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Maringá
2015
THIAGO ANDRÉ VILELA DA CRUZ
Maringá
2015
RESUMO:
ABSTRACT:
The trade in ornamental fish in Brazil has sought to improve the transport chain of
ornamental aquatic animals. In recent years, the agility of the documentation for intra and
interstate exchange has caused concern due to carried and introduction of parasites in
aquarium systems. Thus, the intensification of studies that aim to identify the parasite fauna
of ornamental species in their extraction regions is of paramount importance so that
preventive measures are taken to minimize the risk of spread of pathogens. This paper reports
the parasite fauna of goldfish, analyzed in vivo, from fish farms specialized in ornamental
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fish. A total of 65 animals were collected in fish farms, randomized and examined for smear
skin and gills, and 64 (98.46%) were parasitized by at least one group of parasite. Among the
protozoan stood out Ichthyobodo necator, Chilodonella spp. and Trichodinidae with
prevalence of 75%, 40% and 38.46%, respectively. Among the metazoan, Monogenea and
Digenea were the most prevalent (95.38% and 26.15%, respectively). When the parasitic
analysis was performed by site infection was observed that the highest prevalence rates were
recorded in skin and gills respectively for I. necator 50.77% and 69.23%, 49.23% and 50.77
Monogenea%, Trichodinididae 32.31% and 30.77%, and Chilodonella spp. 23.08% and
29.23%.
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INTRODUÇÃO:
atualmente, 33.100 espécies catalogadas (FISHBASE, 2015; MILLER et al., 2009). Dentre
esta grande variedade de espécies, podemos encontrar mais de 1.500 que são exploradas com
fins ornamentais (LIVENGOOD; CHAPMAN, 2015). Dos três principais habitats existentes
(dulcícola, marinho e salobro), os peixes dulcícolas, que vivem em regiões tropicais, são os
que 73% do volume mundial de exportação é realizado pelos países asiáticos. Neste cenário,
o Brasil, apesar da grande diversidade íctica, obteve, em 2013, o décimo primeiro lugar no
ranking, com exportação superior a 9 milhões de dólares (US$), números alcançados devido
2015, deste modo quando a venda ocorrer entre lojistas e consumidor final, não é necessária a
além da regularização de matrizes para aquicultura (BRASIL, 2015). Por outro lado, esta
criadores.
severos devido à infecção. Entretanto, estes efeitos podem ser potencializados em ambientes
de cultivo, dependendo das particularidades do ciclo de vida dos parasitos envolvidos, devido
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imprescindível para o intercâmbio seguro entre aquariofilistas, bem como para a adoção de
tratamentos eficazes e a erradicação das parasitoses (MILLER et al., 2009, LUQUE, 2004).
contribuem para que o manejo sanitário preventivo possa ser instituído com sucesso
(SCHALCH, 2011).
Entretanto, no Brasil, existe uma carência sobre estudos que envolvam aspectos
patologias que acometem estes animais são informações desconhecidas pela grande maioria
dos universitários que se formam na grande Área das Ciências Biológicas e Veterinárias e
Segundo Gomes (1998), em torno de 90% dos aquaristas no Brasil cessam com o
manejo e na manutenção dos peixes ornamentais. Este fato poderia ser revertido se
elevado prejuízo econômico, está relacionado com parasitos e doenças causadas por sua
presença (SCHALCH, 2011), este trabalho teve como objetivo analisar a fauna parasitária de
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Kinguios, Carassius auratus, por meio de biópsias, visando contribuir para o conhecimento
das principais parasitoses que afetam este setor, a manutenção dos espécimes analisados e a
MATERIAIS E MÉTODOS
mantidos vivos durante e após o período da análise, já que parte do propósito do trabalho foi
o não sacrifício dos animais, devido ao alto valor econômico agregado a estes peixes
ornamentais.
Os peixes foram alimentados duas vezes por dia e a água do tanque foi trocada a cada
dois dias para manter os parâmetros físico-químicos equilibrados, uma vez que os ambientes
não possuíam sistema de filtragem (para minimizar o efeito da perda parasitária que pode ser
ocasionado pelo mesmo). Os espécimes ficaram, em média, sete dias armazenados nos
tanques, até o momento da biopsia (2-15 dias). Nenhum tipo de tratamento (sal grosso) ou
fármaco foi aplicado durante o transporte e a permanência dos peixes no laboratório antes da
análise, o que favoreceu o encontro do maior número possível de espécies de parasitos. Após
a biópsia os mesmos foram levados para o aquário de exposição, onde foi realizado o
tratamento, se necessário.
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Figura 1. Espécime de Carassius auratus proveniente de pisciculturas especializadas em cultivo de
ornamentais. Foto: Acervo do Autor.
Cada espécime de peixe foi capturado, com o auxílio da rede, para a coleta de dados
Figura 2. Desenho exemplificando raspado de pele e montagem da lâmina para observação. Autor:
André Mota Alves.
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O muco recolhido foi, em seguida, prensado em lâmina, juntamente com a lamínula,
As brânquias foram examinadas por raspado, com o auxílio de uma lâmina para
observações in vivo, sendo as identificações realizadas de acordo com Vicente et al. (1985),
Dyková et al. (1996), Moravec (1998), Vicente e Pinto (1999), Thatcher (2006), Cohen e
abundância média (± desvio padrão) foram calculados segundo Bush et al. (1997). Além
destes, a densidade parasitária foi calculada pela divisão da intensidade total pela área da
lamínula analisada, uma vez que o não sacrifício dos hospedeiros impossibilita o registro do
RESULTADOS
8,95 cm (±2,14) de comprimento total médio (Lt) e 5,84 cm (±11,89) de comprimento padrão
médio (Ls). Destes, 64 (98,50%) encontravam-se parasitados por pelo menos um grupo de
1883), Chilodonella spp. Strand, 1926 e Trichodinidae, com prevalências de 75%, 40% e
Quando a análise parasitária foi realizada por sítio de infecção observou-se que as
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50,77% e 69,23%, Monogenea 49,23% e 50,77%, Trichodinididae 32,31% e 30,77%, e
Chilodonella spp. 23,08% e 29,23% (Tab. 1). Ichthyobodo necator, aparentemente, não
Tabela 1. Parasitos e índices parasitológicos, total e por sítio de infecção, de Carassius auratus
provenientes de pisciculturas especializadas em peixes ornamentais. N parasitado = número de peixes
parasitado; P = prevalência; IM = Intensidade Média; DP = desvio padrão.
N P IM P IM P IM
Parasitos \ Índices Parasitológicos
Parasitado (%) (±DP) (%) (±DP) (%) (±DP)
2 2
Amobae 1 1,54 - - 1,54
(±0,00) (±0,00)
19,54 16,22 7,67
Apiosoma spp. 11 16,92 13,85 13,85
(±23,88) (±31,45) (±13,45)
22,5 11,53 21,68
Chilodonella spp. 26 40 23,08 29,23
(±56,38) (±22,05) (±73,49)
81 81
Protozoa Epistylis sp. 2 3,08 3,08 - -
(±97,58) (±97,58)
114,08 95,03 54,53
Ichthyobodo necator 49 75,38 50,77 69,23
(±141,76) (±184,70) (±98,23)
20,4 14,71 14,43
Tetrahymena spp. 10 15,38 10,77 10,77
(±17,00) (±21,12) (±13,41)
31,28 28,29 9,4
Trichodinidae 25 38,46 32,31 30,77
(±26,37) (±33,19) (±10,58)
1 1
Argulus sp. 2 3,08 3,08 - -
(±0,00) (±0,00)
3,59 3,59
Digenea 17 26,15 - - 26,15
(±5,47) (±5,47)
1 1
Metazoa Lernea cyprinacea 2 3,08 3,08 - -
(±0,00) (±0,00)
19,63 11,12 26,09
Monogenea 62 95,38 49,23 50,77
(±13,74) (±15,71) (±12,56)
3 2,5 1
Nematoda 2 3,08 3,08 1,54
(±1,73) (±2,12) (±0,00)
Para a intensidade média (Tab. 1), I. necator apresentou o maior valor quando
por Epistylis sp. Ehrenberg, 1830 com 81 (±97,58) parasitos/peixe parasitados, Trichodinidae
com 31,28 (±26,37), Chilodonella spp. com 22,5 (±56,38), Tetrahymena spp. Furgason, 1940
10
As maiores abundâncias em pele foram de Ichthyobodo necator com 48,25 (±139,10)
parasitos/peixe analisado, seguido por Trichodinidae 9,138 (±22,85), Epistylis sp. 2,49
(±18,64), Apiosoma spp. 2,24 (±12,47) e Tetrahymena spp. 1,58 (±7,93). Já em brânquias os
parasitos que se destacaram foram Monogenea 13,25 (±12,66) e Chilodonella spp. 6,34
60
Pele
Abundância
Média
(Parasitos/Peixes
50 Brânquias
40
Analisados
)
30
20
10
0
Figura 2. Abundância média dos parasitos encontrados em pele e brânquias de Carassius auratus
provenientes de pisciculturas.
sítio de infecção observado demonstram que houve uma diferença numérica entre os sítios
pele e brânquias (Fig. 3). Os parasitos I. necator, Tricodinidae, Apiosoma spp. e Epistylis sp.
parecem não demonstrar preferência, como Tetrahymena spp. que apresentou resultados
iguais. Já Amobae, Argulus sp., Lerneae cyprinaceae e Nematoda que apresentaram resultado
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0,09
Pele
Densidade Parasitária (n/mm2)
0,08
Brânquias
0,07
0,06
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0
DISCUSSÃO
América do Sul), Sri Lanka, África do Sul e Coréia, são encontrados protozoários e
aumenta o risco de transferência parasitária, deste modo o exame microscópico se torna uma
(BASSLEER, 2015).
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Ichthyobodo necator, apesar de apresentar tamanho pequeno (10-15 µm x 5-9 µm),
multiplica-se por cissiparidade, o que contribui para sua rápida proliferação, além disso, não
possui especificidade parasitária (PAVANELLI et al., 2008), o que amplia sua capacidade de
Abundância Média e Densidade Parasitária) demonstraram que este parasito obteve altos
índices parasitários em pele, porém sua prevalência foi maior em brânquias. Eiras et al.
(2010) afirmaram que I. necator pode ser encontrado em ambos órgãos, porém em brânquias
a doença evolui para fusão lamelar, causando prejuízos elevados. Seu registro em poucos
priorizam os metazoários (EIRAS et al., 2010), uma vez que no presente trabalho foi
amplamente encontrado.
Malaquita) para tratamento, cloreto de sódio também pode ser utilizado (PAVANELLI et al.,
grupos mais identificados no Brasil (PADUA; MENEZES JUNIOR, 2014), entretanto suas
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64 dos 65 animais examinados, com alta taxa de prevalência 95,38%, e com resultados de
brânquias.
Infestações por Monogenea podem evoluir rapidamente, pois tem ciclo direto, neste
caso o exame detalhado ao microscópio contribui para conhecer a parasitofauna dos peixes
que se está adquirindo (NOGA, 2010). O grau da lesão ocasionado por este parasito varia de
erradicação do mesmo são essenciais, visto o ocorrido na Noruega, na década de 70, onde a
inserção deste grupo resultou em grandes perdas para a indústria de pesca desportiva (EIRAS
et al., 2010).
Pavanelli et al. (2008) sugerem que seja realizado quarentena e banhos profiláticos
Cloreto de Sódio são utilizados, com sucesso, para terapêutica em Monogeníase (NOGA,
2010).
Em pele, outro grupo com elevados índices parasitológicos foi Trichodinidae. Este
2014), porém quando ocorre diminuição da qualidade da água e aumento da matéria orgânica,
o parasito pode encontrar as condições ideais para sua proliferação, gerando lesões em
brânquias e pele (PAVANELLI et al., 2008). Em pisciculturas a presença deste parasito está
Potássio, Sal, Cobre, Formalina e Ácido Acético (NOGA, 2010). A prevenção é realizada
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mantendo os parâmetros físico-químicos ideais, densidade populacional baixa e higienizando
Chilodonella spp. se caracteriza por acometer peixes com baixa imunidade, causando
temperatura, de piora na qualidade da água e de debilidade dos peixes, este parasito encontra
condições ideais para sua instalação e infestação (PAVANELLI et al., 2008), sendo
frequentemente encontrado em ciprinídeos (EIRAS et al., 2010). O surto deste parasito causa
lesões no animal que podem servir como porta de entrada para possíveis bactérias
sanidade do ambiente em que o animal vive (NOGA, 2010; YANONG, 2007), colaborando
contribuem para evitar este patógeno, uma vez que sua grande habilidade de adaptação
parasitos para piscicultura (PAVANELLI et al., 2008). Além disso, a maneira correta de
2015). Este último fator tem ampliado o número de cepas bacterianas resistentes, como no
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No aquarismo, a falta de informação proveniente do lojista, acaba levando o aquarista
parte das pessoas que enfrentam surtos de doenças em seu aquário ou lagos e buscam
informações. Por vezes, as formas ou indicações que podem ser encontradas em fóruns ou
blogs são relatos isolados de apenas um experimento que surtiu efeito positivo para o
É necessário que a grande Área das Ciências Biológicas e Veterinárias absorva esta
essencial para a que o animal viva melhor, o produtor possa ter sucesso na criação, o lojista
venda peixes de melhor qualidade e o aquarista mantenha seu hobby com sucesso e livre de
doenças.
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