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Rel'isla de Educação Continuoda do CRMV·SP I ContitlllOus Educario" Joumal CRMV-SP,

São Paulo. \'Olume 1. fascículo 1. p, 066 - 080, 1999.

Principais zoonoses parasitárias


transmitidas por pescado - revisão
Main parasitic zoonosis transmitted • Universidade Bandeirante
by fish - a review de São Paulo - UNIBAN
Av. Dr. Rudge Ramos, 1.501
São Bernardo do Campo - SP

*MariaPaulaMarlinezOkwnura1-CRMV-SP 11077
~~Alexandrino de Pérez2 -CRMV-SP 1657
Antonio FspÚldolaFtlblf -CRMV-spfffl1
Professora Assistente da Disciplina de Parasitologia Veterinária do
Curso de Medicina Veterinária da Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAM
2 Pesquisador Científico Instituto de Pesca - S.A.A.
3 Pesquisador Científico Instituto de Tecnologia de Alimentos (!TAL) - Setor de Pescado.

RESUMO
As zoonoses parasitárias transmitidas por pescado, ultimamente, cada vez mais vêm chamando a
atenção de pesquisadores e autoridades sanitárias do mundo inteiro, por serem causas de problemas
de saúde pública na população, a qual se infecta pelo consumo de pescado cru ou cozido insuficien-
temente. No Brasil, está havendo grande procura de pratos feitos à base de pescado cru, como
"sushi" e "sashimi", devido à influência da cozinha oriental nos dias de hoje. Além disso, há dados que
mostram a presença de parasitas zoonóticos nos peixes brasileiros, tanto de água doce, quanto de
água salgada. Apesar disso, até o presente momento, ainda não há relatos dessas parasitoses em
humanos no Brasil (com exceção da fagicolose). Acredita-se que isto se deva à falta de diagnóstico
e não à ausência dessas doenças no país. Como zoonoses transmissíveis por pescado, pode-se citar
a anisaquíase, a eustrongilidíase, a capilaríase, a fagicolose, a clonorquíase e a difilobotríase, dentre
outras. A principal medida de prevenção é a abstinência do consumo de pescado cru ou mal cozido.
Também é necessário realizar um trabalho de educação e conscientização da população, a1ertando-a
para os potenciais perigos da ingestão de pescado cru, além de desenvolver técnicas confiáveis de
inspeção e processamento do pescado infectado com parasitas, para oferecer maior segurança à
população.

Unitennos: peixes, zoonoses, parasitismo, saúde pública.

Introdução dalidades artificiais praticadas de forma mais ou menos


intensiva têm deparado com a escassa existência de in-
Os estudos relativos à patologia e parasitologia formações sobre as enfermidades de peixes que em am-
de peixes são campos de crescente importância no con- bientes restritivos manifestam-se de forma mais vigoro-
texto da piscicultura mundial. Parece ser inevitável que sa e disseminada. As mortalidades de peixes em geral
as populações mundiais tomem-se cada vez mais depen- são condicionadas por uma associação de causas endó-
dentes da cultura artificial de peixes, enquanto que as genas e exógenas, tais como temperatura e baixo teor de
populações naturais destes reduzem-se paulatinamente oxigênio da água, com o quadro nutricional e nosológico
pela pesca predatória. Decorrentes destes fatos, as mo- que acomete estes animais, sendo de profunda e elemen-

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tar importância o conhecimento de tais mecanismos por cultural das "comidas naturais" tem influenciado também,
parte de piscicultores, zoólogos, biólogos, zootecnistas e, com ênfase, o "não cozinhar demais" para a preserva-
principalmente, médicos veterinários (THATCHER; ção dos nutrientes dos alimentos.
NETO, 1994). LEITÃO (.1983) e THATCHER; NETO (1994)
Desse modo, as parasitoses têm, muitas vezes, con- também destacam que algumas enfermidades de peixes
seqüências importantes, mas não tão evidentes: diminui- têm caráter zoonótico, devendo ser alvo de maior preo-
ção da eficiência de assimilação (o que implica um maior cupação por parte dos serviços de fiscalização sanitária
ga to de alimento) e da taxa de crescimento, aumento da do pescado destinado ao consumo humano. Desta for-
suscetibilidade dos animais parasitados a infecções por ma, as autoridades sanitárias, os piscicultores, e os médi-
agentes oportunistas, nomeadamente os fungos e certas cos veterinários devem atentar para um maior controle,
bactérias (EIRAS, 1994a). Assim, segundo LEITÃO desde a produção até a comercialização do pescado, para
(1983), os animais parasitados não são boas fontes ali- diminuir as taxas de morbidade e mortalidade das cria-
mentares para as dietas das pessoas, tanto em qualidade, ções, melhorar cada vez mais a qualidade do pescado
como em quantidade, pois as mortes por enfermidades destinado ao consumidor e, profilaticamente, evitar a pro-
ictioparasitárias podem diminuir muito as quantidades ali- pagação das zoonoses transmissíveis por peixes.
mentares disponíveis para abastecer uma população.
Deste modo, um peixe pode constituir-se uma excelente Zoonoses causadas
fonte de proteínas e de outras substâncias, mas se for por nematóides
proveniente de um animal parasitado, enfraquecido e com
seu metabolismo alterado pela presença de parasitas, tor- Algumas espécies de nematóides são potencial-
na-se pobre e insuficiente como fonte alimentar. Esse mente patogênicas para o homem, sendo o risco de in-
autor também ressalta a importância do caráter zoonóti- fecção pronunciado em relação às que penetram na mus-
co que as enfermidades de peixes podem ter. culatura dos peixes. O homem parece ser quase sempre
Atualmente, dá-se maior ênfase às doenças pro- um hospedeiro anormal para os nematóides parasitas de
venientes de contaminações por organismos microbianos peixes, que nessas condições, não terão possibilidade de
ou suas toxinas, havendo pouca ênfase às zoonoses ou alcançar a maturidade (EIRAS, I 994b).
doenças adquiridas pela ingestão de animais que abrigam
estes parasitas (KHAMBOONRUANG, 1991). Anisaquíase: A anisaquíase ocorre pela migra-
Segundo SINDERMANN (1990), peixes marinhos ção das larvas L3 de Anisakis spp., Phocanema spp.,
podem ser infectados tanto por patógenos transmissíveis Terranova spp., Contracaecum spp. e Pseudanisakis
como não transmissíveis ao homem. Este autor conside- spp. no interior da parede intestinal de pessoas previa-
ra vários agentes parasitários com importância em saúde mente sensibilizadas a esses parasitas. As larvas encon-
pública, dentre eles, os anisaquídeos, os cestódeos difilo- tram-se habitualmente como parasitas nas vísceras de
botrídeos, os trematódeos heterofídeos e o nematódeo alguns peixes como arenque e bacalhau, servindo como
Angiostrongylus cantonensis. hospedeiros intermediários dos parasitas adultos, os quais
ARAMBULO; MORAN (1980) destacam a gran- se encontram em mamíferos, aves e peixes marinhos
de influência que os fatores socioculturais excercem na (AMATO; BARROS, 1984). Essa doença também é
manutenção dos focos de zoonoses parasitárias. Os fo- conhecida como "herring worm disease" ou "cod worm
cos endêmicos continuam existindo apesar da viabilidade disease" ("doença do verme do arenque" ou "doença do
dos recursos para sua prevenção e controle. As práticas verme do bacalhau") (CHENG, 1982). A infecção hu-
culturais e tradições, profundamente enraizadas, resis- mana ocorre nos países onde existe o hábito de consumir
tem a qualquer pequena mudança, mesmo que essa mu- peixe marinho cru, ligeiramente salgado ou defumado
dança seja direcionada para a melhoria da qualidade de (ACHA; SZYFRES, 1986 e ACHA; SZYFRES, 1980).
vida e saúde das pessoas. Por exemplo, AMATO; BAR- Também há relatos de que os anisaquídeos possam pro-
ROS (.1984) citam o grande número de anisaquíase hu- vocar reações alérgicas mesmo quando ingeridos em
mana, que ocorre principalmente em países como Japão, peixes bem cozidos (AUDICANA et ai., 1997; DAY,
Holanda, Noruega, EUA, Peru, etc., onde há o costume 1997).
de ingerir peixes crus ou mal cozidos, em pratos culinári- Segundo SINDERMANN (.1990), os anisaquíde-
os conhecidos como o "sushi" e o "sashimi" dos orien- os podem ser o grupo de nematóides mais importante dos
tais, o "ceviche" dos hispano-anlericanos, ou o "green peixes marinhos, ocupando o centro em discussões sobre
herring" dos holandeses. Além disso, o atual movimento nematóides de peixes de mar. Esses vermes podem ser

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patogênicos para os peixes, pela sua invasão no fígado, (CHENG, 1982; ACHA; SZYFRES, 1986).
gônadas, mesentério e musculatura corporal, onde po- Anisakis simplex é um nematóide que, na sua for-
dem resultar em uma extensa patologia, principalmente ma larvar, é extremamente freqüente nos peixes mari-
quando um grande número de parasitas está presente. nhos, enquanto que os adultos encontram-se em mamífe-
Assim, muitas espécies de peixes marinhos abrigam lar- ros marinhos, especialmente nas águas polares e nas re-
vas de anisaquídeos, mas apenas algumas têm grande aten- giões mais frias das zonas temperadas. Devido à sua
ção por parte dos pesquisadores, devido aos efeitos em importância em termos de saúde pública, a biologia dessa
peixes economicamente importantes ou em humanos. espécie tem sido objeto de numerosos estudos. Outro
SÃO CLEMENTE et ai. (1996) citam que os ani- parasita importante em saúde pública é o Pseudoterra-
saquídeos em pescado marinho utilizado como alimento nova decipiens (EIRAS, I994b).
têm sido uma preocupação em todo o mundo, por consti-
tuir um potencial problema de saúde pública, como tam- Distribuição e Epidemiologia: Os parasitas
bém um problema estético. do gênero Anisakis encontram-se na maioria dos ocea-
nos e mares, apesar de algumas espé-
cies terem uma distribuição mais res-
trita (ACHA; SZYFRES, 1986). Em-
bora a anisaquíase tenha sido relatada
na Holanda, Japão, América do Norte
e França é uma doença mais freqüente
em países onde existe o hábito de inge-
rir peixe marinho cru ou mal cozido. No
Brasil esta doença ainda não foi diag-
nosticada, porém, existem relatos sobre
a ocorrência de anisaquídeos em pei-
xes de importância comercial, como ca-
valas (Scomber japonicus), anchovas
(Pomatomus saltatrix), pargos (Pa-
grus pagrus), cangulos reais (Balis-
tes vetula), peixes-espada (Trichiurus
lepturus), (Figura I), merluza (Merluc-
cius gayi), xixarro (Trachurus mur-
phyi), salmões, Thyrsites atun, e mo-
Figur.. I - Anisaquídeos em cavidade abdominal de Peixe espada (Trichiurtls feplltntsl luscos bivalves marinhos (Pecten (eu-
vala) ziczac), em países como Brasil
Agentes Etiológicos: As larvas de nema- (Rio de Janeiro, São Paulo), Chile e Espanha (TOR-
tóides que são os agentes causais da anisaquíase hu- RES et ai., 1978; AMATO; AMATO, 1982; REGO;
mana são membros de vários gêneros pertencentes à SANTOS, 1983; REGO et ai., 1983; AMATO; BAR-
ordem Ascarida, sub-ordem Ascaridina e família Ani- ROS, 1984; W1TTNER et ai., 1989; BARROS, 1994;
sakidae. Atualmente, a identificação dessas larvas pro- SÃO CLEMENTE et aI., 1995; ADROHER et al.,
venientes dos peixes para níveis genéricos e específi- 1996; LUQUE, 1996). Assim, embora a anisaquíase em
cos não é totalmente segura. Contudo, existem dúvi- humanos tenha sido primariamente restrita a países com
das se aquelas que teoricamente poderiam ser respon- costume de ingerir peixe marinho cru ou mal cozido, o
sáveis pela anisaquíase humana pertencem aos gêne- potencial para infecções humanas existe no mundo todo,
ros Anisakis, Belanisakis, Phocanema, Porrocae- na medida em que os parasitas causadores têm distri-
cum, Paradujardinia, Pseudoterranova, Cloeoas- buição mundial (CHENG, 1982).
caris, Phocascaris e Contracaecum. As espécies
pertencentes a estes gêneros são agentes potenciais A Doença nos Animais: As larvas de anisaquí-
da anisaquíase humana, e têm nos mamíferos mari- deos podem causar alterações patológicas em várias es-
nhos e aves seus hospedeiros definitivos naturais. A pécies de peixes marinhos. A parasitose pode afetar vá-
identificação exata desses parasitas só é possível pelo rios órgãos e as larvas podem chegar a centenas em cada
exame de vermes adultos sexualmente maduros peixe. O órgão mais afetado é o fígado e a sua alteração

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mais comum é a atrofia (Figura 2). Além


disso, há uma perda de peso significativa.
Ainda existem dúvidas se o dano provo-
cado pelos anisaquídeos é pela sua pre-
sença em si ou pela secreção de toxinas
(CHENG, 1982; ACHA; SZYFRES,
1986). Numerosas espécies, muitas das
quais de grande interesse comercial (Ga-
dus morhua parece ser o hospedeiro mais
freqüente), foram encontradas parasita-
das por P. decipiens, e a prevalência e a
intensidade da infecção tende a ser maior
nos exemplares de espécies piscívoras
bentônicas de grande tamanho. As larvas
podem viver no músculo durante vários
anos (EIRAS, I994b).
Figura 2 - Figado de Olho-de-cão (priacanthus arenalUs) com presença de Anisakis sp.

A Doença em Humanos: A anisaquíase ocor- doença em um hospedeiro anormal (acidental), como o


re quando o homem acidentalmente ingere larvas de homem, depende de dois fatores, isto é, da sua habilidade
anisaquídeo , penetrando no trato digestivo, e causa em permanecer viva e da sua capacidade de invadir teci-
um granuloma eosinofílico (KATES et aI., 1973), que dos.
pode ocorrer na parede gástrica e intestinal, sendo o Atualmente, pesquisadores estão relatando casos
estômago o local mais freqüente. Os sintomas clínicos de reações alérgicas provocadas pela ingestão de peixes
incluem dor gástrica ou intestinal. Geralmente ocorre bem cozidos, mas infectados. A existência do potencial
uma leucocitose média, embora eosinofilia não seja alergênico de A. simplex fez com que os pesquisadores
aparente. ão há tensão anormal dos músculos abdo- considerassem esse agente no diagnóstico diferencial de
minais e não há febre. De acordo com clínicos experi- urticária em humanos com relatos de ingestão de pesca-
entes, esses sinais são importantes na distinção da do. A severidade das reações de hipersensibilidade por
anisaquíase de apendicite aguda e de obstrução inter- alimento com antígenos ingerido varia desde uma leve
na (CHENG, 1982). urticária até o choque anafilático (AUDICANA et aI.,
As larvas que se localizam fora do tubo digestivo 1997; DAY, 1997).
provocam a formação de granulomas eosinofilicos, ocor-
rendo dores estomacais e vômitos cerca de 4 a 6 horas Prevenção e Controle: No homem, a anisaquí-
após a ingestão de larvas. No estômago, as larvas inva- ase pode ser prevenida pela abstinência do consumo de
dem a mucosa e submucosa, criando túneis e galerias peixe cru ou mal cozido (CHENG, 1982; ACHA;
nos tecidos claramente observados em microscopia de SZYFRES, 1986). Outros modos de prevenir estas zoo-
varredura (EIRAS, I994b). noses seria escolher e eliminar peixes infectados por ne-
Há relatos de casos não típicos da presença de matóides ou a remoção dos nematóides do peixe, por
larvas de anisaquídeos no organismo humano. LITILE; exemplo, à mão, colocando o peixe sobre uma mesa ilu-
MacPHAIL (1972) relataram o caso de uma L3 de ani- minada ("candle table"); e aplicar técnicas para matar os
saquídeo (Phocanema spp.) em um aneurisma da arté- nematóides na carne do peixe (HUSS, 1997).
ria ilíaca comum. KATES et aI. (1973), LlTI'LE; MOST
(1973), CHlTWOOD (1975), LlCHTENFELS; BRAN- Eustrongilidíase: A eustrongilidíase é uma infec-
CATO (1976) e KLIKS (1983) relatam casos em que ção parasitária provocada por Eustrongylides spp., ad-
essa larva é expelida via oral, geralmente após o pacien- quirida pelo consumo de "sushi", (WITI'NER el ai.,
te sentir prurido na garganta e tossir. OSHIMA (1987) 1989).
cita que larvas de A. simplex podem localizar-se também Agente Etiológico: Euslrongylides Jagerskiold,
no tecido subcutâneo e há um caso relatado de provável 1909, são parasitas nematóides da família Dioctophyma-
anisaquíase pulmonar. Segundo KATES et aI. (1973), a toidae Railliet, 1915, cujos adultos habitam tipicamente a
habilidade de a larva de nematóide anisaquídeo causar mucosa do esôfago, pró-ventrículo ou intestino de aves

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aquáticas. Os estágios larvares ocorrem nos tecidos de relata um caso de encistamento de E. tubiflex na der-
peixes, anfíbios e répteis (PANESAR; BEAVER, 1979; me de A. rostrata. Em uma infecção experimental de
EBERHARD et al., 1989; EIRAS, 1994b). As larvas Eustrongylides sp. em coelhos brancos Nova Zelân-
desse parasita emergem do corpo do peixe hospedeiro dia, apesar de o exame post-mortem após 24 horas da
para a superfície deste em temperaturas iguais ou maio- inoculação revelar que as larvas tinham migrado atra-
res a 40°C. Esse comportamento pode representar uma vés das paredes do esôfago e do estômago, e larvas
adaptação para facilitar uma rápida infecção de um hos- viáveis terem sido recuperadas das cavidades pleural
pedeiro de sangue quente após a ingestão de um peixe e peritoneal, bem como dos conteúdos gástricos. As
infectado (COOPER et ai., 1978). necropsias realizadas em diferentes intervalos de tempo
pós-inoculação mostraram que a migração das larvas
Distribuição e Epidemiologia: E. tubifex e E. produziram uma peritonite multifocal e granulomas múl-
ignotus ocorrem nos EUA na costa do Atlântico, do tiplos no fígado (SHIRAZIAN et aI., 1984). Em exem-
Canadá à Flórida. Todos os casos humanos ocorridos nos plares de pequenas dimensões de Haplochromis sp.,
EUA foram em Maryland e New Jersey, próximos à costa a parasitose por um exemplar pode interferir com o
do Atlântico (EBERHARD et ai.,1989). COOPER et desenvolvimento normal dos óvulos, e por dois ou mais,
ai. (1978) constataram a presença de E. tubifex no lago pode resultar na destruição do ovário e, direta ou indi-
Erie (EUA) em "catfish" (/ctalurus punctatus), em mi- retamente, impedir a reprodução (PAPERNA, 1974
ragaia (Aplodinotus grunniens) e em perca (Micropte- apud EIRAS, 1994b).
rus dolomieui). REGO (1988) cita que Eustrongylides
são encontrados no estado larvar em espécies de peixes A Doença em Humanos: EBERHARD et al.
dulciaquícolas no estado selvagem, embora não tenha (1989) descreveram o caso de um paciente com inten-
conhecimento de casos deste parasita em peixes de pis- sa dor abdominal no quadrante baixo direito, onde dois
cicultura no Brasil, com exceção da traíra (Hoplias ma- grandes nematóides foram removidos da cavidade pefi-
labaricus). Mesmo assim, é certo que existam nos lo- toneal, sendo identificados como larvas de quarto está-
cais de piscicultura extensiva (açudes, lagos e lagoas). gio de Eustrongylides. Esse paciente tinha histórico de
Segundo WlTTNER et ai. (1989), a infecção humana ter engolido pequenas carpas vivas enquanto pescava.
com Eustrongylides após o consumo de "sashimi" ou WITTNER et aI. (1989) relataram o caso de um paci-
"sushi" é incomum. Nem todos os peixes que servem ente com histórico de dor no quadrante baixo direito.
como hospedeiros intermediários para esse parasita são Após ser diagnosticada apendicite, o paciente foi ope-
conhecidos. Assim, as pessoas que costumam ingerir peixe rado, e, após a incisão abdominal ser fechada, um para-
cru ou cozido insuficientemente podem estar correndo sita avermelhado de 4,2 cm de comprimento surgiu
certo risco para a saúde. PANES AR; BEAVER (1979) movendo-se nos panos cirúrgicos. O tamanho e a mor-
sugerem que sapos e peixes são importantes hospedeiros fologia do parasita indicou que era provavelmente uma
paratênicos. larva de quarto estágio do gênero Eustrongylides, de
espécie indeterminada. O paciente adquiriu o parasita
A Doença nos Animais: Existem relatos con- pela ingestão de "sushi" e "sashimi" um mês antes de
traditórios quanto à patogenia das larvas nos peixes. apresentar sintomatologia clínica.
Vários autores verificaram que as modificações histo-
patológicas relacionadas com as larvas resumiam-se Prevenção e Controle: Nenhuma informação
ao encapsulamento das mesmas por tecido conjuntivo, sobre a tolerância à temperatura de Eustrongylides é
enquanto que os tecidos adjacentes do hospedeiro so- disponível (WITTNER et al., 1989). Mesmo assim, SHI-
friam alterações discretas (EIRAS, 1994b). Já PA- RAZIAN et al. (1984), WITTNER et al. (1989) e
PERNA (1974) apud EIRAS (1994b) observou a exis- EBERHARD et aI. (1989) recomendam a abstinência
tência de grande quantidade de tecido lipídico envol- de peixe cru ou insuficientemente cozido para a preven-
vendo as cápsulas de Eustrongylides sp. no fígado de ção desta doença. COOPER et aI. (1978) indicam que
Haplochromis sp. e Bagrus docmac. REGO (1988) mantendo o pescado no frio ou eviscerando o pescado
relata que, em peixes, as larvas podem ser encontra- assim que é embarcado, eliminará a ativação das larvas
das livres ou encapsuladas nos músculos esqueléticos e a subseqüente migração para a musculatura do animal.
e vísceras, envoltas por camadas de tecido conjuntivo A manutenção dos peixes no "deck" quente do barco no
e infiltrado com moderada quantidade de linfócitos e verão, faz com que haja a invasão da musculatura do
macrófagos. BURSEY (1982) apud EIRAS (1994b) peixe por larvas de Eustrongylides tubifex.

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Capilaríase: A capilaríase intestinal humana é 20 a 45 anos de idade e predominam os do sexo mascu-


uma nova doença helmíntica causada pelo nematóide lino. A doença inicia-se com sintomas pouco significati-
Capillaria philippinensis (WATIEN et al., 1972). vos, como borborigmos e dores abdominais vagas. Após
duas ou três semanas, há diarréia intermitente e perda de
Agente Etiológico: O agente etiológico da capi- peso, e conforme a doença vai progredindo, esses sinto-
laríase intestinal é Capillaria philippinensis. Existem mas tomam-se mais evidentes. A função gastrointestinal
mais de 200 nematóides do gênero Capillaria, mas ape- é gravemente afetada; além disso, ocorre má-absorção e
nas alguns foram encontrados no homem e somente C. perda de grande quantidade de proteínas, lipídeos e mi-
philippinensis tem causado razoável problema de saúde nerais, A morte ocorre como consequência de falha car-
pública (WATIEN el al., 1972). A fêmea mede apenas díaca ou infecção intercorrente, após algumas semanas
2,5 a 4,3 mm de comprimento e o macho é ainda menor ou poucos meses do início da sintomatologia. Ademais,
(ACHA; SZYFRES, 1986). Segundo GEORGI (1988), há outros sintomas, como fadiga muscular, cansaço, e
fica parcialmente incrustado nas membranas mucosas em casos mais graves, ocorre severa fadiga muscular,
digestivas. edema, caquexia e morte (FRESH et al., 1972; WAT-
TEN el ai., 1972; ACHA; SZYFRES, 1986). Em autóp-
Distribuição e Epidemiologia: A capilaríase sias realizadas em dez filipinos adultos, mortos pela in-
intestinal por C. philippinensis foi identificada pela pri- fecção intestinal de C. philippinensis, todos os corpos
meira vez, em 1963 nas Filipinas. Em 1967, foram regis- estavam severamente emaciados e o turgor da pele esta-
trados mais de mil casos, com letal idade de 10%. Sem va bastante reduzido. Foi encontrado transudato nas ca-
dúvida, a prevalência da infecção parece relativamente vidades pericárdica, pleural e peritonial. Haviam um gran-
baixa, já que de 4.000 habitantes da área endêmica exa- de número de adultos, larvas e ovos do parasita no intes-
minados durante a epidemia de 1967, menos de 3% pos- tino delgado, particularmente no jejuno. Os parasitas adul-
suíam ovos do parasita nas fezes. Fora da área endêmica tos estavam parcialmente enterrados na mucosa adja-
das Filipinas, foram diagnosticados dois casos na Tailân- cente do lumem. As formas larvares estavam freqüente-
dia (WATIEN el al., 1972; ACHA; SZYFRES, 1986). mente próximas aos adultos na mucosa. Em menor nú-
O homem é o único hospedeiro definitivo conhecido de mero, parasitas foram encontrados na laringe, esôfago,
C. philippinensis. Devido aos graves efeitos patológi- estômago e cólon, embora não enterrados na mucosa.
cos produzidos nesse hospedeiro, acredita-se que a rela- Havia vacuolização dos músculos estriados, indicativo de
ção parasita-homem seja bastante recente. Há suspeitas hipopotassemia, e também das células tubulares proxi-
de que possa existir outro animal que atue como hospe- mais do rim (FRESH et ai., 1972).
deiro definitivo, mas até agora não foi possível identificá-
lo, se é que existe. A fonte principal e o modo de infec- Prevenção e Controle: Nas áreas endêmicas, a
ção relacionam-se com a ingestão de pescado (hospe- capilaríase intestinal pode ser prevenida pela abstinência
deiro intermediário) cru, que contém a larva infectante. do consumo de pescado cru ou insuficientemente cozido.
A contanunação dos cursos de água com excretas hu- Os pacientes devem ser tratados com tiabendazol ou
manas assegura a perpetuação do ciclo. Também é pos- mebendazol, tanto para a cura como para diminuir a dis-
sível que exista a transmissão direta de um humano para seminação dos ovos do parasita. O destino higiênico dos
outro (BANZÓN, 1982). excretas humanos é muito importante também (ACHA;
SZYFRES, 1986; FAUST et al., 1987).
A Doença nos Animais: C. philippinensis não
foi encontrado em animais terrestres, mas suspeita-se que Zoonoses causadas por trematóides
possa existir um reservatório animal, devido à pouca adap- (Trematoda: Digenea)
tação do parasita no homem. A infecção experimental
em primatas do gênero Macaca ou em ratos silvestres As zoonoses provocadas por trematóides de pei-
transcorre de modo assintomático. Em cervos, a infec- xes são um grande problema de saúde pública, com
ção manifesta-se com sintomatologia semelhante à do mais de 50 milhões de pessoas afetadas no mundo todo,
homem (BANZÓN, 1982). principalmente no oeste e sudoeste da Ásia (SANTOS,
1995).
A Doença em Humanos: A capilaríase intesti- Em Digenea encontra-se a maior parte dos parasi-
nal por C. philippinensis é uma doença grave e mortal tas de peixes que tem sido descrita ocorrendo no homem.
se não tratada a tempo. A maioria dos pacientes têm de Entre eles incluem-se Clonorchis sinensis, Opistorchis

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felineus, O. viverrini, Heterophyes Spp., Metagonimus Segundo DIAS; WOICIECHOVSKl (1994), hou-
Spp., Diplostomum spathaveum, Pygidiopsis summa, ve a constatação da presença desse parasita em mugilí-
Stellantchasmus falcatus, Procerovum varium, Haplor- deos da região de Cananéia e Registro (SP), com 100%
chis Spp., Nanophyetus schickhobalowi, CryptOCOty- de prevalência em peixes com mais de 4 cm de compri-
le lingua, Gonadosdasmius sp., Metorchis conjunc- mento total. Em amostragem de peixes mugilídeos pro-
tus, Echinoschasmus perfoliatus, Echinostoma horten- venientes da frota comercial da Baixada Santista (San-
se, Clinostomum complanatum, Pseudamphistomum tos e Guarujá - SP), foi observada a presença de meta-
truncatum e Isoparorchis hypselobagri. Muitas vezes, cercárias encistadas de heterofídeos, identificados como
as infecções são raras e ocasionais, como acontece com Phagicola longus, em 100% das amostras (ANTUNES;
Diplostomum spathaceum e Clinostomum complana- DIAS, 1994).
tum, e o significado patogênico não é geralmente impor- Segundo CASTRO (1994), das espécies do gê-
tante, exceto no caso de infecções abundantes. No caso nero Phagicola descritas no Brasil, Phagicola lon-
da última espécie, a parasitose humana tem sido associa- ga (também denominada P longus), tem se destaca-
da à afecção conhecida por laringofaringite parasitária do das demais por ser a única, até o momento, que
que, nas formas graves, pode conduzir à morte por asfi- parece capaz de infectar o homem entre outros ani-
xia (EIRAS, 1994b). mais. Parece não haver dúvidas de que a transmissão
de Phagicola em nosso meio faça-se pelo consumo
Fagicolose: É a infecção causada por Phagico- de tainha (Mugilidae) crua, de modo que esse pescado
la longa, cuja especificidade parasitária é baixa, que passa a representar um reservatório da infecção para
associada à ingestão de carne de tainhas, quando não o homem e para outras espécies animais que dele se
submetidas à cocção, determina sua importância para alimentam, já que Phagicola parece não requerer alta
a clínica de pequenos animais, animais silvestres e especificidade do hospedeiro (CHENG, 1973). A in-
em saúde pública (BARROS, 1993). Assim, CAS- fecção por Phagicola é uma zoonose ainda emergen-
TRO (1994) destaca que além do papel que a infec- te e carente de estudos de uma forma geral, particu-
ção por Phagicola pode representar em saúde públi- larmente no que se refere à relação parasito-hospe-
ca, deve-se também voltar a atenção para os prejuí- deiro. Faz-se necessário que os profissionais envolvi-
zos que a infecção das taínhas pode vir a representar dos no estudo de zoonoses, desenvolvam pesquisas que
em relação à produção animal, que corresponde a possibilitem investigar todos os possíveis determinan-
outra área de grande responsabilidade do médico ve- tes relacionados com sua cadeia de transmissão (CAS-
terinário. TRO, 1994).

Agente Etiológico: Phagicola longa é um tre- A Doença nos Animais: Segundo BARROS
matódeo digenético, pertencente à farrulia Heterophyi- (1993), o parasitismo por P longus, tendo como hospe-
dae, que possui uma baixa especificidade parasitária, ha- deiros aves piscívoras e manlíferos, provoca alterações
vendo muitos relatos na literatura de diferentes espécies patológicas que tendem a manifestações subclínicas e de
de aves e mamíferos por ele naturalmente parasitados. prognóstico favorável.
Assim, a grande versatilidade que os heterofídeos apre- Em um estudo experimental em que metacercári-
sentam em adaptar-se ao intestino de diferentes espéci- as viáveis de P. Longus foram administradas a um maca-
es de hospedeiros, sejam eles aves ou mamíferos, confe- co (Cebus apella), que começou a eliminar ovos do para-
re-lhes a possibilidade de ocorrência também na espécie sita nas fezes, mostrando que esta espécie de macaco é
humana (BARROS, 1993). suscetível à infecção por Phagicola (CONROY; PE-
REZ,1985).
Distribuição e Epidemiologia: Phagicola lon- BARROS; AMATO (1993) infectando experi-
ga e outras espécies desse gênero foram relatadas em mentalmente cães (Canisfamiliaris), gatos (Felis do-
vários locais do continente americano, inclusive no Brasil mestica) e micos (Callithrixjacchus), observaram que
(CHIEFFI et al" 1990). SARAIVA (1991) relata a pre- o parasita tem preferência pelo jejuno dos hospedei-
sença de metacercárias de P longa em todos os exem- ros. Os digeneos geralmente estavam com a região
plares de tainha (Mugil curema) frescos examinados, anterior localizada na região fúndica da mucosa intes-
provenientes da Enseada de Patanemo, na Venezuela. tinal, provocando lesões hemorrágicas puntiformes em
ASH (1962) relatou a presença de P longus no Havaí todo o intestino delgado de cães e gatos, enquanto nos
em cães e gatos. micos observaram-se essas lesões no terço médio do

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jejuno. BARROS; AMATO (1992) também infecta- Tainhas refrigeradas a 8°C em caixas com gelo
tam experimentalmente gatos com metacercárias pre- constituem um alto risco para o consumidor humano,
sentes nas vísceras de tainhas portadoras de P. lon- pois contém um grande número de metacercárias de P.
gus. Os animais apresentaram alterações clínicas com longa, as quais são viáveis mesmo após seis dias em
sintomatologia de ascite e alteração na consistência refrigeração, podendo infectar o hospedeiro final no mo-
das fezes. A histopatologia revelou um quadro de en- mento de preparar o produto, se este não for processa-
terite subaguda. do adequadamente. Além disso, as metacercárias em
Em tainhas, metacercárias encistadas de P. lon- tainhas congeladas a _2° C, mantém-se vivas por apro-
gus foram encontradas no coração, fígado e tecido me- ximadamente 12 horas. Tratamentos térmicos a 100°C
sentérico de peixes com 26 mm ou mais (CONROY et durante 30 minutos ou a 200°C durante 15 minutos são
al., 1985). ALEXANDRINO et al. (1992) examinaram suficientes para inativar completamente as metacercá-
amostras de baço de tainhas adultas (Mugil platanus), rias presentes nas tainhas (Mugil curema). Em tainhas
provenientes de Cananéia (SP), onde se observaram al- defumadas a 121°C por 3 horas verifica-se que as me-
terações histológicas no parênquima do órgão, revelando tacercárias estão inativadas. Assim, recomenda-se que
a presença de cistos arredondados de vários tamanhos e o consumidor ingira as tainhas bem cozidas, não as con-
revestidos por abundante quantidade de tecido conjunti- sumindo cruas ou semi-cruas, além de eliminar comple-
vo denso. O exame parasitológico revelou que havia a tamente as vísceras da tainha antes de cozê-Ias (SA-
presença de larvas de trematóides digeneos, provavel- RAIVA, 1991).
mente Phagicola spp. ANTUNES et aI. (1993) estudaram os efeitos da
ionização gama para controle de Phagicola longus em
A Doença em Humanos: Quando o homem tainhas em condições de estocagem e no consumo cru.
ingere a carne de uma tainha infectada por Phagicola A dose para controle desse parasita é 4.0 kGy. Essa dose
longus, o parasita pode nele desenvolver-se, causando também controla outras metacercárias encontradas no
sintomas típicos da parasitose, como cólicas, flatulên- parati-pema (Mugil sp.), sem alterar características de
cia, diarréias, emagrecimento e outros estados caracte- odor, coloração, consistência da musculatura e abdõmen
rísticos de verminoses em geral (CHIEFFI et al., 1990; ou a aparência da tainha tratada durante os primeiros
DIAS; WOICIECHOVSKI, 1994). CHIEFFI et ai. dias de armazenagem. Esse é o período geralmente usa-
(1990) relataram o caso de uma paciente com histórico do para a preparação e consumo de "sashimi". DLAS;
de ingestão de pescado cru preparado com tainha (Mu- WOICIECHVSK1 (1994) recomendam que sejam de-
gil spp.) na região de Cananéia (SP). Ao exame físico, senvolvidas pesquisas para conhecimento dos métodos
a paciente revelou estar com dores no quadrante baixo de estocagem dos mugiLídeos na P. longa e tratamentos
direito na palpação, e hipermotilidade intestinal. No exa- tecnológicos para seu controle.
me de fezes, observou-se a presença de ovos de Pha-
gicola (provavelmente P. longus), com eliminação de Clonorquíase e Opistorquíase: A clonorquía-
120 ovos por grama de fezes. O hemograma apenas se é uma doença dos duetos biliares, causada por trema-
mostrou uma discreta eosinofilia. A paciente foi tratada tóides. A opistorquíase é uma doença causada por pe-
com praziquantel. quenos trematóides de gatos e outros mamíferos piscívo-
ros, conhecidos como Opisthorchis felineus. A biologia
Prevenção e Controle: A abstinência de in- desses parasitas, as características da doença e os méto-
gestão de carne de tainha crua ou insuficientemente co- dos de controle são essencialmente os mesmos que cor-
zida é o principal meio de prevenção (BARROS; AMA- respondem à c1onorquíase (BENESON, 1987). Os Opis-
TO, 1992; CHIEFFI et al., 1990; BARROS, 1993; AN- thorchiidae O. felineus, O. viverrini e Clonorchis si-
TUNES; DIAS, 1994; DIAS; WOICIECHOVSKI, nensis são os que ocasionam mais graves conseqüênci-
1994). A transferência de alevinos de tainha com com- as no homem e ocorrem freqüentemente em vários paí-
primento total entre 2,0 e 4,0 cm para água doce, possi- ses asiáticos (EIRAS, I994b).
bilita a criação de peixes isentos de Phagicola. Esses
achados levam a crer que a aclimatação de tainhas em Agentes Etiológicos: O agente etiológico da c10-
água doce pode atuar com mais um recurso no controle norquíase é o trematóide hepático da China, Clonorchis
da infecção por Phagicola nos hospedeiros vertebra- sinensis, referido pela primeira vez nos canais biliares de
dos, inclusive o homem (DIAS; WOICIECHOVSKI, um carpinteiro chinês autopsiado em Calcutá (FAUST et
1994). al., 1987). Segundo GEORGI (1988), os parasitas da fa-

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nulia Opisthorchiidae possuem útero e ovário situados metacercárias de C. sinensis podem ser encontradas em
anteriormente aos testículos, não havendo bolsa do cirro, mais de 80 espécies de peixes (bem como em três de
e o poro genital situa-se em posição imediatamente ante- camarão de água doce), nas quais encistam no tecido
rior à ventosa ventral. conjuntivo subcutâneo e músculo (EIRAS, 1994b).
A opistorquíase é causada por Opisthorchis feli- Os pesquisadores estão começando a mostrar cla-
neus, originariamente isolado do gato na Itália, e alguns ramente o impacto devastador que a infecção por Opis-
anos mais tarde, do homem, na Sibéria (FAUST et al., thorchis viverrini teve na população Laos-descendente
1987). O parasita adulto assemelha-se a C. sinensis nas do noroeste da Tailândia, que tem grande afinidade em
dimensões e aspecto geral. Uma diferença notável está ingerir carne mal cozida e peixes, entre os quais o hospe-
no menor tamanho e ramificação dos testículos. Os ovos deiro intermediário do parasita: os peixes ciprinídeos
de O. felineus são mais estreitos (30 por IIIJ), mas as (HASWELL-ELKINS et aI., 1992). Os opistorquídeos
outras características são semelhantes às do Clonorchis exibem uma especificidade em baixíssimo grau quanto
(LEITÃO, 1983; FAUST et al., 1987). Outro agente da aos hospedeiro. Assim, cada espécie é capaz de infectar
opistorquíase é O. viverrini, que é estritamente relacio- muitas espécies de mamíferos piscívoros (GEORGI, 1988).
nado com O.felineus. É endêmico no norte da Tailândia, O homem é o hospedeiro definitivo mais adequado
onde cerca de 25% da população está infectada (FAUST para C. sinensis (EIRAS, 1994b). Como reservatórios
et al., 1987). da doença estão o homem, o gato, o cão, o suíno e outros
animais. Seu período de incubação é indeterminado, vari-
Distribuição e Epidemiologia: A zona endêmi- ando com o número de parasitas presentes. Os indivídu-
ca-enzoótica de C. sinensis estende-se desde o Japão os parasitados podem expulsar ovos viáveis durante 30
até o Vietnã (BENESON, 1987; FAUST et al., 1987). anos, embora não haja transmissão entre uma pessoa e
Assim, C. sinensis é comum no Japão, Coréia, China, outra (BENESON, 1987). Em casos de epidemia, reco-
Hong Kong e Indochina, distribuição geográfica que co- menda-se localizar a fonte do pescado infectado, sendo
incide com a do primeiro hospedeiro intermediário, Pa- possível que lotes de pescado seco ou em salmoura sejam
rafossalurus manchouricus, e espécies estreitamente as fontes em zonas não-endêmicas (BENESON, 1987).
aparentadas. Este Digenea infecta milhões de pessoas e
em certas áreas da China cerca de 100% dos habitantes A Doença no Homem e nos Animais: Os
estão parasitados (EIRAS, I 994b). sintomas das infecções variam de acordo com as espéci-
RIM et aI. (1996) relata que há grandes taxas de es que os estão causando. De qualquer modo, no caso de
infecção de metacercárias, como C. sinensis, em peixes infecções crônicas hepáticas, pode haver danos nos duc-
de água doce em rios da Coréia. Essas metacercárias tos biliares, problemas gastrointestinais, icterícia, fadiga
encontradas são infectantes para o homem. O. felineus e colangiocarcinoma (SANTOS, 1995). Quando adulto e
encontra-se largamente distribuído no leste e sul da Eu- localizado nos canais biliares, C. sinensis provoca hiper-
ropa, assim como na Rússia asiática e foi isolado do ho- plasia do epitélio biliar, com subseqüente fibrose perica-
mem na Índia (FAUST et ai., 1987). O. viverrini ocorre nalicular densa. O número de parasitas pode atingir vári-
no norte da Tailândia, no Laos, na Malásia e provavel- os milhares e, praticamente todos os canais biliares ter-
mente em outros países do sudeste da Ásia (BENESON, minais apresentam espessamento fibroso das paredes,
1987; FAUST et aI., 1987). A doença ainda pode ocor- com necrose por compressão do parênquima hepático
rer em outras partes do mundo devido a casos importa- adjacente (FAUST et al., 1987).
dos dos imigrantes da Ásia (BENESON, 1987). As in- Segundo LEITÃO (1983), BENESON (1987) e
fecções humanas por O. felineus e O. viverrini são tam- GEORGI (1988), a infecção com pequeno número de
bém muito abundantes, calculando-se que apenas na Tai- opistorquídeos é geralmente assintomática, mas a infec-
lândia existam cerca de 4 milhões de pessoas infectadas ção crônica com uma carga parasitária maciça pode con-
(EIRAS, I994b). duzir a uma severa insuficiência hepática, como conse-
Segundo EIRAS (I 994b), BENESON (1987) e qüência da irritação local dos ductos biliares pelos para-
FAUST et aI. (1987), a infecção é contraída por ingestão sitas. A infecção por O. viverrini provoca diarréia, dila-
de peixe de água doce cru, salgado, curtido, defumado ou tação e amolecimento do fígado, icterícia e febre mode-
desidratado contaminado por metacercárias. A intensi- rada. Os sintomas intensificam-se progressivamente (BE-
dade de infecção das metacercárias de C. sinensis no NESON, 1987; FAUST et al., 1987). Também pode ocor-
organismo do peixe é diferente, resultante do comporta- rer opistorquíase pancreática, onde o parasita causa in-
mento da larva nesse hospedeiro (RIM et al., 1996). As flamação dos condutos da glândula (LEITÃO, 1983).

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Prevenção e Controle: O modo mais óbvio de onoses são endêmicas. a inspeção de pescado e serviços
se evitar essas parasitoses é a abstenção de consumo de de segurança alimentar em geral não estão interessados
peixe cru. No entanto. hábitos culturais arraigados fazem particularmente no controle de produtos comercializados
supor que a diminuição da parasitose por essa via será apenas dentro do mercado doméstico; assim, o mercado
extremamente improvável. senão impossível. O controle doméstico ou local é geralmente negligenciado e o con-
dos primeiros hospedeiros intermediários será o proces- trole dessas zoonoses tem sido negligenciado até hoje
so de eleição para diminuição da parasitose. que deverá (SANTOS. 1995). SANTOS (1995) recomenda o uso
ser encarado mediante um controle biológico e não pelo do sistema Hazard Analysis and Critical Control Point
emprego de produtos químicos que podem afetar os pei- (HACCP), no qual se baseia em dois objetivos principais:
xes que, nas regiões mais atingidas. constituem um dos a prevenção da infecção do peixe com os estágios infec-
mais importantes recursos alimentares das populações tantes dos parasitas; e a inativação do parasita no peixe
(EIRAS. 1994b). infectado (matando o parasita). Quanto aos animais. deve-
A profilaxia consiste em cozinhar adequadamente se evitar a sua alimentação com peixe cru. principalmen-
todo o pescado destinado à alimentação humana. o que te nos locais onde existanl os primeiros e segundos hos-
representará uma proteção eficaz das populações (BE- pedeiros intermediários (LEITÃO. 1983).
NESON. 1987; FAUST et al., 1987). BENESON (1987)
ainda recomenda o congelamento a -I DOC durante 5 dias Zoonoses causadas por cestóides
no mínimo. ou o armazenamento durante várias semanas
em solução saturada com sal. de todos os peixes de água Os plerocercóides de espécies de tênias pseudofilí-
doce. Além disso. também é importante realizar a educa- deas. dentre as quais o gênero mais importante é Diphyllo-
ção sanitária da população sobre os perigos da ingestão bothrium, podem alcançar o homem que ingere pescado
do pescado cru ou preparado inadequadamente, e a ne- cru. A biologia deste grupo engloba dois grupos de hospe-
cessidade da destinação correta das fezes para não con- deiros intermediários: os copépodes e os peixes. Os plero-
taminar as fontes de alimentação dos peixes. proibindo cercóides de outras espécies distintas de Diphyllobothrium
também o uso de fezes para adubação de viveiros de são incapazes de maturar até a fase de tênia adulta no
peixes. É uma doença que se deve notificar as autorida- homem, mas migram na pele ou no tecido subcutâneo. de-
des locais de saúde quando ocorrer. Assim. HASWELL- terminando a doença conhecida como esparganose. A água
ELKINS et ai. (1992) comentam que tradições culturais que contém procercóides ou copépodes infectados e a came
e alimentares bem estabelecidas são extremamente difí- de outros animais são origens mais freqüentes desta doen-
ceis de mudar; desse modo, a mídia disponível sobre saú- ça do que o pescado (INFORME.... 1975).
de pública combinada com tratamento extenso com pra-
ziquantel podem efetivamente estancar o consumo de Difilobotríase: A difilobotríase é uma endopara-
peixe cru. por mais demorado que possa parecer. sitose humana freqüente, causada por Diphyllobothrium
SANTOS (1995) cita que modelos de controle de spp.• principalmente onde diversos peixes (como salmo-
zoonoses provocadas por trematóides de peixes foram nídeos. por exemplo) atuam como hospedeiros interme-
estabelecidos em países endêmicos. como China, Japão. diários e é freqüente o consumo cru destes peixes ou de
Coréia. Tailândia e Rússia. através da detecção e o trata- seus produtos. ocorrendo em países como Japão. Cana-
mento do paciente. educação sanitária. legislação sobre dá. EUA, Chile. entre outros (VOIGHT; KLEINE. 1975).
a eliminação dos excretas e participação da comunidade.
Como exemplo. SORNMANI (1987) relata o caso da Agentes Etiológicos: Os agentes etiológicos são
Tailândia. onde a educação sanitária na prevenção e con- várias espécies do gênero Diphyllobothrium (Bothrio-
trole da opistorquíase raramente resultou em sucesso. cephalus). sendo a nomenclatura do gênero ainda duvi-
embora após 3 anos da implementação de um programa dosa, devido ao escasso conhecimento sobre os limites
de controle com a participação da comunidade, a opistor- da variação morfológica intraespecífica e os fatores que
quíase foi controlada, além de iniciar outros cuidados pri- incidem em tais variações. A espécie mais importante é
mários de saúde. como a provisão de água potável medi- D. latum (VON BONSDORFF, 1977 apud ACHA;
camentos essenciais, e a construção de banheiros mais SZYFRES. 1986).
aperfeiçoados para a população. Como medidas interna- O cestódeo D. latum é um verme longo. tendo mais
cionais de controle. deve haver o controle do pescado ou ou menos as dimensões da Taenia solium. medindo a -
de produtos da pesca importados de zonas endêmicas sim 8 a 10 m de comprimento e apresentando 3 a 4 mil
(BENESON. 1987). Apesar disso, países onde essas zo- anéis (PESSOA; MARTINS. 1982).

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OKUMURA. M.P.M.; ALEXANDRINO DE PÉREZ, A.C.; ESpíNOOLA FILHO, A. Principais zoonoses parasitárias transmitidas por pescado - revisão.
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EIRAS (1994b) cita que D. latum é o maior ces- A infecção humana não se limita às zonas endêmicas,
tóide que pode parasitar o homem, com os adultos po- pois pode ser disseminada pelo transporte e consumo de
dendo atingir 25 m de comprimento e conter mais de 4000 peixe infectado refrigerado O homem é o principal hos-
proglotes. O homem também é suscetível a D. dentriti- pedeiro definitivo de D. latum, mas, na sua ausência,
eum, cujo ciclo vital é similar ao de D. latum. O hospe- outros mamíferos podem manter o ciclo por meio de um
deiro definitivo mais importante é a gaivota, mas outras mecanismo de transmissão similar (ACHA; SZYFRES,
aves e mamíferos (cães, gatos, ratos) podem desempe- 1986). Outros mamíferos que podem atuar como hospe-
nhar esse papel. Ao contrário de D. latum, que pode per- deiros principais são cães, suínos, provavelmente ursos e
sistir durante muitos anos no intestino do homem, D. den- outros animais que se alimentam de peixe (VOIGHT;
tritieum é expulso após alguns meses. D. eordatum é KLEINE, 1975; FAUST et ai., 1987).
causador de infecção humana na Groelândia e Japão, pelo Existem certas indicações de que peixes anádro-
consumo de peixes marinhos. Seus hospedeiros definiti- mos (que migram anualmente de águas marinhas para
vos principais são as focas marinhas. Esse parasita tam- águas doces) poderiam ser uma fonte comum de infec-
bém ocorre no cão. No Alasca e no Canadá foram des- ção por plerocercóides de diferentes espécies de Di-
critos casos humanos por D. ursi, devido ao consumo de phyllobothrium, tanto para mamíferos terrestres como
salmões do gênero Onehorhynehus. Os principais hos- marinhos. Deste modo, os peixes de um ecossistema de
pedeiros definitivos desse difilobotrídeo são os ursos (Ur- água doce que se alimentam de peixes anádromos pode-
sus aretos e U. amerieanus). Outros casos humanos no riam adquirir larvas de origem marinha e os mamíferos
Alasca e Sibéria devem-se a D. dalliae, um difilobotrí- terrestres poderiam infectar-se com elas, ao consumi-los
deo de cães, raposas e gaivotas, cujos plerocercóides crus (ACHA; SZYFRES, 1986).
encontram-se no peixe Dallia peetoralis (ACHA;
SZYFRES,1986). A Doença nos Animais: O efeito dos plerocer-
cóides de Diphyllobothrium spp. nos peixes foi estuda-
Distribuição e Epidemiologia: Indubitavelmen- do para inúmeras espécies, variando de ligeiros a pro-
te, D. latum predominou, de início, na região do Mar nunciados, podendo provocar a morte dos exemplares
Báltico, de onde foi disseminado pelos povos dessa re- parasitados (EIRAS, 1994b). Os efeitos dos plerocercói-
gião, à medida que migravam para outras partes da Eu- des de D. dentritieum estão, aparentemente, relaciona-
ropa e do mundo. Atualmente, D. latum é nativo em dos de modo inverso com a resistência do hospedeiro e a
muitas zonas da Rússia, países do Mar Báltico, Europa sua capacidade de inativá-Ios pelo encistamento. Em
Central e do Sudeste, lago Ngami (Botswana), norte da Coregonus lavaretus, os plerocercóides são envolvidos
Manchúria e do Japão, e Nova Gales do Sul, Austrália. por cápsulas fibrosas e, mesmo no caso de infecções in-
Nas Américas, foi identificado no norte de Minnesota, tensas, não se observam sintomas externos. Já os salmo-
extensas regiões do Canadá e Alasca, bem como nos nídeos têm um sistema de defesa menos eficiente e os
lagos do sul do Chile e Argentina (CHANDLER, 1926; plerocercóides podem atingir órgãos viscerais importan-
ACHA; SZYFRES, 1986; FAUST et aI., 1987; EIRAS, tes antes do encistamento, pelo que a parasitose pode ser
1994b). EIRAS (1994b) cita que cerca de dez mi lhões de fatal. Em C. albula, plerocercóides encistados nunca
pessoas são infectadas por esse parasita. foram observados, e infecções de pequena intensidade
Segundo ACHA; SZYFRES (1986) e FAUST et (apenas um ou alguns plerocercóides) podem causar a
ai. (1987), o ciclo de infecção mantém-se na natureza morte do hospedeiro (BYLUND, 1972 apud EIRAS,
por meio da contaminação de rios, lagos e represas com I994b).
material fecal humano e de outros mamíferos. A conta- RAHKONEN et aI. (1996) relataram uma morta-
minação de cursos de água com ovos de D. latum permi- lidade crescente de trutas do mar (Salmo trutta m. trut-
te primeiro a infecção dos copépodos e logo a dos pei- ta) e trutas marrons (S. trutta m. laeustris) em uma cri-
xes. O homem infecta-se pelo consumo de pescado, ovas ação no noroeste da Finlândia. A mortalidade começou
e fígado (de peixes) crus, ligeiramente salgados ou sub- quando a temperatura da água aumentou cerca de 12°C.
metidos à defumação sem aquecimento suficiente. Prati- Haviam de uma a seis larvas de D. dentritieum por pei-
camente qualquer tecido dos peixes pode ser infectado, e xe, onde se encontravam no átrio ou no ventrículo do
o músculo e as gônadas são os mais importantes para a coração dos animais. Os peixes morreram mostrando sin-
transmissão ao hospedeiro humano. Os plerocercóides tomas típicos de que as larvas do cestóide estavam blo-
podem parasitar peixes predadores que, nesse caso, te- queando o orifício atrioventricular. Havia uma miocardite
rão o papel de hospedeiros paratênicos (EIRAS, 1994b). crônica massiva ao redor da larva na parede atrial. Outro

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Revista de Educação Continuada do CRMV·gp I Continuous Education Journal CRMV-SP, São Paulo, volume 2, fascículo 2, p.066 - 080, 1999.

sinal no peixe morto era a ruptura do átrio do coração. com niclosamida, quinacrina ou praziquantel; congelamen-
A mortalidade causada por D. dentriticum foi de grande to do pescado a -10°C por 24 a 48 horas em áreas endê-
importância na mortalidade total da criação. micas antes do transporte para o mercado; e medidas de
Em cães e gatos, a infecção por Diphyllobothrium controle contra a contaminação dos rios e lagos (ACHA;
não se manifesta em forma clínica. Na Grã-Bretanha e SZYFRES, 1986).
Irlanda de creveram-se várias epizootias em trutas, pro- FAUST et ai. (1987) citam que é necessário um
vocadas pela infecção de grande número de plerocercói- sistema conveniente de esgoto dos dejetos humanos, de
des difilobótricos, talvez diferentes dos de D. latum. Em tal modo que os ovos viáveis de D. latum não possam ter
geral, quando o número de larvas é pequeno, não há da- acesso aos cursos de água fria, onde proliferam os hos-
nos para o animal, mas uma grande quantidade de larvas pedeiros intermediários. Uma boa cozedura de todo o
pode levar o peixe à morte (ACHA; SZYFRES, 1986). peixe proveniente de regiões endêmicas também é im-
portante para evitar-se a doença. Recomenda-se o con-
A Doença em Humanos: O homem pode al- gelamento à temperatura de -18°C por 48 h para matar a
bergar um ou mais parasitas. D. latum prende-se à mu- larva infectante. Finalmente, a vermifugação dos cães
cosa do íleo e à do jejuno, crescendo a uma média de pode ser útil. Mesmo assim, não se deve alimentar os
cerca de 5 cm/dia, e estando em condições de produzir animais domésticos com restos de peixe cru (ACHA;
ovos num período de 25-30 dias. Em alguns pacientes SZYFRES, 1986).
que albergam grande número de parasitas, pode haver
obstrução mecânica do intestino; em outros pode haver
Conclusões
transtornos digestivos, apatia e insensibilidade das extre-
midades, diarréia, fome ou anorexia, vômito de parasitas,
• Embora não haja relatos no Brasil em relação à ocor-
ardor no estômago, tonturas, glossite (VOIGHT; KLEI-
rência em humanos de zoonoses parasitárias transmi-
NE,1975;ACHA;SZYFRES,1986;FAUSTetal.,1987;
tidas por pescado (com exceção da fagicolose), acre-
EIRAS, I994b). A complicação mais grave consiste em
dita-se que isso se deva à falta de diagnóstico destas
uma anemia megaloblástica, que ocorre em cerca de 2%
doenças, pois foi visto que há a pre ença de vários
das pessoas parasitadas. A sintomatologia é similar à da
destes parasitas zoonóticos nos peixes brasileiros. Para
anemia perniciosa e deve-se ao bloqueio da absorção da
tanto, é necessário alertar os médicos quanto a estas
vitamina BI2 (VOIGHT; KLEINE, 1975; LEITÃO,
doenças e seus perigos para a saúde humana.
1983; ACHA; SZYFRES, 1986; FAUST et ai., 1987). O
parasita interfere na combinação da vitamina com o fa- • Uma das principais medidas de prevenção é a absti-
tor intrínseco e, deste modo, há uma deficiência em vita- nência da ingestão de pescado cru ou cozido insufici-
mina B 12. Freqüentemente, os pacientes são subictéri- entemente, embora isso seja praticamente impossível
cos, têm febre, edemas, hemorragias e parestesias nas em algumas regiões, devido a fortes hábitos culturais e
pernas, além dos sintomas supracitados. A anemia me- alimentares.
galoblástica ocorre principalmente no grupo de 20 a 40
anos de idade (ACHA; SZYFRES, 1986). Mesmo as- • É importante realizar um trabalho de educação sanitá-
sim, EIRAS (1994b) afirma que geralmente esse parasi- ria e conscientização da população sobre os perigos
ta não provoca situações clínicas graves e que é elimina- da ingestão de pescado cru ou mal cozido, principal-
do com o emprego de certas drogas. mente nos dias de hoje, em que consumir pratos con-
Segundo VOIGHT; KLEINE (1975), o homem tendo pescado cru, como "sushi" e "sashimi", estão na
pode adquirir esparganose ocular causada por larvas ple- Hmoda".
rocercóides de Diphyllobothrium. Os sintomas são ede-
• É preciso desenvolver técnicas que melhorem a inspe-
ma palpebral, dor e manifestações de irritação. Isso ocorre
ção e a tecnologia do pescado em relação a estas zo-
pela aplicação de carne fresca de rã infectada sobre a
onoses, para uma maior proteção da população, medi-
conjuntiva dos olhos. O mesmo pode ocorrer se houver
ante padronização de técnicas eficientes de localiza-
essa aplicação em feridas e tecidos injuriados.
ção e inativação completa e segura dos parasitas na
carne do pescado, pois ainda existem muitas contro-
Prevenção e Controle: No homem, a preven-
vérsias a respeito.
ção baseia-se na educação sanitária da população para
que se abstenha de consumir peixe cru ou insuficiente- • Deve-se evitar a importação de pescado proveniente
mente cozido; tratamento dos portadores dos cestóides de regiões onde estas zoonoses sejam endêmicas.

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Revista de Educação Continuada do CRMV-SP I COl/lillllOUS Educa/iall Jaumal CRMV-SP, São Paulo. volume 2. fascículo 2. p.066 - 080. 1999.

SUMMARY
Parasitic zoonosis transmitted by fish are an ever growing problem which calls the attention of rese-
archers and public health authorities because of the health problems caused to the population after
raw / rare fish consumption. In Brazil, dishes based on raw fish, such as "sushi" and "sashimis" are
greatly consumed because of the influence of oriental culinary. Data show that there are zoonotic
parasites in both Brazilian fresh and sea water fish. However, up to the present, there are no reports
of human parasitism in Brazil (except for fagicolosis). It is believed that this statistics are related to
the absence of diagnosis rather than the absence of the illness itself. Among diseases transmitted to
man by fish consumption are anisak.iasis; strongyloidiasis; capilariasis; fagicolosis; clonorlciasis and
diphylobotriasis, among others. The most important measure to prevent new cases of parasitism is to
avoid the consumption of raw / rare fish. There is a1so the need of educating the population, presen-
ting the potential risk of raw fish consumption and to develop good techniques of inspection and
processing of fish infected with parasite, in arder to offer healthy and safe food for this population.

Uniterms: fish, zoonosis, parasitism, public health, raw fish consumption.

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AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Sérgio Carmona de São Clemente da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal
Fluminense (UFF), que gentilmente cedeu as ilustrações.

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