador em setor em regressão 55,5 54,1 55,6 53,3 54,8 54,6 54,5 55,5 56,8 59,1
3. perdedor em setor dinâmico 47,5 47,6 44,9 43,8 43,4 43,2 44,0 39,5 37,9 38,5
4. perdedor em setor em regressão 52,2 52,8 53,2 50,4 47,9 46,6 43,8 44,5 43,7 43,9
Total 50,9 51,1 51,1 48,8 47,2 46,6 45,2 43,8 43,4 43,8
Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da PIA/IBGE.

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8. Anexo
COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

Tabela 2: Taxa Média de Crescimento e Contribuição no Crescimento do VTI para


as Estruturas Industriais do Brasil, São Paulo e Brasil sem São Paulo, segundo
Grupos de Dinamismo entre 1996 e 2005 (em %)

Taxa Média Anual


Brasil - Valores constantes: VTI por grupo de desempenho Contribuição
de Crescimento
Grupo 1996-05 no Crescimento
1. ganhador em setor dinâmico 9,1% 27,4
2. ganhador em setor em regressão -0,2% -0,7
3. perdedor em setor dinâmico 10,9% 85,8
4. perdedor em setor em regressão -0,6% -12,5
Total 2,7% 100,0
Taxa Média Anual
SP - Valores constantes: VTI por grupo de desempenho Contribuição
de Crescimento
Grupo 1996-05 no Crescimento
1. ganhador em setor dinâmico 11,3% 75,5
2. ganhador em setor em regressão 0,5% 7,3
3. perdedor em setor dinâmico 8,3% 153,1
4. perdedor em setor em regressão -2,5% -135,9
Total 1,1% 100,0
Brasil sem SP - Valores constantes: Taxa Média Anual
Contribuição
VTI por grupo de desempenho de Crescimento
Grupo 1996-05 no Crescimento
1. ganhador em setor dinâmico 7,6% 16,6
2. ganhador em setor em regressão -1,1% -2,5
3. perdedor em setor dinâmico 12,9% 70,7
4. perdedor em setor em regressão 1,2% 15,1
Total 4,3% 100,0
Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da PIA/IBGE.

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8. Anexo

Quadro 1: Principais características das mudanças no padrão das políticas


estaduais de desenvolvimento industrial e de serviços no Brasil

Anos 1970, 1980 até A partir de meados dos anos 1990 e,


meados dos anos 1990 com maior intensidade, nos últimos 5 anos

Instrumentos restritos às Instrumentos voltados para empresas comerciais e de serviços,


empresas industriais além de produtores rurais ou florestais integrados.

Instrumentos voltados basicamente - Instrumentos com focos adicionais às atividades relativas ao comércio
às atividades industriais de importações do exterior, atividades portuárias e aeroportuárias,
centrais de distribuição e call centers.
- Cada vez mais a agenda das políticas estaduais enfatiza as questões
relativas a infra-estrutura, logística, energia e formação de recursos
humanos. Por necessidade, a perspectiva sistêmica está se impondo.

Instrumentos centrados nos Instrumentos que contemplam também capital de giro associado
investimentos das empresas ou não a investimentos fixos.
(equipamentos, instalações etc.)

Instrumentos com objetivo de Instrumentos com maior ênfase na densidade tecnológica dos
atração de investimentos em geral empreendimentos e na relevância de seus impactos para o adensamento
da matriz local de relações interindustriais e a redução das disparidades
estaduais de desenvolvimento regional.

Instrumentos restritos Já se observa certa expansão para a inclusão de ativos intangíveis.


aos ativos tangíveis Por exemplo, implantação de melhoria da gestão empresarial, da
qualidade, inclusive direcionados à obtenção de certificações.

Instrumentos eram, em geral, Instrumentos cada vez mais específicos em termos setoriais ou regionais.
do tipo “genérico”

Instrumentos tradicionais Instrumentos de nova geração.

Políticas e instrumentos Políticas e instrumentos com variabilidade, dimensões e intensidades


com densidade tópica que estão tensionando a solidariedade federativa.

Fonte: Macedo, M. (2008).

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cp-cap8 - ipt.p65 133 16/12/2008, 16:46


COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA PAULISTA - Propostas de Políticas

EDITORA E GRÁFICA LTDA.


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cp-cap8 - ipt.p65 134 16/12/2008, 16:46


CAPA COMPETITIVIDADE.p65 1 18/12/2008, 09:35

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