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Navnath Sampradaya - Os Nove Mestres

A Navnath Sampradaya é a evolução de uma linhagem mais antiga de professores, chamada Avadhuta Sampradaya, cuja obra
mais representativa é a Avadhuta Gita, atribuída a Dattatreya, que está relacionada ao Kaulachara ou Kaula Tantra, o que sugere
uma linhagem mais antiga de yogis - possivelmente anterior ao século VIII. Um avadhuta é aquele que não é mais afetado por
sentimentos e obrigações mundanas, estando além das convenções sociais, sendo livre para se engajar em comportamentos
excêntricos para uma sociedade convencional, não para o avadhuta. É livre de apego, mas também de desapego; ele não busca
nada nem evita nada, pode praticar ritos religiosos ou não. Esse comportamento louco ou excêntrico é associado por Feuerstein
a uma sabedoria louca. A característica essencial de seu comportamento não é realmente excêntrica, mas sim que seu modo de
vida é espontâneo. Os avadhutas não são loucos, mas santos (um termo que na Índia é atribuído tanto a iogues como a poetas
ou artistas).

Navnath significa "Nove Mestres". Eles são os grandes mestres desta tradição. É uma tradição heterodoxa que contém muitas
sub-escolas, como Nandinath Sampradaya, Adinath Sampradaya ou Inchegiri Sampradaya.

Para entender o que são essas escolas e professores, é necessário distinguir entre sampradaya e parampara:

• Parampara é uma palavra sânscrita que significa "sucessão ininterrupta", referindo-se à sucessão entre mestre e discípulo
dentro da espiritualidade hindu, em vez de uma única escola ou linhagem em particular, sendo usada para se referir às
artes e ao ensino. Também é conhecido como guru shishya “sucessão guru-discípulo”. Em algumas tradições, há
apenas um professor ativo de cada vez.
• Sampradaya também é uma palavra sânscrita que se refere a "tradição ou sistema religioso" em que mestres e discípulos
se sucedem, formando uma rede de relações que dá estabilidade e identidade a uma tradição. Esta rede é também
constituída por um conjunto de práticas, visões e atitudes que lhe conferem legitimidade e que são transmitidas mas que
podem ser renovadas em qualquer tempo e lugar. Mantras que são transmitidos fora da sampradaya são considerados
fúteis ou
mal sucedido.

• Pertence ao parampara de um mestre vivo por causa de sua iniciação, que por sua vez lhe permite ser
parte da Sampradaya do professor .

O Navnath Sampradaya foi um movimento revolucionário, que não fazia distinção entre castas e gêneros, e que encorajava a
todos a encontrarem o Shiva que já existia dentro de cada um.

Rishi Dattatreya é tradicionalmente considerado seu primeiro professor. Dattatreya era uma encarnação da trindade Brahma,
Vishnu e Shiva, ele é, portanto, uma divindade, filho do grande rishi (sábio) Atri
(autor de vários hinos védicos). Ele era originalmente um praticante de ioga tântrica hindu e um adi shidda
(um dos primeiros a atingir a perfeição), que foi adaptado e transformado em objeto de culto.

os nove mestres

Maurice Fryman dá a lista mais aceita:

1) Matsyendranath ou Machindranath

Ele foi o primeiro guru dos nove Naths, sendo datado do século 10 ou anterior. Junto com

Gorakshnath é considerado o fundador das tradições Nath, Kaula e Kamphata. Com uma

história mítica em que, sendo pescador, um peixe gigante o leva até onde Shiva está dando seu

ensinamentos mais secretos, ouve-os de dentro do peixe e recebe o mantra diretamente

de Shiva, que o torna seu discípulo. Ele era o guru de Gorakshanath. A influência de
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Ambos foram decisivos no desenvolvimento de diferentes yogas e na escrita dos Upanishads.

Ele também influenciou o budismo, sendo considerado uma encarnação de Lokeshvara.

2) Gorakshanath ou Gorakhnath
Datado dos séculos VIII a X, ele é um dos dois discípulos mais importantes de Matsyendranath, junto
com Caurangi. Ele fez um grande número de escritos e fez muitas viagens, pelas quais é conhecido do
Afeganistão ao Sri Lanka.

3) Jalandharnath ou Jalandernath também conhecido como Jan Peer

Ele era um mahashida, um iogue tântrico associado aos ensinamentos tibetanos do Hevajra Tantra, bem
como às práticas do Mahamudra.

4) Kanifhath o Kanhoba

5) Gahininath também conhecido como Gaibi Peer

6) Bhartrinath o Bhrtarinath o Raja Bhartari

7) Charpatinath
Datado do século 10, ele era um mahashidda, um discípulo de Machindranath. Ele está relacionado com
o Nepal e as doutrinas Mahayana.

8) Naganath o Nageshnath

9) Revananath, Kada Siddha ou Kaadhsiddheshwar

Era o sétimo ou oitavo Navnath. Várias sampradayas têm sua origem nele, entre elas a Inchegiri
Navnath Sampradaya. Foi o primeiro Kaadhsiddheshwar, dos quais houve 23, que serão vistos na
próxima seção.
A etimologia de Kaadhsiddheshwar vem de três palavras Kaadh-siddh-eshwar, Selva plenamente
realizada – suprema sobre os deuses; simplificando: aquele que alcançou a iluminação suprema na selva
(na qual realizou práticas yogues). Em vez disso , Revananath
vem de ter nascido nas margens do rio Revan.
Sua origem mitológica está em Dattatreya, que reconheceu Revananth como um avatar e lhe deu poderes
divinos. Mais tarde Machindranath o reconheceu como um avatar ou encarnação de Narayana.

Sua vida foi datada aproximadamente do século VII. Ou seja, os nove mestres seriam entre os séculos VII e IX, sendo
a sua datação imprecisa, já que outras fontes os datam do ano de 1110 da era comum. Algumas fontes atribuem-lhe
uma origem mítica. Eles também não são um grupo formal, mas sim uma criação ao longo da história.
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Dattatreya com três cabeças, vários braços e Revananath, Kada Siddha ou Kaadhsiddheshwar
elementos tântricos nas mãos.

Barbudo e centrado, Machindranath. Ao seu redor

os outros oito mestres

Inchegiri Navanath Sampradaya

O paradigma de Kaadhsiddheshwar

Desde Revananath, o primeiro Kaadhsiddheshwar, tem havido um parampara, de mestre a discípulo, que carrega o mesmo nome
e número em ordem dentro da sucessão. O dia 23 foi Sri Samarth Muppin Kaadsiddheshwar Maharaj (1905-2001), com um novo
sucessor: Adrushya Kadsiddheshwar Swamiji.

Anteriormente, o 22º Sri Samarth Muppin Kaadsiddheshwar Maharaj iniciou Gurulingajangam Maharaj
(Sri Nimbargi Maharaj) na cueva de Kanheri (Bombaim - Maharashtra).

Sri Sadguru Gurulingjangam Maharaj

(1789-1885) Nasceu em Nimbargi, estado de Makataka, Índia. É por isso que ele também é conhecido como Nimbargi Maharaj.

Seu nome original era Narayan Rao Maharaj. Seu trabalho era tingir tecidos, mas uma vez que ele começou a praticar
espiritualmente a sério, ele se tornou um pastor, pois considerava mais adequado para alcançar a realização. Não descartou a
vida de trabalho e família, a vida doméstica, mas tendo sempre em mente a realização final; "É preciso estar consciente do Ser o
tempo todo." quando encontrou seu
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professor, Kaadshiddeshwar Maharaj, pediu permissão para ensinar de acordo com os próprios ensinamentos de Kaadshiddeshwar. O
que ele fez por 28 anos. De seus discursos originou-se o Nimbargi Sampradaya. Um dos temas que mais lhe interessava era a
moralidade.

Morreu aos 98 anos. Swami Vivekananda disse dele: “O maior homem do mundo morreu desconhecido. Os Budas e Cristos que
conhecemos são apenas heróis de segunda categoria comparados ao grande homem sobre o qual o mundo não conhece nada. Ele
viveu em silêncio, ele morreu em silêncio."

Um de seus principais discípulos foi Sri Bhausaheb Maharaj.

Caverna Kadheri onde a tradição aponta Sri Sadguru Sri

a transmissão ocorreu Gurulingajangam Maharaj Bhausaheb Maharaj

Sri Bhausaheb Maharaj

A sampradaya conhecida como Inchegiri Navanath Sampradaya começa com ele, mas também outras linhagens, pois foi um
professor prolífico de quem surgiram outros professores como Sri Amburao Maharaj, Sri Gurudev Ranade e Sri Siddharameshwar
Maharaj, professor de Sri Nisargadatta Maharaj.

É chamado Inchegiri porque Bhausaheb Maharaj se estabeleceu na cidade com esse nome.

Sri Bhausaheb Maharaj (1843-1914) foi iniciado aos quatorze anos por Gurulingajangam através de um de seus discípulos. Em 1875,
seu professor deu-lhe autorização para iniciar na linhagem os interessados. Sua prática era jnana marga, o caminho da auto-realização.
Seus ensinamentos foram compilados em uma obra chamada Nama-Yoga, a repetição do nome do divino.

Esta Sampradaya não tem tradição monástica. Os mestres de linhagem tinham empregos e famílias.

Seus sucessores foram Sri Siddharameshwar Maharaj, Sri Nisargadatta Maharaj, Sri Ranjit Maharaj e Sri Ramakant Maharaj, embora
tivessem outros discípulos que também eram professores, incluindo ocidentais. Eles são bem conhecidos e informações sobre eles
podem ser encontradas no Advaitainfo.

Características da Sampradaya

Até aqui foram descritos os parampara, a história e a sucessão de mestres entre si. A linhagem, que incorporou um processo histórico
contínuo, tem sido a sampradaya, a forma peculiar de práticas,
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atividades e ensinamentos. Para um ocidental eles podem parecer um pouco religiosos, mas no contexto indiano
são perfeitamente normais.

A primeira característica é a existência de um Guru, um professor que transmite os ensinamentos e serve de

referência para os praticantes. Dele derivará a próxima geração de professores. Eles não estão da maneira que
um erudito ou uma pessoa com muitos recursos espirituais estaria. O guru percebeu a verdade, a compreensão
suprema.

Em seguida é o Mantra. Existe um mantra secreto que foi passado de mestre para discípulo desde o tempo de
Dattatreya. Este mantra é uma das principais ferramentas para realizar a essência do ser. A prática do mantra
em si é Meditação, ou seja, meditar com o apoio do mantra ao invés da respiração ou qualquer outro apoio.

Em terceiro lugar estão os Bhajans, as canções devocionais, escritas por mestres talentosos, que servem como
ponto de encontro para os devotos. Eles são feitos quatro vezes por dia. Não são canções de igreja, mas a
tradição oral que mais tarde foi escrita. Ao lado deles estão as Celebrações. Há muitas datas especiais, uma
pequena ou grande celebração é realizada, os bhajans são cantados e então todos comem juntos.

Por último, deve-se notar a ausência de uma tradição monástica. São ensinamentos para todas as pessoas
sem distinção, pessoas que têm que ganhar a vida e cuidar da família. Os professores não cobram por seus
ensinamentos, apesar de sua intensa dedicação a eles.

Antonio Plana Pérez para Advaitainfo - 2016