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Três Principias
pelo
R. P. Mauricio Meschler, S. J.
_______________
2° edição
1923
Petropolis
– Estado do Rio
REINPRIMATUR
Min. Provincialis
_____________
Não cabe nos moldes deste prefacio fazer, embora de um, modo
ligeiro, a apreciação dos dotes extraordinários e da atividade, sobretudo
literária, deste ilustre filho de S. Ignácio.
O TRADUTOR
PREFÁCIO
O Autor.
PRIMEIRO PRINCIPIO
Orar
CAPITULO PRIMEIRO
O que é orar
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
O preceito da oração
7. Dado isto, não é maravilha que todos os homens de boa fé, todos
os cristãos que tomam a religião a sério, se entreguem á pratica da
oração. Para eles o culto divino, e, por conseguinte, a prece, tem a
primazia sobre todas as outras coisas. Nós, os cristãos, somos
essencialmente um povo de oração. O Antigo Testamento não conta
entre suas personagens nem Aristóteles nem Platão, mas possui a
verdadeira prece e, com ela, a vera ciência de Deus, o modo condigno
de adorá-lo. A religião cristã começou no Cenáculo de Jerusalém. Os
pagãos contemplavam admirados os fieis em oração. As igrejas cristãs
foram e são até hoje casas de oração, ao passo que os gentios nunca
tiveram uma idéia real do que ela fosse. A prece é a própria essência da
religião, isto é do bem por excelência. Assim o compreendeu sempre a
humanidade. E o valor desse testemunho não pode ser aluído nem
pelos panteístas que não oram nunca, porquanto, endeusando-se a si
próprios, se têm em conta de uma parcela da divindade, nem pelos
materialistas cujas idéias não se elevam acima do visível; nem pelos
discípulos de Kant que se julgam dispensados de orar por que não
compreenderam ou não querem compreender as provas da existência
de Deus, nem pelos discípulos de Schleiermacher que, para se porem
em oração, estão sempre à espera de não sei que disposições especiais.
CAPITULO IV
3. Já o dissemos; é essa a lei da vida. Mas, por que faz Deus tudo
depender da oração? Acaso não poderia dar-nos sua graça, abstraindo
dela? A pergunta é ociosa. Não se trata do que Deus poderia fazer, mas
do que fez. Quis Ele que a oração fosse um meio de obter as graças e
assim é. Deus é livre e senhor de seus dons; a Ele compete fixar as
condições de alcançá-los. Devemos aceitar sua decisão com todo o
acatamento. Porém, o homem é também livre e deve usar de sua
liberdade cooperando para a salvação própria. A oração corrobora estes
dois fatos: a livre cooperação do homem e a liberdade de Deus na
escolha dos meios. Um e outro fazem parte do plano divino da Criação.
Relativamente a Deus como ao homem, a liberdade é um fator desse
mesmo plano cujo escopo é a salvação da humanidade e a glorificação
de Deus. E' exclusivamente mediante essa cooperação nossa que
merecemos a bem-aventurança eterna. A oração é a mínima das coisas
que o Senhor possa exigir de nós. E', portanto, justo que rejeitando a
prece, seja o homem excluído da graça e do Céu.
E' certo que, afora os que são relativos a fé; a esperança, a caridade e
a recepção dos sacramentos, Cristo não nos prescreveu nenhum
mandamento positivo. Logo, se Ele preceitua a oração com tanta
insistência, é por fazer ela parte intrínseca da economia da salvação.
Efetivamente, dado que Deus baseie sua ação pessoal tanto quanto
possível, no concurso de causas subordinadas, e que o homem, na
medida de suas forças, deva cooperar para própria salvação, a
Providencia divina não podia colocar ao dispor da criatura um meio
mais natural e que estivesse mais ao alcance de todos.
CAPITULO V
O poder da oração
Se, pois, Deus nada excetua, não nos cabe a nós fazer restrições. Por
conseguinte, devemos pedir tudo o que razoavelmente desejarmos e
que seja conforme á vontade divina, mormente os bens espirituais. A
nossa confiança de obtê-los deve estar na razão da excelência e neces-
sidade desses dons. Relativamente às vantagens temporais, importa
proceder com alguma reserva. Tal delas não nos poderia ser concedida;
senão por punição divina. A Sagrada Escritura prova magnificamente a
eficácia da oração. Israel no deserto, Moises, Josué, os grandes feitos
dos juízes e os dos Macabeus, os milagres de Jesus e os dos Apóstolos,
em suma toda a historia do antigo Povo de Deus e a da Igreja não são
mais que a historia da oração e de seus efeitos. É uma continua e
maravilhosa cadeia em que a prece humana e a humana miséria se
entrelaçam com a misericórdia divina, o socorro de Deus.
CAPITULO VI
CAPITULO VII
Da oração vocal
CAPITULO VIII
Modelos de oração
Há um grande numero de orações que constituem excelentes
modelos, dignos de todo acatamento, não somente pelo valor intrínseco
mas ainda em razão do seu autor, que é ou o Espírito Santo ou a Igreja.
CAPITULO IX
Da oração mental
As devoções da Igreja
3. - A prece traz com sigo todas as graças que lhe são inerentes.
Há, numa devoção popular, tal e tão fecunda seiva de prece, que ela
só basta para transformar uma época toda e produzir um verdadeiro
ressurgimento.
CAPITULO XI
O espírito de Oração
Nada adianta dizer: “Tanto vale orar como não, pois o que deve
vir, virá.” É incontestável que muitas coisas chegam a propósito,
porque oramos, e outras não, por descurarmos a prece. - Mas, dirá
alguém, não sei orar! Aprendei. Querer é poder. Quantas coisas
muito mais difíceis que a oração, conseguimos aprender a força de
vontade! “- Não tenho fé, logo é impossível orar.” Mas tendes a
graça da oração e pedi a fé e ela vos será dada. É orando que nos
exercitamos a crer. No dia em que abandonarmos a prece ou a ela
renunciarmos, iremos ao encontro do perigo, o pecado e da ruína. É
a vida penosa jornada, onde não faltam azares e dificuldades.
Ordinariamente, os homens se amoldam ao meio em que vivem e,
em regra, não são melhores que seus familiares. Se, pois, vivemos
numa ambiência sadia, a coberto das tentações, ignorantes do mal
que nos circunda, é por insigne graça e especial proteção de Deus,
sem a qual não evitamos um, escolho senão para toparmos com
outro e perecermos finalmente como, porém, obter esse auxilio
divino?
SEGUNDO PRINCÍPIO
Vencer-se
CAPÍTULO PRIMEIRO
CAPÍTULO III
5. Outro tanto pode ser dito a respeito dos méritos, sem os quais não
podemos entrar no céu. Não há nenhum tão seguro, como a renuncia a
si próprio, por quanto ela vai de encontro ás impressões naturais e está
a salvo do perigo de ilusão. Nenhum é maior, porque não há' maior
vencer que vencer o homem a si mesmo, e essa vitória nos proporciona
ocasiões de praticar as mais excelentes virtudes.
6. Sendo assim, o mais excelente dos diretores é o que nos incita com
maior energia a alcançar a vitória sobre nós mesmos, e o melhor livro
espiritual, o que nos ensina a mortificação. O progresso na virtude, diz o
autor da Imitação, está na razão direta da violência que o homem fizer a si
mesmo. Isto é exato: a melhor espiritualidade e a menos sujeita a ilusões
é a que nos leva a purificar o coração, a praticar atos de virtude e, por
conseguinte, a extirpar as paixões desregradas.
CAPÍTULO IV
.4. Enfim, - e este é o último predicado que requer a vitória sobre nós
mesmos, - cumpre não nos limitarmos a permanecer na defensiva, mas
tomar a ofensiva e estar sempre aparelhado para a arremetida. Esse
princípio da ciência militar aplica-se, com toda a propriedade, ao
combate espiritual. Logo, tomemos a dianteira, invistamos com o
inimigo antes que ele nos acometa, senão arriscamos a ser apanhados
de improviso e então a resistência viria demasiado tarde. E' sempre
mais fácil atacar que defender.
CAPÍTULO V
Algumas objeções
CAPITULO VI
Da mortificação exterior
CAPÍTULO VII
Da mortificação interior
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
Eis porque sua posse é disputada por Deus e pelo demônio. É ela que
decide a nossa eterna felicidade ou perpetua desventura.
Em segundo lugar a vontade precisa absolutamente de ser formada,
de ser submetida a uma severa disciplina. Limitada em virtude de sua
natureza é não sendo suas resoluções susceptíveis de calculo ou
previsão, essa fraqueza e instabilidade foram ainda agravadas pelo
pecado original. A primeira queda feriu principalmente a vontade, que
se vê continuamente hostilizada, no interior, pela concupiscência, e, no
exterior, pela tentação. É pelo fio tão frágil da vontade que está apensa
a felicidade do homem; razão pela qual Deus proporciona a essa mesma
vontade auxílios relativamente mais fortes e numerosos que os
ministrados a inteligência.
CAPITULO X
Das paixões
CAPITULO XI
A preguiça
Por sua vez, a vontade padece também do mesmo mal que, nela, é
caracterizado por uma espécie de acabrunhamento, de mau humor, em
face das dificuldades, de desânimo e indecisão quando importa agir
prontamente, por continuas delongas, ou projetos instáveis e sem fim
preciso.
Ninguém quer ser tido por preguiçoso; razão de sobra para não
negligenciarmos coisa alguma que nos preserve de sê-lo realmente.
CAPÍTULO XII
O temor
3. Tudo isso é exato, dirá alguém, não é possível discorrer com mais
acerto, existem, porém, realmente, meios de superar o temor? O que
obsta que ele seja dominado pela vontade é a imaginação e a
sensibilidade que se aliam para provocar a perturbação e comunicar
suas apreensões a inteligência e á vontade. O sentir não depende de
nosso querer; o que está ao nosso alcance é dominar essas revoltas e
excessos de sensibilidade, afim de que não suscitem a vontade tantos
perigos e obstáculos. E', pois, mister que a faculdade sensitiva obedeça
como um cãozinho bem adestrado que sem dúvida estremece e ladra
ouvindo o menor rumor, porém que se aquieta ao primeiro apelo do
dono.
Três são os meios de que dispomos para atingir esse fim.
Primeiramente, cumpre persuadirmo-nos que em tudo neste mundo -
prazer ou magoa - a realidade fica muito aquém do que nos afigura a
imaginação. - No fim de contas, o único bem verdadeiro é a
bem-aventurança eterna, por conseguinte só devemos temer a eterna
desventura. Compenetremo-nos desta verdade: Em todas as coisas, os
três quartos são fornecidos pela fantasia. Importa rememorar esse prin-
cipio quando nos sentirmos tomados de qualquer receio e deste modo
cercearemos as dificuldades. Imaginamos, por exemplo, que ficaremos
perdidos se fizermos tal coisa exigida pelo dever ou pelo desejo da
perfeição. Façamo-la. Apegamo-nos a uma criatura, a ponto de
acreditar não ser possível viver sem ela. Desprendamo-nos e, em breve,
veremos que não estamos perdidos, ao contrario, tudo corre tão bem,
ou melhor, que dantes. Aliás, quantas vezes não temos já feito essa
experiência! Que receio só com a idéia do que poderia advir! E, no
momento dado, a nuvem prenhe de tempestades se esvai, como um
sonho. Tudo passa, neste mundo, e o tempo minora toda magoa.
Esse pensamento deve animar-nos. - As ilusões da fantasia são
particularmente funestas, na vida espiritual, porquanto, nos fazem
ver as coisas através de lentes de cor e pesá-las em balança cujo fiel
não regula; por conseguinte, não as vendo tais quais são em
realidade, as julgamos mal. Disso é que provêm tantos preconceitos,
tantos receios infundados e pretensas impossibilidades. A
imaginação nos faz ver em toda a parte o - leão feroz – (Pro.XXVI,13) e
nos leva a praticar atos poucos dignos de pessoa razoável e de
animo generoso. E' pondo corajosamente mãos a obra, que o homem
consegue libertar-se desse jugo aviltante e trilhar resoluto a senda
do dever. Por essa razão é que os antigos mestres da vida espiritual
davam, a seus discípulos, como primeira lição, a seguinte máxima: -
Corrigere phántasiam - isto é, enfrear a imaginação. - Finalmente, é a
oração e a confiança em Deus. o terceiro meio que devemos empregar
contra o temor e o desanimo. O exemplo nos foi dado pelo nosso divino
Salvador. A pressão da angústia não chegou ainda a nos fazer verter
sangue. Jesus quis experimentar esse suplício e o quis para instrução
nossa, para nos ensinar que, em si mesmo, o temor não é pecado nem,
tão pouco, desordem; o quis, ainda, afim de nos consolar, de nos
merecer abundantes graças e nos mostrar a trilha que devemos seguir
quando soar, para nós, a hora das agonias de Getsemani. Se Santa
Humanidade do Salvador recebeu, nessa ocasião, o consolo de um anjo,
não foi por dele precisar, senão porque assim o determinara e, dessa
sorte reconfortado, Jesus marchou heroicamente ao encontro de sua
dolorosa Paixão. Se aprouver a Deus colocar-nos na contingencia de
um sacrifício, numa dessas horas de desfalecimento, tenhamos
confiança e crença firme de que Ele e sua graça permanecem conosco. E,
com·esse auxílio, de que não seremos capazes?
CAPITULO XIII
A cólera e a impaciência
2. E' dever nosso combatê-la ainda que não seja senão a titulo de
pessoas razoáveis. Por serem, de ordinário muito prontos os seus
movimentos, ela constitui um obstáculo ao bom uso da razão. O
resultado é que não somente o mal não é reparado, mas a cólera pode
ocasionar um sem numero de injustiças. Pessoas inocentes, ou, pelo
menos, que não mereciam ser tratadas com tanto rigor, são
implacavelmente sacrificadas. Frequentemente o móvel secreto não é o
amor da justiça, nem, tão pouco, o desejo de restabelecer a ordem,
porém, a paixão ou o prazer de exercer represálias. E' nesse particular
que consiste o desregramento e a culpabilidade da cólera. - Acresce que
nós mesmos ficamos prejudicados, porquanto, sendo uma desordem,
esse defeito nos avilta, nos priva da estima alheia tornando-nos odiosos.
O atrativo da vingança nos induz a crer que o perdão das injurias é
pusilanimidade, abjeção, alguma coisa que lesa nossa dignidade
pessoal. E' exatamente no contrario que se achá a verdade. A cólera é
uma fraqueza, uma falta de domínio sobre si mesmo e, por conseguinte,
implica depressão moral. Essa paixão produza cegueira do espírito e a
perturbação da inteligência; ora, uma e outra são provas negativas da
elevação de nossos sentimentos. Como cristãos, incumbe-nos o dever de
lutar contra essa inclinação viciosa. A mansidão, o amor de nossos
inimigos, nos foram prescrito, por Jesus Cristo, de modo formal e
absoluto. Ele mesmo, o nosso divino Salvador, nos deu, sempre, os mais
admiráveis exemplos de paciência, os quais devem servir de normas
aos cristãos que se prezam desse nome. É nisto que consiste o triunfo
do cristianismo, sua divina e maravilhosa maneira de combater.
CAPITULO XIV
O orgulho
CAPITULO XV
Antipática e simpatia
CAPÍTULO XVI
Defeitos de caráter
É quanto basta.
CAPÍTULO XVII
Conclusão
TERCEIRO PRINCÍPIO
CAPITULO I
O amor
CAPÍTULO II
«Oh! se me fosse dado ver o Senhor! quão fácil seria amá-lo!» Quantas
vezes não nos tem acudido ao espírito esse pensamento e esse desejo ao
coração! E todavia de certo modo, Deus se manifesta visivelmente a
nós, ou pelo menos, permite que vislumbremos algo de suas perfeições
divinas. A natureza, o mundo da ciência, da arte, a criação visível ou
ainda a invisível, são apenas uma imagem, sem duvida, mas, sem
embargo, imagem de Deus e uma continua ocasião de representá-lo a
nosso espírito, um motivo permanente de amá-lo. A criação terrestre é
até tão bela e magnífica que faz mister comprimir violentamente o
coração afim d.'obstar que ele sé desgarre nas afeições dás criaturas. E
Deus, qual será? Indubitavelmente mui diverso do que achámos mas
infinitamente superior a tudo quanto poderia figurá-la a nossa mente.
Sendo o autor de todas as coisas, a criação, na sua ordem admirável é
na variedade de sua beleza, reflete necessariamente a imagem do Filho
e tudo nela é uma tradução visível da invisível magnificência do Verbo.
E que dúvida! o Senhor, principio ,de toda beleza, que dá a sua obra
essa peregrina formosura, não será por ventura incomparavelmente
mais belo?(Sab.XIII,3) Qual é pois sua magnitude! Quão amável e
magnífico se revela o nosso Deus!
5. E esse amor que não pode convir senão a Deus, Jesus Cristo o
encontrou plenamente. Ao remontar ao céu Ele fundou um reino
que abrange a terra toda, reino que jamais terá fim. Nele, Jesus, é
amado, adorado, como Deus. Desde os tempos apostólicos que
um sem-número de almas escolhidas, renunciando as vantagens
transitórias e desprezando a vida terrestre, crucificam o mundo
em seu coração e consagram ao Senhor a plenitude do amor de
que são capazes. E assim será até o fim. O verdadeiro cristão está
sempre pronto a dar a vida, a sacrificar os seus mais caros
interesses para defender a verdade capital do Cristianismo.
Estribado na fé e no amor, o reino de Jesus não perecerá. A vitória
moral do Cristo, transformando a sociedade, mediante a fé e o
amor é prova irrefragável de sua Divindade. A história apresenta
homens ilustres que, enquanto vivos, atraiam a si o mundo, quer
pelo influxo de potente inteligência, quer por meio da força material;
por causa deles muitos afrontavam a morte. Mas houve, acaso, alguém
que, por amor desses mesmos homens, se tivesse convertido e
renunciado aos apiteis mais íntimos da natureza? Desapareceram os
gênios surpreendentes', os grandes conquistadores e, do edifício que
arquitetaram, nada, hoje perdura. A noite do esquecimento envolve-os
no seu sudário. Quão diversa deve ser a força que submete o mundo a
Jesus Cristo, provocando a adesão dos corações por meio da fé e do
amor! É o poder da Divindade a qual, durante a vida como depois da
morte do Homem Deus, se afirma radiosa e triunfante.
.
CAPÍTULO III
Deus Homem
CAPÍTULO IV
Deus-menino
Sobre quem exerceu seu poder de atração'? Sobre tudo e todos, sobre
nós mesmos. O Infante do presépio foi nossa primeira devoção, Belém,
a nossa primitiva morada espiritual. E que duvida! "Lá podíamos orar e
amar com toda a confiança e talvez que nunca tenhamos orado mais
fervorosamente nem amado com mais extremos. Será mister volvermos
ao primeiro amor de nossa tenra idade? E por que não? O Salvador é
sempre o mesmo, no presépio como na cruz, no altar como no seu trono
de gloria. Em toda a parte tem jus ao nosso amor e á nossa adoração.
CAPITULO V
CAPITULO VI
O Filho do homem
Que vale um bocado de pão? Sem embargo, essa coisa mínima ocupa
um lugar na Oração Dominical e multiplicando os pães, Jesus ordena
que sejam recolhidos os restos.
CAPITULO VII
Acima da natureza
CAPITULO VIII
O livro de vida
Há, na vida de Jesus Cristo, um fato admiravelmente próprio a nos
inspirar um terno amor e afetuosa dedicação por sua pessoa divina.
(Luc.19,17-24. Mt. 11, 25-30)
E' o próprio Salvador que tira essa ilação das palavras acima citadas,
e acrescenta: «Vinde a mim», isto é uni-vos a mim mediante a fé e o
amor, «Tomai o meu, jugo., isto é, o jugo de meus preceitos, de minha
doutrina e autoridade. “Aprendei comigo», sede meus discípulos,
aprendei sobretudo a ser humildes e mansos. Por outras palavras
importa colocarmo-nos em número dos «mínimos» que Ele proclama
bem-aventurados. Cumpre, pois, renunciar a toda preocupação de nós
mesmos, a toda complacência em nossa própria personalidade e
procurar em Jesus a ventura temporal e a eterna; sujeitarmo-nos a Ele
humildemente e da melhor boa vontade. Então o Pai nos revelará o
Cristo e o Cristo nos conduzirá ao Pai, seremos do numero dos
escolhidos e os nossos nomes inscritos no livro de vida. E' a isso que o
Salvados nos convida.
CAPITULO IX
CAPITULO X
Paixão e morte
O Salvador havia trazido, aos homens, uma religião, uma fé, uma
moral, uma nova economia de graças, um sacrifício novo. Essa fé,
Ele a devia selar com a sua morte; devia encher e alimentar a fonte
de graças, consagrar com o próprio sangue, o altar do sacrifício. Mas
o que importava, sobre tudo, era que Ele nos ensinasse a levar a cruz
da mortificação e do sofrimento e a tornasse merecedora da salvação
eterna. Foi o que realizou mediante a sua Paixão.
CAPITULO XI
Jesus glorioso
CAPITULO XII
Assim como outrora Jesus se servia de suas divinas mãos para curar
os enfermos e ressuscitar os mortos, assim, no sacramento do altar, Ele
se serve de seu sacratíssimo corpo para nos comunicar as mais
preciosas graças; hoje, porém, a condescendência que manifesta é ainda
maior, porquanto, juntamente com o próprio corpo, maravilha do céu e
da terra, Ele nos faz dono de sua alma e divindade, de seus méritos e
graças. Entrega-nos a propriedade de tudo o que lhe pertence, até do
próprio ser. Haverá, por ventura, no mundo, alguém mais rico e
poderoso que o homem em cujo coração Deus habita pessoalmente?1
Que bem sobreleva a este? A generosidade de Jesus poderia ser
ultrapassada?
Por sua onipotência o Salvador nos transporta para o seu próprio Ser
a fim de nos associar, tanto quanto possível à sua divindade. Poderia
humilhar-se mais profundamente e mostrar maior condescendência?
Mas é assim que seu amor alcança o fim que propôs a si mesmo: atrair o
nosso coração a fim de lhe dar honra, riqueza e felicidade. Como este
pensamento é suave e enternecedor: O coração do homem, fim da Santa
Hóstia!
CAPITULO XIII
Ultimas recomendações
Quão precioso é o domínio da fé! e qual não deve ser o nosso zelo
em produzir atos relativos a essa virtude, pois que só ela nos dá a luz
do amor!
São três estas virtudes porém a mais excelente é a caridade ( Cor., m, 13.)
por ser o liame da perfeição e o ultimo e supremo preceito do Senhor.
Pedindo-nos o nosso amor Ele nos abandona tudo é mais e esse mesmo
amor o constitui soberano incontestado de nosso coração. O amor
dirime as dificuldades e as transforma em meios e ocasiões de
provarmos que pertencemos a Deus e reconhecemos seu domínio sobre
todas as coisas. «Amar e fazei o que vos aprouver» diz S. Agostinho. (ln
epist. Joannis ad Parthos tract, 7, n. 8 (Migne P. L. II 2, 2033.) E S. João escreveu:
“Cremos em seu amor”.(Joann.; IV, 16.) Nada resiste ao amor de Jesus
crucificado. Ele venceu o mundo. E como não! Nosso Redentor, nosso
Deus e Senhor é infinitamente amável e digno de nosso amor; amou-
nos até a morte e ainda nos ama com inefável ternura; deseja que o
amemos e pede o nosso coração. Não será isso bastante para nos
contentar, a nós tão pobres e mesquinhos, tão sedentos de amor e
felicidade?
INDICE
Aos leitores
Prefacio
PRIMEIRO PRINCIPIO
Orar
SEGUNDO PRINCIPIO
Vencer-se
TERCEIRO PRINCIPIO
Capítulo I. O amor
Capítulo II. Jesus Cristo-Deus
Capítulo III. Deus Homem
Capítulo IV. Deus Menino
Capítulo V. O Doutor sapientíssimo e Guia das almas
Capítulo VI. O Filho do homem
Capitulo VII. Acima da natureza
Capitulo VIII. O livro de vida
Capitulo IX. Jesus era bom
Capitulo X. Paixão e morte
Capitulo XI. Jesus glorioso.
Capitulo XII. O S.S. Sacramento do altar.
Capitulo XIII. A ultima recomendação.