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O QUE É O TANTRA?

Resumo para introdução ao Tantra.

Celi Coutinho
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Tantra é um termo masculino, como em geral acontece nas palavras terminadas
em “a” no idioma sânscrito. Tantra origina-se das palavras TANOTI (expansão) e
TRAYATI (consciência), evocando a possibilidade de crescimento da consciência
através do Sadhana (prática). A palavra também pode significar “livros”. Livros
onde são ensinados exercícios, história, ciência, filosofia, atitudes de higiene física
e mental, bem como, modo de vida, sexualidade e atuação social.
Todo tratado sistemático concernente à prática que leva à “expansão do ser”
está representado pela raiz TAN (de estirar ou estender) e o sufixo TRA
(instrumentalidade). Obtem-se então a palavra TAN-TRA, ou seja, literalmente,
“instrumento de expansão” do campo de consciência comum, para alcançar a
uma consciência maior, raiz do Ser e receptáculo dos poderes desconhecidos que o
tantra pode despertar e utilizar.
Os textos tântricos estão entre os mais antigos do hinduísmo e do budismo.
Existem Tantras hindus e budistas se auto-influenciando e os textos mais recentes
refere-se ao Tantra sob o nome de Artha Veda. Os Tantras em sua origem foram
manuscritos em sânscrito. Ainda guardam as diferentes épocas, lugar, cultura e
religião. Tomam a forma de enciclopédia de rituais e de filosofia tântrica. Sofreram
com o correr dos séculos, várias adições. Os textos mais antigos foram compilados
por volta do ano 600 dessa era.
No século VIII, foram lançados seis textos tântricos. Esses escritos trazem
elaborados sistemas teóricos e práticos através dos quais o mundo conheceu a
teoria atômica, a questão espaço-tempo, a astronomia, a cosmologia, a cronologia,
a astrologia, a alquimia e a terapia ayurvédica. Trouxeram à luz os princípios da
geometria aplicada (Yantra e Mandala), os símbolos algébricos, o sistema do
heliocentrismo astronômico, a descoberta da esferacidade da terra e de outros
planetas. Já conheciam a atração interplanetária, a luz e sua velocidade, extensa
teoria a respeito do calor, da gravitação, dos Nakshastras (casas lunares), bem
como o ano lunar e solar. Enquanto as outras culturas do mundo ainda engatinhavam,
na Índia se desenvolvia a ciência do som (sphotavada).
Aqui cabe uma explicação: os Shaktas reivindicam para si a honra de deter a
essência do Tantra, já que se consideram portadores da energia feminina Shakti.
Mesmo assim, até os outros grupos admitem essa possibilidade. Sabe-se também
da imensa popularidade do culto Shakta entre os hindus.
Em locais como Assam, Bengala, Orissa, Mahashastra, Cachemira, o lado
noroeste do Himalaia, Radasthan e alguns pontos do sul da Índia acontecem as
maiores concentrações de praticantes do Tantra.
Além dos livros, a ciência tântrica é ensinada no seio das famílias ou por mestres
que conheçam profundamente o ritual secreto e, mesmo usando os livros para
transmitirem seus conhecimentos, na verdade utilizam uma linguagem cifrada nas
passagens cruciais do texto. Usam um simbolismo não compreensível para o leigo,
sendo que, atualmente, tem despertado o interesse dos universitários de Bengala,
Assam, Orissa e até do Ocidente, através do árduo trabalho de Sir John Woodroffe
(Arthur Avalon), com obras traduzidas (castelhano), que desvendam muito da obra
tântrica.
Três mil anos antes de Cristo, o Tantra florescia no Vale do Rio Índio, em
Mohenjo-Daro. Era a cultura Harappa, da qual se encontra vestígio raro, porém
importantíssimos do ponto de vista histórico. A descoberta do Vale do Rio Indo
esclareceu que essa cultura foi, possivelmente, a mais antiga do planeta. Os vários
objetos já mostravam figuras esculpidas ou desenhadas com formas e imagens que
evocavam práticas tântricas, tais como os Ásanas (posições físicas utilizadas para

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desenvolver a Kundalini). Foram encontrados, ainda, objetos usados no culto à
fertilidade que, sem dúvida, acabaram originando o Sadhana Tântrico e toda a
sistemática do Tantra em relação à sexualidade.
Seria impossível datar com precisão os acontecimentos, desde que o povo dravídico
(de pele escura e matriarcal) fora invadido pelos arianos (de pele branca e sistema
patriarcal). O fato é que a descoberta dessa cultura pode nos levar facilmente aos
três mil anos antes da era Cristã.
Doze mil anos a.C. a escrita usada era coniforme (em forma de cunhas); antes
do sânscrito havia a língua Tamil, na qual inclusive acredita-se que o Tantra tenha
sido escrito, portanto não se desenvolvendo dentro do sânscrito, como parece.
As técnicas de desenvolvimento físico e a mitologia hindu, por exemplo, foram
transmitidas oralmente por muitos séculos, antes do século III d.C. É razoável
imaginarmos que pelo menos 10 séculos antes já havia um sistema perfeitamente
de códigos especiais que mantinham em segredos todas as informações vitais para
a sobrevivência das tradições. Um desses códigos era o Devanagari (a escrita dos
Deuses), razão pela qual uma informação passaria imaculada pelos séculos. Ainda
hoje, uma das práticas mais tradicionais é a memorização de textos antigos, tão
longo que demoravam várias horas para narrá-los na totalidade.
Tanto as técnicas de Yoga, como a literatura hindu, além, das religiões e dos
Dharshanas (escolas filosóficas) têm resistido ao tempo devido o espírito
extremamente conservador da tradição hindu.
É certo, ainda, que o Tantra apresenta muitas outras peculiaridades significativas
em relação às formas de pensamento hinduísta.
Para se ter uma idéia da importância do Tantra e de sua influência, basta
observar com atenção o Budismo, o Taoísmo, o Lamaismo, o Zen, bem como as
profundas fissões nas sociedades do Laos, Camboja, Viet Nam, Grécia, Egito, Oriente
Médio. Algumas dessas culturas importaram até mesmo os cultos do Tantra. O culto
à serpente é um deles. Os Egípcios e os Hebreus tinham cultos inteiros baseados no
poder da serpente e na Bíblia conhecemos a alegoria de Adão e Eva seduzidos por
uma serpente. Os Maias e os Astecas também se dedicavam a um culto muito parecido.
No Bramanismo e no Budismo as expectativas filosóficas e a visão social foram
mudadas pelo Tantra, surgindo daí um novo Bramanismo, um novo Budismo e um
novo Janaismo Tântrico.
O Tantra ressurge no centro do pensamento monista hindu (de origem Ária),
depois de ter sido confinado por séculos inteiros em pequenas comunidades e
segregados em seu próprio país. Toda sua cultura foi condenada ao esquecimento,
graças a uma política ariana de violência.
Para o Tantra, a idéia principal que movimenta sua filosofia é a de que, o
universo é ordenado e inteligente, um Cosmos.
É pensamento corrente que as coisas e os seres vivos organizam e mantêm a
coesão do todo DHARYATE, seria uma Ordem Cósmica, pela a qual o universo é
mantido íntegro.
O hindu está a procura dessa harmonia natural, a qual jamais é considerada
obra da imaginação humana, porém, do mesmo modo que a aceitam, nunca colocam
a questão como obra de um tirano celeste maldoso e inatingível.

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Dharma é essa lei interna que organiza a vida desde as facetas mais visíveis até as
estruturas dimensionais invisíveis ou imperceptíveis aos órgãos sensoriais ordinários;
o dharma não é uma lei particular a cada ser, mas sim a relação de cada um desses
seres com o Todo. É impossível, pois, se furtar a essa lei. Por mais caótica uma
determinada situação ou ato, ainda assim inexoravelmente, estará submissa à Grande
Ordem Universal, que se resume numa só proposta: esclarecer a relação do indivíduo
com o todo. Os modos diferem, o objetivo é o mesmo. Esses diferentes modos,
esses pontos de Vista (Darshanas) são em números de seis. São eles: Nyaya,
Vaisheshika, Samkhya, Yoga, Mimansa e Vedanta.
Cada uma dessas vias procura posicionar o homem microcosmo no Dharma e
clarear aspectos insólitos do indivíduo, tais como sua energia, seu comportamento
universal e o seu relacionamento com o universo. O fenômeno mais comum no
homem que o descobre é a consciência cósmica, a expansão da consciência a níveis
jamais conhecidos. Percebe-se que a sua felicidade provém de si mesmo e que
depende apenas, tão somente de sua harmonia com esse princípio. Essas filosofias
conscientizam o homem de suas energias latentes e de relação com o cosmos (a
natureza). Aquele que vê a natureza apenas como vida que existe no planeta Terra
está tão equivocado quanto aquele que o vê como um universo cósmico repleto de
planetas, sóis e nuvens de gases. Os dois vêem o cosmo de um modo míope e
incompleto.
O mesmo erro está expresso nas ciências que estuda o homem como um ser
que possui corpo, consciência e subconsciência. Acabam esquecendo que o ser
humano é constituído de órgão que lhe permitem ultrapassar a mente inconsciente
e a mente consciente; que seu corpo é constituído de sensibilidades que ultrapassam
necessariamente o intelecto e, até mesmo, a intuição.
Convém acrescentar que o homem pensado e conhecido pelo hindu é possuidor
de um corpo de sensações, extraordinariamente complexo, do qual não temos
equivalente no pensamento ocidental.
É justamente nesse ponto que queremos insistir: no conhecimento desse homem
absolutamente insólito, desconhecido da filosofia e ciência ocidentais, onde o Tantra
assenta sua sabedoria. É mostrar que aquele que vê as coisas de um ponto de vista
egoísta, centralizado em seu meio limitado jamais terá consciência das energias
que o animam. É a negação do cosmos, é o absurdo da condição humana não ligada
ao seu princípio (Dharma). Daí percebe-se que para se aprofundar a questão homem
/ natureza é importante conhecer o Tantra.

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COSMOGONIA TÂNTRICA

TATWAS PUROS (consciência macrocósmica)

1. CONSCIÊNCIA PURA (chit) - Macrocósmica, Shivatatwa,


Samvit.
2. ENERGIA PURA (Ananda) - Shakti, Tatwas.
3. ENERGIA DE VOLIÇÃO (Icchá) - Sadashiva.
4. ENERGIA DO CONHECIMENTO (Jnana) - Ishvara.
5. ENERGIA DE AÇÃO (Kriya) - Shuddhavidya.

TATWAS PSÍQUICOS (consciência microcósmica)

6. MAYA SHAKTI - Energia de ilusão (Kanchukas).


7. KALÁ - Poder de Shiva.
8. VIDYA - Energia da Sabedoria.
9.RAGA - Energia do Desejo.
10.KÁLA - Energia do Tempo.
11.NIYATI - Energia da Causalidade.

TATWAS FÍSICOS (universo material)


12. Consciência hominal - PURUSHA.
13. A Matéria - PRAKRTI.
14. Intuição - BUDDHI.
15. Sentido do Ego - AHAMKARA.
16. Mente Cognitiva - MANAS.

17. Os cinco órgãos dos sentidos: Ouvido (som), Pele (tato), Olhos
(visão), Língua (paladar) e Nariz (olfato).
18. Os cincos agentes da ação: Boca, genitais, mãos e pés.
19. Elementos sutis: Éter, ar, fogo, água e terra.
20. Elementos grosseiros: Éter, ar, fogo, água e terra.

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Como já vimos anteriormente, Tantra significa expansão da Consciência, mas pode
também, designar livros, onde se ensina atitudes de higiene física e mental, modos
de vida, sexualidade e atitude social. Num sentido mais amplo, expressa uma filosofia
de vida, uma cultura, bem como a preparação para a ação meditativa interior, calcados
em dois princípios básicos do universo; a interação das forças positivas (Shiva) e
negativas (Shakti) inerente ao cosmos.
O Tantra não pede ao Sádhaka que pare de agir, mas sim que a ação seja
transformada em consciência interior. Não se trata de uma mudança radical de vida
e sim de uma conscientização dos desejos, sentimentos e situações. Não apenas de
conhecer o desconhecido, mas o de realizar o já conhecido.
Para o tântrico, o eterno, aqui e agora é muito palpável. O sofrimento pelo que
ficou a angústia pelo que virá serão solucionado de modo a produzir crescimento
emocional da personalidade e finalmente, a iluminação da consciência.
Este aspecto, o da angústia provocada, talvez seja um dos pontos mais
importante para se entenderem a estrutura do pensamento tântrico. Ai se depara
com uma visão interessante do mundo interior do praticante, já que o tântrico não
resolve suas angústias e ansiedades, acalmando-as, ou, até mesmo, compreendendo-
as. Sendo a angústia uma enorme fonte de energia, ela não é harmonizada e sim,
ao contrário, utilizada em toda a sua profundidade, canalizando suas energias
interiores com o objetivo de alcançar a síntese do conhecimento do EU e da natureza.
Em outras palavras, a força de toda ansiedade (energia incandescente) utilizada
para atear o fogo interno, promovendo com isso, o necessário crescimento interior.
Enfim, raramente o Sádhaka elimina seus conflitos interiores, sejam de que espécies
forem, mas utiliza-se dessa energia em forma de super consciência para atingir a
essencialidade do seu Ser. O Tantra torna o ser humano mais sensível ao seu momento
histórico, revitaliza suas energias físicas e unifica suas paixões.
Os prazeres mentais e físicos são usados para exacerbar sua universalidade,
repetindo os movimentos do Universo no universo, as formas do absoluto no indivíduo.
Às vezes, o Tantra parece delirante. É quando o Sádhaka (praticante) e sua
parceira permanecem em união sexual executando técnicas físicas e mentais
utilizando-se de sons e respirações especiais; e, além disso, transforma a sua
companheira em Shakti, vendo-a através de olhos muito especial, reutilizando a
cada ação (nos tantras mais modernos), ou usando um método “orgiástico” (nos
tantras mais antigos).
Numa análise mais profunda dos aspectos da questão identifica-se uma ciência
psicológica que evoca a possibilidade de uma mudança interior no homem com atos
extremos e, através da qual, será atingida em profunda camada do subconsciente
ou inconsciente. O objetivo sempre será a consciência hiper-ampliada, superior
sensibilizada abrindo as portas de um mundo inusitado, tanto para dentro como
para fora.
O Tantra não é sexo, yoga do sexo, tantra yoga ou yôga, nem religião de
espécie alguma. É necessário esclarecer que as literaturas encontrada a disposição
do leigo, a respeito de Tantra, tem visado o “marketing” do sexo porque é viável
economicamente e porque é produto de ignorância dos conceitos da cultura dravídica,
anterior à ortodoxia ariana Brahmacharya na Índia. É possível até, que alguns autores
(eticamente não podemos citá-los) estejam se utilizando de má fé porque sabidamente
alguns deles conhecem bem a matéria da qual se trata o assunto.
No Brasil o tantra tem sido maltratado pelos “gurus” do tantra que reuniam
grupos (e ainda reúnem) para promover pura, e simplesmente experiências corporais
de que nada têm a ver com o tantra; além de quê, não raramente terminavam em
verdadeiros bacanais com nomes pomposos e filosóficos. Não é a toa que hoje, ao
pronunciar-se a palavra “Tantra” alguns até coram de vergonha ou medo.

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A INFLUÊNCIA DO TANTRA DO MUNDO ATUAL
Segundo diretrizes de estudo: olhando atentamente o quadro a seguir percebe-
se que o Tantra influenciou várias culturas e filosofias no Oriente. Particularmente
na Índia mesmo, no Tibete, Nepal, Sri Lanka (Ceilão), Laos, Camboja, Vietnam,
Japão, China e de acordo com alguns estudiosos tem influências indireta até na
cultura Yorubá, passando pelo Essenismo, Judaísmo e Kaballah. Além de em
contrapartida, incursões várias de muitas terapias sensoriais e biosensibilizatórias
bem como as psicologias transpessoais por entre os labirintos dos conceitos tântricos
de Karma e Dharma e muitos outros.
É no Yoga que está mais presente o Tantra, mas percebe-se à extensa gama de
influências nos seis Darshanas hindus (pontos de vista filosóficos). Isso se deu
devido à invasão do Vale do Rio Indo pelos arianos. O invasor teve que deglutir no
seio de suas crenças a força telúrica do ritual tântrico, da vida cotidiana Shakta, e
assim acabaram por assumir quase sem perceber, conceitos do Tantra. Daí surgiu,
por exemplo, um Budismo Tântrico que veio do Nyaia. Esse sempre foi o princípio de
ação do invasor ariano e defensor drávida.
Com o passar dos milênios, na Índia Medieval, houve um ressurgimento da
cultura drávida que infelizmente esbarrou em sucessivas invasões, até que culminasse
com a dos Ingleses (da qual se ressentem até o momento).

PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS DO TANTRA


*Nos Darshanas, conseqüentemente no Yoga.
*As três linhas mestras do Tantra: Shakta, Shaiva e Vaishnava
emprestaram conceito anterior ao Janaismo, Vaisheshika, Nyaia, etc.
*A linhagem Shakta influenciou no Shaiva e no Vaishnava.
*Os Shaiva emprestou muitos de seus conceitos aos Vaishnava.
*Os Vaishnavas originaram, modernamente o movimento Hare Krishna.
Vale observar que os Vaishnavas são quase Brahmacharya, ou seja,
fazem parte da linha espiritualista anti-sensorial. A única diferença entre
os Brahmacharins e os Vaishnava Tântrico é que o último adota o sexo
como processo de ascensão espiritual, sem ejaculação e não raro, sem
orgasmos.
*Na China, com o Taoísmo Tântrico.
*No Japão e Coréia com o Zen e Sun Tântrico.
*Os Rosa-Cruzes utilizam sistemas inteiros de práticas tântricas, tais
como os Mantras (principal características dos Shastras nas escrituras
Tântricas) e os conceitos de Karma e Dharma.
*No Kung-Fú através do Bodhidharma.
*GNOSE, EUBIOSE, TEOSOFIA, etc.
*JUNG (teoria dos Mandalas).
*LEBOYER (Shantalla).
*GURDIEFF
*Psicólogos transacionais etc.

Visto isto podemos afirmar a possibilidade de que, você já tenha em algum


momento praticado o Tantra, é preciso esclarecer, que o mesmo tem sido considerado
como uma prática de Magia Negra. Tal conceito é um absurdo para uma cultura tão
vasta. É curioso que as pessoas possam utilizar certas práticas esotéricas como, por
exemplo; adivinhação e nem por isso a considerem como uma forma de Magia,
sendo que algumas dessas práticas estão bem perto da dita Magia Negra, mas
consideram o Tantra como tal. O mais incrível é que, se questionadas, essas mesmas
pessoas não sabe dizer o porque desse pejorativo lançado contra o Tantra.

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A ROTA DO TANTRA
Os textos tântricos, denominados Agamas, considerados o Quinto Veda o que é
conveniente para a nossa era atual, o Kali-yuga (esplendor na essência do tantra),
este sistema respeita a autoridade védica e a influência de maneira notável na
religiosidade e no pensamento hindu. Parte de sua metafísica, mesmo com algumas
apreciações distintas, assume o Vedanta, portanto todo acento põe-se em seu Ser,
sendo a própria Shakti. A Mãe-Deusa vai adquirindo crescente relevo nos Upanishadas
antigos. O aspecto dinâmico, executor do Divino é Maya-Shakti, que escraviza e
libera, do mesmo modo que a espada mata ou salva.
Esse Maya-Shakti é aproveitado para retomar o fio da consciência mais alto e
por ele afirmada e utilizada yoguicamente. Da mesma maneira que uma criança
distingue sua mãe, assim o aspirante maduro não se deixa confundir pelo Maya
(ilusão) que provoca a Shakti.
Para esse movimento místico-esotérico não há castas, nem diferença de sexo,
nem posições sociais; qualquer um pode converter-se em guru (ter qualidades
suficientes para isso) partindo da iniciação, que representa uma transmissão de
poder, ao aumentar a sabedoria energética do aspirante.
O tântrico propõe que a ilusão cósmica seja diretamente penetrada. Que a
essência cósmica esteja una em si mesmo. A liberação da obscuridade, da ignorância
e da ilusão consegue-se mediante uma atitude de afirmação consciente e não de
renúncia. Além, de que, um poderoso desenvolvimento da sensitividade.
O tantra é o resultado de elementos mágicos, conceitos religiosos pré-arianos
e hinduísta, cultos populares e ritos de iniciação. Os Tantras (livros) contêm todos
os ritos e os princípios mágicos. Se bem que a respeito da tradição védica, considera-
se que o tantra surgiu no momento de crise e decadência religiosa. Podemos falar
de um novo movimento religioso (antigas raízes) para uma nova época. Eles propõem
um novo caminho para a Divindade. Tais textos estendem-se aos cerimoniais, às
práticas yoguicas, aos procedimentos esotéricos, sem deixar de fazer referências às
potências Criadoras, à Cosmologia, à Metafísica e a Mística. Também instruem sobre
a iniciação, a consagração de imagens, o culto (puja), as fórmulas mântricas
(cânticos), os mudrás e métodos de meditação.
Não há dúvida de que o Tantra é altamente iniciático, misterioso, esotérico,
que concede excepcional importância ao rito capaz de transmutar o indivíduo,
modificar sua consciência e reordenar todo seu potencial para a verdade
transcendental. A prática consiste em: rituais, yoga, cerimônias esotéricas, modos
iniciáticos de concentração-meditação e ritos de purificação. Tampouco cabe duvidar
que o Tantra tenha representado uma revolução ou uma mudança social na Índia.
Já por primeira instância se valorizava a mulher, e a aceitava com todas as suas
possibilidades místicas e permitindo até que a viúva contraísse segundas núpcias
(não podia ser de outra forma), enquanto que todo acento se colocava sobre a
Shakti (Deusa suprema).
Existem dezenas de Tantras, sendo os mais notáveis os Kaula. Tendo toda uma
extensão sobre cosmologia, teologia, medicina e muitas outras disciplinas, desde
uma banal especulação até uma assídua prática. Estes textos compõem-se de várias
partes: O conhecimento da divindade, a união mística como meio de realização, as
técnicas de yoga reorientadas até a realização final, todo o culto propriamente dita,
os princípios religiosos e os deveres morais e sociais.

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O Tantra foi assim considerado por seus seguidores com uma revelação especial
para uma época. A concepção vedântica de Maya (ilusão) é considerada energia, a
qual é aproveitada como veículo para a auto-realização.
Concede-se notável importância à devoção (Bhakti) que sempre é projetada
sobre uma Deusa. Existe um Tantra de mão direita (branca) que está regida por
Vishnu (o conservador) outro por Brahma (o criador) que é a via do meio (Cinza) e
o Tantra de mão esquerda (negro) regido por Shiva (o destruidor).
O tântrico sabe que a energia está em todos os seres animados e inanimados,
e que esta energia poderá ser aproveitada em favor da auto-
realização. Mantendo-se uma atitude adequada, essa energia nos prestará seu apoio
incondicional. Para isso devemos estar abertos e receptivos. Quanto ao grau de
evolução espiritual, há diversas classes de praticantes:
O SISHIA (iniciante) é supersticioso, carente de sabedoria, rico em
convencionalismo, dogmático e de estreitos pontos de vista, preso a moralidades
convencionais. Esta classe de praticante entrega-se mecanicamente aos ritos, sem
consciência, sem sabedoria, normalmente vítimas de gurus. Portanto o seu
crescimento ocorre no momento que ele perceber seu EU INTERIOR.
O VIRA OU VAJRA (praticante) é o herói, o guerreiro espiritual. Ousado e
aventureiro que conquista o paraíso, é aquele que se expõe a qualquer perigo com
o objetivo de ultrapassar sua condição humana e converte-se em homem-deus
descondicionando-se e liberando-se de filtros sócio-culturais. Rigorosos em sua busca,
capaz de canalizar sua paixão a graus altíssimos canalizando suas energias para a
liberação. O Vira poderá ser de mão esquerda ou direita, sendo os de mão
esquerda, os que lançam a afirmação da natureza para sobre passar a própria
natureza.
OS SIDDHAS são os sábios, iniciados que penetram na última realidade,
portadores de lampejos de sabedoria acorrentando-se em cadeia iniciática. São
aqueles que realizaram sua natureza sattwica (pura) estando do outro lado da
realidade aparente, além do dharma (lei) e o adharma (não-lei); liberados-vivos
são aqueles que percebem sua natureza divina (divyas).
O Tantra de mão direita segue o caminho da renúncia, do monastícismo, a
rupturas com todos os laços sociais e familiares, a sublimação de todas as energias,
o distanciamento de meios fenomenais. Adota a cor branca e adora as divindades
protetoras e construtoras. O tantra de mão esquerda afirma a natureza, não rompe
com a vida cotidiana nem o prazer, mescla Yoga (método, disciplina) e Bhogia (prazer),
adota a cor negra e adora as deusas destruidoras como Kalí e Durga.
Shiva é a consciência lúcida e Shakti o princípio vital e revitalizador. É a parceira
divina que complementa. Representa espírito e natureza, consciência e inconsciência,
serenidade e movimento. O Vira trata de alcançar essa consciência infectada através
da natureza. Toma na mão a Shakti para que lhe conduza até seu consorte Shiva;
através da ação consciente e desapegada, o estático, através do dinamismo do SER.
Shiva é o SER; Shakti é a AÇÃO. Pois nada é possível sem o controle da mente.
Quem conquista a mente conquista a Shakti que é sua própria mente. Sem a
contenção do pensamento, toda contenção é inútil, inclusive a contenção do sêmen
(utilizada pelo Vira). Para poder transgredir o Dharma, é necessário ter despertado
a pureza interior, o desprendimento, a motivação mais genuína.

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Portanto sem esforço não há controle da mente e sem controle da mente não há
Yoga (união) e sem Yoga (união) não poderá haver o verdadeiro Tantra, a não ser
um pseudo-tantra, que no lugar de despertar o Shiva interno, desperta o que há de
mais mesquinho no Ser, mostrando um semblante estéril e impuro. Por que a
experiência da Shakti é a experiência do Ser, o tântrico persegue a Shakti como um
meio para penetrar o Ser. Assim as dificuldades, as circunstâncias adversas, as
contrariedades, são bem-vindas para o tântrico, porque lhe permite fortalecer seus
músculos físicos e desenvolver suas melhores qualidades e perfeições. O que os
outros destroem os tântricos ajuda a construir; o que os outros roubam de energias,
o tântrico as proporciona.
O Tantra é transformação. Todas as potências negativas são energias que pode
transformar-se em positiva. A mesma energia que envolve o ódio, a ira, o ciúme, a
inveja e outras qualidades negativas, e até mesmo as que envolvem o amor, a
compaixão, a tolerância e a generosidade, o tântrico com sagacidade maneja essas
energias e vai transformando todo negativo em positivo; essas energias tornam-se
a pedra filosofal de toda transmutação.
Para o Vira de origem Kaula as leis diferem das do Sishia e a do Siddha.
Segundo o grau de evolução de um ser humano, este necessitará de um ou de outro
indicador, normas, prescrições ou técnicas. Também depende de sua natureza e de
suas propensões.
Um fator de reconhecimento comum de que o Tantra está mais ligado aos
cerimoniais e rituais do que qualquer outro estilo clássico, é que as principais correntes
do Tantra, trabalham a partir do plano interior complementado e facilitado pelas
ações externas (Kriya) conjuntamente aos rituais.
Os caminhos do Tantra são denominados mão esquerda (Vama-Charya), devido
ao fato de se utilizar elementos degenerativos (vinho, carne, e trabalho sexual), o
da mão direita (Dakshina-charya), que faz uso de elementos regenerativos (bebidas
não alcoólicas, cereais e meditação). O que muda nos dois na realidade são os
meios utilizados.

A SEXUALIDADE NO TANTRA
No Ocidente, com a tendência mecanicista e simplória de encarar os fatos
concernentes ao tantra, em particular, ao hinduísmo, no geral, concebemos o
maithuna como simples técnica sexual. É comum esse sádhana ser entendido como
um aperfeiçoamento afetivo erótico entre as duas pessoas, embora não o seja em
toda sua extensão. Aliás, a bem da verdade, se assim quiséssemos que fosse, então
nos bastaria conhecer o Kamasutra de Vatsyayana e o Anangaranga. Lá temos um
tratado técnico de como “fazer amor” na concepção mais corriqueira do termo. São
livros que chegam a incríveis possibilidades de tomar o casal como pessoas
psicológicas em suas profundezas abismais, preparando-os emocionalmente para
as alegrias de uma atividade sexual plena e sadia. Ainda hoje são atuais e
extremamente vivos. Portanto, confundir maithuna com kamasutra é de uma
gravidade inominável.
Depois de centenas de anos no anonimato, influenciado subliminarmente todas
as outras formas de filosofia do oriente, é normal no que concerne ao tantra, que
exista essas confusões de sentido ético e morais. É, porém, nosso intuito, com esse
opúsculo, dar elementos filosóficos e bases práticas para que o praticante experiente,
o yoguin em geral e até mesmo o leigo, possa, sem dificuldade, eliminar concepções
e práticas que se nomeiam tântricas, embora não sejam.

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MAITHUNA
O hindu tântrico, observando as reações íntimas entre os pólos opostos do
organismo cósmico, chegou a conclusões muito parecidas como as dos modernos
cientistas sociais, físicos ou outros de áreas análogas.
A ciência imagística do Tantra nasceu dessas reações, desse conhecimento
(reconhecimento) da realidade transcendental, haja vista sua iconografia rica e
sensual lembrando que o sexo, a dualidade masculina / feminina presente na
natureza. Nessa iconografia, o sexo toma a forma de uma didática do conhecimento
do Universo, levando-se em conta o fato de que é impossível imaginar o Cosmos
sem essa dualidade, e que a energia sexual nominal é equivalente à energia criadora
do universo.
O sexo está presente nas estruturas macrocósmica, como está nas microcósmica.
A capacidade geradora (na verdade autogeradora) do Cosmos é evidente em cada
uma das texturas vitais de todas as formas de vida. Mesmo quando organismos
infinitesimais parecem não possuir uma sexualidade visível, lá está a dualidade
energética, disfarçada, informe como a própria divisão dos organismos unicelulares
flagra esta constatação.
Na verdade é incontestável essa inteiração das forças cósmicas positivas e
negativas. “Os tântricos vêem na sexualidade a força mágica mais importante de
todas, do mesmo modo como ela é a expressão de um mistério do universo dentro
do homem”. E é desta interação que surgem as formas de expressão sexual, libido,
que é o desejo do outro, no outro, pelo outro. É a atração magnética, maravilha dos
místicos Shaktas. É o amor dos amantes e o sexo dos bichos.
Por motivos que só a Prakrti (natureza) sabe, o nível de fluídos sexuais aumenta
e atrai o oposto numa sincronia universal exaustivamente demonstrada
para ser o que é um mistério grandioso e belo. É o animus e anima, a famosa sizígia
de Jung, onde emoção e razão jogam suas energias no campo da consciência do
Purusha.
No Maithuna o homem e a mulher se revelam muito especiais. Quando aflora a
supra consciência, uma extraordinária sensibilidade aparece, corpo e mentes
conhecem sutilezas jamais sonhadas. Consciente, inconsciente e subconsciente é
colocado sob a influência harmonizantes do Purusha (o eterno Testemunho Cósmico).
Esse “Eu” é a chave do conhecimento e da realização apoteótica SHIVA / SHAKTI.
Mais que isso, é Purusha a manifestação de Shiva, em grau intuicional. É Prakrti,
como Natura Naturans (manifestação da Mahashakti - energia primordial).
Utilizando-se da eroticidade como o fogo que os eleva, sádhaka e sádhika
chegam a essa mutação alquímica, elevando-se da hominalidade para uma condição
dévica. A mulher é percebida diretamente na sua essência, que é Shakti, consagrando
o homem. O homem é visto no seu interior, consagrando a mulher como Mãe Cósmica.
Purusha; é esse fator metafísico, incognoscível, que permite a percepção da
totalidade, sem a qual jamais se poderia aspirar à ascendência ao Samsara. É a
mônada, o selbest, o self, a alma, o atman, que goza dos atributos da não qualidade,
da paradoxal transcendência e imanência na matéria. É a vogal que fecunda as
consoantes no alfabeto Devanagari. É o bíndu (ponto) no centro dos mandalas. O
emanador do Sri Yantra.

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Purusha é a condição do samadhi. É o eu-não-ego, aquele que é a própria essência
do Ser, sem o qual não se pode conceber o ser-não-ser. Toda vez que surge no ser
humano a aspiração pela transcendência, absolutividade, eternidade, ascendência
espiritual, é Purusha que sustenta o complexo cósmico multifacetado, chamado
personalidade e que, através de sua irradiação no interior dessa personalidade,
empurra para consciência cada vez mais alta em direção a Shiva/Shakti.

O QUE É NECESSÁRIO PARA EXERCER O MAITHUNA:


O casal deverá ser consciente de todas as implicações tântricas desse ato. Essa
é uma necessidade vital para a consecução satisfatória do Tantra.
É importante que se diga que o sexo até então praticado é virtualmente diferente
do que expomos aqui. Por mais que na forma tenha parâmetros de comparação, a
realidade é que o Maithuna não tem nada a ver com o sexo comum.
O casal toma para si, de prévio acordo, a incumbência de trabalhar suas energias
em função da Shaktização da mulher. Fica estabelecido que os parceiros sejam
conscientes da empreita a ser suplantada e que conhece de modo satisfatório um ao
outro. Além disso, a condição essencial para tomar um fim prodigioso na relação a
dois, é a de que os mesmos sejam amantes apaixonados ou no mínimo respeitosos
e fraterno, afetivo e tranqüilo e que a única ânsia seja a consumação de suas
energias no Puja à Shiva.
Cada um deverá ser saudável e amigo, sincero nas ações e firme nos propósitos,
evitando assim que o Maithuna seja uma relação não fecunda e sem sentido. Sob a
orientação do responsável pelo casal, devem realizar os sádhanas prescritos pelo
Tantra, sem mais demora realizar o Puja com seus corpos, na forma de ásanas, bem
como a contemplação nos intervalos estabelecidos.

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O CAMINHO DOS DOZE MÉTODOS
Vamos agora analisar o “Caminho dos Doze Métodos”. Aqui, a meta das práticas
é a iluminação (samadhi) e os efeitos são os poderes fantásticos (siddhis). Suas
quatro primeiras etapas formam a base estrutural e os oitos restantes servem para
a consecução dos fins objetivados.

1. Ásanas (posturas): são essenciais para a perfeita circulação de todas as nossas


energias e para o bem-estar físico. Proporcionam também uma proteção psíquica.

2. Pranáyámas (controle da energia vital): fundamentais para a distribuição do


fluxo de energia vital através dos corpos e para auxiliar na concentração.

3. Pratyahara (introspecção dos sentidos): serve para eliminar o contato direto


dos sentidos com o meio ambiente. Produz um desprendimento em especial dos
cinco sentidos.

4. Mantra (verbalização de sons): importante para o controle dos próprios sons


internos. A repetição (Japa) do som semente (bija-mantra) em sua forma externa
associa-se à sua forma (mantrika), trazendo-lhe harmonia.

5. Yantras (estruturas geométricas): técnicas de visualização e interiorização


de formas geométricas distintas, com vistas ao próprio aprimoramento e equilíbrio
interno. Tem ainda por finalidade a realização formal da energia evocada (Devata)
durante as práticas.

6. Mandalas (círculos ou espirais de iniciação): auxiliam na libertação das


energias internas para que fluam livremente, dando-lhes um fluxo e um ritmo comum.

7. Mudras (gestos ou selos): neste caminho são técnicas para selar as energias
sutis dentro dos respectivos canais (nadis), através do entrelaçamento de pontos
específicos de todo o corpo em suas regiões terminais. Às vezes, ajudam na
concentração.

8. Dhyanas (visualizações): aqui, este termo, que normalmente se refere à


meditação, tem ligação com a prática de visualização de deidade evocada ou
escolhida, meditando-se sobre sua forma como se fosse o próprio eu.

9. Dhyana (elaboração mental): é a técnica de visualização dos corpos sutis


(onde estão os nadis e os chakras) e da própria força criadora (Kundalini-shakti).

10. Bhuta Shuddhi (purificação dos elementos): é essencial como processo


auxiliar na recuperação dos elementos primários. Em certas ocasiões é praticado
apenas simbolicamente.

11. Nyasa (identificação): neste caso tem uma série de características especiais.
Entre elas:
a) identificação com várias partes do corpo físico.
b) identificação com várias partes dos corpos sutis.
c) identificação visual (auditiva externa ou interna) dos vários sons primordiais
(bija-mantras ou mantra semente).
d) identificação interior com as deidades evocadas.

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12. Shuddis (componentes ou ingredientes): aqui especificamente, são os
métodos usados pelo chamado caminho da esquerda e seus meios comuns: o vinho
(madhya), o peixe (matsya), a carne (mansa), o cereal (mudrá) e o rito sexual
(maithuna), chamados de “cinco M” (pancha makaras) ou cinco essências (Pancha
Tattwas).
A partir da correta passagem por essas doze etapas, este caminho busca o
despertar espiritual por meio da ritualística.
Todo o ritual visa ao maithuna, para tornar essa experiência a mais intensa
possível, mas, acima de tudo, ao espiritual. “No tantra após despertar a energia
sexual, é preciso trabalhá-la”. Para se tornar energia vital pura, ela deve deixar sua
sede costumeira, aos órgãos genitais. Assim a intimidade física decorrente do contato
sexual resulta numa fusão psíquica: nada é feito para desencadear o orgasmo por
fricções genitais, mas tudo visa criar uma poderosa corrente de troca espiritual. O
orgasmo não é negado, mas ele deve acontecer no nível cerebral e não no nível
genital, com numa união profana.
O Tantra é um culto destinado a nos libertar da rotina cotidiana, para ter
acesso às realidades supremas em nós.
Primeiramente especifiquemos os objetivos do culto, para fixar idéias.
Compenetrar de que nosso corpo é um objeto tântrico. Considerar o corpo, como a
um templo, ou seja, lugar privilegiado do espaço em que as forças cósmicas são
atuantes. Em Shakti e Shakta, Arthur Avalon escreveu: “No corpo se fazem presentes
às energias supremas de Shiva / Shakti, que penetram tudo o que existe. Na realidade,
o corpo é um vasto reservatório de poderes (Shakti). A finalidade do ritual tântrico
é despertar essas energias para que elas atinjam sua expressão mais completa”. O
Tantra propõe simplesmente despertar potencialidade latente, portanto, desenvolver
a personalidade, não entrando, portanto em conflito com nenhuma religião.
Quanto ao ritual, num primeiro momento ele visará à conscientização dessas
forças cósmicas e vivas, presentes tanto no parceiro como na parceira. Após ter
tomado consciência desta energia será preciso despertá-la mediante eventuais
práticas yóguicas, tais como o pranáyáma, por exemplo, mas, sobretudo, mediante
o maithuna tântrico, que será seu ponto culminante.

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MANTRA
A imortal sílaba Om é o som primordial. É a manifestação de Brahma. De
acordo com o Mandukya Upanishada, é aquilo que existe, que já existiu ou que
poderá acabar existindo no futuro, não é nenhuma outra coisa senão o Om. Om
transcende o passado, o presente e o futuro. O Om abraça o universo. O ser interno
e o espelho do universo, tudo é Om, tudo é Brahma.
Este Ser que é sinônimo do Om tem três aspectos, e dentro dos três aspectos
há um quarto indefinível.
Os três aspectos do Ser poderá identificar um ao outro do seguinte modo: o
primeiro aspecto do Ser é a pessoa universal formada por um grupo de entidades
denominadas de Vaishinara, em sua natureza física. Vaishinara percebe a realidade
externa e está desperto. O sol é olho de Vaishinara; o céu a sua cabeça; o espaço
seu corpo; a terra seus pés; o fogo seu coração; a água e o seu ventre; o ar o seu
alento. Possui os sentidos auditivos, visuais, olfativo, tátil e gustativo. Tem a mente,
o intelecto, o coração e o ego; controlando as cinco funções do alento, atuando em
cinco formas e desfrutando de todos os sentidos dos prazeres. Vaishinara corresponde
à natureza física da pessoa universal.
Tejas é o segundo aspecto do ser. É a natureza mental da pessoa universal. O
Tejas é sonhador e se comunica através dos sonhos. Tem sete sócios para ajudá-lo.
Em seu estado sonolento Tejas desfruta do mundo sutil que está registrado em sua
mente. De certa forma desfruta do passado por meio do sonho.
O terceiro aspecto do Ser é Prijña. É o estado sem o sonho da pessoa universal.
Prijña é o mestre de tudo. Trabalha onde as impressões sutis da mente desaparecem.
Está além da ansiedade ou da resolução. É a pura sabedoria e, então, sempre está
em estado de bem-aventurança.
O quarto aspecto é indescritível. Não se trata de uma experiência subjetiva e
sim de uma experiência objetiva. Não é positivo e nem negativo. Esta experiência
não é consciente e nem inconsciente. Está além da descrição, além dos sentidos, além da
sabedoria. É a mais pura e serena consciência, sem expressão alguma. És única, calma e
harmoniosa. É infinito. É o eu. É Om.
Ao pronunciarmos a sílaba Om ela consiste nas letras: O-U-M; o “O” representa
Vaishinara, ou seja, a pessoa universal com todas suas qualidades físicas. O “U” representa
o Tejas, o eu sonhador uno com a pessoa universal em seu estado meio dormindo e meio
desperto. Enquanto Vaishinara permite adquirir o que se deseja, o Tejas nós leva ao domínio
da sabedoria. O “M” corresponde a Prijña, a letargia sem sonhos. É o Ser como pessoa
universal que nos faz perceber o princípio e fim de tudo.
O Om é a elevação dos três: é o estado supremo. A sílaba é impronunciável. Não se
pode dividi-lo, compreendê-lo e entendê-lo se não for experimentado. Aquele que concebe
o Om concebe o Ser do Ser. Om é Brahma. Om é tudo. E aquele que medita no Om é
liberado do jugo humano.
Om ofereceu a paz a inumeráveis pessoas. Om concedeu força para muitos. Enquanto
todo o resto lhe falhou. Om nunca falha. Om pertence uma introdução do ser para o ser.
Om libera, protege e exalta a consciência. Om nos leva onde não é fácil chegar. Om nos
conduz a um ponto onde não é necessário regressar. O Om é a glória, a paz e a felicidade
perpétua.

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O PODER DO MANTRA

O Rig Veda é um livro de poemas dividido em dez partes chamadas mandalas. A


melodia do Rig Veda denominada de mantra são poemas concebidos com grande vigor; o
ritmo é de uma força surpreendente. Eles são sublimes e serviram de grande inspiração aos
primeiros sábios. Dentro da terminologia moderna, eles são auto-sugestivos e podem ser
dirigidos para qualquer objetivo. O mantra é amoral, basta fazê-lo e o objetivo é atingido. O
ricchá (som) tem o poder de salvaguardar quem concentra nele.
Um Mantra tem como objetivo invocar a deidade. Nós valemos do mantra para convocar
a força de uma deidade a fim de se obter um ideal. Também existem mantras para purificar
e proteger todos os planos da existência.
Na realidade, o mantra é um som elementar que evoluiu durante a era do dos Vedas
(Proibido). São as expressões inspiradas dos velhos sábios da Índia que naturalmente se
supõe que eles tiveram acesso aos Vedas antigo. Estes sábios elevaram a vida racional a
um nível de vida cósmica por meio da disciplina espiritual que lhes foram impostos.
Com relação a época dos Vedas (o tempo do Proibido) se diz que ao término do terceiro
ciclo denominado de Dhápara, surgiu uma pessoa chamado Krshna Dhaipayana Vyasa o
qual com a ajuda de seus discípulos recopilou os VEDAS e os dividiu em quatro seções
conhecidas como Samhitas.
Os mantras devem ser recitados como exercício puramente espiritual durante as orações
e ou meditação.

A CLASSIFICAÇÃO DOS MANTRAS


De acordo com o pensamento do Upanishadas, o universo inteiro é uma unidade
espiritual. A vida meramente mortal (a roda da morte e a reencarnação) é indiferente à
contemplação divina. A verdadeira contemplação é aceitar o fato do que existe. Tudo está
interpenetrado o qual sem o mantra é impossível compreender sem antes dominar o ego. O
intelecto é a maior barreira para a realização da grandeza do Ser. A primeira condição
exigida pelo Upanishada é a entrega total. Deve contemplar e adorar o mantra sem ego.
A metafísica do Upanishada elevou-se lentamente ao Puranas. Existem 18 importantes
Puranas, desses alguns são dedicados às adorações do senhor Shiva, outros ao Senhor
Vishnu e outros ao brâmane. Entre os 18, o mais importante é o Vishnu-Purana. Outro
Purana, o Sri-Bhagavat, é sobre a criação do mundo e das reencarnações de Senhor Vishnu.

Os Mantras e seus significados aparecem com muita freqüência em muitos Puranas à fonte
principal desta ciência é o Agni-Purana.
Existem três divisões básicas dos mantram: os que possuem mais de vinte letras que
são denominados de mala-mantra. Os que contêm mais de dez e menos de vinte letras que
é um mantra simples, e os que contêm menos de dez letras são denominados de bija-
mantras.
Os mala-mantram proporcionam efeito melhor para os idosos. Os mantram simples
deverão ser utilizados pelas as pessoas que estão na faixa etária dos 20 aos 50 anos. Um
mantra pequeno ou bija-mantra deverá ser praticado por aqueles que tenham menos de 20
anos. O mantra que tiver cinco letras poderá ser praticado por todos.
O autor do Narayani-Tantra vai um passo além. Explica-nos que a melhor forma de
utilizarmos um mantra é aquela baseada no nome da pessoa. Ou seja, um mantra pessoal.
Todos nós sabemos que a palavra possui uma tremenda força; mas normalmente
ignoramos o efeito das letras existente em nosso próprio nome, que é um mantra por si só
assim como dele podemos iconografar o nosso Yantra.

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YANTRA
O complexo Yântrico desenvolvido nos tantras, sem dúvida é o modo mais seguro que
existe de ensinar e de se preparar o hindu tântrico. Cada um desses símbolos tem uma
história particular, bem como a potência inerente à dinâmica que é sua metafísica e seus
conceitos essenciais. O quadrado, o triângulo, o ponto, o círculo são suas principais formas,
embora o fato de agregarmos outras formas geocêntricas e icnográficas fará elevar ao
infinito essas combinações.
Sabemos que o ponto central de questionamento tântrico da existência é à procura do
homem original, começo e fim da vida. Para isso a existência – origem simbolizada por um
ponto (Bindu) que está no centro de toda imagem Yantrica, insólita e incogniscível.
Os Yantras na arte tântrica praticamente demarcam a peregrinação do homem na
senda do conhecimento cósmico. Estes símbolos abstratos e metafísicos já teriam sido
encontrados há 500 anos e vêm sendo usados principalmente nos rituais do tantra, os que,
aliás, os distinguem dos demais sistemas filosóficos não tântricos que não se utilizam deles
sistematicamente.
Esses símbolos são usados nas cerimônias de iniciação, ou na vida diária. Nos aspectos
mais esotéricos marcando estágios de consciência, seu uso e significado são guardados em
segredos para o não-iniciado e somente um mestre qualificado transmite sob estrita disciplina.

Conceito
Os Yantras possuem uma estrutura que, nada mais são que equações de energia, que
o tântrico visualiza de modo abstrato e transpõe, para o concreto com aspectos apreensíveis
pelos sentidos ordinários.
O Yantra é constituído de forma (akriti), função (kriya) e poder energético (Shakti),
são através desses elementos que o sadhaka realiza suas percepções intuicionais promovendo
progressões nos diversos estados de consciência experimentando o Yantra até atingir as
estruturas interiores do cosmos.
A forma, portanto possui uma manifestação grosseira, outra sutil interna e externa. A
forma é uma interação da manifestação grosseira visual, empírica, externa, como as
manifestações sutis, metafísicas, invisível que se fundem num só corpo simbólico. É como
estar comparando a imagem mental de um prédio ainda não construído, com sua planta no
papel. O prédio está lá em algum lugar, pronto, dentro do arquivo do arquiteto, embora
visualmente este ainda apareça simplesmente com linhas num papel.
A função do Yantra é a de servir como mapa de experiência e dos estados de consciência
de ser humano. Ele funciona como essa planta acima citada, cuja finalidade é ser o “guia de
construção”. O roteiro para se erigir um edifício.
A energia do desenho Yântrico aparece como poder psíquico em sua manifestação
mais densa, assim que for mentalizado corretamente em Puja. É nesse momento que o
Yantra ganha a Shakti, e que o Pujarí tem a visão intuitiva do poder de um desses psico-
cosmogramas que transforma sua experiência emocional em sagrada contemplação.
Traduzindo livremente a palavra Yantra, teríamos algo aproximado a “suporte de
energia”, diagrama de energia, símbolo geométrico, pois a raiz “yan” pode significar
suporte, mapa, código, etc.
Quando unido ao mantra, torna-se uma das mais profundas e importantes práticas
tântricas, onipresente em todos os rituais e técnicas dessa escola filosófica. O Yantra
corresponde à forma visual dos mantras, conseqüentemente dos aspectos invisíveis da
natureza. Escrito de outro modo seria considerado como um mapa usado para se conhecer
os caminhos da Shakti (energia cósmica).
O Yantra está para a sensibilidade visual como o mantra está para a sensibilidade
auditiva. Concentrando em suas formas geométricas interligadas, as energias visíveis
assentando sobre si as forças cósmicas vivificada pelo mantra. Mais que isso, mantra e
Yantra se complementam e são utilizados conjuntamente. A primeira vista o desenho Yântrico
parece abstrato é apenas relativa e aparente. Percebe-se com clareza a sua formulação
energética, isto é, o quanto, empiricamente, o Yantra é uma entidade viva e vibrante,
saindo até mesmo do âmbito da simbologia inconsciente. Por isso foi dito “suporte de
energia”.

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Usado para visualização meditativa qualquer, como ponto de focagem da atenção,
esses símbolos são considerados estilizações de uma ou mais sílabas mântricas. Em sua
forma mais esotérica aparece como um sinal codificado quase sempre geométrico e traz
uma mensagem arquetípica inconsciente.
Na antiguidade hindú, o homem, depois de séculos de aculturamento, criou uma ciência
dos símbolos que expressa uma idéia objetiva e subjetiva simultaneamente. Esses símbolos
ganharam tanta expressividade que, com o tempo, passaram a representar a “escrita” desse
povo. Os grupos se conheciam através de Yantras específicos, sua filosofia e religião eram
transmitidas e, ainda o são, por essa complexa simbologia, que nos grupos tântricos tiveram
suas mais altas expressões.
É importante ressaltar que o Yantra nada mais é que o próprio corpo Shakti em seus
milhares formas de manifestações. A partir desse ponto de vista, foram desenvolvidas
práticas (sádhanas) específicas para cada Yantra que se denominaram Yantrapranaprattistha,
ou seja, a técnica de insuflar energia no corpo do diagrama.
A partir dessa constatação, tanto uma parábola filosófica como uma imagem mental
qualquer pode tornar um Yantra, um símbolo.
Os Yantras às vezes tomam formas icnográficas e, todo sistema gráfico, inclusive a
escrita é um arquétipo yântrico, é logos, portanto, interpenetrável de diversas maneiras
tanto na leitura como na confecção, aparecendo como um clichê dinâmico, mutável e imutável,
como a própria existência da natureza na qual se originou.
Para vivenciar e interpretar um Yantra já existente é vital que se tenha conhecimento
de suas mais profundas implicações energéticas, emocionais, filosóficas e metafísicas. Faz-
se necessário um estudo profundo de consciência simbólica e experiências específicas de
meditação, como o aprendizado da abstração e de concentração mental, assim como a
própria meditação – contemplação (dhyana).
O símbolo yântrico pode ser desenhado em vários materiais e sob muitas formas: em
metal, madeira, papel, argila, na forma de estatuas, desenhos, pinturas, arquiteturas, danças,
etc...
Subjetivamente, usa-se a energia mental para entrar em contato através da força da
imaginação e da criação de imagem com as camadas mais profundas do inconsciente,
criando assim, um canal de expressão diretamente ligado ao
nconsciente coletivo correspondente (registro akashico) ao repositório universal de todas
as experiências humanas prístina.
As grandes civilizações, principalmente àquelas que resistiram até nossos tempos,
tem uma característica em comum: uma simbologia direta e formalizada, quase sempre
geométrica. A mitologia dessas culturas também é intimamente ligada como se tivessem
surgido a partir de uma mesma fonte. A respeito disso a teoria de origem lemuriana do
homem tenta explicar essa unidade original.
Índia, China, Japão, Egito e outras culturas, guardam incríveis semelhanças entre si,
modificando apenas alguns elementos formais, mas quase nunca o essencial. O signo gráfico,
nessas culturas, é ponto comum, provavelmente usado para transmitir as idéias e os costumes
desses povos. Eles são diretos e fáceis de fazer e funciona com uma codificação do real, um
diagrama de situações e fatos.
É impossível, pois, imaginar a existência do homem e a compreensão do universo
sem o Yantra, embora seja pensado aqui de modo particular à filosofia hindu tântrica. Pois
no Tantra, ele está ligado diretamente à realização cósmica do homem (microcósmica) e,
sem dúvida é uma das peças mais importantes no jogo (leela) da natureza, para encaminhar
com segurança o praticante (sádhaka) na senda do conhecimento universal.
Toda grande religião, seita ou filosofia usa o Yantra de forma geométrica ou icnográfica.
Cristo é um exemplo. Ele é visto no cristianismo, como uma forma humana salvadora que
funciona como catalisador das emoções crísticas e dos mistérios divinos.
O cristianismo adota como seu símbolo a cruz, que relembra toda a epopéia de um ser
que se revela um verdadeiro Yantra.

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É difícil imaginar uma pessoa indiferente aos símbolos, pois são herdados através da
história civilizatória e pré-história de egrégora (registro inconsciente da gênesis humana).
NA verdade os símbolos estão escondidos no inconsciente hominal desde os primórdios da
evolução e, são as heranças do tempo e do espaço, da ação e reação do homem e em seu
meio ambiente.
Trata-se da formas que a natureza dispõe para desencadear a vida e, metafisicamente
falando, acabam sendo usadas as descobertas mais importantes que auxiliam o ser humano
na procura de si, até porque os símbolos são previamente conhecidos e já catalogados em
nosso inconsciente.
O Yantra contém forçosamente uma mensagem exata, para que o inconsciente possa
localizá-la no “banco de informações” da memória e realizar uma mudança específica ao
nível do consciente.
Não cabe aqui uma apreciação geral da Imagem-símbolo, já que o nosso objetivo é
uma definição do Yantra especificamente tântrico, ou ainda, do Yantra como mola propulsora
que desencadeia processos de auto-conhecimento, meditação e iluminação.
Além disso, de um modo geral, o estudo dos Yantras abre portas de uma admirável
expressão artística que influenciou muitos povos orientais e recentemente tem impressionado
também os estudiosos ocidentais (vê o homem e seus símbolos de C.G.Jung). Inclusive o
próprio Tantra foi codificado dentro de Yantras do tempo, praticamente se tornaram os
códigos de iniciação dos grupos sócio-culturais.

MANDALA
Mandala pode ser o estudo do Eu interior ou logotipo de uma linha filosófica ou a
marca de uma cultura inteira, de um país ou até mesmo de uma religião.
É a representação gráfica das forças da natureza latentes no interior da personalidade,
por isso, costuma-se dizer que o Mandala é um mapa do inconsciente.
É um desenho que contém elementos freqüentemente geométricos, dispostos
simetricamente formando figuras vigorosas e coloridos que atuam profundamente na pessoa
que o utiliza para fins de estudo de si mesmo. O mandala sempre terá formas exuberantes
e informações esotéricas, metafísicas e filosóficas.

O mandala auxilia no equilíbrio de questões de fundo psicológico adquirindo forma no


psiquismo para aparecer concretamente no corpo físico.
A função principal do mandala é de promover a contemplação das potencias
macrocósmica e microcósmica bem como o de equilibrar a mente e o físico do indivíduo a
nível mais grosseiro (corporal) de sua atividade.
Na decifração dos sonhos, o Mandala recria informações contidas no profundo da
mente do homem que ao usá-lo no cotidiano acaba adquirindo através do estudo dos
diagramas do Mandala, elementos de manifestação do inconsciente coletivo que ajudam no
equilíbrio e sabedoria interna. Estes diagramas cósmicos são pontes de ligação entre os
cinco princípios da personalidade humana: matéria, sentidos, ideação, tendências kármicas
e conhecimento. Estes símbolos possibilitam relembrar a duplicidade cósmica, os eternos
contrários significantes do equilíbrio desejável entre esses potenciais.
A figura mandálica reafirma a possibilidade de uma revolução interna de reintegração
do psiquismo, do si-mesmo, e com sua última, do autoconhecimento. Ela desperta o que jaz
“adormecido”, positivo e negativo que na sizígia junguiana é o jogo eterno do animus e da
animas.
Portanto, o Mandala também atua na sexualidade, reorganizando-a e aprimorando-a
excepcionalmente quando se dá a relação direta entre o sexo e o substrato energético da
criação cósmica.

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