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Celi Coutinho
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Tantra é um termo masculino, como em geral acontece nas palavras terminadas
em a no idioma sânscrito. Tantra origina-se das palavras TANOTI (expansão) e
TRAYATI (consciência), evocando a possibilidade de crescimento da consciência
através do Sadhana (prática). A palavra também pode significar livros. Livros
onde são ensinados exercícios, história, ciência, filosofia, atitudes de higiene física
e mental, bem como, modo de vida, sexualidade e atuação social.
Todo tratado sistemático concernente à prática que leva à expansão do ser
está representado pela raiz TAN (de estirar ou estender) e o sufixo TRA
(instrumentalidade). Obtem-se então a palavra TAN-TRA, ou seja, literalmente,
instrumento de expansão do campo de consciência comum, para alcançar a
uma consciência maior, raiz do Ser e receptáculo dos poderes desconhecidos que o
tantra pode despertar e utilizar.
Os textos tântricos estão entre os mais antigos do hinduísmo e do budismo.
Existem Tantras hindus e budistas se auto-influenciando e os textos mais recentes
refere-se ao Tantra sob o nome de Artha Veda. Os Tantras em sua origem foram
manuscritos em sânscrito. Ainda guardam as diferentes épocas, lugar, cultura e
religião. Tomam a forma de enciclopédia de rituais e de filosofia tântrica. Sofreram
com o correr dos séculos, várias adições. Os textos mais antigos foram compilados
por volta do ano 600 dessa era.
No século VIII, foram lançados seis textos tântricos. Esses escritos trazem
elaborados sistemas teóricos e práticos através dos quais o mundo conheceu a
teoria atômica, a questão espaço-tempo, a astronomia, a cosmologia, a cronologia,
a astrologia, a alquimia e a terapia ayurvédica. Trouxeram à luz os princípios da
geometria aplicada (Yantra e Mandala), os símbolos algébricos, o sistema do
heliocentrismo astronômico, a descoberta da esferacidade da terra e de outros
planetas. Já conheciam a atração interplanetária, a luz e sua velocidade, extensa
teoria a respeito do calor, da gravitação, dos Nakshastras (casas lunares), bem
como o ano lunar e solar. Enquanto as outras culturas do mundo ainda engatinhavam,
na Índia se desenvolvia a ciência do som (sphotavada).
Aqui cabe uma explicação: os Shaktas reivindicam para si a honra de deter a
essência do Tantra, já que se consideram portadores da energia feminina Shakti.
Mesmo assim, até os outros grupos admitem essa possibilidade. Sabe-se também
da imensa popularidade do culto Shakta entre os hindus.
Em locais como Assam, Bengala, Orissa, Mahashastra, Cachemira, o lado
noroeste do Himalaia, Radasthan e alguns pontos do sul da Índia acontecem as
maiores concentrações de praticantes do Tantra.
Além dos livros, a ciência tântrica é ensinada no seio das famílias ou por mestres
que conheçam profundamente o ritual secreto e, mesmo usando os livros para
transmitirem seus conhecimentos, na verdade utilizam uma linguagem cifrada nas
passagens cruciais do texto. Usam um simbolismo não compreensível para o leigo,
sendo que, atualmente, tem despertado o interesse dos universitários de Bengala,
Assam, Orissa e até do Ocidente, através do árduo trabalho de Sir John Woodroffe
(Arthur Avalon), com obras traduzidas (castelhano), que desvendam muito da obra
tântrica.
Três mil anos antes de Cristo, o Tantra florescia no Vale do Rio Índio, em
Mohenjo-Daro. Era a cultura Harappa, da qual se encontra vestígio raro, porém
importantíssimos do ponto de vista histórico. A descoberta do Vale do Rio Indo
esclareceu que essa cultura foi, possivelmente, a mais antiga do planeta. Os vários
objetos já mostravam figuras esculpidas ou desenhadas com formas e imagens que
evocavam práticas tântricas, tais como os Ásanas (posições físicas utilizadas para
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Dharma é essa lei interna que organiza a vida desde as facetas mais visíveis até as
estruturas dimensionais invisíveis ou imperceptíveis aos órgãos sensoriais ordinários;
o dharma não é uma lei particular a cada ser, mas sim a relação de cada um desses
seres com o Todo. É impossível, pois, se furtar a essa lei. Por mais caótica uma
determinada situação ou ato, ainda assim inexoravelmente, estará submissa à Grande
Ordem Universal, que se resume numa só proposta: esclarecer a relação do indivíduo
com o todo. Os modos diferem, o objetivo é o mesmo. Esses diferentes modos,
esses pontos de Vista (Darshanas) são em números de seis. São eles: Nyaya,
Vaisheshika, Samkhya, Yoga, Mimansa e Vedanta.
Cada uma dessas vias procura posicionar o homem microcosmo no Dharma e
clarear aspectos insólitos do indivíduo, tais como sua energia, seu comportamento
universal e o seu relacionamento com o universo. O fenômeno mais comum no
homem que o descobre é a consciência cósmica, a expansão da consciência a níveis
jamais conhecidos. Percebe-se que a sua felicidade provém de si mesmo e que
depende apenas, tão somente de sua harmonia com esse princípio. Essas filosofias
conscientizam o homem de suas energias latentes e de relação com o cosmos (a
natureza). Aquele que vê a natureza apenas como vida que existe no planeta Terra
está tão equivocado quanto aquele que o vê como um universo cósmico repleto de
planetas, sóis e nuvens de gases. Os dois vêem o cosmo de um modo míope e
incompleto.
O mesmo erro está expresso nas ciências que estuda o homem como um ser
que possui corpo, consciência e subconsciência. Acabam esquecendo que o ser
humano é constituído de órgão que lhe permitem ultrapassar a mente inconsciente
e a mente consciente; que seu corpo é constituído de sensibilidades que ultrapassam
necessariamente o intelecto e, até mesmo, a intuição.
Convém acrescentar que o homem pensado e conhecido pelo hindu é possuidor
de um corpo de sensações, extraordinariamente complexo, do qual não temos
equivalente no pensamento ocidental.
É justamente nesse ponto que queremos insistir: no conhecimento desse homem
absolutamente insólito, desconhecido da filosofia e ciência ocidentais, onde o Tantra
assenta sua sabedoria. É mostrar que aquele que vê as coisas de um ponto de vista
egoísta, centralizado em seu meio limitado jamais terá consciência das energias
que o animam. É a negação do cosmos, é o absurdo da condição humana não ligada
ao seu princípio (Dharma). Daí percebe-se que para se aprofundar a questão homem
/ natureza é importante conhecer o Tantra.
17. Os cinco órgãos dos sentidos: Ouvido (som), Pele (tato), Olhos
(visão), Língua (paladar) e Nariz (olfato).
18. Os cincos agentes da ação: Boca, genitais, mãos e pés.
19. Elementos sutis: Éter, ar, fogo, água e terra.
20. Elementos grosseiros: Éter, ar, fogo, água e terra.
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Como já vimos anteriormente, Tantra significa expansão da Consciência, mas pode
também, designar livros, onde se ensina atitudes de higiene física e mental, modos
de vida, sexualidade e atitude social. Num sentido mais amplo, expressa uma filosofia
de vida, uma cultura, bem como a preparação para a ação meditativa interior, calcados
em dois princípios básicos do universo; a interação das forças positivas (Shiva) e
negativas (Shakti) inerente ao cosmos.
O Tantra não pede ao Sádhaka que pare de agir, mas sim que a ação seja
transformada em consciência interior. Não se trata de uma mudança radical de vida
e sim de uma conscientização dos desejos, sentimentos e situações. Não apenas de
conhecer o desconhecido, mas o de realizar o já conhecido.
Para o tântrico, o eterno, aqui e agora é muito palpável. O sofrimento pelo que
ficou a angústia pelo que virá serão solucionado de modo a produzir crescimento
emocional da personalidade e finalmente, a iluminação da consciência.
Este aspecto, o da angústia provocada, talvez seja um dos pontos mais
importante para se entenderem a estrutura do pensamento tântrico. Ai se depara
com uma visão interessante do mundo interior do praticante, já que o tântrico não
resolve suas angústias e ansiedades, acalmando-as, ou, até mesmo, compreendendo-
as. Sendo a angústia uma enorme fonte de energia, ela não é harmonizada e sim,
ao contrário, utilizada em toda a sua profundidade, canalizando suas energias
interiores com o objetivo de alcançar a síntese do conhecimento do EU e da natureza.
Em outras palavras, a força de toda ansiedade (energia incandescente) utilizada
para atear o fogo interno, promovendo com isso, o necessário crescimento interior.
Enfim, raramente o Sádhaka elimina seus conflitos interiores, sejam de que espécies
forem, mas utiliza-se dessa energia em forma de super consciência para atingir a
essencialidade do seu Ser. O Tantra torna o ser humano mais sensível ao seu momento
histórico, revitaliza suas energias físicas e unifica suas paixões.
Os prazeres mentais e físicos são usados para exacerbar sua universalidade,
repetindo os movimentos do Universo no universo, as formas do absoluto no indivíduo.
Às vezes, o Tantra parece delirante. É quando o Sádhaka (praticante) e sua
parceira permanecem em união sexual executando técnicas físicas e mentais
utilizando-se de sons e respirações especiais; e, além disso, transforma a sua
companheira em Shakti, vendo-a através de olhos muito especial, reutilizando a
cada ação (nos tantras mais modernos), ou usando um método orgiástico (nos
tantras mais antigos).
Numa análise mais profunda dos aspectos da questão identifica-se uma ciência
psicológica que evoca a possibilidade de uma mudança interior no homem com atos
extremos e, através da qual, será atingida em profunda camada do subconsciente
ou inconsciente. O objetivo sempre será a consciência hiper-ampliada, superior
sensibilizada abrindo as portas de um mundo inusitado, tanto para dentro como
para fora.
O Tantra não é sexo, yoga do sexo, tantra yoga ou yôga, nem religião de
espécie alguma. É necessário esclarecer que as literaturas encontrada a disposição
do leigo, a respeito de Tantra, tem visado o marketing do sexo porque é viável
economicamente e porque é produto de ignorância dos conceitos da cultura dravídica,
anterior à ortodoxia ariana Brahmacharya na Índia. É possível até, que alguns autores
(eticamente não podemos citá-los) estejam se utilizando de má fé porque sabidamente
alguns deles conhecem bem a matéria da qual se trata o assunto.
No Brasil o tantra tem sido maltratado pelos gurus do tantra que reuniam
grupos (e ainda reúnem) para promover pura, e simplesmente experiências corporais
de que nada têm a ver com o tantra; além de quê, não raramente terminavam em
verdadeiros bacanais com nomes pomposos e filosóficos. Não é a toa que hoje, ao
pronunciar-se a palavra Tantra alguns até coram de vergonha ou medo.
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A ROTA DO TANTRA
Os textos tântricos, denominados Agamas, considerados o Quinto Veda o que é
conveniente para a nossa era atual, o Kali-yuga (esplendor na essência do tantra),
este sistema respeita a autoridade védica e a influência de maneira notável na
religiosidade e no pensamento hindu. Parte de sua metafísica, mesmo com algumas
apreciações distintas, assume o Vedanta, portanto todo acento põe-se em seu Ser,
sendo a própria Shakti. A Mãe-Deusa vai adquirindo crescente relevo nos Upanishadas
antigos. O aspecto dinâmico, executor do Divino é Maya-Shakti, que escraviza e
libera, do mesmo modo que a espada mata ou salva.
Esse Maya-Shakti é aproveitado para retomar o fio da consciência mais alto e
por ele afirmada e utilizada yoguicamente. Da mesma maneira que uma criança
distingue sua mãe, assim o aspirante maduro não se deixa confundir pelo Maya
(ilusão) que provoca a Shakti.
Para esse movimento místico-esotérico não há castas, nem diferença de sexo,
nem posições sociais; qualquer um pode converter-se em guru (ter qualidades
suficientes para isso) partindo da iniciação, que representa uma transmissão de
poder, ao aumentar a sabedoria energética do aspirante.
O tântrico propõe que a ilusão cósmica seja diretamente penetrada. Que a
essência cósmica esteja una em si mesmo. A liberação da obscuridade, da ignorância
e da ilusão consegue-se mediante uma atitude de afirmação consciente e não de
renúncia. Além, de que, um poderoso desenvolvimento da sensitividade.
O tantra é o resultado de elementos mágicos, conceitos religiosos pré-arianos
e hinduísta, cultos populares e ritos de iniciação. Os Tantras (livros) contêm todos
os ritos e os princípios mágicos. Se bem que a respeito da tradição védica, considera-
se que o tantra surgiu no momento de crise e decadência religiosa. Podemos falar
de um novo movimento religioso (antigas raízes) para uma nova época. Eles propõem
um novo caminho para a Divindade. Tais textos estendem-se aos cerimoniais, às
práticas yoguicas, aos procedimentos esotéricos, sem deixar de fazer referências às
potências Criadoras, à Cosmologia, à Metafísica e a Mística. Também instruem sobre
a iniciação, a consagração de imagens, o culto (puja), as fórmulas mântricas
(cânticos), os mudrás e métodos de meditação.
Não há dúvida de que o Tantra é altamente iniciático, misterioso, esotérico,
que concede excepcional importância ao rito capaz de transmutar o indivíduo,
modificar sua consciência e reordenar todo seu potencial para a verdade
transcendental. A prática consiste em: rituais, yoga, cerimônias esotéricas, modos
iniciáticos de concentração-meditação e ritos de purificação. Tampouco cabe duvidar
que o Tantra tenha representado uma revolução ou uma mudança social na Índia.
Já por primeira instância se valorizava a mulher, e a aceitava com todas as suas
possibilidades místicas e permitindo até que a viúva contraísse segundas núpcias
(não podia ser de outra forma), enquanto que todo acento se colocava sobre a
Shakti (Deusa suprema).
Existem dezenas de Tantras, sendo os mais notáveis os Kaula. Tendo toda uma
extensão sobre cosmologia, teologia, medicina e muitas outras disciplinas, desde
uma banal especulação até uma assídua prática. Estes textos compõem-se de várias
partes: O conhecimento da divindade, a união mística como meio de realização, as
técnicas de yoga reorientadas até a realização final, todo o culto propriamente dita,
os princípios religiosos e os deveres morais e sociais.
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Portanto sem esforço não há controle da mente e sem controle da mente não há
Yoga (união) e sem Yoga (união) não poderá haver o verdadeiro Tantra, a não ser
um pseudo-tantra, que no lugar de despertar o Shiva interno, desperta o que há de
mais mesquinho no Ser, mostrando um semblante estéril e impuro. Por que a
experiência da Shakti é a experiência do Ser, o tântrico persegue a Shakti como um
meio para penetrar o Ser. Assim as dificuldades, as circunstâncias adversas, as
contrariedades, são bem-vindas para o tântrico, porque lhe permite fortalecer seus
músculos físicos e desenvolver suas melhores qualidades e perfeições. O que os
outros destroem os tântricos ajuda a construir; o que os outros roubam de energias,
o tântrico as proporciona.
O Tantra é transformação. Todas as potências negativas são energias que pode
transformar-se em positiva. A mesma energia que envolve o ódio, a ira, o ciúme, a
inveja e outras qualidades negativas, e até mesmo as que envolvem o amor, a
compaixão, a tolerância e a generosidade, o tântrico com sagacidade maneja essas
energias e vai transformando todo negativo em positivo; essas energias tornam-se
a pedra filosofal de toda transmutação.
Para o Vira de origem Kaula as leis diferem das do Sishia e a do Siddha.
Segundo o grau de evolução de um ser humano, este necessitará de um ou de outro
indicador, normas, prescrições ou técnicas. Também depende de sua natureza e de
suas propensões.
Um fator de reconhecimento comum de que o Tantra está mais ligado aos
cerimoniais e rituais do que qualquer outro estilo clássico, é que as principais correntes
do Tantra, trabalham a partir do plano interior complementado e facilitado pelas
ações externas (Kriya) conjuntamente aos rituais.
Os caminhos do Tantra são denominados mão esquerda (Vama-Charya), devido
ao fato de se utilizar elementos degenerativos (vinho, carne, e trabalho sexual), o
da mão direita (Dakshina-charya), que faz uso de elementos regenerativos (bebidas
não alcoólicas, cereais e meditação). O que muda nos dois na realidade são os
meios utilizados.
A SEXUALIDADE NO TANTRA
No Ocidente, com a tendência mecanicista e simplória de encarar os fatos
concernentes ao tantra, em particular, ao hinduísmo, no geral, concebemos o
maithuna como simples técnica sexual. É comum esse sádhana ser entendido como
um aperfeiçoamento afetivo erótico entre as duas pessoas, embora não o seja em
toda sua extensão. Aliás, a bem da verdade, se assim quiséssemos que fosse, então
nos bastaria conhecer o Kamasutra de Vatsyayana e o Anangaranga. Lá temos um
tratado técnico de como fazer amor na concepção mais corriqueira do termo. São
livros que chegam a incríveis possibilidades de tomar o casal como pessoas
psicológicas em suas profundezas abismais, preparando-os emocionalmente para
as alegrias de uma atividade sexual plena e sadia. Ainda hoje são atuais e
extremamente vivos. Portanto, confundir maithuna com kamasutra é de uma
gravidade inominável.
Depois de centenas de anos no anonimato, influenciado subliminarmente todas
as outras formas de filosofia do oriente, é normal no que concerne ao tantra, que
exista essas confusões de sentido ético e morais. É, porém, nosso intuito, com esse
opúsculo, dar elementos filosóficos e bases práticas para que o praticante experiente,
o yoguin em geral e até mesmo o leigo, possa, sem dificuldade, eliminar concepções
e práticas que se nomeiam tântricas, embora não sejam.
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Purusha é a condição do samadhi. É o eu-não-ego, aquele que é a própria essência
do Ser, sem o qual não se pode conceber o ser-não-ser. Toda vez que surge no ser
humano a aspiração pela transcendência, absolutividade, eternidade, ascendência
espiritual, é Purusha que sustenta o complexo cósmico multifacetado, chamado
personalidade e que, através de sua irradiação no interior dessa personalidade,
empurra para consciência cada vez mais alta em direção a Shiva/Shakti.
7. Mudras (gestos ou selos): neste caminho são técnicas para selar as energias
sutis dentro dos respectivos canais (nadis), através do entrelaçamento de pontos
específicos de todo o corpo em suas regiões terminais. Às vezes, ajudam na
concentração.
11. Nyasa (identificação): neste caso tem uma série de características especiais.
Entre elas:
a) identificação com várias partes do corpo físico.
b) identificação com várias partes dos corpos sutis.
c) identificação visual (auditiva externa ou interna) dos vários sons primordiais
(bija-mantras ou mantra semente).
d) identificação interior com as deidades evocadas.
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12. Shuddis (componentes ou ingredientes): aqui especificamente, são os
métodos usados pelo chamado caminho da esquerda e seus meios comuns: o vinho
(madhya), o peixe (matsya), a carne (mansa), o cereal (mudrá) e o rito sexual
(maithuna), chamados de cinco M (pancha makaras) ou cinco essências (Pancha
Tattwas).
A partir da correta passagem por essas doze etapas, este caminho busca o
despertar espiritual por meio da ritualística.
Todo o ritual visa ao maithuna, para tornar essa experiência a mais intensa
possível, mas, acima de tudo, ao espiritual. No tantra após despertar a energia
sexual, é preciso trabalhá-la. Para se tornar energia vital pura, ela deve deixar sua
sede costumeira, aos órgãos genitais. Assim a intimidade física decorrente do contato
sexual resulta numa fusão psíquica: nada é feito para desencadear o orgasmo por
fricções genitais, mas tudo visa criar uma poderosa corrente de troca espiritual. O
orgasmo não é negado, mas ele deve acontecer no nível cerebral e não no nível
genital, com numa união profana.
O Tantra é um culto destinado a nos libertar da rotina cotidiana, para ter
acesso às realidades supremas em nós.
Primeiramente especifiquemos os objetivos do culto, para fixar idéias.
Compenetrar de que nosso corpo é um objeto tântrico. Considerar o corpo, como a
um templo, ou seja, lugar privilegiado do espaço em que as forças cósmicas são
atuantes. Em Shakti e Shakta, Arthur Avalon escreveu: No corpo se fazem presentes
às energias supremas de Shiva / Shakti, que penetram tudo o que existe. Na realidade,
o corpo é um vasto reservatório de poderes (Shakti). A finalidade do ritual tântrico
é despertar essas energias para que elas atinjam sua expressão mais completa. O
Tantra propõe simplesmente despertar potencialidade latente, portanto, desenvolver
a personalidade, não entrando, portanto em conflito com nenhuma religião.
Quanto ao ritual, num primeiro momento ele visará à conscientização dessas
forças cósmicas e vivas, presentes tanto no parceiro como na parceira. Após ter
tomado consciência desta energia será preciso despertá-la mediante eventuais
práticas yóguicas, tais como o pranáyáma, por exemplo, mas, sobretudo, mediante
o maithuna tântrico, que será seu ponto culminante.
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O PODER DO MANTRA
Os Mantras e seus significados aparecem com muita freqüência em muitos Puranas à fonte
principal desta ciência é o Agni-Purana.
Existem três divisões básicas dos mantram: os que possuem mais de vinte letras que
são denominados de mala-mantra. Os que contêm mais de dez e menos de vinte letras que
é um mantra simples, e os que contêm menos de dez letras são denominados de bija-
mantras.
Os mala-mantram proporcionam efeito melhor para os idosos. Os mantram simples
deverão ser utilizados pelas as pessoas que estão na faixa etária dos 20 aos 50 anos. Um
mantra pequeno ou bija-mantra deverá ser praticado por aqueles que tenham menos de 20
anos. O mantra que tiver cinco letras poderá ser praticado por todos.
O autor do Narayani-Tantra vai um passo além. Explica-nos que a melhor forma de
utilizarmos um mantra é aquela baseada no nome da pessoa. Ou seja, um mantra pessoal.
Todos nós sabemos que a palavra possui uma tremenda força; mas normalmente
ignoramos o efeito das letras existente em nosso próprio nome, que é um mantra por si só
assim como dele podemos iconografar o nosso Yantra.
Conceito
Os Yantras possuem uma estrutura que, nada mais são que equações de energia, que
o tântrico visualiza de modo abstrato e transpõe, para o concreto com aspectos apreensíveis
pelos sentidos ordinários.
O Yantra é constituído de forma (akriti), função (kriya) e poder energético (Shakti),
são através desses elementos que o sadhaka realiza suas percepções intuicionais promovendo
progressões nos diversos estados de consciência experimentando o Yantra até atingir as
estruturas interiores do cosmos.
A forma, portanto possui uma manifestação grosseira, outra sutil interna e externa. A
forma é uma interação da manifestação grosseira visual, empírica, externa, como as
manifestações sutis, metafísicas, invisível que se fundem num só corpo simbólico. É como
estar comparando a imagem mental de um prédio ainda não construído, com sua planta no
papel. O prédio está lá em algum lugar, pronto, dentro do arquivo do arquiteto, embora
visualmente este ainda apareça simplesmente com linhas num papel.
A função do Yantra é a de servir como mapa de experiência e dos estados de consciência
de ser humano. Ele funciona como essa planta acima citada, cuja finalidade é ser o guia de
construção. O roteiro para se erigir um edifício.
A energia do desenho Yântrico aparece como poder psíquico em sua manifestação
mais densa, assim que for mentalizado corretamente em Puja. É nesse momento que o
Yantra ganha a Shakti, e que o Pujarí tem a visão intuitiva do poder de um desses psico-
cosmogramas que transforma sua experiência emocional em sagrada contemplação.
Traduzindo livremente a palavra Yantra, teríamos algo aproximado a suporte de
energia, diagrama de energia, símbolo geométrico, pois a raiz yan pode significar
suporte, mapa, código, etc.
Quando unido ao mantra, torna-se uma das mais profundas e importantes práticas
tântricas, onipresente em todos os rituais e técnicas dessa escola filosófica. O Yantra
corresponde à forma visual dos mantras, conseqüentemente dos aspectos invisíveis da
natureza. Escrito de outro modo seria considerado como um mapa usado para se conhecer
os caminhos da Shakti (energia cósmica).
O Yantra está para a sensibilidade visual como o mantra está para a sensibilidade
auditiva. Concentrando em suas formas geométricas interligadas, as energias visíveis
assentando sobre si as forças cósmicas vivificada pelo mantra. Mais que isso, mantra e
Yantra se complementam e são utilizados conjuntamente. A primeira vista o desenho Yântrico
parece abstrato é apenas relativa e aparente. Percebe-se com clareza a sua formulação
energética, isto é, o quanto, empiricamente, o Yantra é uma entidade viva e vibrante,
saindo até mesmo do âmbito da simbologia inconsciente. Por isso foi dito suporte de
energia.
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Usado para visualização meditativa qualquer, como ponto de focagem da atenção,
esses símbolos são considerados estilizações de uma ou mais sílabas mântricas. Em sua
forma mais esotérica aparece como um sinal codificado quase sempre geométrico e traz
uma mensagem arquetípica inconsciente.
Na antiguidade hindú, o homem, depois de séculos de aculturamento, criou uma ciência
dos símbolos que expressa uma idéia objetiva e subjetiva simultaneamente. Esses símbolos
ganharam tanta expressividade que, com o tempo, passaram a representar a escrita desse
povo. Os grupos se conheciam através de Yantras específicos, sua filosofia e religião eram
transmitidas e, ainda o são, por essa complexa simbologia, que nos grupos tântricos tiveram
suas mais altas expressões.
É importante ressaltar que o Yantra nada mais é que o próprio corpo Shakti em seus
milhares formas de manifestações. A partir desse ponto de vista, foram desenvolvidas
práticas (sádhanas) específicas para cada Yantra que se denominaram Yantrapranaprattistha,
ou seja, a técnica de insuflar energia no corpo do diagrama.
A partir dessa constatação, tanto uma parábola filosófica como uma imagem mental
qualquer pode tornar um Yantra, um símbolo.
Os Yantras às vezes tomam formas icnográficas e, todo sistema gráfico, inclusive a
escrita é um arquétipo yântrico, é logos, portanto, interpenetrável de diversas maneiras
tanto na leitura como na confecção, aparecendo como um clichê dinâmico, mutável e imutável,
como a própria existência da natureza na qual se originou.
Para vivenciar e interpretar um Yantra já existente é vital que se tenha conhecimento
de suas mais profundas implicações energéticas, emocionais, filosóficas e metafísicas. Faz-
se necessário um estudo profundo de consciência simbólica e experiências específicas de
meditação, como o aprendizado da abstração e de concentração mental, assim como a
própria meditação contemplação (dhyana).
O símbolo yântrico pode ser desenhado em vários materiais e sob muitas formas: em
metal, madeira, papel, argila, na forma de estatuas, desenhos, pinturas, arquiteturas, danças,
etc...
Subjetivamente, usa-se a energia mental para entrar em contato através da força da
imaginação e da criação de imagem com as camadas mais profundas do inconsciente,
criando assim, um canal de expressão diretamente ligado ao
nconsciente coletivo correspondente (registro akashico) ao repositório universal de todas
as experiências humanas prístina.
As grandes civilizações, principalmente àquelas que resistiram até nossos tempos,
tem uma característica em comum: uma simbologia direta e formalizada, quase sempre
geométrica. A mitologia dessas culturas também é intimamente ligada como se tivessem
surgido a partir de uma mesma fonte. A respeito disso a teoria de origem lemuriana do
homem tenta explicar essa unidade original.
Índia, China, Japão, Egito e outras culturas, guardam incríveis semelhanças entre si,
modificando apenas alguns elementos formais, mas quase nunca o essencial. O signo gráfico,
nessas culturas, é ponto comum, provavelmente usado para transmitir as idéias e os costumes
desses povos. Eles são diretos e fáceis de fazer e funciona com uma codificação do real, um
diagrama de situações e fatos.
É impossível, pois, imaginar a existência do homem e a compreensão do universo
sem o Yantra, embora seja pensado aqui de modo particular à filosofia hindu tântrica. Pois
no Tantra, ele está ligado diretamente à realização cósmica do homem (microcósmica) e,
sem dúvida é uma das peças mais importantes no jogo (leela) da natureza, para encaminhar
com segurança o praticante (sádhaka) na senda do conhecimento universal.
Toda grande religião, seita ou filosofia usa o Yantra de forma geométrica ou icnográfica.
Cristo é um exemplo. Ele é visto no cristianismo, como uma forma humana salvadora que
funciona como catalisador das emoções crísticas e dos mistérios divinos.
O cristianismo adota como seu símbolo a cruz, que relembra toda a epopéia de um ser
que se revela um verdadeiro Yantra.
MANDALA
Mandala pode ser o estudo do Eu interior ou logotipo de uma linha filosófica ou a
marca de uma cultura inteira, de um país ou até mesmo de uma religião.
É a representação gráfica das forças da natureza latentes no interior da personalidade,
por isso, costuma-se dizer que o Mandala é um mapa do inconsciente.
É um desenho que contém elementos freqüentemente geométricos, dispostos
simetricamente formando figuras vigorosas e coloridos que atuam profundamente na pessoa
que o utiliza para fins de estudo de si mesmo. O mandala sempre terá formas exuberantes
e informações esotéricas, metafísicas e filosóficas.
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