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João Vitor Andrade, Juliana Cristina Martins de Souza, José Gilberto Prates
Editora Amplla
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – Volume I está licenciado sob CC BY 4.0.
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obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores. Todos os direitos para esta
edição foram cedidos à Editora Amplla.
ISBN: 978-65-88332-98-6
DOI: 10.51859/amplla.pae1986-0
Editora Amplla
Campina Grande – PB – Brasil
contato@ampllaeditora.com.br
www.ampllaeditora.com.br
2022
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CONSELHO EDITORIAL aaaaa
Andréa Cátia Leal Badaró – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Andréia Monique Lermen – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Antoniele Silvana de Melo Souza – Universidade Estadual do Ceará
Bergson Rodrigo Siqueira de Melo – Universidade Estadual do Ceará
Bruna Beatriz da Rocha – Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais
Caio César Costa Santos – Universidade Federal de Sergipe
Carina Alexandra Rondini – Universidade Estadual Paulista
Carla Caroline Alves Carvalho – Universidade Federal de Campina Grande
Carlos Augusto Trojaner – Prefeitura de Venâncio Aires
Carolina Carbonell Demori – Universidade Federal de Pelotas
Cícero Batista do Nascimento Filho – Universidade Federal do Ceará
Clécio Danilo Dias da Silva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Daniela de Freitas Lima – Universidade Federal de Campina Grande
Denise Barguil Nepomuceno – Universidade Federal de Minas Gerais
Dylan Ávila Alves – Instituto Federal Goiano
Edson Lourenço da Silva – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
Elane da Silva Barbosa – Universidade Estadual do Ceará
Érica Rios de Carvalho – Universidade Católica do Salvador
Gilberto de Melo Junior – Instituto Federal do Pará
Higor Costa de Brito – Universidade Federal de Campina Grande
Italan Carneiro Bezerra – Instituto Federal da Paraíba
Ivo Batista Conde – Universidade Estadual do Ceará
Jaqueline Rocha Borges dos Santos – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Jessica Wanderley Souza do Nascimento – Instituto de Especialização do Amazonas
João Henriques de Sousa Júnior – Universidade Federal de Santa Catarina
João Manoel Da Silva – Universidade Federal de Alagoas
João Vitor Andrade – Universidade de São Paulo
Joilson Silva de Sousa – Instituto Federal do Rio Grande do Norte
José Cândido Rodrigues Neto – Universidade Estadual da Paraíba
Jose Henrique de Lacerda Furtado – Instituto Federal do Rio de Janeiro
Josenita Luiz da Silva – Faculdade Frassinetti do Recife
Josiney Farias de Araújo – Universidade Federal do Pará
Karina de Araújo Dias – SME/Prefeitura Municipal de Florianópolis
Laíze Lantyer Luz – Universidade Católica do Salvador
Lindon Johnson Pontes Portela – Universidade Federal do Oeste do Pará
Lucas Capita Quarto – Universidade Federal do Oeste do Pará
Lúcia Magnólia Albuquerque Soares de Camargo – Unifacisa Centro Universitário
Luciana de Jesus Botelho Sodré dos Santos – Universidade Estadual do Maranhão
Luís Paulo Souza e Souza – Universidade Federal do Amazonas
Luiza Catarina Sobreira de Souza – Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central
Manoel Mariano Neto da Silva – Universidade Federal de Campina Grande
Marcelo Alves Pereira Eufrasio – Centro Universitário Unifacisa
Marcelo Williams Oliveira de Souza – Universidade Federal do Pará
Marcos Pereira dos Santos – Faculdade Rachel de Queiroz
Marcus Vinicius Peralva Santos – Universidade Federal da Bahia
Marina Magalhães de Morais – Universidade Federal de Campina Grande
Nadja Maria Mourão – Universidade do Estado de Minas Gerais
Natan Galves Santana – Universidade Paranaense
Nathalia Bezerra da Silva Ferreira – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Neide Kazue Sakugawa Shinohara – Universidade Federal Rural de Pernambuco
Neudson Johnson Martinho – Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso
Patrícia Appelt – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Paulo Henrique Matos de Jesus – Universidade Federal do Maranhão
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Rafael Rodrigues Gomides – Faculdade de Quatro Marcos
Reângela Cíntia Rodrigues de Oliveira Lima – Universidade Federal do Ceará
Rebeca Freitas Ivanicska – Universidade Federal de Lavras
Renan Monteiro do Nascimento – Universidade de Brasília
Ricardo Leoni Gonçalves Bastos – Universidade Federal do Ceará
Rodrigo da Rosa Pereira – Universidade Federal do Rio Grande
Sabrynna Brito Oliveira – Universidade Federal de Minas Gerais
Samuel Miranda Mattos – Universidade Estadual do Ceará
Shirley Santos Nascimento – Universidade Estadual Do Sudoeste Da Bahia
Silvana Carloto Andres – Universidade Federal de Santa Maria
Silvio de Almeida Junior – Universidade de Franca
Tatiana Paschoalette Rodrigues Bachur – Universidade Estadual do Ceará
Telma Regina Stroparo – Universidade Estadual do Centro-Oeste
Thayla Amorim Santino – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Virgínia Maia de Araújo Oliveira – Instituto Federal da Paraíba
Virginia Tomaz Machado – Faculdade Santa Maria de Cajazeiras
Walmir Fernandes Pereira – Miami University of Science and Technology
Wanessa Dunga de Assis – Universidade Federal de Campina Grande
Wellington Alves Silva – Universidade Estadual de Roraima
Yáscara Maia Araújo de Brito – Universidade Federal de Campina Grande
Yasmin da Silva Santos – Fundação Oswaldo Cruz
Yuciara Barbosa Costa Ferreira – Universidade Federal de Campina Grande
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2022 - Editora Amplla
aaaaa
Copyright © Editora Amplla
Editor Chefe: Leonardo Pereira Tavares
Design da Capa: Editora Amplla
Diagramação: Higor Costa de Brito
Formato: PDF
ISBN: 978-65-88332-98-6 (Volume 1)
ISBN: 978-65-88332-99-3 (Volume 2)
Editora Amplla
Campina Grande – PB – Brasil
contato@ampllaeditora.com.br
www.ampllaeditora.com.br
2022
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PREFÁCIO aaaaa
A coleção “Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde” apresenta,
em dois volumes, a produção científica sobre as abordagens educativas em Ciências da
Saúde nos mais variados contextos. Tem-se na obra desde estudos originais (construídos
com métodos quantitativos e qualitativos) até estudos de revisão (narrativa, integrativa
ou sistemática).
As Ciências da Saúde são uma das oito áreas do conhecimento classificadas pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e,
indiscutivelmente, possuem importância imensurável para a sociedade. Destaca-se que
no intento de desvelar fenômenos complexos, explorando novas fronteiras do
conhecimento e do trabalho humano, a presente obra se constitui da união das Ciências
da Saúde com as Ciências Humanas, conforme preceitos da Ciência Moderna, que
estimula o cruzamento e a interação de áreas de saberes diferentes.
Além disso, estrutura-se em uma perspectiva multidisciplinar, contendo estudos
oriundos das cinco regiões brasileiras, cujos autores possuem variadas formações. Com
tal robustez, indubitavelmente esse material servirá como suporte para muitas pessoas,
desde acadêmicos e profissionais, até a população em geral. Tendo em vista a relevância
da temática, objetivou-se elencar de forma categorizada, nos dois volumes, os estudos
de acordo com grandes áreas das Ciências da Saúde.
O volume 1 apresenta estudos relacionados aos fundamentos das profissões das
Ciências da Saúde; a saúde da mulher, saúde da criança e do adolescente, saúde do
adulto e do idoso, destacando as abordagens e técnicas educacionais, questões
epidemiológicas, bem estar e saúde integral.
No volume 2 estão agrupadas as publicações com foco físico, biológico e
bioquímico; aspectos legislativos e históricos e saúde coletiva. Chama-se atenção para
as práticas integrativas e complementares, doenças crônicas e cuidado em saúde,
temáticas predominantes neste segundo volume.
Os variados temas nessa coleção, divulgada pela plataforma confiável e
consolidada da Editora Amplla, garantirão aos leitores uma leitura profícua e sobremodo
proveitosa. Explorem e compartilhem o material. Ademais, desejamos uma excelente
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leitura, na certeza que a presente obra contribuirá para o fortalecimento da literatura
científica no tocante às abordagens educativas em ciências da saúde.
.
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SUMÁRIO aaaaa
CAPÍTULO I - A IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM DE CONCEITOS DA DISCIPLINA SOCIOLOGIA DA SAÚDE PARA O ENSINO NOS
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA ÁREA DA SAÚDE .......................................................................................................... 11
CAPÍTULO II - A PANDEMIA DE COVID-19 E OS DESAFIOS IMPOSTOS À DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA .................................................................................................................................................. 20
CAPÍTULO VI - METODOLOGIAS ALTERNATIVAS NO ENSINO DE TÉCNICAS CIRÚRGICAS DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19 ..81
CAPÍTULO VII - METODOLOGIAS ATIVAS: OFICINA DOS SENTIDOS E DRAMATIZAÇÃO UTILIZADAS NA EDUCAÇÃO PERMANENTE
DA EQUIPE DE ENFERMAGEM ............................................................................................................................. 96
CAPÍTULO VIII - GRUPOS FOCAIS E CURRÍCULOS DE FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL, ENSINO E SERVIÇO NA SAÚDE .......... 110
CAPÍTULO XI - PROJETOS DE EXTENSÃO E EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: A IMPORTÂNCIA PARA A FORMAÇÃO ........ 153
CAPÍTULO XII - RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A EXECUÇÃO DA MONITORIA DE BIOQUÍMICA PARA O CURSO DE
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ............................................................................................................ 162
CAPÍTULO XIII - SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS NO
PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS ...................................................................................... 169
CAPÍTULO XIV - TECNOLOGIA EDUCATIVA EM SAÚDE: MAQUETES ESQUEMÁTICAS DE FORMAS PARASITÁRIAS E CICLOS DE
VIDA DE PATÓGENOS E VETORES........................................................................................................................ 186
CAPÍTULO XV - Tecnologias educacionais em saúde e seu papel transformador no ensino de enfermagem ..... 199
CAPÍTULO XVI - USO DE METODOLOGIAS ATIVAS NAS GRADUAÇÕES DAS CIÊNCIAS DA SAÚDE ......................................... 207
CAPÍTULO XVII - A IMPORTÂNCIA DO EXAME DE CITOLOGIA ONCÓTICA NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO ..... 218
CAPÍTULO XIX - ALTERAÇÕES ADAPTATIVAS MATERNAS DECORRENTES DA FISIOLOGIA GRAVÍDICA ................................. 242
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CAPÍTULO XX - Assistência do enfermeiro na educação em saúde, no câncer de colo do útero .......................258
CAPÍTULO XXII - ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DURANTE O PÓS-PARTO DE PACIENTES COM TRANSTORNOS MENTAIS
PUERPERAIS ................................................................................................................................................. 290
CAPÍTULO XXIII - CIRURGIÃO-DENTISTA COMO AGENTE NOTIFICADOR DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA..................................................................................................................................... 312
CAPÍTULO XXIV - INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO DAS RELAÇÕES FAMILIARES EM PUÉRPERAS: REVISÃO
INTEGRATIVA ................................................................................................................................................. 322
CAPÍTULO XXVI - O RECENTE AUMENTO DA BUSCA PELA CIRURGIA DE EXPLANTE DE SILICONE E OS FATORES QUE
CORROBORAM ESSE FENÔMENO ....................................................................................................................... 350
CAPÍTULO XXVII - PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DECORRENTES DA SÍNDROME CLIMATÉRICA .......................... 360
CAPÍTULO XXIX - TRAUMA FÍSICO EM MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA .......................... 386
CAPÍTULO XXX - AÇÕES EDUCATIVAS SOBRE PEDICULOSE EM ESCOLARES DA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................ 398
CAPÍTULO XXXI - ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS INTOXICAÇÕES EXÓGENAS ACIDENTAIS EM MENORES DE DEZ ANOS EM
UM ESTADO NORDESTINO ................................................................................................................................ 409
CAPÍTULO XXXII - CONSTRUÇÃO INTERPROFISSIONAL PARA DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTO SOBRE SAÚDE MENTAL AOS
ADOLESCENTES EM REGIÕES PERIFÉRICAS DO RIO DE JANEIRO ............................................................................... 418
CAPÍTULO XXXIII - EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE HANSENÍASE NO ESPAÇO ESCOLAR: VIVÊNCIA DE DISCENTES DE
ENFERMAGEM................................................................................................................................................433
CAPÍTULO XXXIV - ESCOLHA PROFISSIONAL: CONCEPÇÕES E SENTIMENTOS DE JOVENS DO ENSINO MÉDIO ..................... 444
CAPÍTULO XXXV - ESTUDO RETROSPECTIVO DA PREVALÊNCIA DO TRAÇO FALCIFORME NO MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS 465
CAPÍTULO XXXVI - Lesões CARACTERÍSTICAS DE MAUS-TRATOS INFANTIS NA REGIÃO DE CABEÇA E PESCOÇO .................. 481
CAPÍTULO XXXVII - NÍVEis DE ATIVIDADE FÍSICA E ESTADO DE HUMOR EM ADOLESCENTES ESCOLARES ...........................492
CAPÍTULO XXXVIII - ALIMENTOS FUNCIONAIS E SUAS IMPORTÂNCIAS NUTRICIONAIS PARA DOENTES CELÍACOS ............... 503
CAPÍTULO XLII - INDICAÇÕES E PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES SUBMETIDOS ÀS SANGRIAS TERAPÊUTICAS
REALIZADAS NO CENTRO DE HEMOTERAPIA DE SERGIPE – HEMOSE ......................................................................... 568
CAPÍTULO XLIV - PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO .................................................................................................................................................. 600
CAPÍTULO XLV - PRINCIPAIS EVENTOS IATROGÊNICOS PERSISTENTES NAS UNIDADES DE TERAPIA ITENSIVA ..................... 614
CAPÍTULO XLVII - REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA: UMA REVISÃO SOBRE A INFERTILIDADE MASCULINA E ATUAÇÃO DO
BIOMÉDICO .................................................................................................................................................. 644
CAPÍTULO XLVIII - SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................... 656
aaaaaaaaaaaaa
CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM DE
CONCEITOS DA DISCIPLINA
SOCIOLOGIA DA SAÚDE PARA O
ENSINO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO
DA ÁREA DA SAÚDE
DOI: 10.51859/amplla.pae1986-1
Carolyne Reduzina Queirós ¹
Roberta Oliveira Caetano ²
Patrícia Aparecida Baumgratz de Paula ³
¹ Graduanda do curso de Nutrição. Universidade Federal de Juiz de Fora Campus Avançado Governador Valadares –
UFJF/GV
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
² Graduanda do curso de Odontologia. Universidade Federal de Juiz de Fora Campus Avançado Governador Valadares
– UFJF/GV
³ Professora Adjunta do Departamento de Nutrição. Universidade Federal de Juiz de Fora Campus Avançado
Governador Valadares – UFJF/GV
RESUMO
A disciplina de Sociologia da Saúde ministrada para os cursos de graduação da área da saúde de
uma Instituição de Ensino Superior, aborda algumas temáticas, como o corpo e o processo
saúde-doença. Esta disciplina, fruto de uma construção social e cultural, contribui para a
formação dos futuros profissionais de saúde estimulando um pensamento crítico sobre a
aplicabilidade destas temáticas nas situações cotidianas que estes poderão vivenciar na vida
profissional. O corpo possui múltiplos significados, e assim como o processo saúde e doença
pode ser entendido sob vários olhares, que são estabelecidos de acordo com a sociedade e a
cultura em que estão inseridos. Assim, na sociedade brasileira atual, estes conceitos vêm
sofrendo mudanças, pois são construídos e reconstruídos no cotidiano das salas de aula e dos
serviços de saúde, buscando valorizar o cuidado em saúde humanizado, integral e
interprofissional, com respeito à autonomia dos usuários dos serviços. O presente ensaio tem
por objetivo o aprofundamento da discussão sobre a Sociologia da Saúde, enfatizando a
importância da compreensão dos tópicos abordados nessa disciplina. Logo, acredita-se que a
Sociologia da Saúde poderá ajudar na troca de saberes entre o docente e discentes, no
crescimento e no desenvolvimento acadêmico-profissional destes, buscando, também a
valorização dos aspectos cognitivos que possam contribuir para uma atuação ética, solidária,
criativa, responsável e comprometida politicamente com as questões humanas e sociais.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo do corpo permite compreender como as influências sociais, religiosas
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
e culturais guardam uma relação direta com o período histórico. Este influencia na
construção e representação do corpo e do processo saúde-doença. Nesse sentido, o
corpo não é apenas algo biológico e mecânico, ele está inscrito numa construção social
e cultural.
Ademais, destaca-se a importância do estudo das concepções de saúde e doença
sob esse olhar, pois pensar o processo saúde-doença a partir da ausência da doença no
corpo físico torna essa discussão limitada e reducionista.
Logo, a compreensão das categorias corpo e processo saúde-doença dentro da
disciplina de Sociologia da Saúde proporciona aos discentes, a aproximação do
conhecimento teórico aprendido na sala de aula com a sua futura prática profissional.
Sendo assim, deve-se levar em consideração que a assistência humanizada aos usuários
dos serviços deve ir além do corpo físico e das doenças presentes neste, considerando
o indivíduo como um todo, bem como, a sociedade e a cultura em que este está
inserido.
BARBOSA, Maria Raquel; MATOS, Paula Mena; COSTA, Maria Emília. Um olhar sobre o
corpo: o corpo ontem e hoje. Psicologia & Sociedade, v. 23, p. 24-34, 2011.
Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/psoc/a/WstTrSKFNy7tzvSyMpqfWjz/?format=pdf&lan
g=pt> Acesso em: 21 nov. de 2021.
CAMARGO, Brigido Vizeu et al. Representações sociais do corpo: estética e saúde. Temas
em Psicologia, v. 19, n. 1, p. 257-268, 2011. Disponível em:
<https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=513751437021> Acesso em 21 nov. de
2021.
GIACOMINI, Sonia Maria. O corpo como cultura e a cultura do corpo: uma explosão de
significados. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 14, n. 2, p. 406-416, 2004.
Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/physis/a/RtFFDTxSf8fCcnBd7YDw3jP/?format=pdf&la
ng=pt> Acesso em: 20 nov. de 2021
LARA, Larissa Michelle et al. O sentido ético-estético do corpo na cultura popular. 2004.
Disponível em:
<https://core.ac.uk/display/296837512?utm_source=pdf&utm_medium=banne
r&utm_campaign=pdf-decoration-v1> Acesso em: 22 nov. 2021.
LUZ, M. T. Abordagens teóricas: novas práticas em saúde coletiva. In: Críticas atuantes:
ciências sociais e humanas em saúde na América Latina. Rio de Janeiro: Editora
FIOCRUZ, 2005, 708 p.
SEGRE, M.; FERRAZ, F. C. O conceito de saúde. Rev. Saúde Pública, v. 31, n. 5, p. 538-
542, 1997. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rsp/a/ztHNk9hRH3TJhh5fMgDFCFj/?lang=pt>. Acesso
em: 09 nov. 2021.
SENA, Rômulo Mágnus de Castro et al. A construção social do corpo: como a perseguição
do ideal de belo influenciou as concepções de saúde na sociedade brasileira
contemporânea. 2019. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31317. Acesso em: 20 nov. 2021
SILVA, Maria Cecília de Paula; ATHAYDE, Pedro; LARA, Larissa (org). Corpo e cultura.
Natal: EDUFRN, 2020. (Ciências do esporte, educação física e produção do
conhecimento em 40 anos de CBCE, v. 7). Disponível em:
<https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/29068> Acesso em: 21 nov. de
2021.
SIQUEIRA, Denise; FARIA, Aline. Corpo, saúde e beleza: representações sociais nas
revistas femininas. Comunicação Mídia e Consumo, v. 3, n. 9, p. 171-188, 2008.
Disponível em:
<http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/view/95> Acesso em
22 nov. 2021
RESUMO
A COVID-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2,
potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. Com o aumento de sua
prevalência, medidas preventivas foram tomadas visando diminuir a disseminação do vírus. Dentre
as medidas, tem-se o isolamento social, que foi implementado de modo gradual e distinto em
diferentes países. A situação de emergência fez com que instituições como as de ensino superior
(IES) migrassem para o ensino remoto emergencial (ERE). Com um novo modelo de ensino por meio
de aula virtual, os docentes precisaram adaptar-se aos meios tecnológicos e buscar formas de trazer
a efetividade da aula presencial para a online. O objetivo deste trabalho foi abordar os desafios
impostos à docência universitária diante da pandemia da COVID-19 com base em evidências
científicas presentes na literatura. Utilizou-se trabalhos disponíveis nas bases de dados LILACS,
BIREME, BVS, Google acadêmico, PUBMED e Scielo. Assim, os estudos realizados mostram que no
contexto de isolamento social, os professores de IES passaram a utilizar novas ferramentas para
ministrar aulas respeitando o distanciamento, mostrando-se ansiosos em cumprir as demandas
técnicas necessárias para realizar o ensino remoto. Pesquisas apontaram que a saúde mental dos
docentes também pode ter sido afetada pelo distanciamento decorrentes do confinamento, medo
do vírus e mudanças no sistema educacional. Dessa forma, os achados da literatura sugerem que o
distanciamento social gerou desafios à docência como a mudança em translacionar conhecimento
de forma remota e impactos negativos na saúde mental.
2. MÉTODOS
Para esta revisão de literatura foi realizado levantamento bibliográfico nas bases
de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), National Library of Medicine (PUBMED),
Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Google Acadêmico (Google Scholar). A busca
dos artigos científicos foi feita utilizando os termos “COVID-19”, “university teachers”,
“docentes”, “distance learning”, “mental health”, "psychological status”, “stress”,
combinados pelo operador booleano “AND”.
Figura 1 – Fluxograma
Artigos excluídos
após leitura do título e
resumo
n=46
Artigos selecionados para
verificação de critérios de inclusão
n=22
Artigos excluídos
após leitura integral do texto
n=6
Artigos incluídos na
revisão
n=16
Fonte: Autoria própria.
Artigo original.
Analisar possíveis
Identifying
causas que podem
factors that
afetar a efetividade O questionário foi respondido por
influenced
do 700 pessoas, constatando que a
wellbeing
ensino/aprendizagem, utilização de vários dispositivos e
and learning
o conforto humano e ausência de interação com os
effectiveness
o bem-estar após a colegas foram fatores que
NADDEO e FIORILLO, during the
transição das salas de poderiam influenciar o
2021. sudden
aula para o elearning ensino/aprendizagem, podendo ser
transition
devido à COVID-19. apontados como uma base para
into
Foram desenvolvidos futura investigação e otimização
eLearning
questionários para na saúde e bem-estar de
due to the
distribuição entre professores e alunos.
COVID-19
alunos e professores
lockdown
de uma universidade
na Itália.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
The Impact of
the COVID-19
Pandemic Artigo original.
and Estimar o estado
Entre os docentes entrevistados,
Emergency psicológico, desafios
31,4% apresentavam sofrimento
Distance do ensino a distância,
grave e 38,2%, sofrimento leve a
Teaching on atividades de
moderado. Os docentes
the enfrentamento e
AKOUR et al.,2020 apresentaram níveis variados de
Psychological preocupações
sofrimento psicológico, porém
Status of relacionadas à
muitos apresentaram motivação
University pandemia entre
moderada (45,8%) e elevada
Teachers: A docentes da Jordânia
(27,0%) no ensino à distância.
Cross- no COVID-19 por meio
Sectional de questionário.
Study in
Jordan
Artigo original.
Teacher
Avaliar a experiência
Experiences A maior parte dos professores
de estresse e cargas
in Converting entrevistados vivenciou elevada
excessivas de
Classes to carga de trabalho e estresse na
MAREK et al.,2021 trabalho no período
Distance pandemia, com aulas online
de ensino online
Learning in quando comparado às aulas
durante a pandemia
the COVID-19 presenciais.
de COVID-19, por
Pandemic
meio de entrevistas.
Artigo original.
Online Segundo a maioria dos
estudar as percepções
teaching- professores, a motivação dos
de professores e
learning in docentes está associada a serem
alunos sobre os
higher convencidos que o ensino online
modos de
education tem mais vantagens que o
MISHRA et al.,2020 ensino/aprendizagem
during presencial. A percepção dos alunos
online durante a
lockdown sobre o ensino-aprendizagem
pandemia da COVID-
period of online é vista como uma
19, com aplicação de
COVID-19 alternativa para conclusão do
questionários aos
pandemic curso e acesso as aulas.
docentes.
Artigo original.
Estudar como a
necessidade de Os professores mais velhos de
Technostress
adaptação dos universidades foram os que mais
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
in Spanish
professores sofreram com as consequências
University
universitários às aulas negativas da tecnologia, devido à
ALBILLEIRA et al., 2021 Teachers
online afetou seu sua longa experiência em salas de
During the
desempenho aula. Eles observaram que na aula
COVID-19
profissional devido ao online ocorria um desajuste entre
Pandemic
technostress, por as demandas e os recursos.
meio de questionário
online.
Double
Artigo original.
Burden of
Avaliar a prevalência
COVID-19
e preditores de
Pandemic
sofrimento e Os níveis de angústia e
and Military
insegurança entre a insegurança foram considerados
Occupation:
comunidade da altos, enfatizando a necessidade
GHANDOUR et Mental
Universidade de de cuidados não somente na saúde
al.,2020 Health
Birzeit durante o física, mas também à saúde
Among a
bloqueio de COVID- mental durante a pandemia de
Palestinian
19, por meio de COVID-19.
University
pesquisa online com
Community
alunos, docentes e
in the West
funcionários.
Bank
Psychological
Artigo original.
Stress and Níveis mais elevados de estresse e
Avaliar associação
Vocal normalidade nos sintomas vocais
entre a alteração nos
Symptoms foram vistos antes do isolamento
níveis de estresse
Among social, com aulas presenciais.
psicológico e
University Porém, durante a transição para o
sintomas vocais entre
Professors in ensino remoto foi verificado
os professores
BESSER, LOTTEN e Israel: estresse e sintomas vocais. O
universitários
ZEIGLER-HILL, 2020 Implications estresse na fase de transição para
israelenses diante da
of the Shift to o ensino online foi associado a
necessidade do ensino
Online níveis maiores de sintomas vocais,
online síncrono
Synchronous em particular para aqueles que
durante a pandemia
Teaching relataram altos níveis de estresse
de COVID-19, por
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
An
Artigo original. Expor Os resultados mostraram que os
Exploratory
as barreiras para o docentes e alunos enfrentaram
Study of the
alcance da qualidade barreiras auto impostas, bem
Obstacles for
LASSOUED, no ensino a distância como obstáculos pedagógicos,
Achieving
ALHENDAWI e durante a pandemia técnicos, financeiros ou
Quality in
BASHITIALSHAAER, do Coronavírus em organizacionais. Apesar do ensino
Distance
2020 amostra de online tornar-se uma necessidade
Learning
professores e alunos urgente diante da pandemia, a
during the
de universidades saúde mental deve ser
COVID-19
árabes. considerada.
Pandemic
Pesquisa original.
Estado
Aferir os níveis de
emocional
estresse, ansiedade e Os docentes apresentaram
del
depressão do corpo sintomas de depressão (32,2%),
profesorado
docente diante da ansiedade (49,4%) e estresse
OZAMIZ-ETXEBARRIA de colegios y
reabertura de escolas (50,6%). Com os presentes
et al., 2021. universidades
e universidades após achados, enfatiza-se a emergência
en el norte
6 meses de do cuidado da saúde mental dos
de españa
afastamento das docentes.
ante la covid-
aulas presenciais, por
19
meio de questionário.
conhecimento aos alunos dentro do ambiente universitário (SILVA et al., 2020). Nesse
contexto de mudanças, os professores de ensino superior passaram a utilizar novas
ferramentas para ministrar aulas respeitando o distanciamento. Dentre os espaços
virtuais usados para substituir a sala de aula presencial estão as plataformas online
Moodle, Microsoft Teams, Google Classroom e Skype (AKOUR et al., 2020). Um estudo
realizado na Universidade de Mizoram, na Índia, constatou que além da plataforma
online de ensino da própria universidade, os professores também utilizaram redes
sociais como Facebook, WhatsApp, Telegram e email para tratar de assuntos
acadêmicos com os alunos (MISHRA et al., 2020). Sobre a disposição das aulas online,
segundo Marek e colaboradores, o modo de ensino mais utilizado por professores foi a
combinação de entre aulas síncronas e assíncronas (MAREK et al., 2021).
Todas essas mudanças são significativas tendo em vista que a pandemia impôs
esse novo padrão de ensino, estruturado sobre ferramentas tecnológicas, de forma
repentina (AMARAL-PRADO et al., 2020). Além disso, deve-se considerar, também, que
antes do estabelecimento da pandemia em 2020 a maioria dos professores realizava
todas as suas atividades acadêmicas de forma exclusivamente presencial, segundo
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia da COVID-19 exigiu que estratégias de ensino online fossem
adotadas nas universidades ao redor do mundo. No entanto, a transição entre ensino
presencial e remoto impôs novos desafios ao trabalho docente como sobrecarga laboral;
coincidência de demandas profissionais e domiciliares no mesmo ambiente;
necessidade de adquirir novos conhecimentos sobre recursos digitais, bem como
urgência de adaptar material para aulas no formato online. Diante desse cenário,
professores universitários podem se ver pressionados a atender uma nova realidade na
qual a aula virtual se tornou a forma de translacionar conhecimento respeitando o
isolamento social. Estudos inseridos neste trabalho concluíram que a saúde mental dos
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
REFERÊNCIAS
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Environ. Res. Saúde Pública, 2020.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
UFRRJ.
RESUMO
O presente artigo oferece um relato das experiências práticas e teóricas vivenciadas por
alunos do PET-Saúde Interprofissionalidade da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro, no município de Seropédica, e das relações construídas com tutores,
preceptores e profissionais da saúde local. As atividades se desenvolveram em quatro
Unidades Básicas do município e foram realizadas por oito integrantes dos cursos de
Farmácia e Psicologia, contando com a presença de professoras tutoras da própria
universidade, de dois preceptores e da equipe de saúde dos serviços. São discutidos e
relatados o processo e as experiências interprofissionais de ida a campo, a relação com
os preceptores e com a equipe de saúde, as supervisões e reuniões na UBS, e as reuniões
de grupo do PET-Saúde. Por fim, a partir da experiência, foi possível constatar a
relevância dessas iniciativas e necessidades da criação de novos projetos como esse e
manutenção dos mesmos considerados fundamentais para a formação plena do
profissional de saúde.
1. INTRODUÇÃO
Na última década, a formação profissional em saúde passou por muitas
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo relatar a experiência teórica
e de campo vivida pelo PET-Saúde Interprofissionalidade da UFRRJ no município de
Seropédica e a relação construída com tutores, preceptores e profissionais da saúde
local.
2. PERCURSO METODOLÓGICO
O seguinte artigo trata-se de um relato de experiência interprofissional de alunos
integrantes de um dos grupos do PET – Saúde e Interprofissionalidade UFRRJ no
município de Seropédica (RJ), no período do segundo semestre de 2019. A experiência
se deu a partir das atividades desenvolvidas em quatro Unidades Básicas de Saúde da
cidade. Integraram este grupo 8 estudantes dos cursos de farmácia e psicologia,
contando também com a presença de professoras tutoras da UFRRJ, além da preceptora
que é Assistente Social do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), o preceptor
Psiquiatra do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e a equipe dos serviços.
As atividades desenvolvidas se subdividiram em: 1) saídas a campo e 2) a
experiência de supervisão. O primeiro ponto corresponde aos momentos em que os
3. DISCUSSÃO
Ida a campo
A ida a campo se iniciou no mapeamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS)
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
de Seropédica, que são serviços que ficam próximas à população, e buscam ser a porta
de entrada da Atenção Primária. Essas unidades têm o intuito de promover saúde e
prevenir doenças, e com isso contam com programas como a ESF e o Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS), além de uma equipe multiprofissional de saúde,
para que possam avaliar cada paciente e fazer encaminhamentos necessários (VALLE,
2018). Nas unidades do município de Seropédica, isso não se difere, em algumas delas
também existem programas como o da Saúde do Trabalhador e o IST/AIDS.
Este mapeamento tinha como intuito avaliar quais unidades os alunos iriam se
inserir, como também conhecer como funcionam esses programas da atenção primária
em cada serviço, e, por fim, apresentar os membros do PET-Saúde Interprofissionalidade
para os profissionais das equipes de cada programa. A ida a campo não se caracteriza
apenas por fazer alguma atividade para algum usuário, mas sim também entender cada
serviço visitado e cada profissional apresentado. Esse percurso era importante à medida
que cada local possui sua própria particularidade e com isso, apresentar uma forma de
funcionar diferente.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho interprofissional é uma estratégia que busca integrar os diversos
profissionais de saúde para se pensar no paciente, de maneira conjunta, em seus
diferentes aspectos. Conforme apresentado acima, é possível perceber a importância
da interprofissionalidade à medida que os participantes buscavam ter um olhar conjunto
sobre cada indivíduo, levando aspectos de cada profissão. Através da experiência
relatada foi possível se notar a troca gerada entre alunos-tutores-profissionais da saúde.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Além disso, deve-se salientar a importância das visitas domiciliares, pois estas
aproximavam os usuários aos serviços de saúde, e ressalta ainda mais a relevância do
papel dos Agentes Comunitários de Saúde. Por outro lado, deve-se ressaltar o quanto
ainda não são valorizados dentro da área.
Os processos de supervisão, tanto nos serviços com a preceptora e os
profissionais de saúde das unidades, como do próprio PET com as tutoras, ampliavam
os conhecimentos obtidos dentro da parte prática. Isto é, nestes encontros era possível
observar de maneira mais aprofundada o processo de compartilhamento de
conhecimentos de cada profissão, bem como a ampliação da visão de cada caso.
Ademais, com a elaboração dos mesmos, era possível pensar quais tipos de intervenções
poderiam ser feitas para determinadas situações. As reuniões se mostraram essenciais
para transformar cada momento ou sentimento vivenciado de maneira singular ou em
dupla, e consequentemente, ser transmitido a todo o grupo.
Por fim, desafios também surgiram ao longo do período que ocorria o programa
PET, um deles representado pela dificuldade de conciliar os horários dos alunos do
grupo, como também a dificuldade da inserção em campo. Ainda, o prosseguimento das
visitas foi interrompido devido à pandemia de Sars-CoV-2 em 2020, que impossibilitou
REFERÊNCIAS
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Programa PET-Saúde: a percepção de tutores. Interface (Botucatu), v.19, n.1,
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Acesso em: 16 jul. 2020.
VALLE, A. Saúde em Série: Saiba quando procurar a Unidade Básica de Saúde. Blog
Saúde. Ministério da Saúde. 2018. Disponível em:
http://www.blog.saude.gov.br/index.php/entenda-o-sus/53536-saude-em-
serie-saiba-quando-procurar-a-unidade-basica-de-saude. Acesso em 25 set.
2020.
RESUMO
Sendo o processo de ensino um agente em constante transformação, mostra-se a relevância em
compreender as suas particularidades, para, assim, melhor assistir educandos e educadores.
Diante da pandemia do vírus SARS-COV-2, o processo ensino-aprendizagem necessitou de
mudanças e adaptações, buscando atender a necessidades e compreender as perspectivas na
formação em enfermagem. O presente estudo objetiva refletir acerca da formação em
enfermagem considerando as repercussões do ensino remoto provido durante a pandemia de
Covid19. O ensino em enfermagem, baseando-se nos preceitos determinados pelas diretrizes
curriculares nacionais de 2001, deve concretizar implicações com humanização, empatia,
proatividade e, sobretudo, sensibilizações ao exercício do cuidar. A educação, não sendo um
processo estático, precisa ser desenvolvida respeitando às vivências ímpares, à alteridade, além
de ser desenvolvida sob o viés de compreensão das especificidades dos sujeitos, bem como suas
importâncias para a construção da malha sociopolítica do ensino. Dessa forma, busca-se um
ensino democratizador, isto é, transformador, receptivo, compreensivo, acolhedor e,
consequentemente, libertador. Logo, a enfermagem, por ter destaque no enfrentamento a
grandes doenças e por ser protagonista na compreensão do cuidado, deve, antes de tudo,
buscar ser um instrumento libertário, ou melhor, um instrumento que, a partir da educação
democrática, promova transformações individuais, seja nos profissionais, seja nos pacientes,
para, por fim, transformar a malha social. Ademais, espera-se, na atualidade, que o ensino em
enfermagem, essa ciência e arte, sensibilize a novos profissionais corajosos, altruístas e
resilientes para, assim, estarem implicados a vivenciarem situações várias de modo profícuo.
forma de educar não considera e, no geral, não aproveita o arcabouço de repertório que
os discentes adquiriram no seu desenvolvimento educacional fora do núcleo acadêmico
normativo. Isto significa, que os alunos também são agentes transformadores do seu
conhecimento e, por isso, devem ser respeitados como sujeitos ativos nesse processo
(FREIRE, 1996).
Regem a formação em enfermagem, no Brasil, as Diretrizes Curriculares
Nacionais de 2001 (Resolução CNE/CES No. 3, de 7 de novembro de 2001), essas
sugerem a uma formação generalista, focada no profissional humanizado, ético, crítico,
reflexivo e empático, sendo tais subjeções essenciais as questões de educação, além de
comprometidas com as questões sociais. Todavia, apesar dessas diretrizes, muitos
obstáculos interferem para que essas subjetividades sejam postas em prática, haja vista
que, teoricamente, essas sensibilizações não podem ser transmitidas, mas sim
desenvolvidas a partir de um processo “Ensino-educação”, base do ideário freiriano,
baseado na alteridade; isto é, a compreensão da importância do outro para a construção
coletiva/pessoal (BRASIL, 2001; FREIRE, 1996).
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM: resgate de Florence à
contemporaneidade
A princípio, desde os primórdios da enfermagem, quando pessoas,
especialmente mulheres, davam assistência aos enfermos, viu-se a necessidade e a
importância de cuidados mais estruturados. Ainda antes de Cristo, os enfermos
recebiam cuidados para suas enfermidades que, à época, eram consideradas como
castigos divinos. Passando-se os tempos, tornando-se uma profissão, esses cuidados
foram tomando destaque nas sociedades. O destaque maior se tratando de cuidados
padronizados foi salientado quando, já em 1840, foram desenvolvidos métodos para
a primeira Escola de Enfermagem fundada no Brasil, que funciona até hoje vinculada à
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Surgiu no contexto do movimento
sanitarista brasileiro do início do século XX registrando um papel histórico-social de
vanguarda de expansão e de desenvolvimento da enfermagem brasileira (EEAN, 2021).
A enfermagem, na perspectiva científica, se adota de teorias - Teoria
Ambientalista, Teoria do Déficit de Autocuidado, Teoria das Necessidades Humanas
Básicas e várias outras -usadas para auxiliar na evolução dos discentes, contribuindo
com o processo ensino-aprendizagem. Tais teorias norteiam o desenvolvimento
intelectual, tanto quanto auxilia a desenvolver sensibilidades e humanidades, causando
implicações ímpares. Desse modo, são essenciais no processo de enfermagem, pois
corroboram com o cuidado em suas infinitas dimensões humanas -Arte e Ciência-, que
por sua vez promovem ao educando bases firmes para seguir, exemplos que figuraram
a assertiva de bons prognósticos para as fragilidades dos enfermos (DOMINGUES;
CHAVES, 2005).
A enfermagem vive um momento importante e peculiar no cenário da ciência e
da tecnologia. Isso porque, evidencia-se o investimento que vem sendo empreendido,
et al, 2021).
No enfrentamento a grandes doenças e a pandemias, a enfermagem ocupou-se
sempre de um lugar de destaque. Justamente porque, tal ciência, por ser protagonista,
isto é, está na linha de frente do atendimento em saúde, seja na triagem, seja no
acompanhamento do paciente, seja no cuidado intensivo, seja em ambos os segmentos
do cuidado, o que, simbólica e materialmente, significa a fundamental atuação da
assistência de enfermagem nos seus diversos setores. Na pandemia da Influenza A, Edith
Fraenkel, enfermeira que combateu a gripe espanhola ainda como vigilante sanitária,
exemplifica a relevância dos promotores do cuidar. Ela foi afirmada como “sócia remida
da Cruz Vermelha Brasileira” por seu esmero junto ao corpo social durante a pandemia
de gripe espanhola. Ela chegou a tornar-se chefe do serviço de visitadoras sanitárias,
com orientações para evitar contaminação, além de seguir combatendo outras doenças,
como a tuberculose (COREN, 2021; GOULART, 2005).
Dessa forma, é evidente que as contribuições da enfermagem em períodos de
crise oferecem melhores resultados esperados. Isso porque, com orientações para
prevenção e promoção em saúde, há melhores prognósticos. Na Pandemia da Gripe
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Infere-se, portanto, à face do exposto, que tal material teórico, fruto de uma
abordagem bibliográfica, pode auxiliar na elaboração de reflexões sobre o processo
ensino-aprendizagem, especialmente no contexto remoto do ensino de enfermagem.
Nesse cenário, ressalta-se que ao evidenciar as perspectivas referentes ao ensino
remoto em enfermagem, pode-se potencializar uma expertise acadêmica que se
relacionam as especificidades necessárias para o desenvolvimento educacional
democrático.
Por conseguinte, tais perspectivas devem ser assimiladas para a aceitação e para
compreensão plena das essencialidades do papel dos alunos na construção
epistemológica colaborativa. Nesse sentido fomenta-se uma práxis participativa e
libertadora para o desenvolvimento de um modelo pedagógico que não somente
capacite teoricamente, mas também promova transformações individuais, coletivas e,
por consequência, na malha sociopolítica da educação.
BEZERRA, Italla Maria Pinheiro. State of the art of nursing education and the challenges
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http://www.revistas.mpmcomunicacao.com.br/index.php/revistanursing/articl
e/view/789. Acesso em: 13 nov. 2021.
RESUMO
A simulação realística é uma metodologia que tem sido cada vez mais adotada nos processos de
ensino e aprendizagem, tendo se mostrado bastante eficaz ao aprimorar habilidades técnicas,
de liderança e de raciocínio clínico. O objetivo deste estudo é identificar na literatura o uso dessa
metodologia, enquanto tecnologia aplicada à educação na área de saúde, seus campos de
aplicação e impactos na capacitação dos discentes e profissionais de saúde a partir de estudos
disponíveis. A pesquisa fundamentou-se na busca de artigos nas bases de dados PUBMED,
SciELO e LILACS. Foram selecionados 12 artigos dentre os trabalhos publicados nos últimos 10
anos, no idioma inglês ou português e disponíveis na íntegra. A metodologia de simulação
apresentou vantagens, comparando-a com o modo tradicional de ensino, visto que o discente
da graduação adquire um papel ativo no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, a
simulação realística mostrou-se muito útil no aperfeiçoamento técnico de profissionais da saúde
já formados. Tal aplicabilidade tornou-se ainda mais evidente no contexto da pandemia de
Covid-19 vivido atualmente, durante o qual o desenvolvimento de novas habilidades e o
aprendizado de novos protocolos foram necessários ao enfrentamento dessa questão de saúde
pública mundial. Conclui-se que a metodologia de simulação realística é uma ferramenta
fundamental para o preparo dos futuros e atuais profissionais da saúde.
realística vem sendo mais bem compreendida, requerida e estimulada nas graduações
dos cursos da saúde como metodologia de ensino-aprendizagem capaz de interferir
positivamente, mobilizando conteúdos por meio da problematização, na qual o discente
é exposto ao problema. Ou seja, as simulações realísticas são vistas como formas de
aprendizagem em que a retenção do conhecimento é prolongada, sendo mais agradável
e prazerosa que o ensino tradicional (FLATO; GUIMARÃES, 2011).
O psiquiatra William Glasser descreveu, a partir da "pirâmide do aprendizado",
percentuais de retenção de conteúdos por métodos de estudo, sugerindo retenção de,
aproximadamente, 10% de aprendizado pela leitura, 20% pela oratória, 30% pelo
audiovisual, 50% por demonstrações práticas, 70% pela discussão em grupo e 90% pela
prática, propondo que a participação ativa do processo ensino-aprendizagem é mais
efetiva (BARROS et al., 2018). Estes números indicam que as metodologias de a de
simulação realística podem ser aplicadas com eficiência para o aprendizado. Nesse
contexto, o objetivo deste estudo é identificar na literatura o uso dessa metodologia,
enquanto tecnologia aplicada à educação na área de saúde, seus campos de aplicação e
2. METODOLOGIA
Neste estudo, foi realizada uma pesquisa em outubro de 2021, utilizando-se
como bases de dados as plataformas PUBMED, SciELO e Literatura Latino-americana e
do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Os descritores empregados na pesquisa foram:
simulação realística, simulação realística e ensino, simulação realística e educação em
saúde. Como critérios de inclusão, foram considerados artigos disponíveis na íntegra,
nos idiomas português ou inglês, publicados nos últimos 10 anos. Foram excluídos os
trabalhos que não obedeceram aos critérios de inclusão, bem como aqueles cujo teor
do título, resumo e texto completo, após análise progressiva, divergiram do escopo do
presente estudo. À guisa de ilustração, trabalhos que detalhavam técnicas de
elaboração de protocolos ou equipamentos específicos de simulação sem abranger a
experiência da utilização deles foram excluídos. Ademais, foram removidos 3 artigos
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Sul do Brasil
Fonte: Autoria própria.
4. DISCUSSÃO
A simulação realística como metodologia de ensino
Entende-se por metodologia de simulação realística um método de ensino-
aprendizagem, que pode englobar pacientes padronizados (simulados por atores),
realidade virtual associada ao uso de softwares, manequins de alta fidelidade, peças
anatômicas e outros métodos que permitem a imersão do estudante em um ambiente
de simulação semelhante aos ambientes de situações reais (BRANDÃO; COLLARES;
MARIN, 2014). Essa representação simulada de situações reais possibilita ao discente
experimentar a tarefa a ser executada em um ambiente controlado, submetendo-o ao
desenvolvimento de competências necessárias para sua atuação profissional (LINN;
CAREGNATO; SOUZA, 2018).
Deste modo, afere-se que o uso da metodologia de simulação acrescenta
modificações no modo tradicional de ensino, já que o professor deixa o seu papel de
transmitir conhecimento e passa a instruir o aluno a participar ativamente do seu
MAGRO, 2020).
Diante disso, um estudo brasileiro comprovou a eficácia da capacitação mediada
pela estratégia de simulação no ganho de conhecimento e autoconfiança de
profissionais da atenção primária à saúde no atendimento de situações clínicas
agudizadas, como parada cardiorrespiratória (PCR) e obstrução de vias aéreas por
corpos estranhos (OVACE) (NAVA; MAGRO, 2020). Corroborando com esses achados,
Farias da Guarda e colaboradores (2021) associaram um curso de simulação realística
de acidente vascular cerebral (AVC) ao aumento na autopercepção de segurança dos
participantes em atender pacientes vítimas de AVC agudo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos achados encontrados nos estudos selecionados e dos aspectos
abordados na discussão, podemos concluir que o uso da metodologia de simulação
realística aplica-se como ferramenta fundamental para o preparo dos futuros
profissionais da saúde, capacitando-os para a atuação plena em situações de ambientes
ambulatoriais e hospitalares que exigem habilidades técnicas bem como relações com
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Professora Dra. Lia Maria Bastos Peixoto Leitão e ao Professor
Dr. Ito Liberato Barroso Neto por todo o apoio concedido na elaboração da presente
pesquisa. Indubitavelmente, suas contribuições foram fundamentais para a execução
deste trabalho e em muito agregou à formação dos autores discentes.
BARROS, Emerson Miguel Souza et al. Metodologias ativas no ensino superior. Simpósio
de excelência em gestão e tecnologia, XV, 2018.
BELLAGUARDA, Maria Lígia dos Reis. et al. Simulação realística como ferramenta de
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Nery Rev. Enferm, [s. l.], v. 24, n. 3, p. 1-8, 2020.
BRANDÃO, Felipe Soares et al. A simulação realística como ferramenta educacional para
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BUCKMAN, R. Breaking bad news: why is it still so difficult? Br Med J, [s. l.], v. 288, n.
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LINN, Amanda Chlalup; CAREGNATO, Rita Catalina Aquino; SOUZA, Emiliane Nogueira.
Simulação clínica na educação de enfermagem em terapia intensiva: revisão
integrativa. Rev. Bras. Enferm., [s. l.], v. 72, n. 4, p. 118-1127, 2019.
SANTANA, Breno de Sousa; PAIVA, Alberto Augusto Martins; MAGRO, Marcia Cristina da
Silva. Simulação realística como mediadora do processo ensino-aprendizagem na
graduação em farmácia: revisão sistemática. Rev. bras. enferm, [s. l.], v. 73, p. 1-
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ZIV, Amitai; BEN-DAVID, Shaul; ZIV, Margalit. Simulation based medical education: an
opportunity to learn from errors. Med Teach, [s. l.], v. 27, n. 3, p. 193-199, 2005.
RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2. METODOLOGIA
Tipo de Estudo
Trata-se de um estudo de avaliação metodológica, com abordagem quantitativa
dos dados.
Aspectos Ético-legais
O projeto foi submetido e obteve aprovação através do Parecer n o 4.743.378
junto ao Comitê de Ética e Pesquisa da Plataforma Brasil
3. RESULTADOS
O formulário foi preenchido por um total de 26 alunos. Todos os participantes
leram e concordaram com o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) anexo
ao questionário.
Gráfico 2. Padrão obtido a partir das respostas à pergunta “Você considera o conteúdo teórico
ministrado em ambiente virtual completo e bem explanado?”
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Gráfico 4. Padrão de respostas obtido dada a pergunta “O acompanhamento das técnicas, com
pacientes, em tempo real foi importante para melhor entender a teoria ministrada?”.
Gráfico 5. Padrão de respostas referente à pergunta “Você conseguiu sanar dúvidas e entender
melhor os procedimentos realizados com auxílio dos residentes/docente?”.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Gráfico 7. Padrão de respostas obtidas com o questionamento “Você participou de alguma das
atividades disponibilizadas com cadáveres?”.
4. DISCUSSÃO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
em consenso com Vieira et. al. (2020), a pesquisa indica que a maioria dos alunos avaliou
positivamente os esforços para a manutenção das atividades de ensino remoto, tanto
no que se refere às dinâmicas que estão sendo desenvolvidas, quanto à adesão às
atividades.
Contudo é mister salientar que nesse processo de “ficar em casa” os estudantes
percebem queda na produtividade, alterações de humor e sentimentos de angústia e
ansiedade. A satisfação com a vida hoje é menor quando comparada a do período
anterior à pandemia. O ensino remoto exige mais autonomia do aluno, que precisa
dedicar, muitas vezes, um tempo extra para acessar os materiais e estudar, geralmente,
sozinho. Percebe-se, portanto, um contraste em relação à modalidade presencial, onde
há uma interação maior entre os alunos e entre discentes e docentes, seja pela
proximidade ou pelo ambiente propício ao diálogo, quando esse é criado pelos
participantes (VIEIRA, 2020). Esse sentimento de inadequação com o ambiente virtual
ratifica-se em uma disciplina de caráter essencialmente prático. Ainda que tenha
ocorrido a oferta de episódios de acompanhamento de rotina cirúrgica e treinos, foi
relatada a carência dessas atividades pelos discentes, que sugerem a necessidade de
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RESUMO
Objetivo: analisar o uso de metodologias ativas na educação permanente da equipe de
enfermagem de um hospital universitário de Minas Gerais. Método: estudo de caso realizado
com doze técnicos de enfermagem participantes da capacitação. Estes responderam a um
questionário avaliativo e, posteriormente, participaram de um grupo focal, descrevendo suas
impressões acerca das metodologias de ensino. Resultados: As metodologias ativas
promoveram a integração do grupo e levantaram pontos conflitantes do trabalho, gerando
reflexão e descontração. Possibilitaram aprofundar conhecimentos e compartilhar experiências,
questionando a responsabilidade e participação da enfermagem na equipe multidisciplinar.
Destacou-se a importância de se colocar no lugar do outro para redução de riscos na assistência
e compromisso com o trabalho. Conclusão: As metodologias ativas foram consideradas
adequadas, pois, proporcionaram uma experiência rica e reflexiva voltada para melhorias do
processo de trabalho e qualidade da assistência.
2. METODOLOGIA
Para analisar a utilização das metodologias ativas implementadas na capacitação
dos profissionais de enfermagem, realizou-se uma pesquisa qualitativa, do tipo estudo
de caso.
No estudo de caso utilizam-se estratégias de investigação qualitativa para
mapear, descrever e analisar o contexto, as relações e as percepções a respeito da
situação, fenômeno ou episódio em questão, tornando-se útil para gerar conhecimento
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. RESULTADOS
O perfil dos participantes mostra que 67% são do sexo feminino; com idade
média de 38,6 anos; 67% tem de 10 a 15 anos de formados; 51% tem menos 2 anos de
serviço na instituição; 58% possui formação superior, apesar de exercerem a função de
TE. Os participantes atribuíram conceito ótimo para o conteúdo (83,3%) abordado, tanto
na oficina quanto na dramatização, ótimo para a metodologia (91,6%) e sequência das
atividades realizadas (66,6%).
A partir das respostas do grupo focal foram extraídas as unidades de significado
que deram origem às categorias temáticas apresentadas a seguir.
4. DISCUSSÃO
Na área da saúde a formação dos profissionais deve ter como objetivo a (re)
estruturação do processo de trabalho, a partir da problematização da realidade. Assim,
ressalta-se na EPS a característica do trabalho educativo grupal, que permite explorar as
experiências de cada um e o compartilhamento de suas vivências, que servem à
reconstrução do conhecimento e uma visão crítica de seu trabalho (CASTANHO, 2012).
Nessa direção, um estudo realizado em diversos municípios mineiros mostra que
a EPS foi concebida como uma forma de problematizar o cotidiano nos serviços de
saúde, pois, possui uma importância estratégica para fortalecer os trabalhadores na
busca de práticas inovadoras na assistência, no ensino, na gestão e na participação social
(SILVA, et al., 2017).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As respostas demonstraram que a Oficina dos Sentidos e a Dramatização são
estratégias dinâmicas, capazes de motivar a equipe, promoverem a participação do
grupo, além de permitirem um processo de ensino aprendizagem dialógico e reflexivo,
a partir da problematização da prática profissional. Em contrapartida, os participantes
assinalaram que, nas metodologias tradicionais o trabalhador ocupa um lugar passivo,
o que torna a atividade cansativa e monótona.
Os participantes enfatizaram que as metodologias utilizadas possibilitaram
trazer à tona questões difíceis de serem abordadas numa discussão acerca da realidade
do trabalho, como o erro humano, desvinculada do viés da culpa e da punição.
Relataram que a capacitação pôde ser focada a resolução do problema, em uma
perspectiva educativa e preventiva, visando assegurar a segurança do paciente e não
somente a exposição do erro.
Por fim, ao vivenciarem o papel do paciente, os trabalhadores puderam discutir
a mecanização do processo de trabalho e as imposições que, muitas vezes, são feitas
AGRADECIMENTOS
Agradecemos o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de Minas Gerais (FAPEMIG), ao conceder uma bolsa de iniciação científica por meio do
Edital 01/2016 da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais.
REFERÊNCIAS
DIESEL, Aline et al. Os princípios das metodologias ativas de ensino: uma abordagem
teórica. Revista Thema, v. 14, n. 1, p. 268-288, 2017.
YIN, Robert K. Estudo de caso. Planejamento e métodos. 5ed. Porto Alegre (RS):
Bookman Tradução de Daniel Grassi. 2015.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 1.ed. São Paulo: Edições 70. 2011. 229 p.
CASTANHO, Pablo. Uma Introdução aos Grupos Operativos: Teoria e Técnica. Rev.
Vínculo, v.9, n.1, p. 47-60, 2012.
2 Graduando do curso de Medicina. Universidade Federal de São João del Rei – UFSJ
3 Graduando do curso de Educação Física. Universidade Federal de São João del Rei – UFSJ
4 Farmacêutico da secretaria municipal de saúde de São João del Rei-MG.
5 Professor Adjunto do Departamento de Educação Física. Universidade Federal de São João del Rei – USJ
6 Professora Adjunta do Departamento de Ciências Naturais. Universidade Federal de São João del Rei – USJ
RESUMO
O contexto da formação em saúde vem sendo alvo de inúmeras discussões e pesquisas nos últimos
anos. Esse tema é importante para pensar o tipo de cuidado em saúde que está sendo ofertado nos
serviços, assim como, quais relações de trabalho se estabelecem dentro destes, e, para além disso,
se faz relevante também para que se possa questionar a posição político-social que o processo
formativo em saúde ocupa. Um foco que tem sido presente e a avaliação da formação de
competências comuns e específicas para a formação interprofissional. Dessa forma é importante
diagnosticar a interprofissionalidade e suas competências entre os cursos de saúde de uma
universidade, desde a sua formação, possibilidades de inserção da formação interprofissional
integrada nesses cursos. Neste presente trabalho, foi realizado um estudo com grupos focais com
discentes dos cursos de educação física, medicina e psicologia, preceptores da área de saúde e
docentes que atuam nesses cursos com o intuito de avaliar a formação interprofissional perpassando
na formação dos futuros profissionais de saúde e no serviço. Para tal, analisou-se as falas de alunos,
docentes e preceptores profissionais da saúde sobre a integração de ensino e serviço entre os cursos
de saúde de uma universidade do interior de Minas Gerais com o SUS e estimulou-se uma reflexão
sobre possíveis mudanças curriculares nos cursos de saúde dessa universidade. Existem alguns
exemplos de currículos em universidades no Brasil focando uma formação mais integrada entre os
cursos de saúde e essa discussão pode ser uma oportunidade de reflexão para outras universidades.
2. METODOLOGIA
Este trabalho foi qualitativo, defendendo a noção de que o conhecimento não é
neutro, e de que a investigação dos fenômenos humanos tem características específicas
que diferem do modelo das ciências naturais, que os significados que buscam ser
descritos e analisados advém das próprias interações sociais (CHIZZOTTI, 2003). Assim,
conforme Gondim (2003, p. 122) assume-se que “o que é investigado não é
independente do processo de investigação”. Além disso, define-se como um estudo
exploratório, visto que procura-se uma aproximação da temática abordada, para se
construir uma visão geral desta (GIL, 2008).
A técnica de coleta - e produção - de dados utilizada foi o método de grupos
focais. Nestes a investigação se deu tendo o próprio grupo como unidade de análise,
para além da soma dos membros unitários que o compõem. Assim, houve a coleta dos
grupos focais, visto que é necessário que estes participantes sejam sujeitos que se
proponham a discutir o tema em questão, sendo mais provenientes a tal aqueles que
demonstrem interesse de participar. Além disso, como forma de caracterizar aquele
grupo que está sendo trabalhado, os participantes serão convidados a responder um
questionário para caracterização do perfil sociodemográfico. Este, assim como o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)- (aprovado com o número CAAE
31639720.2.0000.5151 aprovado pelo comitê de ética em pesquisa humana), foram
enviados através de um link de um formulário online, da plataforma Google Forms, no
qual o participante deu o seu consentimento para participar da pesquisa.
A intencionalidade do grupo focal foi buscar compreender as potencialidades e
limitações da Educação Interprofissional dentro do contexto de formação dessa
universidade do interior. Para isso, foi estruturado um roteiro contendo questões
centrais sobre a percepção dos atores ali envolvidos, tendo como plano de fundo a
discussão sobre o processo de integração curricular. O roteiro teve poucos itens, com
diferentes níveis de complexidade, em que o aprofundamento da discussão se deu ao
longo do grupo. Foram abordadas questões relacionadas ao entendimento dos atores
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A formação em saúde, integrando conhecimentos teóricos e instrumentais com
a possibilidade do trabalho em campo, é a aspiração para todas as profissões de saúde
atualmente. Essa mentalidade se opõe aos modelos mais clássicos de educação, que
ainda imperam no ensino brasileiro, e que vão na contramão de uma educação bancária
(FREIRE, 2005), e convoca o estudante para um protagonismo maior dentro do seu
processo de aprendizagem. De acordo com Vilela e Mendes (2003) a educação dos
profissionais de saúde deve pautar-se nos conhecimentos experimentados, vividos; pois
estes permitem formar profissionais com capacidade de solucionar problemas. Assim,
pelos profissionais de saúde, que são preceptores nos campos de estágio. Isso é
percebido após as análise das falas: os preceptores julgam que ocorre um
distanciamento entre formação teórica dentro da universidade com a prática exigida
para trabalhar no SUS. Algumas falas que ilustram tal afirmativa são: “[...] na época não
existia estágio, formação falha em saúde pública [...]”; “[...] capacitei por conta própria,
fora da universidade [...]”; “[...] não tinha uma visão de saúde coletiva [...]”; “[...] os
alunos chegam com a visão de saúde privada no SUS”.
Segundo Camara, Grosseman e Pinho (2015), previamente, há muitos relatos na
literatura sobre a importância de uma graduação em que os estudantes dos cursos de
saúde participem, efetivamente, atuando por meio de estágios nos dispositivos de
saúde pública. Dessa maneira, esses desenvolvem assim um aprendizado teórico e
prático sobre o SUS e a atenção primária; os autores chamam de "importância do saber-
fazer”. A possibilidade de um dispositivo de atenção primária receber mais de um curso
estagiando em sua unidade evidencia cada vez mais que a atenção primária é um
excelente cenário para a educação interprofissional.
saúde, em especial o brasileiro que é referenciado pelo Sistema Único de Saúde. Esse
tipo de pensamento hegemônico contribui para antigas correntes sanitaristas que
definem a saúde apenas como ausência de doença. E limita a noção de saúde como um
conceito ampliado, que abarca outros fatores que fogem à abrangência do olhar médico.
Assim, não teria sentido o médico ainda deter todo o saber-poder sobre saúde, sendo
que ele não é mais o único ator de cuidado e preservação desta.
As relações de poder instituídas ecoam dentro da formação profissional. Tal
fenômeno ratifica-se dentro dos grupos focais, como observado no GF de educação
física: “[...] um médico tem mais valor, por exemplo, que um educador físico”. Se até na
educação para a saúde tal pensamento se constrói, o quão ingênuo seria crer que isso
não tem impactos diretos na assistência?
Porém, não se busca apontar a figura do médico como a única responsável pelas
relações de poder. Todos os campos constroem muros para legitimar e validar seu saber
e, especialmente, seu poder frente aos demais. Nesse contexto, é válido ressaltar o
fenômeno conceituado como tribalismo profissional, que diz sobre o fechamento das
vai ao encontro do estudo de Ojeda e Strey (2008), no qual afirmam que projetos que
são construídos isoladamente e sem ampla discussão no cenário de saúde, podem trazer
embutidos neles, estratégias de poder. Nesse sentido, torna-se relevante adotar
práticas que possam promover discussões com temáticas comuns que busquem
compreender o saber do profissional em busca de desconstruir saberes hierarquizados.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Logo, através da revisão bibliográfica e discussões provenientes dos grupos
focais, foi possível perceber o distanciamento entre as áreas da saúde trabalhadas em
questão, o desenvolvimento da prática ainda está centrada no curso de medicina e os
cursos de psicologia e educação física lutam por estágios em UBS. Outro ponto
importante é o envolvimento de interesses políticos por estágios na rede pela
universidade particular/ Potencialidade na melhoria de atendimento aos usuários da
rede/ Compartilhamento e experiência da prática no serviço de saúde por vários alunos
de cursos da saúde.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos participantes da pesquisa: discentes dos cursos de educação
física, medicina, psicologia, preceptores e docentes da área da saúde que contribuíram
com esse trabalho.
REFERÊNCIAS
BACKES, D. S.; COLOMÉ, J. S.; EDRMANN R. H.; LUNARDI, V. L. Grupo focal como técnica
de coleta e análise de dados em pesquisas qualitativas. O Mundo da Saúde. São
Paulo, v. 35, n. 4, p. 438-442, 2011.
CAMARA, Ana Maria Chagas Sette; GROSSEMAN, Suely e PINHO, Diana Lucia Moura.
Interprofessional education in the PET-Health Program: perception of tutors.
Interface (Botucatu) [online]. vol.19, suppl.1, pp. 817-829, 2015. ISSN 1807-5762.
http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0940.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, 42.ª edição.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª ed. São Paulo : Atlas, 2008.
OJEDA BS, STREY MN. Saberes e poderes em saúde: um olhar sobre as relações
interprofissionais. Rev Ciência & Saúde, 1(1): 2-8, 2008.
REEVES S. Why we need interprofessional education to improve the delivery of safe and
effective care. Interface (Botucatu). 20(56):185-96, 2016.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
RESUMO
O presente artigo trata da importância da monitoria na disciplina de bioquímica geral do
curso de odontologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) no campus
de Patos-PB, mais especificamente em um período de pandemia do novo coronavírus,
onde tudo teve que ser realizado de forma remota. Assim, a monitoria foi de grande
valor para facilitar a comunicação dos alunos com o professor e tirar as dúvidas dos
alunos por meio de discussões, questionários semanais e a indicação de vídeos das
atividades práticas. Vale ressaltar, que o benefício é mútuo, não só os alunos e o
professor, já citados, mas também os monitores que aprofundam o conhecimento sobre
a disciplina e passam por uma experiência diferente de interação social no âmbito
acadêmico. Ademais, não só a monitoria, mas a própria disciplina faz-se crucial para a
formação acadêmica e o dia a dia clínico de um cirurgião-dentista, abordando assuntos
imprescindíveis como metabolismo dos carboidratos, o funcionamento da insulina,
diabetes mellitus, precursores hormonais como o colesterol, entre vários outros
assuntos essenciais.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma análise descritiva, de ordem de relato de experiência, vivenciada
através da participação no Programa Institucional de Monitoria versão 2020.2e da
3. RELATO DE EXPERIÊNCIA
Para participar do programa de monitoria 2020.2 da UFCG os candidatos
deveriam, dentre outras atribuições: estar regularmente matriculados em curso de
graduação ou ensino básico da universidade referida; ter disponibilidade de 12 horas
semanais para realizar as atividades de monitoria; ter cursado a disciplina de interesse
bem como ter atingido, no mínimo, média 7,0 na mesma; apresentar Coeficiente de
Rendimento Acadêmico (CRA) equivalente a, no mínimo, nota 6,0 e não participar de
outros programas acadêmicos com exceção daqueles que fornecem algum auxílio ao
estudante. Na seleção dos monitores, foram classificados aqueles que atenderam aos
requisitos do Edital PRE/UFCG nº 12/2021 de forma que para a disciplina de Bioquímica
Geral do curso de odontologia foram selecionados quatro monitores.
Em decorrência da pandemia da COVID-19 e das modificações na metodologia
de ensino, as atividades de monitoria foram exercidas de forma remota, síncrona e
assíncrona, com apoio de ferramentas digitais, as quais auxiliaram para aprimorar o
aprendizado dos alunos e aproximar ao máximo a vivência acadêmica do semestre
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A bioquímica, embora ocupe um lugar de extrema importância nos cursos das
áreas de saúde, é apontada pelos discentes como complexa e de difícil compreensão
(GOMES; RANGEL, 2006). Segundo Nunes (2007), o programa de monitoria acadêmica
demonstra potencial para contribuir com o aprimoramento do ensino e vai de encontro
Alunos Número %
Matriculados 36 100
Aprovados 35 97, 77
Reprovados 0 0
Trancamentos 0 0
5. CONCLUSÃO
A disciplina de Bioquímica Geral está presente na grade curricular de inúmeros
cursos como uma das bases para outras disciplinas e embora alguns assuntos sejam
abordados superficialmente no ensino médio, ainda há dúvidas sobre. A monitoria se
faz presente para facilitar o aprendizado dos discentes esclarecendo dúvidas e
facilitando a compreensão dos assuntos, além de enriquecer o conhecimento de ambos
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Manuela Alves Cavalcanti et al. Bioquímica como sinônimo de ensino,
pesquisa e extensão: um relato de experiência. Revista Brasileira de Educação
Médica [online]. 2012, v. 36, n. 1, p. 137-142. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0100-55022012000100019. Acesso em: 11 nov. 2021.
NUNES, João Batista Carvalho. Monitoria acadêmica: espaço de formação. In: SANTOS,
Mirza Medeiros dos; LINS, Nostradamos de Medeiros (Org.). A monitoria como
espaço de iniciação à docência: possibilidades e trajetórias. Natal: EDUFRN, p.
45-57, 2007. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/353141725_Monitoria_academica_
espaco_de_formacao. Acesso em: 11 nov. 2021.
RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo tem como base uma revisão bibliográfica e pesquisa de
campo. Este trabalho teve início após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisas do
Centro Universitário Redentor, sob o número 71618717.3.0000.5648, e nele foi utilizado
o método descritivo exploratório, qualitativo e quantitativo de intervenção, tendo como
público-alvo estudantes de nível superior do Centro Universitário Redentor, localizado
no município de Itaperuna/RJ. Os dados da pesquisa foram coletados através de um
questionário entregue no próprio ambiente acadêmico; aos alunos de ambos os sexos;
idades distintas e cursos de Humanas/Saúde; após assinarem o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido sobre a pesquisa.
Ao todo, responderam 27 perguntas estruturadas, sendo todas objetivas cujos
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados da pesquisa foram coletados durante o período de agosto a dezembro
de 2017. Treze alunos da instituição Centro Universitário Redentor assumiram o
compromisso de participar da pesquisa, porém, somente onze responderam ao
questionário proposto e foram orientados, participando de todo o processo de
estimulação cognitiva até o período da primeira verificação (V1). Destes, oito
retornaram após a verificação 2 (V2) para responder as perguntas novamente. A partir
da segunda verificação, o cálculo de porcentagem passou a se basear no total de oito
participantes (ou seja, 100% = oito).
submeter à uma compreensão mais apurada em relação a esse cérebro que chegou até
a universidade. Isso ocorre em função dos processos de aprendizagem demandarem
refinamento da informação. Sendo assim, todo conhecimento adquirido por meio da
forma de aprendizagem individualizada requer do aluno um desafio de produzir uma
aprendizagem qualificada, ou seja, o material aprendido torna-se evoluído em
diferentes estágios da aprendizagem.
Segundo Lave (2013), o conhecimento sempre sofre construção e transformação
em seu uso. A aprendizagem é um aspecto integral que conecta a atividade cerebral
com o mundo, em todos os momentos. O fato de haver aprendizagem não é a questão,
a problemática é saber como esse cérebro aprende no cotidiano acadêmico, pois, o
processo que envolve a aquisição desse conhecimento é complexo. Não é uma simples
questão de absorver um determinado conteúdo. Ao contrário, as coisas classificadas em
categorias naturais, como “corpos de conhecimento”, “educandos” e “transmissão
cultural”, exigem reconceituação.
Com base na ideia de que o desenvolvimento cognitivo é individual em cada ser
humano, assume-se que de forma única mecanismos biológicos, químicos, fisiológicos e
Durante o sono, o cérebro ensaia o que aprendeu durante o dia. Isso significa
que correntes cerebrais se solidificam quando estamos dormindo, via mecanismo de
sinapses entre as espinhas dendríticas e axônios de outros neurônios. É possível
entender e pesquisar acerca dos sinais elétricos que correm várias vezes pelo mesmo
conjunto de neurônios. Além disso, um neurônio pode inclusive conectar-se a outro por
meio de várias sinapses, tornando as correntes cerebrais ainda mais fortes (OAKLEY,
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2019).
É como se um “faxineiro sináptico” viesse remover as espinhas dendríticas que
não estão sendo usadas. Partindo desse princípio, novas espinhas e suas sinapses
começam a crescer somente o indivíduo estiver realmente focado na nova informação
que quer aprender. Porém, as mesmas podem desaparecer facilmente se o discente não
as exercitar. Ou seja, senão usá-las, poderá perdê-las (OAKLEY, 2019).
Sinapses são formadas pela a comunicação entre dois neurônios. Há dois tipos
de sinapse: a elétrica e a química. A elétrica permite que o estímulo elétrico passe de
um neurônio para o outro. Já a sinapse química é a realizada por meio da liberação de
neurotransmissores entre neurônios. Além disso, a atenção e a formação de memórias
têm papel essencial na aquisição de novas habilidades aprendizagem. É através da
atenção que se filtra as informações relevantes no meio atenção seletiva e se mantém
sob foco esta informação desejada atenção sustentada e focalizada (LIMA, 2005).
A memória operacional ou de trabalho ocupa a função de selecionar, analisar,
conectar, sintetizar e resgatar as informações já consolidadas e apreendidas na memória
de longo prazo. A memória operacional faz a conexão entre as informações novas e
aquelas já aprendidas (LIMA, 2005).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio de estudos bibliográficos e pesquisas acadêmicas realizadas, fica claro
o quanto a neurociência no âmbito escolar pode ser utilizada como ferramenta. O
estudo ainda permitiu verificar que a ideia de aprendizagem no ensino superior é
complexa, pois cada aluno quando inserido nesse âmbito acadêmico, adquire
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
REFERÊNCIAS
AARON, S. H. et al. A Neurodinâmica do Afeto no Laboratório prevê a persistência das
respostas emocionais do mundo real. Davidson Journal of Neuroscience, v. 35,
n. 29, p. 10503-10509, 2015.
GRIVAS, J. Psychology: VCE, Neural basis of learning. 5ª edição. South Yarra: VIC
Macmilan Education Australia Pty, 2013.
VILA, C., DIOGO, S., VIEIRA, A. Aprendizagem. Revista ABPAG - O Portal dos Psicólogos,
n. 4, p. 01-16, 2009.
RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Saúde da Região.
Uma das interfaces que conecta a integração ensino-serviço é a educação. Na
saúde, uma das expressões da educação se faz pela educação permanente. A demanda
por projetos acerca deste tema cresceu e tomou contornos intersetoriais, com isso, foi
proposto o programa de extensão em EPS. Dessa forma, foi organizada proposta sobre
educação permanente para profissionais da saúde e assistência social, docentes,
preceptores e discentes e apresentada à Comissão Intergestora Regional e em fóruns da
Assistência Social.
A equipe do projeto de extensão percorreu os 18 municípios que compõem a
Região de Saúde para levantar as necessidades de profissionais, usuários e gestores e
identificou além de temas técnico-científicos, também a necessidade de se promover
espaços de formação de compromisso e de solidariedade entre as pessoas, com trocas
afetivas e simbólicas. Além disso, foi identificada escassez de ações de educação
permanente (SOUSA ET AL, 2021).
Ao final do ano de 2018, foi oferecido às secretarias de saúde dos municípios da
Região de Saúde, o curso de formação em Educação Permanente em Saúde, sendo a
do sujeito com sua vida (REGO, 1995, p.93 apud. Lima in Oliveira, et al. 2017, p.16) e que
conversam com os princípios da EPS e com o quadrilátero da formação em saúde:
atenção, ensino, gestão e controle social. Dessa forma, se pode promover a educação
em saúde que não seja apenas centrada em procedimentos técnicos, sistemas orgânicos
e tecnologias altamente especializadas ,e sim nos sujeitos que compõem os dois
sistemas.
Os profissionais participam das ações em pequenos grupos e o mediador da
aprendizagem recebe nesta proposta o nome de facilitador (a). O programa tem uma
estrutura organizacional que incentiva a integração e educação permanente de todas e
todos os envolvidos. O fundamento desta proposta de EPS é a construção de relações
por afetos e gestos, por processo educacional ético e respeitoso, com espaços
democráticos de fala, em que todas as opiniões tenham importância, sejam livres de
amarras hierárquicas (SOUSA ET AL, 2021). Na perspectiva do quadrilátero,
trabalharemos com a análise sistêmica e longitudinal dos quatro atores: controle social,
universidade, gestão e trabalhadores. Iniciaremos pela universidade.
3. CONCLUSÕES
São muitos os questionamentos levantados no percurso de se fazer Educação
Permanente na Região de Saúde descrita. Segundo Ceccim e Feuerwerker (2005, p.165)
a interação entre os segmentos do quadrilátero “deveria dignificar as características
locais, valorizar as capacidades instaladas e desenvolver as potencialidades existentes
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
4. REFERÊNCIAS
AROUCA, Sérgio. O Dilema Preventivista: Contribuição para a compreensão e crítica da
medicina preventiva. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2003.
COSTA, Jurandir Freire. Ordem Médica e Norma Familiar. Rio de Janeiro: Edições Graal,
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
1983.
HADDAD, Ana Estela. et al. Política Nacional de Educação na Saúde. Rev Baiana Saúde
Pública, v. 32, n. 1, p. 98-114, out. 2008.
MACIEL, Regina Heloisa Mattei Oliveira; SANTOS, João Bosco Feitosa.; RODRIGUES,
Rosana Lima Condições de trabalho dos trabalhadores da saúde: um enfoque
sobre os técnicos e auxiliares de nível médio. Rev. Bras. Saúde Ocup., São Paulo,
v. 40, n. 131, p. 75-87, jun. 2015.
NUNES, Everardo Duarte; GARCIA, Juan César. (Orgs.) Pensamento Social na América
Latina. São Paulo: Cortez, 1989.
SOUSA, Rosa, BARBOSA, Nathália, AZEVEDO, Priscila, & DELA-SÁVIA, Juliana. Gestos e
afetos pela educação permanente: A Experiência De Um Programa. Caminho
Aberto: Revista De extensão do IFSC, (15), 52–62, 2021. .
STOTZ, Eduardo. Enfoques sobre educação e saúde. In: VALLA, V.; STOTZ, E. N. (Orgs.).
Participação Popular, Educação e Saúde: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Relume-Dumará, 1993, p.11-22.
VIEIRA, Suellen de Paula et al. Planos de carreira, cargos e salários no âmbito do Sistema
Único de Saúde: além dos limites e testando possibilidades. Saúde debate, Rio
de Janeiro, v. 41, n. 112, p. 110-121, mar. 2017.
RESUMO
A monitoria nos cursos de nível superior, estão estabelecidas na Lei de diretrizes e bases
da educação brasileira, promulgada no dia 20 de dezembro de 1996, trazendo uma
proposta de ensino-aprendizagem, onde o monitor desenvolve atividades supervisionas
pelo professor, que tornam o ensino mais atraente e de fácil compreensão. Tal proposta,
e de grande valia para a disciplina de bioquímica, visto que a mesma requer do aluno
uma maior atenção pelo seu nível de complexidade. Com base, nessa perspectiva o
presente trabalho teve como objetivo, descrever as experiências vivenciadas na
monitoria à distância da disciplina de bioquímica, no curso de Ciências Biológicas da
Unidade Acadêmica Ciências Biológicas – UACB, Campus Patos-PB, da Universidade
Federal de Campina Grande – UFCG, durante o semestre 2020.2. O estudo elucida que
todos os alunos matriculados obtiveram êxito na aprovação da disciplina, e de maneira
mais relevante a contribuição da monitoria para aluno-monitor na formação adequada,
para que no futuro eventuais exigências e dificuldades sejam superadas. Portanto, o
monitor em seu papel, busca caminhos que facilitam a compressão e interpretação dos
alunos, despertando interesse no processo de aprendizagem.
1. INTRODUÇÃO
A monitoria encontra-se prevista na Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
qual estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Em seu artigo 84, a referida
lei dispõe que “os discentes da educação superior poderão ser aproveitados em tarefas
de ensino e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de
acordo com seu rendimento e seu plano de estudos” (BRASIL, 1996).
A monitoria nas disciplinas do ensino superior vai além da obtenção de uma
certificação, enriquecimento do currículo ou uma contagem de pontos nas atividades
independentes do curso. Sua importância vai mais além, seja no aspecto pessoal de
ganho intelectual do monitor, seja na contribuição dada aos alunos monitorados e,
principalmente, na relação de troca de conhecimentos, durante o programa, entre
professor orientador e aluno monitor. O monitor experimenta em seu trabalho docente,
de forma amadora, a primeira experiência da profissão de professor (MOURA;
NOGUEIRA, 2018).
No curso de ciências biológicas o programa de monitoria é ofertado pela
disciplina de bioquímica, objetivando o crescimento profissional dos discentes na
educação superior (SIMÕES et al., 2020). A Bioquímica é a parte da Biologia responsável
pelo estudo das estruturas, da organização e das transformações moleculares que
2. MATERIAL E METÓDOS
Trata-se de um relato de experiência, forma metodológica que permite a
descrição de experiências vivenciadas, de natureza qualitativa, uma vez que evidencia
aspectos subjetivos do ser humano.
Esse relato, foi realizado por meio do trabalho desempenhado pelo monitor na
disciplina de bioquímica para o curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de
Campina Grande, no período de julho de 2021 a outubro de 2021.
A disciplina de bioquímica é contemplada para a realização da monitoria no
Curso de Ciências Biológicas com uma carga horária de 60 horas e quatro (4) créditos,
ofertada no 4º período noturno e no 2º período diurno. Houve a participação de três
monitores, dois bolsistas e um voluntário.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A bioquímica passou a ser considerada de grande valia no século XX, por tratar
assuntos que possuem um grau completo do estudo e capacidade de intervenção nos
mecanismos moleculares que regulam a vida. Trata-se de uma ciência, focada na
4. CONCLUSÃO
Diante do exposto, pode-se concluir que, a monitoria ofertada no curso de
Ciências Biológicas, proporciona aos alunos uma oportunidade a mais de aprendizado e
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE M.A.C. Amorim; Rocha; Silveira; Neri. Bioquímica como Sinônimo de
Ensino, Pesquisa e Extensão: um Relato de Experiência. Universidade Federal
do Vale do São Francisco, Petrolina, PE, Brasil. Revista Brasileira de Educação
Médica 36 (1): 137-142; 2012
BARROS, I.C.S; LACERDA C.S; ALVES, M.A. Relatos de monitoria: formação, aprendizado
e experiência [recurso eletrônico], Editora UNIIESP, 127 p.. Cabedelo-PB, 2021.
GARRIDO R.G, Araújo FO, Oliveira TH, Garrido FSRG. O lugar da Bioquímica no processo
de cuidar: Visão de graduandos em Enfermagem. Rev Bras. Ensino Bioquimica
Biol Molecular. 2010; 1:1-6.
Mestrado em Antropologia (UFPB); Doutorado em Psicologia (UFRN). Psicólogo da FUNAD – Fundação Centro
Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência no estado da Paraíba e do ICPAC – Instituto dos Cegos da Paraíba
Adalgisa Cunha, atuando na avaliação de pessoas e psicodiagnóstico.
RESUMO
Este ensaio refletirá sobre o processo de avaliação, entendendo que todas as realidades
podem ser avaliadas. Avaliam-se coisas, processos e pessoas. Considerando que a avaliação
é um ato humano, destacar-se-á a figura do avaliador. Compreende-se que quem avalia
utiliza parâmetros oriundos tanto de sua trajetória pessoal quanto de sua formação
intelectual. Muitas vezes, contudo, os parâmetros avaliativos acabam personalizados de
modo particular, prevalecendo a trajetória pessoal de quem avalia. Argumentar-se-á que os
parâmetros personalizados comumente se referenciam na família, na escola, na
autorreferência próxima, na classe social, na condição econômica e cultural do avaliador.
Entende-se que, por permearem o processo de avaliação, esses elementos podem afetar a
percepção do avaliador. Defende-se que generalizar parâmetros personalizados,
acriticamente, pode trazer riscos para processo de avaliação. Defender-se-á a importância
de critérios científicos que levem em consideração tanto aspectos clínicos quanto políticos
e sociais na avaliação.
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
169
aaaaaaaaaaaaa
1. INTRODUÇÃO: A RESPEITO DA AVALIAÇÃO E SOBRE AVALIAR
Tudo, absolutamente tudo, pode ser avaliado. Podem-se avaliar coisas, objetos,
ideias, constructos, coisas materiais, processos subjetivos. Pessoas também podem e
devem ser avaliadas. E, assim como as coisas, a avaliação de um ser humano pode ser
feita por exames laboratoriais, por testes, pela observação e pelos mais diferentes meios
criados pelo engenho humano.
Mas, o que é mesmo a avaliação? De acordo com Luckesi (2008, p. 33), a
avaliação pode ser caracterizada como “um juízo de valor”, esse juízo é realizado “com
base em caracteres relevantes da realidade do objeto de avaliação”, e “conduz a uma
tomada de decisão”. Ampliando em alguma medida a observação do autor acima
trazido, vale dizer que toda avaliação tem julgamento, que tem tanto a realidade
percebida quanto a realidade subjetiva antes mesmo de ter a decisão final. Mas, de
qualquer maneira, é a avaliação que determina rumos, que propõe consertos, quem
organiza ajustes, que faz situações deslancharem para melhor.
É claro que avaliar pessoas é bem diferente de avaliar coisas. Assim sendo, o ato
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
de olhar para o outro, ou para partes dele, e extrair daí uma opinião, com vistas a uma
possível tomada de decisão, ainda que cercado de liturgias científicas, com mediação de
instrumentos ou maquinários padronizados, mesmo nos enquadres da isenção
laboratorial, não é uma ação confortável. Saber, por exemplo, que um parecer pode
alterar significativamente o ‘status’ social do indivíduo, podendo estigmatizá-lo dentro
de uma sociedade que já é excludente com os diferentes, pode conferir ao processo
avaliativo uma carga de subjetividade não planejada no cronograma do evento.
Em qualquer situação, toda avaliação ou ato de avaliar comporta ao menos dois
entes importantes: o sujeito que avalia e o sujeito/objeto a ser avaliado. Por isso, abre-
se aqui um parêntese para dizer que embora seja difícil admitir, por romantismo ou por
acriticidade, todo ato avaliativo ocorre, em maior ou menor medida, dentro de uma
relação desigual. De um lado sempre vai estar o sujeito que sabe, que julga, que avalia
e que toma decisão, com ou sem ajuda de maquinário, de modo mais autoritário ou
mais democrático. Do outro, encontra-se, seja pessoa ou coisa, aquele que se tornará
objeto do saber externo, objeto do julgamento alheio e objeto da possível tomada de
decisão. Quando se pensa, por exemplo, na relação avaliativa envolvendo educadores e
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
170
aaaaaaaaaaaaa educando, pacientes e médicos, sabe-se bem qual é a palavra final que costuma
prevalecer, mesmo que exista resistência ao possível resultado a ser estabelecido.
É, portanto, inquestionável que há poderes desiguais no ato de avaliar e o
esforço tem de ser no sentido de diminuir todo e qualquer ranço de injustiça, de falta
de ética, de agressão e dano ao avaliado.
Por conta de sua complexidade, a avaliação não pode ser tomada como uma
atividade qualquer que possa ser feita de modo acrítico e irrefletido. Enquanto
julgamento, pautado na realidade, com vistas a uma tomada de posição não deveria ser
uma ação construída numa reta de mão única. Na verdade, ela deveria ser o que
realmente é: caminho que se bifurca ou que se abre em várias direções, atingindo
multifacetadas dimensões, pressupondo posturas epistemológicas e ontológicas
convergentes dentro da pluralidade e da diversidade de saberes interdisciplinares.
Toda avaliação compõe ou deveria compor um ritual, precisa ser processual. E
assim o é porque, enquanto caminho que se abre a várias direções, precisa tanto se
importar com a dureza, com a métrica, com a cientificidade da testagem, do exame, da
imagem, coisas que parecem garantir certa estabilidade na formatação da ‘grafia’ de um
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
indivíduo, quanto com a leveza da percepção da condição humana e com a agudeza até
‘instintiva e intuitiva’ que a experiência de avaliar adiciona à bagagem do avaliador.
Quando um humano avalia outro humano ele precisa, com retidão intelectual,
questionar o que fundamenta e quais são os conteúdos que vêm antes de sua avaliação.
Vale por em relevo que ao avaliarmos pessoas muitas dimensões humanas são,
silenciosamente, evocadas ou também esquecidas. É importante frisar que na ação de
avaliar, quer se queira ou não, o avaliador, mesmo que não se dê conta, está inteiro. Em
toda e qualquer avaliação, aquele que avalia não se desintegra, não se separa, utilizando
apenas uma de suas muitas dimensões. Seria, inclusive, um insulto à inteligência
humana acreditar que, no momento de uma avaliação, a avaliadora se limparia numa
espécie de manto de neutralidade fictícia. No ato de avaliar, aquele que avalia encontra-
se com o bojo de suas histórias, experiências, cargas culturais, posições políticas,
convicções religiosas, condições econômicas, relações existenciais etc. A pessoa não
deixa de ser negra, indígena, branca, homossexual, heterossexual, feminista, machista,
de direita, de esquerda, conservadora, progressista, moderada, extremista, católica,
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
171
aaaaaaaaaaaaa protestante, pentecostal, umbandistas, etc, na hora de avaliar. Na avaliação a pessoa
continua sendo o que sempre foi.
Ao que se pode perceber, nenhum avaliador avalia sozinho. Ele avalia de dentro
de sua história. Dessa forma, os atravessamentos identitários objetivados em possíveis
grupos de pertença, etnia, classe social, religião, preferência sexual, modo de ser e
existir perpassam todo ato de avaliar, independente do campo científico que na
avaliação esteja sendo considerado. “Dessa maneira, as concepções que temos sobre a
avaliação são construídas coletivamente por nossos processos de socialização, nossas
trajetórias de vida e educacionais, e exprimem o conhecimento socialmente produzido
sobre a realidade que nos cerca” (CORDEIRO; MIRANDA, 2020, p. 124). Seriam possíveis
isenção e neutralidade no ato de avaliar humanos?
Pode um avaliador encerrar uma avaliação ao estilo prego batido e ponta virada?
Ao final do processo nem sempre o ato está concluído em definitivo; pois se
honestamente esmiuçado, a convicção da completude do sujeito avaliado pode não
restar ainda de todo determinada no ato de avaliar, porque o sujeito pode ser muito
mais. Uma avaliação honesta deveria deixar sempre à avaliadora a seguinte pergunta:
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
esse sujeito não iria além se as suas condições existenciais fossem diferentes ou mesmo
se fossem melhoradas? Por isso, é necessário desconfiar do avaliador que não tem
dúvida, do avaliador que avalia e conclui de cara, como se tivesse uma bola de
advinhação.
Assim como os atravessamentos existenciais dos avaliadores, também seus
julgamentos nem sempre são exclusivamente científicos. Imagine-se, pois, que alguém
esteja avaliando fenômenos como inteligência, desempenho escolar, condição física
para a prática esportiva, comportamento social adequado ou socialmente conflitante
etc... É bastante óbvio que os modelos que são típicos de determinado universo cultural
serão tomados como parâmetros. Serão eles compartilhados por todos os grupos
sociais? Serão eles válidos?
Conforme Jodelet (1991), os seres humanos costumam elaborar no senso
comum uma identidade para objetos que os mobilizam a fim de saber como manejá-los
e o que se pode esperar deles. Fazendo uma aplicação desse argumento retirado da
teoria das representações sociais, pode-se imaginar que o avaliador não somente avalia,
mas também acaba construindo ‘teorias’ sobre a imagem adequada do avaliando
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
172
aaaaaaaaaaaaa enquanto pratica o exercício da função avaliativa. Por essa razão, julga-se importante
saber com clareza que aspectos psicossociais de cunho ético, identitário, político e
afetivo, por exemplo, atravessam o ato de avaliar e que são vivenciados por todos os
atores envolvidos no processo. Avaliando e avaliador compartilham os mesmos
universos culturais, sociais, econômicos? A resposta será: nem sempre. É nesta
perspectiva que Bicalho e Vieira (2018) definem a avaliação como tendo, ou
necessitando ter, “uma importante dimensão dialógica na medida em que envolve
concepções acerca de quem avalia e de quem é avaliado”.
Considerando a problemática acima mencionada, partindo-se da prática
profissional, em diálogo com diferentes autores, neste ensaio objetiva-se refletir sobre
o processo de avaliação, com destaque especial para a figura daquele que avalia. Parte-
se da pressuposição de que todo avaliador desenvolve ou acaba assumindo parâmetros
avaliativos em sua prática profissional. Destaca-se que estes parâmetros, mesmo
eivados de intelectualidade, não são necessariamente neutros, nem apenas acadêmicos
ou somente científicos. Como são construídos ao longo da trajetória existencial e
profissional, esses parâmetros terminam sendo muitas vezes misturados e
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
173
aaaaaaaaaaaaa já estão postos por antecipação na plataforma mental do avaliador. Eles fazem parte
tanto dos repertórios oriundos das trajetórias humanas quanto dos repertórios
apreendidos no caminho acadêmico. Contudo, embora eles também provenham da
história científica de cada profissional, como perpassam a história humana individual,
muitas vezes, assumem um arranjo misturado e acabam sendo personalizados ou, para
ser um pouco mais redundante, autopersonalizados. Esses critérios se escalonam de
modos diferentes. E, em maior ou menor medida, toda avaliação profissional se perfila
e toma forma solidificada a partir das experiências, das vivências e das condições
pessoais daquele e daquela que avalia. Seguindo uma lógica mais didática, neste tópico
serão postos em questão os lugares de onde os avaliadores retiram alguns de seus
critérios que acabam se transformando em seus parâmetros.
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
174
aaaaaaaaaaaaa provável que um avaliador recorde-se de sua experiência de alfabetização. O avaliador
toma frequentemente a si como modelo.
partir dos modelos herdados e construídos por sua classe social. São os valores que seu
grupo social entende como salutares que saltarão aos seus olhos. Espera-se, inclusive,
que todas as classes sigam seu modelo. Imagine-se que uma família de classe média
jamais deixará seu filho se envolver com uma atividade profissional precoce. Assim,
quando uma criança oriunda de outra família é vista numa atividade laborativa, o
julgamento se faz automático, indicando que se deve, por exemplo, tomar a decisão de
denunciá-la ou encaminhá-la a órgãos competentes. Na avaliação cotidiana o parâmetro
da classe social não pode ser mascarado.
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
175
aaaaaaaaaaaaa família é uma mola definidora de todos os saltos e vôos de seus membros. E muitas
vezes o dinheiro da família não apenas define, mas molda, determina o futuro.
3. MOMENTO DE DISCUSSÃO
Embora os parâmetros dos avaliadores sejam autorreferidos, confeccionados
com base em várias fontes, aqui foram destacados separados apenas por questões
didáticas. Na verdade eles não interferem nas avaliações assim tão arrumadinhos. De
qualquer forma, é necessário que se pense sobre eles porque eles têm consequências
importantes.
A desatenção aos muitos condicionantes da vida também estão refletidos nos
vários arcabouços teóricos disponíveis. Quando se toma obras clássicas da psicologia do
desenvolvimento, da pedagogia e da pediatria, por exemplo, percebe-se que elas
focalizavam suas análises em um único parâmetro mais acessível de infância,
adolescência, adulteza e velhice. Via de regra, as pessoas consideradas eram oriundas
da etnia caucasiana, que residiam na zona urbana, pertenciam ao mundo ocidental e
eram provenientes das classes econômicas médias ou altas (OZELLA, 2002). O
entendimento de uma infância como um fenômeno plural e multifacetado, que só pode
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
176
aaaaaaaaaaaaa ser compreendida a partir da sua relação com seu contexto mais amplo tem sido
estabelecido pelo campo dos Estudos da Infância, num movimento recente e talvez
ainda não tenha sido suficientemente trabalhado.
Retomando a discussão, vale lembrar que Bicalho (2013) aponta que os
parâmetros de normalidade e patologia nos quais costuma-se ancorar o processo de
avaliação são também extraídos dos repertórios de valores dados por pares, os quais
compartilham em comum ou tácito acordo os mesmos grupos identitários. Assim sendo,
é importante que a formação de avaliador produza interrogações sobre a partir de que
fontes estes profissionais estão construindo seus entendimentos acerca do ser humano
e dos fenômenos que o circundam.
Então, tomar parâmetros ao redor das referências pessoais, parâmetros
personalizados, é bom ou ruim? Longe do maniqueísmo, do bem e do mal, do certo e
do errado como realidades estanques, é preciso deixar claro que não se trata de coisa
boa ou ruim. Se trata de uma interferência que precisa ser analisada e não apenas
incorporada.
É importante saber que a família do avaliador e a família do vizinho da avaliadora
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
podem não ter feito os mesmos caminhos de seus avaliandos. Há casos em que famílias
pertencentes à mesma parentela estendida acabam tendo condições sociais, culturais e
econômicas completamente diferentes, não sendo possível que se espere delas os
mesmos resultados finais.
Cada avaliador precisa tomar consciência acerca dos valores que ele traz
embutidos em si. Quais valores de sua classe social podem, de fato, ser compartilhados
por outras famílias da humanidade? Também é preciso ter ciente a que classe social o
avaliador pertence. Segundo Gama (2009, p. 190): “Como sabemos, as teorias de
avaliação não são neutras e sempre correspondem a diferentes concepções sociais de
mundo”. É necessário que se saiba como sua classe se comporta frente às demandas da
vida, o que ela pensa e como age em relação à escola, à saúde, ao emprego, à dor, por
exemplo. Mas é preciso que a avaliadora não espere das outras classes o
comportamento demonstrado publicamente pela sua.
Vale salientar que todo sistema escolar, por exemplo, privilegia aprendizagens e
modos de resolução de problemas típicos de uma classe social mais dominante, muitas
vezes divergindo dos modos que são adquiridos a partir de diferentes situações sociais
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
177
aaaaaaaaaaaaa do cotidiano de muitos dos alunos das classes subalternas. Isso, por si, aponta como
pode ser nocivo medir um avaliando por critérios familiares de um grupo que não é o
seu. Portanto, nem sempre vai ser possível avaliar uma criança das camadas populares
tomando-se critérios das classes médias ou altas. Também nem sempre vai ser possível
avaliar uma criança supondo um critério mais universal. Crianças avaliadas por métricas
de classes diferentes das suas acabarão sendo prejudicadas na avaliação do seu
desempenho, sobretudo se apresentarem formas de raciocínios discrepantes dos
requeridos pelos professores e avaliadores que desconhecem seus modos de vida.
É possível que crianças que embora já tenham adquirido os conceitos científicos
e o desenvolvimento cognitivo necessários para responder a uma determinada questão,
não consigam expressar seus conhecimentos através de um caminho de resolução
alheio ao seu. Aliás, essa realidade já foi mostrada no célebre estudo “na vida dez, na
escola zero”, de Carraher, Carraher e Schiliemann (1982).
É válido como exercício, de vez em quando, que a avaliadora interrogue a si: por
pertencer à classe social à qual pertence, qual foi a qualidade de vida que ela teve, quais
os estímulos lhe foram dados, quantos apoios recebeu? Teria o que tem se não tivesse
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
178
aaaaaaaaaaaaa irão servir aos interesses das classes financeiramente mais elevadas. Refletindo sobre a
psicologia, informa Ana Bock (2017, p. 15): “Nós nos instalamos no Brasil, como
profissão, claramente a serviço da burguesia, da elite brasileira, no projeto que essa elite
produziu, alimentou, desenvolveu de modernização do País”. É bem verdade que a
autora estava falando de psicólogos e para psicólogos. Mas isso certamente vale para
outras profissões. Por pertencerem ou se sentirem da classe média, todo ideário das
profissões universitárias, não apenas o da psicologia, tem sido um ideário que muito se
harmoniza com a classe média que serve e reproduz valores, obviamente, ligados às
classes mais abastadas. Nas palavras de Gama (2009, p. 190): “Cada classe cria sua
concepção de mundo, mas é a da classe dominante que se torna hegemônica e é
reproduzida constantemente”. Como fugir dessa armadilha? Como avaliar sem,
necessariamente, controlar o outro em função de uma classe que não é a sua?
Os ideais de um grupo comportam também as suas concepções prévias de bem-
estar e de valores gerais. Em confrontos ideológicos esses ideais exógenos podem
obscurecer a percepção das demandas pessoais dos outros grupos, os quais acabarão
sendo pensados a partir de parâmetros de satisfação nem sempre convergentes e
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
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aaaaaaaaaaaaa elas estarão dos avaliadores formados por profissões universitárias, formados nos
padrões e mentalidades das classes médias e que se encontram a serviço das classes
mais privilegiadas em larga escala. E é preciso dizer que o distanciamento é recíproco,
nem sempre vão conseguir se entender enquanto alteridades.
De qualquer forma, a condição de classe, originária ou alcançada por título
universitário, não pode ficar adormecida acriticamente quando se avalia alguém.
Ao lado da condição de classe social, a condição econômica não pode ser
elemento a passar despercebido. É bom nunca perder de vista que aquela renda que a
família do avaliador teve foi quem lhe deu condições de ser quem ele é na maioria dos
casos. O emprego, o salário, o lugar onde morava a vida toda influíram e confluíram para
ser quem ele se tornou. E é fato que a renda familiar definiu a sua vida, define a vida de
seus filhos, indica quem pode ser seu amigo, determina a escola onde seu filho estudará
e dirá também qual marca de roupa vestirá. Como ensinou Bourdieu (2007), as
preferências são todas predeterminadas pelas circunstâncias históricas, reais ou
imaginadas, e acabam conseguindo o poder de colocar nos mesmos lugares
simbólicos/subjetivos todos aqueles e aquelas que são resultantes de condições
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
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aaaaaaaaaaaaa orientação como a de Feliciano (2005, p. 586): “Ao invés de buscar a eliminação da
ideologia, já que a neutralidade não passa de uma ilusão, deve-se pretender a
convivência crítica que reduza a incursão excessiva de juízos de valor”.
Já que é quase inevitável não se tomar como parâmetro, talvez fosse bom fazer
um exercício que buscasse valorizar a alteridade. Assim, antes de ir adiante, é necessário
ainda acrescentar que frente a um avaliando, é importante entender que existem
padrões pessoais, familiares, sociais, econômicos e culturais diferentes. Pode ser que
uma criança não estar alfabetizada aos 07 ou 08 anos seja tolerável fora da classe a que
o avaliador pertence, não sendo motivo para assim a rotula-la de deficiente
apressadamente.
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
181
aaaaaaaaaaaaa diferenciarão crianças que pensam, que elaboram, que raciocinam, que levantam
hipóteses mentais, de outras que não conseguem lidar com abstrações.
Nesse sentido, os arcabouços teóricos, clínicos e metodológicos pautados na
ciência deverão continuar servindo de bússola, fornecendo diretrizes para os passos de
um processo de avaliação, se afinando com as particularidades objetivas e subjetivas
dos sujeitos (REPPOLD; SERAFIN, 2013).
Além disso, entende-se ainda que a observação sistemática precisa contemplar
a análise dos condicionantes sociais aos quais os sujeitos estão expostos. No campo da
psicologia, por exemplo, os testes e outros instrumentos de avaliação devem ser
averiguados e validados, com regularidade, em segmentos diversos da população para
serem, de fato, representativos, sendo esta uma preocupação constante do CFP -
Conselho Federal de Psicologia (Resolução Nº 009 /2018). Dados auferidos destes
recursos precisam ser interpretados à luz de um contexto socioeconômico e político
concreto. De certa forma, o critério da permanente validação e revalidação também
serve para as demais profissões que utilizam instrumentos construídos pelo engenho
humano. Não é possível que um instrumento/equipamento como o verificador de
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
182
aaaaaaaaaaaaa padrão predominante e dominante, mas que não se configura, por si só, em uma
patologia. As diferenças, os desvios dos padrões usuais, não necessitam,
automaticamente, de patologização. Assim, não será apenas uma medida estatística que
vai definir isso, mas a forma como essa variação afeta a esfera orgânica familiar,
profissional e interna da pessoa, como também as suas respostas aos desafios da vida.
No que diz respeito aos modelos teóricos que fundamentam a atuação,
essenciais para a compreensão do humano, estes também podem ser aprimorados
permanentemente. Nessa direção, Primi (2010) pontua que a possibilidade de diálogo
entre a teoria e a prática no ato de avaliar permite a ampliação das
perspectivas teóricas, podendo também propiciar a identificação de que certas
interpretações nem sempre são adequadas para um sujeito ou grupo específico,
contribuindo assim para o desenvolvimento da ciência.
SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ENVOLVENDO SERES HUMANOS
183
aaaaaaaaaaaaa oportunidades sociais e acadêmicas, acabam mascarando a singularidade dos sujeitos,
vendo patologias onde as preocupações deveriam ser voltadas, sobretudo, para
questões sociais importantes.
Considerou-se que avaliadores e avaliadoras, como categoria profissional
majoritariamente constituída por pessoas oriundas da classe média, quando avaliam
pessoas de classe socialmente vulneráveis podem estar utilizando critérios de bem-
estar, marcos de desenvolvimento, saúde e doença que não se alinham à idiossincrasia
dos processos de subjetivação oriundos de contextos marcados por privações materiais
imperativas e outras formas de se relacionar com a vida em sociedade.
Neste sentido, pensa-se que a formação acadêmica precisa cada vez mais criar
campos de aproximação entre estudantes e a população economicamente vulnerável.
Isto servirá para favorecer a comunicação, diminuir o estranhamento, reduzir a
intolerância às diferenças, bem como, em outro extremo, desbaratar a complacência
exacerbada que produz diagnósticos questionáveis. Também se deve evocar reflexões
sobre em quais dimensões subjetivas e sociais costuma-se ancorar a compreensão dos
fenômenos avaliados e como foram elaborados ao longo da vida daquele e daquela que
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
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SOBRE O ATO DE AVALIAR PESSOAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DE PARÂMETROS PERSONALIZADOS
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aaaaaaaaaaaaa
CAPÍTULO XIV
TECNOLOGIA EDUCATIVA EM SAÚDE:
MAQUETES ESQUEMÁTICAS DE
FORMAS PARASITÁRIAS E CICLOS DE
VIDA DE PATÓGENOS E VETORES
DOI: 10.51859/amplla.pae1986-14
Paulo José dos Santos de Matos ¹
Luana Brunelly Araujo de Lima ²
Rebeca Correa Rossi 2
Ana Lúcia Moreno Amor ³
¹ Bacharel em Saúde e Graduando em Enfermagem - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
² Bacharela em Saúde e Graduanda em Medicina - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
³ Bióloga. Professora Adjunto do Centro de Ciências da Saúde - UFRB
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
RESUMO
As doenças infecciosas e parasitárias compreendem um conjunto de doenças
negligenciadas, de elevada prevalência e relevância no contexto da Saúde Pública no Brasil
e no mundo, possuindo associação direta com precárias condições socioambientais e
econômicas. Estratégias lúdicas e visuais para a promoção da saúde, colaboram na
construção e síntese de conhecimentos em Parasitologia Humana. Este estudo planejou e
confeccionou maquetes e esquemas ilustrativos de ciclos parasitários para apresentá-los em
feiras de saúde nos espaços comunitários e/ou escolares, a fim de trabalhar no
conhecimento do público de ação sobre profilaxia, sintomatologia e diagnóstico dos agentes
envolvidos. Inicialmente, foram feitos testes com alguns materiais, para que as maquetes
fossem resistentes e maleáveis ao constante manuseio, visto que seriam transportadas para
diversos locais para as apresentações. Optou-se por biscuit, massa de modelar e tipo cami /
tecido não tecido (TNT). Algumas informações relevantes foram trabalhadas e recebidas no
processo de interação com o público de ação em duas escolas públicas, uma instituição
federal de ensino superior, em um centro de acolhimento de crianças e em uma unidade de
saúde da família localizadas em municípios do Recôncavo da Bahia no período de 2017 a
2019. Acredita-se que o desenvolvimento e aplicabilidade deste produtos educativos,
contribuiram para a realização de ações de educação em saúde de modo que os envolvidos
no processo educativo consigam ser agentes ativos no combate ao encontro do parasito (de
veiculação hídrica, alimentar e/ou vetorial) com o hospedeiro em um ambiente. Tornando-
os agentes transformadores da realidade da qual estão inseridos.
2. DESENVOLVIMENTO
Trata-se de um relato de experiência, gerado a partir da construção de maquetes
e esquemas físicos com o objetivo de compartilhar os conhecimentos apreendidos na
universidade com a comunidade, após cursar os componentes curriculares Parasitologia
Humana e Biointeração II e integrar o Grupo de Estudos em Parasitologia Humana no
Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
(UFRB).
As atividades de educação em saúde, de natureza extensionista, com a utilização
dos produtos educativos produzidos, ocorreram entre os anos de 2017 e 2019. Tiveram,
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A primeira maquete confeccionada e apresentada foi sobre o ciclo de vida do
Aedes aegypti, inseto vetor de arbovírus que causa doenças como dengue, zika,
chikungunya e outras (FIGUEIREDO; PAIVA; MORATO, 2017). Todas as etapas do ciclo de
vida do mosquito (ovo, larva, pupa e adulto) foram feitas com massa de modelar, e os
insetos adultos (macho e fêmea) foram diferenciados por suas antenas plumosa e pilosa,
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
respectivamente, feitas com pena artificial, e o tamanho da fêmea um pouco maior que
o macho. A apresentação da maquete foi feita em associação com exemplares reais do
mosquito, em que o público tinha a oportunidade de visualizar tanto os modelos da
maquete quanto os espécimes no microscópio e lupa optica. Este produto foi
apresentado nos trabalhos de Santos Junior et al. (2018).
Outras duas maquetes, em forma de esquemas sobre a ação parasitária de
protozários intestinais no organismo humano, foram confeccionadas, uma para Giardia
duodenalis (parasito do intestino delgado) (Figura 1A) e outra Entamoeba histolytica
(parasito do intestino grosso) (Figura 1B).
Os materiais utilizados para esta confecção foram: papelão e cola branca, para
ser a base; papel emborrachado para forrar a base; biscuit para representar os parasitos
em sua forma de trofozoíto e cisto, bem como as frutas e os vegetais; argila para simular
as fezes; cano de PVC e pano com microvilos para reproduzir o intestino e canetinhas,
para identificação do ciclo no esquema. Nessas maquetes esquemáticas, os ciclos de
vida dos parasitos foram representados pelo mecanismo de infecção, forma infectante,
habitat do parasito, eliminação pelo hospedeiro e contaminação do meio.
Figura 1 – Maquetes esquemáticas dos ciclos de vida dos parasitos Giardia duodenalis e
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
A B
Fonte: Paulo José dos Santos de Matos, Grupo de Estudos em Parasitologia Humana – GEPaH /
2017-2018.
A
Fonte: Luana Brunelly Araujo de Lima - Grupo de Estudos em Parasitologia Humana – GEPaH /
2018-2019.
A B
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de maquetes para apresentação do ciclo de vida de parasitos e
vetores demonstraram bastante efetividade ao instigar a curiosidade do público de ação
trabalhado. O uso de instrumentos lúdicos e o diálogo para a educação em saúde
mostraram resultados efetivos com esse público, além de ter apresentado eficácia no
AGRADECIMENTOS
À Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Criação e Inovação (PPGCI) e à Pró-
Reitoria de Extensão (PIBEX) da UFRB, pela inserção dos discentes nos Programas
Institucionais de Iniciação Científica (PIBIC)/Tecnológica (PIBITI) e de Extensão (PIBEX),
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
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Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
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o conhecimento e combate de agentes de doenças infecciosas e parasitárias.
RESUMO
Objetivos: Analisar o papel das tecnologias educacionais para enfermagem.
Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão integrativa, descritiva de literatura nas
bases de dados. Resultados: Vista ainda como método instrucional por alguns e como
tecnologia educacional por outros, a alfabetização científica tem ganhado seu espaço,
por ter cada pessoa uma habilidade de aprender diferenciada, de acordo com seus
conhecimentos prévios, motivação e inteligibilidade. Conclusão: A EAD propõe um
ensino que facilite o processo de aprendizagem para um número massivo de alunos,
auxiliando a autonomia, numa comunicação bidirecional entre professores e alunos,
utilizando recursos tecnológicos atuais, numa proposta metodológica diferenciada.
por toda parte, há redes e estruturas sociais de transmissão de saber de uma geração a
outra8.
2. MÉTODO
Trata-se de um estudo de revisão integrativa, descritiva de literatura nas bases
de dados, sendo um método de pesquisa que permite a síntese de múltiplos estudos
publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma área de estudo bem
definida. Para a seleção inicial dos artigos encontrados, foi realizada uma análise de
todos os textos disponíveis, a fim de separá-los para uma análise.
A revisão integrativa, finalmente, é a mais ampla abordagem metodológica
referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não-
experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina
também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de
propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de
problemas metodológicos de um tópico particular. A ampla amostra, em conjunto com
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
Inicialmente foram filtrados e selecionados no total de 26 artigos, disponíveis na
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
íntegra, nos idiomas inglês e português, publicados a partir do ano de 2015. Entretanto,
3 encontravam-se duplicados e 14 foram excluídos pelo título e resumo, por não
contemplarem a revisão proposta. Portanto, foram selecionados nesta presente revisão
um total de 9 artigos.
Diante do exposto, mostra-se a importância do uso de novas ferramentas na
educação em saúde da população e como tecnologias educacionais podem ser eficazes
nesse processo. Com o estudo, evidencia-se a importância do conhecimento do público-
alvo ao qual se almeja atingir, independente de qual seja o tipo de TE que se pretende
abordar. Esse conhecimento proporciona uma maior interação com esse público e
aborda o conteúdo educativo de acordo com a realidade, sem correr o risco de que o
material se torne “fora de alcance” para esse público10.
REFERÊNCIAS
1
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Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
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https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.02.66204
RESUMO
O presente estudo tem por objetivo analisar a literatura cientifica sobre as metodologias
ativas de ensino utilizadas em graduações das ciências da saúde no Brasil. Constitui-se
em uma revisão narrativa de literatura nas bases Portal CAPES, BVS e Google Scholar. As
metodologias ativas contribuem positivamente para a consolidação do paradigma
critico-reflexivo, visto que se centram na figura do aluno. E no presente estudo, foi
identificado que nos 14 cursos das ciências da saúde no Brasil há a utilização de
metodologias ativas, sendo relatadas 15 metodologias ativas diferentes, aplicadas a
estes cursos. Ou seja, o conhecimento referente as metodologias ativas tem sido
replicados. Demarca-se que as diferentes metodologias ativas de ensino, aprendizagem
e avaliação desempenham um papel de destaque na mudança do paradigma do ensino
universitário, sendo imprescindíveis para tal. Por fim, novas pesquisas são necessárias a
fim de aprimorar o conhecimento científico sobre metodologias ativas como parte do
processo de ensino e aprendizagem no ensino superior.
procuram atingir as diversas dimensões dos sujeitos (ZABALZA, 2009). Sinaliza-se que
mesmo com as múltiplas discussões em relação ao supra referido, ainda é escassa a
literatura em relação à eficácia das metodologias ativas no ensino em ciências da saúde.
Ademais, tal eficácia é questionada por defensores das metodologias tradicionais
(COTTA et al., 2018).
Ante ao explicitado, o tema do presente estudo são as metodologias ativas de
ensino utilizadas em graduações das ciências da saúde, e o problema em estudo é como
tais metodologias têm sido utilizadas na formação de futuros profissionais da área da
saúde, sobretudo para desenvolvimento técnico e crítico destes profissionais.
O estudo em questão tem como hipóteses, que as diferentes metodologias ativas
de ensino, aprendizagem e avaliação desempenham um papel de destaque nesta
mudança do paradigma do ensino universitário, sendo ferramentas imprescindíveis para
tal, visto que proporcionam o estímulo ao exercício da autonomia, do espírito crítico,
reflexivo e criativo, bem como da corresponsabilidade e autoavaliação por parte alunos
(ANDRADE et al., 2020). Sendo, portanto, bastante utilizadas nos mais diversos cenários
de ensino nas graduações de ciências da saúde no Brasil e no mundo.
2. MÉTODO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
fisioterapia
durante a
pandemia da
covid-19
Gincana
anatômica -
Solidificação de
metodologia
Conhecimentos;
ativa no ensino- SOARES et al. Medicina Gincana
Revisão de Conteúdo
aprendizagem 2021 Veterinária Anatômica
e Trabalho em
da Medicina
Equipe
Veterinária:
relato de caso
Estudo
comparativo da
metodologia
ativa “gincana” Solidificação de
GOSSENHEIMER;
nas Conhecimentos;
CARNEIRO;
modalidades Farmácia Gincana Revisão de Conteúdo
CASTRO,
presencial e e Trabalho em
2015
à distância Equipe
em curso de
graduação de
Farmácia
Relatório final
de estágio
Solidificação de
supervisionado
Relatório de Conhecimentos;
i e ii no centro SOUZA, 2019 Serviço Social
Estágio Revisão de Conteúdo
de referência da
e Reflexão
assistência
social (CRAS)
Metodologias Ativas
Ao longo da história a educação passou por significativas mudanças, destacando-
se a mudança de paradigma do ensino universitário, onde se tem uma nova dinâmica
entre educador e educando (ANDRADE et al., 2020; SOUZA, 2019; ACRANI et al., 2020).
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Destaca-se que nessa nova perspectiva o educando assume uma postura ativa, sendo o
principal responsável pela construção de seu conhecimento, enquanto o educador atua
único e exclusivamente como facilitador desse processo (FARIAS, MARTIN e CRISTO,
2015; OLIVEIRA; DAMICO; FRAGA, 2018).
Nesta perspectiva, as metodologias ativas contribuem positivamente para a
consolidação do paradigma critico-reflexivo, visto que se centram na figura do aluno, o
colocando como protagonista do processo de ensino-aprendizagem. Santos e
colaboradores (2017) afirmam que as metodologias ativas possibilitam a aprendizagem
a partir das experiências reais ou simuladas, oportunizando conhecimento para que no
futuro os profissionais possam solucionar, com êxito, desafios advindos da prática
profissional e social nos mais diversos contextos e situações. Pontua-se que por meio
das metodologias ativas o aluno observa, reflete, compara, infere, comenta e crítica e
não apenas ouve aulas expositivas, quase sempre monologadas ao invés de dialogadas
(COTTA et al., 2018; ANDRADE et al., 2020).
Indubitavelmente um maiores desafios do Ensino Superior nas Ciências da
Saúde, na atualidade, é formar profissionais aptos a enfrentar mudanças, seja no campo
REFERÊNCIAS
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Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
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RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Segundo dados do Ministério da Saúde o câncer de colo de útero possui o terceiro maior
índice de mortalidade no Brasil, e isso devido a falta de informação e também pela falta
de políticas voltadas as mulheres que possibilitem o recrutamento para a realização do
exame citopatológico. O presente artigo tem como objetivo discutir sobre a importância
do exame de citologia oncótica, mais conhecido como Papanicolaou, na prevenção do
câncer de colo uterino. Nos dias de hoje é uma das patologias com maior possibilidade
de diagnóstico precoce, sendo o exame de citológico um método de rastreamento
universal para câncer de colo uterino. A pesquisa em questão é de natureza qualitativa
e descritiva, onde se realizou uma revisão integrativa da literatura em livros, sites,
artigos, revistas eletrônicas nos últimos anos relacionados ao tema que deu suporte
para a realização do artigo. Sobre os resultados constatou-se que ainda existe uma
resistência pela maioria das mulheres em se submeterem ao exame de Papanicolaou,
desconsiderando a importância do exame no diagnóstico e prevenção do câncer de colo
de útero. Por meio deste estudo se espera a conscientização da população feminina
sobre a importância do exame citopatológico na prevenção contra o câncer de colo de
útero.
câncer, o câncer de colo uterino é o que apresenta um dos mais altos índices de
prevenção e cura, pois apresenta etapas bem definidas, longo período para evolução
das lesões precursoras e facilidade de detecção das alterações na fase inicial.
Através de medidas de detecção precoce do exame citopatológico aliado ao
tratamento no início do estágio, apresentam resultados significativos em relação às
taxas de incidência de câncer, que pode chegar a 90%. Segundo a Organização Mundial
de Saúde - OMS (2013), quando o rastreamento é realizado dentro dos padrões de
qualidade, diminui efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por esse câncer.
São vários os fatores de risco que podem contribuir para a ocorrência do câncer
de colo de útero, dentre eles os mais importantes são: o início precoce da atividade
sexual, multiplicidade de parceiros sexuais, paridade, tabagismo, higiene íntima
inadequada, imunossupressão, infecções sexualmente transmissíveis, deficiências
nutricionais e o uso prolongado de contraceptivos orais, porém o principal precursor do
câncer cervical consiste na infecção pelo HPV. (INCA, 2010)
Mediante a todas essas informações expostas nesse estudo, levantou-se a
discussão sobre a qual norteou a problemática encontrada: qual o grau de
2. MATERIAL E MÉTODOS
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DO EXAME CITOPATOLÓGICO E OS
BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE DA MULHER
O exame Papanicolaou é também conhecido como citologia oncótica, citologia
oncológica, oncologia esfoliativa e pap test. É um método desenvolvido pelo médico
George Papanicolaou (1943) para a identificação, através do microscópio de células
esfoliadas do colo uterino, atípicas, malignas ou pré-malignas (INCA, 2010).
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
avanço da doença vão surgindo sintomas como sangramento vaginal, corrimento e dor,
e em seus estágios mais avançados pode ocorrer dor pélvica, alterações urinárias e
intestinais (DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2006)
Atualmente no Brasil a principal estratégia utilizada para detecção precoce da
doença (prevenção secundária) é a realização do exame preventivo do câncer do colo
do útero. O exame citopatológico é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como
parte da Atenção Primária à Saúde (APS) e das políticas de saúde da mulher, para realizar
o rastreamento, o diagnóstico e o tratamento do câncer de colo uterino (TOMASI et al.,
2015).
Lins et al., (2014) ressaltam que sobre os benefícios do exame citopatológico, é
totalmente relevante o rastreamento para o diagnóstico precoce da doença, assim
como é de prioridade a qualidade do profissional que vai realizar esse exame, sendo que
o biomédico habilitado em citologia oncótica é um dos principais profissionais da área
da saúde preparados e aptos a diagnosticar esse tipo de lesão.
É importante a criação de estratégias para que haja uma maior adesão no
número de mulheres as áreas de cobertura do exame citológico. São essencial o
doença e o exame de citologia oncótica que ainda é muito baixa, e que a falta de
conhecimento traz pouca reflexão sobre a importância do exame. Com isso a adesão é
prejudicada, pois ainda há um número considerado alto de mulheres que nunca se
submeteram ao exame, além disso, poucas mulheres conhecem de fato sobre os sinais
e sintomas do câncer do colo uterino.
A baixa adesão ao exame citológico sem dúvida é um sério problema que precisa
ser discutido, e que se desenvolvam estratégias mais eficientes para alertar as mulheres,
e independentemente do estado civil da mulher, de sua faixa etária, do seu grau de
escolaridade e nível socioeconômico, é necessário que estas sejam conscientizadas
sobre a prevenção e o diagnóstico precoce. Para mudar essa realidade cabe aos
profissionais de saúde desmistificar e encorajar as mulheres, assim como o Estado
facilite ainda mais pra que a informação chegue até as mulheres para realização do
exame preventivo (GARCIA et.al, 2017).
Apesar do exame de citologia esteja disponível gratuitamente na rede pública de
saúde, e seja considerado o melhor método para detecção precoce do câncer do colo
uterino, nem sempre foi assim. Durante muito tempo o Brasil não dispunha de um
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O exame citopatológico é um dos mais importantes exames para a saúde da
mulher. O exame é simples, e tem reduzido em 70% as mortes por câncer de colo de
útero. É incontestável que a prevenção e rastreamento precoce influência na sobrevida
das mulheres, e para que isso ocorra são necessárias mais informações sobre o assunto.
O exame de citologia oncótica é um método seguro e de baixo custo, além de
provocar mínima invasão corporal. É uma técnica que se destaca não somente no
diagnóstico de neoplasias e metástases, mas também na detecção precoce de doenças,
quanto pode ser considerada uma medida de prevenção. Ainda se destaca como uma
promissora área de atuação para o biomédico, o qual poderá atuar tanto na área técnica
quanto na área analítica.
Considerado sendo um importante preventivo para a mulher, o exame citológico
permite a diminuição dos altos índices de mortalidade pelo câncer do colo uterino. Mas
é necessário se estabelecer um padrão de qualidade das amostras, porém, a qualidade
REFERÊNCIAS
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n.1, 2017
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de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2020.
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atuação do profissional biomédico na área. In: Congresso de Pesquisa e Extensão
da Faculdade da Serra Gaúcha, v. 2, n. 2, p. 318-327, 2014.
RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
A assistência pré-natal é de grande importância, e deve ser iniciada assim que descobrir
a gravidez, pois a realização adequada através de medidas preventivas, ações de
promoção à saúde e a identificação de fatores de risco em tempo oportuno, contribui
na redução da mortalidade materna e infantil no qual irá permitir um desenvolvimento
saudável. Por experiência empírica nos trabalhos com as gestantes nas unidades de
saúde, percebeu-se a importância de trabalhar com pequenos distúrbios durante o
período gravídico, sendo certo que, instruir nossas gestantes acerca destas pequenas
dúvidas e intercorrências na gestação, poupá-las-á de idas desnecessárias ao Pronto
Socorro de referência e principalmente amenizará as aflições psicológicas que as
gestantes sofrem neste período. Além disso, o acompanhamento pré-natal, por meio de
ações preventivas, busca assegurar o saudável desenvolvimento da gestação e
possibilitar o nascimento de um bebê saudável, com preservação de sua saúde e de sua
mãe. Estudos têm demonstrado que um pré-natal qualificado está associado à redução
de desfechos perinatais negativos, como baixo-peso e prematuridade, além de reduzir
as chances de complicações obstétricas, como eclâmpsia, diabetes gestacional e mortes
maternas.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão narrativa da literatura, que
buscou evidenciar, por meio de análises empíricas e atuais, a importância da atenção
que não abordavam o assunto; leitura crítica dos resumos dos artigos e leitura na íntegra
dos artigos selecionados nas etapas anteriores. Assim, totalizaram-se 23 artigos
científicos para a revisão narrativa da literatura, com os descritores apresentados acima.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A Atenção Primária à Saúde (APS) é o conjunto de iniciativas, de facetas
individuais e coletivas, para cuidar da população no ambiente em que vive, como uma
forma de intervenção precoce na história natural das doenças, a fim de potencializar a
promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a
reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde, com o objetivo de desenvolver
uma atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde das
coletividades. É conhecida como a porta de entrada dos usuários nos sistemas de saúde,
ou seja, é o atendimento inicial, que tem como objetivo orientar as pessoas sobre a
prevenção de doenças, solucionar possíveis casos de agravos e direcionar os mais graves
para outros níveis de atendimento, devendo sempre se orientar pelos princípios da
Assim, apesar de, em tese, gerar um filho ser um fenômeno único para todas as
mulheres, a condição social e o acesso à informação, inferem diretamente nas
particularidades da gestação, tornando-a um processo distinto para cada mulher. Assim,
sob o viés de Cunningham (2010) a assistência à mãe durante o período gravídico é
fundamental para a redução dos níveis de morbimortalidade materna e perinatal.
Entretanto, ainda que haja estudos que corroborem a eficácia do acompanhamento pré-
natal, a educação em saúde para gestantes não é explorada suficientemente
(POLGLIANE et al., 2014).
Acrescenta-se o fato de a atenção básica ser um palco oportuno para
desenvolver a educação em saúde, tendo em vista a relação mais próxima estabelecida
pela equipe, tal como o destaque dado à promoção da saúde. É fato que, em decorrência
da atual pandêmica conjuntura, a carência por informação de diversas famílias não
deixou de existir, logo, faz-se imprescindível que a Equipe de Saúde da Família (ESF)
saiba articular-se para garantir que as mulheres tenham o melhor acompanhamento
gestacional (CUNHA et al., 2009).
meias elásticas, e cabe ressaltar que não é indicada a prescrição de diuréticos nem de
dieta hipossódica (MARTINS et al., 2017).
Outro acometimento percebido deve-se ao aumento do volume uterino, esforço
excessivo ou constipação intestinal, que contribuem para a elevação da pressão local. A
pressão venosa no plexo hemorroidário permanece alta, haja vista que a veia cava
dificulta o retorno venoso e favorece a dilatação das veias locais. Além disso, constata-
se um relaxamento nos coxins de sustentação, originando a hemorroida. Não é
recomendada a realização de procedimentos cirúrgicos para correção de hemorroidas
nesta população, sendo o tratamento realizado com anestésicos locais e pela prevenção
da constipação (TOMASI et al., 2017).
Indubitavelmente, na gestação o corrimento fisiológico pode ser aumentado
sem estar associado a qualquer patologia. Logo, alterações relacionadas ao fluxo vaginal
podem causar insegurança na mulher, mesmo que habitualmente sejam resultantes das
adaptações do organismo gravídico. Desse modo, explica-se esse fenômeno pela alta
concentração de estrogênio que estimula a secreção de muco pelas glândulas
endocervicais, além do aumento da vascularização, os quais elevam a transudação da
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A assistência à mulher gestante é algo diferencial e imprescindível para o cuidado
com a saúde feminina mundial, e o resultado do presente estudo possibilitou esclarecer
sobre a importância da realização do pré-natal durante a gestação onde visa o bem estar
do binômio mãe e bebê almejando desfecho adequado. Constata-se que a assistência
pré-natal vai além de recepcionar a gestante aos serviços de saúde, pois inclui também
o acolhimento, comunicação, capacidade de escuta e a atuação do profissional de
saúde.
REFERÊNCIAS
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
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relação à maternidade. Psicologia em Estudo, v. 15, n. 2, p. 295- 304, 2010.
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VIELLAS, E. F., et al. Assistência pré-natal no Brasil. Cad Saude Publica, v. 30, n. 5, 85-100, 2014.
RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão narrativa da literatura, que
buscou evidenciar, por meio de análises empíricas e atuais, as principais alterações
adaptativas que ocorrem durante a gestação. A pesquisa foi realizada através do acesso
online nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed MEDLINE), Scientific
Electronic Library Online (Scielo), Cochrane Database of Systematic Reviews (CDSR),
Google Scholar, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e EBSCO Information Services, no mês
de outubro 2021. Para a busca das obras foram utilizadas as palavras-chaves presentes
nos descritores em Ciências da Saúde (DeCS): em inglês: "physiology", "pregnancy",
"changes", "hemodynamics" e em português: "fisiologia", "gestação", "alterações",
"hemodinâmica"
Como critérios de inclusão, foram considerados artigos originais, que
abordassem o tema pesquisado e permitissem acesso integral ao conteúdo do estudo,
publicados no período de 2002 a 2021, em inglês e português. O critério de exclusão foi
imposto naqueles trabalhos que não estavam em inglês ou português, que não tinham
passado por processo de Peer-View e que não abordassem o tema da pesquisa. A
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
As adaptações anatômicas e bioquímicas de todos os aparelhos e sistemas na
gestação decorrem, em quase sua totalidade, da reação orgânica à presença do
concepto e seus tecidos, da sobrecarga hormonal experimentada pela gestante ou da
ação mecânica desencadeada pelo útero gravídico. De forma geral, todas as adaptações
visam promover condições para um desenvolvimento fetal adequado e em completo
equilíbrio com o organismo materno. No entanto, algumas modificações podem agravar
entidades mórbidas pré-existentes ou produzir sintomas que, mesmo fisiológicos, são
incômodos (ALVES, 2020).
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Sistema tegumentar
Dentre as alterações fisiológicas, as de pigmentação acomete cerca de 90% das
pacientes grávidas, e destas, a mais comum é a linha nigra, que é o escurecimento da
linha alba, e fatores responsáveis pela pigmentação dessas áreas incluem maior
população de melanócitos e maior susceptibilidade ao estímulo hormonal. A elevação
dos níveis de hormônio melanocítico estimulante (MSH), estrógeno e progesterona
foram implicados na etiologia da hiperpigmentação. Sob essa perspectiva, o quadro é
mais persistente em mulheres que fizeram uso de anticoncepcionais orais, o que reforça
a teoria sobre a influência dos níveis de progesterona e estrógeno e em mulheres
susceptíveis, expostas à radiação solar (FERNANDES et al., 2014).
Alterações vasculares também são comuns na gravidez, os vasos sanguíneos se
dilatam e proliferam em resposta ao estrogênio e outros fatores, contribuindo para a
formação de aranhas vasculares, sendo que a produção placentária de estrógenos leva
à proliferação da microvascularização de todo o tegumento, fenômeno conhecido como
angiogênese e, associado ao estado hiperprogestogênico, ocorre vasodilatação de toda
a periferia do organismo (URASAKI et al., 2019). Observam-se, assim, eventos vasculares
Sistema esquelético
As articulações, de modo geral, sofrem processo de relaxamento durante a
gravidez, com acúmulo de líquido, também denominado embebição gravídica. Nas
articulações dos membros inferiores, esse fenômeno pode predispor a gestante a dores
crônicas, entorses, luxações e até fraturas. Além disso, durante a gravidez, observa-se
que as articulações da bacia óssea (sínfise púbica, sacrococcígea e sinostoses
sacroilíacas) se apresentam com maior elasticidade, aumentando a capacidade pélvica
e modificando a postura e a deambulação da gestante, o que prepara o organismo para
a parturição (WU et al., 2004). Essas modificações, por sua vez, parecem estar
associadas à ação da relaxina e são mais evidentes na sínfise púbica, em que os ramos
ósseos podem estar afastados até 2 cm. Tais modificações são imprescindíveis para o
fenômeno de expulsão fetal, pois elas permitem o aumento dos diâmetros e estreitos
da pelve materna (BURTI et al., 2006).
O aumento do volume abdominal e das mamas desvia anteriormente o centro
de gravidade materno e, por instinto, a gestante direciona o corpo todo posteriormente,
Sistema digestório
Muitas gestantes se queixam do aumento de apetite e sede. A resistência à ação
da leptina e as alterações da secreção do hormônio antidiurético (ADH), em nível de
osmolaridade distinto da não grávida, parecem ser as explicações para tais alterações
de sensibilidade na gestante. Mudanças nas preferências alimentares são comuns e
podem chegar a configurar verdadeiras perversões do paladar, com desejos de ingerir
terra, sabão, carvão, entre outros, situação denominada malada. Ademais, náuseas e
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Sistema respiratório
A progesterona age diretamente na via aérea superior, levando a um aumento
de suas secreções e edema dos seus tecidos, e pode provocar congestão nasal, e
também promove ação estimulante sobre os centros respiratórios cerebrais e
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Sistema urinário
Anatomicamente, os rins apresentam aumento de cerca de 1 cm em seus
diâmetros durante a gestação, e modificações vasculares das arteríolas renais são fruto
das adaptações circulatórias maternas descritas previamente. Assim, o aumento da
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Sistema cardiocirculatório
A primeira adaptação circulatória observada na gestante advém de alterações do
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
sangue na gravidez. A leucocitose pode estar presente na gravidez normal, com valores
de leucócitos totais entre 5.000 e 14.000/mm³. Durante o parto e o puerpério imediato,
os valores de leucócitos se elevam de modo significativo, podendo chegar a
29.000/mm³, achado possivelmente relacionado à atividade das adrenais no momento
de estresse. Outrossim, as proteínas inflamatórias da fase aguda apresentam aumento
em todo o período gestacional, sendo que proteína C reativa apresenta níveis
plasmáticos mais elevados no momento próximo ao parto (SOUZA et al., 2002; ZUGAIB,
2019).
Os níveis plaquetários estão discretamente reduzidos na gravidez normal. Parte
desse evento ocorre pelo fenômeno da hemodiluição, mas o consumo de plaquetas
também está envolvido nesse processo, e certo grau de coagulação intravascular no
leito uteroplacentário pode ser uma justificativa para esse achado. Além disso, o
aumento da produção de tromboxano A2 está associado à maior agregação plaquetária
e, assim, à redução da contagem plaquetária. Ademais, praticamente todos os fatores
de coagulação apresentam-se elevados na gestação, com exceção dos fatores XI e XIII,
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda gestante experimenta no transcorrer da gravidez uma série de alterações
multissistêmicas em seu corpo. O conhecimento dessas alterações é fundamental,
visando reconhecer quais são fisiológicas e quais são patológicas. As mudanças que
ocorrem no organismo materno são decorrentes de reações ao concepto, alterações
hormonais, modificações bioquímicas, e modificações anatômicas e mecânicas geradas
pelo crescimento do feto ao longo da gravidez, e praticamente todos os sistemas
apresentam mudanças funcionais ou estruturais com a evolução da gestação.
CUNNINGHAM, F. G., et al. Obstetrícia de Williams, 25ª edição, Editora McGraw, 2021.
SILVA, L. S., et al. Análise das mudanças fisiológicas durante a gestação: desvendando
mitos. Revista Faculdade Montes Belos, v. 8, n. 1, p. 1-16, 2015.
WU, W., et al. Gait coordination in pregnancy: transverse pelvic and thoracic rotations
and their relative phase. Clin Biomech, v. 19, n. 1, p. 480-488, 2004.
RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
utilizado artigos científicos entre os anos de 2010 a 2020, em inglês, francês e espanhol,
artigos disponíveis na íntegra, artigos originais que abrangessem os objetivos propostos
e abordassem o tema: assistência do enfermeiro na educação em saúde, no câncer de
colo do útero, totalizando 30 artigos.
Conforme os critérios de exclusão, os artigos que não apresentavam a temática,
artigos de revisão, artigos que não se relacionavam aos objetivos desta pesquisa,
dissertações ou teses, foram descartados. Dessa forma foram excluídos um total de 13
artigos. Sendo que, após a leitura, selecionou-se apenas 17 artigos para a elaboração
final do estudo pelos bancos de dados.
A seguir, uma figura do fluxograma sobre os artigos que compuseram a amostra
final da revisão.
dados e sequencialmente a seleção dos artigos, exclusão e a escolha para amostra final.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quadro 1 – Quadro expositivo dos artigos pesquisados neste estudo. Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
2020.
AUTOR/ANO TÍTULO OBJETIVOS
SANTIAGO, et al., 2014 Conhecimento e prática das O objetivo do estudo foi descrever o
mulheres atendidas na conhecimento e a prática sobre o
unidade de saúde da família Papanicolaou das mulheres entre 25
sobre o Papanicolaou. a 59 anos atendidas pela Estratégia
de Saúde da Família.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
SILVA, et al., 2013 Atenção básica em saúde: Objetivou-se analisar os eixos teórico-
prevenção do câncer de colo conceituais estruturantes da consulta
do útero na consulta de de enfermagem ginecológica na
enfermagem. atenção básica (AB) e discutir as
principais condutas implementadas
para prevenção do câncer do colo do
útero (CCU).
NASCIMENTO, et al., 2012 Conhecimento cotidiano de O objetivo deste estudo foi apreender
mulheres sobre a prevenção as representações sociais elaboradas
do câncer de colo do útero. por 64 mulheres da cidade de
Teresina durante os meses de
outubro e novembro de 2009, acerca
da prevenção do câncer de colo do
útero, bem como analisar como essas
representações influem na realização
do exame de prevenção.
de 2013 e 2015.
Os resultados obtidos através dos 17 artigos científicos selecionados, trouxeram
efetivação a elaboração de três categorias temáticas: Tipos de intervenções que o
enfermeiro realiza na prevenção do Câncer do Colo do Útero, O papel do enfermeiro no
atendimento à mulher com Câncer do Colo do Útero e O acolhimento à mulher nas
consultas das unidades básicas de saúde.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dezessete artigos científicos selecionados destacaram que a maioria das
mulheres possuem conhecimento sobre o câncer de colo do útero, e que ao longo da
vida trocaram informações com outras sobre o tema proposto como também relataram
que já obtiveram acesso ao atendimento de saúde através da Atenção Primária. Como
meio de prevenção primária, as ações educativas foram destacadas, e na prevenção
secundária, a realização do exame preventivo Papanicolau pelos profissionais de saúde.
As práticas que podem interferir na prevenção do Câncer de Colo do Útero, foram
evidenciadas nas características comportamentais das mulheres em não usar
preservativo nas relações sexuais e não realizar a colpocitologia oncótica de forma
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
periódica. Foi evidenciado que o cuidado contínuo das mulheres na prevenção do câncer
do colo de útero, é reflexo de um acolhimento ineficaz, o que caracteriza uma
propagação maior da doença.
É evidente que o acolhimento é como uma ação que por meio de diálogos
corresponsabiliza o usuário no processo da produção da saúde.
No cenário da prevenção do câncer de colo do útero, a atuação do enfermeiro
nas equipes da ESF revelou-se de importância fundamental, suas atividades são
desenvolvidas em múltiplas dimensões, entre elas: realização das consultas de
enfermagem e do exame de Papanicolau, ações educativas diversas junto à equipe de
saúde e comunidade, gerenciamento e contatos para o provimento de recursos
materiais e técnicos, controle da qualidade dos exames, verificação, comunicação dos
resultados e encaminhamentos para os devidos procedimentos quando necessário.
A análise realizada neste estudo trouxe claridade à importância do enfermeiro,
assim como de sua integração com os outros componentes da equipe de saúde e com a
comunidade. Nessa atuação de aspecto e olhar múltiplo é que se constrói o vínculo
necessário à prática que se resulta benéfica e se alicerça no conhecimento da realidade
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus, a nossa família e aos que nos apoiaram durante o
desenvolvimento desta obra.
REFERÊNCIAS
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Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
RESUMO
O parto consiste em um processo global no qual o feto, a placenta e as membranas fetais
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2. METODOLOGIA
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
intensidade de cada contração é dada pela elevação que ela determina na pressão
amniótica acima do tônus uterino, e a frequência corresponde ao número de contrações
no período de 10 minutos (CUNNINGHAM et al., 2021).
As contrações são percebidas pela palpação quando sua intensidade é superior
a 10 mmHg. Dessa forma, o início e o fim das ondas contráteis não podem ser
percebidos, o que determina uma subquantificação clínica. A duração clínica da
contração uterina (em média 70 segundos, podendo variar de 40 a 100 segundos) é mais
curta que a duração real (200 segundos). As contrações uterinas tornam-se dolorosas
quando a intensidade é superior a 15 mmHg, valor suficiente para dilatar e distender o
útero moldando indiretamente o canal de parto, e esse efeito sobre o útero permanece
por cerca de 60 segundos, ao menos em sua forma palpável. O tônus uterino é inferior
a 10 mmHg. Contudo, em algumas situações patológicas, ele pode ser superior a 30
mmHg, tornando as contrações imperceptíveis. A principal delas é o descolamento
prematuro da placenta, em que não se observa o tônus uterino de repouso (REZENDE
et al., 2013).
3.6.1. Parturição
O parto é caracterizado por contrações das fibras miometriais, cujas principais
funções são a dilatação cervical e a expulsão do feto através do canal de parto. Essas
contrações são dolorosas, porém, antes do seu início, o útero sofre modificações
fisiológicas e bioquímicas locais concomitantes ao aumento da frequência de contrações
indolores (contrações de Braxton Hicks), até que o verdadeiro trabalho de parto seja
deflagrado. O processo fisiológico que regula tais modificações não possui um marco
bem definido como as fases clínicas do parto, contudo, pode ser dividido em quatro
etapas: quiescência (fase 1), ativação (fase 2), estimulação (fase 3) e involução (fase 4)
(CUNNINGHAM et al., 2021).
orifício interno do colo uterino, contra o qual a apresentação fetal é impelida (LIAO et
al., 2005). A descida do polo cefálico pelo canal de parto é representada por uma curva
hiperbólica e compreende duas fases bem definidas: fase pélvica e fase perineal. A fase
pélvica caracteriza-se pela dilatação completa do colo uterino e pela apresentação
acima do plano +3 de De Lee, enquanto a fase perineal apresenta a cabeça rodada e em
um plano inferior a +3 de De Lee. A duração do período de expulsão está condicionada
à proporção cefalopélvica e à eficiência contrátil do útero e da musculatura abdominal.
Assim, pode durar em média 30 minutos nas multíparas e 60 minutos nas primíparas
(LAWRENCE et al., 2016).
É difícil determinar o intervalo máximo de tempo que seria seguro para a duração
do segundo período. Avaliam que diante de vitalidade fetal normal o período expulsivo
pode se prolongar por um tempo maior e consideram período expulsivo prolongado
quando ultrapassa, em primíparas, 3 horas sem analgesia e, em multíparas, 2 horas sem
analgesia. Relatam, ainda, que a duração do segundo estágio teria acréscimo de 1 hora
em sua duração caso fosse realizada analgesia epidural (ZUGAIB, 2019).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fisiologia do parto é complexa, o que dificulta até mesmo o diagnóstico de
início do trabalho de parto, e as alterações no colo e na frequência das contrações
uterinas são provavelmente os dois sinais clínicos mais usados para avaliar o parto,
embora este último não reflita a força do parto. Ademais, controvérsias também
persistem sobre qual o melhor meio para se avaliar e quantificar a contratilidade
uterina.
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RESUMO
O presente estudo versa sobre a atuação do enfermeiro durante o pós-parto, com
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profunda tristeza, logo após a dar à luz ao seu filho, não existe uma causa especifica,
mas estudos mostram que diversos fatores podem desencadear o aparecimento da
depressão. A violência obstétrica, violência por parte do parceiro, a gravidez de alto
risco, a descoberta de alterações genéticas no feto, a gravidez na adolescência e até
mesmo o baixo nível socioeconômico, são fatores de predisposição.
Deste modo, acredita-se que o papel do enfermeiro seja de suma importância
para diminuir consideravelmente a ocorrência destas doenças na mulher, pois ele é o
profissional que mais interage com a gestante desde o pré-natal até ao nascimento do
bebê. Através da consulta de enfermagem, este profissional pode identificar situações
de risco e intercorrências no ciclo gravídico-puerperal, que podem desencadear algum
tipo de transtorno mental futuro. Ele poderá, desta forma, intervir precocemente
anulando o surgimento destas patologias ou evitando o seu avanço para formas mais
graves, com uma abordagem humanizada, focada na mulher como protagonista deste
grande evento e assim, proporcionar uma assistência adequada e melhor qualidade de
vida, não somente para a esta, mas para todos os que fazem parte do seu círculo de
relações e em particular, para o recém-nascido (BRASIL, 2000).
2. MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa do tipo revisão integrativa com a seguinte questão
norteadora: Qual a importância da atuação do enfermeiro durante o pós-parto, frente
a pacientes com transtornos mentais puerperais? Este método tem como finalidade
sintetizar os resultados obtidos em pesquisas realizadas sobre um mesmo tema ou
questão, de forma ordenada e abrangente, fornecendo informações mais amplas sobre
um assunto ou problema da área da saúde. Constituindo, assim, um corpo de
conhecimento científico mais acessível, pois possibilita ao profissional da área o alcance
de diversas pesquisas realizadas, em um único estudo. Além de servir como meio de
facilitar o preenchimento de lacunas do conhecimento, através do estimulo para a
realização de novos estudos (ERCOLE et.al., 2014).
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme a informação compilada no Quadro 1, distribuída entre os seguintes
tópicos: título, autor do artigo, ano de publicação, base de dados, objetivo e método,
podemos observar que: esta revisão teve a sua amostra composta por 10 artigos, sendo
7 escritos na língua portuguesa e 3 na língua inglesa; em relação à base de dados de
origem, 6 se encontravam na base de dados SCIELO, 1 na base de dados BDENF, 1 na
base de dados LILACS e 2 se duplicaram na base de dados BDENF e LILACS.
Quanto ao ano de publicação, os artigos elegíveis para esta revisão integrativa,
seguiram o recorte temporal previamente estabelecido no critério de inclusão - os
últimos 5 anos - onde foram obtidos: 3 (30%) artigos do ano de 2020, 2 (20%) artigo do
Martínez-
program: A para um programa
Borba e
study in preventivo de
Barrera
perinatal depressão perinatal
women
Identificar na
Viana literatura as
A2 - Estratégias BDENF
MDZS, estratégias utilizadas Levantamento
de Enfermagem 2020 /
Fettermann pelos (as) bibliográfioc/Revisão
na Depressão
FA, Cesar LILACS enfermeiros (as) na integrativa
Pós-Parto.
MBN prevenção da
depressão pós-parto.
Identificar na
produção científica
Silva JF da,
sobre as
A3 - Nascimento
MFC, Silva ações/intervenções
Intervenções do
Enfermeiro na AF da, que podem ser Levantamento
atenção e Oliveira OS 2020 BDENF desenvolvidas pelo bibliográfioc/Revisão
prevenção da de, Santos enfermeiro na integrativa
depressão EA, Ribeiro atenção e prevenção
puerperal. FMSS
de danos da
depressão puerperal.
A8 - O
enfermeiro no
pré-natal de Conhecer o papel do
alto Risco: enfermeiro no Estudo qualitativo
Junior et.al 2017 SCIELO
papel atendimento ao pré- descritivo.
profissional natal de alto risco
realizado na atenção
secundária.
Para a análise crítica dos estudos selecionados foi realizada a categorização dos
trabalhos por similaridade de conteúdo, tendo-se construído 3 categorias de discussão:
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puérpera. Mas, de acordo com a análise realizada, eles se consideram capazes para
identificar uma possível patologia a partir de diversas características apresentadas pela
mulher, como: desinteresse pelo bebê e pela realização dos cuidados que este necessita,
desânimo ao falar do recém-nascido, apatia, entre outros (CAMILO, 2016).
Esta identificação de prováveis patologias mentais puerperais tem sua origem
durante o pré-natal, visto que grande parte dos enfermeiros tem a assistência no pré-
natal como um dos cuidados mais importantes a ser prestado às gestantes. É
considerado um momento para estabelecer empatia com a paciente, criar laços,
oferecer acolhimento e deste modo possibilitar a identificação de alguma
sintomatologia psicopatológica. Assim, uma estratégia efetiva encontrada nos artigos
analisados, é a realização de grupos de gestantes, que procura atender as necessidades
educativas, proporcionando espaços favoráveis para as trocas de ideias, expectativas
entre gestantes, com compartilhamento de experiências das que já passaram por
depressão pós-parto, familiares e profissionais da saúde (VIANA et.al., 2020).
Além disso, como as consultas no pré-natal, as do pós-natal e a visita domiciliar
(VD) puerperal realizada pelas equipes de atenção primária à saúde aparece nos artigos
4. CONCLUSÃO
Com este estudo entendemos que a gestação é um período crítico do ciclo vital
da mulher, que exige adaptações e reorganização psíquica, e que é imprescindível ao
enfermeiro o domínio sobre a fisiologia da gravidez e como esta afeta a condição clínica
da mulher para minimizar agravos futuros, tanto para a sua saúde, quanto para a do
bebê. No entanto existe desconhecimento, por parte destes profissionais, em relação
aos transtornos mentais puerperais e limitado número de pesquisas sobre esta
temática, que amplifiquem o seu conhecimento e definam, assertivamente, a sua
atuação.
Verificamos também que a depressão pós-parto é tema quase exclusivo de
diversos estudos que abordam a questão saúde mental durante a gestação e o pós-
parto, dando com isso a falsa ideia de que é única doença dentro das psicopatologias
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
REFERÊNCIAS
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http://dx.doi.org/0.9789/2175-5361.rpcfo.v12.6981>. Acesso em: 03 abr. 21.
RESUMO
A violência doméstica contra a mulher é um grande desafio para o setor de saúde, pois a
suspeita e a confirmação da agressão é dificultada por alguns fatores culturais e pela
conduta errada do profissional. Esta revisão integrativa tem como objetivo fazer uma
investigação das evidências científicas disponíveis na literatura sobre o tema, buscando
entender se na prática o cirurgião-dentista é um agente notificador da violência doméstica
contra a mulher no Brasil. Foram utilizados como descritores: “Violência contra a Mulher”
ou “Violência doméstica” ou “Violence Against Women” ou “Domestic Violence” e
“Odontólogos” ou “Cirurgião-dentista” ou “Dentista” ou “Dentists”, nas bases de dados
LILACS/BVS, Pubmed e SciELO. A seleção inicial dos artigos foi realizada por meio dos títulos
de pesquisas, correspondentes aos últimos dez anos (2011-2021). Os critérios de inclusão
englobam estudos transversais de recorte territorial no Brasil, redigidos na língua
portuguesa ou inglesa, publicados durante o período mencionado. Foram excluídas as
produções sem relevância para a problemática do estudo, artigos de revisão ou escritos em
idiomas diferentes do português e inglês. De acordo com os critérios de inclusão adotados,
3 artigos foram selecionados para o trabalho. Os cirurgiões-dentistas não se mostram aptos
a identificarem casos de violência doméstica ou, quando conseguem identificar, acabam
omitindo sua suspeita ou diagnóstico por falta de conhecimento sobre a legislação vigente.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica acerca do papel do cirurgião-
dentista como agente notificador da violência doméstica contra a mulher. Com isso, o
problema da pesquisa foi: “Na prática, o cirurgião-dentista é um agente notificador ativo
da violência doméstica contra a mulher?”.
A coleta de dados foi realizada em outubro de 2021, utilizando-se como
descritores: “Violência contra a Mulher” ou “Violência doméstica” ou “Violence Against
4. CONCLUSÃO
Conclui-se, portanto, que os cirurgiões-dentistas não se mostram aptos a
identificarem casos de violência doméstica, ou, quando conseguem identificar, acabam
omitindo sua suspeita ou diagnóstico por falta de conhecimento sobre a legislação
vigente, ou seja, não sabem como proceder com a notificação e encaminhamento aos
órgãos especiais. Se faz necessário o treinamento dos profissionais das redes de
atendimento ao paciente odontológico, assim como o treinamento de alunos da
REFERÊNCIAS
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RESUMO
Neste estudo, objetivou-se sistematizar as evidências científicas produzidas a partir de
questionários aplicados para avaliar relações familiares em puérperas. Trata-se de
revisão integrativa realizada nas bases de dados LILACS, SciELO, MEDLINE® e PubMed®
de investigações publicadas entre os anos de 2015 e 2021. Utilizaram-se os descritores
controlados em saúde “family relations” AND “Postpartum period” AND “surveys and
questionnaires”. Foram selecionados oito artigos, os quais discorreram sobre as relações
familiares em puérperas, sobretudo acerca das relações do binômio mãe-filho.
Destacaram-se os instrumentos Family APGAR e Medical Outcomes Study Family and
Marital Functioning Measures, que avaliaram as relações das puérperas com os demais
familiares. Os trabalhos apontaram a importância das relações familiares saudáveis, o
que implica na relevância de profissionais de saúde treinados quanto à existência e à
aplicação de instrumentos como o Family APGAR e o Medical Outcomes Study Family
and Marital Functioning Measures, potencializando ações de planejamento e práticas
assertivas no atendimento da família e da puérpera.
2. METODOLOGIA
A presente investigação orientou-se pela revisão integrativa da literatura, que é
um método utilizado pela medicina baseada em evidências para sintetizar
conhecimento e expor estudos relevantes para a prática clínica. Utiliza técnicas que
agrupam e resumem resultados de pesquisas sobre um tema ou questão, de modo
sistemático e ordenado, com vistas a contribuir e aprofundar o tema pesquisado
(MENDES; SILVEIRA & GALVÃO, 2019).
O processo de elaboração da revisão integrativa permeia seis fases a serem
seguidas. A primeira é a elaboração da pergunta norteadora; na segunda, são feitas
buscas na literatura; na terceira, é realizada a coleta de dados; na quarta, os estudos
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3. RESULTADOS
Foram selecionados, para análise final, oito artigos. Em relação à base de dados,
houve maior prevalência (n=6; 75%) da PubMed®. Em relação ao Nível de Evidência,
encontraram-se quatro estudos longitudinais (50%) classificados em nível III e quatro
estudos transversais (50%) classificados em nível IV (STETLER et al., 1998). No que
help with
childcare
Cornelius, PubMed®, REAP, WAVE Higher The partner has
Desrosiers e estudo e SRPS relationship relevant influences
Kershaw longitudinal, power was on changes in health
(2016) Nível III, 157 protective behavior over time
casais against smoking
escalation for
females
Farré-Sender MEDLINE®, EPDS, VPSQ, Emotional The women’s risk
et al. (2018) estudo MAS, ETI-SR, abuse, family factors in pregnancy
longitudinal GHQ-12, STAI psychiatric is important to
prospectivo, e PBQ history, and prevent disturbances
Nível III e anxiety during of Mother–infant
251 mulheres pregnancy were bonding
significant
predictors of
Mother–infant
bonding
disturbances
impaired bonding
maternal
bonding
Ngai e Ngu MEDLINE®, MOS-FMFM e There is a The study provides
(2016) longitudinal, FSOC-S decline in evidence that family
Nível III e 220 marital sense of coherence
casais functioning in plays a significant
postpartum and role in promoting
a strong family family and marital
sense of functioning during
coherence was puerperium
associated with
better family
and marital
functioning in
the puerperium
Zdolska- PubMed®, ACL, EPDS, The bond with a The relationships of
Wawrzkiewicz Observacional ECR, MFAS e child during maternal
et al. (2019) transversal, Nível PBQ pregnancy was attachment, self-
IV e 86 mãe- a significant image as a mother
filhos predictor of the during and after
bond with the pregnancy influence
child after birth the
bond with the child
after delivery
EPDS: Edinburgh Postnatal Depression Scale; REAP: Rapid Eating Assessment for Patients;
WAVE: Wave Performance Culture Framework; SRPS: Sexual Relationship Power Scale; VPSQ:
Vulnerable Personality Style Questionnaire; MAS: Marital Adjustment Scale; ETI-SR: Early
Trauma Inventory; GHQ-12: General Health Questionnaire; STAI: State-Trait Anxiety Inventory;
PBQ: Postpartum Bonding Questionnaire; Duke-UNC-11: functional social support
questionnaire; FSOC-S: Family Sense of Coherence Scale Short Form; MOS-FMFM: Medical
Outcomes Study Family and Marital Functioning Measures; ACL Adjective Check List; ECR:
Experiences in Close Relationships; MFAS: Maternal-Fetal Attachment Scale.
4. DISCUSSÃO
As pesquisas analisadas na presente revisão integrativa apontaram que a
aplicação de instrumentos na Atenção à Saúde da puérpera, mesmo quando não
abordaram toda a amplitude das relações familiares e se restringiram ao binômio mãe-
filho, foram relatadas como instrumentos que auxiliaram muito na Atenção à Saúde da
mulher e da família. Eles implicaram em fazer um diagnóstico dessa situação e
citações (BITETTI & FERRERAS, 2017). Em relação aos anos de publicação, houve
predomínio de 2018, 2019 e 2020, o que pode ser justificado pela publicação de
documentos técnicos pela World Health Organization (WHO) com ênfase nos aspectos
relacionados à saúde da mulher e da criança na Atenção Primária, corroborando a
atualidade da temática envolvida (WHO, 2018).
O emprego dos instrumentos encontrados nos artigos selecionados se deu em
busca da verificação das relações familiares, com o objetivo específico de avaliar o
vínculo entre mãe e filho ou as relações conjugais – e não as relações das puérperas com
demais familiares. Dentre os instrumentos, o PBQ foi o mais prevalente, mas alguns
aspectos podem inferir a limitação ao PBQ, como avaliação restrita da relação mãe e
filho sem abranger a qualidade dos demais vínculos familiares da puérpera e o fato de
ainda estar em fase de validação para a população brasileira (BALDISSEROTTO et al.,
2018; GARCIA-ESTEVE et al., 2016; OHASHI et al., 2016).
Dentre os artigos selecionados nesta revisão, dois instrumentos foram utilizados
com o objetivo de avaliar as relações familiares das puérperas de forma ampla. O MOS-
FMFM deriva de uma escala mais extensa, desenvolvida a partir de um estudo
relações entre mãe e filho associou-se a fatores como depressão materna e gestação
não planejada (CAVALCANTE et al., 2017). Também houve prejuízo no desenvolvimento
cognitivo e de linguagem em crianças que possuíam padrão de apego inseguro com suas
mães, enfatizando a importância das relações iniciais no desenvolvimento da criança
(SAUR et al., 2018).
Outro aspecto evidenciado diz respeito às influências da rede de apoio familiar
durante o ciclo puerperal. Estudo com mães adolescentes evidenciou que apoio social e
familiar adequado favorece a adaptação à maternidade, permitindo vinculação saudável
ao concepto (ESTEVES et al., 2018). Também experiências positivas entre os casais e suas
famílias facilitaram o processo de transição da conjugalidade para parentalidade (CRUZ
& MOSMMAN, 2015). Ainda, experiências como o senso de coerência fortalecem a
qualidade do relacionamento familiar, culminando em benefícios para o desfecho
parental, sendo necessário incentivar ações que busquem melhorar o senso de
coerência familiar e materna em todo período perinatal (HILDINGSSON, 2017; SHOREY
& NG, 2020).
5. CONCLUSÃO
Os instrumentos levantados nesta revisão integrativa foram: Postpartum
Bonding Questionnaire, Experiences in Close Relationships, Maternal-Fetal Attachment
Scale, Marital Adjustment Scale, CARE-Index, Sexual Relationship Power Scale, Medical
Outcomes Study Family and Marital Functioning Measures, Family Sense of Coherence
Scale Short Form e Family APGAR. Em sua maioria, avaliam as relações entre mãe e filho
ou as relações conjugais no puerpério. Dois instrumentos, o Medical Outcomes Study
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
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RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão narrativa da literatura, que
buscou evidenciar, por meio de análises empíricas e atuais, os mecanismos
fisiopatológicos das síndromes hipertensivas gestacionais. A pesquisa foi realizada
através do acesso online nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed
MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Cochrane Database of Systematic
Reviews (CDSR), Google Scholar, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e EBSCO Information
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3.1.1. Estágio 1
Após a concepção, células T regulatórias que interagem com a indoleamina 2,3-
dioxigenase, junto com o reconhecimento pelas células NK deciduais do HLA-C fetal
situado no trofoblasto extravilositário, podem, pela imunorregulação, facilitar a
placentação. A falência parcial desse mecanismo ocasiona o estágio 1 (PODYMOW et al.,
2008).
3.1.2. Estágio 2
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3.1.3. Estágio 3
O terceiro estágio na etiopatogênese da pré-eclâmpsia envolve resposta
materna com ativação global do sistema inflamatório e disfunção da célula endotelial. A
disfunção endotelial sistêmica é a causa de outras condições que caracterizam a pré-
eclâmpsia, como hipertensão e proteinúria. Especificamente, o vasospasmo determina
a hipertensão, o aumento da permeabilidade capilar glomerular causa a proteinúria, os
distúrbios na expressão endotelial de fatores da coagulação resultam em coagulopatias,
e a vasoconstrição e a isquemia da lesão endotelial podem conduzir à disfunção
interage com o VEGF e o PlGF na corrente sanguínea, impedindo a ligação desses fatores
angiogênicos com os seus receptores de membrana do endotélio. Assim, o sFlt-1 age
como antagonista dos fatores do crescimento e sua concentração encontra-se elevada
5 a 6 semanas antes do aparecimento clínico da toxemia (ZUGAIB, 2019).
crescimento endovascular denominada fms- -like tyrosine kinase solúvel (sFlt1). Esse
receptor possibilita a ligação com o fator de crescimento endovascular (VEGF), mas não
promove a resposta biológica intracelular que o receptor presente na membrana
provoca. Outra molécula que reage com o sFlt1 é uma variante do fator de crescimento
produzida pela placenta, denominada fator de crescimento placentário (PlGF, do inglês
placental growth factor). O VEGF e o PlGF são potentes estimuladores da expansão
vascular, mecanismo essencial para o desenvolvimento da unidade uteroplacentária.
Ademais, mulheres com pré-eclâmpsia apresentam níveis mais elevados de sFlt1 e
endoglina solúvel (s-Eng) e mais baixos de PlGF e VEGF quando comparadas a mulheres
com gestações sem complicações. Os níveis circulantes de sFlt1 e PlGF mostram-se
alterados várias semanas antes do aparecimento da doença clínica e correlacionam-se
com a gravidade da doença. Dessa forma, o sFlt1 apresenta efeito antiangiogênico
(CUNNINGHAM et al., 2021).
Predisposição genética
Há evidências epidemiológicas do envolvimento genético na DHEG. Assim, filhas
de mães com pré-eclâmpsia têm maior incidência da doença. Entretanto, o mecanismo
Fatores nutricionais
Além das causas incontroláveis, fatores ambientais podem aumentar a chance
da instalação da DHEG. Há muitos anos, a deficiência ou o excesso de alguns nutrientes
têm sido responsabilizados por contribuir para o aparecimento dessa doença. Alguns
estudos sugeriram associação inversa entre o consumo de cálcio na dieta e o nível de
pressão arterial, mas o seu mecanismo ainda é desconhecido e os resultados dos
estudos disponíveis são conflitantes; estudos controlados não mostraram benefício da
suplementação, e outros sugeriram benefício apenas em populações com dieta
deficitária nesse nutriente. Baseando-se em indícios da presença de marcadores do
estresse oxidativo na placenta e na circulação materna, estudos sugeriram que algumas
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Estresse
Estudos epidemiológicos demonstram que o risco relativo de DHEG é maior em
situações de estresse. Na prática clínica, é de conhecimento antigo que o estresse é
importante fator no aumento isolado da pressão arterial. Da mesma forma, pode-se
supor que, se os fatores emocionais também interferem no sistema imunológico, então
facilitam a deposição de imunocomplexos, dificultando a placentação normal. Em
consequência da hipoxia placentária, surgiriam os radicais livres, os quais promoveriam
a lesão do endotélio. Embora estas hipóteses sejam interessantes, a resposta a um
determinado fator estressante é variável de um indivíduo para outro, tornando difícil
estabelecer o seu real valor (SIBAI et al., 2005).
Estudos experimentais com animais expostos a estímulos estressantes (som,
imobilização e superpopulação) revelaram sinais de pré-eclâmpsia. Os resultados desses
estudos demonstram que quanto maior o nível de estresse, maiores os níveis de pressão
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A rotina propedêutica cuidadosa, com ênfase na anamnese e no exame físico, é
fundamental para o diagnóstico precoce. O diagnóstico de DHEG deve ser presumido
nas gestantes com hipertensão arterial, edema e/ou proteinúria significativa após 20
semanas de gestação. A probabilidade de acerto no diagnóstico clínico é maior se a
paciente for primigesta e com história familiar de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia. Embora
o curso da DHEG tenha início na ocasião da placentação, as manifestações clínicas
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
CUNNINGHAM, F. G., et al. Obstetrícia de Williams, 25ª edição, Editora McGraw, 2021.
JAMES, P. R., et al. Management of hypertension before, during and after pregnancy.
Heart, v.90, n. 5, p.1499-504, 2004.
RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
1. INTRODUÇÃO
O silicone foi primariamente introduzido na medicina em 1947, para uso
em curativos e, sendo, inicialmente, considerado uma substância inerte, estável, com
consistência que imitava o tecido humano e resistente à degradação. A partir da década
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão integrativa da literatura. Para
a elaboração da questão de pesquisa da revisão integrativa utilizou a estratégia PICO
(Acrômio para Patient, Intervention, Comparation e Outcome). O uso dessa estratégia
para formular a questão de pesquisa na condução de métodos de revisão possibilita a
identificação de palavras-chave, as quais auxiliam na localização de estudos primários
relevantes nas bases de dados. Assim, a questão de pesquisa delimitada foi: “por que os
casos de explante de mama aumentaram tanto, seria devido os novos padrões estéticos
e doença da silicose?” Dessa maneira, compreende-se que P=mulheres que querem
fazer o explante de mama; I=cirurgia de explante de mama; C=mulheres que não
querem fazer o explante de mama e O= aumento do interesse em explante de mama.
A partir do estabelecimento das palavras-chave da pesquisa, foi realizado o
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
As mamoplastias de aumento são amplamente realizadas no Brasil e têm
apresentado cada vez mais resultados satisfatórios e seguros. Contudo, por envolver a
utilização de implantes de silicone na grande parte dos casos, considerados como um
corpo estranho, estão, portanto, sujeitas a complicações e intercorrências (FRANCO et
al., 2013).
Nesse contexto, de acordo com Kaplan et al. (2021) e Rohrich et al. (2019), o
termo “doença do silicone” tem se popularizado nas mídias sociais e se tornado uma
preocupação para os consumidores. Essa doença englobaria sintomas, na maioria dos
casos, inespecíficos que foram atribuídos aos implantes mamários, entre eles estão
fadiga, dor no peito, queda de cabelo, cefaleia, calafrios, fotossensiblidade e erupções
na pele. Porém, os autores afirmam que até o momento não há evidências suficientes e
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O implante de próteses de silicone é a cirurgia mais realizada no mundo e um
dos procedimentos cirúrgicos mais desejados no Brasil. Contudo, nos últimos anos,
observa-se um crescente aumento na procura do explante mamário, assim, esse estudo
REFERÊNCIAS
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Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
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Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão narrativa da literatura, que
buscou evidenciar, por meio de análises empíricas e atuais, as principais alterações que
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
ocorrem na síndrome climatérica. A pesquisa foi realizada através do acesso online nas
bases de dados National Library of Medicine (PubMed MEDLINE), Scientific Electronic
Library Online (Scielo), Cochrane Database of Systematic Reviews (CDSR), Google
Scholar, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e EBSCO Information Services, no mês de
novembro 2021. Para a busca das obras foram utilizadas as palavras-chaves presentes
nos descritores em Ciências da Saúde (DeCS): em inglês: "menopause", "climacteric",
"symptoms", "climacteric syndrome" e em português: "menopausa", "climatério",
"sintomas", "síndrome climatérica".
Como critérios de inclusão, foram considerados artigos originais, que
abordassem o tema pesquisado e permitissem acesso integral ao conteúdo do estudo,
publicados no período de 2000 a 2021, em inglês e português. O critério de exclusão foi
imposto naqueles trabalhos que não estavam em inglês ou português, que não tinham
passado por processo de Peer-View e que não abordassem o tema da pesquisa. A
estratégia de seleção dos artigos seguiu as seguintes etapas: busca nas bases de dados
selecionadas; leitura dos títulos de todos os artigos encontrados e exclusão daqueles
que não abordavam o assunto; leitura crítica dos resumos dos artigos e leitura na íntegra
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A síndrome do climatério compreende como os sintomas que mulheres sob esse
período apresentam, relacioados á queda da produção de estrogênios, e geralmente é
composta por sintomas vasomotores e modificações atróficas. Entre os primeiros, os
mais disseminados e incômodos são as ondas de calor, também denominadas fogachos,
e tais sintomas podem ocorrer mesmo antes de estabelecida a menopausa (NELSON,
2008). Sob esse contexto, é importante observar que a transição até a menopausa e os
anos de vida após trazem consigo questões relacionadas com qualidade de vida,
prevenção e tratamento de doenças.
Alterações neuroendócrinas
Durante a vida reprodutiva da mulher, o hormônio liberador de gonadotrofinas
(GnRH) é liberado de forma pulsátil pelo núcleo arqueado do hipotálamo basal medial.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Ele se liga aos receptores de GnRH nos gonadotrofos hipofisários para estimular a
liberação cíclica das gonadotrofinas: hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo
estimulante (FSH). Essas gonadotrofinas, por sua vez, estimulam a produção dos
esteroides sexuais ovarianos, o estrogênio e a progesterona, bem como de um peptídeo
hormonal, a inibina (NELSON, 2008).
No decorrer dos anos reprodutivos, o estrogênio e a progesterona exercem
feedback positivo e negativo sobre a produção das gonadotrofinas hipofisárias e sobre
a amplitude e a frequência da liberação de GnRH. Produzida nas células da granulosa, a
inibina exerce uma importante influência no feedback negativo sobre a secreção de FSH
pela adeno-hipófise, e esse sistema endócrino rigorosamente regulado produz ciclos
menstruais ovulatórios regulares e previsíveis (HALBE, 2000).
A transição de ciclos ovulatórios até a menopausa normalmente se inicia no final
da quinta década de vida, quando os níveis de FSH se elevam discretamente e levam a
aumento da resposta folicular ovariana. Esse aumento, por sua vez, produz elevação
global nos níveis de estrogênios (estradiol, principalmente). No entanto, esse aumento
essa sequência de eventos leva a aumento nos níveis séricos de cálcio, fazendo com que
o PTH retorne aos valores normais. Entretanto, em mulheres pós-menopáusicas, a
deficiência de estrogênio aumenta a sensibilidade do osso ao PTH. Portanto, para
qualquer dado nível de PTH, mais cálcio será retirado dos ossos (SILVEIRA, 2012).
Recomenda-se, por isso, a suplementação de cálcio para as mulheres pós-
menopáusicas, a fim de manter níveis adequados. Um dos efeitos esperados é bloquear
os efeitos do PTH sobre a reabsorção óssea. Além disso, também tem sido sugerida
suplementação de vitamina D para esse grupo de pacientes. Embora essa vitamina ative
os osteoclastos, seus efeitos cumulativos positivos sobre a absorção intestinal e a
reabsorção renal de cálcio são suficientes para que sirva como auxiliar na prevenção de
perda óssea (HOFFMAN et al., 2014).
Alterações vasomotoras
Os fogachos se caracterizam por aumento na pressão arterial sistólica tanto na
vigília quanto durante o sono. Além disso, a frequência cardíaca aumenta entre 7 e 17
batimentos por minuto. Os fogachos também podem ser acompanhados de palpitações,
Alterações psicossociais
Entre todas as alterações, a mais comum é a depressão, que parece acumular
riscos para seu desenvolvimento a partir da perimenopausa inicial, perimenopausa
tardia e pós-menopausa. O mecanismo pelo qual as mulheres climatéricas apresentam
esse aumento de risco ainda é desconhecido. A variação dos níveis séricos de estrogênio
parece estar mais associada com efeitos depressivos do que com a própria concentração
hormonal absoluta (KASUGA et al., 2004).
Dados recentes apontam para relação do aumento nos níveis de testosterona
com depressão, independentemente do estágio menopausal. Entre outros fatores
contribuintes, estão baixa escolaridade, presença de sintomas vasomotores, falta de
suporte social e eventos estressantes no decorrer da vida. Além disso, as mudanças
evidentes desse período – a perda da capacidade reprodutiva e o próprio
envelhecimento – propiciam transtornos psicológicos associados que também podem
contribuir para o quadro depressivo ou ansiolítico (SILVA et al., 2006).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A assistência à mulher climatérica é algo diferencial e imprescindível para o
cuidado com a saúde feminina mundial, que envelhece continuamente, e entender os
multifatores que rodeiam essa população e a realidade em que vivem é fundamental.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
REFERÊNCIAS
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SILVEIRA, I. L., et al. Prevalence of climacteric symptoms in women living in rural and
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p. 415-422, 2007.
RESUMO
Objetivo: identificar as principais causas de parada cardiorrespiratória em gestantes, e destacar
a atuação do enfermeiro diante desta condição. Método: trata-se de uma revisão narrativa de
literatura. Foram utilizados como fonte de pesquisa materiais disponíveis na Biblioteca Virtual
de Saúde, site do Ministério da Saúde e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia
e Obstetrícia (FEBRASGO). Para busca foram utilizados os seguintes descritores: Gravidez de Alto
Risco; Parada Cardíaca; Mortalidade Materna; Cuidados de Enfermagem. O período de busca foi
entre dezembro de 2020 a março de 2021. Revisão bibliográfica: verificou-se que complicações
na gestação, tais como síndromes hipertensivas, tromboembolismo, hemorragias graves, entre
outras, juntamente com as causas cardíacas e iatrogênicas não diagnosticadas ou tratadas, em
seus quadros de maior gravidade podem provocar parada cardiorrespiratória, podendo resultar
em mortalidade materna e fetal. Considerações finais: o enfermeiro por meio da orientação e
acompanhamento no período pré-natal pode evitar e detectar precocemente tais complicações;
e ainda capacitar sua equipe no atendimento às intercorrências, garantindo materiais e
medicamentos adequados, otimizando assim as chances de sobrevivência da mãe e do feto.
antes da gravidez, que quando não acompanhadas pelos profissionais da saúde, podem
ameaçar a saúde da mãe e do feto podendo levar a morte de ambos (CARVALHO;
FONSECA; RUZI, 2009; ANDRADE et al., 2018).
A saúde das gestantes tem sido objeto de inúmeros estudos na atualidade, pois
sabe-se que nos países pobres e em desenvolvimento as taxas de mortalidades
maternas são altas e que há uma carência na saúde reprodutiva o que resulta em 1
morte materna a cada 48 partos. Nesse sentido, este objetivo só será alcançado por
meio de promoção integral da saúde das mulheres e através da garantia da presença de
profissional qualificado na assistência. A redução da mortalidade materna é ainda um
grande desafio para os serviços de saúde e sociedade como um todo, e por ser uma
tragédia evitável em 92% dos casos, é considerada, diante destas estatísticas, uma das
mais graves violações dos direitos humanos das mulheres (BRASIL, 2009).
Dentre as complicações que podem surgir na gestação, sabe se que as síndromes
hipertensivas da gravidez, os traumas, os tromboembolismos venosos, sepses,
embolismo pelo fluido amniótico, hemorragias graves, doenças cardíacas congênitas e
as causas iatrogênicas, em suas formas mais graves podem resultar em parada
2. MÉTODO
Tratou-se de uma revisão narrativa de literatura. De acordo com Marcone e
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
surgir nesse ciclo. Dentre todos os sistemas atingidos pela reorganização corporal, os de
maiores importâncias são: cardiovascular e respiratório (CLARCK et al., 2001).
As alterações no sistema cardiovascular são bem extensas, tanto
anatomicamente quanto fisiologicamente. O volume sanguíneo e o débito cardíaco são
aumentados, esse aumento está totalmente ligado ao volume plasmático circulante,
levando a redução da resistência dos vasos periféricos e da pressão sanguínea, tendo
maior pico de manifestação por volta do terceiro trimestre de gestação e segue até o
momento do parto (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
É notada uma leve hipertrofia cardíaca, resultante da elevação dos volumes
sanguíneos circulantes e ao débito cardíaco elevado, já que o rendimento cardíaco
aumenta para 150% dos valores normais para a não grávida e sabe se que o útero recebe
até 30% do débito cardíaco (CLARCK et al., 2001).
Conforme o útero vai se deslocando para a cavidade abdominal o retorno venoso
ao coração se torna prejudicado, isto ocorre pela compressão aorto-cava, já que o útero
com 20 semanas ou mais comprime a veia cava inferior, os vasos ilíacos e a aorta
abdominal, sendo indispensável tal conhecimento para determinar condutas corretas e
Diante de uma PCR devem ser iniciadas as manobras de RCP de forma rápida
e segura. Na gestante é necessário lembrar-se das modificações fisiológicas e
assim tornar o procedimento efetivo. Deve se posicionar a paciente gestante de 20
semanas ou mais em decúbito dorsal e promover o desvio manual do útero gravídico,
realizando assim a descompressão da veia cava inferior, desta forma iniciar as
compressões torácicas que devem ser realizadas logo acima da metade do crânio caudal
do esterno
(CARVALHO; FONSECA; RUZI, 2009). O profissional que estiver executando as
compressões torácicas deve manter esta ação eficaz, em um ritmo de 100 a 120
compressões por minuto, com profundidade de cinco a seis centímetros para dentro do
tórax, totalizando um total de 30 compressões para duas ventilações, que deverá ser
realizada por meio da ambúmáscara com oxigênio (0²) a 100%, evitando a ventilação
excessiva, promovendo o retorno total do tórax e minimizando as interrupções da
técnica (BRASIL, 2016).
Caso o médico detecte ritmos cardíacos chocáveis como: taquicardia ventricular
sem pulso ou fibrilação ventricular, o uso do desfibrilador será indispensável e também
este procedimento é indicado apenas com a visão de salvar a mãe já que a sobrevivência
do feto é improvável. Portanto, quando a idade gestacional é acima de 24 semanas o
objetivo é salvar a mãe e o feto (ZUGAIB; FRANCISCO, 2019).
Além de toda a problemática da RCP materna, a equipe médica e de enfermagem
ainda poderá se deparar com possíveis complicações no binômio, na mulher pode
ocorrer: ruptura de vísceras, lacerações de órgãos, fraturas no esterno e na costela, e
hemotórax. Por outro lado, no recém-nascido (RN) pode ocorrer intoxicação pelos
medicamentos utilizados durante a PCR, acidemia fetal e hipóxia, por isso a PCR em
gestantes se torna uma situação de alto estresse. Neste contexto, para atendimento a
esta gestante se faz necessário uma equipe capacitada, com princípios de humanização,
éticos e de trabalho em equipe, também se faz importante os recursos de materiais,
instrumentais e ambiência (CLARCK et al., 2001).
Após atendimento da PCR com sucesso, a paciente deve ser encaminhada para
unidade de terapia intensiva (UTI), onde será iniciada uma série de medidas terapêuticas
para evitar uma nova PCR, deverão ser solicitados exames laboratoriais pelo médico. O
controle da temperatura, glicemia e sinais vitais será realizado de forma rigorosa, a
prejudiciais para a gestação. Este momento é ideal para influenciar a saúde de toda a
parentalidade e a realização da promoção em saúde (LOWDERMILK; KITTY; PARRY,
2013).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
GEGETR Os profissionais de saúde, em especial o enfermeiro necessita dominar
os conhecimentos sobre as modificações anatômicas e fisiológicas da gestação, como
também saber prevenir e reconhecer precocemente as complicações obstétricas nesse
período, a fim de auxiliar no tratamento e evitar intercorrências, tais como a PCR.
Em suma, o enfermeiro dentro de suas competências, tem a oportunidade de
atuar na promoção de saúde durante o período pré-natal, objetivando evitar, diminuir
e controlar os agravos à saúde da mulher gestante. E ainda, capacitar sua equipe no
atendimento otimizado às intercorrências, garantindo materiais e medicamentos
adequados, como também o planejamento da assistência, pessoas treinadas e
ambiência. Contribuindo cada vez mais para redução das taxas de mortalidade materna
e fetal.
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Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
CLARCK, S. L. et al. Tratamento intensivo em obstetrícia. 3 ed. São Paulo: Santos; 2001.
p. 766.
RESUMO
Introdução: A violência física é determinada através do uso de força contra um indivíduo, e pode
ocasionar sequelas negativas a qualidade de vida e saúde. Uma em cada quatro mulheres, que
estiveram em um relacionamento terão sofrido violência de seus parceiros, e que apesar das
particularidades de cada uma é possível traçar um perfil da vulnerabilidade. A violência física,
pode resultar em fraturas, contusões, queimaduras, entre outras injúrias, principalmente na
região da cabeça e pescoço. Objetivo: Identificar os tipos de traumas físicos em mulheres vítimas
de violência. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão integrativa. Para o levantamento
dos dados foram utilizadas as seguintes bases de dados: LILACS, MEDLINE e BDENF. Inicialmente
foram aplicadas a combinação: “(Violence Against Women) AND (physical abuse) OR (physical
violence) AND (Wounds and Injuries) OR (trauma)”, obtendo-se um total de 440 artigos, sendo
posteriormente selecionados 19. A amostra do estudo contou com 6 artigos. Resultados e
discussão: Observou-se que o tipo de violência física mais relatada foi o espancamento
caracterizado por chutes, tapas, puxões de cabelo, torções de braço, empurrões e socos, que
facilmente podem provocar traumatismo cranioencefálico, torácico, politraumas, entre outros.
Além disso, com a pandemia observou-se um aumento do número de feminicídios e casos de
violência contra mulher. Conclusão: Faz-se necessário investir na capacitação dos profissionais
da saúde, para que seja possível identificar e notificar adequadamente as ocorrências, com o
intuito de dar maior visibilidade aos casos de trauma gerados pela violência contra a mulher,
assim como desenvolver uma assistência acolhedora e sensível.
capacitações que façam com que a equipe desenvolva uma assistência acolhedora e
sensível, como também fortaleça a rede de apoio à vítima.
2. OBJETIVOS
Identificar na literatura científica evidências acerca dos tipos de traumas físicos
sofridos por mulheres vítimas de violência.
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com abordagem exploratória e
descritiva que tem por finalidade descrever os tipos de traumas de mulheres vítimas de
violência. Para a sistematização da busca pelo material a ser utilizado no presente
estudo, foram seguidas seis etapas, sendo elas: identificação do tema e da pergunta
norteadora, determinação dos critérios de inclusão e exclusão, busca nas bases de
dados, análise das literaturas, discussão dos resultados e exposição da revisão
integrativa (MENDES, SILVEIRA & GALVÃO, 2008).
emocionalmente, pelas
repercussões negativas que
foram além das lesões
físicas, provocando baixa
autoestima e depressão
nessas mulheres.
Preditores da LEAL et al., Avaliar a Estudo Observou-se que o principal
violência física 2017 ocorrência da descritivo e local de ocorrência da
contra violência física analítico com violência contra essas
mulheres perpetrada abordagem mulheres foi o próprio
usuárias da contra mulheres quantitativa domicílio, praticado na
atenção usuárias da maioria das vezes pelo
primária à Atenção Primária parceiro íntimo, por meio de
saúde à Saúde (APS) e tapas e chutes. Quando
os fatores questionadas sobre o
associados. sentimento de medo,
referiram medo do próprio
companheiro. Entretanto,
das que procuraram ajuda,
recorreram às autoridades
policiais.
Violência física AZANAW et Avaliar a Estudo A magnitude da violência
e fatores al., 2019 magnitude e os transversal de física entre as empregadas
associados fatores base foi alta. Ao se tornarem
entre associados à comunitária empregadas domésticas
empregadas violência física mulheres acabaram que
domésticas que contra sofrendo violência física
moram na empregadas durante a vida. As chances
cidade de doméstica de violência física foram
Debre-Tabor, praticamente dobradas
Diante das análises dos artigos encontrados, observou-se que o tipo de violência
física mais relatada foi o espancamento - caracterizado por chutes, tapas, puxões de
cabelo, torções do braço, empurrões e socos, que facilmente podem provocar
traumatismo cranioencefálico e/ou torácico, politraumas, entre outros. Além desses,
foram citados com notoriedade enforcamento e traumas causados por objetos
cortantes e perfurantes (BARROS, et al., 2021; LEAL et al., 2017; MAHMOOD et al., 2021;
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
SOUSA et al., 2020; SOUZA et al., 2018). Desse modo, faz-se importante identificar como
esses traumas se manifestam clinicamente, para a identificação dos casos em unidades
de pronto atendimento, principalmente em casos de recorrência.
Segundo Barros et al. (2021) a reincidência de violência contra a mulher foi um
dos principais fatores associados aos feminicídios e às violências físicas direcionadas a
mulheres em Pernambuco, Brasil, sendo o uso de arma de fogo a principal ferramenta
utilizada, mas também há registro de agressão corporal, enforcamento, espancamento,
ataque com objeto perfurante e/ou cortante, envenenamento e líquidos quentes.
Equitativamente a esse estudo, uma pesquisa realizada no estado de Porto Alegre
analisou que 83% (n= 36 casos, dos inquéritos analisados no período de 2006 a 2010)
dos casos de feminicídios haviam denunciado violência anteriormente (MARGARITES,
MENEGHEL, CECCON, 2017).
Segundo o órgão público Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, a quantidade de ligações para o “Ligue 180”, número destinado a receber
denúncias de violências contra mulher, aumentou cerca de 9% após o início do
isolamento social que teve como objetivo reduzir a expansão da pandemia de COVID-
quantidade ínfima de artigos que relacionam os tipos de traumas físicos sofridos por
mulheres vítimas de violência física com as manifestações clínicas. Assim, faz-se possível
crer que o presente estudo surge como mais um meio de acesso à informação sobre
esta temática, sendo capaz de contribuir na tomada de decisões para o enfrentamento
desse problema.
Dessa forma, torna-se notório que a abordagem analítica de relatos de violência
contra mulheres é essencial para o reconhecimento desses casos pelos profissionais da
saúde, além de ser determinante para a determinação, o planejamento e a
implementação de intervenções que visem a redução do feminicídio.
5. CONCLUSÃO
Diante do exposto, pode-se afirmar que o tipo de violência física mais
mencionado nos relatos de ocorrência foi o espancamento, podendo ser caracterizado
por chutes, tapas, puxões de cabelo, torções dos braços, empurrões e socos,
ocasionando traumatismo cranioencefálico, torácico, politraumas, dentre outros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Pública. 2021.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
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BRASIL. Ministério da saúde. Violência por parceiro íntimo contra homens e mulheres
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em Saúde. v. 51, dez. 2020.
LEAL, Islanne Soares et al. Preditores da violência física contra mulheres usuárias da
atenção primária à saúde. Revista Baiana de Saúde Pública. v. 41, n. 4, p. 862-
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MENDES, Karina Dal Sasso; SILVEIRA, Renata Cristina de Campos Pereira; GALVÃO,
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contra a mulher sob a perspectiva da odontologia legal na cidade de Fortaleza,
Ceará. Revista Brasileira de Odontologia Legal, v. 6, n. 3, 2019.
VIEIRA, Pâmela Rocha, GARCIA, Leila Posenato e MACIEL, Ethel Leonor o Isolamento
social e o aumento da violência doméstica: o que isso nos revela?. Revista
Brasileira de Epidemiologia, v. 23, 2020.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
RESUMO
Infestação por Pediculus humanis capitis, pediculose, conhecido como piolho da cabeça,
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
registram ser uma das principais causas de impetigo nas populações de países em
desenvolvimento (BURGESS, 1995).
A orientação dos profissionais da educação é um fator importante no combate a
pediculose, que se torna um problema de saúde pública, principalmente em locais como
escolas, onde a transmissão do piolho é mais facilitada devido ao maior contato físico e
grande quantidade de pessoas (SOUZA, 2008; GODOI, 2011). Segundo Linardi (2002) as
crianças infestadas podem apresentar baixo desempenho escolar por dificuldade de
concentração, consequência do prurido contínuo e distúrbios do sono. Em casos mais
graves, crianças podem desenvolver anemia devido à hematofagia do piolho.
Segundo Barbosa et al. (1998), a pediculose é um problema onde a transmissão
ocorre pelo contato direto com pessoas que estejam infestadas, mais comum em
aglomerações, como escolas. Também pode acontecer através do compartilhamento de
objetos pessoais, como travesseiros, pentes, escovas, bonés, lenço, capacete, sendo
fatores de risco para a disseminação da pediculose. Para prevenir a pediculose, o ideal
é evitar esse compartilhamento, bem como evitar o contato direto cabeça com cabeça
ou cabelo com cabelo de pessoas infestadas.
2. METODOLOGIA
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
vive em situação de vulnerabilidade social. A diretora chegou até a mencionar que essa
estudante já foi internada por conta da pediculose, pois se encontrava com uma
infestação que acabou lhe causando feridas no couro cabeludo e anemia. Para que a
escola consiga ajudar o estudante numa situação como essa é preciso medidas
educacionais e projetos dentro da escola que tenham a participação dos pais, como por
exemplo, palestras com pessoas da saúde e com os próprios professores, que possam
passar informações a respeito do tema visando esclarecimentos sobre qualquer dúvida
existente.
As três diretoras afirmaram que já tiveram casos de pediculose nas escolas. A
primeira diretora afirmou que os casos ocorrem esporadicamente, principalmente no
tempo frio. A segunda afirmou que são bem poucos casos presenciados, enquanto que
a terceira diretora afirmou ser bem frequente a presença de casos, não sendo muitos,
mais acontece de tá reincidindo nos mesmos alunos. Os maiores picos de infestação,
ocorrem com o início ou reinício das atividades letivas. (MARCONDES, 2001, p. 194).
Relativo a quais os sintomas comuns que ajudam a identificar os estudantes com
pediculose, as respostas que mais predominaram foram coceira intensa e presença de
a atenção das crianças pois elas se divertem, brincam e aprendem ao mesmo tempo
(SOUZA et al., 2021). De acordo com Neves (2007), as atividades lúdicas propiciam, aos
escolares, auxílio na exploração da criatividade e melhora das atitudes no processo de
ensino e aprendizagem, já que eles podem descobrir, inventar e elaborar estratégias
para promoverem mudanças.
Todas as diretoras afirmaram que falar sobre pediculose no ambiente escolar
pode trazer benefício as escolas. A diretora da escola de ensino particular comentou
sobre falar da forma correta com um projeto bem elaborado com a presença também
dos pais, pois é algo que tem que ser trabalhado em conjunto para que se tenha um
resultado satisfatório, onde se possa passar as informações necessárias, a fim de evitar
uma proliferação da infestação entre os estudantes. O ensino gera o conhecimento,
consequentemente a escola é beneficiada por possuir educadores em saúde, além de
alunos disciplinados que frequentam as aulas e difundem esse aprendizado dentro de
casa, então a escola passa a ter maior controle com a infestação do piolho. É importante
a participação da família na educação junto à escola para que se tenha a extensão das
ações e interações socioeducativas do espaço formal escolar (SILVA et al., 2013).
(2011), essa discriminação gera uma série de problemas de ordens social e emocional,
atingindo principalmente as crianças em fase escolar. Dessa forma, a criança se sente
envergonhada, além de incomodada e irritada por causa da infestação.
Duas das diretoras entrevistadas afirmaram que a escola é o principal meio de
transmissão da pediculose, e uma delas afirmou que a escola não é o principal mais um
dos, pois para se adquirir a pediculose basta o contato com o agente e isso o aluno
também tem fora da escola, como em parquinhos e na própria casa através da troca de
objetos pessoais, como pente, escovas e etc. Como muitas crianças passam uma boa
parte do tempo na escola, ela passa a ser a principal fonte de transmissão do piolho. Na
escola a transmissão pode acontecer facilmente, pois os alunos ficam por muito tempo
num mesmo ambiente, normalmente fechados e os bichinhos pulam de cabeça para
cabeça. É importante que os pais auxiliem no controle da pediculose, olhando as cabeças
das crianças, passando pene fino e que dê o apoio e retorno que a escola necessita pois
para que se consiga um resultado satisfatório é necessário um trabalho em conjunto
entre escola e família. Segundo Souza et al (2006), o alto grau de contaminação pelo
ectoparasita está associado à dinâmica escolar, na medida em que, muitas atividades e
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo possibilitou conhecer as ações educativas sobre pediculose por piolho
da cabeça em escolares da educação infantil nas três escolas onde foi realizado. A
pediculose acontece independente da classe social do aluno, podendo ser vista tanto
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
em escolas públicas como nas particular, sendo um problema de saúde pública antigo,
mais que ainda encontra se presente na atualidade, trazendo sintomas físicos e
psicológicos, comprometendo o aprendizado do estudante.
É um problema de saúde a ser tratado coletivamente, onde a comunidade
escolar juntamente com a família, precisa participar com atitudes preventivas de
controle e prevenção da doença.
É importante que a escola desenvolva estratégias voltadas a saúde escolar e
coletiva para capacitar professores e mobilizar pais e alunos para que estes possam ter
autonomia no cuidado de sua própria saúde, buscando uma melhoria na qualidade de
vida dos mesmos.
Assim, é essencial a implantação de um plano de ação nas escolas que vise a
prevenção e erradicação da infestação pelo ectoparasita, por meio da educação em
saúde para a conscientização e informação dos educadores, educandos e pais.
BARBOSA, J.V., PINTO, Z.T; DOS SANTOS, G.C; TELLES, S.S.A. Estudo da Pediculose no
Estado do Rio de Janeiro. I Bienal de Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, p. 200,
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BARBOSA, J.V. & PINTO, Z.T., 2003. Pediculose no Brasil. In: II Encuentro Nacional de
Entomología Médica y Veterinaria. Universidade Gama Filho. Disponível em
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FRANCESCHI, A. T.; FRANCO, B. B.; STEIGER, C. M. P.; PADILHA, D. Z.; IRIGARAY, J. E.;
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
LINARDI, P.M. Anoplura. In: Neves, D.P.; Melo, A.L.; GENARO, O.; LINARDI, P.M. (Org.),
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SOUZA, P.A.T. Pediculose Na Escola - Uma Oportunidade para Aprender e Ensinar. 2008.
54 f. Trabalho de conclusão (licenciatura – Ciências Biológicas) Universidade
Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Botucatu, 2008.
SOUZA, P. A. T. de; et. al. Pediculose na escola: uma abordagem didática. Projeto de
Pesquisa. IB-UNESP-Botucatu, 2006.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2
Graduanda do curso de Enfermagem. Universidade Federal do Piauí - UFPI
3 Graduanda do curso de Enfermagem. Universidade Estadual do Piauí - UESPI
4 Graduanda do curso de Enfermagem. Universidade Estadual do Piauí - UESPI
5 Graduanda do curso de Enfermagem. Faculdade de Ensino Superior de Floriano- FAESF
6 Residente em Enfermagem Obstétrica pela Universidade Federal do Piauí - UFPI
7 Mestrando em ciências e saúde pela Universidade Federal do Piauí-UFPI
RESUMO
Introdução: A intoxicação exógena representa impactos nocivos ocasionados pelo surgimento de
manifestações clínicas e/ou laboratoriais. Estudos mostram aumento de casos de intoxicações
pediátricas, destacando-se acidentes domésticos, responsáveis por milhões de chamados ao centro de
informações e assistência toxicológica. A maior parte desses casos ocorrem de forma não intencional,
ocasionando alta demanda de hospitalização e mortes de crianças e adolescentes. Objetivo: Caracterizar
o perfil epidemiológico dos casos de intoxicações exógenas acidentais em crianças em um estado
nordestino. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada a partir de coleta de dados no
site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram coletados dados
referentes às intoxicações exógenas de forma acidental ocorridas em crianças menores de 10 anos no
estado do Piauí, onde foram analisadas variáveis segundo dados clínicos e sociodemográficos. Resultados:
No período analisado foram notificados 361 casos por intoxicação exógena acidental em crianças menores
de 10 anos no estado do Piauí. Sendo as maiores frequências encontradas no ano de 2015 [122 (33,8%)],
em crianças de 1 a 4 anos [284 (78,7%)] de cor parda [240 (66,5%)] e do sexo masculino [197 (54,6%)]. A
maioria dos acidentes ocorreram devido a intoxicação medicamentosa [155(42,9%)], sendo confirmadas
de forma clínicos [217(60,1%)]. A maioria dos casos evolui para cura sem sequela [320(88,6%)].
Conclusão: Esses dados apontam a importância de incluir ações educativas abordando a temática nos
diversos setores, para que haja uma maior conscientização e fiscalização por parte dos cuidadores de
crianças a fim de prevenir esse tipo de acidente.
de 1,8 por 100 habitantes, sendo responsável por uma demanda enorme de
hospitalização desse público. No Brasil, são registrados por ano cerca de 4,8 milhões de
casos de intoxicações, e destes em torno de 0,1% a 0,4% resultam em óbito (AGUIAR et
al., 2020; VILAÇA; VOLPE; LADEIRA, 2019; ALVIM et al., 2020).
Um estudo realizado no Estado do Piauí sobre o perfil epidemiológico de
intoxicação exógena entre 2013 e 2017 identificou 1.161 casos de intoxicações
acidentais, representando a segunda maior circunstância de intoxicação, enquanto que
a tentativa de suicídio foi a principal causa relacionada de intoxicação, correspondendo
a 18,9% e 37,7% respectivamente (SAMPAIO et al., 2021).
Pesquisas recentes têm mostrado um crescente número de casos de acidentes
domésticos envolvendo crianças nos últimos anos, e esse fato está relacionado com a
fase, que é marcada pela curiosidade aguçada e contínuo aprendizado. As intoxicações
pediátricas estão entre os acidentes domésticos mais comuns na infância, sendo
responsáveis por milhões de chamados ao centro de informações e assistência
toxicológica (SOBRAL et al., 2020).
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa,
realizado a partir das notificações dos casos confirmados de intoxicação exógena
acidental em crianças menores de 10 anos no estado do Piauí, entre o período de 2015
a 2019. Os dados foram coletados a partir do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN) disponíveis no site do Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (DATASUS).
Foram consideradas as seguintes variáveis: ano de notificação, idade, cor/raça,
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos períodos de 2015 a 2019, foram notificados 361 casos de intoxicação
exógena acidental em crianças menores de 10 anos no estado do Piauí. A maioria desses
casos ocorreu no ano de 2015 [122 (33,8%)] seguido de 2016 [90 (24,9%)], no sexo
masculino [240 (66,5%)], na faixa etária de 1 a 4 anos [284 (78,7%)], naqueles de
cor/raça parda (Tabela 1).
Sexo
Masculino 197 54,6
Feminino 164 45,4
Fonte: DATASUS, 2021.
Figura 1 - Notificações por Agente Tóxico em crianças menores de 10 anos no estado do Piauí,
2015-2019
Outro 14
Alimento e bebida 3
Planta tóxica 17
Drogas de abuso 2
Prod. Químico 27
Cosmético 21
Prod. uso domiciliar 75
Prod. Veterinário 7
Raticida 18
Agrotóxico doméstico 5
Agrotóxico agrícola 4
Medicamento 155
Ign/Branco 13
0 50 100 150 200
Fonte: DATASUS, 2021.
Em uma análise realizada por Lopes, Fernandes e Lucio Neto (2020), no estado
Maranhão, observou-se resultados que vão de encontro com o presente estudo, no
qual, em seus resultados foi possível identificar maior frequência de intoxicação
exógena devido ao uso de medicamentos. Segundo Aguiar e colaboradores (2020)
Comparando o presente resultado com o estudo feito por Cardoso et al. (2020),
onde ambos tiveram ênfase na intoxicação medicamentosa, explanaram o critério de
confirmação clínico como 100%, corroborando com os presentes achados. Isso pode
estar mais associado à facilidade do método, o conhecimento do caso pelos
profissionais, entre outros fatores.
Ademais, a mesma tabela mostra em relação ao prognóstico desses pacientes,
em que a grande maioria (88,6%) evoluíram para cura sem sequelas. No mesmo estudo
4. CONCLUSÃO
Diante do exposto, observa-se que as intoxicações exógenas em seus diversos
aspectos ainda são um grande problema de saúde pública, principalmente no que diz
respeito ao acometimento em crianças menores de 10 anos, realidade que ainda
encontra-se de forma agravante no estado. Os principais achados desse estudo indicam
que os grupos mais acometidos pelas intoxicações exógenas são crianças na faixa etária
de 1 e 4 anos, pardas e do sexo masculino. Os medicamentos são os principais
causadores de intoxicação, seguidos de produtos de uso domiciliar. A maioria dos casos
foram confirmados através de exame clínico e evoluíram para cura sem sequelas.
Esses dados apresentados, apontam e justificam a importância de incluir ações
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
REFERÊNCIAS
AGUIAR, K. V. C. S. et al. Intoxicação exógena acidental em crianças no estado da Bahia:
2013 a 2017. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 12, n. 11, p. e3422-e3422,
2020. Disponível em:
https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/3422. Acesso em: 05
nov. 2021.
UFRRJ
2 Graduando/a do Curso de Farmácia. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ
3 Graduando/a do Curso de Psicologia. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ
RESUMO
O universo da saúde mental é cercado pela necessidade de discussão a respeito do estigma
social. A visão estigmatizada e colocações em populações vulneráveis são presenciadas em
enfermidades que acometem o Sistema Nervoso Central. Durante um ano foram elaboradas
palestras em escolas públicas, de educação básica, em regiões periféricas do estado do Rio
de Janeiro, além da divulgação de materiais educativos em saúde mental para alcance geral
da população. As palestras alcançaram alunos de 15 a 17 anos, em sua maioria negros e
mulheres, que demonstraram interesse acerca da temática sobre saúde mental. Os
materiais educativos atingiram um público de 24.378 pessoas. Desse modo, a discussão foi
bem aceita pelo público alcançado a partir da interação ativa nas atividades que foram
propostas. Ações permanentes em ensino-serviço-comunidade devem ser continuadas com
a intenção de alcançar a sociedade, de forma mais ampla, e promover a inclusão social de
populações vulneráveis.
rapidez. Vivemos hoje quase que em uma “ditadura da rapidez”. Uma corrida maluca
em que precisamos crescer rápido, amadurecer rápido, nos apaixonarmos rapidamente,
construir uma família rapidamente; para o caso de as mulheres engravidarem rápido,
trabalhar rápido para chegar ao topo “rápido”. De acordo com Han (2015, p. 19), estar
culturalmente neste lugar da “pura inquietação” nos faz não produzir novos
movimentos e, na verdade, acelerar e reiterar lógicas já existentes. O que nos coloca a
pensar criticamente, sobre qual o papel social que nos é atribuído dentro dessa lógica
imediatista, o papel de reprodução de convenções sociais. Hoje termos uma vida ativa
significa estarmos em completo estado de agitação, seja no trabalho, nas relações
pessoais, nas formas de lazer e como essa “agitação ad eternum” é refletida em nossos
corpos? Corpos esses que não agem por si só e estão no plano da imanência, conjugados
e articulados intrinsecamente com nossas mentes e subjetividades. Quais impactos essa
cultura do imediatismo mais escancarada a partir de nosso século proporciona nas
crianças e jovens que estão crescendo nesse período? Queríamos então com essa
experiência de trabalho a partir desses questionamentos, ouvir experiências de
querer ser?” que acompanha a vida de nossos jovens. Mas eles já não são algo? Por que
essa incompletude se coloca sempre aos adolescentes?
Na adolescência, os sentimentos e quadros de ansiedade são comuns, estando
assim, manifestados em situações de apreensão do futuro, com uma preocupação
exacerbada sobre rompimento e declínio de vínculos, sejam estes de amizades,
relacionamentos ou os que se expressam em um processo de falência do que antes era
conhecido e confortável, e a partir desse novo cenário surgem os sintomas. Outrossim,
a expansão dos sintomas de ansiedade nos adolescentes também possui base na
amplificação de novos meios de produção. Estes se ambientam na coerção para a
eficiência e perfeição, orientando os indivíduos a buscarem um local de excelência que
se demonstra inalcançável.
A ansiedade, em termos objetivos, é uma resposta natural do nosso corpo frente
aos mais diversos estímulos correlacionados ao perigo e atenção que recebemos do
ambiente. A problemática que se torna patológica é quando de certa forma perdemos
essa filtragem do que é estímulo de alerta e ficamos sempre nesse estado ansioso
perdendo até, de certa forma, o controle sobre essas sensações. Em nosso senso
2. MÉTODO
Para a concretização das atividades, foram realizadas reuniões quinzenais, de
forma remota, respeitando os protocolos de segurança da pandemia de COVID-19. Para
tanto, a cada reunião foi apresentado um artigo, capítulo de livro, problemáticas sociais
e experiências próprias que agregassem à formação do grupo extensionista e integrasse
o propósito de interprofissionalidade. A partir dessas frequentes reuniões, ideias
metodológicas e didáticas surgiram na intenção de alcançar o público com informação
sobre educação em saúde.
A partir da troca de experiências, com caráter interprofissional, além de
interdisciplinar, foram abordadas questões atuais para que pudessem ser abordadas em
contextos acadêmicos. Racismo, homofobia, machismo e o impacto na saúde mental
estavam presentes em todas as reuniões como principal foco de estudo. Diante disso,
ocorreu a iniciativa de palestras em unidades escolares de regiões periféricas do estado
do Rio de Janeiro. Desse modo, pensando no contexto social em que os alunos estão
inseridos, ficou decidido a abordagem sobre ansiedade.
central. Desse modo, buscou-se fomentar a interação para que os alunos pudessem se
sentir confortáveis em falar sobre o tema e contar suas experiências, tanto de maneira
aberta, quanto de forma anônima.
Por fim, com os resultados obtidos através das palestras, foram realizadas
publicações nas redes sociais do projeto, que englobam Twitter, Instagram e Facebook.
Esses materiais educativos em saúde mental foram elaborados pelos integrantes do
projeto de extensão a partir das histórias e experiências contadas nos dias das atividades
nas unidades de ensino. Dessa maneira, pode-se levar o que foi desenvolvido dentro da
atividade para um público maior, através de linguagem lúdica, com o intuito de alcançar
pessoas de todas as classes sociais e, principalmente, informá-las a respeito de saúde
mental, interprofissionalidade e uso abusivo de psicofármacos. Nesse sentido, foram
utilizados imagens, vídeos e recursos de cada plataforma para alcançar o maior número
de pessoas possível tendo, ao final, cumprido a idealização de educação em saúde.
Para que fosse compreendido, de uma maneira mais clara, quem seria o público
abordado, foram elaborados formulários, aprovados pelo Comitê de Ética na Pesquisa
com Seres Humanos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A primeira
questão se referia à idade dos adolescentes. Na Figura 1 podemos notar a distribuição
das idades dos estudantes que participaram das palestras. Desse modo, foi possível
traçar metodologias presentes que fizessem com que eles interagissem com os
palestrantes de maneira a incentivar uma discussão agregadora. Com os resultados e,
sendo observado que a maioria do público possuía 17 anos e estava no terceiro ano do
ensino médio, fica conclusivo que a razão pela tendência de discussão sobre ansiedade
é dada pelas decisões do futuro, como vestibulares, provas militares, concurso públicos
e entrada no mercado de trabalho.
vista a localidade das escolas, sendo uma da Baixada Fluminense (Nova Iguaçu) e a outra
em uma região periférica do município do Rio de Janeiro (Anchieta) essa análise gráfica
confirma que, em maioria, essas escolas públicas são constituídas por pessoas negras e
que a divisão socioespacial do estado do Rio de Janeiro ainda demonstra a periferização
de pessoas negras. Além disso, quando se observa o percentual de indivíduos por gênero
(Figura 3) têm-se um valor muito superior ao do gênero feminino, o que demonstra a
facilidade desse gênero em querer estudar e debater sobre o assunto abordado na
palestra. Confirma-se assim que os indivíduos do sexo masculino possuem dificuldade
de cuidar da própria saúde mental, afinal sentem receio de serem vistos como fracos
(SIS/SAÚDE, 2020).
A partir dessas análises demonstra-se a importância da articulação de palestras
sobre saúde mental nas escolas públicas, visto que a taxa de participação masculina se
mostrou inferior à feminina, pois o percentual de procura por parte de indivíduos do
gênero masculino representa metade do percentual feminino, aproximadamente. Com
isso, ações desse tipo dentro das escolas poderão modificar o pensamento sobre o
perspectivas de futuro, cada vez mais reitera os jovens nesse lugar de ansiedade pelo
que possa vir a ser sua trajetória de vida que ainda é repleta de incertezas. Serra et al.
(1980) realizaram uma pesquisa de opinião sobre medo e ansiedade na adolescência.
Os pesquisadores constataram que o medo no período da adolescência é voltado aos
sinais ou perigos subjetivos relacionados à chamada crise de identidade. Ao relacionar
com a ansiedade, as categorias mais regulares no estudo foram associadas à solidão, ao
desconhecido, à rejeição e ao futuro.
científicas plausíveis com a ciência, foram realizadas discussões acerca dos resultados
obtidos nas palestras e decidiu-se pela elaboração de materiais que apresentassem fácil
entendimento, aliados aos vídeos de curta duração, além da utilização de recursos
oferecidos pelas plataformas com o intuito de que os mesmos chegassem ao maior
número de pessoas possível. De maneira semanal, foram elaborados materiais sobre
ansiedade, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, prevenção à saúde
mental, informações esclarecedoras frente às fake news, sugestões de vídeos, filmes e
palestras, dentre outras temáticas. Ao longo do ano de 2020 e 2021, foram alcançadas
em média 24.378 pessoas que se envolveram através de curtidas, visualizações,
comentários e debates nos chats.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir à extrema importância da valorização social de concepções e
princípios interdisciplinares, principalmente atrelado aos diagnósticos relacionados à
ansiedade. Entender a saúde de forma coletiva e em rede é um dos passos para que se
possa construir novos caminhos que questionem esses paradigmas de valorização de
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
BRAGA, J. E. F.; PORDEUS, L. C.; SILVA, A. T. M. C.; PIMENTA, F. C. F.; DINIZ, M. F. F. M.;
ALMEIDA, R. N. Ansiedade Patológica: Bases Neurais e Avanços na Abordagem
Psicofarmacológica. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 14, n. 2, p. 93-
100. 2010. Disponível em: https://doi.org/10.4034/RBCS.2010.14.02.13. Acesso
em 16/11/2021.
HAN, B. Sociedade do cansaço. Tradução: Enio Paulo Giachini. 1.ed. Petrópolis: Vozes,
2015. 19 p.
RESUMO
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, que afeta os nervos periféricos, configurando
assim um problema importante de saúde pública. Esta investigação aborda a vivência dos
acadêmicos de enfermagem em serviços básicos de saúde, que realizam atividades de educação em
saúde no Programa de Controle da Hanseníase. Os objetivos foram relatar a vivência de alunos do
último período do curso de enfermagem a respeito de uma abordagem de educação em saúde sobre
Hanseníase em uma escola na Zona da Mata Pernambucana. Trata-se de um estudo descritivo-
qualitativo, do tipo relato de experiência que teve como foco a intervenção no contexto social da
produção dos serviços na comunidade, por meio de elaboração de estratégias de educação em saúde
no ensino básico, abordando temas relacionados ao processo de saúde-doença na comunidade. Os
significados evidenciaram as atividades educativas fundadas nas normas do Programa de Controle
da Hanseníase e na tradição de que educação em saúde é transmitir informações necessárias ao
cuidado e adesão ao tratamento. Mostrou-se um modo impessoal de desenvolver os conteúdos
educativos e um discurso oriundo da prática educativa tradicional. Concluímos que a realização das
atividades de educação em saúde despertou a curiosidade dos pais e estudantes sobre os temas
abordados, estimulando o interesse na busca de ampliar e adquirir conhecimento sobre os
conteúdos.
mal definida, com baixa sensibilidade, facilmente confundida com lesões causadas por
fungos, popularmente conhecida como “pano branco”. Já a forma tuberculóide (leve) é
identificada por uma ou mais lesões (<5) em forma de placa bem delimitada de
coloração avermelhada ou acastanhada, com centro plano e esbranquiçado, também
com diminuição de sensibilidade (VÊLOSO et al., 2018).
Em relação às manifestações multibacilares, a forma dimorfa (moderada) é
designada pela vasta amplitude de acometimento dos nervos, com grandes lesões
avermelhadas, limites imprecisos, podendo apresentar hipo ou hipersensibilidade local.
A forma virchowiana, também conhecida como grave, caracteriza-se por infiltração
difusa, grande quantitativo de lesões tuberosas e nodulares na cor marrom-
avermelhada com alterações sensitivas semelhantes à forma anterior (MARTINS et al.,
2020).
A hanseníase é frequentemente endêmica em países da América em especial no
Brasil, e está entre as patologias negligenciadas por diversos setores públicos. Estas
doenças prevalecem em condições de pobreza e contribuem para a manutenção da
situação de disparidade social da população (BRASIL, 2010). No Brasil e no mundo, é
2. MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo com uma abordagem qualitativa, do tipo relato
de experiência que teve como foco a intervenção no contexto social da produção dos
serviços na comunidade, por meio de elaboração de estratégias de educação em saúde
no ensino básico, abordando temas relacionados ao processo de saúde-doença na
comunidade. O público alvo foram pais e alunos do sétimo e oitavo ano do ensino
fundamental. A abordagem de educação em saúde ocorreu em uma escola pública no
município de São Lourenço da Mata - PE, a qual foi estruturada em dois eixos temáticos
(Introdução e principais conceitos e meios de prevenção e promoção em saúde sobre
hanseníase) no período de março a junho de 2019.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
seu estudo que avaliou evidências científicas na literatura a respeito das práticas
educativas sobre hanseníase desenvolvidas com adolescentes demonstrou que tais
atividades culminam em um maior conhecimento sobre a doença, bem como
diminuição de estigmas e mitos sobre o assunto. Considera também a função
fundamental do enfermeiro para oportunizar esse tipo de conhecimento através de uma
linguagem clara e objetiva.
Logo após, foi realizada com os participantes que desejaram testes de
sensibilidade em manchas do corpo (avaliar a ausência ou presença da sensibilidade
dérmica). O exame dermatoneurológico ou teste de sensibilidade constitui uma
ferramenta essencial para diagnóstico clínico da hanseníase, uma vez que avalia de
maneira simples e eficaz as respostas do paciente frente ao estímulo (BRASIL, 2017). No
público em questão ninguém apresentou perda da sensibilidade, mas todos foram
aconselhados a procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima, para consulta
com profissional da saúde. No público em questão ninguém apresentou perda da
sensibilidade, mas todos foram aconselhados a procurar a Unidade Básica de Saúde
(UBS) mais próxima, para consulta com profissional da saúde e, após a intervenção,
4. CONCLUSÃO
Por meio desta abordagem a ação em saúde sobre hanseníase promoveu e
estimulou a criação de vínculo afetivo com diferentes agentes e formação destes como
colaboradores do desenvolvimento do conhecimento em saúde ambiente coletivo. A
partir dos conteúdos abordados, os profissionais de saúde devem incentivar a formação
em saúde a respeito da hanseníase, em especial no espaço escolar, já que através desse
estudo, pôde-se confirmar nos participantes, a escassez de informações acerca dessa
doença. Por consequência, o estudo permitiu a criação de olhares mais sensíveis às
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ciência e Tecnologia, Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Ministério da Saúde. Doenças
negligenciadas: estratégias do Ministério da Saúde. Rev Saúde Pública. 2010;
44(1):200-29.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
DA SILVEIRA, E. A. A., DE OLIVEIRA RIBEIRO, J. E., DE OLIVEIRA, L. A., SILVA, N. A., & DE
OLIVEIRA LIMA, E. H. (2017). Uma experiência de educação em saúde entre
acadêmicos de enfermagem e adolescentes do projeto PESCAR. Revista de
Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, p7,2017.
DOS REIS FERREIRA, T.C et al. ANÁLISE DAS FICHAS DE NOTIFICAÇÃO DE HANSENÍASE
DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE BELÉM DO PARÁ. Revista CPAQV-Centro
de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida-CPAQV Journal, v. 12, n. 3, 2020.
NASCIMENTO GRC, BARRÊTO AJR, BRANDÃO GCG, TAVARES CM. Ações do enfermeiro
no controle da hanseníase. Rev eletrônica enferm. 2011; 13(4):743-50.
RESUMO
A escolha profissional está relacionada a diversas características pessoais e contextuais
em constante interação e transformação. Este artigo teve como objetivo identificar as
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Nesse cenário, são comuns as opções profissionais sem maiores reflexões identitárias e
sem levar em conta habilidades e interesses do jovem (COLOMBO; PRATTI, 2014;
SOARES, 2002). O processo da escolha profissional, portanto, encontra-se sobreposto a
uma complexa rede de fatores que comporta tanto uma dimensão individual quanto
social, envolvendo influências do meio familiar, dos grupos de pares, da formação
educacional, do mundo do trabalho e, mais amplamente do contexto social, político,
econômico e cultural. Todos esses fatores atuam continuamente, influenciando e sendo
influenciados pela trajetória vocacional (ALMEIDA; MELO-SILVA, 2011, p.75). Além
disso, o jovem busca a individualidade, deixando para trás o papel de criança e nesse
processo podem surgir conflitos no contexto familiar, principalmente quando os pais
compreendem as decisões do jovem como algo conflituoso aos seus interesses
(ALMEIDA; MELO-SILVA, 2011; NEIVA, 2013).
Nesse sentido a influência da família pode caracterizar-se positiva e
negativamente (NEIVA, 2013). Conforme Andrade (1997 apud ALMEIDA; MELO-SILVA,
2011 p. 77): “[...]a família, pela transmissão de conceitos, mitos e valores, pode
influenciar tanto contribuindo para a decisão profissional dos filhos como, por outro
mesmo tempo, a influência desse grupo também pode ser negativa na medida em que
o adolescente pode deixar de lado sua individualidade na tentativa de agradar aos seus
pares, tomando escolhas que vão contra seus interesses como forma de se sentir
reconhecido e pertencente ao grupo (CRUZ; AGUIAR, 2011; NEIVA, 2013).
Fatores macrossociais também precisam ser considerados como mercado de
trabalho, importância social, remuneração, tipo de trabalho (braçal/intelectual) e as
habilidades necessárias para o seu desempenho (NEPOMUCENO; WITTER, 2010;
COLOMBO; PRATI, 2014; NEIVA, 2013). No contexto brasileiro, as frequentes mudanças
no mercado de trabalho, motivadas por questões sociais, históricas e econômicas
impactam a escolha profissional. Os projetos profissionais dos jovens podem ser
influenciados pela busca de segurança, ao invés da identificação e habilidades, o que
impacta na necessidade de grande capacidade de adaptação e de flexibilidade dos
jovens no momento de escolha (CRUZ; AGUIAR, 2011; LEMOS et al., 2007;
NEPOMUCENO; WITTER, 2010; TEODOSIO; PADILHA, 2016). Considerando-se a
complexidade desse momento o presente artigo buscou compreender as concepções e
3. MÉTODO
A abordagem adotada para o alcance dos objetivos de pesquisa foi qualitativa,
de cunho exploratório e explicativo. Essa abordagem privilegia o aperfeiçoamento sobre
o entendimento de um grupo social específico, preocupando-se com elementos da
realidade e focalizando no entendimento e explicação da dinâmica das relações sociais
(GERHARDT; SILVEIRA, 2009; PRODANOV; FREITAS, 2013). A pesquisa exploratória tem
como meta fornecer informações sobre o objeto, orientando a formulação de hipóteses.
Já a explicativa, visa identificar aspectos que contribuem para a ocorrência de uma
determinada situação (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
O acesso ao local da pesquisa, uma escola privada de um munícipio do Extremo
Oeste Catarinense, foi viabilizado por meio de autorização de seu coordenador, a quem
foi apresentado o projeto. Foram convidados a participar da pesquisa 10 (dez) alunos do
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
terceiro ano do Ensino Médio, dos quais 6 (seis) compareceram nas entrevistas.
Posteriormente foi estendido o convite da participação aos alunos do segundo ano do
Ensino médio, dentre os quais 4 (quarto) se voluntariaram, totalizando 10 (dez)
participantes. Para a apresentação dos resultados os alunos foram identificados com
nomes fictícios, escolhidos pelos autores.
Em relação aos preceitos éticos, este trabalho pautou-se na Resolução
nº466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), tendo sido aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob o parecer de número 2.149.142 e CAAE
número 69784917.3.0000.5367. Nesse sentido, os pais e/ou responsáveis legais pelos
pesquisados autorizaram previamente a participação dos mesmos, mediante
concordância com as informações da pesquisa e consentimento por meio de assinatura
do Termo de Anuência à participação dos jovens e Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) da pesquisa. Os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos e
procedimentos do estudo, manifestando, previamente aos procedimentos de coleta de
informações, sua concordância e consentimento em assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Trabalho, eu acho, que é algo essencial para o ser humano. [...] Ver o trabalho
como algo a mais a ser feito, algo que vai preencher a vida da pessoa e não,
simplesmente, fazer uma coisa automática. Eu não acredito que o trabalho
tem que ser automático ou que a pessoa vai fazer por dinheiro, por
exemplo[...]. (Nisa)
[...]eu acho que é importante uma pessoa sempre ela gostar do que faz. Então
para mim o trabalho não só é tua fonte de renda, também tem que ser uma
coisa que vai te dignificar como indivíduo. Se tu fizer uma coisa que tu gosta
para a tua vida, se tu trabalhar com uma coisa que tu se identifique tu vai ser
uma pessoa mais satisfeita[...]. (Nero)
também que te satisfaça como pessoa, você não faça aquilo só porque você precisa, que
você faça aquilo porque você gosta também[...].” (Gaia)
Nesse contexto, o ser feliz, muitas vezes, não é uma concepção real e própria de
felicidade, mas advém da percepção do Outro, ou seja, os pares que afirmam ou
desabonam a felicidade no trabalho. Ou seja, torna-se “alguém” a partir daquilo que se
tem e o que se tem pode ser avaliado ou quantificado pelo Outro e, assim, pode ser
validado socialmente. A fala de Hermes é representativa deste aspecto:
É quando tu faz algo que tu gosta, que tu se identifica, que tu faz por amor,
porque a partir do momento que tu faz um trabalho que você não gosta, pra
mim não é..., é tipo uma obrigação. Tu tá fazendo ali porque tu quer um
salário, mas não é aquele adequado, mas, a partir do momento que tu faz
algo que tu goste, isso passa totalmente a ser diferente. (Anila)
A felicidade e a satisfação como analisado no discurso é algo muito importante
para esses jovens, mas a felicidade plena está ligada ao princípio do prazer e é
irrealizável, porque o princípio do prazer se dirige num sentido para a eliminação total
da tensão, e assim, a ausência total de tensão seria a morte, logo, a felicidade total
pensada pelo princípio do prazer é impossível (FREUD, 1930). Certa fantasia pode ser
evidenciada no discurso de Aura: “Trabalho é uma coisa que eu possa gostar, não pelo
dinheiro eu acredito, que eu tenho que me importar em fazer o que eu gosto e receber
algo que eu acho que eu deva merecer[...]”.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Deve-se levar em conta que, o princípio da realidade impõe que nem todos os
impulsos podem ser satisfeitos imediatamente, e, ainda, que parte deles não podem
sequer ser satisfeitos. A felicidade só pode constituir-se como algo a ser buscado, e não
está ligada a uma promessa de realização plena. A forma de felicidade possível seria a
tentativa de eliminação da tensão pela via da satisfação, ou por uma satisfação
substitutiva (FREUD, 1930).
Identificar-se com um ou outro tipo de trabalho é algo central ao processo de
escolha, pois confere o desejo por uma identidade profissional ao jovem, a qual
representará seus interesses e, preferências, e, ao mesmo tempo, possibilitará que seja
identificado no mundo por meio da escolha realizada (COLOMBO; PRATTI, 2014). Freud
propôs a identificação como um processo que ocorre na esfera inconsciente, não
podendo ser percebido diretamente. Nesse entendimento, a relação de identificação
acontece entre o eu e o objeto, onde o primeiro se assemelha a característica do
segundo (ROUDINESCO,1998). A identificação negativa com profissionais que não se
realizaram na profissão permeia o entendimento do que não pode basear a escolha por
[...]minha mãe trabalhou a vida inteira no banco e não gostava disso, por
causa dela, na verdade, que eu tive essa visão, de escolher definitivamente
fazer o que eu gostasse [...]. Minha mãe chegou a ficar muito doente porque
ela fazia o que não gostava e era muito estresse, então por causa dela eu
decidi que eu realmente iria fazer o que eu gostava. (Gaia)
[...]eu vejo muita gente que, por exemplo, se formou em Ciências Contábeis
e está trabalhando em uma coisa totalmente diferente disso, só um
exemplo... Eu acho que isso não pode acontecer porque tu vai passar tua vida
inteira trabalhando praticamente... então, é essencial tu fazer uma coisa que
tu goste também. (Nero)
se colocando como adversários, não porque querem mas, porque a questão do trabalho
suscita concepções de mundo diferentes, nas quais existem valores e expectativas
diversas (MANSANO; CARVALHO, 2016).
O jovem sente e sofre a angústia que os pais experimentam no trabalho e, diante
disso, utilizam esses parâmetros na construção do seu próprio ser, tomando essas
experiências e recordações como fontes daquilo que desejam para si e aquilo que não
desejam (TEIXEIRA; HASHIMOTO, 2005). Os pais, por sua vez, têm a preocupação com o
trabalho tradicional, com a segurança, deixando em segundo plano a questão da
realização e satisfação profissional que é indefinida e idealizada, o que têm importância
seria uma colocação profissional rentável e estável enquanto os jovens buscam uma
colocação que seja atrativa como uma fonte de interesse, lazer, renda e prazer
(MANSANO; CARVALHO, 2016). Nesse sentido, a fala de Nice é representativa:
[...]eu já tive vários amigos que fazem Direito, porque os pais mandaram
fazer, entende? Tu vai ficar trancado por exemplo né, não sei se é em todo
caso, numa sala vendo processo ou o que seja a vida inteira uma coisa que tu
não gosta[...]. (Nice)
Aquilo que a pessoa força a você fazer, algo forçado, porque a pessoa vai ser
infeliz, a pessoa não vai gostar de estar naquele ambiente. (Inca)
Eu não acho que escolher seja o problema, escolher, desde criança, a gente é
inclinado para alguma coisa. O problema é que a gente é muito novo para
puxar para nós uma responsabilidade tão grande...É um futuro. A partir de
agora são todas escolhas nossas e as consequências são diretas daquilo que
nós escolhermos[...]. (Gaia)
da vida, não obrigatoriamente, mas na maioria dos casos define o que tu vai fazer pro
resto da tua vida [...]”. (Neil)
A escolha profissional é, as vezes, idealizada como uma opção irreparável nas
concepções destes jovens. Escolher deve ser algo assertivo para eles, pois, caso
contrário, haverá graves consequências negativas. Dessa forma, o, erro na escolha
significa um erro de vida, que acarreta atraso, frustração e, ainda, talvez a necessidade
de serem feitas novas escolhas de carreira ou profissionais (LARA et al., 2005; SOUZA et
al., 2009; NEPOMUCENO; WITTER, 2010; NORONHA; OTATTI, 2010). Estes jovens
parecem não estar dispostos a experimentar a frustação de escolher errado e, ao
mesmo tempo, a sociedade não lhes permite isso, o que parece ser o ponto central para
serem geradas angustias e medo.
O que acontece quando a possibilidade frustração é negada? O Ego é uma
instância do psiquismo que passa por um longo processo de construção, é um mediador
que tem uma função defensiva, para a proteção do Ego existem os mecanismos de
defesa que agem sobre as angústias, no caso a negação seria um dos mecanismos mais
básicos e ineficazes, seria uma tentativa de não aceitar conscientemente algo que aflige
conseguir[...].
[...] a escolha traz sentimentos que, muitas vezes, não são agradáveis, tais
como: medo, dúvida, angústia, confusão, incerteza, receio e insegurança.
Esses sentimentos surgem pelo fato de os adolescentes atribuírem a si
mesmos a responsabilidade da escolha, e que essa definirá seu futuro, além
do mais, é por meio da profissão que os adolescentes ocuparão seu lugar na
sociedade.
Todavia falas como “[...]eu vou sair de casa, que eu vou, sei lá, vou ser
independente, isso acho que uma coisa que, mas não é pelo fato de ah, ser
independente, mas tipo que eu vou ser a responsável por mim mesma então eu acho
que é basicamente isso[...]” (Neil) denotam otimismo em relação a possibilidade de
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, objetivou-se identificar as concepções e sentimentos de jovens do
Ensino Médio sobre a escolha profissional, em uma escola privada de um município do
Extremo Oeste, no Estado de Santa Catarina. Verificou-se que a concepção acerca do
trabalho é positivamente idealizada e ele traria felicidade, satisfação e prazer. Já os
principais sentimentos com relação a escolha profissional seriam em sua maioria
negativos e provocam angústia, medo e ansiedade.
Foi notável a dificuldade da escolha profissional e dos fatores que afetam essa
escolha como pode ser percebido na análise do discurso dos participantes. A escolha
pode ser vista como um meio da construção da identidade e, por meio dessa escolha, o
jovem se consolida e se expressa para a sociedade. No entanto, devido a cultura e aos
modos de vida vigentes, pode-se perceber a busca da satisfação e do prazer, que são
valores midiáticos da sociedade e, muitas vezes, fantasiosos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, F. H. de; MELO-SILVA, L. L. Influência dos pais no processo de escolha
profissional dos filhos: uma revisão da literatura. Psicologia-USF (Impresso),
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BLEICHMAR, N.; BLEICHMAR, C. A psicanálise depois de Freud; trad. F.F. Settineri. Porto
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FADIMAN, J.; FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, [1976] 1986. 416
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UFRGS, 2009. 120 p.
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<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-
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RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2. METODOLOGIA
Este trabalho contém uma pesquisa de abordagem quantitativa do tipo
descritiva documental. Deste modo, a prevalência do TF em crianças nascidas no
município de Dom Pedrito/RS foi quantificada por meio de um estudo retrospectivo de
revisão de banco de dados do Sistema VEGA Triagem do Serviço de Referência em
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. RESULTADOS
No período de 1° de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2014, segundo dados
pesquisados no DATASUS, nasceram 2.329 crianças no município de Dom Pedrito/RS
(BRASIL, 2016) e foram triados, conforme dados do SRTN, 2.044 RN, pelo PNTN na rede
pública de saúde. A partir deste grupo de RN triados pelo PNTN, foi possível investigar o
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
HbFAS 28 1,37
HbFAC 03 0,15
HbFAV 1 0,05
A presente pesquisa evidenciou que dos 2.044 RN triados pelo PNTN, 2.012 RN
(98,43%) apresentaram padrão hemoglobínico normal e 32 RN (1,57%) o padrão
alterado para heterozigose. Não foi evidenciado nenhum caso de DF.
Dom Pedrito, foi possível obter dois tipos de resultado: um relacionado à prevalência de
padrões Hb anormais por ano (2010 a 2014) (Figura 1), e outro referente à prevalência
no período total do estudo (Figura 2).
A partir dos 32 RN que apresentaram algum tipo de Hb anormal entre os 2.044
RN triados, investigou-se a presença das HbS, HbC e HbV (Hb variante, ou seja, sem
identificação).
Conforme apresentado na Figura 1, em 2010 houve 6 RN com a presença da HbS
(HbFAS) e 2 RN com a presença de HbC (HbFAC); em 2011 houve 5 RN com a presença
da HbS (HbFAS) e 1 RN com a presença da Hb variante (HbFAV).
No ano de 2012, houve 4 RN com a presença HbS (HbFAS); no ano de 2013 houve
8 RN com a presença HbS (HbFAS) e no ano de 2014 houve 5 RN com a presença da HbS
(HbFAS) e 1 RN com HbC (HbFAC). Não houve casos de HbC nos anos de 2011, 2012 e
2013. Para a HbV, há registro somente no ano de 2011.
A prevalência com que as hemoglobinas anormais HbS, HbC e HbV (heterozigose)
ocorreram, estratificado por ano, foi avaliada e os dados mostraram que não houve
diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
e a HbV (heterozigose) com 1 caso (3,12%) (média: 0,2; desvio padrão: 0,44), sendo esta,
a forma mais rara encontrada na população em estudo.
4. DISCUSSÃO
A presente pesquisa evidenciou a presença significativa da HbS (87,5%) em
comparação com as outras Hb anormais encontradas no estudo. Isto reforça os dados
Desta forma, a presente pesquisa também analisa esta ação com base nos
resultados encontrados para a prevalência do TF no município. A TN para
hemoglobinopatias oferecida pela rede pública através do PNTN está implantada no
Brasil desde 2001. Mulheres nascidas antes deste período, que não foram triadas pelo
PNTN, desconhecem sua condição genética de possíveis portadoras do TF ou de
qualquer outra hemoglobinopatia de sintomatologia branda. Embora, se saiba que a
forma homozigótica da HbS, que caracteriza AF, apresenta um quadro clínico bem
característico, existem também outras apresentações da DF mais brandas em que as
manifestações clínicas são mais leves em comparação com a AF (NAOUM, 2000;
GUALANDRO, 2002).
A HbS associadas a outras Hb anormais formam combinações, podendo acarretar
em complicações importantes quando o portador dessa característica genética for
gestante, conforme estudos realizados na Universidade Federal de Minas Gerais
(CARDOSO, 2012). Neste estudo, dois grupos de gestantes foram comparados, um com
AF e outro que apresentava a forma mais branda das DF, a chamada hemoglobinopatia
SC. Estes dados confirmaram que durante a gravidez a ocorrência de complicações é
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise dos resultados, considera-se ter atingido os objetivos iniciais
desta pesquisa, que eram elucidar a frequência do TF, bem como suas características
epidemiológicas em RN nascidos no município de Dom Pedrito/RS e triados pelo PNTN,
entre os anos de 2010 a 2014. Estes resultados confirmam os dados já presentes na
literatura, os quais são muito semelhantes aos padrões nacionais e estaduais divulgados.
Sabe que esta condição genética do TF está presente e atinge várias famílias no
município, para cada RN triado com o TF, geralmente outra pessoa do seu convívio
familiar também pode portar esta mesma condição genética, e que na maioria das vezes
nunca foram triados, pois o PNTN foi implantado a partir de 2001.
Em relação à prevenção de novos casos da AF, acredita-se que a disponibilidade
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
REFERÊNCIAS
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480
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CAPÍTULO XXXVI
LESÕES CARACTERÍSTICAS DE MAUS-
TRATOS INFANTIS NA REGIÃO DE
CABEÇA E PESCOÇO
DOI: 10.51859/amplla.pae1986-36
Laryssa Nayam Carvalho de Araújo ¹
Alícia Maria Lima Soares ¹
Diego Moura Soares ²
Renato de Souza Melo ³
Jéssica Gomes Alcoforado de Melo 4
¹ Cirurgião-Dentista Graduado pela Faculdade de Integração do Sertão – FIS.
² Doutor em Odontologia pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.
³ Doutor em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.
4 Mestre em Odontologia pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
RESUMO
A violência inserida no contexto familiar além de um ato criminoso acarreta
consequências que atuam de promovem impactos negativos no desenvolvimento de
uma criança, violência essa que ocorre em sua grande maioria no âmbito familiar com o
agravante de permanecer sob o sigilo desses familiares. A violência infantil é tida como
um importante problema de saúde pública, trazendo consequências duradouras que
afetam todo o desenvolvimento das crianças e adolescentes submetidos a tais atos.
Traumas físicos e psicológicos acontecem de forma mais recorrente, resultando em um
aumente no número de óbitos, que por sua vez gera preocupação nas autoridades e
profissionais de saúde que atuam na linha de frente, sendo responsáveis pela
identificação de comportamentos que possam indicar de forma direta ou indireta
possíveis casos de maus-tratos. Entre os muitos tipos de violência, algumas se
apresentam como mais recorrentes, como a negligência familiar, a violência física e
psicológica, bem como o abuso sexual, lesões orofaciais, lesões em tecidos moles e
duros da face, lesões e fraturas ósseas que desferidas contra esses indivíduos.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os maus-tratos infantil foi visto por muito tempos como um olhar negligente,
onde a maioria dos casos não eram devidamente notificados, pois eram vistos como
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
assunto íntimo de família e decididos por seus responsáveis, sendo que a maioria desses
casos ocorriam no âmbito familiar, ambiente onde a maioria dessas crianças sofriam
violências (DAY et al., 2003). Os casos de violência a menores ganharam visibilidade no
final do século XIX, através do conhecimento do caso de uma menina que foi vítima de
maus-tratos, a americana Mary Ellen que tinha apenas 8 anos de idade. Este foi o
primeiro caso notificado de violência e abuso a crianças e adolescentes, resultando na
condenação do agressor. Subsequente a este fato, foi fundada a Sociedade de
Prevenção da Crueldade contra Criança, no ano de 1874, em Nova Iorque (DAY et al.,
2003).
A violência contra crianças e adolescentes vai além de casos de traumas físicos,
ela impacta também outros aspectos importantes, dentre eles o crescimento e
desenvolvimento do menor, o psicológico e a cognição, fatores estes que acabam
contribuindo para que futuramente essas vítimas se tornem possíveis agressores (ASSIS,
2004). Através da observação desses fatores, viu-se a necessidade de que as equipes
multiprofissionais e da sociedade andassem em conjunto, evitando novos casos de
agressões (CAVALCANTI, 2000). Porém, segundo Cavalcanti (2001), o Brasil ainda não
consegue obter números fidedignos dos casos reais de maus tratos. Afirma-se que 12%
2.1.1. Negligência
A negligência está associada ao descuido e falta de zelo com os cuidados básicos
para um desenvolvimento saudável da criança, onde muitas vezes o responsável
abandona intencionalmente os tratamentos dentários em que a criança necessita para
manter uma boa saúde oral, afim de evitar processos avançados de cáries extensas
acompanhados de quadros que apresentam dor e infecção, colocando em risco a vida
(hematomas com aspectos de cor vermelho e azulado representa lesões ocorridas entre
1 a 3 dias do ocorrido, com coloração amarelada com aspectos esverdeados nos indica
que a lesão ocorreu entre 4 a 7 dias do ato de violência, e quando a lesão apresentar
uma coloração castanha com aspectos de cor amarelada é indicativo que a mesma
ocorreu entre 8 a 26 dias transcorridos da agressão), entre outros aspectos que
demandam atenção (CAVALCANTI, 2001; MARQUES e COLARES, 2003; NAIDOO, 2000;
RESENDE, 2013). Porém, é pertinente lembrar que pacientes infantis são os mais
acarretados a traumas na região da boca (NEEDLEMAN, 1986). Algumas características
são observadas durante o exame clínico, chamando atenção do Cirurgião dentista para
vítimas de abusos e maus tratos.
que três centímetros, a mordida provavelmente foi de uma criança, após o terceiro dia
as impressões dos dentes tornam-se mais visíveis (MASSONI et al., 2010).
2.1.10. Dentes
Podem apresentar fraturas dentárias, dentes com presença de mobilidade ou
que foram avulsionados da loja óssea, restos radiculares, todos estes indicam possível
violência física, principalmente quando o responsável não sabe explicar o motivo dessas
lesões e fraturas (TSANG e SWEET, 1999).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diversos tipos de lesões advindas da violência a crianças foram identificados,
onde a maioria delas acontecem em âmbito familiar por parentes de primeiro e segundo
grau ou por cônjuges de familiares em sua grande maioria. Entre as formas de violência
mais citadas, podemos destacar traumas que se revelam através do campo psicológico
e comportamental, bem como lesões orofaciais provenientes de abuso sexual e lesões
provenientes de abuso físico como as que merecem maior destaque, pois interferem e
comprometem diretamente no crescimento e desenvolvimento de crianças e
adolescentes.
Ainda que os aspectos comportamentais integrem um direcionamento para o
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
diagnóstico inicial, leões orofaciais são preponderantes para tal diagnóstico, por serem
encontradas com maior frequência e em decorrência da gravidade da lesão. Podemos
destacar como exemplos a laceração de frênulo labial e freio lingual, marcas detectadas
provenientes de mordidas, hematomas e seus aspectos clínicos de observação de cor,
fraturas e avulsões dentárias, fraturas na mandíbula e maxila, hemorragias orbitárias,
dentre outras. Apesar dos aspectos clínicos, o contexto social e econômico também é
um fator que contribui fortemente na identificação dos casos de violência infantil,
devido ao fato de que a maioria dos casos deste tipo de violência se dá em ambientes
que possuem notória fragilidade e desestruturação do seio familiar, deixando assim as
crianças expostas a esse estado de vulnerabilidade.
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4 Mestre em Ensino em Saúde. Universidade Estadual do Ceará – UECE. Docente do Centro Universitário Vale do Salgado – UNIVS.
5 Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente. Universidade Estadual do Ceará – UECE. Docente do Centro Universitário Dr. Leão
Sampaio – UNILEÃO.
6
Mestrando em Ciências da Saúde – FMABC. Docente do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio – UNILEÃO.
RESUMO
A pesquisa objetivou analisar as possíveis diferenças dos componentes dos distúrbios do humor com
os níveis de atividade física de adolescentes escolares. Trata-se de um estudo transversal, com
abordagem descritiva e analítica, com amostra de 145 adolescente escolares de 15 a 17 anos de
idade, de ambos os sexos, da rede pública estadual de Altaneira-CE. Para mensuração da atividade
física foi utilizado o questionário internacional de atividade física (IPAQ) versão curta e a escala de
humor de Brunel (BRUMS). A análise de dados foi feita através do programa estatístico Statistical
Package for Social Sciences (SPSS), versão 18, utilizando-se estatísticas descritivas por distribuição de
frequência (absolutas e percentuais), média e desvio padrão. A associação das variáveis foi analisada
por meio do teste qui-quadrado (x²) de Pearson, adotando um alfa <0,05. Para tamanho de efeito
usou-se o D de Cohen. No estudo observou-se que a maioria dos escolares se demostrou fisicamente
ativo (81; 55,9%), com maior proporção para o sexo masculino (51; 62,2%) e nos distúrbios dos
transtornos do humor (DTH), a maioria dos escolares apresentaram níveis baixo de DTH (128;
87,79%), destacando-se os componentes dos distúrbios do humor: tensão, depressão e o escore
geral apresentou diferenças estatisticamente significativas entre os níveis de atividade física dos
adolescentes escolares. Conclui-se que a maioria dos escolares é fisicamente ativa, possui níveis
baixos de distúrbios do humor e que os componentes dos distúrbios do humor: tensão, depressão
e o escore geral apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os níveis de atividade
física dos adolescentes escolares.
cerca de 30% a mais de chance de levar o indivíduo á óbito. No que se refere aos
transtornos mentais, Gaia (2021) retrata que 20% dos adolescentes de todo o mundo,
sofrem com algum tipo de transtornos mentais, entre eles, o transtorno do humor.
Justifica-se á presente pesquisa, pela lacuna do conhecimento acerca da
associação entre as variáveis a serem analisadas em regiões de pequeno porte do
nordeste brasileiro, uma vez que, a prática regular de atividade física vem se
demonstrando como fator crucial para uma melhor qualidade de vida. O objetivo da
presente pesquisa foi analisar as possíveis diferenças dos componentes dos distúrbios
do humor com os níveis de atividade física de adolescentes escolares.
2. MÉTODO
Trata-se de um estudo do tipo transversal, com abordagem descritiva e analítica.
A população a que se direciona o estudo foi composta por escolares, na faixa etária de
15 a 17 anos, da rede pública estadual de Altaneira-CE. A determinação do tamanho
amostral foi adotando uma porcentagem de ocorrência do fenômeno de 50%,
estimando ainda um intervalo de confiança de 95% e erro de estimativa de 5%. Com
vigorosa não conseguiram atingir 300 minutos semanais, sendo considerados ativos as
crianças escolares com acumulo de pelo menos 300 minutos de atividade física
moderada ou vigorosa por semana (PROCHASKA; SALLIS; LONG, 2001).
No que se refere ao estado de humor, foram analisados os estados subjetivos do
humor: Tensão, Depressão, Raiva, Vigor, Fadiga e Confusão Mental, onde foram
considerados fatores negativos (Tensão, Depressão, Raiva, Fadiga e Confusão Mental) e
fator positivo o Vigor. Para identificação do distúrbio total de humor (DTH) foi utilizada
a formula proposta por (MORGAN et al., 1987).
Foi utilizada a mediana (101) da BRUMS para classificar as crianças escolares com
alto (≥101) e baixo DTH (<101) (FORTES et al.,2014)
A variável atividade física foi mensurada através do questionário internacional
de atividade física (IPAQ), na sua versão curta proposta por Matsudo (2001), o
questionário consiste em quanto tempo a pessoa gastou em exercícios físicos na última
semana, pode estimar o tempo para exercícios moderados e vigorosos em diferentes
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Destaca-se a maioria dos adolescentes escolares como sendo do sexo masculino
(77; 53,1%), com idade média de 16,15±0,79 anos. Observou-se que a maior proporção
dos adolescentes escolares possuía renda familiar abaixo de um salário-mínimo
(113;77,9%) e se autodeclararam pardos (106;73,1%). Em relação aos pais dos escolares,
observou-se que a maioria não possui cônjuge (76;52,4%), não tem ocupação laboral
(95; 65,5%) e que são alfabetizados (90;62,1%). Na análise inferencial observou-se a não
associação estatística entre a variável sexo e as características sociodemográficas e
socioeconômicas (p>0,05) (TABELA 1).
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Tabela 1 – Distribuição das proporções das características gerais da amostra estratificado por
sexo. Altaneira, CE, 2021
Masculino Feminino
VARIÁVEIS p-valor*
(n=77) (n=68)
Renda (%)
Menor que um salário mínimo 62 (80,5%) 51 (75%)
0,424
Maior que um salário mínimo 15 (19,5%) 17 (25%)
Cor da pele (%)
Não Pardo 20 (26%) 19 (27,9%)
0,790
Pardo 57 (74%) 49 (72,1%)
Estado civil (%)
Sem cônjuge 37 (48,1%) 39 (57,4%)
Com cônjuge 40 (51,9%) 29 (42,6%) 0,263
Função Laboral (%)
Sem função laboral 51 (66,2%) 44 (64,7%)
0,847
Com função laboral 26 (33,8%) 24 (35,3%)
Escolaridade (%)
Não Alfabetizado 32 (41,6%) 23 (33,8%)
Alfabetizado 45 (58,4%) 45 (66,2%) 0,338
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.
* Qui-Quadrado.
A maioria dos escolares se demostrou fisicamente ativo (81; 55,9%), com maior
proporção para o sexo masculino (51; 62,2%) (FIGURA 1).
Quanto aos distúrbios dos transtornos do humor (DTH), a maioria dos escolares
se demonstraram com níveis baixo de DTH (128; 87,79%) (FIGURA 2).
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RESUMO
Diversos fatores têm colaborado para o desenvolvimento de alimentos com
propriedades funcionais, dentre os quais destacam-se o surgimento de doenças crônicas
não-transmissíveis e os hábitos modernos de alimentação. Neste contexto, as massas
alimentícias impactam significativamente na economia mundial e o Brasil, está entre os
cinco maiores produtores de matéria prima. Nesta perspectiva, o aumento na produção
dos alimentos funcionais, está atrelado ao valor nutricional básico com ação terapêutica
extensiva. Destacando os doentes celíacos, a única terapia eficiente consiste em uma
dieta nutricional isenta de glúten. Mundialmente, a doença celíaca está vinculada a uma
das intolerâncias alimentares de maior frequência, e impacta diretamente na qualidade
de vida dos envolvidos. O desenvolvimento de alimentos à base de biomassas vegetais
isentas de glúten, tem sido amplamente explorado para produção de alimentos
funcionais. No presente trabalho, são abordados aspectos teóricos da doença celíaca,
com foco na fisiopatologia e diagnósticos clínicos multifacetados, bem como alimentos
isentos de glúten e suas importâncias nutricionais. A pesquisa bibliográfica foi realizada
em bases de dados científicos, com foco nos descritores doença celíaca, alimentos
funcionais e biomassas isentas de glúten. Os artigos contemplados foram escolhidos em
função das abordagens voltadas para o tema proposto.
2. METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica foi realizada nas bases de dados do Google acadêmico,
PubMed, Scielo, Medline, e Science Direct, com os descritores alimentos funcionais,
biomassas isentas de glúten, doença celíaca, terapias e diagnósticos, com filtros
preferenciais para o período 2000 a 2020, porém, não limitantes. Um total de 110
artigos foram avaliados, dos quais 82 foram escolhidos em função das abordagens
voltadas para o tema proposto.
CARDOSO, 2006; SLAVIN, 2004; SOARES et al., 2009; VIDAL, et al., 2012).
Os produtos alimentícios podem variar entre nutrientes isolados, produtos de
biotecnologia, suplementos dietéticos, alimentos processados, bem como derivativos
de vegetais. Uma alimentação adequada, portanto, retrata os desafios da atualidade por
ser fundamental para que a manutenção, reparo, processos vitais, crescimento ou
desenvolvimento de um indivíduo sejam atingidas. Portanto, a alimentação saudável é
apontada como um dos principais fatores na redução dos riscos de contração de
doenças no ser humano (CARDOSO, 2006; DELZENNE, 2017; MAHAN, 2005; MULLIN;
NEUMANN et al., 2002; SARTORELLI; SOUZA et al., 2003; SOARES et al., 2009; VIDAL et
al., 2012).
Devido aos avanços na tecnologia de alimentos e ciências nutricionais, muitos
novos produtos alimentícios foram desenvolvidos e comercializados, oferecendo
maiores benefícios para a saúde e o potencial para reduzir o risco de doenças. Muitos
desses produtos alimentícios foram rotulados como alimentos funcionais ou
nutracêuticos, formalmente classificados na Europa como suplementos dietéticos
(BITZIOS et al, 2011; DE ARAÚJO et al., 2018; LEITE et al., 2013; LIMA et al., 2018;
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Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
RESUMO
A mudança estrutural da pirâmide etária da população brasileira tem gerado, nas
últimas décadas, um aumento substancial nas patologias de etiologia genética e crônico-
degenerativas, provocando forte impacto socioeconômico na população idosa. O câncer
de próstata (CaP) e a hiperplasia benigna prostática (HBP) são duas das doenças
consideradas mais agressivas e estão aumentando na população com faixa etária mais
avançada. Tais patologias apresentam etiologia multifatorial, com ênfase para idade e
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
tumoral arquitetado pelas próprias células tumorais, pela matriz extracelular (MEC) e
por diversas células que são recrutadas e que contribuem para a manutenção e suporte
ao crescimento contínuo e descontrolado do tumor. O estroma tumoral é composto por
fibroblastos associados ao tumor (CAFs), as células endoteliais, os pericitos, as células
tronco tumorais (CSCs) e as células inflamatórias que incluem células imunes inatas e
adaptativas como os macrófagos associados ao tumor (TAM), os linfócitos CD8, CD4 e
Th, as células NK e os granulócitos. O recrutamento desses tipos celulares pode ocorrer
por diferentes origens, seja a partir do tecido normal adjacente, derivadas de células
saudáveis que sofrem subsequentes mutações, ou ainda advindas da medula óssea
(Yuan et al., 2016; Yang e Lin, 2017; Denton et al., 2018; Taniguchi et al., 2019).
2. EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER
Um quadro extremamente desafiador vem sendo formado há algumas décadas
no cenário brasileiro devido à mudança em sua composição etária. Sabe-se que a
população idosa está aumentando e com isso podemos observar uma progressão de
diversas doenças, dentre elas o câncer de próstata (CaP) que é considerado
econômico não apenas aos familiares dos indivíduos afetados, mas também ao sistema
de saúde do país devido aos custos relacionados ao diagnóstico e tratamento.
Como mencionado, devido ao aumento da expectativa de vida da população, são
cada vez mais frequentes as alterações envolvendo a próstata. Face ao exposto,
daremos ênfase a duas patologias cujas alterações são clinicamente mais severas, a
hiperplasia benigna prostática (HBP) e o câncer de próstata.
3. FISIOPATOLOGIA DA PRÓSTATA
Anatomia da Próstata
A próstata é uma glândula exócrina do sistema genital masculino, localizada a
frente do reto e abaixo da bexiga. Esta glândula possui forma arredondada, pesando em
torno de 20 g, mede cerca de 4 cm de comprimento e 4 a 5 cm de largura. Seu
desenvolvimento é estimulado pela testosterona e sua principal função é secretar o
fluido seminal (Umbreit et al., 2012). Este órgão é revestido por uma cápsula
denominada cápsula prostática, cuja formação é composta por uma camada de tecido
Doenças da próstata
Grande parte das lesões provocadas por adenocarcinomas prostáticos ocorrem
na zona periférica da glândula, com menos frequência ocorrem na zona de transição e
quase nenhuma surge na zona central. No entanto, as lesões consideradas benignas e
provocadas pela HBP são mais comuns na zona de transição, que pode aumentar
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
variando assim o curso clínico da doença (Gundem et al., 2015). Apesar de alguns
estudos sugerirem que condição genética, hormonal e inflamatória do organismo dos
indivíduos possam se apresentar como fatores de suscetibilidade para o
desenvolvimento das patologias, a relação entre HBP e CaP ainda não é totalmente
compreendida (Chughtai et al., 2016).
4. FATORES DE RISCO
Diversos fatores de risco parecem contribuir para o desenvolvimento do CaP
como predisposição genética, processos inflamatórios, dieta hiperlipídica, fatores
hormonais, a idade e também a etnia. De maneira geral, indivíduos obesos e/ou
fumantes apresentam um risco aumentado para a manifestação da forma mais agressiva
do CaP, bem como maiores complicações. A etnia é outro agente influenciador que deve
ser considerado no qual homens de ascendência africana têm as maiores taxas de
incidência e mortalidade de CaP (ACS, 2016). Contudo, estudos adicionais em relação a
essas populações são necessários para entender melhor a base genética do câncer
prostático (Rebbeck, 2017).
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1. INTRODUÇÃO
As coagulopatias hereditárias (hemofilias A e B e doença de Von Willebrand) são
distúrbios hemorrágicos decorrentes da deficiência qualitativa ou quantitativa de um ou
mais fatores da coagulação sanguínea, as quais se caracterizam por episódios de
sangramentos com grau variável, pós-traumáticos ou espontâneos, ocasionados pela
diminuição na formação de trombina, proteína necessária para o processo da
coagulação (BRASIL, 2010).
Entre as coagulopatias hereditárias a que apresenta maior índice é a Doença de
Von Willebrand, uma vez que é classificada pelo tipo 1, sendo a forma em que mais
ocorre, com apresentação de sintomas mais moderados; por sua vez, o subtipo 2N e o
tipo 3 não acontecem com frequência, apresentando episódios hemorrágicos graves.
(BRASIL, 2016).
As principais manifestações clínicas dos episódios hemorrágicos são os
sangramentos, que acontecem seja de forma espontânea, por cirurgia ou induzida por
2. METODOLOGIA
Foi feito um estudo de caráter exploratório transversal por meio da análise dos
prontuários de pacientes portadores de coagulopatias atendidos em ambulatório e no
setor de transfusão do centro de hemoterapia no estado de Sergipe. Trata-se de uma
pesquisa com 212 pacientes que possuem coagulopatias, como as Hemofilias A e B e a
Doença de Von Willebrand, abrangendo fatores epidemiológicos, clínicos, diagnósticos
e terapêuticos, como gênero, idade, naturalidade, profissão, tipo de hemofilia, exames
diagnósticos, sintomas, locais acometidos e medicações.
Os resultados acerca do diagnóstico foram obtidos apenas dos indivíduos que
realizaram os testes de fator VIII, de Cofator VW, de Cofator de Ristocetina, de Fator IX
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No que diz respeito a este estudo, foram pesquisados 212 pacientes portadores
de coagulopatias hereditárias atendidos no centro de hemoterapia do estado de Sergipe
durante todo o período de 1997 a 2017, sendo 125 dos pacientes relacionados ao sexo
masculino (59%) e 87 ao sexo feminino (41%).
De acordo com a pesquisa realizada acerca dos 212 pacientes estudados, 40,6%
(86) têm naturalidade em Aracaju, 29,2% (62) são de interiores de Sergipe, 26,4% (56)
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
COAGULOPATIAS
100
80
60
40
Masculino
20
Feminino
0
Hemofilia A Hemofilia B Von Willebrand Deficiência de
fator VII
Feminino Masculino
Figura 2 - Classificação da faixa etária dos pacientes com Hemofilia A e B, Doença de Von
Willebrand e Deficiência de fator VII atendidos no centro de hemoterapia do estado se Sergipe
FAIXA ETÁRIA
50
40
30
20
10
0
Hemofilia A Hemofilia B Von Willebrand Deficiência de
fator VII
Inferior a 20 anos Entre 21 e 30 anos Entre 31 e 40 anos Entre 41 e 50 anos
Entre 51 e 60 anos Entre 61 e 70 anos Superior a 70 anos
na deficiência do fator VII, o sangramento vaginal foi o sintoma com maior prevalência,
com 39 (37,1%) e 1 (100%) dos pacientes, respectivamente.
Observa-se também a presença de duas sintomatologias consequentes de
sangramentos excessivos e de repetição, que foram exclusivas dos pacientes com
hemofilia A, a saber: a artropatia, com 2 (2,1%) pessoas acometidas, e a sinovectomia,
com 3 (3,2%) indivíduos diagnosticados.
Tabela 2 - Prevalência dos acometimentos e sintomas dos pacientes com coagulopatia
hereditária atendidos em um centro de hemoterapia do estado de Sergipe
COAGULOPATIA
VARIÁVEL Hemofilia Hemofilia Von Deficiência TOTAL p
A B Willebrand de fator VII
Locais acometidos
Joelho 57 (60,6%) 5 (41,7%) 0 (0%) 0 (0%) 62 0,001
Cotovelo 36 (38,3%) 1 (8,3%) 0 (0%) 0 (0%) 37 0,001
Tornozelo 41 (43,6%) 5 (41,7%) 0 (0%) 0 (0%) 46 0,001
Mão 23 (24,5%) 3 (25%) 0 (0%) 0 (0%) 26 0,001
Pé 29 (30,9%) 2 (16,7%) 0 (0%) 0 (0%) 31 0,001
Sintomas
Hematoma 63 (67%) 10 (83,3%) 10 (9,5%) 0 (0%) 83 0,001
Hemartrose 52 (55,3%) 7 (58,3%) 0 (0%) 0 (0%) 59 0,001
Epistaxe 11 (11,7%) 2 (16,7%) 12 (11,4%) 0 (0%) 25 0,936
DIAGNÓSTICO
27
39
VW* Ristocetina
Hemofilia A 11,66% - - - 59,7
100%
50%
0%
Fator Fator Fator Fator IX Fator VII D.D
VIII VIIIr VIIIy
Hemofilia A Hemofilia B
Von Willebrand Deficiência de Fator VII
Fonte: Elaboração própria.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
4. CONCLUSÃO
Não obstante as limitações deste estudo, como a utilização de prontuários para
a coleta de dados com algumas informações incompletas, acredita-se que esta pesquisa
atingiu seus objetivos. O conhecimento no tocante às coagulopatias hereditárias
ocasiona uma melhoria na qualidade de vida dos portadores devido ao tratamento
fornecido pelos Centros de Hemoterapia; portanto, é necessário que os profissionais
envolvidos estejam cientes em relação à fisiopatologia da doença, para que, através da
anamnese do paciente e dos exames laboratoriais indicados, possa ser realizada a
conduta mais adequada, já que são semelhantes no que diz respeito à apresentação
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47.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar e descrever os fatores de riscos
predominantes que desencadeiam o Acidente Vascular Cerebral (AVC), bem como os seus
sintomas, diagnósticos, tratamentos, prevenções e reabilitações em pacientes acometidos
em virtude desta patologia. As etapas deste projeto se deram por meio de pesquisas
bibliográficas em revistas, artigos científicos e formulários eletrônicos. No decorrer do
trabalho realizou-se uma enquete on-line para obter informações acerca das principais
dúvidas da população referente ao AVC, cujo, os participantes concordaram em assinar o
Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) para contribuir com a pesquisa. Em
relação ao Brasil, pôde se constatar que o índice de AVC é muito elevado, devido às
principais causas estarem relacionadas aos fatores de riscos ambientais (modificáveis), os
quais podem ser evitados e controlados, como a hipertensão arterial, as dislipidemias, o
sedentarismo entre outros. Trata-se de um problema de saúde pública, pois a cada ano
cresce o número de casos de indivíduos acometidos pelo AVC. Logo é importante salientar
que pouco se vê um conjunto de mobilizações em prol da disponibilização de
conhecimentos por parte dos órgãos responsáveis pela saúde pública. Prova disso são os
números obtidos por meio da enquete realizada, visto 34,65% dos participantes mostraram
interesse em conhecer os fatores de riscos que podem levar ao AVC. Portanto, haja vista
que o AVC é um transtorno que pode ser evitado através de hábitos de vida mais saudáveis,
é importante a orientação constante da população sobre seus riscos e formas de prevenção.
O AVC é uma emergência médica; sendo assim, o paciente deve ser encaminhado
imediatamente para o atendimento, após seus primeiros sintomas, para que seja feito
um tratamento eficaz cujo resultado seja a redução dos danos à saúde, para que sejam
evitados riscos maiores de complicações em seu quadro clínico. Quando se tem as
informações adequadas, os sintomas do AVC podem ser reconhecidos com facilidade.
Considerando que o AVC é a segunda causa de mortalidade e a primeira causa
de incapacidade de pessoas em todo o mundo e que leva a limitações na vida do
paciente, segundo a OMS, buscamos fazer um levantamento bibliográfico sobre o tema
para que seja possível transmitir os principais fatores de riscos, alertar sobre os sinais e
sintomas e informar seu diagnóstico, tipos de tratamento e reabilitações em pacientes
acometidos. Desse modo, devido à importância do tema e ao seu grau de
morbi/mortalidade em indivíduos, torna-se necessária a investigação, o diagnóstico e o
esclarecimento acerca das políticas públicas existentes para sua prevenção.
Além disso, houve a criação de uma enquete on-line para obter informações
quanto as principais dúvidas da população referente ao AVC, elaborar um questionário,
juntamente com um informativo educacional relacionado ao tema abordado na
pesquisa de opinião.
Os participantes da pesquisa concordaram em assinar o Termo de
Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
3. RESULTADOS
LEVANTAMENTO DE DADOS E INFORMAÇÕES NOS ARTIGOS/TEXTOS
ANALISADOS
Diante dos resultados obtidos por meio de estudos transversais, foi possível
identificar os principais fatores que levam ao desenvolvimento do AVC no Brasil, os quais
se dividem em dois grandes grupos: ambientais (modificáveis) e genéticos (não
modificáveis) representados na tabela 1.
080% 074%
070%
060%
050%
040% 039%
040%
030%
019%
020%
010% 4%
000%
Principais fatores de risco modificáveis
uma das principais causas de internações hospitalares e mortalidade”. Por essa razão, é
natural que o seu desenvolvimento seja acompanhado por determinados sinais, cuja
identificação é fundamental para o desenvolvimento de um atendimento e intervenção
rápidos e eficazes.
A entrada de um paciente acometido pelo AVC exige a aplicação de medidas
adequadas de identificação, sistematizadas em protocolos de atendimento os quais
recomendam como primeiro passo a percepção de sinais de alerta, como déficits
neurológicos repentinos (SÍRIO-LIBANÊS, 2018).
Coelho et al. (2008) expõem uma incidência de sintomas perceptíveis em um
paciente vítima de AVC, dentre os quais pode-se apontar como os mais recorrentemente
identificáveis a dor de cabeça, a perda de visão e a paralisia unilateral. Os demais
sintomas listados pelo estudo desenvolvido podem ser observados no fluxograma
abaixo:
critérios de análise dos grupos populacionais: sexo (masculino e feminino), faixa etária
e raça/cor (negros, pardos e brancos). A partir disso, foi possível chegar aos seguintes
resultados. O primeiro deles apresenta o fato de que há uma incidência maior de casos
de AVC entre sujeitos do sexo masculino (BARELLA et al., 2019).
SEXO
Masculino Feminino
49% 51%
O fluxograma, dividido por marcas de tempo que vão desde o tempo zero
(chegada do paciente) aos 60 minutos. Inicialmente, como pode ser visto, é necessário
identificar os sinais de AVC para, em seguida, encaminhar o paciente à sala de urgência,
onde receberá os devidos cuidados administrados pelo médico emergencista e pela
equipe de enfermaria. Em seguida, deverá ser realizado o exame de imagem – a
depender do resultado deste, os procedimentos seguintes sofrerão alterações.
Finalmente, serão administrados medicamentos.
040%
035%
030%
025% 023%
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
020%
015% 015%
015% 012%
010%
005%
000%
4. DISCUSSÃO
Como foi mencionado na introdução deste projeto, Hipócrates, grego
considerado pai da Medicina, já havia descrito o fenômeno da paralisia repentina que é
associada ao AVC. Logo, pode-se assumir que o conhecimento acerca desse problema
vem sendo desenvolvido desde o período antes de Cristo. Curiosamente, mesmo com
tantos estudos engendrados ao longo do tempo, o AVC ainda é a segunda maior causa
de óbitos no mundo, segundo a OMS (2018).
Esse problema é ocasionado, em parte, pela falta de contato de uma quantidade
expressiva de pessoas com informações importantes para prevenir a doença, como os
fatores de risco e os cuidados que devem ser tomados para evitá-la, por exemplo. Tal
premissa pôde ser confirmada a partir do contato com sujeitos que expressaram sua
curiosidade por meio de uma enquete disponibilizada nas principais redes sociais –
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de rotinas para atenção ao AVC. Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_rotinas_para_atencao_avc
.pdf. Acesso em: 30 set. 2019.
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2008. LIMA, M. R.; PAGLIOLI, R.; HOEFEL FILHO, J. R. Diagnóstico por imagem do
acidente vascular encefálico. Disponível em:
https://www.google.com/url?q=http://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/881
595/diag nostico-por-imagem-do-acidente-
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vascular cerebral: revisão integrativa. Brazil Journal of Development, Curitiba, v.
6, n. 1, p. 2749-2775, jan. 2020.
RESUMO
A sangria ou flebotomia terapêutica é uma técnica realizada por diversas civilizações, iniciada
aproximadamente há 2.500 anos. Atualmente, essa prática consiste na retirada de sangue total,
objetivando a diminuição da viscosidade sanguínea ou produtos metabólitos, aliviando sintomas e
melhorando a qualidade de vida dos pacientes. O objetivo do estudo foi de analisar o perfil epidemiológico
e a indicação dos pacientes que realizaram sangrias terapêuticas no setor ambulatorial do Centro de
Hemoterapia de Sergipe (HEMOSE), tratando-se de uma análise retrospectiva e descritiva, avaliando-se
gênero, faixa etária, indicação terapêutica, profissão, localização, quantidades de procedimentos, volume,
intercorrências, dosagens da hemoglobina (Hb), hematócrito (Ht) e ferritina. No período entre 2005 a
2018, foram avaliados 577 prontuários de pacientes que realizam o procedimento de sangria terapêutica,
totalizando o número de 2.792 sangrias, concluindo-se que o maior índice 94,6% (546) do sexo masculino;
além disso, dos 577 analisados, 61% (352) residem na capital; a faixa etária se encontra entre 41 a 60
anos; em relação à profissão, o maior índice foi de aposentados 13% (75); o maior número de pacientes
teve diagnóstico de hiperferritinemia, totalizando 63,4% (366), sendo a maioria pertencente ao sexo
masculino, com 65,6% (358); já no sexo feminino, por sua vez, a poliglobulia foi a indicação de maior
prevalência, com 41,3% (13), sendo a poliglobulia indicação que mais recorre a sangrias terapêuticas.
Conclui-se através deste estudo, que de acordo com o número de pacientes o maior índice de indicação
para a realização de sangrias terapêuticas no Centro de Hemoterapia de Sergipe é o da hiperferritinemia,
com maior prevalência nos indivíduos do sexo masculino, residentes da capital, estando entre a quarta e
a sexta décadas de vida.
1. INTRODUÇÃO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
A sangria ou flebotomia terapêutica é uma técnica que foi realizada por diversas
civilizações e teve início aproximadamente há 2.500 anos. Atualmente, essa prática
consiste na retirada de sangue total através da punção uma veia calibrosa na fossa
atencubital anterior. Pode ser usada como paliativo no controle da hiperviscosidade
sanguínea ou remoção de produtos metabólitos que se apresentem em excesso na
corrente sanguínea ou em órgãos parenquimatosos, aliviando, com isso, sintomas e
melhorando a qualidade de vida dos pacientes (COOK, 2010; DE PALMA, 2007).
Na era Hipocrática, muitos médicos especulavam e criavam teorias sobre a
eficiência da sangria terapêutica, entre as quais a mais aceita era a teoria humoral, que
revelava os quatro “humores do corpo”, os quais se tratavam do sangue, da fleuma, da
bile amarela e da bile preta. Acreditava-se que esses fluidos estariam relacionados com
o temperamento das pessoas, o que era associado com a causa das doenças, portanto,
através do sangramento, deveria se obter um estado de equilíbrio, garantindo-se, assim,
uma boa saúde (DE PALMA, 2007).
Uma variante importante da flebotomia eram os instrumentos utilizados para a
sua prática, o que se dava por meio de lancetas e até mesmo sanguessugas. Além das
terapêutica seria realizada nesses casos, vale ressaltar que a ferritina também se eleva
em condições inflamatórias, doença hepática causada por vírus da hepatite B e C,
doença hepática alcoólica, doença autoimune, entre outras. Portanto, tendo em vista
os vários significados da elevação da ferritina, é necessária a sua interpretação correta,
sendo avaliada juntamente com testes laboratóriais do metabolismo do ferro e teste
molecular para detecção da mutação no gene HFE, contribuíndo para o estabelecimento
da conduta terapêutica adequada (BARROS, 2017; ESPER, 2015; PETRONI, 2017;
RODRIGUES, 2017).
O presente estudo teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico e a
indicação dos pacientes que realizaram sangrias terapêuticas no setor ambulatorial do
Centro de Hemoterapia de Sergipe – HEMOSE –, avaliando gênero, faixa etária,
indicação terapêutica, profissão, localização, frequência de procedimentos de acordo
com diagnóstico, volume, intercorrências, dosagens de hemoglobina (Hb), hematócrito
(Ht) e ferritina.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período compreendido entre 2005 a 2018, foram avaliados 577 prontuários
de pacientes que realizam o procedimento de sangria terapêutica, totalizando-se o
número de 2.792 sangrias. Desse montante, 94,6% (546) são do sexo masculino e 5,4%
(31) do sexo feminino. Outro aspecto observado é que 61% (352) residem na capital
sergipana, 36,4% (210) em interiores de Sergipe e 2,6% (15) são de outros estados. Em
relação ao estado profissional, por sua vez, o maior índice foi de aposentados, com 13%
(75), e o menor foi de autônomos, com 3,8% (22) (Tabela 1).
Uma pesquisa realizada por BARTON, 2005 nos Estados Unidos, demonstra
resultados semelhantes à pesquisa no Centro de Hemoterapia de Sergipe, no que diz
respeito ao sexo masculino ser o mais afetado pelas indicações clínicas. Conforme dados
do estudo realizado por CAIXETA, 2008 no Hospital Universitário da Universidade
Federal de Santa Catarina – HU-UFSC – a grande parte dos pacientes reside na capital,
resultado semelhante ao da atual pesquisa (Tabela 1).
1200 1095
940
1000
800 661
600
400
200 63
33
0
Hiperferritinemia Hemocromatose Poliglobulia Porfiria Outros*
INTERCORRÊNCIAS
40
30
18,72 17,8
20 15,04 15,23 15,53
10
0
Hiperferritinemia Hemocromatose Poliglobulia Porfiria Outros*
Ht Hb
Fonte: Elaboração própria.
Outros* 658,8
Porfiria 453,85
Poliglobulia 600,44
Hemocromatos 1159,21
e
Hiperferritinemi 1074,75
a
4. CONCLUSÃO
Através deste estudo, pode-se constatar que a indicação com o maior número
de pacientes para a realização de sangrias terapêuticas no HEMOSE é a
hiperferritinemia, sendo, em sua maioria do sexo masculino 94,6%, residentes da capital
– Aracaju – 61%, a faixa etária mais acometida foi entre a quarta e a sexta décadas de
vida. Com os dados obtidos, observou-se que a poliglobulia é a indicação com maior
recorrência à flebotomia terapêutica, sendo tal indicação mais prevalente no sexo
feminino 41,9%.
Devido às informações encontradas nesta pesquisa, sugere-se que, nos casos de
hiperferritinemia, o médico solicite exames para a constatação do diagnóstico,
informando-o na solicitação, a confirmação do diagnóstico pode ser através de um teste
molecular para pesquisa da mutação no gene HFE, o rastreio genético é útil para
REFERÊNCIAS
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ZERBINI, M.C.N.; SOARES, F.A.; MORAIS, J.C.; VASSALLO, J.; VELLOSO, E.D.R.P.;
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Universidade Veiga de Almeida - UVA, Professor Conteudista na Rede de Ensino Ensina-Me e Professor DNS 1 pelo
Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação - IBMR
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
RESUMO
Este estudo versa sobre o papel do enfermeiro frente ao transplante de células tronco
hematopoiéticas. Tem como objetivo destacar a importância do trabalho do enfermeiro no
transplante de células tronco hematopoéticas. O presente estudo trata-se de uma revisão
integrativa com a seguinte questão norteadora: Qual o papel do enfermeiro, frente ao cuidado
do paciente, no transplante de células tronco hematopoiéticas? Para a realização do artigo foi
promovida uma revisão integrativa de literatura onde foram selecionadas obras da Biblioteca
Virtual de Saúde, BVS Enfermagem Brasil, com os seguintes descritores da base DeCS
“Assistência de Enfermagem”, “Papel do Enfermeiro” e “Transplante de Células-Tronco
Hematopoiéticas” nos idiomas português e inglês entre 2011 e 2020. Como critérios de
exclusão: foram descartados os artigos que não se enquadram ao tema proposto, assim como
artigos de revisão de literatura. Como critérios de inclusão: foram utilizadas obras publicadas
entre os anos de 2011 a 2020 nos idiomas Português e Inglês. O artigo foi subdivido em três
categorias que ajudaram a identificar o enfermeiro frente ao transplante de células tronco
hematopoiéticas. Foi abordado os conhecimentos necessários para realização do transplante, o
enfermeiro frente aos cuidados paliativos e, por fim, o papel do enfermeiro frente a avaliação
psicológica dos pacientes durante o transplante de células tronco hematopoiéticas. Concluiu-se
que o cuidado exercido pelo enfermeiro é feito de forma integral e o profissional capacitado
atua em diversos níveis, desde os mais básicos aos mais complexos e é protagonista no cuidado
de pacientes habilitados ao transplante de células tronco hematopoiéticas.
das vezes, mostra-se como uma única solução para cura de pacientes acometidos, além
de manifestar resultados satisfatórios na recuperação do paciente (INCA, 2012).
Desenvolvidas pela medula óssea, as células tronco possuem uma capacidade de
autorrenovação e diferenciação em diversas categorias. A estrutura medular é
composta por um tecido gelatinoso que preenche o interior dos ossos e possui como
principal função o desenvolvimento das células sanguíneas presentes no organismo
(RNTC, 2021).
As disfunções atribuídas à medula podem despertar doenças hematológicas,
onco-hematológicas, imunológicas e até mesmo hereditárias que podem também ser
tratadas com a modalidade terapêutica do transplante, dentre elas: leucemia mieloide
aguda, síndromes mielodisplásicas, tumores de células germinativas, amiloidose,
anemia aplástica grave e anemia falciforme (CENTRO DE CRIOGENIA BRASIL, 2014).
Para que o processo de transplante seja realizado, é necessário a coleta de
células tronco. Essas células podem ser encontradas na medula óssea, sangue periférico
obtido por meio de aférese - separação de células a partir do sangue recolhido - cordão
2. METODOLOGIA
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Figura 1 - Fluxograma de busca e seleção de artigos. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2020.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Fonte: Autores.
O fluxograma acima relata as etapas realizadas para a seleção dos artigos deste
estudo. Inicialmente, foi encontrado um universo de 12 artigos na base utilizada, após a
análise dos resumos e conclusões sobraram 7 artigos que se enquadram no tema
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os critérios utilizados para inclusão de artigos na revisão foram: artigos
selecionados que abordassem a atuação do enfermeiro no processo de transplante de
células-tronco hematopoiéticas, publicados nos últimos entre os anos 2011 e 2020, nos
idiomas português e inglês. O Quadro 1 demonstra a divisão dos artigos que foram
selecionados para a composição do estudo.
Quadro 1. Artigos selecionados para o estudo. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2021.
AUTOR/ANO TÍTULO OBJETIVO
capacitados, visto que, ele é o elo entre sua equipe, seus pacientes e a família dos
mesmos.
Por fim, entende-se que os cuidados paliativos compreendem um cuidado
sensível e um processo de educação, visto que, as ações praticadas pelos profissionais
exigem uma proximidade física e afetiva. A comunicação entre o enfermeiro-paciente
deve ser clara e as orientações devem ser feitas de forma que se concretizem na prática,
gerando confiança para ambos os lados.
4. CONCLUSÃO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
REFERÊNCIAS
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Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
RESUMO
De acordo com o ministério da Saúde, todo centro de hemoterapia no Brasil deverá realizar os testes para
detecção de sífilis, hepatite B e C, HIV, HTLV I/II, doença de Chagas. A triagem clinica tem a intenção de
promover a identificação dos candidatos por via de um questionário que pode causar a inaptidão da
doação caso os mesmos possuam hábitos de risco, sendo considerados possíveis portadores de patologias
transmissíveis pela transfusão terapêutica. O presente estudo teve como objetivo avaliar os níveis de
hemoglobina e prevalência das doenças infecciosas dos candidatos à doação sanguínea em banco de
sangue do nordeste brasileiro a fim de melhor entender o perfil do candidato à doação de sangue. Trata-
se de uma análise transversal longitudinal de dados de 32.929 candidatos à doação sanguínea atendidos
em banco de sangue do nordeste brasileiro. Dos 32.929 candidatos a doação de sangue decorrente do
ano de 2019, a taxa em geral de doadores para o sexo feminino foi de 35,2% (11.585) e para homens um
total de 64,8% (21.344). Quanto a reatividade sorológica foi maior no indivíduo do sexo masculino
apresentou 6,8% (2.272). Ao correlacionar as variáveis como sexo e Hb os indivíduos do sexo masculino,
19.664 (92,1%) tiveram Hb normal, 428 (2%) com Hb baixa e 1.252 (5,9%) caracterizando Hb alta.
Considera-se também que os resultados encontrados neste estudo estão em conformidade com outras
pesquisas e que as informações obtidas fornecem uma melhor compreensão do perfil dos candidatos a
doação de sangue.
PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
600
aaaaaaaaaaaaa
1. INTRODUÇÃO
O processo de doação de sangue, no Brasil, consiste em um ato voluntário
regulamentado pela Lei Federal 10.205, de 21 de março de 2001, que dispõe sobre a
coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, de seus
componentes e derivados. Esta Lei regulamenta que as unidades pertencentes à rede
de Serviços de Hemoterapia, sendo eles públicos e/ou privados, devem agir de forma
hierárquica e integrada de acordo com o regulamento do Ministério da Saúde (BRASIL,
2017).
Faz-se necessário estabelecer critérios bem definidos na fase inicial de triagem
clínico-epidemiológica e laboratorial, essa preocupação é justificada, pois existe uma
grande variabilidade de perfis de riscos de transmissão de doenças. (SALAZAR et al.,
2017).
A transfusão de sangue é uma medida terapêutica amplamente utilizada em
todo o mundo, pois, nas últimas décadas, muitas doenças que afetam grandes parcelas
da população passaram a ter o sangue e seus derivados como elementos básicos de seu
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
601
aaaaaaaaaaaaa Figura 1 - Fluxograma do ciclo sangue e processamento desde a entrada do doador até a saída
do hemocomponente para transfusão.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
602
aaaaaaaaaaaaa corporal elevada, uso de certos medicamentos e algumas cirurgias, além da mensuração
da dosagem de hemoglobina (BRASIL, 2016).
Este último trata-se do maior fator de inaptidão entre homens e mulheres, seja
devido à quantidade insuficiente ou a exacerbação dos níveis de hemoglobina,
acarretando no aumento de indivíduos considerados inaptos, seja por fatores
nutricionais ou fatores fisiológicos (AZEVEDO, 2015).
Apesar da determinação da concentração da hemoglobina ser um critério de
exclusão, ele corresponde ao último estágio da deficiência de ferro, dessa forma, a
simples dosagem da hemoglobina, com o resultado abaixo do valor referência, permite
a exclusão do candidato para a doação de sangue, mas não exclui os demais candidatos,
os quais poderão estar também com uma deficiência de ferro em um estágio menos
grave (CANÇADO, 2001).
Assim, referente à aptidão do paciente para realizar a doação, é necessário
salientar a relevância que tem o valor quantitativo da hemoglobina no sangue, uma vez
que, é preciso que a mesma possua níveis equitativos semelhantes ao valor de
referência determinada pela ANVISA (2016).
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
603
aaaaaaaaaaaaa com os elevados custos financeiros envolvidos na garantia da segurança transfusional.
Portanto, garantir a produção de hemoterápicos, aliando segurança e qualidade,
constitui atualmente um dos desafios dos serviços de hemoterapia (BRENER, ET AL,
2002)
O presente estudo teve como objetivo avaliar os níveis de hemoglobina dos
candidatos à doação sanguínea em um banco de sangue do nordeste brasileiro a fim de
melhor entender o perfil do candidato à doação de sangue.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma análise transversal longitudinal de dados de 32.929 candidatos
à doação sanguínea que foram atendidos em um banco de sangue do nordeste brasileiro
no período de 02 de janeiro a 30 de dezembro do ano de 2019, conforme os padrões
estabelecidos na Resolução de Diretoria Colegiada nº 34, de 11 de junho de 2014,
utilizado para estipular os valores de normalidade em que se envolve uma taxa entre
12,5 a 16g/dL de Hb para o gênero feminino e 13 a 18g/dL para o masculino.
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 32.929 candidatos a doação de sangue decorrente do ano de 2019, a taxa
em geral de doadores para o sexo feminino foi de 35,2% (11.585) e para homens um
total de 64,8% (21.344) (Figura 2).
PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
604
aaaaaaaaaaaaa Figura 2 - Avaliação do gênero dos candidatos a doação de sangue em um banco de sangue do
nordeste brasileiro no período de janeiro a dezembro do ano de 2019.
CANDIDATOS À DOAÇÃO DE SANGUE
Feminino
Masculino
PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
605
aaaaaaaaaaaaa (80,5%) obtiveram Hb normal, 2.149 (18,5%) com Hb baixa e 113 (1%) definindo Hb alta
(Figura 3).
Figura 3 - Níveis de variação de hemoglobina avaliados pelo gênero dos candidatos à doação
de sangue em um banco de sangue no período de janeiro a dezembro do ano de 2019.
20000
15000
Hb normal
10000 Hb baixa
Hb alta
Hb alta
5000
Hb baixa
0
Hb normal
Masculino
Feminino
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Dentre a Hb mais baixa registrada quanto ao sexo masculino foi de 10,2 e máxima
de 20,6, permanecendo uma média de 15,3 (desvio padrão de 1,020). Quanto ao sexo
feminino, houve uma Hb mínima de 7,7 e máxima de 17,8, com média de 13,4 (desvio
padrão de 0,935) (Tabela 1).
Tabela 1 - Parâmetros das medidas de termos centrais e amplitude referente aos níveis de
hemoglobina dos indivíduos candidatos à doação em um banco de sangue do nordeste
brasileiro no período de janeiro a dezembro do ano de 2019
GÊNERO PARÂMETROS
MÉDIA DESVIO MÍNIMO MÁXIMO
PADRÃO
Masculino 15,3 1,020 10,2 20,6
Feminino 13,4 0,935 7,7 17,8
Total 14,6 1,275 7,7 20,6
Fonte: Elaboração própria.
PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
606
aaaaaaaaaaaaa baixa quantidade de Hb pode ser devido à ocorrência das anemias serem mais comuns
em mulheres, principalmente a ferropriva, e à necessidade adicional em períodos pós-
menstrual, como induz (RAMOS, 2010).
As variações gerais, encontradas no banco de sangue do nordeste brasileiro,
correspondentes aos níveis de Hb foi de 7,7 a 20.6; uma amplitude muito maior que as
encontradas no estudo de Lisot, 2004 que quando comparadas a presente pesquisa, a
média encontrada no gênero masculino, correspondente a 15.3, foi semelhante, porém,
a média do gênero feminino, correspondente a 13.4, foi levemente divergente.
De acordo com CAMPOS (1994), uma das causas da inaptidão na triagem clinica
dos candidatos à doação de sangue é a anemia. No banco de sangue do nordeste
brasileiro, 7,8% (2576) dos doadores sanguíneo apresentaram valores abaixo do normal,
em relação ao nível acima das normas e legislações preconizadas, obteve-se um valor
de 3,8% (1254) da amostra.
O principal fator para inaptidão presente no estudo foi a Hb baixa, sendo a
anemia ferropriva a mais comum no mundo, atingindo principalmente mulheres em
idade de fertilidade, grávidas, adolescentes e crianças (BRASIL, 2003), os valores baixos
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
607
aaaaaaaaaaaaa Figura 4 - Distribuição dos candidatos à doação por localidade no período de janeiro a
dezembro do ano de 2019
FREQUÊNCIA DE DOADORES
Frequência de Doadores
Outras localidades
Zona urbana
Em relação aos doadores que residem na zona urbana, dos 17.298 doadores,
64,8% (11.206) são do sexo masculino e 35,2% (6.092) são do sexo feminino (Figura 5).
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Figura 5 - Avaliação do gênero dos indivíduos residentes em zona urbana que doaram sangue
em um banco de sangue, no período de janeiro a dezembro do ano de 2019.
Feminino (35,2%)
Masculino (64,8%)
PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
608
aaaaaaaaaaaaa Figura 6. Níveis de variação de hemoglobina avaliados pelo gênero dos candidatos à doação de
sangue em um banco de sangue do nordeste brasileiro que residem na zona urbana no
período de janeiro a dezembro do ano de 2019
15000
Hb normal
10000
Hb Alta Hb Baixa
5000 Hb Baixa Hb Alta
0
Hb normal
Feminino
Masculino
GÊNERO PARÂMETROS
MÉDIA DESVIO MÍNIMO MÁXIMO
PADRÃO
Masculino 15,2 1,001 10,3 19,2
Feminino 13,3 0,902 8,4 17,8
Total 14,5 1,260 8 19,2
Fonte: Elaboração própria.
PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
609
aaaaaaaaaaaaa do gênero feminino, sendo que 20,6% residem em zona urbana. Tal fato torna-se
comum em mulheres, devido aos fatores fisiológicos (gestantes ou com menstruação
abundante), dietas, deficiência de vitaminas, deficiência de ferro (RODRIGUES, 2010).
4. CONCLUSÃO
Os estudos que investigam os fatores que estão associados aos tipos de
inaptidões para doação de sangue auxiliam a delinear o perfil do candidato a doação de
sangue gerando subsídios de ações para a captação e mobilização de campanhas
aumentar o número de doações de sangue e reduzir o descarte de bolsas de sangue.
Diante a pesquisa realizada, a principal causa da inaptidão foi relacionada à Hb,
sendo os indivíduos do sexo masculino, 428 (2%) com Hb baixa, 1.252 (5,9%)
caracterizando Hb alta. Por outro lado, a prevalência de Hb nos doadores de sexo
feminino, 2.149 (18,5%) com Hb baixa e 113 (1%) definindo Hb alta.
Dessa forma, comprova-se que as mulheres apresentam maior inaptidão por
anemia do que os homens, apesar dos mesmos doarem mais sangue do que elas. Este
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
REFERÊNCIAS
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PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
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PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
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aaaaaaaaaaaaa URIAS, E.V.R., CARVALHO, S.F.G., OLIVEIRA, C.L., CARVALHO, M.L.M., TELES, L.F.,
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PERFIL DOS CANDIDATOS INAPTOS PARA DOAÇÃO DE SANGUE EM BANCO DE SANGUE DO NORDESTE
BRASILEIRO
613
aaaaaaaaaaaaa
CAPÍTULO XLV
PRINCIPAIS EVENTOS IATROGÊNICOS
PERSISTENTES NAS UNIDADES DE
TERAPIA ITENSIVA
DOI: 10.51859/amplla.pae1986-45
Bárbara Queiroz de Figueiredo ¹
Dieison Danrlei Roehrs ²
Francisca Rafaela Pereira de Amorim Castro Rosa ³
Karla Pereira Resende ³
¹ Graduanda do curso de Medicina. Centro Universitário de Patos de Minas.
² Graduando do curso de Medicina. Centro Universitário de Goiatuba.
³ Graduanda do curso de Medicina. Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos.
RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
infecção, aumento das filas e do tempo de atendimento (PENA; MILLEIRO, 2017) e aos
elevados custos de funcionamento de uma UTI (GUIMARÃES, et. Al, 2015).
De acordo com Dutra (2017), o estudo sobre a iatrogenia na UTI merece uma
discussão detalhada, já que esse ambiente possui características particulares que
podem aumentar a chance de prejuízos terapêuticos ao paciente, como a alta
rotatividade de pacientes durante os plantões, a grande diversidade de medicações
utilizadas, os procedimentos específicos que são realizados no setor e a complexidade
dos equipamentos de suporte à vida - além da gravidade dos pacientes internados que
já foi citada.
De modo sintético, Matos (2011) expõe que algumas práticas iatrogênicas se
destacam, entre as quais podem ser citadas: realização de procedimentos
desnecessários, manipulação inadequada de medicamentos, lesões pro pressão
(escaras) e quedas. Ademais, alguns perfis de pacientes, a exemplo de idosos, recém
nascidos e doentes crônicos possuem uma sensibilidade maior a qualquer intervenção
médica ou medicamentos, e dessa forma são mais vulneráveis às ações iatrogênicas.
Assim, a presente revisão tem como objetivo identificar as etiologias dos efeitos
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão integrativa da literatura. Para
a elaboração da questão de pesquisa da revisão integrativa utilizou a estratégia PICO
(Acrômio para Patient, Intervention, Comparation e Outcome). O uso dessa estratégia
para formular a questão de pesquisa na condução de métodos de revisão possibilita a
identificação de palavras-chave, as quais auxiliam na localização de estudos primários
relevantes nas bases de dados. Assim, a questão de pesquisa delimitada foi: “quais são
as principais iatrogenias que ocorrem na terapia intensiva?” Dessa maneira,
compreende-se que P= pacientes internados em terapia intensiva com eventos
iatrogênicos, I= iatrogenias, C= pacientes internados em terapia intensiva sem eventos
iatrogênicos, O=causas das iatrogenias.
A partir do estabelecimento das palavras-chave da pesquisa, foi realizado o
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Foi possível visualizar que, dentre os artigos listados, todos os autores
consultados reconhecem a definição de evento iatrogênico, sendo este considerado um
fator de risco e agravante de saúde, bem como que fatores como carga horária de
trabalho excessiva, cansaço, falta de atenção e de conhecimento, estresse, estado de
saúde mental prejudicado, negligência e imprudência podem levar a ocorrência do
evento iatrogênico (RIPARDO, 2019).
De acordo com Bittencourt, et al. (2018), a iatrogenia pode estar relacionada a
um ato observacional, monitorização, intervenções terapêuticas e falhas profissionais
por negligência, inabilidade, preparação deficiente para execução de tarefas, percepção
inadequada ou uma má utilização da comunicação. Nesse cenário, segundo Ripardo, et
al. (2019), em estudo exploratório, descritivo e retrospectivo, os setores que registraram
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
atos iatrogênicos foram: emergência, com cinco ocorrências (45%); clínica médica e
unidade de infectologia, com duas ocorrências cada uma (18%); e unidades de oncologia
e hemodiálise, com uma ocorrência cada. Identificaram-se, nos 100 prontuários
analisados, o total de 42 fatores de risco de iatrogenia em 31 idosos.
De acordo com análise de Maia, et al. (2017), foram registrados 63.933 eventos
adversos relacionados com a assistência à saúde no período de junho/2014 a
junho/2016. Desses eventos, 417 (0,6%) evoluíram para óbito. Dos 417 registros de
óbitos, em 22 (5,3%) casos foi possível encontrar a respectiva investigação registrada no
banco de dados do FormSUS. Havia, ainda, outros 392 registros no Formsus de
investigações de óbitos não identificados no banco de dados de notificação, e outros
never events, os quais não puderam ser quantificados separadamente por não haver
essa distinção no banco de dados.
O tipo de incidente foi classificado como “outro” em 133 notificações (31,9%),
das quais 52% foram reclassificadas. Tal processo resultou na inclusão dos seguintes
tipos de incidentes: “infecção relacionada com a assistência à saúde”,
“medicamento/fluidos intravenosos”, “sangue/produtos derivados do sangue”, “artigos
médicos/equipamentos” e “infraestrutura/ edifício/instalações”.
fatores que corroboram esse tipo de iatrogenia. Ademais, de acordo com estudo Costa,
et al. (2019), a omissão de doses medicamentosas foi a principal causa em eventos
iatrogênicos em idosos hospitalizados no hospital em questão, sendo que os dados
foram coletados de 100 prontuários, dos quais se identificou, por meio de um
instrumento criado pelos autores, que esse elemento foi a iatrogenia mais frequente,
em 83% dos casos.
Sob esse contexto, segundo Dhawan, et al. (2015), a medicação errada era o tipo
mais comum de erro (48%) ocorrendo no perioperatório, seguido por overdose (38%),
via de administração incorreta (8%), sob dosagem (4%) e omissão (2%). Opioides,
estimulantes cardíacos e vasopressores foram os culpados mais comuns. 42% de
administração de medicação errada ocorreu após troca de seringa, troca de ampola de
droga ocorreu em 33%, e a escolha errada do medicamento foi feita em 17%. A alta
quantidade de medicamentos prescritos para pacientes internados em UTI´s é um
indicador de risco, pois o aumento do número de medicamentos prescritos é
diretamente proporcional ao desenvolvimento de interações medicamentosas e efeitos
adversos, aumentando o tempo de internação.
Oliveira et al. (2019), observaram que a maiorias das falhas iatrogênicas ocorrem
durante o atendimento inicial ao paciente, bem como que, em alguns casos, os
profissionais não souberam detectar corretamente o evento iatrogênico nem as
condutas imediatas necessárias. Conforme estudo de Leyes, et al. (2020), 107 eventos
adversos foram detectados, dentro do espaço amostral de 174 pacientes, sendo que
35% deles apresentaram algum evento relacionado a segurança, como a descarga
acidental de tubos, cateteres e drenos e extubações não programadas. Dos 107 eventos
detectados, 76,6% geraram algum tipo de dano, constituindo-se em eventos adversos,
sendo que a maioria (75,6%) produziu prolongamento da permanência na UTI.
Segundo revisão literária de Barakat-Johnson, et al. (2019), muitos pacientes
graves requerem dispositivos médicos que são colocados na boca, nariz ou ao redor da
orelha para monitoramento e fins terapêuticos, assim, podem ocorrer danos na inserção
do dispositivo. Outrossim, os danos podem ser causados por fitas adesivas que irritam a
pele e podem causar atrito ou por tubos endotraqueais que estão muito apertados e
causar pressão e fricção. Aliado a isso, segundo análise de Cavalcanti, et al. (2020), há
diversos fatores de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão relacionadas ao
ressaltou que várias causas podem levar a uma redução do número de glóbulos
vermelhos nesse cenário, como sangramento causado pela doença subjacente ou
induzida por procedimentos invasivos, hematopoiese com restrição de ferro secundária
a inflamação e redução do tempo de vida das células vermelhas. Aliado a isso, a
quantidade diária de sangue retirada para os frequentes exames de sangue pode
representar fator de piora. Com o objetivo de diminuir a anemia iatrogênica, a Society
of Critical Care Medicine e a American Association of Blood Banks apoiaram a campanha
“Escolhendo com Sabedoria”, ressaltando que os médicos não peçam teste de
diagnóstico em intervalos regulares (como todos os dias), mas sim em resposta a
perguntas específicas, e que não façam testes de sangue em série com pacientes
clinicamente estáveis.
Sob esse contexto, de acordo com Eulmesekian, et al. (2019), os principais
eventos adversos admitidos na coorte foram infecções associadas a cuidados de saúde,
complicações de procedimentos (como pneumotórax associado à linha central),
adversidades medicamentosas (como hipoglicemia secundária à infusão de insulina),
complicações cirúrgicas (como sangramento após cirurgia), diagnósticos incorretos e
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude do que foi exposto neste trabalho compreende-se a necessidade de
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
REFERÊNCIAS
ALVIM, M. M., et al. Eventos adversos por interações medicamentosas potenciais em
unidade de terapia intensiva de um hospital de ensino. Rev Bras Ter Intensiva,
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COVID-19 disease at a tertiary care hospital. Transfusion And Apheresis Science,
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CAVALCANTI, E. O., et al. Lesão por pressão relacionada a dispositivo médico em adultos:
revisão integrativa. Texto & Contexto Enfermagem, v. 29, n. 1, p. 1-7, 2020.
DIAS, B. S., et al. Incidentes e eventos adversos em unidade de terapia intensiva. 2020.
50 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Enfermagem) – Pontifícia Universidade
Católica de Goiás, Goiânia, 2020.
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unit. European Journal Of Pediatrics, v. 179, n. 3, p. 473-482, 2019.
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Enfermagem UFPE, v.12, n.1, p. 43-50, 2018.
RESUMO
A revascularização do miocárdio é um procedimento conhecido como ponte safena, na
qual o cirurgião faz uso de um segmento de artéria ou veia para o desvio da corrente
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2x10
3x10
• Encerrando com uma
caminhada de 4:00min
8º 12/02/2021 • Respiração Diafragmática – 2x5 • Flexão de MMSS 3x10
• Inspiração Fracionada com longo • Abdução de MMSS
tempo -2x10 3x10
• Expiração abreviada- 2x10 • Subir e descer escada
• Freno Labial – 2x10 3x10
• Encerrando com inspiração • Encerrando com uma
fracionada com curto período de caminhada de
tempo 2x10 -dinâmica. 4:30min.
9º 13/02/2021 • Respiração Diafragmática – 2x5 • Movimento em
• Freno Labial 2x10 direção mediana
• Expiração com a boca aberta -2x10 trabalhando peitoral –
• Expiração Abreviada – 2x10 3x10
• Encerrando com inspiração • Movimento de MMSS
fracionada com curto período de com efeito kabat com
tempo – 2x10 uma almofada – 3x10
• Subir e descer escada
3x10
• Encerrando com a
caminhada 5:00 min.
10º 15/02/2021 • Respiração Diafragmática – 2x5 • Subir e descer escadas
• Inspiração profunda – 2x5 3x10
• Freno labial – 2x10
3. RESULTADOS
No relato de caso mencionado, o paciente idoso de 62 anos, com comorbidade
baseada na hipertensão, sofreu uma revascularização do miocárdio, isso no pós-
operatório fez com que procurasse apoio de uma reabilitação, com o intuito de melhorar
sua qualidade de vida pós-procedimento. Com isso podemos verificar um paciente que
faz uso de medicamento hipertensivo de acordo com as aferições, podemos observar
que apresenta sinais bastante satisfatórios, para inicio e continuidade ao tratamento.
Nos primeiros dias de reabilitação o paciente com sinais vitais animadores, apresentava-
se com deambulação lenta, ombros fechados, dificuldade em movimentar os membros
superiores devido a incisão a qual sofreu, dificuldade na movimentação do MIE devido
caminhada com tempos entre dois a dois minutos e meio, a partir desse momento
observou-se uma pequena evolução do paciente baseada em deambulação a qual
apresentava com mais segurança e agilidade, assim como uma pequena melhora na
abertura dos membros ao executar os movimentos assim como na diminuição das algias
nas quais o paciente relatava. Observando sempre os sinais como saturação, pressão
arterial e frequência cardíaca, que apresentavam bastantes satisfatórios para avançar
com mais exigência ao tratamento.
Nos protocolos baseados entre o terceiro e quarto dia, em pequeno esforço foi
observado firmeza muscular respiratório durante a execução dos exercícios assim como
uma evolução mais significativa na amplitude de movimento dos MMSS. Nos MMII além
da caminhada, foi executado treinamentos baseados entre subir e descer escada, sendo
treinada numa escada mais baixa como forma de preparar a musculatura inferior para
escadas mais elevadas. Observou-se que foi executada de maneira segura, com força
muscular satisfatória, sem apresentar edema devido a incisão ocorrida com a
safenectomia, ou mesmo cansaço muscular.
4. DISCUSSÃO
A cirurgia de revascularização do miocárdio é considerada um procedimento
bastante seguro, de baixo risco e com resultados excelentes a curto, médio e longo
prazo, porem o que vem causar preocupação pós–operatório é a fração de ejeção do
sangue no ventrículo esquerdo, ou seja, se a contratilidade cárdica estiver boa o
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cirurgia de revascularização do miocárdio tem sido um procedimento utilizado
com bastante frequência perante a comunidade médica. Dessa forma as complicações
pós-cirúrgicas pulmonares são bastante comum, podemos destacar a atelectasia e a
pneumonia. Conforme foi abordado ao longo do estudo a fisioterapia está relacionada
a diminuição das complicações respiratórias, no pós procedimento cirúrgico,
REFERÊNCIAS
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Acessedo 17 jul. 2021.
RESUMO
INTRODUÇÃO: A infertilidade, é definida como uma impossibilidade de conceber filhos após um
ano de tentativas com atividade sexual regular, sem o uso de contraceptivo. Com a evolução das
pesquisas que está diretamente ligada com o desenvolvimento da reprodução humana assistida,
fez com que tivesse um amplo significado nos limites de fecundidade masculina e feminina,
sendo possível a reprodução ser mediada por procedimentos múltiplos com o objetivo de se ter
a fecundação artificial OBJETIVO: Levantar, reunir, avaliar criticamente a metodologia da
pesquisa e sintetizar os resultados de diversos estudos primários, buscando responder a uma
pergunta de pesquisa claramente formulada. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão
sistemática, um tipo de investigação científica, considerando estudos observacionais
retrospectivos ou estudos experimentais de recuperação e análise crítica da literatura e
testando hipóteses. RESULTADOS: A reprodução humana assistida, teve ações encontradas
através da evolução da biomedicina, respaldando a ciência e objetivando pessoas que queiram
constituir uma família. CONCLUSÃO: A infertilidade masculina pode ser tanto de origem
genética, idiopática, doenças ou lesões, frequentemente entre os homens inférteis. Com o
desenvolvimento e aumento do uso de tecnologias de reprodução assistida, o entendimento da
infertilidade masculina tem grandes implicações não somente para compreender os motivos da
infertilidade, mas, também para determinar o prognóstico e o manejo desses casais.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão sistemática, um tipo de investigação científica,
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
3.1.2. DOENÇAS
A criptorquidia, caracteriza-se pela descida incompleta dos testículos para o
escroto, ficando na região abdominal ou no canal inguinal, causando azoospermia
secretora. No caso de posição do testículo na região inguinal, a criptorquidia, deve ser
corrigida cirurgicamente (orquidopexia: reposição do testículo na bolsa escrotal) até os
2 anos de vida. Na posição do testículo na cavidade abdominal (por não se palpar na
região inguinal), deve ser feito a tomografia axial computadorizada (TAC), para saber
sua localização, uma vez localizado, a criança deve ser operada porque o testículo intra-
abdominal transforma-se numa neoplasia maligna, se o exame não permitir a
visualização do testículo na cavidade abdominal, é considerado uma ausência congênita
reprodução assistida. Estima-se, uma melhora nos parâmetros seminais após correção
da varicocele, de aproximadamente 70 a 120%, e uma taxa de gravidez aproximada de
33 a 46% num período de até 12 meses após a cirurgia, sendo que a melhora nos
parâmetros espermáticos ocorre num período de seis a nove meses após a cirurgia.
(MACEDO; FONSECA, 2015)
Destaca-se que a importância da idade da parceira, é de fundamental
importância na orientação do melhor tratamento do paciente com varicocele, ou seja,
homens cujas parceiras apresentam idade superior a 37 anos não devem se submeter à
varicocelectomia, e sim o casal deve ser encaminhado para clínicas de reprodução
assistida entretanto, o paciente jovem deve ser submetido à varicocelectomia um
estudo recente demonstrou que, pacientes submetidos a um procedimento de
inseminação intrauterina, a porcentagem destes estabeleceu uma gravidez superior em
pacientes operados de varicocele (33,3%) comparado a pacientes portadores de
varicocele e que não foram submetidos a cirurgia de correção da varicocele (11%)
(MACEDO; FONSECA, 2015).
Citogenética Humana e Genética Humana Molecular (DNA), podendo para tanto realizar
as analises, assumir a responsabilidade técnica, firmar os respectivos laudos e transmitir
os resultados dos exames laboratoriais a outros profissionais, como consultor ou
diretamente aos pacientes, como aconselhador genético.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A infertilidade masculina pode ser tanto de origem genética, idiopática, doenças
ou lesões, frequentemente entre os homens inférteis. Com o desenvolvimento e
aumento do uso de tecnologias de reprodução assistida, o entendimento da
infertilidade masculina tem grandes implicações não somente para compreender os
motivos da infertilidade, mas, também para determinar o prognóstico e o manejo desses
casais.
A evolução tecnológica vem ocasionando melhorarias no acesso a informações,
tratamento na área das ciências da saúde, vale ressalta a importância da atuação do
profissional Biomédico nesse processo. Com resultados positivos em assuntos que
dificultam a geração e nascimento de uma criança por casais com diagnostico de
REFERÊNCIAS
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uma revisão sistemática. Rev. Ciên. Saúde, [s. l], v. 5, n. 2, p. 20-27, 2020
Dec. 2014.
RESUMO
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo consiste em uma revisão, não sistemática, da literatura. Com
a finalidade de obter dados para fundamento bibliográfico, realizou-se uma pesquisa
exploratória nas seguintes bases de dados: LILACS (Literatura Latino-americana e do
Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library Online), Google
Scholar e MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), utilizando-
se das palavras chaves “Sindromes da apneia obstrutiva do sono” e “Apneia obstrutiva
do sono” e suas respectivas traduções em inglês.
Foram inclusos, neste estudo, os artigos publicados nos anos de 2010 à 2021,
escritos em português ou inglês e que contêm dados concernentes a fatores de risco,
sinais e sintomas, diagnóstico ou tratamento da Síndrome da apneia obstrutiva do sono
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
. Todavia, no que tange aos critérios de exclusão, estes compreenderam aqueles artigos
publicados em outras línguas, que não fosse o inglês e o português, artigos publicados
fora do período imposto nos critérios de inclusão e aos que não possuíam dados a
respeito dos temas abordados.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Fatores de risco
De acordo com Senaratna et al.(2017) a prevalência de SAOS, na população
geral, esta entre 9% e 38%. Neste âmbito, são diversas as condições consideradas de
risco para tal patologia.
Os aspectos vinculados à anatomia craniofacial do paciente podem modificar as
propriedades mecânica da via aérea superior e aumentar a sua propensão ao colapso
durante o sono, como as alterações de retrognatia, micrognatia, macroglossia,
hipertrofia das amídalas e deslocamento inferior do osso hioide, sendo este
determinante da severidade da SAOS, quanto mais distante do plano mandibular maior
a severidade (REIS et al.,2020).
resultados que caracterizou o perfil dos 74,4% que apresentaram a SAOS. Em geral o
alto risco esteve vinculado a homens, com idade maior que 50 anos, usuário de álcool,
hipertensos, com doença pulmonar obstrutiva crônica e com sobrepeso ou obesos. No
tange a idade, constatou-se que quanto maior a idade maior foi à prevalência de SAOS
e de fatores de riscos vinculados à mesma.
Quanto à obesidade, em graus mais elevados, índice de massa corporal (IMC)
igual ou superior a superior 40 kg/m², a incidência de SAOS pode chegar de doze a trinta
vezes maiores quando comparada a pacientes com peso normal. Além disso, aumenta
o risco de desenvolver diabetes, hipertensão arterial sistêmica e aumento de colesterol,
contribuindo, assim, para com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares
(PACHECO, et al. 2016). No estudo de Pinto et al. (2016), foram avaliados 100
pacientes com Apneia Obstrutiva do sono. A prevalência de pacientes sem
comorbidades foi de 33%, no entanto 67% da amostra com comorbidades estiveram
divididas, em ordem decrescente, em hipertensão, obesidade, depressão, doença do
refluxo gastroesofágico, diabetes mellitus, hipercolesterolemia e asma.
Devido à depressão que provocam no sistema nervoso central, as bebidas
Sinais e Sintomas
Os principais sinais e sintomas verificados em pacientes com SAOS são: sensação
de asfixia noturna, ronco alto vinculado a períodos de silêncio, movimentação noturna,
sonambulismo, cefaleia matinal, hipersonolência diurna, cansaço excessivo, impotência
sexual, déficits cognitivos, irritabilidade, depressão e ansiedade (DE PAULA et al.,2020;
NETO et al.,2021).
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
Diagnóstico
O diagnóstico de SAOS é realizado por meio da história clínica, exame físico,
acrescido da confirmação por exames complementares, como, por exemplo, a
polissonografia. No atendimento inicial, a escala de sonolência de Epworth pode ser
utilizada para comprovar a sonolência patológica. Trata-se de um questionário com oito
itens que classificam o paciente em sem hipersonolência diurna, quando a pontuação
estiver ter 0 e 9 pontos, e em doentes com hipersonolência diurna, para pontuações
igual ou superior a 10 pontos (NETO et al.,2021).
No que tange a gravidade da apneia obstrutiva do sono (AOS), esta pode ser
classificada mediante ao uso do Índice de Apneia/Hipopneia (IAH) o qual foi imposto
pela Academia Americana de Medicina do Sono (AAMS). A classificação é dividida em
leve, moderada e severa de acordo com a incidência de eventos apnéicos por hora de
sono. Quando a quantidade de eventos por hora estiver entre 5 e 15 a AOS é
considerada como leve, já de 15 a 30 eventos/hora é considerada como moderada e
grave quando ultrapassa este valor. (BACCI et al.,2017; SANTOS et al.,2021).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por intermédio dos dados averiguados, conclui-se que os fatores de risco devem
ser analisados, de forma precisa, por intermédio de um diagnóstico que abranja a
história clínica, exames físicos e complementares, a fim de determinar, de forma
Pesquisas e abordagens educativas em ciências da saúde – VOLUME I
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