Você está na página 1de 51

O INVISIVEL SE TORNA VISÍVEL:

Pelos olhos da fé!

Manoel Sena Costa


O INVISIVEL SE TORNA VISÍVEL:
Pelos olhos da fé!

Autor: Manoel Sena Costa


Colaborador: Rose Gomes

1
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Todos os direitos reservados. A reprodução não
autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº
9.610/1998).
É proibida a reprodução total ou parcial, deste
material, de qualquer forma ou por qualquer meio.

2
DEDICATÓRIA

Dedico este livro a todos amigos e familiares.

3
AGRADECIMENTOS
Com este trecho bíblico agradeço ao meu amado
Deus:
Mas, como está escrito: As coisas que olhos não
viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o
coração do homem, são as que Deus preparou
para os que o amam.
(1 Coríntios 2:9)

4
CONTEÚDO

Apresentação..................................................06
1- Um pouco da minha história .......................10
2- Até os 6 anos.............................................. 19
3- 7 aos 12 anos............................................. 22
4- 13 aos 18 anos................ ...........................26
5- 19 aos 25 anos........................................... 31
6- 26 aos 40 anos............................................35
7- Visão natural e espiritual............................ 40
8- meus dilemas e angústias......................... 44
Considerações finais.......................................47

5
APRESENTAÇÃO
________________
________

6
Sou Manoel Sena Costa, tenho 40 anos de
idade, deficiente visual – cego, utilizo uma
tecnologia assistiva, um leitor de tela, do qual me
possibilita digitar essa mensagem e ter um pouco
de autonomia em computadores, notebooks,
celulares e na internet.

Concluinte do curso de letras da UESB


(UNIVERSIDADE DO SUDOESTE DA BAHIA), da
cidade de Jequié atualmente trabalho no partiu
estágio no Colégio Polivalente, no Jequi Zinho.

Esse manuscrito inicial tenho há uns dois


anos, mas só agora resolvi publicar. Hoje minha
introdução, é:

Sou Manoel deficiente visual, cego, utilizo


um leitor de tela, tecnologia assistiva que me
possibilita encaminhar esse áudio no WhatsApp,
não nasci cego fiquei cego do primeiro olho com 14
anos de idade, perdi a visão do olho esquerdo e
com 24 para 25 anos de idade perdi visão do olho
direito, tive que fazer extração do olho esquerdo,
de evisceração, retirada do globo ocular, tive que

7
me adaptar a ter uma vida dita entre aspas vida
normal.

Minha vida...

Quando perdi a visão do olho esquerdo e


também do olho direito, posso assim dizer que
minha vida...

Posso assim dizer voltou ou ressuscitou


quando minha família me deu todo apoio
psicológico e espiritual também.

Com ajuda de Deus pode me levantar do pó


e das cinzas, e comecei os estudos , concluí os
estudos ensino médio fundamental , fiz três ENEM
e no terceiro eu passei para o curso de letras,
anteriormente tinha feito um curso a distância EAD,
sistema de informação, falta um semestre para
acabar e com a publicação deste livro gostaria de
transmitir a todos como um ser humano que
nasceu enxergando e teve um incidente de
percurso, ou acidente de percurso, de perder a
visão, ficar cego, mas teve ajuda do meio externo
e interno, externo a família, amigos e interno o lado

8
espiritual a busca pelo socorro, pelo auxilio e
busca divina de Deus.

9
Capítulo 1
________________
________

10
1- Um pouco da minha história

Trago minha experiência de estudante cego


do sexto semestre de Licenciatura em Letras
relacionado a sala inclusiva e o processo de
desenvolvimento da aquisição das
capacidades/aprendizagens nesse curso, o único
suporte que a universidade me ofereceu foi o apoio
dos profissionais especializados que atendem no
Núcleo de Atendimento - NAPID.

A função desse núcleo é realizar a


adaptação de material acadêmico para os cegos.
Auxiliam também os professores na confecção de
materiais para ministração de suas aulas.

Ser aluno com deficiência visual em todos os


graus do ensino é uma superação que começa no
mundo interior, a partir dos sonhos e idealizações
a serem alcançados.

Uma vez ingressado na academia novas


demandas surgem, como atender a todas as
disciplinas em suas respectivas exigências de
atividades didáticas curriculares e extracurriculares.

11
Perdi a visão aos catorze anos de idade
quando cursava o ensino médio, no estado da
Bahia, em pleno horário do intervalo escolar.

Encontrávamos todos alunos no pátio de


recreação da escola, uns lanchando, outros
brincando, outros jogando conversa fora.

Eu me encontrava nesta última condição.


Foi então que o momento lúdico se transformou,
inesperadamente, em fato desagradável.

Enquanto eu conversava em pé com os


colegas recebi um impacto forte na parte frontal do
rosto, especificamente no olho esquerdo, quando
um colega que vinha correndo com o cadarço
desamarrado do seu sapato, tropeçou e caiu sobre
mim.

Fui encaminhado para o hospital e depois de


três meses, ao acordar, já não mais enxergava com
o olho esquerdo. Perdi totalmente a visão desse
olho.

Após nove anos precisei realizar a cirurgia


de e nucleação e evisceração, ou seja, retirada do
globo ocular com a colocação de uma prótese.

12
Aos vinte e quatro anos de idade aconteceu
um deslocamento da retina do olho direito o qual
me permitia enxergar bem até então.

Com isso, tive a perda parcial do olho direito,


conhecida como baixa visão.

Nesse olho tenho apenas a percepção de


claridade e sombras.

Ao perder a visão já apresentava


competência linguística envolvendo a oralidade e a
escrita.

Nunca me identifiquei com o braile, mas


reconheço a importância desse sistema para a vida
de um cego.

Um recurso que tem me auxiliado


academicamente é a tecnologia assistiva,
destacando o DOSVOX e o NVDA.

Essas duas ferramentas me trouxeram


autonomia para executar as atividades acadêmicas
de forma igualitária perante meus colegas.

13
Nunca tive dificuldade em me integrar na
sala de aula após o acidente que incidiu na
cegueira.

Entendo que uma sala de aula inclusiva


começa da aceitação do próprio indivíduo em
relação à condição de deficiente. E, depois, a
aceitação dos colegas e professores. Acrescenta-
se a isto, o preparo profissional do professor.

Em caso específico, trouxe como saldo


negativo a falta de conhecimento prévio em relação
à produção de texto. Somente no atual estágio que
estou apresentando domínio nesse campo de
aprendizagem. No quesito oralidade não encontro
nenhuma dificuldade.

Eu não sei qual é verdadeiramente a minha


identidade, qual é o meu proposito neste mundo,
sempre questionei e questiono até os dias de hoje,
qual é minha verdadeira identidade, qual é o
proposito existencial da minha vida;

Vim de uma família cristã, meus avós


maternos, de criação minha vó materna vem de
uma família totalmente evangélica, a Batista.

14
O meu pai, no caso que tu chamas de pai,
ele veio de uma família extremamente católica,
minha mãe biológica, ela não, em sua vida ela não
teve nenhum tipo de religião ou católica, evangélica
ou espírita, ou qualquer tipo de crença religiosa.

O que aconteceu, é que o meu pai


biológico quando teve um relacionamento com
minha mãe, e neste relacionamento ele a
engravidou, moraram um período curto de tempo
juntos, depois ele entregou minha mãe grávida na
porta da casa da minha avó materna, de criação,
minha mãe me teve e depois ficou grávida de novo,
teve meu irmão e durante a gravidez tanto minha
quanto do meu irmão ela teve um problema no
parto e isso afetou a mente, o psicológico e ela
ficou com loucura mental, tinha picos de loucura
mental.

Eu fui criado nesse ambiente, totalmente


diversificado, em relação às crenças, à vida.

Minha mãe, meus avós de criação não


podiam cuidar do meu irmão e deram para outra
família cuidar.

15
Não nasci cego, fiquei cego na realidade, eu
ia em duas igrejas uma católica outra evangélica

Ia na católica e na crente, meu nome é na


realidade Sena, Costa é sobrenome do meu avô,
não conheci minha família, minha árvore
genealógica, não conheci...

Só depois de muitos, muitos anos eu


conheci.

Na época quando enxergava tive uma vida


normal como qualquer outra criança

Tinha horários de estudar, brincar, estudar,


assistir televisão. Meus avós que cuidaram tanto de
mim, quanto da minha mãe.

Lembro que eles tinham um ferro que abria


e colocava as brasas acesas e era chamado ferro
a lenha ou brasas e minha avó passava roupa com
esse ferro de carvão, depois que veio ferro elétrico.

Assim fui crescendo, na cidade de Vitória da


Conquista e lá vivi até 14 nos.

Meu primeiro amor foi com 14 anos.

16
Eu tive meu primeiro amor, amor à primeira
vista, eu enxergava, a menina sentava na minha
frente na escola e quando ela olhava para trás
nossos olhares se cruzavam, meu coração
palpitava...

Porém sofri o acidente na escola e fui


levado a São Paulo para fazer cirurgia de córnea,
mas não deu resultado positivo eu fiquei sem
enxergar do olho esquerdo, só via com o olho
direito.

Isso é um pouco da minha vida que estou


colocando aqui, mas até o verdadeiro momento
não sei qual meu propósito, qual minha verdadeira
identidade porque fui criado por uma família, não
fui criado pela minha própria família, de DNA,
essência.

Tive crises existenciais fortíssimas, tive


síndrome do pânico, sobrevivei e vivi graças as
orações

Fiquei quase em estado de loucura, mas fui


liberto disso, na época tomava remédios tarja preta
antidepressivos, mas foi sanado graças a Deus.

17
Tenho um irmão por parte de meus pais e
alguns irmãos somente por parte de pai, o meu
nascimento não foi planejado, meus avós maternos
que me registraram como filho, pertenço a uma
família de criação, tenho vários primos e tios, dos
quais não tenho muito contato.

No nascimento do meu irmão mais novo


fomos separados, ele é criado por outra família.
Tivemos pouco relacionamento na infância e fase
adulta.

18
Capítulo 2
________________
________

19
Até os 6 anos de idade

Até os meus 6 anos de idade foram na


medida do possível tranquilo, as brincadeiras eram
totalmente diferentes das de hoje.

Costumava brincar com os meus amigos de


bicicleta, gude, pião, amarelinha, dominó, pega
pega, esconde esconde, baleado, futebol, jogo da
velha, forca, banco imobiliário entre outros.

Íamos aos finais de semana para o clube


em Vitória da Conquista, momentos especiais
saudosistas.

Lembro-me de algumas travessuras da


minha infância, tocar a campainha das casas e sair
correndo, jogar ovos nos amigos quando era seus
aniversários, na fazenda do meu avô com os filhos
dos fazendeiros pegávamos minhocas para pescar,
um belo dia na beira do Rio de Contas em Porto
Alegre ao invés de pescar o peixe eu me pesquei,
joguei o anzol como de costume e sem proteção, o
inesperado aconteceu.

20
O anzol entrou na minha cabeça, lembro-
me como se fosse hoje, a turminha começou a dar
gargalhadas do acontecido, meus avós quando me
viram chorando e com o anzol todo em minha
cabeça ficaram preocupados e logo
providenciaram o meu transporte para cidade e ser
feito a retirada em um hospital.

Respiro fundo ao me lembrar de ter que


tomar uma injeção, meu Deus foi traumatizante!

Lembro-me que minha avó de criação tinha


na época um salão de beleza com secadores de
cabelo gigantes, as clientes com muitos bobes no
cabelo e manicures para embelezarem as unhas
das madames, já o meu avô era caminhoneiro.

21
Capítulo 3
________________
________

22
7 aos 12 anos

Lembro da idade dos 8 aos 12 anos essas


fases em minha vida são poucas recordações, a
escrita aprendizado na escola com o recurso de
tracejado em todo o alfabeto e em algumas
palavras, coordenação motora com pintura de
imagens ou desenhos no papel, os cálculos
matemáticos aprendizado usava-se tampinhas de
garrafa de refrigerantes e palitos de fosforo.

Para leitura em sala de aula acontecia


cotação de histórias: os três porquinhos,
chapeuzinho vermelho etc.

E não pode faltar as festas juninas com seu


variado cardápio caipira:

1. Vinho quente
2. Quentão
3. Milho na brasa com manteiga temperada
4. Mandiocada
5. Curau de leite de coco com paçoca
6. Brigadeiro de milho verde

23
7. Paçoca de colher
8. Pamonha
9. Cuscuz de tapioca com baba-de-moça
10. Canjica delícia com creme de amendoim

Segue a minha receita favorita na infância:


Canjica cremosa com amendoim
< https://www.tudogostoso.com.br/receita/42312-
canjica-cremosa-com-amendoim.html>
Ingredientes
• 3 xícaras de milho para canjica
• 1 lata de creme de leite
• 1 vidro de leite de coco de 200 ml
• 500 g de açúcar
• 1 litro de leite
• 2 xícaras de amendoim torrado e moído
Modo de Preparo
1. Deixe o milho de molho de um dia para o
outro.
2. Leve p cozinhar na panela de pressão
cobrindo o milho com água.
3. Deixe pegar pressão e cozinhar por
aproximadamente 30 minutos.

24
4. Após cozinhar verifique se a canjica está
macia e coloque o leite, açúcar, leite de coco e o
amendoim.
5. Deixe apurar por cerca de 10 minutos e
acrescente o creme de leite.
6. Cozinhe até ficar cremosa.

Pronto, agora é só degustar essa saborosa


comida junina.

Lembrei-me de termos as brincadeiras da


festa de São João que acontecia em minha cidade
e no colégio a qual eu estudava, tínhamos a
quadrilha maravilhosa, era certo que cada um de
nós já tinha o par para essa brincadeira.

O pau de cego era muito engraçado, cabo


de guerra, corrida do saci, corrida de três, corrida
do ovo e muito mais.

A nossa memória é incrível traz todo o


cenário de nossa vida com cores, aromas e tudo
que a nossa mente consegue reconstruir do nosso
passado.

25
Capítulo 4
________________
________

26
13 aos 18 anos

Na minha idade dos 13 aos 18 anos, foi


bastante conturbado, trago algo marcante em
minha vida: um manuscrito que tenho há uns dois
anos.

Referente a minha experiência de


estudante cego do sexto semestre de Licenciatura
em Letras sobre a sala de aula inclusiva e o
processo de desenvolvimento da aquisição das
capacidades/aprendizagens nesse curso.

O único suporte que a universidade me


oferece é o apoio dos profissionais especializados
que atendem no Núcleo de Atendimento - NAPID.
A função desse núcleo é realizar a adaptação de
material acadêmico para os cegos.

Auxiliam também os professores na


confecção de materiais para ministração de suas
aulas.

Ser aluno com deficiência visual em todos


os graus do ensino é uma superação que começa

27
no mundo interior, a partir dos sonhos e
idealizações a serem alcançados.

Uma vez ingressado na academia novas


demandas surgem, como atender a todas as
disciplinas em suas respectivas exigências de
atividades didáticas curriculares e extracurriculares.

Perdi a visão aos catorze anos de idade


quando cursava o ensino médio no município de
Vitória da Conquista, Estado da Bahia, em pleno
horário do intervalo escolar.

Encontrávamos todos alunos no pátio de


recreação da escola, uns lanchando, outros
brincando, outros jogando conversa fora.

Eu me encontrava nesta última condição.


Foi então que o momento lúdico se transformou,
inesperadamente, em fato desagradável.

Enquanto eu conversava em pé com os


colegas recebi um impacto forte na parte frontal do
rosto, especificamente no olho esquerdo, quando
um colega que vinha correndo com o cadarço
desamarrado do seu sapato, tropeçou e caiu sobre
mim.

28
Fui encaminhado para o hospital e depois
de três meses, ao acordar, já não mais enxergava
com o olho esquerdo. Perdi totalmente a visão
desse olho.

Após nove anos precisei realizar a cirurgia


de e nucleação e evisceração, ou seja, retirada do
globo ocular com a colocação de uma prótese.

Aos vinte e quatro anos de idade


aconteceu um deslocamento da retina do olho
direito o qual me permitia enxergar bem até então.

Com isso, tive a perda parcial do olho


direito, conhecida como baixa visão. Nesse olho
tenho apenas a percepção de claridade e sombras.

Ao perder a visão já apresentava


competência linguística envolvendo a oralidade e a
escrita.

Nunca me identifiquei com o braile, mas


reconheço a importância desse sistema para a vida
de um cego. Um recurso que tem me auxiliado
academicamente é a tecnologia assistiva,
destacando o DOSVOX e o NVDA.

29
Essas duas ferramentas me trouxeram
autonomia para executar as atividades acadêmicas
de forma igualitária perante meus colegas.

Nunca tive dificuldade em me integrar na


sala de aula após o acidente que incidiu na
cegueira. Entendo que uma sala de aula inclusiva
começa da aceitação do próprio indivíduo em
relação à condição de deficiente. E, depois, a
aceitação dos colegas e professores.

Acrescenta-se a isto, o preparo profissional


do professor. Em caso específico, trouxe como
saldo negativo a falta de conhecimento prévio em
relação à produção de texto. Somente no atual
estágio que estou apresentando domínio nesse
campo de aprendizagem.

No quesito oralidade não encontro nenhuma


dificuldade.

30
Capítulo 5
________________
________

31
19 aos 25 anos
Da idade dos 19 aos 25 anos, comecei a
fazer vários cursos de informática, amo muito, é
minha praia, apesar de ter ficado cego, isso de
modo nenhum é impedimento para os estudos,
cursos, viagens, ou seja, lá o que for!

Barreiras, obstáculos são colocados por


pessoas que não acreditam que um cego possa
alcançar o que quiser, é só querer e buscar nas
dificuldades, problemas que nos é apresentado
todos os dias de nossas vidas, sou um exemplo de
superação.

No primeiro emprego que tive de ser


instrutor de informática na escola do qual eu era
aluno, não obtive no primeiro momento aceitação
dos alunos, pois o meu antecessor era muito
amado, querido por todos os alunos.

Ao entrar na sala para dar a minha primeira


aula, a receptividade totalmente ao contrário, eles
pareciam que tinham ensaiado o coro “não
queremos você como nosso professor, queremos o
outro anterior a você”, podem imaginar o
constrangimento ao ser recebido dessa forma?

32
Então, respirei profundamente e disse a
todos, aliás, propôs naquele momento uma
oportunidade de uma semana dar aula para eles,
caso não estivessem satisfeitos poderiam solicitar
do dono da escola a minha retirada.

E o inesperado aconteceu para surpresa de


todos, inclusive a minha, a semana se passou e na
próxima semana em unanimidade todos me
pediram desculpas solicitando a minha
permanência como professor de informática de
todos, uma experiência que trago até aos dias de
hoje, jamais pensar em desistir diante das
adversidades e percalços encontrados ao longo de
nossas vidas.

Sou prova viva do invisível se tornar visível,


não era “nada, morava em “lugar nenhum”,
desconhecido de todos e agora conhecido e visível
de muitos.

O menininho outrora coagido, esquecido,


rejeitado, agora se torna um homem amadurecido
durante o seu percurso aqui na terra, como uma
semente semeada em lugares áridos, secos e
bastante hostil, consegue diante de tantos

33
acontecimentos dar a volta por cima e hoje
atualmente consegue uma grande façanha ser um
escritor de mão cheia, em cada palavra, frases,
parágrafos, vírgulas e pontuações neste livro expor
um pouco de minha trajetória neste mundo
tenebroso.

O enxergar com minha alma e ajuda do


Grande autor da vida o Senhor Jesus,
proporcionou a este cego que aqui vos escreve
esta emocionante história de minha vida real.

Gratidão! Gratidão! Gratidão!

34
Capítulo 6
________________
________

35
26 aos 40 anos

Mais um trechinho de minha vida...

Este ano fiz o curso do Pablo Marçal, O pior


ano de sua vida, adquiri este curso no ano de 2019,
dezembro praticamente, durante o curso tive
barreiras, principalmente na plataforma por não ter
acessibilidade para usuários cegos em nenhum
momento pensei em desistir, pelo contrário
enfrentei essas barreiras de cabeça erguida,
gritando aos quatro ventos, olhem, enxerguem sou
um aluno do curso de vocês cego que necessita de
ajuda para fazer as atividades.

Vocês nem imaginam gravei um vídeo no


grupo fechado desse curso na facebook, utilizei
uma tecnologia assistiva, um leitor de tela, do qual
me ajuda a digitar essa minha autobiografia, dei um
pequenino depoimento que repercutiu até o dia de
hoje com mil visualizações fora os comentários.

Com essa ação e reação minha obtive


retorno dos próprios alunos do curso.

36
Consegui terminar as tarefas solicitadas,
antes do fim das três semanas recebi um
telefonema da equipe de suporte do Pablo Marçal
pedindo desculpas pela demora do retorno de
ajuda que seria feita a minha pessoa, o mais
maravilhoso de tudo isso vocês nem imaginam, na
ligação foi me dito que o próprio Pablo Marçal
estava ciente da minha pessoa e com esse
conhecimento ele me daria o presente de seis mil
reais para participar do método IP que é o valor
desse método, uau! Uau! Uau!

O cego da Bahia, interior, de lugar nenhum,


desconhecido agora estava se tornando
celebridade, famoso literalmente.

Na ligação foi me dito que eu deveria dar os


meus “pulos” para fazer a viagem até o local do
evento, nada mais nada menos que São Paulo, o
impossível se tornando possível diante dos meus
“olhos”, incrível, a Palavra de Deus se cumprindo
em minha frente:

...”tudo é possível ao que crer”

Comprei a passagem aérea da companhia


da Gol e no dia marcado embarquei para o meu

37
destino, gravei vídeos desde a minha saída até
minha chegada, tirei várias fotos durante o
percurso, tive a ousadia de entrar e tirar foto na
cabine do avião com o piloto.

No dia do comparecimento no local do


evento quando estava adentrando comecei a ouvir
as pessoas, muitas, mas muitas pessoas
comentando, dizendo, carraca meu, o cego da
Bahia o Manoel veio mesmo, ele conseguiu chegar
aqui! Vocês nem imaginam todos maravilhados,
impactados ao ver em carne e ossos o Manoel da
Bahia.

Começou aglomeração das pessoas a


minha volta, me tocando para ter certeza de que
era eu mesmo, pedindo para tirar fotos comigo,
claro que eu cobrei pelas fotos, agora eu não era
simplesmente um cego no meio da multidão, mas
alguém que sonha e conquista os seus sonhos aos
troncos e barrancos, pois oportunidades como
estas só acontecem uma vez em nossas vidas,
então pare de procrastinar, de dar desculpas para
tudo, com um mantra negativo, dizendo:

38
Eu não posso, eu não consigo, isso não é
para mim alcançar, faça uma reprogramação da
sua mente com os códigos infalíveis do Pablo
Marçal, ressignificando os traumas ao longo de
suas vidas.

Eu sou testemunha viva de que tudo é


possível ao que crer, jogue fora no lixo literalmente
falando as suas crenças limitantes, bloqueadoras,
travando e impedindo vocês de conquistarem o
impossível pela fé. …

39
Capítulo 7
________________
________

40
A visão natural e o espiritual

Visão tem duas vertentes a natural e


espiritual, o acontecido no pátio do colégio na hora
do intervalo foi acontecimento natural do olho
esquerdo.

Mas, a cirurgia de viceração – retirada do


globo ocular, essa notícia na época me abalou
muito, tive crises de profunda tristeza, mas alcancei
a Graça de Deus e o apoio de minha mãe biológica
e de criação.

Obtive a cirurgia de graça este procedimento


cirúrgico custava 1500 reais, com o anestesista o
valor total seria de 2.000 reais. Deus se moveu de
misericórdia por nós! Muitos nesse momento
devem estar se perguntando ou indagando porque
Deus não devolveu a visão?

Tem um trecho bíblico que nos diz em


Mateus 18, leia, vamos praticar a leitura bíblica,
amém!

Após a cirurgia teríamos que comprar uma


prótese ocular no valor de 800 reais.

41
O nosso amado Deus moveu corações na
cidade onde moro em Jequié para poderem ofertar
em minha vida, a quantia que nós recebemos
ultrapassou a quantia da prótese obtivemos o valor
de R$1200,00 reais, Deus é Fiel!

Com esse testemunho de fidelidade do


nosso amado Deus, comecei a testemunhar nos
lugares que eu era convidado.

Lembro que participando de um culto no lar


recebi uma profecia da parte de Deus, do qual me
falou que naquele ano Ele estaria me retirando
desse emprego e eu não seria mais empregado e
sim patrão!

Naquele momento confesso a vocês que no


meu interior eu não aceitei viver da fé, passados
uns dois meses da profecia o inesperado
aconteceu comigo ao retornar do trabalho para
minha casa, de um dia para o outro acordei sem
enxergar da visão direita, não via mais nada,
somente escuridão e muito choro e lamento,
minhas mães ficaram profundamente tristes.

Em minha mente veio claramente a profecia


que eu tinha recebido anteriormente, a perca da

42
visão direita aconteceu quando eu trabalhava em
um comércio, com esse acontecido Deus agiu para
eu ser aposentado por invalidez, apesar de eu não
ser um inválido, acredito na provisão divina, de
Deus, mas ainda não me tornei patrão.

43
Capítulo 8
________________
________

44
Meus dilemas e angústias
Estou escrevendo este livro sem motivação
nenhuma, diferentemente dos demais, faço porque
muitos me pediram para escrever a minha biografia,
a minha história de vida aos meus “olhos” não irá
impactar a vida de ninguém, penso que o meu
conteúdo está muito sem graça.

Nem sei se este é o momento de escrever


um livro. Peço-te licença para dizer que sei que
ouvi de muitos que quando escreveram o primeiro
livro, fizeram por inspiração e muita vontade de
fazê-lo, diferentemente de minha pessoa.

Nem sei quem eu devo agradecer, se


escrevo um pequeno texto para colocar junto a
minha foto, fazer uma pequena frase, estou perdido,
cego literalmente, na conclusão e término deste
livro.

Penso que este não era o momento de


estar escrevendo este livro. Penso que muitas
pessoas conseguem de maneira brilhante em
pouco tempo, três ou quatro dias, escrever um livro
de sua biografia, porque flui e acontece.

45
Desculpe pelo desabafo, mas tenho que
expor o que está dentro de minha alma e em meus
pensamentos.

Existe um turbilhão de coisas, sentimentos,


emoções, frustrações, decepções...

46
Considerações Finais
________________
________

47
Minhas conclusões...
Agora sim, tudo se clarificou em minha vida!

Desde o momento do final do ano de 2019


ao início de 2020, quando eu tive a oportunidade
de conhecer os conteúdos do Pablo Marçal em seu
canal no YouTube, com vários temas polêmicos até
o primeiro momento que eu comecei a ouvi-los.

Temas tais como: Vai cuidar da sua vida,


cale a sua boca, saia do caixão entre outros e o
melhor de tudo é ter podido adquirir o curso O pior
ano de sua vida e ganhar de presente do próprio, o
Método IP, comparecer pessoalmente em São
Paulo de avião e participar do Road Map e no final
desse evento receber uma palavra profética do
Pablo de que eu seria a pessoa responsável de
alcançar os 600 milhões de pessoas deficientes
espalhadas pelo mundo...

UAU! Inacreditável, hein?

Tudo é possível ao que crer!

Para um baiano, deficiente visual cego,


conquistar tudo isso, em menos de um ano é uma
proeza imensurável e de grande aprendizado!

48
A todos que de alguma forma se imaginam
com afirmações negativas tipo: não sou digno, não
posso, não consigo, não nasci para ser um
vencedor, digo que temos que reprogramar a
nossa mente com novos “drives” mentais:

Eu sou digno, eu posso, eu consigo, eu


alcanço!

Eu nasci para vencer e sou mais do que


vencedor em Cristo Jesus! Sou um Grande
General! Um verdadeiro Leão!

Entendem agora a importância do seu


propósito de vida e de sua identidade diante de
todos?

Não utilizem mais desculpas, desculpas e


desculpas para não exercerem o chamado e a
missão de vocês, OK?!

Com carinho,

Manoel Sena Costa

49
50

Você também pode gostar