Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/330857572
CITATIONS READS
0 84
3 authors:
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Isabela Araujo Monaco Alves on 07 February 2019.
Isabela Araujo Monaco ALVES1*, Cássio ZOCCA2 & Rodrigo Barbosa FERREIRA2
1
Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Vila Velha.
² Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ecossistemas, Universidade Vila Velha.
*isabela.ama96@gmail.com
INTRODUÇÃO
Interações do tipo predador-presa envolvem modificações plásticas
comportamentais, morfológicas e no histórico de vida das presas. Dessa forma, os anfíbios
anuros evoluíram diversos mecanismos antipredação para aumentar as chances de
sobrevivência contra uma diversidade de predadores (Toledo et al., 2007). Durante eventos
predatórios, os anuros podem exibir diversos mecanismos como camuflagem, imobilidade,
inflação corporal, contração, exposição de glândulas paratóides, vocalizações agonísticas,
além da exibição de colorações aposemáticas relacionadas a secreções nocivas (Chen &
Chen, 1933; Toledo & Haddad, 2009; Ferreira et al., submetido). A partir de estudos sobre
interações entre anfíbios e seus predadores podemos aferir fatores que contribuam para a
exibição dos mecanismos antipredação por anuros, além dos aspectos ecológicos
envolvidos. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência das serpentes em
relação aos mecanismos antipredação exibidos por anfíbios anuros.
MATERIAL E MÉTODOS
Realizamos uma busca sistemática na literatura principalmente com foco em
publicações científicas acessadas através de plataformas acadêmicas como Brill, Google
Scholar, Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Scopus, Taylor e Francis Library,
Web of Science e Zoological Record. Também buscamos especificamente os principais
periódicos herpetológicos frequentemente usados para publicar esse tópico (Amphibia-
Reptilia, Journal of Herpetology, Herpetologica, Herpetological Review e Herpetology
Notes). Restringimos a pesquisa bibliográfica a trabalhos publicados do ano de 1899 a
2017 que fizeram menção às seguintes palavras-chave: mecanismos antipredação,
comportamento antipredador, comportamento defensivo e estratégias defensivas
combinadas com sapo ou anuro, além das respectivas palavras em inglês. A partir dos
trabalhos encontrados, selecionamos aqueles que abordaram interação predador-presa entre
espécies de Serpente e Anura. A classificação taxonômica segue Frost (2018).
Classificamos os mecanismos antipredação de acordo com Ferreira et al. (submetido).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na pesquisa bibliográfica, encontramos 243 trabalhos sobre mecanismos
antipredação de Anura. Desses, selecionamos 28 trabalhos que reportaram interação entre
Anura e Serpente. Esses trabalhos reportam 26 espécies de anuros exibindo 12 tipos de
mecanismos antipredação (Tabela 1). Das oito famílias de anuros registradas, Hylidae
(N=9 espécies) e Bufonidae (N=7 espécies) tiveram o maior número de espécies
reportadas, onde Hylidae e Ranidae exibiram um total de seis mecanismos antipredação,
seguida de Bufonidae com cinco mecanismos antipredação. Em seguida, Ranidae com
quatro espécies (N=4) registradas, exibiu seis mecanismos. Já Dendrobatidae e
266
Anais do VII Simpósio sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica – Santa Teresa/ES - 07 a 10 de junho de 2018
Eleutherodactylidae com uma espécie registrada para cada família, exibiram apenas um
mecanismo cada (Figura 1).
Sucesso
Mecanismos antipredação
defensivo
Secreção odorífera
Canto de estresse
Expor glândulas
Secreção nociva
Aposematismo
Inflar o corpo
Unken reflex
Imobilidade
Contração
Tanatose
Chutar
Pular
Família/Espécie
Bombinatoridae
Bombina orientalis x x x x S
Bufonidae
Anaxyrus americanus x N
Anaxyrus boreas x S
Anaxyrus quercicus x -
Anaxyrus terrestris x x N
Rhinella granulosa x N
Rhinella humboldti x x x S
Rhinella limensis x N
Dendrobatidae
Dendrobates auratus x S
Dicroglossidae
Sphaerotheca breviceps x x N
Eleutherodactylidae
Eleutherodactylus atkinsi x N
Hylidae
Boana faber x S
Boana geographica x -
Dryophytes gratiosa x -
Osteocephalus taurinus x -
Phyllomedusa bahiana x x x N
Pithecopus rohdei x x N
Scinax x-signatus x x N
Smilisca fodiens x x -
Trachycephalus typhonius x x x N
Leptodactylidae
Leptodactylus troglodytes x N
Physalaemus kroyeri x N
Ranidae
Glandirana rugosa x -
Lithobates clamitans x x x x N
Lithobates pipiens x x x x x N
267
Anais do VII Simpósio sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica – Santa Teresa/ES - 07 a 10 de junho de 2018
Pelophylax nigromaculatus x -
268
Anais do VII Simpósio sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica – Santa Teresa/ES - 07 a 10 de junho de 2018
Nossos dados mostram que “canto de estresse” foi o mecanismo antipredação mais
utilizado pelas espécies estudadas (N=11) durante interações agonísticas com serpentes,
seguido por “inflar o corpo” (N=9) e “secreção nociva” (N=7) (Figura 3). A capacidade de
vocalização dos anuros é um grande aliado no ato de se defender de predadores orientados
auditivamente (Lourenço-de-Moraes et al., 2016). No entanto, nossos dados mostram que
apenas uma das 11 espécies que exibiram o “canto de estresse” obteve sucesso durante
interação agonística com serpente. Provavelmente isso se deva ao fato de que serpentes não
serem capazes de captar sons em virtude da falta de ouvido externo e médio (Melgarejo-
Giménez, 2002).
269
Anais do VII Simpósio sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica – Santa Teresa/ES - 07 a 10 de junho de 2018
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Projeto Bromeligenous pelo suporte logístico para realização desta
pesquisa. CZZ agradece a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) e RBF agradece a Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo
(FAPES) pelas bolsas de estudo.
LITERATURA CITADA
Afonso, L. G.; Carvalho, R.; Santos, F. M.; Coelho, A. C. B. & Magalhães, A. L. B. 2010.
Reprodução da exótica rã-touro Lithobates catesbeianus (Shaw, 1802) (Amphibia,
Anura, Ranidae) em riachos de Mata Atlântica no estado de Minas Gerais, Brasil.
Biotemas, 23(3): 85-91.
Chen, K. K. & Chen, A. L. 1933. Notes on the poisonous secretions of twelve species of
toads. From the Lilly Research Laboratories, Eli Lilly and Company, Indianapolis.
The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, 44(7): 281-293.
270
View publication stats
Anais do VII Simpósio sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica – Santa Teresa/ES - 07 a 10 de junho de 2018
Manzanilla, J.; La Marca, E.; Villareal, O. & Sanchez, D. 1998. Phrynohyas venulosa
(veined treefrog, "Rana lechosa"). Antipredator device. Herpetological Review,
29(1): 39-40.
Rodriguez, J. A. & Linares, M. J. 2001. Rana toro e sapo marino: la amenaza que viene,
los controles aduaneiros que se realizam em Canárias son insuficientes. Revista de
La Conserjería de Política Territorial y Mêdio Ambiente, 21: 12-14.
Toledo, L. F. & Jared, C. 1995. Cutaneous granular glands and amphibian venom.
Comparative Biochemistry and Physiology Part A Physiology, 111(1): 1-29
Toledo, L. F.; Martins, I. A.; Bruschi, D. P.; Passos, M. A.; Alexandre, C. & Haddad, C. F.
B. 2015. The anuran calling repertoire in the light of social context. Acta
Ethologica, 18(2): 87-99.
271