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MUDRÁ

E-BOOK

5 MUDRÁS QUE VOCÊ PRECISA CONHECER

PROFESSOR MILTON MARINO


O QUE VOCÊ VAI APRENDER
ETIMOLOGIA E USO
DEFINIÇÃO
FUNÇÃO NO ANGA
ORIGEM
MUDRÁS (EXECUÇÃO, ERROS MAIS COMUNS,
VISUALIZAÇÃO, EFEITOS)
ABHAYA MUDRÁ
KAPÔTA MUDRÁ
SHIVA MUDRÁ
PALLI MUDRÁ
PRÁNA MUDRÁ
GLOSSÁRIO

CONTEÚDO
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ETIMOLOGIA E USO
Segundo o Kulárṇava Tantra, a palavra mudrá provém da raiz sânscrita:
• mud que significa deleite, encanto, prazer, mulher, força e poder;
• dru (drava ou dra, que é a forma causal) que significa fluindo, fluido, caindo, gotejando, escorrendo, transbordando, fundido, liquefeito e também,
interessantemente, orgasmo.
Assim, podemos entender a palavra mudrá como aquilo que faz fluir o poder.
Ainda pode ser compreendido, no contexto do pújá, como aquilo que traz o deleite às forças do Universo e faz o poder fluir.
A palavra mudrá literalmente significa gesto, selo, senha, autorização, passaporte, sendo empregada para designar os gestos feitos com as mãos. No ritual
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pañchamakára, da escola kaula, o termo mudrá tem o significado de cereal e serve para denominar uma modalidade de consorte tântrica. No Shivaísmo da
Kashmira, essa palavra aparece para descrever estados de consciência que ocorrem durante o dhyána (meditação) e o samádhi (hiperconsciência):
• Mudrá krama: é o momento do estado de concentração no qual a consciência é empurrada para o estado de meditação e tem a percepção do espaço
interno e externo alterada. O indivíduo não consegue diferenciar a sua própria percepção no tempo e no espaço, sentindo-se em ambos.
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• Mudrá virya: é o estado de pura consciência do samádhi descrito no sútra 2.5 do Shiva sútra.
No budismo, o termo mudrá está associado à linhagem Kagyu, do grandeYôgi Milarêpa. Esta técnica e o estado de consciência atingido com ela são chamados
de Mahámudrá. Aqui, o objeto de concentração é a natureza fundamental da própria mente. Entre os kanphata yôgis, tradição associada ao Haṭha Yôga e que
segue os ensinamentos de Gôrakshanaṭha, as orelhas longas e perfuradas são chamadas também de mudrá.

40 O Kulárṇava tantra é um tratado pertencente a escola kaula do tantrismo cinzento. Foi composto possivelmente en- tre 1000 e 1400 d.C. e possui um pouco mais de 2000 versículos divididos em 17 capítulos, contudo estes constituíam apenas o quinto
capítulo do texto original que era de 125.000 versículos e que foram perdidos. A tradição hindu afirma que existem 64 tantras e dentre estes pouquíssimos foram traduzidas para a língua europeia! Este tantra é um deles e foi traduzido parcialmente para a
língua inglesa pela primeira vez em 1875. Já em 1918 o magistrado britânico em Calcuta, Sir John Woodroffe com M. P. Pandit publicaram a obra completa. Ele trata sobre diversos assuntos desde filosóficos quanto a criação do homem e do universo, quanto
ético como a relação professor e aluno ou técnico como os meios de execução de pújá, nyása, mudrás, o rito dos 5 Ms e outras técnicas. Em sintonia com o assunto deste livro, este tantra cita o yôni e o liṅga mudrá no sútra 4.116.
41 Prática na forma de ritual, cujos componentes têm a inicial em sânscrito com a letra M: Mudrá - cereal, terra; matsya - peixe, água; mamsa - carne de caprino, fogo; madya - vinho, ar; maithuna - relação sexual, éter.
42 Escola shakta pertencente à linha negra atenuada, também chamada de cinzenta.
43 O Shiva sútra é um tratado pertencente à escola do Shivaísmo do norte, Shivaísmo da Kashmira ou também siste- maTrika.Foi descoberto porVasugupta no século IX d.C..A lenda conta queVasugupta teve um sonho no qual Shiva mostrava o local secreto
onde os Shiva sútras estavam gravados em uma pedra. Ao acordar, dirigiu-se imediatamente para o lugar e encontrou os setenta e sete aforismos de Shiva. O Shiva sútra é um resumo das doutrinas dos ágamas (tantras) e põe em evidência a tendência não
dualista.
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DEFINIÇÃO
Do ponto de vista prático:
• mudrá é o gesto reflexológico, simbólico ou magnético feito com as mãos.
Existem escolas que utilizam o termo mudrá em outro contexto, mas nós não o entendemos desta forma. Notamos que isto ocorre nas linhagens mais recentes
pertencentes ao período medieval, como o HaṭhaYôga, que surgiu no século XI. Nelas, o termo mudrá passou a ser utilizado para o conjunto de técnicas que tem
como função promover o despertamento da kuṇḍaliní. Ele abrange os gestos feitos com as mãos, posições com o corpo, oclusão das aberturas do crânio e
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bandhas.
Enquanto gesto feito com as mãos, os mudrás aparecem associados a:
• Iconografia.
• Rituais:
Japa (repetição de mantras),
Áváhana (invocações),
Kaṁya karma (ritos de prosperidade), Naivêdya (oferenda de comida), Snána (banho).
• Yôga:
Concentração,
Manipulação do práṇa,
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Cura (em algumas modalidades), Evocação de estados de consciência.
• Dança.

44 São as técnicas de compressão de plexos e glândulas, cuja função é promover a mudança do fluxo dos váyus, que são a resultante do fluxo energético de um centro de força, provocando a intensificação dessa energia em um determinado chakra ou
minimizando um fluxo deletério. Do ponto de vista fisiológico, os bandhas atuam ativando os plexos do sistema nervoso visceral eferente parassimpático (sistema nervoso autônomo parassimpático), com efeitos de aumento da peristalse, diminuição da
pressão arterial e da frequência cárdica.
45 No SwáSthyaYôga não utilizamos as técnicas com finalidades terapêutica.
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FUNÇÃO NO ANGA
A função do mudrá, dentro do áṣhtaṅga sádhana, é preparar o praticante para um estado interno de identificação. O aluno, ao se concentrar ainda mais no
gesto, produz um estado vivencial em que a força e as propriedades inerentes à posição das mãos, sejam elas simbólicas, magnéticas ou reflexológicas,
passam a ser incorporadas, a fazer parte e a se expressar através do praticante.
Os gestos tornam-se, então, senhas que nos permitem acessar um grande manancial de conhecimento e poder. Passamos a aprender diretamente do
inconsciente coletivo e sem intermediários.
Uma linda metáfora é usada por DeRose em suas aulas:“O inconsciente coletivo é o plug fêmea da tomada, a fonte da energia, e o praticante é o plug macho.
Ao executar o mudrá, colocam-se um em contato com o outro.”
Há também uma outra metáfora muito boa, associada com computadores. Quando alguém vai acessar o e-mail, é necessário fazer o login de usuário e
senha. O mudrá é a senha.
Portanto, o mudrá correto conecta-nos com o arquivo certo; o mudrá trocado vai nos trazer um poder e conhecimento diferentes. Nós devemos usar os gestos
adequados para cada tradição (hinduísmo, budismo, jainismo), linhagem (Tantra-Sáṁkhya, Brahmacharya-Sáṁkhya,Vêdánta-Brahmacharya,Vêdánta-Tantra)
ou escola (SwáSthya, Kaulacharya...), com o intuito de nos mantermos conectados com os ensinamentos da nossa escola. Há vários caminhos, cada um
adequado a cada temperamento do ser humano, mas é necessário escolher um e segui-lo até o fim.
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ORIGEM
As mãos, como ferramentas de expressão do ser humano, constituem um fenômeno atávico e pertencente a praticamente todas as tradições, culturas e
épocas. Elas são usadas para expressar tanto significado secular como sacro, fazendo parte do repertório humano desde tempos imemoriais.
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Os gestos feitos com as mãos estão presentes dentro da tradição cristã, como o gesto do logos, provindo de tradições mais antigas, associado ao deus frígio
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Sabázios, que foi identificado a posteriori com Dionísio.Vemos Cristo executando este gesto em diversos monumentos, altares, relevos e nas pinturas feitas desde
as catacumbas romanas até a arte bizantina.
Representando as qualidades femininas, temos a mão de Maria, semelhante ao varada mudrá, e que é chamada de mão de Fátima pelos islâmicos, mão de
Mirian pelos judeus e hamsa nas tradições do Oriente Médio e norte da África. Usualmente, este símbolo é utilizado como joalheria e amuleto, com a finalidade de
repelir o mal, dissipar o medo e garantir prosperidade. A palavra hamsa em árabe significa “cinco”, aludindo aos 5 órgãos do sentido, às 5 preces diárias e aos 5
dedos no olho do mal, fazendo referência ao poder gerado pelos gestos feitos com as mãos.
Entre as tradições provindas do subcontinente indiano, encontramos o abhaya mudrá na chamada mão Jaina; nela, ao centro está a roda do dharma
(dharmachakra) e a palavra ahiṃsa. Encontramos nesta tradição também o texto Mudrá avadhi, que menciona 114 gestos.
Com o ressurgimento doTantrismo no sécVIII D.C e sua forte influência no budismo, o mudrá, que é uma das principais técnicas do Tantra, foi levado para
países distantes como Tibete, Butão,Vietnam, Laos, Camboja,Tailândia, Sri Lanka, China e Japão.
Levando a nossa atenção agora para a tradição hindu, encontramos algumas idiossincrasias. Devido à maneira de pensar do hindu, ao longo do tempo, surgiu
um posicionamento no qual se prioriza o conteúdo e a obra em detrimento do criador, reformador ou professor de algo.
Desfigura-se o personagem histórico, pois ele não importa; apaga-se o tempo, pois este também é efêmero e eleva-se a grandiosidade da obra, pois esta é
importante Assim, criou-se o hábito de não datar absolutamente nada, causando uma dor de cabeça imensa para nós ocidentais e mascarando a figura
histórica por debaixo de camadas de mitos, geralmente respaldados por fatos históricos ou com uma base filosófica profunda.

46 Prána mudrá ou ardha patáka mudrá.


47 Mudras Ingrid Ramm Bonwitt, pág. 261 e L’Orange, pág. 184.
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ORIGEM
Olhando sob esta ótica, precisamos entender que toda vez que ensinamos algo, estamos repetindo um conhecimento que foi transmitido pelos nossos
professores, ou seja, somos uma estação de retransmissão. Assim, este saber não é nosso! Pensar “eu sei, eu ensino!” é abstruso na cabeça do sábio hindu, não
faz o menor sentido. Mesmo o conhecimento tido como original, neste paradigma não nos pertence, mas sim ao Universo, e a nossa função é a de apontá-lo,
trazê-lo à luz ou revelá-lo. 48
Além do mais, uma boa parte do conhecimento, durante muito tempo e ainda hoje, foi transmitida de forma oral (parampará), dificultando localizar a sua
verdadeira origem pela datação de textos.
Sabemos que as mãos são uma das principais vias de expressão do nosso corpo e que os sábios, ao entrar em momentos de expansão de consciência, têm
as suas mãos adotando um novo gesto que representa o estado vivido. Quando o praticante executa o gesto, como uma via de mão dupla, ele é impelido a
vivenciar o mesmo estado. Uma grande parte dos mudrás nasceu por esta via, a da intuição e da hiperconsciência, chamada de práṇa vidya.
Neste ínterim, é impossível realmente localizar a origem precisa do mudrá. Todavia, conseguimos traçar o aparecimento desta linguagem gestual associada a
três principais contextos:

• Recitação dos vêdas.


• Rituais e pújá.
• Dança.

48 A palavra parampará pode ser escrita: 1) Com o primeiro A longo, párampara (adjetivo) e também significa o mais distante ou futuro. 2) Com todos os As curtos, parampara, e significa “um seguido do outro, procedente de um outro, sucessivo, repetido”. 3)
Com o último A longo, parampará, significando “linha ou série ininterrupta, ordem, sucessão, continuação, mediação, tradição”. Utilizamos a última (3) para se referir a tradição da transmissão oral do conhecimento.
CLASSIFICAÇÃO
• Saṁyukta hasta.

INDICAÇÕES
• Angas: mudrá e ásana.
• Para o enriquecimento das coreografias.
• Em períodos da vida de grande ansiedade e medo; nos momentos de grandes mudanças, para produzir
uma maior estabilidade emocional; no auxílio à redução de pensamentos advindos dos próprios medos;
na melhoria de doenças produzidas pelos apegos que geram ansiedade e estresse, como esofagites,
refluxos e gastrites.

CONTRAINDICAÇÕES
• Não há.

ORIGEM
• Hinduísmo, na iconografia, dança, yôga e outras tradições
Presente na iconografia em diversas tradições como o hinduísmo, o tantrismo e o budismo, todas com
simbologia e efeitos semelhantes.
• Pújá
Utilizado no pújá a Shiva e às shaktis, especialmente Durgá, segundo o mantra yôga Saṁhita.

ABHAYA MUDRÁ
O gesto que dissipa o medo (destemor)
SIMBOLISMO
É um gesto comumente empregado com a finalidade de pacificação ou proteção na prática ritual. Na
iconografia, aparece sendo executado tanto pelas divindades como pelos sábios, indicando ao
praticante que não há razão para temer, pois o gesto está lá para conceder a experiência do absoluto.
Os dedos voltados para cima são os cinco elementos materiais que nascem a partir da palma, onde ERROS MAIS COMUNS
está o bindu, ponto de onde o Universo e estes elementos provieram no momento da criação, no big O abhaya mudrá tem os dedos da mão direita leve e
bang. Na nossa linhagem, o abhaya é executado junto com o varada e representa o abraço, no qual a naturalmente afastados, pois se estiverem unidos demais, a
mão em abhaya toca o centro do peito pela frente, tornando o coração destemido, enquanto a técnica passa a ser outra: o patáka mudrá.
esquerda em varada toca o dorso contralateramente à mão irmã, fornecendo o apoio, a energia e a
motivação necessárias para vencer. VISUALIZAÇÃO
• Execute o mudrá com a duração entre 5 a 45 minutos.
EXECUÇÃO 1.Visualize que as coisas que o amedrontam estão diante de você
• Principal e a sua mão direita está estendida. Sinta que o centro da palma
Na nossa tradição, o abhaya é executado junto com o varada mudrá (gesto de conceder dádivas), de se aquece e dele emana uma luminosidade dourada. Com ela,
forma a buscar uma semelhança ou identificação com o aspecto de Shiva Naṭarája. A mão direita é perceba que a coragem e o discernimento levam-no a subjugar e
elevada até a altura do peito, com a palma virada para frente, relaxada. Os dedos ficam estendidos transcender o medo, pois percebe que eles se devem aos
para cima. Combina-se com a mão direita, a esquerda em varada mudrá, elevada à mesma altura da condicionamentos profundos da sua mente, os quais acaba de
contralateral, com a palma voltada para baixo e com o punho muito próximo ou encostado à superar.
primeira. 2. Imagine que existem milhares de filetes luminosos de cor
• Variações prateada que o prendem e condicionam. Eles são os seus apegos
e medos, assim como vínculos que o aprisionam a objetos,
Na posição sentada, o praticante executa o gesto somente com a mão direita erguida na altura do
pessoas e pensamentos. Neste momento, a sua mão em abhaya
ombro direito, enquanto a esquerda pousa sobre as pernas ou pés, como em Shiva mudrá, ou sobre o
incendeia-se em um redemoinho de chamas violetas que
joelho homolateral com a palma, a qual pode estar voltada para baixo ou para cima. Quando em pé,
crescem, tomam o seu corpo e rompem todos os fios que eram as
a mão e o braço esquerdos podem simplesmente estar soltos e relaxados ao longo do tronco.
causas dos seus temores.

ABHAYA MUDRÁ
EFEITOS
• Físico e emocionais
Reduz a ansiedade e o conflito interno, sereniza a mente, ajuda a
entender o verdadeiro significado de desapego.

O gesto que dissipa o medo (destemor)


• Energéticos (fluxos energéticos, chakras e kuṇḍaliní)
Ativa os chakras múládhára e swádhiṣhṭhána, que estão
associados à nossa capacidade de sobrevivência e prosperidade
no mundo material.
CLASSIFICAÇÃO
• Saṁyukta hasta.

INDICAÇÕES
• Aṅgas: mudrá, pújá e ásana.
• Para enriquecer as coreografias.
• Ativar o timo, melhorando o sistema imune.

CONTRAINDICAÇÕES
• Contraindicado para pessoas com hiper tireoidismo.

ORIGEM
• Dança e teatro
O kapôta mudrá está presente nos textos base da dança e do teatro, como o Náṭya shástra, o Abhynaya
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chandrika e o Abhinaya darpaṇa. Neste ultimo, é o 2o dos 24 saṁyukta hasta mudrás descritos no texto. A
divindade tutelar é Chitrasena.

77 Tratado de dança específico para Odissi, escrito por Mahêshwara Mahápatra no século XVII (Pasricha, 1990, p. 49) ou cerca de 1670 d.C. (Carroll, 2013, p. 323).

KAPÔTA MUDRÁ
O gesto da pomba
SIMBOLISMO
Usado pelos artistas, para expressar predominantemente emoções e sentimentos. • Abhinaya
darpaṇa
Aplicação:
Praṇama: homenagem, saudação ou voto, VISUALIZAÇÃO
Guru sambhaṣha: conversa ou consulta ao guru ou a idosos, O kapôta mudrá nos leva a cultivar a humildade e a não
Vinayáṅgíkṛta: obediência respeitosa, humildade e submissão. violência em todos os níveis. As mãos assim colocadas dirigem a
• Náṭya shástra energia, como no prônam mudrá, para o anáhata chakra. O
Aquiescência, filas de árvores, flor da bananeira, frio, modéstia, colecionar coisas, cidra e um pequeno grande diferencial é que o afastamento entre elas permite que
estojo ou cofre. uma parte dessa energia concentre-se justamente nesse espaço
e ela pode ser usada para objetivos pessoais ou para ser enviada
EXECUÇÃO a outras pessoas, como por exemplo, no pújá. Visualize o fluxo da
• Principal energia luminosa que flui da mão de polaridade positiva para a
Palmas unidas como em Prônam mudrá, mas com os centros das mãos levemente afastados, criando de polaridade negativa, na altura do peito, ativando o anáhata
um espaço entre elas. As pontas de todos os dedos devem se manter unidas. chakra, que passa a brilhar em uma forte luz de cor dourada.
• Variações Uma parte dessa energia é centralizada nas mãos, para que
Similar à anterior, mas com as pontas dos dedos indicador, médio e anular levemente afastadas. possa ser utilizada. Simbolicamente, a chispa do absoluto que
Neste caso, simboliza um vaso ou recipiente. habita dentro de nós, tem sua morada em nosso coração. Ao
ERROS MAIS COMUNS executar este mudrá, entramos em contato com ela, o que faz
• Afastar os punhos ou os dedos, revelando um significado incorreto. surgir um sentido de humildade e não violência para com todos
os seres.

EFEITOS
• Físicos
Melhora o sistema cardiovascular e imunológico pela
estimulação do timo. • Energéticos

KAPÔTA MUDRÁ
Ativa o anáhata chakra e o práṇa váyu.
• Mentais e emocionais
Aumenta o sentimento de humildade, não violência e
compaixão.

O gesto da pomba Com isto, promove a sensação de paz, tranquilidade e confiança.


CCLASSIFICAÇÃO
• Saṁyukta hasta.

INDICAÇÕES
• Aṅgas: mudrá, pújá, mantra, eventualmente pránáyáma e saṁyama.

CONTRAINDICAÇÕES
• Não há.

ORIGEM
• Yôga
Presente no Yôga, utilizado principalmente nas técnicas de meditação e concentração. Tem sua origem no
Tantra.

SIMBOLISMO
O Shiva mudrá demonstra a força de dissolução do universo personificado por Shiva. Ambas as mãos
simbolizam a unificação das dualidades Puruṣha, representado pela mão positiva, e a Prakṛti pela
negativa. Elas também estão associadas aos canais iḍá e piṅgalá. Assim, a sua união culmina com a
junção da consciência individual com a suprema consciência.
A criação do Yôga, mitologicamente, está associada a Shiva, sendo este o Mestre mais antigo e mestre de
todos os demais yôgis. Imaginamos que, quando Shiva entrou no estado de consciência expandida no qual
o Yôga foi criado, as suas mãos pousaram- se neste gesto pela primeira vez. Desta forma, ele é o primeiro
de uma linhagem sucessória que atravessa os milênios e os países. Fazemos o gesto de Shiva a fim de nos
identificarmos com o primeiro Mestre e poder aprender diretamente dos seus lábios, através de uma via
direta e sem intermediários.

SHIVA MUDRÁ
O gesto de Shiva
EXECUÇÃO
• Principal
Coloque a mão positiva (direita dos homens e esquerda das mulheres) sobre a negativa (esquerda dos
homens e direita das mulheres), com as palmas voltadas para a cima e em formato de cálice. Os polegares
não se tocam. Ambas as mãos são colocadas sobre as pernas ou os pés, dependendo da posição em que
pelos braços até a cabeça e retorna pelo braço oposto, em direção à
estiver sentado.
mão inferior. Procure então, vivenciar este fluxo energético e reforçá-
lo, visualizando que ele ganha uma intensa coloração dourada, a qual
ERROS MAIS COMUNS
passa a exercer influência sobre o múládhára e o ájñá chakras. Estes,
• Unir os polegares.
por sua vez, brilham intensamente como dois grandes sóis. No centro
• Não manter as mãos descontraídas. • Colocar o gesto no chão.
de ambos, estão os granthis que, devido ao grande fluxo de energia,
VISUALIZAÇÃO afrouxam-se, permitindo que a energia flua com facilidade pelo canal
As visualizações abaixo podem ser feitas em separado ou em sequência. Cada uma delas descreve o que existente dentro da coluna, em direção ao topo da cabeça.
ocorre na nossa energia, emoções e pensamentos. Apesar de serem ocorrências concomitantes, a nossa • Visualização 3 – Ativar todos os centros de energia
Pouse a sua consciência no gesto de Shiva e leve a atenção para o
mente tem dificuldade de processar todas ao mesmo tempo.
aquecimento e a intensa vibração que toma conta das mãos. Agora,
• Visualização 1 – Conectar-nos com a fonte
visualize um grande chafariz luminoso de cor dourada intensa, o qual
Há 5000 anos, na Índia, as mãos de quem criou esta filosofia em um estado expandido de consciência,
parte das mãos, como uma grande coluna de luz que penetra
responderam à experiência colocando-se neste gesto pela primeira vez. A mitologia identifica este homem
profundamente o chão e eleva-se em direção ao alto, passando diante
como Shiva e o seu gesto deu início à linhagem sucessória de mestres e discípulos do Yôga. Estes perceberam
de quase todos os centros de energia. Eles são, então, transpassados e
que, ao reproduzir o mudrá do grande Mestre, poderiam viver o que ele viveu, sentir o que ele sentiu e
recebem uma poderosa energia provinda dessa coluna de luz. A força
aprender diretamente com ele, ainda que não estivesse mais no plano físico. Assim, mesmo após tantos
recebida nos chakras é distribuída para cada célula do seu corpo,
milênios e do outro lado do mundo, você inicia a sua prática colocando as mãos no gesto do professor dos
criando uma forte redoma de luz dourada ao seu redor.
professores e mergulha nessa linha sucessória que lhe concede a sabedoria e a força cumulativas de todos os
que o antecederam. EFEITOS
• Visualização 2 – Afrouxar os granthis • Físicos
Ao executar o Shiva mudrá, cria-se um forte fluxo de energia que corre da mão inferior para a superior, desta Aprimora a saúde de todos os sistemas fisiológicos.
Suaviza a respiração, induzindo à descontração.

SHIVA MUDRÁ
• Energéticos
Ativa todos os chakras e váyus, com ação especial no ájñá e sahasrára.
Auxilia a desatar o granthi localizado no ájñá chakra.
• Emocional e mental
Reduz a agitação mental.

O gesto de Shiva Auxilia a entrar em meditação.


Desenvolve coragem para superar obstáculos e compreender a vida
como ela é.
CLASSIFICAÇÃO
• Asaṁyukta hasta.

INDICAÇÕES
• Aṅgas: mudrá e ásana.
• Para o enriquecimento das coreografias.

CONTRAINDICAÇÕES
• Não há.

ORIGEM
• Dança
O palli mudrá está presente no abhinaya darpaṇa, nos sútras 170 e 171, mas como uma extensão dos 28
principais.
• Yôga
Utilizado para reforçar a confiança e o contato com o professor interior ou voz interna.
SIMBOLISMO
Este mudrá representa a cabana, o lugar que simboliza as limitações da vida terrena, frágil e instável. Ele
também pode ter o sentido de abrigo, pois indica aquele lugar no centro do peito, onde existe o nosso
mestre interno ou o mestre do coração. Assim, o gesto coloca-nos em conexão com essa voz interior, que
nos auxilia ao longo do nosso processo de autoconhecimento.

PALLI MUDRÁ
O gesto da cabana ou abrigo
SEXECUÇÃO
• Principal
Com a palma estendida, flexione os dedos anelar e polegar, tocando as pontas de ambos. Agora,
entrelace o indicador e o médio, mantendo o primeiro à frente.
ERROS MAIS COMUNS
EFEITOS
Passar o dedo indicador por trás do médio.
• Físicos
VISUALIZAÇÃO Aprimora a respiração completa e fortalece os músculos das
• Dança costas e do pescoço. Isto leva ao perfeito alinhamento da coluna,
Este gesto é executado com uma mão e a palma voltada para fora. o que é muito importante para o adequado fluxo da energia.
• Yôga • Energético
Pouse ambas as mãos em palli mudrá sobre os joelhos ou coxas e procure prestar atenção na sua Ativa de maneira delicada os chakras múládhára,
respiração. Em pouco tempo, perceberá como a inspiração e a expiração tornam-se profundas na swádhiṣhṭhána, maṇipúra, anáhata e vishuddha.
• Emocional e mental
mesma proporção. Concentre-se, então, no fluxo da energia que passa a correr para os cinco chakras
Aumenta a concentração.
inferiores (múládhára, swádhiṣhṭhána, maṇipúra, anáhata e vishuddha), ativando-os de maneira
Amplia a estabilidade mental e ajuda a sustentar a
suave e delicada.Aos poucos, a tela mental vai se tornando calma e límpida, para você estar cada vez
concentração em um ponto. Aumenta a intuição, ao melhorar a
mais concentrado e aberto às intuições, que passam a dar abrigo e a direção correta que deve seguir
comunicação com o professor interno.
no seu desenvolvimento.

PALLI MUDRÁ
O gesto da cabana ou abrigo
CCLASSIFICAÇÃO
• Asaṁyukta hasta.

INDICAÇÕES
• Aṅgas: mudrá, pránáyáma e ásana.
• Aumenta a capacidade respiratória.
• Aumenta naturalmente a inspiração, em detrimento das outras fases.
• Melhora o funcionamento do sistema imunológico.
• Melhora a digestão e assimilação de nutrientes.
• Beneficia os olhos.
• Aumenta a força de vontade e o vigor.
• Aumenta o potencial de cura contra doenças e lesões.

CONTRAINDICAÇÕES
• Hipertensos não devem utilizar este mudrá.

ORIGEM
• Yôga, hinduísmo e budismo
Está presente no Yôga tattwa mudrá Vijñána e em diversas tradições da Asia. No Yôga, é utilizado com a
finalidade de ampliar as reservas de energia, permitindo um incremento de vitalidade que pode ser
utilizado na recuperação de lesões e doenças. No contexto do budismo e das artes marciais, este gesto é
chamado de “dedos de espada” ou “espada da sabedoria”. É aplicado nos rituais com a intenção de cortar
a preguiça e a ignorância.

147 Nome do fluxo resultante da bioenergia que nasce no anáhata chakra e é impulsionada em direção ascendente, para a cabeça.

PRÁNA MUDRÁ
O gesto do prána váyu
147
SIMBOLISMO
A bioenergia, ao se concentrar no anáhata chakra, adquire a coloração amarelo forte e é direcionada
por este chakra para os pulmões inicialmente, coração em segundo plano e, por fim, uma parte ao
cérebro. Ela vitaliza esses órgãos e age como energia propulsora da respiração e da assimilação da
bioenergia necessária para a sobrevivência do indivíduo. Na sua diferenciação e especialização,
produz o subpráṇa nága, responsável pela eructação, soluço e vomito. A expansão desta divisão da
• Para acelerar o processo de cura
bioenergia leva ao efeito colateral de aparecimento da paranormalidade laghiman (levitação).
Com a mão de polaridade positiva em prána mudrá, direcione a
EXECUÇÃO ponta dos dedos indicador e médio para a região a qual você
• Principal deseja melhorar. Respire longa e profundamente, enquanto
Partindo da mão estendida e com os dedos unidos, flexione o mínimo e o anelar, tocando a ponta visualiza um forte fluxo de energia para o local.
deles na ponta do polegar. Mantenha os dedos indicador e médio estendidos.
EFEITOS
ERROS MAIS COMUNS
• Físicos
Trocar os dedos.
Aumenta a capacidade respiratória.
Aumenta naturalmente a inspiração, em detrimento das outras
VISUALIZAÇÃO
fases. Melhora o funcionamento do sistema imunológico.
• Para a prática
Melhora a digestão e assimilação de nutrientes.
Pouse ambas as mãos em prána mudrá sobres os joelhos ou na raiz das coxas, com os dedos médios
Beneficia os olhos.
e indicadores voltados uns para os outros e à altura do baixo ventre. Procure executar respirações
Aumenta a força de vontade e o vigor.
naturais, profundas, conscientes e silenciosas. Perceba como, pouco a pouco, a inspiração vai se
• Energético
tornando mais longa que qualquer outra fase da respiração.Tome consciência do aumento do fluxo
Aumenta o fluxo do váyu práṇa e ativa o anáhata chakra.
energético para a região do tórax, com a ativação do anáhata chakra e a energização dos pulmões,
• Emocional e mental
coração, cabeça e timo. Se estiver com as mãos apoiadas na raiz das coxas, leve a atenção ao Reduz estados depressivos.
abdômen. Visualize ali uma bela esfera de luz dourado-avermelhada, que passa a brilhar e crescer a Aumenta o otimismo.
147
cada respiração. Durante todo o processo, faça e mantenha, dentro do conforto, o múla bandha. Aumenta a concentração.

PRÁNA MUDRÁ
Produz entusiasmo e vitalidade.
Aumenta a concentração.

O gesto do prána váyu


148 Contração dos esfíncteres do ânus, uretra e períneo.
Comece a sua pesquisa no Spoken Após confirme no Monier Williams: Para uma pesquisa em diversos
Sanskrit que não é necessário o uso de https://www.sanskrit-lexicon.uni- dicionários, utilize o Sanskrit Dictionary:
transliteração: koeln.de/monier/ https://sanskritdictionary.com/
https://spokensanskrit.org/

GLOSSÁRIO
O melhor glossário é o dicionário. Sugiro os três acima.
LIVRO MUDRÁ
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