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Não consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundosNão consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundosE

assim aqui me prostro…dedos trémulos, caneta em riste afogada em tinta, mas


da minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidasda minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidasseca em vontade e impulso de brotar palavras de dentro de mim…Por isso limito-
ocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os soprosocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os soprosme a quedar inerte, tempos indefinidos esperando que o impulso chegue…esper-
de vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morrede vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morreando que uma brisa, ainda que pequena, de inspiração me varra a boca do coração,
com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-me percorra as veias e me banhe a ponta dos dedos para que a tinta me tire liberte
gas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantasgas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantaso peito do peso que carrego…
vezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto. vezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto.
De encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tintaDe encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tinta

VAZIO P
que se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolosque se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolos
do vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrirdo vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrir
estados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tentoestados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tento

EDRO
que com a ajuda da minha tristeza líquida a tinta desenhe contornos de palavrasque com a ajuda da minha tristeza líquida a tinta desenhe contornos de palavras
sinceras que gritem o tumulto interior, mas recusam-se…e os três pontos choramsinceras que gritem o tumulto interior, mas recusam-se…e os três pontos choram
também com a água que lhes lava a tinta…e o papel transforma-se num borrãotambém com a água que lhes lava a tinta…e o papel transforma-se num borrão
escuro de azul como o meu interior… escuro de azul como o meu interior…

PALRÃO
Procuro nas árvores que abanam as suas folhas ao vento, que com os ramos rasgamProcuro nas árvores que abanam as suas folhas ao vento, que com os ramos rasgam
o ar obstinado que sopra furioso…nas ondas do mar que se desfazem em espuma nao ar obstinado que sopra furioso…nas ondas do mar que se desfazem em espuma na
margem, que engolem os corpos na metáfora da sua força e que lambem os grãos demargem, que engolem os corpos na metáfora da sua força e que lambem os grãos de
areia para que se não esqueçam que o oceano deles não se esqueceu…deambulo nasareia para que se não esqueçam que o oceano deles não se esqueceu…deambulo nas
ruas e por entre as calçadas sujas e irregulares procuro vestígios de algum incentivo,ruas e por entre as calçadas sujas e irregulares procuro vestígios de algum incentivo,
alguma acendalha por entre as pedras pisadas e violentadas (quem mais sofre quealguma acendalha por entre as pedras pisadas e violentadas (quem mais sofre que
pedaços inertes pisados e repisados por vidas alheias)… nas montras das lojas e daspedaços inertes pisados e repisados por vidas alheias)… nas montras das lojas e das
pessoas, nas suas faces que voam, nos seus e nos meus reflexos nos vidros…Maspessoas, nas suas faces que voam, nos seus e nos meus reflexos nos vidros…Mas
nem um pequeno vestígio, nem um pequeno impulso nos dedos para escrever semnem um pequeno vestígio, nem um pequeno impulso nos dedos para escrever sem
medos, nem hesitações… medos, nem hesitações…
No escuro dos meus olhos fechados aguço os ouvidos na solidão e obscuridade, naNo escuro dos meus olhos fechados aguço os ouvidos na solidão e obscuridade, na
esperança de ouvir ao longe qualquer imagem perdida no vácuo, qualquer retratoesperança de ouvir ao longe qualquer imagem perdida no vácuo, qualquer retrato
carregado no vento de uma vida longínqua…na esperança de uma brisa que mecarregado no vento de uma vida longínqua…na esperança de uma brisa que me
meneie os dedos e no ar se escrevam e se desenhem os contornos do meu imo, parameneie os dedos e no ar se escrevam e se desenhem os contornos do meu imo, para
que viajem e me levem para longe, de encontro a quem no meu desespero se afogaque viajem e me levem para longe, de encontro a quem no meu desespero se afoga
também… também…
Exploro o vazio do olhar perdido no nada, perdido no tempo que cessa o seu avançoExploro o vazio do olhar perdido no nada, perdido no tempo que cessa o seu avanço
incessante e tudo se perde no baço esboço do mundo de fora, ao qual é recusadaincessante e tudo se perde no baço esboço do mundo de fora, ao qual é recusada
presença no de dentro…Espero, em vão, que no meio deste estado semi-conscientepresença no de dentro…Espero, em vão, que no meio deste estado semi-consciente
os meus dedos ganhem vida e o sangue que verte do coração rasgado flua na suaos meus dedos ganhem vida e o sangue que verte do coração rasgado flua na sua
direcção, ansioso de gritar ao mundo o seu fluxo afogado em água salgada…Masdirecção, ansioso de gritar ao mundo o seu fluxo afogado em água salgada…Mas
nada acontece…e mudo, grito com os lábios cerrados a angústia de ver tudo o quenada acontece…e mudo, grito com os lábios cerrados a angústia de ver tudo o que
me atormenta contido cá dentro, prestes a implodir e a fazer-me desaparecer…qualme atormenta contido cá dentro, prestes a implodir e a fazer-me desaparecer…qual
buraco negro neste universo interior… buraco negro neste universo interior…
E assim aqui me prostro…dedos trémulos, caneta em riste afogada em tinta, masE assim aqui me prostro…dedos trémulos, caneta em riste afogada em tinta, mas
seca em vontade e impulso de brotar palavras de dentro de mim…Por isso limito-seca em vontade e impulso de brotar palavras de dentro de mim…Por isso limito-
me a quedar inerte, tempos indefinidos esperando que o impulso chegue…esper-me a quedar inerte, tempos indefinidos esperando que o impulso chegue…esper-
ando que uma brisa, ainda que pequena, de inspiração me varra a boca do coração,ando que uma brisa, ainda que pequena, de inspiração me varra a boca do coração,
me percorra as veias e me banhe a ponta dos dedos para que a tinta me tire liberteme percorra as veias e me banhe a ponta dos dedos para que a tinta me tire liberte
o peito do peso que carrego… o peito do peso que carrego…
Não consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundosNão consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundos
da minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidasda minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidas
ocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os soprosocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os sopros
de vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morrede vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morre
com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-
gas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantasgas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantas
vezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto. vezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto.
De encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tintaDe encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tinta
que se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolosque se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolos
do vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrirdo vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrir
estados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tentoestados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tentoNão consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundos
que com a ajuda da minha tristeza líquida a tinta desenhe contornos de palavrasque com a ajuda da minha tristeza líquida a tinta desenhe contornos de palavrasda minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidas
sinceras que gritem o tumulto interior, mas recusam-se…e os três pontos choramsinceras que gritem o tumulto interior, mas recusam-se…e os três pontos choramocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os sopros
também com a água que lhes lava a tinta…e o papel transforma-se num borrãotambém com a água que lhes lava a tinta…e o papel transforma-se num borrãode vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morre
escuro de azul como o meu interior… escuro de azul como o meu interior… com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-
Procuro nas árvores que abanam as suas folhas ao vento, que com os ramos rasgamProcuro nas árvores que abanam as suas folhas ao vento, que com os ramos rasgamgas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantas
o ar obstinado que sopra furioso…nas ondas do mar que se desfazem em espuma nao ar obstinado que sopra furioso…nas ondas do mar que se desfazem em espuma navezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto.
margem, que engolem os corpos na metáfora da sua força e que lambem os grãos demargem, que engolem os corpos na metáfora da sua força e que lambem os grãos deDe encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tinta
areia para que se não esqueçam que o oceano deles não se esqueceu…deambulo nasareia para que se não esqueçam que o oceano deles não se esqueceu…deambulo nasque se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolos
ruas e por entre as calçadas sujas e irregulares procuro vestígios de algum incentivo,ruas e por entre as calçadas sujas e irregulares procuro vestígios de algum incentivo,do vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrir
alguma acendalha por entre as pedras pisadas e violentadas (quem mais sofre quealguma acendalha por entre as pedras pisadas e violentadas (quem mais sofre queestados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tento
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