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SISEs

Sistema de Interação Solo - Estrutura


06-11-2006

Manual Teórico
Sumário I

SISEs – Sistema de Interação Solo - Estrutura


MANUAL TEÓRICO
Sumário
1. Introdução.................................................................................................................. 1
2. Efeitos da Iteração Estrutura-Solo........................................................................... 2
2.1. Influência do tempo x material da estrutura ......................................................... 2
2.2. Influência do Número de Pavimentos e Sistema Estrutural.................................. 3
2.3. Influência do Processo Construtivo ...................................................................... 5
3. Capacidade de Carga do Solo – Sapatas.................................................................. 8
3.1. Formulação Teórica de TERZAGHI e VESIC ..................................................... 8
3.1.1. Observações................................................................................................. 14
3.2. Tabela de Tensões Básicas da NBR 6122:1996 ................................................. 14
3.2.1. Prescrição Especial para Solos Granulares.................................................. 15
3.2.2. Prescrição Especial para Solos Argilosos.................................................... 16
3.3. Correlação Empírica por SPT............................................................................. 16
3.4. Observações........................................................................................................ 17
3.4.1. Conforme SPT ............................................................................................. 17
3.4.2. Método de Cálculo Adotado........................................................................ 18
3.4.3. Relatórios de Tensão ................................................................................... 18
4. Capacidade de Carga do Solo – Tubulões ............................................................. 19
4.1. Formulação Teórica de TERZAGHI & SKEMPTON........................................ 19
4.1.1. Argilas ......................................................................................................... 19
4.1.2. Areias........................................................................................................... 20
4.2. Correlação Empírica por SPT............................................................................. 21
5. Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões .............................. 22
5.1. Métodos Implementados..................................................................................... 23
5.2. Valores Padronizados ......................................................................................... 24
5.2.1. Tipo de Solo ................................................................................................ 24
5.2.2. SPT – Tensão Admissível............................................................................ 24
5.2.3. Tipo de Solo – Tensão Admissível.............................................................. 26
i) Prescrição Especial para Solos Granulares ........................................................ 27
ii) Prescrição Especial para Solos Argilosos ......................................................... 28
5.2.4. Resumo dos Diversos Métodos –Valores Padronizados.............................. 28
5.3. Ensaio de Placa................................................................................................... 29
5.3.1. Tabela de TERZAGHI................................................................................. 29
5.3.2. Tabela de Outros Autores ............................................................................ 30
5.3.3. Resumo dos Diversos Métodos – Ensaios de Placas ................................... 30
5.4. Recalque Vertical Estimado ............................................................................... 31
5.4.1. Teoria da Elasticidade / Valor Típico.......................................................... 31
5.4.2. Teoria da Elasticidade / SCHMERTMANN ............................................... 35
5.4.3. Teoria da Elasticidade / TEIXEIRA & GODOY......................................... 35
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II SISEs – Sistema de Integração Solo Estrutura – Manual Teórico

5.4.4. Método de SCHULTZE & SHERIF ............................................................36


5.4.5. Método de PARRY......................................................................................38
5.4.6. Método de BOUSSINESQ...........................................................................42
5.4.7. Método de RAUSCH & CESTELLI GUIDI ..............................................42
5.4.8. Módulo Edométrico – Tabelas.....................................................................43
5.4.9. Módulo Edométrico – SPT ..........................................................................47
5.4.10. Resumo dos Diversos Métodos – Recalque Vertical .................................48
6. Coeficiente de Reação Horizontal (CRH) – Sapatas e Tubulões..........................50
6.1. Sapatas ................................................................................................................50
6.2. Tubulões .............................................................................................................50
6.2.1. Tipo de Solo.................................................................................................50
6.2.2. Conforme SPT/m .........................................................................................52
6.2.3. Resumo dos Diversos Métodos....................................................................53
7. Observações Gerais – Sapatas e Tubulões.............................................................54
8. Capacidade de Carga Estaca / Solo – Estacas .......................................................56
8.1. Modelo de Ruptura Estaca – Solo.......................................................................56
8.1.1. Método Aoki-Velloso ..................................................................................57
8.1.2. Método Décourt-Quaresma..........................................................................59
9. Mecanismo de Transferência Axial de Carregamento – Estacas.........................62
9.1. Comentários ........................................................................................................65
10. Estimativa de Recalques - Estacas........................................................................66
10.1. Teoria da Elasticidade.......................................................................................66
10.2. Módulo de Elasticidade do Solo .......................................................................70
10.3. Modelo de Distribuição de Cargas Pontuais na Estaca .....................................71
10.3.1. Carga na base.............................................................................................71
10.3.2. Carga no fuste ............................................................................................72
11. Coeficientes de Reação Vertical (CRV) – Estacas...............................................73
11.1. Cálculo de CRV para Estacas e Tubulões.........................................................73
11.2. Aplicação para a Interação Integrada Estrutura – Solo .....................................76
12. Observações Sobre o CRV – Estacas....................................................................78
13. Coeficientes de Rigidez Horizontal (CRH) – Estacas .........................................79
13.1. Coeficiente e Módulo de Reação Horizontal ....................................................79
13.2. Variação do Módulo de Reação com a Profundidade .......................................80
13.3. Modelo Conforme SPT/m.................................................................................80
13.4. Resumo dos Diversos Métodos.........................................................................82
14. Recalques Admissíveis...........................................................................................83
14.1. Requisitos de Norma.........................................................................................85
15. Artigo CILAMCE ..................................................................................................88
15.1. Introdução ao artigo ..........................................................................................89
15.2. A TQS e o Sistema CAD/TQS..........................................................................92
15.3. Sistema de Integração Solo-Estrutura da TQS..................................................93
15.3.1. Elementos de fundação do SISEs/TQS......................................................94
15.3.2. Sapatas Isoladas .........................................................................................95
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Sumário III

15.3.3. Sapatas Associadas e Radiers .................................................................... 95


15.3.4. Fundação Profunda: Estacas e Tubulões ................................................... 96
15.3.5. Detalhamento dos Perfis de Sondagens ..................................................... 97
15.3.6. Modelos matemáticos para representar o solo: Histórico Geral ................ 98
15.3.7. Modelo mecânico do SISEs/TQS ............................................................ 102
15.3.8. Valores Padronizados (VP) ..................................................................... 103
15.3.9. Ensaio de Placa (EP)................................................................................ 103
15.3.10. Recalque Vertical Estimado (RE).......................................................... 103
15.4. Exemplos numéricos....................................................................................... 104
15.4.1. Sapata sobre uma base não-deformável................................................... 104
15.4.2. Efeito de Influência entre 2 Sapatas ........................................................ 107
15.5. Conclusões...................................................................................................... 111
16. Referências Bibliográficas e Bibliografia Consultada ...................................... 113
16.1. Geral ............................................................................................................... 113
16.2. Sapatas e Tubulões ......................................................................................... 113
16.3. Estacas ............................................................................................................ 115

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Introdução 1

1. Introdução
Nos escritórios de projeto estrutural, em geral, a estrutura é calculada supondo todos os
apoios indeslocáveis, na qual resulta num conjunto de cargas que é passado para o
engenheiro de fundações que dimensiona os elementos de fundações e estima os
recalques comparando-os com recalques admissíveis. Porém, na realidade, estas
fundações devido à deformação do solo, impõem à estrutura, geralmente hiperestáticas,
um fluxo de carregamento diferente da hipótese de apoios indeslocáveis, alterando os
esforços atuantes nos elementos estruturais e nas reações no solo.

A consideração da interação estrutura-solo possibilita a análise dos efeitos da


redistribuição de esforços nos elementos estruturais, em especial das cargas nos pilares.
Como um exemplo: dois edifícios com estruturas iguais (geometria, materiais e cargas)
construídas em terrenos diferentes, apresentam esforços diferentes nos elementos
estruturais, devido à ocorrência de recalques, ou seja, os procedimentos usuais de
cálculo que não consideram a deslocabilidade nos apoios podem induzir a erros, em
alguns casos significativos, na estimativa dos esforços e cargas nas fundações. Portanto,
o comportamento da estrutura depende do sistema estrutura–maciço de solos, sendo que
os elementos estruturais acostumados a chamar de “fundações” são partes integrantes
da estrutura e o comportamento desse conjunto inseparável é que se denomina interação
estrutura–solo.

Figura 1.1 – Sistema estrutura + maciço de solo

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2 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

2. Efeitos da Iteração Estrutura-Solo


2.1. Influência do tempo x material da estrutura
Alguns exemplos básicos que representam os comportamentos mais prováveis de
acordo com o tipo de sistema e ou materiais utilizados na estrutura são:

Caso A, estruturas infinitamente rígidas apresentam recalques uniformes. Por causa da


tendência do solo deformar mais no centro que as da periferia, devido à continuidade
parcial do solo, a distribuição de pressões de contato nos apoios são menores no centro
e máximos nos cantos externos. Esta distribuição de pressões assemelha-se ao caso de
um corpo infinitamente rígido apoiado em meio elástico. Os edifícios muito altos e com
fechamento das paredes resistentes trabalhando em conjunto com a estrutura, podem
apresentar comportamento semelhante a este modelo.

Caso B, uma estrutura perfeitamente elástica possui a rigidez que não depende da
velocidade da progressão dos recalques, podendo ser mais rápidos ou lentos, não
influindo nos resultados. Os recalques diferenciais obviamente, serão menores que os
de rigidez nula (Caso D) e a distribuição de pressões de contato variam muito menos
durante o processo de recalque. Estruturas de aço são os que se aproximam a este
comportamento.

Caso C, uma estrutura visco–elástico, como o de concreto armado, apresenta rigidez


que depende da velocidade da progressão de recalques diferenciais. Se os recalques
acontecem num curto espaço de tempo, a estrutura tem o comportamento elástico (Caso
B), mas se esta progressão é bastante lenta, a estrutura apresenta um comportamento
como um líquido viscoso e tenderá ao caso D. Esta ultima característica acontece
graças ao fenômeno de fluência do concreto que promove a redistribuição das tensões
nas outras peças de concreto armado menos carregadas, relaxando significativamente as
tensões locais.

Caso D é a estrutura que não apresenta rigidez aos recalques diferenciais. Este tipo de
estrutura se adapta perfeitamente às deformações do maciço de solo. A distribuição de
pressões de contato não se modifica perante a progressão dos recalques. As estruturas
isostáticas e edifícios compridos ao longo do eixo horizontal são os casos que se
aproximam a este tipo de comportamento.

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Efeitos da Iteração Estrutura-Solo 3

Figura 2.1 – Casos de interação solo – estrutura, CHAMECKI (1969).

O SISEs, apesar de a análise estar voltada para edifícios de concreto armado, se utiliza
de recalques imediatos e não em função ao longo do tempo (não considerando a
reologia do material), sendo então a modelagem numérica elástica (caso B).

2.2. Influência do Número de Pavimentos e Sistema


Estrutural
GUSMÃO (1994) indica que, o número de pavimentos é um dos fatores mais influentes
na rigidez da estrutura, quanto maior o número de pavimentos de uma estrutura, maior
será a sua rigidez. GOSHY (1978) observou a influência maior nos primeiros
pavimentos, utilizando a analogia de vigas – parede.

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Figura 2.2 – Analogia da viga - parede, GOSHY (1978).

RAMALHO e CORRÊA (1991) analisaram dois edifícios com fundações em sapatas,


um edifício com sistema laje cogumelo e o outro edifício com sistema laje, viga, pilar,
fazendo uma comparação entre considerar o solo como totalmente rígido ou elástico.
Os resultados da análise mostram que a influência da consideração da flexibilidade da
fundação nos esforços da superestrutura é muito grande. Mesmo com o solo E =
100.000 kN/m2, portanto relativamente rígido, a diferença entre considerar ou não se
mostrou bastante significativa em alguns elementos da estrutura.

Observou-se que nos pilares, os esforços normais e momentos fletores tendem a uma
redistribuição que torne os seus valores menos díspares, onde os maiores valores
tendem a diminuir e os menores a aumentar.

Os edifícios com o sistema estrutural laje cogumelo, mostraram serem mais sensíveis às
fundações flexíveis que os de sistema laje, viga, pilar, por terem dimensões de pilares
relativamente grandes o que implica em tendência de apresentarem elevados valores de
momentos fletores na base.

GUSMÃO (1994) apresenta dois parâmetros para fins comparativos entre considerar ou
não a interação estrutura-solo:

- Fator de recalque absoluto AR=Si / S


- Fator de recalque diferencial DR= [Si-S] / S

onde: Si = recalque absoluto de apoio i


S = recalque absoluto médio

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Efeitos da Iteração Estrutura-Solo 5

Com o uso destes parâmetros, o autor apresenta três casos reais de edifícios,
comparando-os com resultados estimados convencionalmente (sem a consideração da
rigidez da estrutura) e com os resultados medidos no campo. Através destas
comparações o autor prova que o efeito da interação estrutura-solo realmente tende a
uniformizar os recalques da edificação.

Figura 2.3 – Efeito de interação, GUSMÃO (1994).

2.3. Influência do Processo Construtivo


Segundo GUSMÃO; GUSMÃO FILHO (1994), durante a construção à medida que vai
subindo o pavimento, ocorre uma tendência à uniformização dos recalques devido ao
aumento da rigidez da estrutura, sendo que esta rigidez não cresce linearmente com o
número de pavimentos.

Figura 2.4 – Efeito da seqüência construtiva, GUSMÃO & GUSMÃO FILHO


(1994).
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6 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

FONTE et al. (1994) confrontaram os resultados dos recalques de fundações em sapatas


medidos na obra de um edifício de quatorze andares com as previsões dos modelos
numéricos entre considerar ou não a interação estrutura-solo e efeitos construtivos.

Os resultados indicaram que o modelo que não considera a interação solo - estrutura,
superestima a previsão dos recalques diferencias por não considerar a rigidez da
estrutura;

O modelo que considera a interação estrutura-solo, mas aplica carregamento


instantâneo para a estrutura completa, acaba subestimando a previsão dos recalques,
devido a não consideração do carregamento gradual na estrutura e acréscimo de rigidez,
o que induz a rigidez da estrutura maior que a real;

Os resultados que mais aproximaram com os medidos no campo, foi o modelo que
considera os efeitos da interação estrutura-solo e a aplicação gradual de elementos
estruturais que faz com que a rigidez dos elementos sofram constantes modificações
para cada seqüência de carregamento.

Para simular numericamente a seqüência construtiva, onde um pavimento em


construção não causa esforços solicitantes nos demais elementos superiores que ainda
nem foram construídas, HOLANDA JR. (1998) utiliza o processo seqüencial direto.
Este processo analisa para cada levantamento de pavimento, considerando apenas o
carregamento aplicado no ultimo pavimento com todas as barras construídas até aquele
momento, prosseguindo até que o edifício atinja o seu topo. Como todas as análises
realizadas são elásticas e lineares, os esforços finais de cada elemento são determinados
pela simples soma dos seus respectivos esforços calculados em todas as etapas. Para
considerar que o pavimento é construído nivelado e na sua posição original prevista no
projeto, os recalques finais da fundação e os deslocamentos verticais de todos os nós do
pórtico são obtidas da mesma forma, pela superposição.

Respeitando a seqüência construtiva, os deslocamentos verticais dos nós de um


pavimento não são afetados pelo carregamento dos pavimentos abaixo. Portanto, os
deslocamentos diferencias entre os nós de um mesmo pavimento diminuem nos andares
superiores, sendo máximos à meia altura do edifício. No topo correspondem à
deformação somente do último pavimento. As deformações dos pilares seguem o
mesmo raciocínio.

Todo processo apresentado até aqui é uma simplificação para fundações quando o seu
comportamento é simulado como elástico linear. Na realidade, para fundações
profundas e mesmo para sapatas, este processo deve ser estudado levando em
consideração o comportamento não linear do solo.

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Efeitos da Iteração Estrutura-Solo 7

Figura 2.5 – Simulação da seqüência construtiva

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3. Capacidade de Carga do Solo –


Sapatas
O cálculo da capacidade de carga, que no caso de fundações superficiais é a tensão de
ruptura, depende das características do maciço de solo, da geometria do elemento de
fundação e de sua profundidade de assentamento. Define-se então a tensão de ruptura
ou capacidade de carga do sistema sapata-solo pela nomenclatura σ R .

A tensão admissível do solo é obtida introduzindo-se fatores de segurança sobre a


tensão de ruptura. Cada método de cálculo / autor possui seu conjunto de fatores.

A NBR 6122:1996 menciona quatro critérios que podem ser usados para a
determinação da tensão admissível (σa):

1 - Métodos teóricos: teoria de TERZAGHI com fatores de VESIC ou outros;


2 - Prova de Carga: baseado na curva de carga-recalque;
3 - Métodos semi-empíricos: para fundação profunda, tendo-se os métodos de Aoki-
Velloso, Décourt-Quaresma, etc.;
4 - Métodos Empíricos: Tabela das Tensões Básicas na NBR 6122/96 ou outras
correlações (SPT).

No SISEs foram implementados os três métodos de cálculo de tensão admissível para


fundações superficiais:

1 - Formulação Teórica por TERZAGHI & VESIC;


2 - Tabelas de Tensões Básicas da NBR 6122/96;
3 - Correlação Empírica por SPT.

3.1. Formulação Teórica de TERZAGHI e VESIC


Esta formulação foi desenvolvida por TERZAGHI (1943), onde se calcula a tensão de
ruptura do solo. Nela o solo pode se romper mediante dois modos: ruptura geral (ou
generalizada) e ruptura local:

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Capacidade de Carga do Solo – Sapatas 9

σ´r σr Tensão

A
B

Recalque
Relativo

Figura 3.1 – Curvas típicas tensão x recalque (TERZAGHI, 1943).

Caso o solo seja compacto ou rijo, tem-se a ruptura geral do maciço de solo,
caracterizada por uma ruptura brusca com pequenos recalques iniciais (Curva A). Este
modelo de ruptura é empregado para areias compactas ou argilas rijas, e a expressão
baseada na teoria da elasticidade é dada por:

σ R = c ⋅ N c ⋅ S c + q ⋅ N q ⋅ S q + 0,5 ⋅ γ ⋅ B ⋅ N γ ⋅ S λ

Caso o solo seja fofo ou mole, então se tem a dita ruptura local, caracterizada pelo
constante aumento de recalques, sem que haja um ponto de ruptura brusca do solo
(Curva B). Este modelo de ruptura é empregado para as areias fofas e argilas moles,
sendo a expressão proposta por TERZAGHI :

σ R = c ' ⋅ N c' ⋅ S c + q ⋅ N q' ⋅ S q + 0,5 ⋅ γ ⋅ B ⋅ N γ' ⋅ S λ

Para ambas as formulações, temos:

Sc , S q , Sγ : fatores de forma, Tabela 3.1;


γ : peso específico do solo, Tabela 3.2;
φ : ângulo de atrito interno do solo, Tabela 3.3;
c : coesão do solo, Tabela 3.4;
N c , N q N γ N c' , N q' e N γ' : fatores de capacidade carga, ver Figuras 3.2 e Figura 3.3;

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10 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

j
q j = ∑ γ i ⋅ hi : sobrecarga na cota de assentamento da fundação (em FL-2);
i =1

h : distância da superfície do solo até a cota de assentamento da fundação;


c ' = (2 3) ⋅ c ;
tgφ ' = ( 2 3 ) ⋅ tgφ .

Sapata Sc Sq Sϒ
Corrida (L/B>5) 1,0 1,0 1,0
Circular 1,2 1,0 0,6
Retangular 1,2 1,0 0,8

Tabela 3.1 – Fatores de forma (TERZAGHI & PECK, 1967).

Descrição do Peso Específico (tf/m3)


Compacidade/Consistência
solo Natural Saturado
Areia Fofa (SPT≤4) 1,8 2,0
Areia Pouco compacta (4<SPT≤8) 1,8 2,0
Areia Mediana/ compacta (8<SPT≤18) 1,9 2,1
Areia Compacta (18<SPT≤40) 1,9 2,1
Areia Muito Compacta (40<SPT) 1,9 2,1
Areia Conforme SPT * *
Argila Mole (SPT≤5) 1,7 1,7
Argila Média (5<SPT≤10) 1,8 1,8
Argila Rija (10<SPT≤19) 1,9 1,9
Argila Dura (19<SPT) 2,2 2,2
Argila Conforme SPT * *
Pedregulho Limpo 1,6 2,0
Pedregulho Grosso anguloso 1,8 2,1
Silte Muito argiloso 1,7 1,7
Silte Argiloso 1,8 1,8

Tabela 3.2 – Peso específico do solo

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Capacidade de Carga do Solo – Sapatas 11

Descrição Ângulo de
Compacidade/Consistência
do solo atrito (graus)
Areia Fofa (SPT≤4) 30
Areia Pouco compacta (4<SPT≤8) 32,5
Areia Mediana/ compacta (8<SPT≤18) 32,5
Areia Compacta (18<SPT≤40) 35
Areia Muito Compacta (40<SPT) 40
Areia Conforme SPT *
Areia Conforme SPT (Teixeira, 1996) *
φ ≅ 15° + 20 ⋅ NSPT
Argila Mole (SPT≤5) 17,5
Argila Média (5<SPT≤10) 20
Argila Rija (10<SPT≤19) 25
Argila Dura (19<SPT) 30
Argila Conforme SPT *
Pedregulho Limpo 37,5
Pedregulho Grosso anguloso 40
Silte Muito argiloso 20
Silte Argiloso 27,5

Tabela 3.3 – Ângulo de atrito interno

Descrição Coesão (tf/m2)


Compacidade/Consistência
do solo Efetiva Não-Drenada
Areia Fofa (SPT≤4) 0,0 0,0
Areia Pouco compacta (4<SPT≤8) 0,0 0,0
Areia Mediana/ compacta (8<SPT≤18) 0,0 0,0
Areia Compacta (18<SPT≤40) 0,0 0,0
Areia Muito Compacta (40<SPT) 0,0 0,0
Areia Conforme SPT * *
Argila Mole (SPT≤5) 1,0 1,75
Argila Média (5<SPT≤10) 2,0 3,75
Argila Rija (10<SPT≤19) 2,5 7,5
Argila Dura (19<SPT) 2,5 45
Argila Conforme SPT * *
Pedregulho Limpo 0,0 0,0
Pedregulho Grosso anguloso 0,0 0,0
Silte Muito argiloso 1,0 1,75
Silte Argiloso 0,0 3,0
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12 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Tabela 3.4 – Valores de coesão do solo

OBS.: os valores com o caractere (*) presentes nas tabelas são utilizados como
codificação interna do programa para o cálculo da capacidade de carga.

0 20 40 60 80 100 120 140

40 40
Ãngulo de atrito interno (φ )
ο

o
Nc(45 )= 133,87
o
Nq(45 )= 134,87
o
Nγ(45 )= 271,75
30 30

20 20

10 Nc 10
Nq

0 0
0 20 40 60 80 100 120 140

Figura 3.2 – Fatores de capacidade de carga Ruptura Generalizada

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Capacidade de Carga do Solo – Sapatas 13

0 10 20 30 40 50 60 70 80

50 50
Ângulo de atrito interno (φ )
o

40 40

30 30

20 20
'
Nc
'
Nq
10 ' 10

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Figura 3.3 – Fatores de capacidade de carga Ruptura Local

Para o cálculo da Tensão Admissível, utiliza-se fatores de segurança sobre a tensão de


ruptura:

σr
σa ≤
FS

O valor de σr é obtido conforme as equações de TERZAGHI e VESIC e usando as


tabelas e figuras anteriores tanto para a ruptura geral como para a ruptura local. O valor
de FS (fator de segurança) é indicado de acordo com a NBR 6122:1996:

Condição Coeficiente de segurança


Tensão de ruptura de fundações superficiais 3,0
Capacidade de carga de estaca ou tubulões sem
2,0
prova de carga
Capacidade de carga de estaca ou tubulões com
1,6
prova de carga

Tabela 3.5 – Coeficientes de segurança globais mínimos – NBR 6122:1996

Ainda conforme a NBR 6122, os valores de coesão e ângulo de atrito, utilizados para a
determinação da capacidade de carga do solo tem que ser reduzidos por ponderadores:
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Parâmetro Coeficiente de ponderação


Tangente do ângulo de atrito interno 1,4
Coesão para capacidade de carga de fundações 1,6
Coesão para estabilidade e empuxo de terra 1,5

Tabela 3.6 – Coeficientes de ponderação das resistências – NBR 6122:1996

3.1.1. Observações
i) Para alguns tipos de compacidade ou consistência do solo, não há valores válidos
neste método, assim no SISEs admitiu-se as seguintes relações:

Areia: fofa, pouco compacta e medianamente compacta, define-se como AREIA FOFA;
Areia: compacta e muito compacta, define-se como AREIA COMPACTA;

Argila: muito mole, mole e média, define-se como ARGILA MOLE;


Argila: rija e dura, define-se como ARGILA RIJA.

ii) O ângulo de atrito pode ser obtido conforme indicado por TEIXEIRA (1996), que
propõe a seguinte expressão para o cálculo do ângulo de atrito interno para solo
granular (areia):

φ ≅ 15° + 20 ⋅ NSPT

3.2. Tabela de Tensões Básicas da NBR 6122:1996


Em função do tipo de solo da camada, retira-se o valor da tensão básica conforme
apresentado na Tabela 4 da NBR 6122:1996, ou na tabela 3.7 abaixo.

A tensão admissível neste caso é dada para sapatas por:

σ a = σ 0' + q ≤ 2,5 ⋅ σ 0

onde σ 0 é retirado da tabela 3.7 e σ 0' leva em conta as correções necessárias e


indicadas a seguir.

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Capacidade de Carga do Solo – Sapatas 15

Descrição do tipo de solo ** σ0 (MPa)


Rocha sã, maciça, sem laminação 3,0
Rocha laminada, com pequenas fissuras 1,5
Solos granulares concrecionados, conglomerados 1,0
Pedregulho fofo 0,3
Pedregulho compacto a muito compacto 0,6
Argila dura (SPT >19) 0,3
Argila média (6 ≤ SPT ≤ 10) 0,1
Argila rija(11≤SPT≤19) 0,2
Areia muito compacta (SPT >40) 0,5
Areia compacta (19≤SPT≤40) 0,4
Areia med. compacta (9≤SPT≤18) 0,2
Silte muito compacto (ou duros) 0,3
Silte compactos (ou rijos) 0,3
Silte médio (medianamente compacto) 0,1
** valores válidos para largura de 2 m, em outros casos deve-se fazer correção

Tabela 3.7 – Valores das Tensões básicas (NBR 6122:1996)

Os valores da tabela de tensões básicas devem ser modificados em função das


dimensões e da profundidade do elemento de fundação, além do tipo de solo, conforme
prescrições da NBR 6122:1996.

3.2.1. Prescrição Especial para Solos Granulares


Se solo abaixo até 2 vezes a largura da cota de apoio do elemento de fundação é do tipo
(solo granular e areias), corrige-se a tensão básica em função de sua largura (B), de
duas maneiras:

1 - Construções não sensíveis a recalques,

 1,5 
σ 0' = σ 0 1 + ( B − 2) ≤ 2,5 ⋅ σ 0 ( B ≤ 10m)
 8 

2 - Construções sensíveis a recalques, fazer uma verificação dos efeitos caso B> 2m, ou
manter valores da tabela.

Dentro do SISEs, no arquivo de critérios de projeto, é possível definir se a construção é


sensível ou não a recalques, conforme indicação do usuário (default: é sensível a
recalque).
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3.2.2. Prescrição Especial para Solos Argilosos


Para solos que sejam argilosos (conforme definido pelo usuário em sondagem), devem-
se reduzir os valores da tabela com a expressão:

10
σ 0' = σ 0 ( Area da fundacao ≥ 10m 2 )
Área da fundacao

Esta redução pode ser rigorosa em alguns casos, e no SISEs, seguindo recomendações
indicadas na versão anterior da norma de Fundações, caso este valor reduzido seja
menor que a metade do valor da tabela, usa este último como redução:

σ 0' = σ 0
10 σ
≤ 0
Área da fundacao 2

3.3. Correlação Empírica por SPT


Este método é muito aplicado no meio técnico, onde o valor médio do SPT considerado
é a média dos valores dentro do bulbo de pressões, estimado até uma distância de 2
vezes a largura da sapata (Figura 3.4).

Figura 3.4 – Cálculo do SPT médio dentro do bulbo de pressões

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Capacidade de Carga do Solo – Sapatas 17

A relação da tensão admissível é dada por:

SPTmédio
σa = + q (kgf / cm 2 ) com 5 ≤ SPTmédio ≤ 20
5,0

onde q sobrecarga efetiva no nível de apoio do elemento de fundação.

3.4. Observações
3.4.1. Conforme SPT
Nos arquivos de critérios as tabelas que se referem ao item ‘Conforme SPT” indica que,
para cada metro da sondagem, o SISEs associa o valor do SPT desta cota com os
valores de compacidade (areia) ou consistência (argila) mediante a relação clássica que
é reproduzida na tabela 3.8 a seguir.

Desta forma, em função do tipo de areia ou argila associado ao SPT, busca-se o valor,
quer na tabela de peso específico, de coesão, de tensões básicas, etc.
Compacidade Intervalo do SPT
Areia fofa SPT ≤ 4
Areia pouco compacta 4 < SPT ≤ 8
Areia medianamente compacta 8 < SPT ≤ 18
Areia compacta 18 < SPT ≤ 40
Areia muito compacta SPT > 40

Consistência
Argila muito mole SPT ≤ 2
Argila mole 2 < SPT ≤ 5
Argila média 5 < SPT ≤ 10
Argila rija 10 < SPT ≤ 19
Argila dura SPT > 19

Tabela 3.8 – Relação entre SPT com compacidade e consistência

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3.4.2. Método de Cálculo Adotado


No arquivo de critérios, o usuário define o método de cálculo das tensões admissíveis,
podendo ser 1, 2 e até 3 escolhas, para o caso de fundação superficial ou 1 e 2
procedimentos para o caso de tubulão. O valor utilizado para as verificações, será
sempre o menor dos obtidos pelos métodos escolhidos.

3.4.3. Relatórios de Tensão


A impressão dos resultados comparativos de tensões admissíveis com atuantes segue a
seguinte etapas:
1) Cada elemento de fundação (EF) conduz a um σa, denominado de Tensão
Admissível Local (TAL);
2) Imprime-se uma tensão admissível de toda a obra (σa mínimo) – denominado
de Tensão Admissível Mínimo (TAM); o qual é calculado para cada método
escolhido tomando-se o menor valor dentre todos os EF de um mesmo tipo da
obra.
3) Calcula-se a porcentagem de área de cada EF que está acima de TAL e TAM.
4) Calcula-se a tensão média aritmética atuante em cada EF que é comparada
com TAL e TAM.

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Capacidade de Carga do Solo – Tubulões 19

4. Capacidade de Carga do Solo –


Tubulões
O cálculo da capacidade de carga do solo, que no caso de tubulões é a tensão de
ruptura, depende das características do maciço de solo, da geometria do elemento de
fundação e de sua profundidade de assentamento. Define-se então a tensão de ruptura
ou capacidade de carga do sistema base do tubulão-solo pela nomenclatura σ R .

A tensão admissível do solo é obtida introduzindo-se fatores de segurança sobre a


tensão de ruptura. Cada método de cálculo / autor possui seu conjunto de fatores.

A NBR 6122:1996 menciona quatro critérios que podem ser usados para a
determinação da tensão de admissível (σa):

1 - Métodos teóricos: teoria de TERZAGHI com fatores de VESIC ou outros;


2 - Prova de Carga: baseado na curva de carga-recalque;
3 - Métodos semi-empíricos: para fundação profunda, tendo-se os métodos de Aoki-
Velloso, Décourt-Quaresma, etc.;
4 - Métodos Empíricos: Tabela das Tensões Básicas na NBR 6122/96 ou outras
correlações (SPT).

No SISEs foram implementados dois métodos de cálculo de tensão admissível para


tubulões:

1 - Formulação Teórica por TERZAGHI & SKEMPTON;


2 - Correlação Empírica por SPT;

4.1. Formulação Teórica de TERZAGHI &


SKEMPTON
Para o cálculo da capacidade de carga do solo ( σ R ), para tubulões, são utilizadas as
expressão desenvolvida por Skempton para argilas e por Terzaghi para areias:

4.1.1. Argilas
A relação para cálculo da tensão admissível é expressa por:

Cu ⋅ N c
σa = +q
3,0
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Cu : coesão obtida em ensaio rápido, definido na tabela 3.4;


Nc : é um fator de forma obtido em função da relação profundidade e diâmetro da base,
tabela 4.1;
j
q = γ ⋅ h , q j = ∑ γ i ⋅ 1 , sobrecarga em FL-2,
i =1

L/D Nc
0 6,2
0,25 6,7
0,50 7,1
0,75 7,4
1,00 7,7
1,50 8,1
2,00 8,4
2,50 8,6
3,00 8,8
≥4 9,0

Tabela 4.1 – Relação de profundidade e diâmetro da base com o fator de forma Nc

4.1.2. Areias
A relação para cálculo da tensão admissível para areia é expressa por:

0,5 ⋅ γ ⋅ D ⋅ Nγ '⋅Sγ + q ⋅ Nq '⋅Sq


σa =
3,0

Onde
γ : peso específico efetivo da camada;
D : diâmetro da base do tubulão;
S γ = 0,6, ver tabela 3.1 (seção circular);
q : sobrecarga efetiva no nível de apoio limitada a um valor máximo calculado a
“10*D” de profundidade;
S q = 1,0, ver tabela 3.1 (seção circular);
N q' e N γ' : fatores de capacidade carga, ver figura 3.3.

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Capacidade de Carga do Solo – Tubulões 21

4.2. Correlação Empírica por SPT


Este método é muito aplicado no meio técnico, onde o valor médio do SPT considerado
é a média dos valores dentro do bulbo de pressões, estimado até uma distância de 2
vezes o diâmetro da base (B) (Figura 4.1).

Figura 4.1 – Cálculo do SPT médio dentro do bulbo de pressões

A relação da tensão admissível é dada por:

SPTmédio
σa = (kgf / cm 2 ) com 10 ≤ SPTmédio ≤ 40
4,0

de modo que os valores desta relação deve ser limitados a:

σ a ≤ 5,0 kgf / cm 2 → arg ilas


σ a ≤ 8,0 kgf / cm 2 → areias

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5. Coeficiente de Reação Vertical (CRV) –


Sapatas e Tubulões
Para considerar a influência do solo junto a fundação, usou-se a hipótese de Winkler,
onde se estabelece que as pressões aplicadas são proporcionais, em uma relação escalar,
ao recalque mobilizado. Não havendo influência entre o ponto de aplicação desta
pressão com sua vizinhança.

Considerando esta hipótese, estabelece uma relação discreta (pontual) entre fundação-
solo, mediante a definição de uma constante de mola que representará a rigidez do
maciço. Para isto, é necessário definir o valor de Kv o qual é denominado de
Coeficiente de Reação Vertical (CRV). Este é um valor escalar que representa o
coeficiente de rigidez que o solo possui para resistir ao deslocamento mobilizado por
uma pressão imposta. Ele é análogo ao coeficiente de mola, mas não relacionado a uma
força, mas sim a uma pressão (força por área), de acordo com o exemplo esquemático
na figura 1:

F=k.d P = kv . d

F P
F

d
d

k
kv

a) b)

Figura 5.1
a) coeficiente de mola, quociente entre força – deslocamento;
b) coeficiente de reação vertical, quociente entre pressão – deslocamento.

Neste sentido, este texto descreve vários métodos, os quais foram implementados no
SISEs, para obtenção deste coeficiente. Ele pode ser obtido por três diferentes
maneiras: 1) Valores padronizados; 2) Ensaio de Placa; e 3) Recalque vertical estimado.

A seguir, são definidas e apresentadas cada uma dessas categorias, bem como seus
métodos e particularidades, que foram implementados no SISEs.

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 23

5.1. Métodos Implementados


Os métodos implementados no SISEs para a determinação do coeficiente de reação
vertical (CRV) do solo são:

1. VALORES PADRONIZADOS (VP)


Vários pesquisadores apresentam tabelas e ábacos que relacionam o módulo de reação
vertical com o tipo de solo. Estes valores foram obtidos em ensaios in situ em regiões e
condições específicas, conforme podem ser averiguados nas referências bibliográficas
indicadas. Assim, os seus valores podem não ser representativos em certas condições,
devendo ficar a critério do profissional o seu uso. Foram considerados três métodos
nesta categoria, os quais são:

1.a) Tipo de Solo;


1.b) SPT – Tensão Admissível;
1.c) Tipo de Solo - Tensão Admissível.

2. ENSAIO DE PLACA (EP)


São chamados também de métodos racionais, onde os parâmetros de deformabilidade
são obtidos in situ ou em laboratórios mediante o ensaio de provas de carga em placas.
Os ensaios mais conhecidos são os apresentados nas tabelas de:

2.a) Terzaghi;
2.b) Outros autores.

3. RECALQUE VERTICAL ESTIMADO (RE)


De acordo com a definição de módulo de reação vertical, que pode ser escrito como:

kv = P
d

é possível estimar o coeficiente vertical (Kv) a partir do cálculo do recalque da


fundação sobre o maciço mobilizado por uma pressão unitária. Os métodos
desenvolvidos então nesta categoria foram:

3.a) Teoria da Elasticidade / Valor Típico;


3.b) Teoria da Elasticidade / SCHMERTMANN;
3.c) Teoria da Elasticidade / TEIXEIRA & GODOY;
3.d) Método de SCHULTZE & SHERIF;
3.e) Método de PARRY;
3.f) Método de BOUSSINESQ;
3.g) Método de RAUSCH & CESTELLI GUIDI;
3.h) Módulo Edométrico – Tabelas;
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24 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

3.i) Módulo Edométrico – SPT.

5.2. Valores Padronizados


5.2.1. Tipo de Solo
Neste método, os valores do coeficiente de reação vertical (Kv), em FL-3, são
relacionados ao tipo de solo indicados na Tabela de Béton – Kalender de 1962, vide
Tabela 5.1.

Referência bibliográfica: MORAES (1981).

Valores de Kv (em kgf/cm3)


Turva leve-solo pantanoso 0,5 a 1,0
Turva pesada-solo pantanoso 1,0 a 1,5
Areia fina de praia 1,0 a 1,5
Aterro de silte, areia e cascalho 1,0 a 2,0
Argila molhada 2,0 a 3,0
Argila úmida 4,0 a 5,0
Argila seca 6,0 a 8,0
Argila seca endurecida 10,0
Silte compactado com areia e pedra 8,0 a 10,0
Silte compactado com areia e muita pedra 10,0 a 12,0
Cascalho miúdo com areia fina 8,0 a 12,0
Cascalho médio com areia fina 10,0 a 12,0
Cascalho grosso com areia grossa 12,0 a 15,0
Cascalho grosso com pouca areia 15,0 a 20,0
Cascalho grosso com pouca areia compactada 20,0 a 25,0

Tabela 5.1 – Valores de Kv da tabela de Béton – Kalender

5.2.2. SPT – Tensão Admissível


Neste método, obtêm-se a média dos valores do SPT compreendidos dentro do bulbo de
pressões, vide Figura 5.2. Nesta figura, o escalar “cte” que é a profundidade para
determinar o bulbo de pressão, determinado no arquivo de critérios de projeto ou no
editor de fundações que pode variar de 1 a 3. Com o valor do número de golpes
médio, calcula-se a tensão admissível pela conhecida relação empírica:

σ solo = 0,20 ⋅ SPTmédio (kgf/cm2)

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 25

Com as tensões admissíveis estimadas, retira-se da tabela SAFE, MORRISON (1993),


o valor de Kv em kgf/cm3.

Referência bibliográfica: MORRISON (1993).

Figura 5.2 – Exemplificação do cálculo do valor médio do SPT dentro do bulbo de


pressões.

Tensão Admissível Kv Tensão Admissível Kv


(kgf/cm2) (Kgf/cm3) (kgf/cm2) (kgf/cm3)
0,25 0,65 1,95 3,91
0,30 0,78 2,00 4
0,35 0,91 2,05 4,1
0,40 1,04 2,10 4,2
0,45 1,17 2,15 4,3
0,50 1,30 2,20 4,4
0,55 1,39 2,25 4,5
0,60 1,48 2,30 4,6
0,65 1,57 2,35 4,7
0,70 1,66 2,40 4,8
0,75 1,75 2,45 4,9
0,80 1,84 2,50 5,0
0,85 1,93 2,55 5,1
0,90 2,02 2,60 5,2
0,95 2,11 2,65 5,3
1,00 2,2 2,70 5,4
1,05 2,29 2,75 5,5
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26 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

1,10 2,38 2,80 5,6


1,15 2,47 2,85 5,7
1,20 2,56 2,90 5,8
1,25 2,65 2,95 5,9
1,30 2,74 3,00 6,0
1,35 2,83 3,05 6,1
1,40 2,92 3,10 6,2
1,45 3,01 3,15 6,3
1,50 3,10 3,20 6,4
1,55 3,19 3,25 6,5
1,60 3,28 3,30 6,6
1,65 3,37 3,35 6,7
1,70 3,46 3,40 6,8
1,75 3,55 3,45 6,9
1,80 3,64 3,50 7,0
1,85 3,73 3,55 7,1
1,90 3,82 3,60 7,2
1,95 3,91 3,65 7,3
2,00 4,0 3,70 7,4
2,05 4,1 3,75 7,5
2,10 4,2 3,80 7,6
2,15 4,3 3,85 7,7
2,20 4,4 3,90 7,8
2,25 4,5 3,95 7,9

Tabela de valores para Kv – SAFE, MORRISON

5.2.3. Tipo de Solo – Tensão Admissível


Neste método, em função do tipo de solo da camada, retira-se o valor da tensão básica
conforme apresentado na Tabela 4 da NBR 6122:1996, ou na Tabela 5.3, fazendo as
correções de profundidade e de geometria conforme preconiza esta mesma norma para
solos granulares e argilosos.

Com as tensões admissíveis estimadas, retira-se da tabela SAFE, MORRISON (1993),


o valor de Kv em kgf/cm3.

A tabela 5.3 abaixo, relacionando a descrição do solo e sua tensão admissível, é


reproduzida no SISEs, item arquivo de critérios. Duas novas linhas são adicionadas a
esta tabela, linhas referentes ao item “Conforme SPT” para areia e argila que, em
função da cota de assentamento da fundação e de seu respectivo valor de SPT, busca –
para cada caso de areia e/ou argila – a sua classificação de consistência e compacidade
conforme a tabela 7.1 e o valor da tensão admissível.
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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 27

Referência bibliográfica: CINTRA et al. (2003), MORRISON (1993).

Descrição do tipo de solo ** σs (MPa)


Rocha sã, maciça, sem laminação 3,0
Rocha laminada, com pequenas fissuras 1,5
Solos granulares concrecionados, conglomerados 1,0
Pedregulho fofo 0,3
Pedregulho compacto a muito compacto 0,6
Argila dura (SPT >19) 0,3
Argila média (6 ≤ SPT ≤ 10) 0,1
Argila rija(11≤SPT≤19) 0,2
Areia muito compacta (SPT >40) 0,5
Areia compacta (19≤SPT≤40) 0,4
Areia med. compacta (9≤SPT≤18) 0,2
Silte muito compacto (ou duros) 0,3
Silte compactos (ou rijos) 0,3
Silte médio (medianamente compacto) 0,1
** valores válidos para largura de 2 m, em outros casos deve-se fazer correção

Tabela 5.3 – Valores das Tensões básicas (NBR 6122:1996)

Os valores da tabela de tensões básicas devem ser modificados em função das


dimensões e da profundidade do elemento de fundação, além do tipo de solo, conforme
prescrições da NBR 6122:1996.

i) Prescrição Especial para Solos Granulares


Se solo abaixo até 2 vezes a largura da cota de apoio do elemento de fundação é do tipo
(solo granular e areias), corrige-se a tensão básica em função de sua largura (B), de
duas maneiras:

1 - Construções não sensíveis a recalques,

 1,5 
σ 0' = σ 0 1 + ( B − 2) ≤ 2,5 ⋅ σ 0 ( B ≤ 10m)
 8 

2 - Construções sensíveis a recalques, fazer uma verificação dos efeitos caso B> 2m, ou
manter valores da tabela.

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Dentro do SISEs, no arquivo de critérios de projeto, é possível definir se a construção é


sensível ou não a recalques, conforme indicação do usuário (default: é sensível a
recalque).

ii) Prescrição Especial para Solos Argilosos


Para solos que sejam argilosos (conforme definido pelo usuário em sondagem), devem-
se reduzir os valores da tabela com a expressão:

10
σ 0' = σ 0 ( Area da fundacao ≥ 10m 2 )
Área da fundacao

Esta redução pode ser rigorosa em alguns casos, e no SISEs, seguindo recomendações
indicadas na versão anterior da norma de Fundações, caso este valor reduzido seja
menor que a metade do valor da tabela, usa este último como redução:

σ 0' = σ 0
10 σ
≤ 0
Área da fundacao 2

5.2.4. Resumo dos Diversos Métodos –Valores Padronizados


Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do
Coeficiente de Reação Vertical com algumas características importantes de cada um,
tais como: consideração de camadas, propagação de tensões, associação de camadas,
grau de dependência do SPT etc. Esta tabela tam o objetivo de auxiliar a seleção do
método desejado e apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às
camadas da sondagem.

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 29

Método Tipo Considera Propaga- Associa- Associa- Variáve- Depen-


para Solo Diversas ção de ção ção is a dência
calculo Camadas? Tensões Camada Camada definir do
do Sonda- Sonda- por Método
CRV gem gem camada / SPT
pelo pelo
SPT Titulo
Tipo de Solo Qquer Não Não Não Sim CRV Nenhum

SPT – Tensão Qquer Sim- Não Sim Não --- Total


Admissível Bulbo
Tipo do Solo Qquer Não Não Não Sim T.Adm. Nenhum
Tensão
Admissível Areia Não Não Sim Não T.Adm. Parcial
Argila

5.3. Ensaio de Placa


5.3.1. Tabela de TERZAGHI
Neste método, os valores de Kv (kgf/cm3) são relacionados ao tipo de solo fornecido
por TERZAGHI (1955) e indicados na Tabela 5.4. Estes valores foram obtidos no
ensaio de uma placa quadrada de lado um pé (30 cm), por isso indicados por k30. Deve
ser então corrigido para considerar o efeito de dimensão e forma, conforme indicação
nas relações abaixo:

Para argilas: ( B )⋅ k
k v = 30 30

2
 B + 30 
Para areias: kv =   ⋅ k30
 2B 

onde B é o lado menor da sapata, em centímetros.

Referência bibliográfica: VELLOSO & LOPES (1996), TERZAGHI (1955).

Argila Rija Muito rija Dura


faixas de valores 1,6 – 3,2 3,2 – 6,4 > 6,4
valores propostos 2,4 4,8 9,6
Areia Fofa Med. compacta Compacta
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30 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

acima do NA 1,3 4,2 16


abaixo do NA 0,8 2,6 9,6

Tabela 5.4 – Valores de k30 da tabela TERZAGHI (kgf/cm3)

5.3.2. Tabela de Outros Autores


Neste método, os valores de Kv (kgf/cm3) propostos por outros autores são
relacionados ao tipo de solo. Os valores de k30 são apresentados na Tabela 5.5 e
também devem ser corrigidos conforme as expressões do método 5.3.1:

Descrição do tipo de solo k30 (kgf/cm3)


Areia fina de praia 1,0 a 1,5
Areia fofa seca úmida 1,0 a 3,0
Areia média seca úmida 3,0 a 9,0
Areia compacta seca úmida 9,0 a 20,0
Areia pedregulhosa fofa 4,0 a 8,0
Areia pedregulhosa compacta 9,0 a 25,0
Pedregulho arenoso fofo 7,0 a 12,0
Pedregulho arenoso compacto 12,0 a 30,0
Rochas brandas ou alteradas (saprólito) 30,0 a 500,0
Rocha sã 800,0 a 30000

Tabela 5.5 – Valores de k30 propostos por outros autores

Referência bibliográfica: ACI (1988), CALAVERA (2000), BOWLES (1997).

5.3.3. Resumo dos Diversos Métodos – Ensaios de Placas


Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do
Coeficiente de Reação Vertical com algumas características importantes de cada um,
tais como: consideração de camadas, propagação de tensões, associação de camadas,
grau de dependência do SPT etc. Esta tabela tem o objetivo de auxiliar a seleção do
método desejado e apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às
camadas da sondagem.

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 31

Método Tipo Considera Propaga- Associa- Associa- Variáve- Depen-


para Solo Diversas ção de ção ção is a dência
calculo Camadas? Tensões Camada Camada definir do
do Sonda- Sonda- por Método
CRV gem gem camada / SPT
pelo pelo
SPT Titulo

Terzaghi Qquer Não Não Não Sim K30 Nenhum

Outros Autores Qquer Não Não Não Sim K30 Nenhum

5.4. Recalque Vertical Estimado


5.4.1. Teoria da Elasticidade / Valor Típico
Nesta opção, empregam-se as expressões analíticas de MINDLIN, POULOS & DAVIS
(1974), que são as respostas exatas de deslocamentos dentro do meio contínuo semi-
infinito homogêneo para um dado carregamento. No caso de se simular o meio
heterogêneo e finito, usa-se o procedimento de STEINBRENNER, POULOS (1967).
Para isto é necessário conhecer o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson do
solo em cada camada.

O módulo de elasticidade é obtido conforme os valores sugeridos pela tabela 5.6. O


coeficiente de Poisson do solo é indicado na tabela 5.7, valores sugeridos por
TEIXEIRA & GODOY (1996).

Referência bibliográfica: TEIXEIRA & GODOY (1996), POULOS & DAVIS (1974),
POULOS (1967).

Descrição do tipo de solo E (kgf/cm2)


Argila conforme SPT *
Areia conforme SPT *
Areia normal adensada E = 5.(SPT+5)
Areia sobreadensada E = 180+(7,5.SPT)
Argila terciária de SP E = 55,4+(25,9.SPT)
Areia fofa (SPT <= 4) 50
Areia pouco compacta (SPT 5 a 8) 200
Areia medianamente compacta (SPT 9 a 18) 500
Areia compacta (SPT 19 a 40) 700
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32 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Areia muito compacta (SPT > 40) 900


Argila muito mole (SPT <= 2) 10
Argila mole (SPT 2 a 5) 20
Argila média (SPT 6 a 10) 50
Argila rija (SPT 11 a 19) 80
Argila dura (SPT > 19) 150

Tabela 5.6 – Valores típicos para o módulo de elasticidade do solo

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 33

Descrição do tipo de solo ν


Argila conforme SPT *
Areia conforme SPT *
Areia fofa (SPT <= 4) 0.30
Areia pouco compacta (SPT 5 a 8) 0.29
Areia medianamente compacta (SPT 9 a 18) 0.28
Areia compacta (SPT 19 a 40) 0.27
Areia muito compacta (SPT > 40) 0.26
Argila muito mole (SPT <= 2) 0.24
Argila mole (SPT 2 a 5) 0.23
Argila média (SPT 6 a 10) 0.22
Argila rija (SPT 11 a 19) 0.21
Argila dura (SPT > 19) 0.21

Tabela 5.7 – Valores sugeridos para o coeficiente de Poisson do solo

O recalque abaixo do vértice de uma área retangular carregada com carga


uniformemente constante é dada pela equação, Poulos & Davis (1974):

p ⋅b 1 − 2ν
w=
E
( 
)
⋅ 1 −ν 2 ⋅  A −
1 −ν

⋅ B
 
Onde :
1   1 + m 2 + n 2 + m 2   1 + m2 + n2 + 1
A=  ln  + m ⋅ ln 
2π   1 + m 2 + n 2 − m 2   1 + m2 + n2 − 1
 
 

n  m 
B= ⋅ arctg  

2π  n ⋅ 1+ m + n
2 2

m=L
b
n= z
b
p: carga uniformemente distribuída, no SISEs; p = 1 ;
b: menor largura da fundação;
L: maior comprimento da fundação;
E: módulo de elasticidade;
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34 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

ν : coeficiente de Poisson;
w: recalque calculado

z
z

Figura 5.3a – Variáveis para cálculo do recalque de uma área retangular.

Ε1 , ν1 p=1

Ε2 , ν2
h

Ε 3 , ν3

plano indeslocável
Figura 5.3b – Maciço de solos heterogêneo e com plano indeslocável a distância h.

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 35

5.4.2. Teoria da Elasticidade / SCHMERTMANN


Este método utiliza a mesma formulação do item 5.4.1., mas o módulo de elasticidade é
obtido conforme proposto por SCHMERTMANN (1978) que estabelece a seguinte
relação para fundações diretas:

E = 3 ⋅ K ⋅ SPT

onde K depende do tipo de solo; na Tabela 5.8 são apresentados seus valores típicos
propostos por TEIXEIRA (1993):

Descrição do tipo de solo K (MPa)


Areia com pedregulhos 1,10
Areia 0,90
Areia Siltosa 0,70
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,30
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,20

Tabela 5.8 – Valores sugeridos de K

Referência bibliográfica: CINTRA et al. (2003), SCHMERTMANN (1978),


TEIXEIRA (1993).

5.4.3. Teoria da Elasticidade / TEIXEIRA & GODOY


Este método utiliza a mesma formulação do item 5.4.1., mas o módulo de elasticidade é
obtido conforme proposto por TEIXIERA & GODOY (1996) que estabelece a seguinte
relação para fundações diretas:

E = α ⋅ K ⋅ SPT (MPa)

onde α é um coeficiente que correlaciona a resistência de ponta (qc) com o SPT. Seus
valores para a areia e argila foram propostos por TROFIMENKOV (1974) e são
apresentados na Tabela 5.9. O coeficiente K é o mesmo utilizado no item 5.4.2 e
apresentado na Tabela 5.8.

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36 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Descrição do tipo de solo α


Areia 3
Silte 5
Argila 7

Tabela 5.9 – Valores sugeridos de α.

Referência bibliográfica: CINTRA et al. (2003), SCHMERTMANN (1978),


TEIXEIRA (1993).

5.4.4. Método de SCHULTZE & SHERIF


Este modelo é utilizado para a estimativa de recalques em solos arenosos, sendo a
expressão utilizada para o cálculo do valor deste recalque dada por:

S ⋅ P ⋅ Fr
d=
Dr
SPT 0 ,87
⋅ (1 + 0,4 ⋅ )
médio B

Com:

d – recalque vertical (cm);


S – o coeficiente de recalque (cm3/kgf), conforme Figura 5.4;
Dr – profundidade da fundação (m);
B – largura da fundação (m);
P – pressão aplicada pela fundação sobre o solo (kgf/cm2);
SPTmédio – valor médio obtido conforme descrito e exemplificado no item 5.2.2 (SPT –
Tensão Admissível);
Fr – fator de redução, conforme Tabela 5.10;
DS – espessura entre a cota de assentamento da fundação e a camada do indeslocável
(m);

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 37

100
80 L/B = 1
L/B = 2
60

Coeficiente de recalque S (cm /kg)


L/B = 5
L/B = 100
40

3
20

10
8
6

1
0,5 1 2 3 4 5 10 20 30 40 50
Largura da fundação B (m)

Figura 5.4 – Relação entre o coeficiente de recalque versus largura da fundação do


método de Schultze & Sherif.

L/B
1 2 5 100
Ds / B
]2 1 1 1 1
1,5 0,91 0,89 0,87 0,85
1,0 0,76 0,72 0,69 0,65
0,5 0,52 0,48 0,43 0,39

Tabela 5.10 – Valores dos fatores de redução - Fr

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38 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

p=1 Dr

DS

plano indeslocável

Figura 5.5 – Definição dos parâmetros empregados no método de SCHULTZE &


SHERIF.

Referência bibliográfica: SCHULTZE & SHERIF (1973), MOURA (1995).

5.4.5. Método de PARRY


Este modelo é utilizado para a estimativa de recalques em solos arenosos, sendo a
expressão utilizada para o cálculo do valor deste recalque dada por:

SPT Parry
d=
B ⋅ a ⋅ CW ⋅ C D ⋅ CT

Com:
d – recalque vertical (m);
SPT Parry – valor médio do SPT;
B – largura da fundação (m), vide Figura 5.6;
a – constante igual a 3 E – 4 ( m2/kN);
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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 39

CD – coeficiente de influência da profundidade, vide figura 5.7;


CT – coeficiente de correção da espessura da camada compressível, vide Figura 5.8;
CW – coeficiente de correção da influência do lençol freático.

O valor de SPT Parry é obtido mediante o emprego da seguinte relação:

3 ⋅ N1 + 2 ⋅ N 2 + N 3
SPT Parry =
6

onde se deve considerar os valores de N1 , N 2 e N 3 conforme esquematizado na Figura


5.9. Os valores de CW são dados de acordo com as expressões abaixo:

Dw
CW = 1 + quando 0 ≤ Dw ≤ De
De + 0,75B
Dw ⋅ (2 B + De − Dw )
CW = 1 + quando De < Dw ≤ 2 B
2 B ⋅ (De + 0,75B )

CW = 1 quando 2 B < Dw

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40 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

p=1 De
Dw

NA

2B T

plano indeslocável
Figura 5.6 – Definição dos parâmetros empregados no método de Parry.

3
CD

0 2 4 6 8 10
De/B

Figura 5.7 – Coeficiente de influência da profundidade, PARRY (1971).


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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 41

1,0

CT

0,5

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
T/B

Figura 5.8 – Coeficiente de correção da espessura da camada compressível,


PARRY (1971).

S P Ti

S P Tj
B
S P Tk
0 ,7 5 B
N1
SPT
m
1 ,5 B
SPT
n

SPT
o N2 2B
SPT
p

S P Tq

S P Tr N3
S P Ts

SPT
t
N 1 = (S P T j + S P Tk + S P Tm ) / 3
SPT
u
N 2 = (S P T n + S P To + S P Tp ) / 3
SPT
v N 3 = (S P T q + S P Tr + S P Ts + S P Tt ) / 4

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42 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Figura 5.9 – Exemplificação do cálculo do valor médio do SPT dento do bulbo de


pressões para o método de PARRY.

Referência bibliográfica: PARRY (1971), PARRY (1978), MOURA (1995).

5.4.6. Método de BOUSSINESQ


Neste método, calcula-se o recalque do meio elástico mediante a expressão de
BOUSSINESQ, aplicada a uma placa circular admitida rígida e submetida a uma
pressão constante. A relação é dada por:

2 ⋅ E0
kv = (kgf/cm3)
R ⋅ π ⋅ (1 − ν 2 )

Com:

E0 : módulo edométrico do solo, obtido conforme a tabela 5.11;


R: raio da placa de fundação, para as fundações retangulares, usou-se um raio
equivalente (cm);
ν: coeficiente de Poisson, obtido conforme tabela 5.7.

Descrição do tipo de solo E0 (kgf/cm2)


Turfa 1a5
Argila molhada 15 a 40
Argila plástica 40 a 80
Argila endurecida – plástica 80 a 150
Areia solta 100 a 200
Areia compacta 500 a 800

Tabela 5.11 – Valores do módulo edométrico sugeridos por CESTELLI GUIDI

Referência bibliográfica: MORAES (1981).

5.4.7. Método de RAUSCH & CESTELLI GUIDI


Neste método os valores de Kv (kgf/cm3) são obtidos mediante o uso da expressão:

E0
kv = (tf/m3)
f⋅ F

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Com:

E0: módulo edométrico do solo, obtido conforme a tabela 5.11;


f: coeficiente adimensional que depende da área da fundação, de valor admitido
constante igual a 0,4;
F: área da fundação em m2.

Referência bibliográfica: MORAES (1981).

5.4.8. Módulo Edométrico – Tabelas


Neste método, o recalque é estimado com o uso da expressão:

NSPT
∆σ i ⋅ H i
d= ∑
i=k ( E0 ) i

Com:

NSPT: número total de golpes medidos na sondagem;


k: primeira camada subjacente a cota de assentamento da fundação;
∆σ i : valor da tensão na cota i que resulta da aplicação da pressão unitária na cota k;
Hi: espessura da camada i, que é igual a 1m;
( E0 )i : módulo edométrico da camada i do solo, obtido conforme a tabela 5.11.

A expressão acima indica que se deve calcular a contribuição de cada camada para o
recalque total. Assim, em função da pressão unitária admitida aplicada na cota de
assentamento da fundação, obtém-se a tensão mobilizada ao longo de todas as camadas
subjacentes, bem como o seu módulo edométrico e sua espessura. Admite-se a
espessura como a distância entre a medida de um SPT e seu adjacente, ou seja 1m.

Com a medida final do recalque e admitindo uma pressão unitária aplicada, pode-se
chegar ao valor do módulo de reação vertical:

kv = P =1
d d

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44 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

SPT
(E0 )k-2 p=1
(E0 )k-1
(E0 )k %(p)=∆σk

(E0 )k+1 %(p)=∆σk+1

%(p)=∆σk+2

(E0 )NSPT %(p)=∆σNSPT

plano indeslocável

Figura 5.10 – Exemplificação dos parâmetros empregados no método Módulo


Edométrico.

É possível fazer a determinação da propagação de tensões ao longo das camadas por


três procedimentos: i) método Simplificado; ii) método de Boussinesq; e iii) método de
Love. Cada um deles é descrito a seguir:

i) Método Simplificado
A propagação da tensão é feita tomando-se como hipótese um decréscimo linear de seu
valor ao longo da profundidade, de razão definida a priori pelo usuário. Assim, seja a
Figura 4.11, a tensão aplicada na base da fundação é dada por:

σ 0 = F B⋅L

Ao longo da profundidade esta tensão é diminuída, valendo para uma cota


genérica z:

F B⋅L
∆σ Z = = σ0 ⋅
(B + 2⋅Z
X ) ⋅ (L + 2⋅Z
X ) (B + ) ⋅ (L +
2⋅Z
X
2⋅Z
X )
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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 45

O valor da variável “X” é fornecido no arquivo de critérios de projeto sendo que


B⋅L
≤ 1 e indica o índice de propagação da tensão ao longo da
(B + 2X⋅Z ) ⋅ (L + 2X⋅Z )
profundidade.

F
B

Z x /X
2. Z
1
L+

B+2.Z / X

Figura 5.11 – Propagação de tensão com hipótese de decréscimo linear.

ii) Método de Boussinesq


Em BOUSSINESQ (1885) são apresentadas primeiramente as expressões, obtidas via
resolução das relações da elasticidade, para cálculo de deslocamentos e tensões dentro
de um meio homogêneo, elástico e semi-infinito mobilizados ao se aplicar uma força
vertical concentrada na superfície livre deste meio. A partir de então vários autores
generalizaram estas expressões, considerando casos como pressões distribuídas em uma
área retangular, circular, parabólica, cônico, etc.

Assim, têm-se as expressões de HOLL (1940) que apresenta as relações de tensões e


deslocamentos mobilizados no meio em conseqüência de um carregamento vertical,
retangular e uniforme aplicado na superfície, conforme exemplificado na Figura 5.12
indicado na expressão abaixo:

p   L⋅B L⋅B⋅h  1 1  
∆σ z (h) = ⋅ arctg  + ⋅  2 + 2  
2 ⋅π   h ⋅ R3 R3  R1 R2  

Com:

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46 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

R1 = (L + h )
2 2

R2 = (B + h )
2 2

R3 = L2 + B2 + h 2
B

L p

h z

∆σz (h)

Figura 5.12 – Meio elástico, homogêneo e semi-infinito sujeito a um carregamento


vertical, retangular e uniforme.

Referência bibliográfica: BOUSSINESQ (1885), HOLL (1940), POULOS & DAVIS


(1974).

iii) Método de Love


LOVE (1945) apresentou as relações obtidas pela teoria da elasticidade, também
derivadas de BOUSSINESQ (1885), para o caso da aplicação de um carregamento
vertical, circular e uniforme, onde a expressão para a tensão na direção z é dada por:

  
3
2 
 1 
∆σ z (h) = p ⋅ 1 −  

 

 1 + a
h
( ) 2





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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 47

p
x

h z

∆σz (h)

Figura 5.13 – Meio elástico, homogêneo e semi-infinito sujeito a um carregamento


vertical, circular e uniforme.

5.4.9. Módulo Edométrico – SPT


Este método é similar ao apresentado no item 5.4.8, mas o módulo edométrico é
calculado mediante uma correlação com o número de golpes, o SPT, o qual fora
proposto por SCHULTZE & MENZENBACH (1961). A relação é dada por:

(E0 )i = (C1 + C 2 ⋅ SPT )i


onde i é uma camada genérica do maciço. As constantes C1 e C2 são indicadas na tabela
4.12.

Descrição do tipo de solo C1 C2


Areia fina abaixo do lençol de água 71 4,9
Areia fina acima do lençol de água 52 3,3
Areia 39 4,5
Areia argilosa 43,8 11,8
Areia e argila 38 10,5
Areia fofa 24 5,3

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48 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Tabela 5.12 – Constantes (bar/golpe) usadas na determinação do módulo


edométrico mediante o SPT

Referência bibliográfica: SCHULTZE & MENZENBACH (1961).

5.4.10. Resumo dos Diversos Métodos – Recalque Vertical


Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do
Coeficiente de Reação Vertical com algumas características importantes de cada um,
tais como: consideração de camadas, propagação de tensões, associação de camadas,
grau de dependência do SPT etc. Esta tabela tam o objetivo de auxiliar a seleção do
método desejado e apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às
camadas da sondagem.

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 49

Método Tipo Considera Propaga- Associa- Associa- Variáve- Depen-


para Solo Diversas ção de ção ção is a dência
calculo Camadas? Tensões Camada Camada definir do
do Sonda- Sonda- por Método
CRV gem gem camada / SPT
pelo pelo
SPT Titulo
Areia
Elasticidade Argila Sim-St/Po Não Sim Não --- Total
Valor Típico
Areia
Argila Sim-St/Po Não Não Sim E, Ni Nenhum
Outro
Elasticidade
Schmertmann Qquer Sim-St/Po Não Sim Sim K e Ni Parcial

Elasticidade
Teixeira Godoy Qquer Sim-St/Po Não Sim Sim Alfa, K Parcial
Ni
Schultze
& Areia Sim- Não Sim Não --- Total
Sherif Bulbo

Parry Areia Sim- Não Sim Não --- Total


Bulbo

Boussinesq Qquer Não Não Não Sim Eo e Ni Nenhum

Rausch &
Cestelli Guidi Qquer Não Não Não Sim Eo Nenhum

Módulo
Edométrico Qquer Sim Sim Não Sim Eo Nenhum
Tabelas
Módulo
Edométrico Qquer Sim Sim Sim Sim C1 e C2 Parcial
SPT

St/Po: Recalque através de proposição por Steinbrenner, Poulos (1967)

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50 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

6. Coeficiente de Reação Horizontal


(CRH) – Sapatas e Tubulões
6.1. Sapatas
Para o caso de fundações rasas, a consideração dos deslocamentos devido a forças
horizontais são de difícil equacionamento, pois tem-se que levar em conta o coeficiente
de atrito sapata-solo. Trata-se de um problema típico de não-linearidade.

No SISEs, para o caso de fundações diretas, tipo sapatas, o Coeficiente de Reação


Horizontal (CRH) do solo é estimado como uma parcela do Coeficiente de Reação
Vertical (CRV).

6.2. Tubulões
Para o caso de fundações profundas, a consideração dos efeitos horizontais é muito
importante. Neste sentido, define-se o CRH, Coeficiente de Reação Horizontal, que
possui a mesma interpretação física do CRV, mas relativos ao quociente entre as
pressões horizontais ( Ph ) e o seu recalque d h .

Ou seja, ele fica expresso como:

Ph
kh =
dh

Neste sentido, foram implementados dois métodos clássicos da literatura para a


inserção deste coeficiente no SISEs para os elementos de fundação do tipo tubulão. Eles
foram:

1) CRH - Tipo de solo;


2) CRH - Conforme SPT/m;

6.2.1. Tipo de Solo


Neste método a proporcionalidade entre tensão e o deslocamento é caracterizada pelo
denominado Módulo de Reação Horizontal (K), com unidades de FL-2.

Para este método, considera-se dois tipos de solo de referência para o seu cálculo. Os
solos argilosos pré-adensados e as areias e as argilas normalmente adensadas.

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Coeficiente de Reação Horizontal (CRH) – Sapatas e Tubulões 51

No caso de argilas pré-adensadas, mostra-se que o CRH não varia com a


profundidade, ou seja, este valor é constante, dependendo apenas do seu tipo de
consistência. Neste sentido, a Tabela 6.1 é adaptada de TERZAGHI (1955) para este
caso:

Descrição do tipo de solo K (kgf/cm2)


Argila Média 8
Argila Rija 50
Argila Muito Rija 100
Argila Dura 195

Tabela 6.1 – Valores do CRH para argila pré-adensadas conforme Terzaghi (1955)

Para as areias puras ou argilas moles, a rigidez aumenta com a profundidade em


função da maior pressão geostática. Isto é indicado pela seguinte relação:

(K ) = (η h ⋅ z )i

Onde η h é uma constante tabelada e depende do tipo do solo e z é a profundidade de


cálculo do CRH.Os valores de η h foram propostos por TERZAGHI (1955) e são
indicados na tabela 6.2.

Descrição do tipo de solo ηh seco ηh saturado


Areia fofa 0,26 0,15
Areia med. compacta 0,80 0,50
Areia compacta 2,00 1,25
Argila muito mole 0,06 0,06
Argila mole 0,08 0,08
Silte muito mole fofo 0,055 0,055

Tabela 6.2 – Valores da constante do coeficiente de reação horizontal - η h


(kgf/cm3) para areia ou argila norm. adensada conforme TERZAGHI (1955)

Desta forma, a constante de mola do modelo de WINKLER é obtida multiplicando o


Módulo de Reação Horizontal (K) pelo quinhão do comprimento do tubulão, de forma a
se escrever:

k h = K ⋅ ∆l

Onde ∆l é o comprimento de influência da fundação, no presente caso, computa-se a


influência de cota do SPT, assim ∆l = 1m.
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Referência bibliográfica: TEIXEIRA& GODOY (1996), Terzaghi (1955).

6.2.2. Conforme SPT/m


Nesta formulação, apresentada por Waldemar Tietz em TIETZ (Década de 70), utiliza-
se um coeficiente de proporcionalidade (m), com unidade FL-4, que caracteriza a
variação do coeficiente horizontal em relação ao tipo do solo. Essa formulação é
originalmente aplicada a tubulões com mais de 1m de diâmetro. Este coeficiente
depende do tipo de solo, sua consistência ou compacidade e do intervalo do SPT da sua
camada, ver valores nas tabelas 14 e 15.
Desta forma, a constante de mola do modelo de Winkler é obtida multiplicando este
coeficiente de proporcionalidade (m) pelo quinhão do comprimento do tubulão, pela
profundidade da camada e pelo diâmetro do fuste, de forma a se escrever para uma
camada genérica i:

(kh )i = (m ⋅ z ⋅ D ⋅ ∆l )i

SOLO ARGILOSO CONSISTÊNCIA SPT m (tf/m4)


Turfa Meio líquido 0 25
Argila Muito mole 1 75
Argila Mole 3 150
Argila Média 6 300
Argila Rija 12 500
Argila Muito rija 22 700
Argila Dura 30 900

Tabela 6.3 – Valores de m (tf/m4) para argila

SOLO ARENOSO COMPACIDADE SPT m (tf/m4)


Areia Fofa 1 150
Silte Pouco compacta 7 300
Silte Medianamente c. 20 500
Areia Compacta 40 800
Argila Muito compacta 50 1500

Tabela 6.4 – Valores de m (tf/m4) para areia

Referência bibliográfica: TIETZ (Década 70), SCHAFFER, A. (1995).

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Coeficiente de Reação Horizontal (CRH) – Sapatas e Tubulões 53

6.2.3. Resumo dos Diversos Métodos


Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do
Coeficiente de Reação Horizontal com algumas características importantes de cada um,
tais como: consideração de camadas, associação de camadas, grau de dependência do
SPT etc. Esta tabela tam o objetivo de auxiliar a seleção do método desejado e
apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às camadas da
sondagem.

Método Tipo Considera Associa- Associa- Variáve- Depen-


para Solo Diversas ção ção is a dência
calculo Camadas? Camada Camada definir do
do Sonda- Sonda- por Método
CRH gem gem camada / SPT
pelo pelo
SPT Titulo

Tipo Argila Sim Não Sim Kh Nenhum


do Dura
Solo Areia
Argilas Sim Não Sim nh Nenhum
moles
SPT/m Argila Sim Sim Não ---- Total
Areia

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7. Observações Gerais – Sapatas e


Tubulões
a) Nos arquivos de critérios as tabelas que se referem ao item ‘Conforme SPT” indica
que, para cada metro da sondagem, o SISEs associa o valor do SPT desta cota com os
valores de compacidade (areia) ou consistência (argila) mediante a relação clássica que
é reproduzida na Tabela 7.1 a seguir. Desta forma, em função do tipo de areia ou argila
associado ao SPT, busca-se o valor nas tabelas onde isto seja habilitado.

Compacidade Intervalo do SPT


Areia fofa SPT ≤ 4
Areia pouco compacta 4 < SPT ≤ 8
Areia medianamente compacta 8 < SPT ≤ 18
Areia compacta 18 < SPT ≤ 40
Areia muito compacta SPT > 40

Consistência
Argila muito mole SPT ≤ 2
Argila mole 2 < SPT ≤ 5
Argila média 5 < SPT ≤ 10
Argila rija 10 < SPT ≤ 19
Argila dura SPT > 19

Tabela 7.1 – Relação entre SPT com compacidade e consistência

b) O computo dos coeficientes verticais ao longo dos nós do fuste do tubulão é feito
usando um dos métodos de cálculo de CRV conforme selecionado pelo usuário nos
programas de edição das fundações. De maneira que os valores tanto verticais como
horizontais são atribuídos nos nós do fuste e da base do tubulão, conforme esquema da
figura 7.1. O SISEs adota o mesmo coeficiente horizontal para as duas direções
perpendiculares.

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Observações Gerais – Sapatas e Tubulões 55

kh

kv

kh

kv

kh

kv

kh kh kh

kv kv kv

Figura 7.1 – Distribuição da molas ao longo do tubulão

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8. Capacidade de Carga Estaca / Solo –


Estacas
8.1. Modelo de Ruptura Estaca – Solo
Um grupo de estacas forma um complexo sistema por ser formado pelo conjunto de
estacas próximas entre si interagindo com o solo, altamente hiperestático pelas
condições de contorno, além de ser ligado no topo pelo bloco rígido que normalmente
está em contato com o solo. A transferência de cargas ocorre através das interações
entre a estrutura (estacas + blocos de coroamento + superestruturas) e os solos
adjacentes.

Os mecanismos envolvidos na transferência de carga dependem do modo como a estaca


for carregada, ou seja, por esforço axial, lateral, de torção ou pela combinação destes.
Estes serão mais complexos quanto mais complicado for o sistema de carregamento.

No SISEs serão consideradas apenas as estacas verticais carregadas axialmente e


submetidas a esforços de compressão. Para estacas lançadas com pequenas inclinadas
também será feita essa consideração.

A transferência da carga de compressão Ni recebida pela estaca i para o solo, se dá


basicamente em duas parcelas:

- ao longo do fuste, devido ao pequeno movimento relativo entre a estaca e o solo, em


função do carregamento aplicado, o qual provoca o surgimento de tensões de
cisalhamento que dão origem a reação (força) Pl;

- na base da estaca, devido à pressão de contato com o solo, que também depende do
movimento vertical da estaca, o qual provoca o surgimento de tensões que dão origem à
reação (força) Pp.

A determinação do diagrama de transferência de carga ao longo da estaca-solo depende


intimamente de como o sistema comporta no estado de ruptura. Existem vários métodos
para a estimativa de ruptura do sistema estaca-solo. Escolheram-se para o SISEs os
métodos Aoki-Velloso (1975) e Decóurt-Quaresma (1978), que atualmente são os
utilizados e estudos no Brasil.

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Capacidade de Carga Estaca / Solo – Estacas 57

8.1.1. Método Aoki-Velloso


Este método, com base nos resultados semi-empíricos, estima o diagrama de ruptura do
sistema estaca – solo. Inicialmente foi concebido com base nos ensaios de penetração
estática CPT, mas através da correlação pode ser utilizado os dados do índice à
penetração dinâmica SPT, o mais utilizado na atualidade.

PR = PL + PP Carga de ruptura do sistema estaca-solo;


PL = ∑U ⋅ ∆l ⋅ rl Carga de ruptura lateral ao longo do fuste da estaca;
PP = A ⋅ rp Carga de ruptura na base da estaca

Para:

U = perímetro da seção transversal do fuste da estaca;


rl = atrito lateral específico;
A = área da ponta da estaca;
∆l = trecho onde se admite rl constante, sugere-se adotar para cada 1 metro.

Figura 8.1 – Carga de ruptura do contato estaca – solo.

N 0 (z ) é o diagrama de esforço normal na profundidade z no fuste da estaca.

Segundo AOKI & VELLOSO (1975):

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58 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

qc K . N SPT
rp = ≅
F1 F1
fs α . K . N SPT
rl = ≅
F2 F2

N SPT é o número de SPT obtido nas sondagens à percussão ao longo da profundidade


onde será instalado a estaca. O rl é o atrito lateral específico de um trecho do
comprimento da estaca e depende do solo e tipo da estaca empregada. Os valores de α e
K mais prováveis para os solos da cidade de São Paulo são apresentados na tabela
abaixo:

Tipo de Terreno K ( MPa) α (%) 


Areia 1,00 1,4 Tipo de estaca F1 F2
Areia siltosa 0,80 2,0 Franki 2,50 5,00
Areia silto argilosa 0,70 2,4 Pré-moldadas 1,75 3,50
Areia argilosa 0,60 3,0 Escavadas 3,00 6,00
Areia argilo siltosa 0,50 2,8
Silte 0,40 3,0
Silte arenoso 0,55 2,2
Silte areno argiloso 0,45 2,8
Silte argiloso 0,23 3,4
Silte argilo arenoso 0,25 3,0
Argila 0,20 6,0
Argila arenosa 0,35 2,4
Argila areno siltosa 0,30 2,8
Argila siltosa 0,22 4,0
Argila silto arenosa 0,33 3,0

Tabela 8.1 – Valores dos coeficientes do Método Aoki-Velloso, ALONSO (1983).

Para estacas pré-moldadas de pequeno diâmetro, o valor F1=1,75 mostrou-se muito


conservador. Por isso, Aoki (1985) faz nova proposição para o coeficiente empírico:
D
F1 = 1 + , onde D = diâmetro do fuste da estaca em metros.
0,80
F2 = 2 F1

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Capacidade de Carga Estaca / Solo – Estacas 59

Aoki (1996) comenta que o coeficiente F2 pode variar entre uma à duas vezes o valor
de F1 e que, portanto, F2 = 2 F1 é a hipótese mais conservadora. Para estacas
escavadas, segundo Aoki (1976) dependendo do maior ou menor grau de perturbação
introduzido no terreno pelo processo empregado, F2 varia entre 4,5 e 10,5 (com
F2 = 2 F1 ). Segundo Velloso (1978) apud ABMS (2000) podem ser adotados valores
F1 = 3,5 e F2 = 7,0 para estacas escavadas com lama bentonítica.

É necessário frisar que os métodos semi-empíricos para o cálculo da capacidade de


carga só podem ser aplicados aos tipos de estacas e regiões geotécnicas para os quais
foram estabelecidos. Nas outras regiões onde faltam caracterização científica, o
importante é o levantamento do perfil do solo através da sondagem e determinação do
tipo de solo pelo método tato-visual por profissionais experientes e com rigor técnico.
A carga admissível deverá ser usado coeficiente de segurança de no mínimo 2:

PR
Padm =
2

8.1.2. Método Décourt-Quaresma


Este método, ao contrário do método Aoki-Velloso(1975) parte diretamente dos ensaios
SPT. Ele foi inicialmente estabelecido em 1978 para estacas pré-moldadas de cravação,
mas os autores afirmam que também podem ser aplicados para outras estacas como
escavadas, Strauss, Franki, etc. Este método foi revisto em 82, 87 e 96 apud ABMS
(2000).

O atrito lateral específico r l é obtida pela fórmula empírica:

N
rl = + 1 (tf/m 2 ) , onde 3 ≤ N ≤ 50 em função do número de SPT
3

Ou em sistema internacional:

N 
rl = 10 + 1 (kPa )
3 

O atrito lateral específico deverá ser multiplicado com a área de contato do fuste da
estaca-solo para cada metro de profundidade. A somatória das capacidades laterais ao
longo do fuste fornecerá a capacidade lateral acumulada PL.

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60 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Inicialmente (1978) os valores de número de SPT foram estabelecidos como sendo 3 o


mínimo e 15 o máximo. Mas em 1982, o limite superior foi estendido para 50 para
estacas de deslocamentos (cravação), embora seja difícil cravar estacas com solos
granulares e número de SPT maior que 20. O interessante nesse método, é que para a
estimativa de atrito lateral de ruptura, não se distingue o tipo de solo como ocorre em
Aoki-Velloso(1975). Mais adiante, veremos que com a introdução de coeficientes β
no cálculo de carga admissível é que diferencia entre solos argilosos, siltosos, arenosos
e tipo de estaca utilizada.

Já na resistência da ponta da estaca é estimado segundo tipo de solo:

PP = rp A b , onde: A b é a área da base da estaca;


rp = C N p (tensão de ruptura da base);

Np = é a média entre os valores de número de SPT na profundidade da ponta da estaca


em estudo, o imediatamente acima e o imediatamente abaixo;

C= fator característico do solo, ajustado através de 41 provas de carga realizadas em


estacas pré-moldadas de concreto. Nas provas de carga que não atingiram a ruptura,
utilizou-se a carga de ruptura convencional correspondente ao recalque de 10% do
diâmetro da estaca). Seus valores básicos são:

C= 12 tf/m2 para as argilas;


C= 20 tf/m2 para os siltes argilosos;
C= 25 tf/m2 para os siltes arenosos;
C= 40 tf/m2 para as areias.

Em 1996 Décourt introduziu os coeficientes α e β segundo o tipo de solo e estaca:

Injetadas
Tipo de Escavada Escavada Hélice Injetadas
(sob
solo a seco (bentonita) contínua (raiz)
pressão)
Valores típicos de α
Argilas 0,85 0,85 0,30* 0,85* 1,00*
Siltes** 0,60 0,60 0,30* 0,60* 1,00*
Areias 0,50 0,50 0,30* 0,50* 1,00*
Valores típicos de β
Argilas 0,80* 0,90* 1,00* 1,50* 3,00*
Siltes** 0,65* 0,75* 1,00* 1,50* 3,00*
Areias 0,50* 0,60* 1,00* 1,50* 3,00*

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Capacidade de Carga Estaca / Solo – Estacas 61

* Valores orientativos diante do reduzido número de dados disponíveis;


** Pode ser considerado também como solos intermediários.

Tabela 8.2 – Coeficientes do Método Décourt-Quaresma, ALONSO (1983).

Décourt (1982) propõe a utilização de quatro coeficientes parciais de segurança


referentes às seguintes incertezas: Fp (de parâmetros do solo), Ff (da formulação
adotada), Fd (das deformações excessivas) e Fc (das cargas). Para o atrito lateral sugere
os valores Fp =1,10 ; Ff =1,00 ; Fd =1,00 ; Fc =1,20 , cuja multiplicação resulta γ l =1,10
x 1,00 x 1,00 x 1,20 =1,32, adota-se γ l =1,30 e para resistência da ponta Fp =1,35 ;
Ff =1,00 ; Fd =2,50 ; Fc =1,20 , cuja multiplicação resulta γ p =1,35 x 1,00 x 2,50 x 1,20
=4,05, adota-se γ p =4,00.

Então, os coeficientes de segurança “globais” referentes às parcelas de atrito lateral será


1,3 e para a parcela de ponta será 4,0. Assim a carga admissível deve atender
simultaneamente a :

β PL α PP
Padm = +
1,3 4,0
PR β PL + α PP
Padm = =
2 2

Dentre os dois resultados, deverá escolher a menor dos dois, por exemplo:

Dado uma estaca escavada a seco num solo arenoso α = β = 0,50 , com PL=18 tf e
PP=42 tf, tem-se:

β PL α PP 0,5 x18tf 0,5 x 42tf


Padm = + = + ≅ 12tf
1,3 4,0 1,3 4,0
PR β PL + α PP 0,5 x18tf + 0,5 x 42tf
Padm = = = = 15tf
2 2 2

Então, 12tf (a menor) será adotada como carga admissível para as condições do solo e
tipo de estaca deste exemplo.

Vale lembrar que estas expressões de cargas admissíveis Padm são de uso exclusivo
quando a ruptura lateral (PL) e ruptura na ponta (PP) são estimados pelo método
Decóurt-Quaresma, não fazendo sentido aplicar no método Aoki-Velloso ou nos outros
métodos.
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9. Mecanismo de Transferência Axial de


Carregamento – Estacas
Segundo AOKI (1979) as observações experimentais mostram que:

- o atrito lateral no momento da ruptura PL é quase totalmente mobilizada com o


pequeno deslocamento no topo da estaca: 4 mm a 10 mm, aparentemente independente
do tipo ou dimensão da estaca;

- a resistência pela ponta na ruptura PP é mobilizada para grandes deslocamentos,


sendo dependente das dimensões da estaca, entre de 8 % do diâmetro para as estacas
cravadas e até 30% do diâmetro para as estacas escavadas.

Estes fatos evidenciam que o atrito lateral, na maioria das vezes, é mobilizado antes da
base, podendo-se admitir de forma simplificada que a reação na base da estaca só se
inicia após a total mobilização do atrito lateral. Para a carga aplicada P no topo da
estaca, menor que ruptura PR e maior que ruptura lateral PL, admite-se que toda a
resistência lateral é mobilizada no fuste e a diferença entre P e o PL fornece a carga na
base da estaca, fig.9.1:

Pp = P − PL

Figura 9.1 – Modelo de transferência de carga, AOKI (1979).


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Mecanismo de Transferência Axial de Carregamento – Estacas 63

Neste caso, o diagrama de força normal na profundidade z da estaca é:

N O (z ) = P − PL(z )

No caso em que P aplicado for menor que a resistência lateral PL, o recalque é da
ordem de alguns milímetros e admite-se que todas as cargas serão resistidos pelo
contato lateral do fuste da estaca e o solo. Nesta condição a base da estaca não recebe
carregamento, ou seja Pp = 0. Neste caso, pode-se recorrer a duas hipóteses:

- Modelo A, onde admite a distribuição parcial da carga à medida que vai vencendo a
resistência lateral máxima ao longo do fuste. (Fig. 9.1);

- Modelo B, admite que a distribuição se manifeste ao longo do fuste da estaca,


redistribuindo as cargas, neste caso o diagrama de esforço normal da estaca é:

N O (z ) = P[1 − PL(z ) / PL ]

Figura 9.2 – Obtenção do diagrama para o Modelo B de transferência.

Nesta proposição, tanto no Modelo A como no Modelo B, o diagrama de transferência


de carga depende somente do conhecimento do diagrama de ruptura estaca-solo e da
carga aplicada no topo da estaca, ou seja, o problema altamente hiperestático deixa de
ser indeterminado e o diagrama de transferência de carga passa a ser conhecido,
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64 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

segundo AOKI (1979). A simplificação adotada neste processo é que apesar de levar
em consideração os efeitos do grupo de estacas para estimativa de recalques, o
diagrama de transferência de carregamento continua sendo a mesma da estaca isolada.
A melhor maneira de traçar o diagrama de transferência é a realização de provas de
carga nas estacas, porém devido ao custo para mobilizar equipes de alta qualificação e
equipamentos, este processo não é comum nas obras.

Figura 8.3 – Diagramas de atrito lateral específico.

Para o caso de carga aplicada no topo da estaca for menor que a resistência lateral
acumulada do fuste, ou seja, P < PL, a transferência de cargas locais para trechos de
estacas, segue duas hipóteses de acordo com o modelo adotado:

- caso for Modelo A, o carregamento P somente passará para camadas mais profundas,
vencendo a resistência de ruptura contato fuste-solo, podendo-se subdividir em duas
regiões: a região A onde vale P - PL(z) > 0 e a região C onde vale P – PL(z) < 0, e
entre estas duas regiões, o ponto B, onde P - PL(z) = 0 é a profundidade onde cessa a
transferência de atrito lateral, onde abaixo desse ponto o atrito lateral é nulo. Neste
modelo, o atrito lateral específico desenvolvido é a própria resistência local Q(z) de
ruptura fuste-solo.

- caso for Modelo B, o carregamento P passará para camadas mais profundas,


vencendo proporcionalmente a resistência do contato fuste-solo. Neste modelo,
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Mecanismo de Transferência Axial de Carregamento – Estacas 65

diferente do modelo A, os atritos laterais específicos fuste-solo serão distribuídos


proporcionalmente de acordo com o nível de carregamento e somente atingirá a
resistência local Q(z) quando a carga no topo da estaca se igualar ao PL (resistência
lateral acumulada do contato fuste-estaca).

9.1. Comentários
Neste item foi mostrado os dois modelos (hipóteses) de transferência de cargas axiais
ao longo do fuste da estaca. É bom lembrar que dependendo do tipo de solo (coesivo ou
não) e método construtivo (estaca cravada ou escavada), o comportamento de
transferência pode ser mais próximo da realidade para o modelo B de transferência do
que o modelo A. A melhor maneira de escolher qual o modelo a adotar é executando a
prova de carga na estaca.

Além dos métodos AOKI-VELLOSO (1975) e DECÓRT-QUARESMA (1978),


existem outros métodos como VELLOSO (1981), TEIXEIRA (1996) e outras que
foram concebidos para determinados tipos de estacas como o método da BRASFOND
(1991), CABRAL (1986), LIZZI (1982), SALIONI (1985), BUSTAMANTE; DOIX
(1985) para estacas tipo raiz e métodos de ANTUNES;CABRAL (1996), ALONSO
(1996) para estacas tipo hélice contínua. Estes últimos métodos, acredita-se que por ter
sido concebido para o caso particular de estaca, podem ser mais confiável do que os
métodos Aoki-Velloso e Décourt-Quaresma que foram concebidos para estacas de
cravação. Todos esses métodos poderão ser implementados futuramente no programa
computacional para enriquecer os critérios de estimativa de ruptura.

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66 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

10. Estimativa de Recalques - Estacas


10.1. Teoria da Elasticidade
A estimativa de tensões e recalques em um ponto no interior do solo, induzido por uma
estaca sob carregamento vertical é um problema altamente complexo que envolve
vários aspectos como: a interação solo-elemento de fundação, a deformação do solo, a
deformação do próprio elemento de fundação, a mudança nas características do solo e
das tensões originais, decorrentes da instalação da estaca. Para se proceder ao cálculo
da parcela δ S (recalque na base da estaca) deve-se adotar um modelo matemático
representativo do comportamento do solo.

Segundo VESIC (1975) pode-se lançar mão de três modelos:

a) Função de transferência de carga (curvas t – z);


b) Meio elástico semi-infinito, isótropo, homogêneo, caracterizado pelo módulo de
elasticidade (ES) e pelo coeficiente de Poisson (ν);
c) Elementos finitos.

A adoção do primeiro tipo em que os apoios que o solo oferece são substituídos por
molas de rigidez conhecida, obedecendo a lei reológica expressa pela função de
transferência de carga, faz crer que um ponto só se desloca se ali for aplicada uma
carga. Na realidade, pontos distantes do local carregado, também sofrem
deslocamentos, devido à continuidade do meio. Essa continuidade do meio é melhor
representado pelos modelos b e c, sendo este ultimo de aplicação pouco difundida
devido à dificuldade de discretização do maciço de solo.

A solução de recalques de um grupo de estacas imersas em solo foi apresentada em


AOKI & LOPES (1975), como uma extensão de VESIC (1975), através da
superposição dos efeitos de cargas no interior do solo utilizando a solução de
MINDLIN (1936), segundo o qual as cargas que um grupo de estacas transmitem ao
terreno são discretizadas em um sistema estaticamente equivalente de cargas
concentradas, cujos efeitos são superpostos nos pontos em estudo.

Para o cálculo de recalque imediato, utilizam-se as equações de MINDLIN (1936),


considerando o solo como elástico semi-infinito, embora o solo não seja um material
perfeitamente elástico, homogêneo e isótropo. Esta equação onde a carga está aplicada
em profundidade, fornecem as expressões das tensões verticais e seus correspondentes
recalques. O SISEs aborda apenas a expressão de recalque vertical rZ .

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Estimativa de Recalques - Estacas 67

Figura 10.1 – Meio elástico semi-infinito, MINDLIN (1936).

O recalque na profundidade z no ponto B devido a carga pontual P é:

P(1 + ν )  3 − 4ν 8(1 - ν )2 − (3 − 4ν ) (z - c)2 (3 − 4ν )( z + c) 2 − 2cz 6cz (z + c)2 


rz =  + + + + 
8πE(1 - ν )  R1 R2 R13 R23 R25 

onde: R1 = R 2 + ( z - c ) 2

R2 = R 2 + ( z + c ) 2

ν= Coeficiente de Poisson
E = módulo de deformabilidade do solo;
P = carga aplicada dentro do meio contínuo;
B (x,y,z) é o ponto em estudo, onde se quer saber o recalque rZ.

A base da estaca, pode se deslocar devido às cargas aplicadas ao longo do fuste Q(z) e
ou da ponta Pp . De acordo com VESIC (1975) pode-se escrever:

δ s = δ s, f + δ s, b

δ s, f = parcela de deslocamento na base da estaca devido à ação no fuste;


δ s, b = parcela de deslocamento na base da estaca devido à ação na base da estaca.

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68 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Esta idéia em dividir o δs em duas parcelas, permitiu a simulação de plastificação do


contato do fuste com o maciço de solo que ocorre após a total mobilização da
resistência lateral fuste - solo, passando o restante da carga para a base da estaca. Os
recalques, devido a aplicação de um conjunto de cargas pontuais, em um ponto em
estudo B(x,y,z) é obtido pela somatória de recalques devido às cargas atuantes nos
fustes de um grupo de estacas e a somatória dos recalques devido às cargas atuantes nas
bases de um grupo de estacas:

N estacas n1 n 2 N estacas n1 n 3
δs = ∑
n
∑∑
=1
i j
δ i, j
=1 =1
+ ∑
n
∑∑
=1
i k
δ i,k
=1 =1

Onde, δi,j é o recalque na base da estaca devido a carga pontual Pi,j atuante na base da
estaca e δi,k é o recalque na base da estaca devido a carga pontual Pi,k atuante no fuste
da estaca.

As fórmulas apresentadas por Mindlin partem da hipótese de que o solo é um meio


homogêneo e semi–infinito, o que não corresponde à realidade do solo natural que
apresenta estratificação e camada indeslocável em uma determinada profundidade. Para
levar em conta estes problemas, pode-se recorrer ao artifício proposto por
STEINBRENNER (1934), ainda considerando o solo como semi–infinito e com o uso
de MINDLIN (1936) calcula-se:

- o recalque r i∞ na profundidade “i” no nível entre a superfície e o indeslocável;


- o recalque r h∞ na profundidade “h” escolhido como nível indeslocável.

Figura 10.2 – Procedimento de STEINBRENNER (1934).

Como no nível indeslocável o recalque é teoricamente nulo, qualquer recalque no nível


“i” que esteja no nível acima será obtido pela diferença entre os recalques dos dois
níveis:

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Estimativa de Recalques - Estacas 69

Figura 10.3 – Aplicação do procedimento para várias camadas.

A proposição de Steinbrenner pode ser generalizada para o caso em que existem várias
camadas antes do indeslocável. O cálculo é feito da camada de baixo para cima,
admitindo-se que todo o solo, do indeslocável para cima, seja do mesmo material da
camada 2. Em seguida, calcula-se o recalque r i∞ no topo da camada 2 e r h∞ no nível
do indeslocável. O recalque nesta camada será r a :

r a = r i∞ - r h ∞

O procedimento é repetido, levando-se o indeslocável para o nível da camada já


calculada e utilizando-se as características do solo imediatamente acima calcula-se o
recalque r b . O recalque no nível da aplicação da carga será obtido pela superposição
dos recalques r i das camadas.

Aplicando o mesmo raciocínio para caso de estacas imersas no solo, tem-se:

Figura 10.4 – Procedimento de STEINBRENNER para estacas.


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Onde se determina para cada nível da camada o correspondente r i com características


daquela camada em estudo. Portanto, o recalque δs é a somatória de todos os recalques
de n camadas abaixo do nível da base da estaca, lembrando-se que os recalques na base
da estaca devem levar em conta os efeitos de outras estacas j além da própria estaca i.
Feito isso, o recalque no topo da estaca i é a soma do recalque na base da estaca δs e a
deformação elástica do fuste δp:

δo i = δ s i + δ p i

A validade do processo que utiliza STEINBRENNER (1934) é comprovada em alguns


trabalhos; entre eles destaca-se o relatório apresentado em KUSAKABE et al. (1989).

10.2. Módulo de Elasticidade do Solo


Estimar o módulo de elasticidade (o termo correto para o solo é módulo de
deformabilidade) é um dos assuntos mais difíceis da engenharia de fundação. Por sua
natureza de material heterogêneo, o módulo de deformabilidade do solo varia conforme
o nível de carregamento aplicado, saturação e de região onde está sendo utilizado. Uma
formulação que vale para uma região pode não valer mais na outra. A sua escolha
correta é o que determina a estimativa de recalque o mais próximo da realidade.
Seguem-se algumas fórmulas e tabelas para estimar a ordem de grandeza:

SOLO VALORES TÌPICOS


(kgf/cm²)
Silte arenoso residual de São Paulo E = 1,15 Rp
Silte argiloso residual de São Paulo E = 2,40 Rp
Aterro compactado de silte argiloso E = 3,00 Rp
Areia normalmente adensada E = 5 (SPT + 5)
Areia sobreadensada E = 180 + (7,50 SPT)
Argila terciária de São Paulo E = 55,4 + (25,9 SPT)
Argila muito mole (nº. SPT ≤ 2) 10
Argila mole (nº. SPT 3 a 5) 20
Argila média (nº. SPT 6 a 10) 50
Argila rija (nº. SPT 11 a 19) 80
Argila dura (nº. SPT > 19) 150
Areia fofa (nº. SPT ≤ 4) 50
Areia pouco compacta (nº. SPT 5 a 8) 200
Areia medianamente compacta (nº. SPT 9 a 18) 500
Areia compacta (nº. SPT 19 a 40) 700
Areia muito compacta (nº. SPT > 40) 900
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Estimativa de Recalques - Estacas 71

Tabela 10.1 – Estimativas de módulo de deformabilidade do solo, PENNA (2004).

Na Tabela 5.1, Rp é a resistência do terreno ao avanço da ponta de cone, em unidade de


tensão (kgf/cm²), força dividida pela área do cone, de 10cm². Além dessa tabela, para
solos arenosos, MELO (1971) apud ALBIERO (1993) apresenta uma expressão
empírica para previsão do módulo de deformabilidade ES em função do nº. de SPT:

E = 220 x 10 (1,224 + 0,405 log N) (kPa)

Onde N é o número de SPT da sondagem.

Diferentemente do módulo de deformabilidade do solo, o coeficiente de Poisson tem


pouca influência para o recalque. Quanto aos valores do coeficiente de Poisson, têm-se
as seguintes estimativas:

SOLO POISSON
Argila saturada 0,50
Argila não-saturada 0,30
Areia 0,35
Silte 0,30

Tabela 10.2 – Estimativa dos coeficientes de Poisson do solo, PENNA (2004).

10.3. Modelo de Distribuição de Cargas Pontuais na


Estaca
A idéia básica utilizada pelo sistema SISEs é distribuir as cargas no fuste e na
ponta(base) da estaca em cargas estaticamente equivalentes, de modo que represente o
mais próximo possível a realidade da obra. Dentro deste conceito, quanto maior a
discretização feita, melhor será a representatividade dos resultados.

10.3.1. Carga na base


A carga na base da estaca é admitida como sendo uniformemente distribuída, sendo
transformada em um sistema estaticamente equivalente de cargas pontuais atuando em
cada uma das subáreas divididas em n1 x n2 partes iguais. Sendo n1 (nº de divisões da
circunferência) e o n2 (nº de divisões do raio da base Rb).

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10.3.2. Carga no fuste


Para a carga no fuste da estaca admite-se uma distribuição linear. A circunferência, de
raio Rs é subdividido em n1 partes iguais e o trecho do fuste entre as profundidades (D2 -
D1) subdivididos em n3 partes iguais. Sendo i,k os índices da posição do ponto I i,k da
superfície do fuste.

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Coeficientes de Reação Vertical (CRV) – Estacas 73

11. Coeficientes de Reação Vertical


(CRV) – Estacas
11.1. Cálculo de CRV para Estacas e Tubulões

Nº de SPT, tipo de estaca e solo + Carga no topo da estaca

Programa para cálculo de resistência do


contato fuste e base da estaca

Método AOKI-VELLOSO ou Método DECÓURT-QUARESMA

Atritos laterais locais (força de atrito / metro) do fuste

Modelo A de transferência ou Modelo B de transferência

Programa para cálculo de recalques na base da estaca com efeito de grupo


AOKI-LOPES, VESIC,MINDLIN,STEINBRENNER

Cálculo de CRVgeral, CRVfuste, CRVponta

Figura 11.1 – Fluxograma geral de processamento e transferência de dados.

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74 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

O CRV (coeficiente de reação vertical) pode ser entendido como rigidez do contato
estaca-solo. Aplica-se no topo de cada estaca i o carregamento Pi obtido pela resolução
de pórtico espacial, considerando inicialmente como apoiado em base rígida. O CRV da
estaca é a razão entre a carga aplicada Pi no topo e o deslocamento sofrido na base da
estaca δ i , que pode ser resolvido pelo modelo de Aoki-Lopes com efeito de grupo:

Pi
CRVestaca i =
δi

Onde Pi é carga aplicada no topo da estaca e δ i é o recalque na base da estaca +


deformação elástica do fuste (caso for para considerar).

Levando-se em consideração a proporcionalidade das forças distribuídas ao longo do


fuste e na base da estaca, pode-se fazer seguinte relação:

Para o Coeficiente de reação vertical do fuste na profundidade j da estaca i, tem-se:

CRVestaca i CRV fuste j, i CRVestaca i F fuste j, i


m
= , ou seja: CRV fuste j, i = m
F fuste j, i
∑F
j =1
fuste j, i + F ponta, i ∑F
j =1
fuste j, i + F ponta, i

Na expressão acima, a distribuição das forças F fuste j, i ao longo do fuste, depende do


modelo de transferência (modelo A ou B) que for adotado, quando P<PL(z). O
m
denominador ∑F
j =1
fuste j, i + F ponta, i = Pi pode ser entendido como carga atuante no topo

da estaca. Caso esta carga for menor ou igual que a resistência lateral acumulada do
fuste PL, pela teoria de VESIC(1975) fica entendido como todo o carregamento
resistido pelo fuste, tornando a parcela de carga na ponta (base) zero, F ponta, i = 0 .

Para o Coeficiente de reação vertical da ponta da estaca i, tem-se:

Pi
F ponta, i
δi F ponta, i
CRV ponta i = → CRV ponta i =
Pi δi

Caso o carregamento aplicado no topo da estaca for todo absorvido pelo fuste, ou seja
P ≤ PL , não terá carga na base da estaca, F ponta, i = 0 , portanto CRV ponta, i = 0 .

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Coeficientes de Reação Vertical (CRV) – Estacas 75

A somatória dos coeficientes de reações verticais do fuste e da ponta, deverá resultar


em coeficiente de reação da estaca i:

∑ CRV
j =1
fuste j, i + CRV ponta, i = CRV geral, i

Onde j = 1 , 2, 3, ... , m da estaca i

Fisicamente, a expressão acima, pode ser entendida como um conjunto de “molas” que
se distribuem ao longo do fuste e na base da estaca, e que estas “molas” representam
proporcionalmente a distribuição de rigidezes do contato estaca-solo segundo a lei de
transferência de cargas. Isso significa que se for adotado o modelo A de transferência, o
carregamento será distribuído começando do topo em direção à base, onde cada “mola”
será solicitada por um carregamento e caso atingir a sua plastificação será repassado
para “molas” subseqüentes. Neste modelo, a carga na base da estaca só será despertado
caso todo o contato fuste-solo for atingido a sua plastificação (deslizamento). Caso for
adotado o modelo B de transferência, o carregamento será proporcionalmente
distribuído ao longo do fuste, e como no modelo A, só será transferido para a base da
estaca quando toda a resistência lateral da estaca for vencida pelo carregamento
aplicado no topo, ou seja, quando entra em plastificação.

Figura 11.2 – Representação da estaca.

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Vale ressaltar que, o “trunfo” deste modelo é a sua simplicidade em relação aos
modelos mais sofisticados (método dos elementos finitos e contorno), facilitando sua
aplicação e a representatividade. A “mola” idealizada não é a mola de Winkler, pois:

- ela varia conforme o nível de carregamento, inclusive altera a curva quando o


carregamento ultrapassa a resistência lateral PL do fuste. Portanto, a “mola” representa
a não linearidade do comportamento da estaca;

- ela é influenciada pelo efeito de grupo de estacas, ou seja, o carregamento de ema


estaca influenciará nos recalques das demais estacas mais próximas.

Vale ainda esclarecer que não existe coeficiente de mola constante para um
determinado solo. O seu valor depende da interação completa da rigidez da estrutura x
solo. Por exemplo, os coeficientes de mola da fundação de um edifício sobre o solo “A”
não é a mesma se for construído sobre esse mesmo solo um edifício com outra rigidez
(número de pavimentos, arranjos estruturais ou sistemas estruturais diferentes).

11.2. Aplicação para a Interação Integrada Estrutura


– Solo
Pode-se simular a interação estrutura-solo nos seguintes passos:

1.- com o programa de pórtico espacial (ou plano), calcula-se as reação nas estacas
(apoios do bloco de coroamento), inicialmente considerando-os totalmente engastados;

2.- com estas reações, calcula-se os recalques (deslocamentos na ponta da estaca +


encurtamento do fuste da estaca), considerando-os efeitos do grupo pela teoria da
elasticidade. Calculam-se as rigidezes equivalentes, dividindo as forças (reações de
apoio) aplicadas pelos respectivos recalques;

3.- volta-se na estrutura, substituindo os apoios do bloco pelos blocos efetivos (rígidos
e/ou flexíveis) e as estacas devidamente discretizadas até a base.

4.- aplicam-se aos nós da estrutura da fundação discretizada os CRV’s e CRH’s através
de vínculos elásticos e representativos da presença do solo.

5.- resolve-se toda a estrutura integrada (fundação + superestrutura). Os resultados


obtidos já são os resultados finais nos elementos de fundação e nas vigas e pilares do
edifício.

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Coeficientes de Reação Vertical (CRV) – Estacas 77

Figura 11.2 – Interação estrutura-solo.

A filosofia adotada neste sistema, de acrescentar molas de rigidez equivalente aos nós
dos elementos de fundação discretizados, permite que a estrutura faça a sua adaptação
de acordo com a sua própria rigidez, sem a necessidade de introdução de forças nas
fundações e imposição de deslocamentos nos apoios. Não é um processo de
convergência iterativa pois toda a estrutura (super e infra) é resolvida simultâneamente.

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78 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

12. Observações Sobre o CRV – Estacas


O método AOKI-LOPES(1975) à luz da teoria da elasticidade com o uso de solução de
MINDLIN(1936) e processo de STEINBRENNER(1934) tornou possível a análise dos
efeitos de ações de grupos de elementos de fundações, sem a necessidade de
discretização do meio envolvente (maciço de solo). Porém a transferência de cargas
para o solo adjacente é feita como se fosse meio contínuo, incluindo o espaço
preenchido pelas estacas, não considerando a descontinuidade do maciço. Esta ‘lacuna’
só é resolvido com o uso de ferramentas mais sofisticadas como a combinação de
método dos elementos de contorno e método dos elementos finitos discretizando tanto o
maciço de solo como elementos de estacas para simular a existência de diferentes
materiais (estaca x solo) e a introdução de elementos de contato.

Seria interessante verificar mediante a comparação dos dois métodos, se esta


descontinuidade ocupada pelas estacas até que ponto são realmente significativas ou
não. Também é importante enfatizar que nem todos os resultados numéricos mais
‘sofisticados’ são verdadeiras para o uso prático, pois o solo é um material que
dificilmente pode-se simular numericamente com exatidão.

Outra simplificação do modelo é o diagrama de transferência de carregamento da estaca


ao longo do fuste. A resistência máxima do contato fuste – solo pode mudar com o
efeito do grupo de estacas devido à deformação do solo adjacente provocados pela
interação do conjunto. Este efeito é de difícil quantificação, e no momento não está
sendo considerado no modelo.

Após alguns testes com as rotinas de cálculo, chegou-se a seguinte conclusão:

- quanto menor o número de subdivisões (n1, n2, n3) menos precisão terá os recalques
nos pontos desejados. Do contrário, quanto maior melhor será a representação da
distribuição de cargas na estaca, pois o nosso objetivo é tentar simular a integração
numérica através de subdivisões.
- o processo possui convergência, ou seja, após certo número não há mais melhora dos
resultados. Por “default” o sistema opera com valores n1 = 8, n2 = 4 e n3 = 30, por
apresentarem resultados satisfatórios.

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Coeficientes de Rigidez Horizontal (CRH) – Estacas 79

13. Coeficientes de Rigidez Horizontal


(CRH) – Estacas
O CRH (coeficiente de reação horizontal) pode ser entendido como a rigidez do contato
estaca-solo, mas nesse caso, ao contrário do CRV, na direção horizontal.

As forças horizontais podem ser causadas por vento, empuxo de terra, sismo, etc. No
projeto de uma fundação profunda submetida a um carregamento deste tipo é necessário
calcular os deslocamentos e obter os diagramas de momento fletor e esforço cortante.

13.1. Coeficiente e Módulo de Reação Horizontal


Para o estudo de estacas submetidas a esforços de tração são frequentemente utilizados
métodos decorrentes do coeficiente de reação horizontal estimado, na grande maioria
dos casos a partir dos resultados de sondagens à percussão (SPT) associados à
classificação táctil-visual dos solos.

O coeficiente de reação horizontal (kZ) tem como hipótese básica a consideração de que
a pressão atuante na profundidade z é proporcional ao deslocamento sofrido pelo solo:

σZ
kZ =
y

Conforme ALLONSO (1989), essa conceituação, semelhante à hipótese de Winkler,


embora podendo ser aplicada ao caso de vigas horizontais sobre apoios, perde o sentido
quando aplicada as estacas, sendo modernamente utilizado o módulo de reação
horizontal (K). Este módulo é definido como a relação entre a reação do solo, na
profundidade z, e o deslocamento horizontal:

p
K=
y

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80 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

13.2. Variação do Módulo de Reação com a


Profundidade
O valor do módulo de reação horizontal possui dois tipos de variação: constante ou
linearmente crescente com a profundidade. Nas argilas pré-adensadas, o módulo (K) é
constante com a profundidade (z), mas nas areias e argilas normalmente adensadas,
varia linearmente com a profundidade, de acordo com a expressão (K = nH x z), onde nH
é denominado “constante do coeficiente de reação horizontal”.

As tabelas abaixo apresentam valores típicos para K e nH :

ARGILAS PRÉ-ADENSADAS VALOR DE K (MPa)


CONSISTÊNCIA ORDEM DE GRANDEZA VALOR PROVÁVEL
Média 0,70 a 4,0 0,8
Rija 3,0 a 6,5 5,0
Muito Rija 6,5 a 13,0 10,0
Dura > 13,0 19,5

Tabela 13.1 – Valores do módulo de reação K para argilas pré-adensadas.

COMPACIDADE DA AREIA VALOR DE nH (MPa)


ou
CONSISTÊNCIA DA ARGILA SECA SUBMERSA
Areia fofa 2,6 1,5
Areia medianamente 8,0 5,0
Areia compacta 20,0 12,5
Silte muito fofo - 0,2
Argila muito mole - 0,55

Tabela 13.2 – Valores da constante do coeficiente de reação horizontal nH.

13.3. Modelo Conforme SPT/m


Ainda para o cálculo de fundações profundas carregadas transversalmente, foi
implantado no sistema SISEs o modelo de WALDEMAR TIETZ. Este método,
apresentado na revista ESTRUTURAS nº. 76, foi concebido inicialmente para tubulões
com diâmetro igual ou superior a 1 m.
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Coeficientes de Rigidez Horizontal (CRH) – Estacas 81

Diferentemente das estacas submetidas somente ao esforço axial de compressão, que


depende mais do tipo de solo abaixo da ponta, para estacas submetidas à ação
horizontal o mais importante é o solo que envolve os primeiros metros de profundidade
do fuste. Quando um tubulão dentro do solo se desloca no sentido horizontal, o solo
exerce sobre sua superfície lateral bC (reduzida) uma pressão variável com a
profundidade:

CZ = m ⋅ z (tf/m³)

Onde: Cz : é denominado “coeficiente de recalque do solo;


m : em (tf/m4) é o coeficiente de proporcionalidade que caracteriza a variação
do coeficiente CZ em relação à qualidade do solo;
z : é a profundidade das respectivas camadas do solo consideradas a partir da
superfície do solo ou do nível da base do bloco.

As tabelas abaixo apresentam os valores típicos de m:


SOLO ARENOSO COMPACIDADE SPT m (tf/m4)
Areia Fofa 1 150
Silte Pouco compacta 7 300
Silte Medianamente c. 20 500
Areia Compacta 40 800
Argila Muito compacta 50 1500

Tabela 13.3 – Valores do coeficiente de proporcionalidade m para solos arenosos.

SOLO ARGILOSO CONSISTÊNCIA SPT m (tf/m4)


Turfa Meio líquido 0 25
Argila Muito mole 1 75
Argila Mole 3 150
Argila Média 6 300
Argila Rija 12 500
Argila Muito rija 22 700
Argila Dura 30 900

Tabela 13.4 – Valores do coeficiente de proporcionalidade m para solos argilosos.

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82 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

A correlação do número de SPT com os coeficientes de proporcionalidade do solo


tabelado pela norma russa precisa ser comprovada para o solo brasileiro. Existem
algumas correlações para relacionar o NSPT com a capacidade de ruptura, mas em
principio, o autor (WALDEMAR TIETZ) desconhece método semi-empírico prático tal
como ocorre para estacas axialmente carregadas como os métodos de AOKI-
VELLOSO e DÉCOURT-QUARESMA.

Outra observação importante é que atualmente o SISEs não aborda todas as análises
propostas por TIETZ para a determinação do coeficiente de recalque do solo CZ , sendo
estes (largura efetiva, efeito de grupo, continuidade do solo, etc) incluídos
posteriormente no sistema.

13.4. Resumo dos Diversos Métodos


Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do
Coeficiente de Reação Horizontal com algumas características importantes de cada um,
tais como: consideração de camadas, associação de camadas, grau de dependência do
SPT etc. Esta tabela tam o objetivo de auxiliar a seleção do método desejado e
apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às camadas da
sondagem.

Método Tipo Considera Associa- Associa- Variáve- Depen-


para Solo Diversas ção ção is a dência
calculo Camadas? Camada Camada definir do
do Sonda- Sonda- por Método
CRH gem gem camada / SPT
pelo pelo
SPT Titulo
Tipo Argila Sim Não Sim K Nenhum
do Dura
Solo Areia
Argilas Sim Não Sim nh Nenhum
moles
SPT/m Argila Sim Sim Não ---- Total
Areia

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Recalques Admissíveis 83

14. Recalques Admissíveis


O recalque absoluto é definido pelo deslocamento vertical descendente de um elemento
de fundação. A diferença entre os recalques absolutos de dois elementos de fundação é
recalque diferencial. O recalque diferencial, pelo fato de impor distorções às estruturas,
pode acarretar em fissuras, dependendo da sua magnitude, daí a necessidade de
quantificar recalques admissíveis do ponto de vista estrutural. Mostra-se a seguir, os
recalques diferenciais admissíveis preliminares para estruturas de edifícios altos de
concreto armado, resultados de observações em VARGAS & SILVA (1973).

Obs.: Os números em % fora dos parênteses se referem aos edifícios estreitos


(dimensão padrão menor que 15 m) e os que estão dentro dos parênteses são para
edifícios largos (dimensão padrão maior que 15 m).

- Recalque diferencial inferior a 0,18 % (0,20 %) do vão considerado, não produzirá


danos nem inclinação em prédios altos;

- Recalque diferencial inferior a 0,31 % (0,26 %) do vão considerado, dará origem a


fissuras nas alvenarias mas não inclinação em prédios altos;

- Recalque diferencial inferior a 0,42 % (0,60 %) do vão considerado, dará origem a


fissuras na estrutura e pequena inclinação em prédios altos;

- Recalque diferencial inferior a 0,45 % (0,80 %) do vão considerado, dará origem a


fissuras na estrutura e inclinação notável; exigirá reforço de fundações.

É importante fazer uma observação de que, em alguns prédios (edifícios com 6


pavimentos no máximo) tem-se verificado que mesmo com os recalques diferenciais
superiores aos indicados acima, nada sofreram em termos estruturais. O conceito de
recalque admissível, pelo menos para os prédios, está intimamente ligado à tradição da
comunidade.

Os casos mais conhecidos no Brasil são os edifícios da orla marítima de Santos – SP,
com movimentos mais próximos a corpo rígido, pois os recalques provém de camadas
de argilas subjacentes que sofrem adensamento; a camada de areia sobre a qual se
apoiam os elementos de fundações diretas tendem a absorver grande parte das
distorções da estrutura.

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84 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Golombek apud ALONSO (1991), cita uma palestra do prof. Milton Vargas
“Recalque excessivo é questão de temperamento. Nos EUA um recalque de 2 cm é um
escândalo nacional; em Santos (SP) quando um prédio recalca só 50 cm todo mundo
fica feliz”. Hoje, em Santos esta posição está mudando, reduzindo os valores de
recalques com o uso de fundações profundas, pois o temperamento do usuário de
Santos está mudando. A Folha de São Paulo em 29/07/90, apud ALONSO (1991)
afirma que os edifícios tortos de Santos chegam a valer 40 % do preço de mercado.

Em 1963, Bjerrum, com base no trabalho de Skempton & McDonald, publicado em


1956, propôs os limites da distorção angular para vários tipos de obra.

CHAMECKI (1958) critica a maneira como o conceito de recalques admissíveis estão


sendo aplicados na prática de engenharia. O recalque diferencial estimado, sem a
consideração da rigidez da estrutura, cuja sua relação com o recalque diferencial real é
desconhecido, é utilizado como padrão para o projeto de fundações de estruturas.
Enquanto uns prescrevem para recalque diferencial admissível 1/1000 do vão, outros
oferecem valores mais tentadores como 1/500 e 1/300. Concluindo-se que para um
mesmo valor de recalque diferencial estimado, pode o recalque diferencial real variar
desde valores muito próximos a zero (estruturas com altíssima rigidez) até o valor
muito próximo a do calculado (estrutura com baixíssima rigidez). Assim, um mesmo
valor admissível pode oferecer desde a segurança exagerada e anti–econômica até
perigo de ruína para a estrutura.

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Recalques Admissíveis 85

Figura 14.1 – Recalques limites e conseqüências.

Figura 14.2 – Distorção angular limite.

14.1. Requisitos de Norma

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86 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

A NBR 6118:2003 atual, diferente da sua versão anterior, de 1978, possui uma visão de
integração de todos os elementos estruturais e praticamente obriga o uso de recursos
computacionais para a análise global das estruturas. Em face disso também se preocupa
sobre a questão da integração estrutura-solo, resumindo superficialmente nos dois itens:

11.3.3.3 Deslocamentos de apoio


“Os deslocamentos de apoio só devem ser considerado quando gerarem esforços
significativos em relação ao conjunto das outras ações, isto é, quando a estrutura
for hiperestática e muito rígida”.

A maioria dos edifícios de múltiplos pavimentos em concreto armado são altamente


hiperestáticos e rígidos. Ou seja, para saber se existe ou não esforços significativos,
deverá analisar a interação estrutura-solo. Vale lembrar que os esforços obtidos pela
combinação de ações (permanente + sobrecarga + ventos), no caso de obtidos pela
combinação com efeitos de 2ª Ordem global (Gama Z, P-Delta) sem a preocupação com
a deformabilidade do solo. Esta prática poderá fornecer resultados equivocados e contra
a segurança. Felizmente, na maioria dos edifícios além do coeficiente de segurança alta
nas fundações, ainda existe contribuição significativa de paredes de alvenaria de
vedação que funciona como biela, enrijecendo lateralmente a estrutura em
contraventamento, tornando os efeitos menores que estimados (calculados).
Recentemente, com exceção das paredes externas, as paredes internas em alvenaria
estão sendo substituídas por sistemas mais leves, como Dry-Wall ou gesso acartonado e
divisórias que não contribuem para o contraventamento, ou seja, a tendência atual é
transferir todos os esforços para os elementos estruturais (sistemas laje, vigas, pilares e
pilares parede), daí a importância do calculista em conhecer o modelo numérico
utilizado e suas considerações.

14.2.2 Premissas necessárias à análise estrutural


“A análise deve ser feita com um modelo estrutural realista, que permita
representar de maneira clara todos os caminhos percorridos pelas ações até os
apoios da estrutura e que permita também representar a resposta não linear dos
materiais. Em casos mais complexos a interação solo-estrutura deve ser
contemplada pelo modelo.”

Quando a estrutura pode ser considerada como mais ou menos complexa?. O assunto é
mais sofisticado do que parece, pois envolve o maciço de solo, conjunto de materiais
altamente heterogêneo com difícil avaliação do módulo de deformação (ESOLO), e
resistência que depende do grau de saturação e efeitos das fundações mais próximas
que podem gerar sobre-pressões nos bulbos de tensões. Para atingir o “modelo realista”
da Norma, é imprescindível a consideração da interação estrutura-solo.

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Recalques Admissíveis 87

Quem não se adequar ao novo conceito não se faz sentido em adquirir os softwares
mais complexos, se já começa errando na concepção (condições de contorno) e tem o
grande risco de acumular os erros de incerteza que envolve o fenômeno tão complexo.

O domínio do estudo da interação estrutura-solo não tem o objetivo somente em prever


os possíveis esforços secundários devido aos recalques diferenciais e dimensionar a
estrutura para tal, mas o seu principal objetivo é ajustar melhor no dimensionamento
dos elementos estruturais de fundações e do edifício simultaneamente para minimizar
os efeitos nocivos dos recalques diferenciais nas estruturas, com esta consideração
procura-se otimizar a distribuição dos esforços, analisando-se integralmente a estrutura
e o maciço de solo. O objetivo final é tentar obter recalque diferencial zero, pelo menos
na teoria, para que na prática a estrutura sofra o mínimo possível os efeitos da
deformabilidade do solo.

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88 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

15. Artigo CILAMCE


Nelson Covas
nelson@tqs.com.br
TQS Informática – Sistemas Computacionais/ Engenharia Estrutural
Rua Pinheiros, n 706 c/02 - CEP 05422-001, São Paulo, SP, Brasil

Valério S. Almeida
valerio@em.ufop.br
Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Ouro Preto
Campus Universitário – Ouro Preto – MG - Brasil

Sumário. A consideração da deformabilidade do solo no projeto de edifícios em


concreto armado é um tema tratado no meio acadêmico e em escritórios de engenharia
estrutural há décadas. Entretanto, no Brasil não existia até então um sistema
computacional que fosse capaz de oferecer ao usuário um ferramental que simule a
interação solo-estrutura de maneira prática, eficiente e com nível de respostas
confiável do ponto de vista acadêmico e prático. Neste intuito, a empresa TQS
Informática Ltda vem desenvolvendo um modelo numérico denominado de SISEs –
Sistema de Interação Solo-Estrutura; que configura num sistema que acopla o edifício
3D, a infra-estrutura e o maciço de solos. O edifício é baseado nas normas técnicas de
concreto armado e na metodologia usual de elaboração e representações de projetos
estruturais empregados no Brasil. Os elementos de fundação simulam as fundações
diretas (sapatas, radiers) ou profundas (estacas e tubulões) e o maciço de solos pode
ser representado como um meio não – homogêneo com a cota do indeslocável prescrita
a priori pelo usuário. Assim, as sapatas isoladas ou em grupos são analisadas no
artigo comparando as respostas obtidas pelo SISEs/TQS com formulações presentes na
literatura advindas de outras técnicas numéricas, tal como método de elementos finitos
ou método de elementos de contorno.

Palavras-chave: Sistema de Interação Solo-Estrutura, SISEs, Edifício em Concreto


Armado, Fundação, Solo, Método de Elementos Finitos, Método de Elementos de
Contorno.

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Artigo CILAMCE 89

15.1. Introdução ao artigo


O edifício em conjunto com o maciço de solos representa um sistema mecânico
integrado único. As ações que ocorrem na superestrutura são transferidas para o solo,
mobilizando este o qual se deforma e define uma configuração de equilíbrio para o
conjunto estrutura/solo, Fig. 1.a. Entretanto, este mecanismo integrado, ou mais
especificamente a inter-relação entre a super, infra e subestrutura e o maciço de solos,
de modo geral é analisada de forma independente. Na prática, a análise do edifício é
tomada considerando-se os pilares engastados em sua base, conforme Fig. 1.b, gerando
reações que posteriormente são transferidas ao projetista de fundações que usa estes
valores para dimensionar e verificar seus elementos de fundação, Fig. 1.c.
Esta simplificação de projeto advém do alto grau de complexidade para avaliar o
conjunto mecânico integrado. Pois, cada um dos subsistemas por si já representa um
vasto campo de estudo, quer na variabilidade de parâmetros físicos e geométricos, quer
nas correspondentes idealizações dos modelos mecânicos. Somando-se a isto, os
diferentes ramos de interesse e de conhecimento dos projetistas e pesquisadores nesta
área são voltados para referenciais diferentes.
a) b) c)

maciço de solos maciço de solos

plano indeslocável plano indeslocável

Figura 1 – a) Modelo integrado solo-estrutura; b) Modelo simplificado da


estrutura; c) Modelo simplificado da fundação.

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90 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Por um lado, o projetista de fundações analisa a complexa integração entre a


subestrutura e o maciço de solos, como a determinação da capacidade de carga de
estacas ou o cálculo das tensões de ruptura das sapatas que estão submersas em solos
estratificados ou colapsíveis, expedientes previstos pela norma de Projeto e Execução
de Fundações do Brasil, NBR 6122 (1996). Os projetistas não consideram as mudanças
de configurações que estes perfis de solo provocam na superestrutura, levando
obviamente a um estado de tensões e recalques não previsto no sistema
subestrutura/maciço, projetado então de forma desacoplada com a superestrutura.
Em contrapartida, o projetista estrutural está voltado para os efeitos que ocorrem
na superestrutura, como por exemplo, a consideração do fenômeno de não-linearidade
geométrica (efeito de 2ª ordem) ou o comportamento não linear do material que o
edifício está sujeito, e onde ambos os procedimentos devem ser avaliados por força da
norma de Projeto de Estruturas de Concreto do Brasil, NBR 6118 (2000). Sendo que o
projetista também não leva em conta os efeitos que o meio de apoio está sujeito quando
da absorção das ações, e nas posteriores modificações da superestrutura que possa
acarretar nas vigas, pilares, etc.
Para o caso da avaliação qualitativa e quantitativa dos edifícios de forma isolada,
ou seja, sem a consideração do maciço, na literatura existem diversos modelos para
análise de maneira criteriosa seu comportamento. Citam-se os trabalhos de Pinto
(2002), Chan et al. (2000), Franco (1995), Vecchio & Emara (1992), Pimenta & Yojo
(1992) e Franco & Vasconcelos (1991), onde todos são aplicados no campo da análise
não-linear geométrica. Para o caso da análise não-linear física, têm-se os trabalhos de
Oliveira (2001), Martins (2001) e Kim & Lee (1993) que introduzem o efeito plástico
nas lajes e vigas do edifício. Martins (2001), Smith & Coull (1991) e Taranath (1988)
analisam edifícios com núcleos resistentes e com a consideração a rigidez transversal à
flexão das lajes.

Nota-se que os modelos empregados para representar o edifício são enriquecidos a


cada dia, onde além de considerar os seus efeitos não-lineares, também são
incorporadas a influência das lajes, do núcleo estrutural e a até a presença da alvenaria
para a melhor avaliação de seu comportamento estrutural, Holanda Jr. (2002) e
Mamaghani et al. (1999).
Entretanto, uma análise mais criteriosa sobre o comportamento do edifício deve
também considerar, além da inclusão destes efeitos citados anteriormente, a influência
da deformabilidade do maciço onde a superestrutura se apóia. Neste sentido, existem
várias pesquisas voltadas a este estudo.
Lopes & Gusmão (1991) investigaram o desenvolvimento de recalques de um
pórtico apoiado em um meio elástico semi-infinito, empregando os procedimentos de
Mindlin (1936). Este pórtico representava um edifício de concreto armado e estava
sujeito apenas a carregamento vertical.

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Artigo CILAMCE 91

Ramalho & Corrêa (1991) estudaram o comportamento de edifícios apoiados em


meio elástico semi-infinito e homogêneo considerando os elementos de fundações
apenas do tipo sapata. O solo foi representado pelo Método de Elementos de Contorno
(MEC), e as sapatas foram representadas pelo Método de Elementos Finitos (MEF).
Insere-se o efeito das ações de vento neste modelo de interação. Noorzaei et al. (1993)
avaliam as respostas de um pórtico plano apoiado em um meio não-homogêneo e
considerando-se a não-linearidade física do pórtico. Uma maneira mais criteriosa de
avaliar o maciço é possibilitando a inclusão de uma camada indeslocável a uma
distância indicada em projeto, uma vez que os modelos de modo geral, partem da
hipótese de que a camada indeslocável está a uma distância infinita, não levando em
conta a possível presença de rochas no maciço. Somado a esse fator, a consideração do
maciço como um meio não-homogêneo pode levar a um modelo mais próximo das
condições reais de campo, uma vez que a origem do maciço advém de transformações
geológicas que não geram propriedades homogêneas ao meio contínuo. Nesta linha,
alguns modelos também têm levado em conta estas condições, por exemplo, os
trabalhos de Moura (1995), Reis (2000), Romanel et al. (2000), Romanel & Kundu
(1990), Gusmão (1990), Antunes & Iwamoto (2000), Holanda Jr. (1998) e Almeida &
Paiva (2004).
Estes trabalhos citados que leva em conta a presença do maciço possuem restrições
quanto a sua aplicabilidade. Alguns não permitem a inclusão de elementos de fundação,
outros só consideram ações verticais no edifício, um outro grupo representa a não-
homogeneidade e a camada indeslocável mas não consideram o edifício com efeito de
2ª. ordem ou de geometria qualquer.
Como conseqüência, é lícito afirmar que todos estes trabalhos citados acima
abordaram de forma superficial e com pouca praticidade uma aplicação real de projeto,
pois todos possuem restrições quer no tocante a modelos mecânicos do edifício
integrado com o maciço, quer na difícil usabilidade para o lançamento da geometria do
edifício ou dos perfis geológicos das sondagens, quer em inexistir um gerador de malha
ou visualizador de resultados adequado para o usuário. Soma-se também ao fato destes
trabalhos não avaliarem de maneira completa todos os elementos estruturais quanto aos
Estados Limites de Serviço e Último em função das normas correntes de Execução de
Estruturas de Concreto Armado do Brasil, NBR 6118 (2000) e de Fundações, NBR
6122 (1996).

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Neste intuito, a empresa TQS Informática Ltda vem desenvolvendo um modelo


numérico denominado de SISEs, Sistema de Interação Solo-Estrutura, que configura
num modelo que acopla o edifício 3D, a infra-estrutura e o maciço de solos. O edifício
é baseado nas normas técnicas de concreto armado e na metodologia usual de
elaboração e representações de projetos estruturais empregados no Brasil. É possível
também considerar os efeitos de 2ª. ordem e a não-linearidade física no pórtico
espacial. Os elementos de fundação simulam as fundações diretas (sapatas isoladas,
associadas e radiers) ou profundas (estacas e tubulões) e o maciço de solos pode ser
representado como um meio não – homogêneo com a cota do indeslocável prescrita a
priori pelo usuário. Assim, neste artigo é apresentada a metodologia empregada para a
modelagem dos elementos de fundações e do maciço de solo, apresentando então
algumas comparações numéricas de sapatas isoladas entre as análises feitas pelo
SISEs/TQS e formulações teóricas ou numéricas presentes na literatura clássica.

15.2. A TQS e o Sistema CAD/TQS


A TQS Informática Ltda é uma empresa de desenvolvimento de sistemas
computacionais gráficos e de cálculo para engenharia estrutural. O desenvolvimento
destes sistemas computacionais foi baseado nas normas técnicas de concreto armado e
na metodologia usual de elaboração e representações de projetos estruturais empregadas
pelas empresas brasileiras.
Os sistemas CAD/TQS fazem o cálculo das solicitações dos elementos de viga,
pilar utilizando elementos de pórtico espacial e as lajes pelos processos de grelha
equivalente ou por elementos finitos planos, inclui a análise de estabilidade,
dimensionamento, detalhamento e desenhos de formas, vigas, pilares, lajes
(convencionais, nervuradas, planas e cogumelos), blocos e sapatas. Para elementos
especiais (pontes, muros, escadas, pré-moldados, etc.) tem-se um editor gráfico
exclusivo e orientado para o detalhamento de armaduras. Para lajes e vigas o sistema
também possibilita a utilização de concreto protendido.
Os sistemas CAD/TQS não dependem de outros sistemas computacionais gráficos
de editoração de desenhos. Foi desenvolvido um editor gráfico próprio, totalmente
incorporado aos sistemas CAD/TQS, voltado à engenharia estrutural, onde o usuário
lança a estrutura, visualiza resultados, edita armaduras, emite os desenhos em
impressora ou traçador gráfico, etc. Este editor é um dos principais motivos pela
abrangência e produtividade dos sistemas CAD/TQS. O desenvolvimento dos métodos
de cálculo do edifício espacial com os demais elementos existentes é baseado no
Método de Elementos Finitos, Soriano (2003).

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15.3. Sistema de Integração Solo-Estrutura da TQS


Atualmente, a TQS está em fase de finalização do SISEs, Sistema de Interação
Solo-Estrutura, que é um sistema computacional bastante abrangente para a análise da
interação estrutura-solo, onde se devem aproveitar todas as ferramentas de cálculo,
lançamento e editoração já existentes no CAD/TQS.

Com este intuito, lança-se graficamente o edifício, realiza-se a geração adequada e


automática dos carregamentos de uma estrutura pelo MGC (Mecanismo Gerador de
Carregamentos) dos sistemas CAD/TQS, conforme preconiza a norma brasileira NBR
6118. Assim, dezenas de combinações de carregamentos são criadas, processadas e
enviadas ao geotécnico para a elaboração do projeto de fundações junto com o modelo
da superestrutura. Entretanto, este elevado volume de informações, embora correto do
ponto de vista técnico, continua trazendo problemas para o engenheiro geotécnico na
elaboração do projeto dos elementos de fundações, pois este não estava acostumado a
analisar a fundação considerando estes elevados número de combinações. Neste
sentido, o SISEs/TQS vem a abrir também muitas possibilidades para pesquisa nesta
frente.
A filosofia básica do SISEs/TQS consiste no seguinte:

1. O modelo básico lançado pelo engenheiro estrutural envolvendo os diversos


materiais, a geometria e os carregamentos são passados ao engenheiro geotécnico;
2. O engenheiro geotécnico alimenta no sistema as diversas sondagens realizadas no
terreno;
3. São selecionados os tipos de fundações (rasa e/ou profunda) mais adequados para o
projeto, podendo haver tipos de elementos diferentes num mesmo projeto: estacas,
radiers e tubulões;
4. As dimensões dos elementos de fundação (sapatas, radiers, estacas, tubulões, etc.)
são pré-dimensionadas pelo geotécnico;
5. Estes elementos são lançados no SISEs/TQS junto aos respectivos pilares advindos
do modelo estrutural;
6. São selecionados critérios de projeto para a simulação da presença do solo junto aos
elementos de fundação (capacidade de carga, métodos para cálculo de recalques, etc);
7. São calculados os coeficientes de influência do solo em cada ponto discretizado da
fundação e anexados ao modelo estrutural da fundação, conforme as diversas
metodologias disponíveis na literatura e implementadas no SISEs/TQS;
8. O SISEs/TQS cria um novo modelo estrutural contendo toda a superestrutura em
conjunto com os elementos de fundação, discretizados convenientemente e com a
influência do solo já integrada. Este novo modelo é resolvido, possibilitando todos os
recursos disponíveis no CAD/TQS, como por exemplo a consideração da análise não-
linear geométrica (P- ∆ );

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94 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

9. O engenheiro geotécnico analisa os resultados para todas as condições de


carregamentos (alfanuméricos e/ou gráficos) para verificar a adequação dos elementos
de fundação adotados com as tensões de ruptura, a capacidade de carga do solo e os
recalques máximos mobilizados;
10. Se necessário, ajustes nos elementos de fundação são realizados e o processo é
refeito até que a solução desejada do ponto de vista de tensões de ruptura, recalques
seja atingida;
11. O novo modelo integrado solo-estrutura é repassado ao engenheiro estrutural, o qual
avalia as respostas nos elementos estruturais (vigas, pilares, lajes, etc) e, caso necessite,
altera alguma propriedade do material ou geometria de qualquer elemento. Ele
reprocessa o modelo solo-estrutura até atingir uma configuração de projeto
conveniente;
12. O modelo pode ser repassado ao geotécnico, que reavalia a nova distribuição de
esforços e recalques na fundação. Esta interatividade, totalmente automatizada no
sistema TQS, entre os profissionais pode ser feita até que uma condição ótima seja
atingida para ambos.

15.3.1. Elementos de fundação do SISEs/TQS


O SISEs/TQS disponibiliza os seguintes tipos de elementos de fundação para a
modelagem da fundação:

a. Sapatas Isoladas;
b. Sapatas Associadas, com e sem furos existentes;
c. Radiers, com e sem furos existentes;
d. Estacas: circulares, quadradas, retangulares (Barrete) sob bloco rígido ou
flexível;
e. Tubulão: fuste e base circular;

Destaca-se que todos os elementos de fundação são modelados pelo Método de


Elementos Finitos com elementos lineares com as funções de forma de flexão
(polinômio completo do 3º. grau), normal e torcional (ambos com polinômio completo
do 1º. grau) ou seja, um elemento finito de pórtico espacial convencional.
A simulação das sapatas (isoladas ou associadas), radiers e dos blocos só é
possível com sua geometria retangular.
Para todos os elementos de fundação, no SISEs/TQS é necessário definir certos
parâmetros de projeto, como: suas dimensões, espessura, ângulo de inclinação em
planta ou em corte, valor da resistência do seu concreto de formação, sua cota para
assentamento e de arrasamento, peso próprio, grau de refinamento para geração da
malha de elementos finitos, dentre outros parâmetros de projeto, os quais são
detalhados no manual do sistema. O SISEs/TQS insere automaticamente todos os
elementos de fundação no modelo do edifício.

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Artigo CILAMCE 95

15.3.2. Sapatas Isoladas


A representação dos elementos de sapata isolada é feita associando-se um certo
pilar do edifício a sapata, veja Fig. 2. Para este elemento, só é possível representá-lo
com geometria retangular.

Figura 2 – Editor de sapatas isoladas do SISEs/TQS

15.3.3. Sapatas Associadas e Radiers


No editor de fundação, para cada radier ou sapata associada, pode-se definir dois
tipos de regiões: Sapata Contígua Retangular (SCR) e Região Complementar
Retangular (RCR). Para o primeiro caso, é necessário associar um pilar da
superestrutura a esta região, enquanto que em RCR não é possível associar um pilar a
ela. Em cada caso, pode-se definir uma altura específica. Da mesma maneira que a
sapata isolada, é apenas possível representá-lo com geometria retangular, veja Fig. 3.

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96 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Figura 3 – Editor de radier do SISEs/TQS

15.3.4. Fundação Profunda: Estacas e Tubulões


O SISEs disponibiliza os seguintes tipos de estacas:
i. Escavada: Pequeno diâmetro, grande diâmetro e com lama bentonítica;
ii. Pré-moldada: Cravada ou prensada;
iii. Franki: Fuste apiloada ou fuste vibrado;
iv. Outras: Strauss, Hélice Contínua, Raiz, Metálica, Injetada sob alta pressão ou Não-
Padrão.

As estacas podem ser verticais ou inclinadas, onde os blocos de capeamento


podem ser definidos de dois tipos: flexível ou rígido. Para o primeiro tipo, sua
geometria é retangular podendo conter até 12 estacas. Para o bloco rígido, sua
geometria pode ser triangular, retangular, pentagonal ou hexagonal, veja Fig. 4.
Para o elemento de tubulão, sua geometria é de fuste e de base circular, estando
associando apenas um pilar para cada tubulão.

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Artigo CILAMCE 97

Figura 4 – Editor de estacas do SISEs/TQS

15.3.5. Detalhamento dos Perfis de Sondagens


O cálculo dos fatores de influência do solo no SISEs/TQS é baseado na
intercorrelação dos dados advindos dos perfis de sondagens editados pelo usuário com
os modelos de cálculo desenvolvidos pelo SISEs/TQS.
Os perfis de sondagens são introduzidos em um editor de fácil entrada e de
visualização imediata. Assim, adiciona-se um perfil, suas coordenadas na obra, cota do
nível de água, cota do indeslocável (caso seja atingida na sondagem), os valores de
resistência à penetração (SPT), a classificação das camadas, etc., conforme Fig. 5.
Para cada camada de um perfil de sondagem, o sistema exige a associação deste
com um certo valor de tabela ou a um certo modelo a ser usado para cálculo dos seus
coeficientes de influência do solo desta camada de metro em metro. Esta escolha
também depende do tipo de elemento de fundação, ver Fig. 6.
Em função da grande variabilidade dos dados de sondagens obtidas numa mesma
obra, o que é característico na área de fundações, o SISEs/TQS disponibiliza cinco
opções para que o usuário associe, conforme seu critério de projeto, as diversas
sondagens existentes, podendo escolher, para cada tipo de elemento de fundação, uma
das seguintes opções:

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• Média ponderada entre as duas sondagens mais próximas;


• Média ponderada entre todas as sondagens;
• Média aritmética entre todas as sondagens;
• Sondagem mais próxima;
• Sondagem específica, conforme seleção do usuário.

Deste modo, o sistema monta os valores de influência do solo de cada ponto da


fundação em função do critério de ponderação adotado pelo usuário para cada
sondagem.

Figura 5 – Editor de sondagem do SISEs/TQS

15.3.6. Modelos matemáticos para representar o solo:


Histórico Geral
Existem diversos procedimentos empregados para a simulação do solo. Entretanto,
quatro métodos são os que mais se destacam na literatura sobre o assunto, sendo os

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Artigo CILAMCE 99

seguintes: a) Analítico; b) Camada Finita; c) Discreto Contínuo, MEF ou MEC; d)


Mola Equivalente ou Modelo de Winkler.
Os modelos a) e b) são pouco utilizados de modo geral, pois são de aplicações
restritas com relação à limitação de tipo de geometria, carregamento ou material. Mas
para consulta sobre estes métodos, citam-se as seguintes referências: Burmister (1945),
Poulos (1967), Chan et al. (1974), Davies & Banerjee (1978), Gibson (1967, 1974) para
o caso a); e Booker et al. (1989), Lee & Small (1991), Southcott & Small (1996) e Ta &
Small (1998), para o caso b.

Os dois últimos casos (c e d) representam os procedimentos mais empregados para


a simulação do solo. O caso c utiliza os potentes métodos numéricos, mais
precisamente o emprego do método de elementos finitos (MEF) e o de elementos de
contorno (MEC).
O MEF é a mais versátil e poderosa ferramenta usada em problemas de análise
estrutural. No entanto, para o caso de ser aplicado na análise de domínio infinito
(solos), é uma ferramenta difícil na preparação dos dados, onerosa para o seu
armazenamento e resolução do sistema final e exige certos cuidados para a imposição
de restrições de deslocamentos para a simulação de domínios infinitos, uma vez que a
sua formulação clássica é baseada na imposição de condições de contornos. Para o caso
3D, isto se torna ainda mais contundente, uma vez que é necessário usar centenas ou
milhares de elementos finitos do tipo sólido. Assim, poucos pesquisadores têm
empregado o MEF na análise de maciços, citando-se os trabalhos de Ottaviani (1975) e
Chow & Teh (1991).

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Figura 6 – Editor dos parâmetros de cada camada de solo do SISEs/TQS

O MEC é uma ferramenta muito adequada para a análise do solo, devido às suas
características peculiares: i) funções ponderadoras que já contemplam as condições de
contorno atendidas a grandes distâncias; e ii) exige apenas que a região em contato com
o solo seja discretizada, por exemplo, na análise de sapatas sobre o solo 3D é necessário
apenas a representação do solo com a malha 2D desta fundação, ao passo que o MEF
exige uma discretização tridimensional do problema.

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Artigo CILAMCE 101

A solução de Mindlin (1936) é o principal ponto de partida para a construção das


funções ponderadoras a serem empregadas pelo método, entretanto ela é apenas válida
para um meio homogêneo e semi-infinito, o que também restringe a aplicação em
propósitos genéricos, uma vez que o solo é intrinsecamente não-homogêneo e com a
possibilidade da camada indeslocável ser prescrita em projeto. Neste caso, é comum
usar um expediente não correto sob o ponto de vista do formalismo matemático, mas
que não afeta muito as respostas finais, que é o modelo simplificado e prático de
Steinbrenner (Poulos, 1967). Este expediente emprega a solução de Mindlin calculando
os deslocamentos de um determinado ponto e subtraindo-se este do deslocamento
surgido na cota indeslocável ( ρ xSteinbrenner = ρ xMindlin − ρ hMindlin ), onde ρ x é o
deslocamento na cota x e ρ h é o deslocamento na cota do plano indeslocável. Este
modelo simplificado também leva em conta a não-homogeneidade do maciço. Citam-se
nesta linha de aplicação os trabalhos de Almeida & Paiva (2004), Antunes & Iwamoto
(2000), Holanda Jr. (1998) e Maier & Novati (1987).
Para o caso b, o meio contínuo é substituído por um sistema de molas equivalente e
discreto, também conhecido como modelo de Winkler. A maior vantagem na aplicação
deste modelo é sua simplicidade e relativa facilidade para implementação
computacional. Este argumento se consolida ainda mais quando se integra ao solo os
elementos de fundação e de edifício baseado no MEF. Uma vez que as características
de esparsidade e simetria da matriz de rigidez final não se perdem, fato bastante
relevante em termos de menor armazenamento e velocidade de cálculo na resolução do
sistema linear para problemas de médio e grande porte processados em
microcomputadores, principalmente para o caso de se considerar efeitos não-lineares,
expediente considerado no sistema TQS.
A maior desvantagem deste método é com respeito à escolha dos módulos de
reação da mola para representar o maciço. Esses parâmetros deveriam ser calculados
experimentalmente para cada perfil do solo, mas, na prática, é comum empregá-los em
outros perfis com características diferentes, o que pode levar as soluções incertas e
imprecisas. Nessa linha, desenvolvem-se os trabalhos de Mylonakis & Gazetas (1998),
Lee (1993), Randolph & Wroth (1979) e Cheung & Zienkiewicz (1965).

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15.3.7. Modelo mecânico do SISEs/TQS


O SISEs/TQS foi desenvolvido a partir do modelo de Winkler. Tal escolha foi
tomada em função da obrigatoriedade de se ter um sistema solo/estrutura com
propósitos genéricos no tocante a análise e projetos estruturais, procurando aproveitar o
sistema CAD/TQS já consolidado, como os sistemas de lançamentos e cálculo de
elementos finitos, da montagem e resolução do sistema linear e não-linear. Uma vez
que tais mudanças implicariam na criação de modelos mecânicos e numéricos novos
que deveriam ser testados exaustivamente e mesmo assim teriam um período de
maturação no meio técnico. Além disso, quaisquer outra escolha implicaria numa
grande quantidade de dados para armazenamento e processamento, somados aos já
existentes no complexo modelo de edifício do CAD/TQS, quer seja usando o MEF 3D
ou o MEC.
Assim, para considerar a influência do solo junto à fundação, partiu-se da hipótese
de Winkler, onde ela estabelece que as tensões aplicadas no solo sejam proporcionais,
em uma relação escalar, ao recalque mobilizado. Não havendo influência entre o ponto
de aplicação desta tensão com sua vizinhança.
Ou seja, estabelece uma relação pontual entre fundação-solo, mediante a definição
de uma constante de mola que representará a rigidez do maciço. Para isto, é necessário
definir o valor de Kv e Kh e o qual é denominado de módulo de reação vertical e
horizontal. Este é um valor escalar que representa o coeficiente de rigidez que o solo
possui para resistir ao deslocamento mobilizado por uma tensão imposta. Ele é análogo
ao coeficiente de mola, mas não relacionado a uma força, mas sim a uma tensão (força
por área). Veja exemplo esquemático na Fig. 7 para melhor entendimento.

F=k.d P = kv . d

F P
F

d
d

k
kv

a) b)

Figura 7 – a) Definição do coeficiente de mola, quociente entre força –


deslocamento; b) Definição do módulo de reação vertical, quociente entre tensão –
deslocamento.

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Artigo CILAMCE 103

Neste sentido, a TQS Informática Ltda procurou na literatura e nos centros de


pesquisas do Brasil diversas metodologias usuais que empregam este modelo de molas.
Para o caso das fundações diretas, dividiu-se em três diferentes categorias de cálculo
destes coeficientes: 1) Valores padronizados; 2) Ensaio de Placa; e 3) Recalque vertical
estimado.
A seguir, é definido e apresentado cada uma dessas categorias bem como as
referências dos métodos que foram implementados no SISEs/TQS. Destacando-se que
todas as expressões, tabelas e gráficos relativos a todos os métodos listados em seguida
já estão inseridos no SISEs/TQS, bastando ao usuário selecionar suas opções. Além
disso, são possíveis que sejam inseridos outros valores nas tabelas conforme critério de
cada projetista.

15.3.8. Valores Padronizados (VP)


Vários pesquisadores apresentam tabelas e ábacos que relacionam o módulo de
reação com o tipo de solo. Estes valores foram obtidos em ensaios in situ em regiões e
condições específicas, conforme podem ser averiguados nas referências bibliográficas
indicadas. Assim, os seus valores podem não ser representativos em certas condições,
devendo ficar a critério do profissional o seu uso. Foram considerados três métodos
nesta categoria, os quais são:

• Tipo de Solo: Moraes (1981);


• SPT – Tensão Admissível: Morrison (1993);
• Tipo de Solo - Tensão Admissível: Cintra et al. (2003), Morrison (1993).

15.3.9. Ensaio de Placa (EP)


São chamados também de métodos racionais, onde os parâmetros de
deformabilidade são obtidos in situ ou em laboratórios mediante o ensaio de provas de
carga em placas. Os ensaios mais conhecidos são os apresentados nas tabelas de:

• Terzaghi: Velloso & Lopes (1996), Terzaghi (1955);


• Outros autores: ACI (1988), Calavera (2000), Bowles (1997).

15.3.10. Recalque Vertical Estimado (RE)


De acordo com a definição de módulo de reação vertical, que pode ser escrito
como:

kv = P
d
(1)

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onde P e d representam a tensão atuante e o deslocamento mobilizado na fundação,


conforme esquema da Fig. 7b.
É possível estimar o coeficiente vertical (kv) a partir do cálculo do recalque da
fundação sobre o maciço mobilizado por uma tensão unitária. Os métodos
desenvolvidos nesta categoria foram:

• Teoria da Elasticidade/ Valor Típico: Teixeira & Godoy (1996), Poulos & Davis
(1974);
• Teoria da Elasticidade / Schmertmann: Cintra et al. (2003), Schmertmann
(1978);
• Teoria da Elasticidade / Teixeira & Godoy: Trofimenkof (1974);
• Schultze & Sherif: Moura (1995), Schultze & Sherif (1973);
• Parry: Moura (1995), Parry (1971), Parry (1978);
• Boussinesq: Moraes (1981), Poulos & Davis (1974);
• Rausch & Cestelli Guidi: Moraes (1981);
• Módulo Edométrico – Tabelas: Boussinesq (1885), Holl (1940), Poulos & Davis
(1974);
• Módulo Edométrico – SPT: Schultze & Menzenbach (1961).

15.4. Exemplos numéricos


Apresenta-se a seguir dois exemplos onde comparou-se as respostas obtidas pelo
SISEs/TQS com os verificados na literatura. O primerio caso, é um exemplo clássico
apresentado na literatura internacional e o segundo teve o intuito de verificar a
influência nos recalques na presença de duas sapatas, confrontado as respostas do
SISEs/TQS com um modelo numérico de referência.

15.4.1. Sapata sobre uma base não-deformável


Este exemplo avalia uma sapata isolada apoiada sobre um meio homogêneo com a
base indeformável a uma distância de 10 m. A geometria e as propriedades relevantes
para sua simulação são apresentadas na Fig. 8.

Considerou-se o SISEs/TQS com apenas um pilar ligado a fundação,


desconsiderou o peso próprio e forças concentradas no pilar. Foi ajustado um valor de
peso próprio para a sapata (1,92 tf/m3) de modo a resultar em um carregamento idêntico
ao indicado na literatura. A discretização adotada no SISEs/TQS está esquematizada na
Fig. 10.

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Artigo CILAMCE 105

p p=0,01 MPa
Esolo= 9,1 MPa
m νsolo = 0,3
10 E lâmina= 21000 MPa
10m
h νlâmina= 0,15
t = 0,26m
lâmina
h = 10m

Figura 8 – Sapata sobre base indeformável e dados dos parâmetros do solo e da sapata

Apresentam-se para o SISEs/TQS as respostas para o método baseado na Teoria da


Elasticidade (TE), que utiliza as relações de Poulos & Davis (1974) junto com o
procedimento de Steinbrenner para representar a base indeformável. Neste caso, é
necessário alimentar no SISEs/TQS o módulo de deformabilidade e o coeficiente de
Poisson do solo. Assim, no editor de sondagem admitiu-se um perfil de solo com uma
camada única de areia com SPT constante para simular meio homogêneo e a cota do
indeslocável. Para o método denominado TE/Típico usa-se os valores sugeridos por
Teixeira & Godoy (1996) para estes dois parâmetros elásticos. Para o método
TE/Schmertmann o módulo de elasticidade, proposto por Schmertmann (1978), é dado
pela seguinte relação válida para fundações diretas:

E = 3 ⋅ K ⋅ SPT
(2)

onde K depende do tipo de solo, e são indicados valores típicos por Teixeira (1993).
Para o método chamado de TE/ Teixeira & Godoy , o módulo de deformabilidade é
obtido conforme proposto por Teixeira & Godoy (1996) que estabelece a seguinte
relação para fundações diretas:

E = α ⋅ K ⋅ SPT
(3)

onde α é um coeficiente que correlaciona a resistência de ponta (qc) com o SPT, onde
seus valores para a areia e argila foram propostos por Trofimenkov (1974).

A Tabela 1 apresenta as respostas obtidas por diversas metodologias e pelo


SISEs/TQS, verificando-se que os valores estão bem próximos entre si, apenas havendo
uma maior distorção com relação ao trabalho de Fraser & Wardle (1974) que modelam
o espaço semi-infinito usando a técnica dos elementos de superfície, onde a matriz final
de influência é obtida usando-se as técnicas de transformações de integral. Sadecka
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(2000) avalia os deslocamentos ao longo da profundidade do meio por meio de funções


pesos não lineares, e admite-se a influência da lâmina (placa) apoiada na superfície do
solo usando o MEF. Almeida & Paiva (2004) utilizam o MEC para simular o solo e o
MEF para representar a sapata.

Tabela 1. Deslocamentos verticais para o centro da sapata

Método Desloc. central (cm)


Fraser & Wardle (1974) 0,730
Sadecka (2000) 0,618
Almeida & Paiva (2004) 0,647
SISEs/TQS – TE/Valor Típico 0,658
SISEs/TQS – TE/Schmertmann 0,606
SISEs/TQS – TE/Teixeira & Godoy 0,606

Figura 9 – Visualizador de recalques do SISEs/TQS - método TE/ Valor Típico (m)

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Artigo CILAMCE 107

Figura 10 – Discretização adotada no SISEs/TQS para a sapata.

15.4.2. Efeito de Influência entre 2 Sapatas


Este segundo exemplo tem a finalidade de comparar a influência que duas sapatas
vizinhas e carregadas têm sobre os valores de recalques. Isto porque o método de
cálculo do SISEs/TQS é o de mola de Winkler, que como principal deficiência é não
levar em conta a presença num certo ponto os efeitos de forças aplicados em outros
pontos vizinhos nos coeficientes do solo, o que dá ao método esta característica não-
contínua.
Neste sentido, a Fig. 11 apresenta o exemplo a ser avaliado, indicando os valores
empregados, bem como a discretização usada para simulá-lo pelo MEF.

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108 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

Aplicou-se um peso próprio sobre os elementos de fundação de valor = 3,5 tf/m3 de


modo que a resultante em cada sapata fosse de 25,2 tf. Isto dividido pela área da sapata
(9m2) resulta em 2,8 tf/m2, conforme valor de projeto, Fig. 11. Desconsiderou-se o peso
próprio e as forças advindas dos 2 pilares. A discretização adotada para as sapatas pelo
SISEs/TQS está indicada na Fig. 12. Neste exemplo também se considerou no editor de
sondagens do SISEs/TQS um SPT constante com a profundidade para indicar um meio
homogêneo, com valor igual ao indicado na Fig. 11, sendo que a cota do indeslocável
foi estabelecida e uma distância de 1000 m para representar o meio semi-infinito.
Comparou-se este exemplo com a formulação desenvolvida em Almeida & Paiva
(2004), que representa o problema com um modelo contínuo advindo do acoplamento
MEC/MEF.
Na Tabela 2, os modelos do SISEs/TQS - TE/Valor Típico e SISEs/TQS –
TE/Schmertmann são os mesmos apresentados no exemplo anterior. O modelo de
SISEs/TQS – TE/Schultze & Sherif, detalhado em Moura (1995), é baseado na
estimativa de recalques em solos arenosos, onde se estabelece uma expressão que leva
em conta a geometria da sapata, sua profundidade no maciço, a tensão aplicada, um
SPT médio obtido dentro do bulbo de pressões e a relação entre a cota de assentamento
e a cota do indeslocável.
O modelo de SISEs/TQS - TE/Parry, Moura (1995), apresenta uma expressão para
cálculo do recalque em que computa o valor médio do SPT, a geometria e a cota de
assentamento da fundação, a espessura da camada compressível, e a posição do lençol
freático.
A Tabela 2 e a Fig. 13 indicam as respostas obtidas, demonstrando boa
concordância entre os diversos métodos. A diferença percentual obtida, para o caso do
centro e vértice da sapata entre o método contínuo e o SISEs/TQS – TE/Schmertmann é
de -0,4% e 9,6%, respectivamente, o que em termos de projeto são pequenos. É válido
destacar que as respostas obtidas pelo SISEs/TQS obtêm valores mais próximos tanto
para o centro como para o vértice da sapata, entretanto, este valor médio do SISEs/TQS
está dentre os extremos do modelo contínuo. Além disso, a influência das duas sapatas
nas respostas não indicaram uma diferença discrepante entre as duas diferentes
metodologias de cálculo, validando o procedimento de cálculo do SISEs/TQS.

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A B

g=2,8 tf/m2
h = 0,4m 0,0 m

13 (SPT)
Esapata= 2,8E+6 tf/m 2
νsapata
= 0,2 13 (" ")

13 (" ") E s= 3921 tf/m2


νs= 0,2
13 (" ")

13 (" ")
6m
13 (" ")

1000 m

Fig. 11 – Esquema geral do exemplo e discretização usada para a sapata e o maciço

Tabela 2. Deslocamentos verticais para pontos indicados na sapata (mm)

Método Pto A Pto B Pto C


Almeida & Paiva (2004) 2,25 2,40 2,50
SISEs/TQS – TE/Valor Típico 2,31 2,31 2,30
SISEs/TQS – TE/Schmertmann 2,26 2,26 2,26
SISEs/TQS – TE/Schultze & Sherif 1,88 1,88 1,87
SISEs/TQS - TE/Parry 1,94 1,94 1,94

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Fig. 12– Discretização adotada no SISEs/TQS para as sapatas

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Artigo CILAMCE 111

Fig. 13 – Visualizador de recalques do SISEs/TQS: método TE/ Valor Típico (m)

15.5. Conclusões
O artigo teve o intuito de apresentar um novo ferramental para a aplicação em
projetos e em pesquisas no campo da análise de problemas de interação solo-estrutura.
Conforme demonstrado no artigo, existem diversas metodologias que avaliam o
problema. Entretanto, estes procedimentos apresentam restrições quanto a sua
aplicabilidade em propósitos genéricos na análise de edifícios.
O desenvolvimento do SISEs/TQS tem dois principais pontos como premissa,
primeiro em apresentar um modelo numérico que seja capaz de reproduzir de maneira
satisfatória o comportamento mecânico do conjunto solo-estrutura. E o segundo em
disponibilizar um sistema que seja fácil sua editoração, geração de malha e análise,
tudo isto sem perder sua característica principal que é a possibilidade de modelagem de
edifícios reais, incluindo efeito de segunda ordem, lajes via elementos finitos,
elementos de fundações mistos, etc.
Para o primeiro caso, avaliaram-se dois exemplos para fundações rasas, os quais
foram comparados com valores apresentados na literatura internacional sobre o assunto,
onde as respostas obtidas no SISEs/TQS demonstraram boa concordância com outras
formulações, como as advindas de métodos semi-analíticos ou dos métodos numéricos,
por exemplo, o método de elementos de contorno.

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112 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

A segunda premissa também foi atingida, pois a TQS informática Ltda possui uma
vasta experiência no desenvolvimento de sistemas computacionais na parte gráfica e
sistemas de interface com o usuário. Acrescenta-se também que o sistema CAD/TQS
possui uma grande aceitação e confiança por parte dos projetistas e por pesquisadores
em diversos centros acadêmicos do Brasil, como ferramental de análise de edifícios em
concreto armado.
Por fim, o artigo é o primeiro a ser apresentado com referência ao desenvolvimento
do SISEs - Sistema de Interação Solo Estrutura – pela TQS informática. Pretende-se em
outras publicações apresentar de maneira mais específica as diversas possibilidades de
aplicações do sistema, como por exemplo a análise de um edifício real considerando o
efeito de segunda ordem, a interação entre elementos mistos de fundação (estacas com
sapatas), a influência da laje maciça, o efeito de vento, etc, todas estas possibilidades
disponíveis no SISEs/TQS.

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Referências Bibliográficas e Bibliografia Consultada 113

16. Referências Bibliográficas e


Bibliografia Consultada

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118 Sises – Sistema de Integração Solo - Estrutura

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