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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Tailize Caramori

ESTUDO DE TRECHOS RÍGIDOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL DE


EDIFICAÇÕES EM CONCRETO ARMADO

Santa Maria, RS
2017
Tailize Caramori

ESTUDO DE TRECHOS RÍGIDOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL DE EDIFICAÇÕES


EM CONCRETO ARMADO

Trabalho final de graduação apresentado ao


Curso de Engenharia Civil, Departamento de
Estruturas e Construção Civil da
Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS) como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheira Civil.

Orientador: Prof. Dr. Almir Barros da Silva Santos Neto

Santa Maria, RS
2017
Tailize Caramori

ESTUDO DE TRECHOS RÍGIDOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL DE EDIFICAÇÕES


EM CONCRETO ARMADO

Trabalho final de graduação apresentado ao


Curso de Engenharia Civil, Departamento de
Estruturas e Construção Civil da
Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS) como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheira Civil.

Aprovado em 11 de julho de 2017:

__________________________________________
Almir Barros da Silva Santos Neto, Prof. Dr. (UFSM)
(Presidente/ Orientador)

__________________________________________
André Lübeck, Prof. Dr. (UFSM)

__________________________________________
Larissa Degliuomini Kirchhof, Prof. Dra. (UFSM)

Santa Maria, RS
2017
AGRADECIMENTOS

A concretização deste trabalho deve-se a compreensão e auxílio de várias


pessoas. Em especial, gostaria de agradecer:
Ao orientador Prof. Almir Barros da Silva Santos Neto, pelos ensinamentos e
conselhos dirigidos a mim no período de graduação e principalmente no período de
orientação deste trabalho;
Aos meus pais Adelir e José, por me apoiarem sempre;
Ao meu namorado Jonas pela ajuda e carinho;
Aos colegas e amigos que sempre se fizeram presentes durante o período de
graduação;
À universidade pública e de qualidade, pela oportunidade de concretizar este
sonho.
Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para finalizar esta etapa.
RESUMO

ESTUDO DE TRECHOS RÍGIDOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL DE EDIFICAÇÕES


EM CONCRETO ARMADO

AUTORA: Tailize Caramori


ORIENTADOR: Almir Barros da Silva Santos Neto

O presente trabalho apresenta um estudo comparativo da utilização de trechos


rígidos nos encontros de vigas e pilares. Primeiramente, fez-se um estudo prévio
com pórticos planos, não havendo mudança no esquema estrutural nem no
carregamento, apenas variando as seções dos elementos estruturais, mostrando
como a consideração de trechos rígidos influencia o comportamento das estruturas.
Após, fez-se o estudo de um edifício, composto por seis pavimentos, sendo um
térreo mais quatro pavimentos – tipo e a cobertura. Através da análise de pórticos
planos e um exemplo mais prático, como uma edificação, observou-se qual o
comportamento de estruturas de concreto ao se considerar trechos rígidos nos
trechos das vigas. Assim, comparando os resultados obtidos nas estruturas
analisadas, foi possível verificar que a consideração dos trechos rígidos influencia
nos esforços, porém tornam-se mais relevantes nos casos onde a largura dos pilares
apresenta pelo menos o dobro da altura das vigas.
Palavras-chave: Análise estrutural. Trechos rígidos. Estruturas de concreto.
ABSTRACT

STUDY OF RIGID SECTIONS AT STRUCTURAL ANALYSIS OF ARMED


CONCRETE BUILDINGS

AUTHOR: Tailize Caramori


ADVISOR: Almir Barros da Silva Santos Neto

The present work presents a comparative study of the use of rigid sections in the
joints of beams and pillars. Firstly, a previous study was carried out with flat frames,
with no change in the structural scheme or loading, only varying the sections of the
structural elements, showing how the consideration of rigid stretches influences the
behavior of the structures. Afterwards, a study was made, consisting of six floors, one
ground floor plus four pavements - type and the cover. Through the analysis of flat
porticoes and a more practical example, as a building, it was observed the behavior
of concrete structures when considering the rigid sections in the stretches of the
beams. Thus, by comparing the results obtained in the analyzed structures, it was
possible to verify that the consideration of the rigid sections influences the efforts, but
they become more relevant in cases where the width of the pillars presents at least
twice the height of the beams.
Keywords: Structural analysis. Rigid sections. Concrete structures.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Condição para engastamento de apoios intermediário ........................... 20


Figura 2 – Aproximação em apoios extremos .......................................................... 21
Figura 3 – Associação de pórticos planos ................................................................ 21
Figura 4 – Pórtico espacial ....................................................................................... 22
Figura 5 – Trechos rígidos nos nós das barras ........................................................ 24
Figura 6 – Trechos rígidos ........................................................................................ 24
Figura 7 – Mudança de eixo de pilares .................................................................... 25
Figura 8 – Trecho rígido visto em planta .................................................................. 25
Figura 9 – (a) Laje maciça; (b) grelha equivalente ................................................... 26
Figura 10 – Carregamento nos nós – carga nodal P – e carregamento nas
barras - carga uniformemente distribuída .............................................. 27
Figura 11 – Isopletas da velocidade básica Vo ........................................................ 28
Figura 12 – Fator topográfico S1 ............................................................................................... 29
Figura 13 – Coeficiente de arrasto Ca, para edificações paralelepipédicas em
vento de baixa turbulência ..................................................................... 35
Figura 14 - Coeficiente de arrasto Ca, para edificações paralelepipédicas em
vento de alta turbulência ....................................................................... 36
Figura 15 – Caso 1 Pórtico hipotético, onde ............. 47
Figura 16 - Caso 1 – Estrutura deformada, valores em mm ..................................... 47
Figura 17 - Caso 1 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m: (a) pórtico
sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração
de trechos rígidos .................................................................................. 48
Figura 15 – Caso 1 - Pórtico hipotético, , onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 46
Figura 16 - Caso 1 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ....................................................................................... 46
Figura 17 - Caso 1 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 47
Figura 18 – Caso 2 – Pórtico hipotético, , onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 47
Figura 19 – Caso 2 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ...................................................................................... 48
Figura 20 – Caso 2 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 48
Figura 21 – Caso 3 – Pórtico hipotético, , onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 49
Figura 22 – Caso 3 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ....................................................................................... 49
Figura 23 – Caso 3 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 49
Figura 24 – Caso 4 – Pórtico hipotético, , onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 51
Figura 25 – Caso 4 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ....................................................................................... 51
Figura 26 – Caso 4 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 51
Figura 27– Caso 5 – Pórtico hipotético, , onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 52
Figura 28 – Caso 5 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ........................................................................................ 52
Figura 29 – Caso 5 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 53
Figura 30 – Caso 6 – Pórtico hipotético, , onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 54
Figura 31 – Caso 6 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ....................................................................................... 54
Figura 32 – Caso 6 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................. 55
Figura 33 – Caso 7 – Pórtico hipotético,
, onde (a) pórtico sem a consideração de trechos
rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............... 55
Figura 34 – Caso 7 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. .................................................................................... 56
Figura 35 – Caso 7 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............................... 56
Figura 36 – Caso 8 – Pórtico hipotético,
, onde (a) pórtico sem a consideração de trechos
rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............... 58
Figura 37 – Caso 8 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ..................................................................................... 58
Figura 38 – Caso 8 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............................... 59
Figura 39 – Caso 9 – Pórtico hipotético,
, onde (a) pórtico sem a consideração de
trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. .. 60
Figura 40 – Caso 9 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ..................................................................................... 60
Figura 41 – Caso 9 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m:
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............................... 60
Figura 42 – Caso 10 – Pórtico hipotético, , onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ................................ 62
Figura 43 – Caso 10 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ..................................................................................... 62
Figura 44 – Caso 10 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............................... 62
Figura 45 – Caso 11 – Pórtico hipotético, , onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............................... 63
Figura 46 – Caso 11 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ..................................................................................... 63
Figura 47 – Caso 11 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............................... 64
Figura 48 – Caso 12 – Pórtico hipotético, , onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............................... 64
Figura 49 – Caso 12 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ..................................................................................... 65
Figura 50 – Caso 12 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............................... 65
Figura 51 – Caso 13 – Pórtico hipotético, , onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............................... 66
Figura 52 – Caso 13 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração
de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos;
valores em mm. ..................................................................................... 66
Figura 53 – Caso 13 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde
(a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e;
(b) pórtico com a consideração de trechos rígidos. ............................... 66
Figura 54 – Planta de forma – Pavimento tipo. ........................................................ 76
Figura 55 – Escada do edifício em estudo. .............................................................. 78
Figura 56 – Força horizontal devido à ação do desaprumo na direção a 0º. ............ 81
Figura 57 – Pórtico espacial da edificação em estudo. ............................................ 83
Figura 58 – Deslocamentos no topo da estrutura sem (a) e com (b) a
consideração de trechos rígidos para combinação frequente de serviço.
Valores em mm. .................................................................................... 89
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Coeficientes para consideração da solidariedade entre vigas e


pilares externos. .................................................................................... 20
Quadro 2 – Parâmetros meteorológicos. .................................................................. 32
Quadro 3 – Fator S2. ..................................................................................................................... 32
Quadro 4 – Valores mínimos do fator estatístico S3 ........................................................... 33
Quadro 5 – Combinações últimas. ........................................................................... 37
Quadro 6 – Coeficiente . ...................................................................... 38
Quadro 7 – Valores do coeficiente . ..................................................................... 39
Quadro 8 – Combinações de serviço. ...................................................................... 40
Quadro 9 – Limites para deslocamentos. ................................................................. 41
Quadro 10 – Casos 1, 2 e 3 – Sem trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m). 50
Quadro 11 – Casos 1, 2 e 3 – Com trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m). 50
Quadro 12 – Casos 4 e 5 – Sem trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m). ... 53
Quadro 13 – Casos 4 e 5 – Com trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m). .. 53
Quadro 14 – Casos 6 e 7 – Sem trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m). ... 57
Quadro 15 – Casos 6 e 7 – Com trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m). .. 57
Quadro 16 – Casos 8 e 9 – Sem trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m). ... 61
Quadro 17 – Casos 8 e 9 – Com trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m). .. 61
Quadro 18 – Casos 11, 12 e 13 – Sem trechos rígidos: momento fletor na
viga (kN.m). ......................................................................................... 67
Quadro 19 – Casos 11, 12 e 13 – Com trechos rígidos: momento fletor na
viga (kN.m). ......................................................................................... 67
Quadro 20 – Caso 1 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de
trechos rígidos (kN.m). ........................................................................ 68
Quadro 21 – Caso 2 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de
trechos rígidos (kN.m). ........................................................................ 69
Quadro 22 – Caso 3 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de
trechos rígidos (kN.m). ........................................................................ 69
Quadro 23 – Caso 4 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de
trechos rígidos (kN.m). ........................................................................ 69
Quadro 24 – Caso 5 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de
trechos rígidos (kN.m). ........................................................................ 69
Quadro 25 – Caso 6 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de
trechos rígidos (kN.m). ........................................................................ 70
Quadro 26 – Caso 7 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de
trechos rígidos (kN.m). ........................................................................ 71
Quadro 27 – Caso 8 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de
trechos rígidos (kN.m). ........................................................................ 71
Quadro 28 – Caso 9 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de
trechos rígidos (kN.m). ........................................................................ 71
Quadro 29 – Caso 1 - Deslocamentos verticais (z) e horizontais (x) obtidos
e diferença entre os valores encontrados nas duas análises,
com e sem trecho rígido. Valores em (mm). ....................................... 72
Quadro 30 – Caso 2 - Deslocamentos verticais (z) e horizontais (x) obtidos
e diferença entre os valores encontrados nas duas análises,
com e sem trecho rígido. Valores em (mm). ....................................... 72
Quadro 31 – Caso 3 - Deslocamentos verticais (z) e horizontais (x) obtidos
e diferença entre os valores encontrados nas duas análises,
com e sem trecho rígido. Valores em (mm). ....................................... 73
Quadro 32 – Caso 10 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de
trechos rígidos (kN.m). ........................................................................ 73
Quadro 33 – Caso 10 - Deslocamentos obtidos e diferença entre os
valores encontrados nas duas análises, com e sem trecho rígido.
Valores em (mm). ............................................................................... 73
Quadro 34 – Caso 11, 12 e 13 - Deslocamentos horizontais obtidos e diferença
entre os valores encontrados nas duas análises, com e sem trecho
rígido. Valores em (mm). ..................................................................... 74
Quadro 35 – Ação do vento na edificação. .............................................................. 80
Quadro 36 – Ação do desaprumo na edificação. ..................................................... 80
Quadro 37 – Momento fletor na V5, valores em kN.m. ............................................ 84
Quadro 38 – Diferença de momento fletor na V6, valores em kN.m. ....................... 85
Quadro 39 – Diferença de momento fletor na V7, valores em kN.m. ....................... 86
Quadro 40 – Força normal junto a fundação, valores em kN. .................................. 87
Quadro 41 – Deslocamentos no topo da estrutura, valores em mm. ....................... 88
Quadro 42 – Deslocamento no topo da edificação e diferenças ao se fazer
a consideração de trechos rígidos para ação do vento.
Valores em mm. .................................................................................. 89
Quadro 43 – Deslocamentos laterais entre os pavimentos. Valores em mm. .......... 90
Quadro 44 – Valores de gama z ( ) para as combinações estudadas, com e
sem a inserção de trechos rígidos. ..................................................... 91
Quadro 45 – Momento de engastamento nos pilares P7 e P8. Valores em kN.m. ... 91
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................... 16
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo principal ................................................................................ 16
1.2.2 Objetivos específicos ......................................................................... 17
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 18
2.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS ....................................................................... 18
2.2 MODELOS ESTRUTURAIS ........................................................................... 18
2.2.1 Vigas contínuas .................................................................................. 19
2.2.2 Pórticos planos ................................................................................... 21
2.2.3 Pórtico espacial .................................................................................. 22
2.3 TRECHOS RÍGIDOS ...................................................................................... 23
2.4 ANALOGIA DE GRELHA EM LAJES ............................................................. 26
2.5 VENTO ........................................................................................................... 27
2.5.1 Velocidade básica do vento ............................................................... 27
2.5.2 Velocidade característica do vento ................................................... 28
2.5.3 Fator Topográfico S1 .......................................................................... 29
2.5.3 Fator de rugosidade do terreno, dimensões da edificação
e altura sobre o terreno S2 ............................................................... 30
2.5.3.1 Rugosidade do terreno .............................................................. 30
2.5.3.2 Dimensões da edificação .......................................................... 31
2.5.3.3 Altura sobre o terreno ................................................................ 31
2.5.4 Fator estatístico S3 ............................................................................. 33
2.5.5 Determinação da Pressão dinâmica do vento .................................. 33
2.5.6 Coeficiente de arrasto (Ca) ................................................................ 34
2.5.7 Força de arrasto do vento .................................................................. 35
2.6 – COMBINAÇÃO DE AÇÕES ........................................................................ 36
2.7 ESTADOS LIMITES ....................................................................................... 36
2.7.1 Estado Limite Último (ELU) ................................................................ 37
2.7.1 Estado Limite de Serviço (ELS) ......................................................... 39
2.8 DESLOCAMENTOS-LIMITES ........................................................................ 40
2.9 IMPERFEIÇÕES GLOBAIS ........................................................................... 41
2.10 COEFICIENTE GAMA-Z .............................................................................. 42
3. METODOLOGIA .................................................................................................. 44
4 ESTUDO DE CASO EM PÓRTICOS PLANOS .................................................... 45
4.1. AÇÕES VERTICAIS ........................................................................................ 45
4.1.1. Caso 1 ................................................................................................... 45
4.1.2 Caso 2 .................................................................................................... 47
4.1.3 Caso 3 .................................................................................................... 48
4.1.4 Caso 4 .................................................................................................... 50
4.1.5 Caso 5 .................................................................................................... 52
4.1.6 Caso 6 .................................................................................................... 54
4.1.7 Caso 7 .................................................................................................... 55
4.1.8 Caso 8 .................................................................................................... 57
4.1.9 Caso 9 .................................................................................................... 59
4.1.10 Caso 10 ................................................................................................ 61
4.2 AÇÕES HORIZONTAIS ................................................................................... 63
4.2.1 Caso 11 .................................................................................................. 63
4.2.2 Caso 12 .................................................................................................. 64
4.2.3 Caso 13 .................................................................................................. 65
4.3 ANÁLISE DAS AÇÕES VERTICAIS ................................................................ 67
4.4 ANÁLISE DAS AÇÕES HORIZONTAIS ........................................................... 74
5 ANÁLISE DE UMA EDIFICAÇÃO COM TRECHOS RÍGIDOS ............................ 76
5.1 CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA ........................................................... 76
5.2 MATERIAIS UTILIZADOS ................................................................................ 77
5.3 ELEMENTOS ESTRUTURAIS E CARREGAMENTOS .................................... 77
5.3.1 Ações verticais ...................................................................................... 77
5.3.2 Ações Horizontais ................................................................................. 79
5.3.3 Combinação de ações .......................................................................... 81
5.4 ESTRUTURAS ANALISADAS .......................................................................... 82
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................ 84
6.1 MOMENTO FLETOR NAS VIGAS ................................................................... 84
6.2 FORÇA NORMAL JUNTO À FUNDAÇÃO ....................................................... 87
6.3 DESLOCAMENTOS LATERAIS NO TOPO DAS ESTRUTURAS .................... 88
6.4 MOMENTO DE ENGASTAMENTO NOS PILARES ......................................... 91
7. CONCLUSÕES .................................................................................................... 93
7.1 SUGESTÃO PARA FUTUROS TRABALHOS .................................................. 94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 95
16

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Em sua grande maioria, as edificações sejam residenciais, comerciais ou


industriais são compostas por elementos estruturais, dentre elas vigas, pilares e
lajes de concreto armado.
Esse tipo de sistema empregado visa à formação de pórticos espaciais,
através das ligações entre os elementos estruturais, que serão responsáveis por
resistir aos esforços impostos e transmiti-los ao solo através das fundações.
Dentre as ligações empregadas para a formação dos pórticos, destacam-se
as ligações entre vigas e pilares, pois são regiões com rigidez significativamente
maior que as demais, em alguns casos, podem ser consideradas trechos
infinitamente rígidos
Dessa forma, faz-se necessário uma análise estrutural da edificação como um
todo e em especial os trechos rígidos, determinando assim com maior exatidão os
esforços e deslocamentos que irão ocorrer na estrutura ao longo de sua vida útil.
A ABNT NBR 6118:2014, item 14.2.1 ressalta-se que “O objetivo da análise
estrutural é determinar os efeitos das ações em uma estrutura, com a finalidade de
efetuar verificações dos estados-limites último e de serviço. [...]”. Para isso, é
necessário escolher o modelo estrutural que melhor represente o comportamento
real que a edificação possa apresentar.
Geralmente para simplificação de cálculo, ao se fazer a análise estrutural, as
ligações entre vigas e pilares não são consideradas regiões de interação entre o
cruzamento de eixos. Assim, torna-se conveniente fazer um estudo comparativo
entre os esforços obtidos com e sem a consideração desses trechos rígidos.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo principal

Pretende-se com esse trabalho, estudar a influência da utilização de trechos


rígidos na região de ligações entre vigas e pilares, em estruturas de concreto
armado.
17

1.2.2 Objetivos específicos

 Realizar a análise estrutural de pórticos planos, evidenciando o


comportamento das estruturas frente à mudança de seção das peças
estruturais, comparando os resultados obtidos com e sem a utilização
de trechos rígidos;
 Realizar a análise estrutural de dois edifícios de seis pavimentos,
sendo que no primeiro não será utilizado o modelo de trechos rígidos, e
no segundo será feita esta consideração nas ligações entre vigas e
pilares. Posteriormente, será feito um comparativo de resultados.
 Comparar os resultados obtidos com pórticos planos e o edifício
exemplo, mostrando em quais situações as estruturas apresentou
mesmo comportamento.

1.3 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho tem como principal objetivo estudar os encontros entre


vigas e pilares de concreto armado, chamados trechos rígidos, pois este tema gera
dúvidas entre projetistas estruturais.
Isto porque são regiões com rigidez maior que as demais, podendo assim
influenciar nos resultados gerados na análise estrutural e assim no
dimensionamento das peças estruturais.
Este tema gera incerteza, pois não é tratado de forma detalhada na ABNT
NBR 6118:2014. Sabe-se que são regiões de iteração entre os elementos
estruturais, porém não se tem uma abordagem exata de como isto influencia nos
esforços da estrutura, e em quais situações deve-se ou não fazer sua aplicação.
Assim, comparando os resultados obtidos em estruturas com e sem o uso de
trechos rígidos, será possível analisar em quais casos é conveniente a sua
utilização.
18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS

Süssekind (1981) afirma que o sistema estrutural que compõe uma edificação
pode ser entendido como um conjunto de elementos estruturais. Dessa forma,
ocorre a formação de pórticos, com capacidade de receber e transmitir solicitações
externas impostas à estrutura, sem que comprometa a integridade das peças.
Um elemento estrutural pode ser classificação quanto à sua geometria e o
tipo de esforço preponderante. Quanto à sua geometria, pode ser classificado como
linear, de superfície e de volume.
Fontes (2005) considera elementos lineares ou barras os que possuem uma
das dimensões bem maior que as demais. São elementos em que o comprimento
longitudinal supera em, pelo menos, três vezes a maior dimensão da seção
transversal. Podem ser representados por um eixo longitudinal, e seu comprimento é
limitado pelo centro de apoios ou pela interseção do eixo de outro elemento. Dentre
os mais conhecidos, destacam-se vigas, pilares, tirantes e arcos.
Elementos de superfície são os que apresentam uma das dimensões,
usualmente chamada de espessura, relativamente pequena em comparação com as
demais. São considerados elementos bidimensionais placas, usualmente
denominadas lajes, chapas, cascas e pilares-parede.
Já os elementos de volume possuem as três dimensões com a mesma ordem
de grandeza, e geralmente são chamados de blocos. Destacam-se os blocos de
coroamento de tubulão, blocos sobre estacas e sapatas.

2.2 MODELOS ESTRUTURAIS

Através da composição de um ou mais elementos estruturais, são formados


os modelos ou esquemas estruturais. Esses modelos estruturais são necessários
para determinar os esforços que a edificação sofrerá ao longo do tempo.
Segundo a ABNT NBR 6118:2014, no item 14.2.2, a análise estrutural deve
ser feita com um modelo estrutural que seja adequado ao objetivo da análise. Em
alguns casos, pode ser necessário mais de um modelo para realizar as verificações
previstas pela norma.
19

De acordo com Giongo (2002), os cálculos dos esforços que solicitam


estruturas de edifícios de concreto armado podem ser feitos por processo
simplificado, considerando os elementos estruturais separadamente, ou processo
mais elaborado, que considera o conjunto de vigas e lajes como grelhas e o conjunto
de vigas e pilares como pórtico plano ou pórtico espacial.
Para a análise de estruturas em concreto armado, destaca – se a utilização
do modelo de vigas contínuas, pórticos planos e pórticos espaciais. A seguir, serão
apresentados alguns dos principais modelos estruturais compostos por elementos
lineares.

2.2.1 Vigas contínuas

Modelo estrutural simplificado, composto apenas por um elemento estrutural.


Trata-se de vigas isoladas que recebem carregamento proveniente de parte da
estrutura. Representado por barras apoiadas, onde são aplicados forças e
carregamentos distribuídos no plano do seu eixo de simetria. Os apoios geralmente
são representados por pilares ou outras vigas, e podem ser considerados
simplesmente apoiados, engastados, ou semi-rígidos, dependendo da precisão que
será adotada no projeto.
Fontes (2005) afirma que momentos fletores e esforços cortantes são os
principais esforços predominantes nesse tipo de modelo estrutural. No caso de
esforços normais, geralmente são desprezados, sendo considerado em casos de
efeito de retração, fluência e variação térmica. Deve-se levar em conta esforços de
torção para o caso de equilíbrio na viga. Para isso, é necessária a combinação de
outro modelo, pois a torção atua em um plano perpendicular ao plano que contém o
eixo longitudinal na viga contínua.
O modelo clássico de viga contínua é considerado simplesmente apoiado nos
pilares, para o estudo das cargas verticais. No entanto, nesse tipo de modelo, não é
feita a transmissão dos esforços entre vigas e pilares, que em muitos casos não
representa de forma coerente a real situação da estrutura. Segundo a ABNT NBR
6118:2014 no item 14.6.6.1, é permitido o uso do modelo de vigas contínuas
observando a necessidade de algumas correções adicionais:
20

a) não podem ser considerados momentos positivos menores que os que se obteriam
se houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos;
b) quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio, medida
na direção do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do pilar, não pode
ser considerado o momento negativo de valor absoluto menor do que o de
engastamento perfeito nesse apoio (Figura 1);
c) quando não for realizado o cálculo exato da influência da solidariedade dos pilares
com a viga, deve ser considerado, nos apoios extremos, momentos fletores igual ao
momento de engastamento perfeito multiplicado pelos coeficientes estabelecidos nas
seguintes relações (Tabela 1). (ABNT NBR 6118:2014, p. 93).

Figura 1 - Condição para engastamento de apoios intermediários

Fonte: Adaptada de Fontes, 2005.

Quadro 1 – Coeficientes para consideração da solidariedade entre vigas e pilares


externos.

Fonte: Adaptado ABNT NBR 6118 (2014).

Onde:

é a rigidez do elemento i no nó considerado dado por


, avaliado conforme indicado na Figura 2.
21

Figura 2 – Aproximação em apoios extremos

Fonte: Adaptado da ABNT NBR 6118 (2014).

Feitas as devidas considerações, será possível utilizar o modelo de vigas


contínuas. No entanto, com o grande desenvolvimento de programas de análise e
cálculo estrutural, esse modelo atualmente vem sendo pouco utilizado, devido às
limitações.

2.2.2 Pórticos planos

Pórticos planos são composições de elementos lineares situados num mesmo


plano (Figura 3), onde cada elemento apresenta três graus de liberdade por nó. Nos
edifícios eles formam painéis compostos por vigas, pilares e possíveis tirantes. Os
esforços internos analisados por esse modelo são os momentos fletores, esforços
cortantes e normais. Nos nós, as ligação podem ser consideradas rígidas, semi-
rígidas ou flexíveis. Em situações onde não se dispõe de softwares de cálculo
estrutural, é considerado uma alternativa, gerando resultados satisfatórios.

Figura 3 – Associação de pórticos planos

Fonte: Autor, 2017.


22

Por apresentar um conjunto de elementos estruturais associados, é


considerado um modelo de análise que apresenta resultados com maior precisão se
comparado ao modelo de vigas contínuas. Leva em consideração a transmissão dos
esforços entre os elementos.
Para Fontes (2005), este tipo de modelo estrutural gera a possibilidade de
associar pórticos planos de uma mesma direção, através de barras articuladas nas
extremidades, que simulam o feito das lajes na estrutura, comportando-se como um
diafragma rígido. Este tipo de associação torna-se uma boa alternativa à análise
global da estrutura.
Uma de suas limitações está relacionada ao efeito de torção. Assim, esse tipo
de análise tem maior aplicação para edificações simétricas, tanto para sua
geometria como para seu carregamento.

2.2.3 Pórtico espacial

O modelo de pórtico espacial, assim como para pórtico plano, é formado pela
união de elementos lineares, onde cada elemento apresenta seis graus de liberdade
por nó. A união desses elementos resulta em ligações, que podem ser consideradas
como rígida, semi-rígida ou flexível, Figura 4. No entanto, para se obter uma
modelagem com maior precisão, deve-se inserir trechos rígidos nas ligações entre
as barras, que por sua vez será assunto de pesquisa no presente trabalho.

Figura 4 – Pórtico espacial

Fonte: Autor, 2017.


23

Por ser um modelo que representa a edificação de forma mais real, resulta
em uma análise criteriosa, determinando esforços com maior exatidão que os
demais. Seu uso é adequado para a aplicação de carregamentos verticais e/ou
horizontais, em estruturas com ou sem simetria. Além disso, podem-se aplicar forças
em qualquer direção do espaço tridimensional. A análise determina momentos
fletores e torção, esforços cortantes e normais de todos os elementos, além de
haver a solidariedade e transmissão de momentos entre os elementos e a
consideração de rotações devido à torção.
Segundo a ABNT NBR 6118:2014, no item 14.6.6.2, para pórticos espaciais,
pode-se, de maneira aproximada, reduzir a rigidez à torção das vigas por fissuração,
utilizando-se 15% da rigidez elástica. Além disso, para a verificação de estados-
limites últimos, podem ser considerados com rigidez à torção das vigas nulas, de
modo a eliminar a torção de compatibilidade da análise. Isto também vale para
grelhas.
Sendo um modelo estrutural complexo, sua solução geralmente vem
acompanhada por ferramentas computacionais. Atualmente, esse tipo de modelo
estrutural é o mais utilizado em escritórios de cálculo estrutural.

2.3 TRECHOS RÍGIDOS

Em edificações de concreto armado, é comum a ligação de dois ou mais


elementos lineares, entre eles a ligação entre vigas e pilares. Segundo Fontes
(2005) esses encontros são conhecidos como nós, que em muitos casos possuem
dimensões não desprezíveis se comparadas a vãos e pés-direitos usuais.

Idealização eficiente e relativamente simples para os nós de dimensões


finitas, consiste em considerá-los como elementos infinitamente rigidos. Isto é
equivalente a admitir-se um ponto que resume os nós ao qual se ligam os
elementos estruturais deformáveis por meio de trechos rígidos, usualmente
designados por “offsets” (CORREA; 1991, p 36).

Dessa forma, os trechos rígidos são determinados pelas dimensões dos


elementos, a partir do nó que representa a ligação. Assim, devido as dimensões
usuais de peças de concreto, é mais comum considerar os trechos rígidos nas vigas
24

do que em pilares. As posições dos nós são definidas pelas interseções dos eixos
das barras, como apresentado na Figura 5.

Figura 5 – Trechos rígidos nos nós das barras

Fonte: Adaptada de Correa (1991).

Segundo a ABNT NBR 6118:2014 (2014, p. 87) no item 14.6.2.1, “Os trechos
de elementos lineares pertencentes à região comum ao cruzamento de dois ou mais
elementos podem ser considerados rígidos (nós de dimensões finitas),[...],” ilustrado
na Figura 6.

Figura 6 – Trechos rígidos

Fonte: Adaptado da ABNT NBR 6118:2014.

Segundo Correa (1991), os trechos rígidos poderiam ser dicretizados como se


fossem elementos de grande rigidez. No entanto, utilizando trechos rígidos com
rigidez muito acentuada no modelo pode produzir um resultado fora do esperado.
25

Assim, costuma-se adotar, nos trechos de vigas tidas como rígidas, uma largura
igual a do pilar e uma altura igual ao do pé-direito.
Outra situação para a aplicação de trechos rígidos relaciona a mudança de
seção entre pilares. A Figura 7 apresenta o nó como o ponto de interseção dos eixos
da viga com os pilares, formando o trecho rígido. Fontes (2005, p. 18.) ressalta “A
partir desse nó, o trecho rígido se estende até o eixo do pilar superior e até um ponto
distante 30% da altura da viga, em relação a face do pilar inferior.[...]”.

Figura 7 – Mudança de eixo de pilares

Fonte: Adaptada de Correa, 1991.

Outro caso a ser considerado é a simulação de apoio em pilares (Figura 8). O


nó pode ser considerado no centro geométrico do pilar que serve de apoio as vigas.

No caso da parcela 3/10 da altura da viga ser maior que a distância da face
do pilar até o eixo de sua seção tranversal, perpendicular à viga em questão,
o trecho rígido resume-se a uma barra perpendicular a essa mesma viga.[...]
Fontes (2005, p. 18)

Figura 8 – Trecho rígido visto em planta

Fonte: Fontes, 2005.


26

Em geral, ao se fazer a análise estrutural de uma edificação, não são


considerados os trechos rígidos no encontro entre vigas e pilares. Porém, ao se
fazer esta simplificação, pode haver diferenças de alguns resultados frente ao
comportamento real que a estrutura possa apresentar.

2.4 ANALOGIA DE GRELHA EM LAJES

Segundo Barbosa (1992) a analogia de grelha é um método bastante utilizado


para análise de lajes, pela facilidade de compreensão e utilização, apresentando
resultados satisfatórios Sua primeira utilização foi em 1959 por Lightfoot e Sawko.
Esta técnica também é usada para cálculo de tabuleiro de pontes. Consiste em
substituir a laje por uma grelha equivalente de barras ortogonais (vigas) paralelas. A
Figura 9 apresenta uma representação do modelo da analogia de grelha em lajes.

Figura 9 – (a) Laje maciça; (b) grelha equivalente.

Fonte: Hambly (1976).

Stramandinoli (2003) afirma que o carregamento que irá atuar nas lajes
provenientes do peso – próprio, revestimento, paredes divisórias, carga acidental e
outras, podem ser representados de duas maneiras. Primeiro aplicado diretamente
nos nós da grelha, como carga concentrada, ou como carga distribuída ao longo das
barras. Os dois casos, devem ser calculados através da área de influência do
elemento, no caso das barras ou nós (Figura 10).
27

Figura 10 – Carregamento nos nós – carga nodal P – e carregamento nas barras –


carga uniformemente distribuída

Fonte: Stramandinoli (2003).

2.5 VENTO

A ação do vento é representada por um conjunto de forças com grande


influência na estabilidade global das estruturas. Assim, é de grande relevância sua
utilização na análise estrutural.
A ABNT NBR 6118:2014, no item 11.4.1.2, afirma:

Os esforços solicitantes relativos à ação do vento devem ser considerados e


recomenda-se que sejam determinados de acordo com o prescrito pela ABNT
NBR 6123:1988, permitindo-se o emprego de regras simplificadas previstas
em Normas Brasileiras específicas (ABNT NBR 6118, 2014, p. 62).

Assim, após o cálculo da ação do vento, devem ser introduzidas às


combinações das ações na edificação em estudo.
Para se determinar as forças estáticas devidas ao vento, devem ser levadas
em conta algumas características da edificação em estudo, entre elas o local onde
se encontra e as dimensões apresentadas. A seguir serão apresentadas as
características necessárias ao cálculo da ação do vento.

2.5.1 Velocidade básica do vento

Segundo a NBR 6123:1988, no item 5.1, “A velocidade básica do vento Vo é a


velocidade de uma rajada de 3 s, excedida em média uma vez a cada 50 anos, a 10
m acima do terreno, em campo aberto e plano [...]”. Dessa forma, a ABNT NBR
28

6123:1988 fornece os valores da velocidade básica do vento em qualquer região do


Brasil através do mapa de “isopletas”, como mostra a Figura 11.

Figura 11 – Isopletas da velocidade básica Vo

Fonte: ABNT NBR 6123(1988).

2.5.2 Velocidade característica do vento

Após determinar a velocidade básica do vento, faz-se necessário calcular a


velocidade característica Vk. A ABNT NBR 6123:1988 propõe o procedimento para
determinação velocidade, através da seguinte equação.

(1)
29

Onde:
Vo é a velocidade básica do vento, em m/s;
S1 é o fator topográfico
S2 é uma variável que depende da rugosidade do terreno, das dimensões da
edificação e da altura sobre o terreno;
S3 é o fator estatístico.

2.5.3 Fator Topográfico S1

O fator topográfico S1 está relacionado com os efeitos das variações do


relevo do terreno onde será construída a edificação e é definido segundo a ABNT
NBR 6123:1988 no item 5.2 por alguns fatores:

a) terreno plano ou fracamente acidentado: S1 = 1,0

b) taludes e morros: Taludes e morros alongados nos quais pode ser admitido
fluxo de ar bidimensional soprando no sentido indicado na Figura abaixo:

Figura 12 – Fator topográfico S1

Fonte: ABNT NBR 6123, 1988.


30

De acordo com a Figura 12. o ponto B, devem-se utilizar as seguintes


equações para determinação de S1:
→ ( )

→ ( ) ( ) ( ) (2)

→ ( ) ( ) (3)

Onde:
z é a altura medida a partir da superfície do terreno no ponto considerado;
d é a diferença de nível entre a base e o topo do talude;
é a inclinação média do talude ou encosta do morro.

Segundo a ABNT NBR 6123:1988, no item 5.2, nos casos entre o ponto A e B
e entre C e D, o fator S1 pode ser obtido por interpolação linear. Para vales
protegidos do vento em todas as direções, deve-se considerar S1 = 0,9.

2.5.3 Fator de rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o


terreno S2

O fator S2 refere-se às dimensões da edificação, à rugosidade do terreno no


qual a edificação será construída e à altura sobre o terreno.

2.5.3.1 Rugosidade do terreno

A ABNT NBR 6123:1988, no item 5.3.1, classifica a rugosidade do terreno em


cinco categorias:
Categoria I: Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de
extensão, medida na direção e sentido do vento incidente;
Categoria II: Terrenos abertos em nível, ou aproximadamente em nível, com
poucos obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas. A cota média do
topo dos obstáculos é considerada igual ou inferior a 1,0 m.
Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes
ou muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas. A cota
média do topo dos obstáculos é considerada igual a 3,0 m.
31

Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, pouco espaçados


e situados em zonas florestais, industriais ou urbanizadas. A cota média do topo dos
obstáculos é considerada igual a 10,0 m.
Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e
pouco espaçados. A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual ou
superior a 25,0 m.

2.5.3.2 Dimensões da edificação

A ABNT NBR 6123:1988 no item 5.3.2 define três classes de edificações e


seus elementos, considerando os intervalos de tempo de 3, 5 e 10 segundos para
rajadas.
Classe A: Todas as unidades de vedação, seu elementos de fixação e peças
individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior
dimensão horizontal ou vertical não exceda 20 m.
Classe B: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior
dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal esteja entre 20 m e 50 m.
Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior
dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 m. (ABNT
NBR 6123:1988, p. 9).

2.5.3.3 Altura sobre o terreno

O fator S2 também depende da altura acima do terreno (z), e pode ser obtido
pela Equação 4:

( ) (4)

Onde:
z é a altura acima do terreno;
Fr é o fator de ralada, sempre correspondente a categoria II;
b é o parâmetro meteorológico;
p é o expoente da lei potencial de variação do fator S 2.
32

Os valores de Fr, b e p apresentados pela ABNT NBR 6123:1988 encontram-


se no Quadro 2.

Quadro 2 – Parâmetros meteorológicos

Fonte: ABNT NBR 6123, 1988.

O fator S2 também pode ser calculado através do Quadro 3, e está


relacionado a algumas alturas acima do terreno. No caso de valores de z (em
metros) intermediários aos apresentados, deve-se interpolar linearmente.

Quadro 3 – Fator S2

Fonte: ABNT NBR 6123, 1988.


33

2.5.4 Fator estatístico S3

Este fator está relacionado com o grau de segurança da edificação, conceitos


probabilísticos e o tipo de ocupação que irá apresentar. Assim, a ABNT NBR
6123:1988, no item 5.4, estabelece um período de vida útil da edificação de 50 anos
e probabilidade de 63% de a velocidade básica ser excedida de, pelo menos, uma
vez neste período. Assim, os valores mínimos de S3 encontram-se no Quadro 4.

Quadro 4 – Valores mínimos do fator estatístico S3

Fonte: ABNT NBR 6123, 1988.

2.5.5 Determinação da Pressão dinâmica do vento

Após o cálculo da velocidade característica (Vk), segundo a ABNT NBR


6123:1988 no item 4.2, deve-se determinar a pressão dinâmica (q), em N/m², pela
Equação 5:

(5)

Onde
é a massa específica do ar, igual a 1,225 kg/m³, em condições normais de
temperatura e pressão;
34

é a velocidade característica do vento, em m/s.

2.5.6 Coeficiente de arrasto (Ca)

Segundo a ABNT NBR 6123:1988, para determinar o coeficiente de arrasto


Ca em edificações, deve-se considerar principalmente as condições de turbulência e
não turbulência do vento que incide.
O vento turbulento ou de baixa turbulência é caracterizado pela ausência de
obstáculos. Para este caso é apresentado pela ABNT NBR 6123:1988 o gráfico da
Figura 13 que apresenta os valores do Ca em função da altura, comprimento e
largura da edificação.

Figura 13 – Coeficiente de arrasto Ca, para edificações paralelepipédicas em vento


de baixa turbulência.

Fonte: ABNT NBR 6123, 1988.

O vento considerado turbulento ou de alta turbulência, geralmente é


observado em grandes cidades, com grande quantidade de obstáculos. A ABNT
35

NBR 6123:1988, no item 6.5.3, estabelece condições mínimas para que se possa
considerar o vento de alta turbulência.

Uma edificação pode ser considerada em zona de alta turbulência quando sua altura
não exceda duas vezes a altura média das edificações nas vizinhanças, estendendo-
se estas na direção e sentido do vento incidente, a distância mínima (dmin) de 500 m,
para uma edificação de até 40 m de altura, 1000 m, para uma edificação de até 55 m
de altura, 2000 m, para uma edificação de até 70 m de altura, 3000 m, para uma
edificação de até 80 m de altura (ABNT NBR 6123:1988, p.21).

Os valores do Ca para vento de alta turbulência são apresentados na Figura


14.

Figura 14 - Coeficiente de arrasto Ca, para edificações paralelepipédicas em vento


de alta turbulência.

Fonte: ABNT NBR 6123, 1988.

2.5.7 Força de arrasto do vento


A força de arrasto é a força resultante que atuará na edificação, e é tratada no
item 4.2.3 da ABNT NBR 6123:1988. Assim, a força de arrasto deve ser calculada
pela Equação 6:
36

(6)

Onde:
Ca é o coeficiente de arrasto;
q é a pressão dinâmica do vento;
Ae é a área frontal efetiva, ou seja, área de projeção ortogonal da edificação,
estrutura ou elemento estrutural sobre um plano perpendicular à direção do vento
(“superfície de sombra”).

2.6 – COMBINAÇÃO DE AÇÕES

A ABNT NBR 6118:2014, no item 11.8.1, afirma que:

Um carregamento é definido pela combinação das ações que têm probabilidades não
desprezíveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura durante um período
preestabelecido. A combinação das ações deve ser feita de forma que possam ser
determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura; a verificação da
segurança em relação aos estados-limites últimos e aos estados-limites de serviço
deve ser realizada em função de combinações últimas e combinações de serviço,
respectivamente (ABNT NBR 6118:2014, p. 66).

Esta é uma etapa primordial na concepção de uma estrutura, pois deve


apresentar as principais ações que atuarão ao longo de sua vida útil, encontrando a
situação mais desfavorável. Assim, a edificação deve ser dimensionada para que
atenda aos dois estados-limites.

2.7 ESTADOS LIMITES

Segundo a ABNT NBR 6118:2014, devem ser avaliados os dois estados-


limites: Estado Limite Último (ELU) e Estado Limite de Serviço (ELS). A seguir, serão
apresentados os dois estados-limites.
37

2.7.1 Estado Limite Último (ELU)


Estado limite último está relacionado ao colapso da estrutura, situação que
determine a paralisação do uso da estrutura. Segundo a ABNT NBR 6118:2014 no
item 10.3, a segurança da edificação deve ser verificada das seguintes formas:

a) estado-limite último da perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo rígido;


b) estado-limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu
todo ou em parte, devido às solicitações normais e tangenciais, admitindo-se a
redistribuição de esforços internos, desde que seja respeitada a capacidade de
adaptação plástica definida na Seção 14, e admitindo-se, em geral, as verificações
separadas das solicitações normais e tangenciais; todavia, quando a interação entre
elas for importante, ela estará explicitamente indicada nesta Norma;
c) estado-limite último esgotado da capacidade resistente da estrutura, no seu uso
todo ou em parte, considerando os efeitos de segunda ordem;
d) estado-limite último provocado por solicitações dinâmicas (Seção 23);
e) estado-limite último de colapso progressivo;
f) estado-limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu
todo ou em parte, considerando exposição ao fogo, conforme a ABNT NBR 15200;
g) estado-limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura,
considerando ações sísmicas, de acordo com a ABNT NBR 15421;
h) outros estados-limites últimos que eventualmente possam ocorrer em casos
especiais. (ABNT NBR 6118:2014, p. 54)

A ABNT NBR 6118:2014, no item 11.8.2.4, apresenta as principais


combinações a serem utilizadas para estado-limite último em uma edificação.

Quadro 5 – Combinações últimas.

Fonte: ABNT NBR 6118, 2014.


38

Onde:
g - é o coeficiente de ponderação das ações permanentes (consideradas
conjuntamente);
FGi,k - é o valor característico de cada uma das ações permanentes;
gi - é o coeficiente de ponderação de cada uma das ações permanentes
(consideradas separadamente);
q - é o coeficiente de ponderação das ações variáveis (consideradas
conjuntamente);
q1 - é o coeficiente de ponderação da ação variável considerada como ação
principal para a combinação, quando as ações variáveis são consideradas
separadamente;
qj - é o coeficiente de ponderação de cada uma das demais ações variáveis,
quando as ações variáveis são consideradas separadamente;
FQ1,k - é o valor característico da ação variável considerada como ação
variável principal para a combinação;
0j.FQj,k - é o valor reduzido de combinação de cada uma das demais ações
variáveis;
0j - é o fator de combinação de cada uma das demais ações variáveis que
podem agir concomitantemente com a ação principal FQ1;
FQj,k - é o valor característico de cada uma das demais ações variáveis.

As ações solicitantes de cálculo também devem ser majoradas pelos


coeficientes de ajustamento . Os Quadros 6 e 7 apresentados pelas ABNT NBR
6118:2014, no item 11.7.1, contém os valores de .

Quadro 6 – Coeficiente .

Fonte: ABNT NBR 6118 (2014).


39

Quadro 7 – Valores do coeficiente .

Fonte: ABNT NBR 6118 (2014).

2.7.1 Estado Limite de Serviço (ELS)

Para o dimensionamento de estruturas de concreto, deve-se também


considerar os Estados Limite de Serviço, relacionados à durabilidade, conforto do
usuário, utilização e aparência. Segundo a ABNT NBR 6118:2014, no item 3.2, são
exigidos algumas verificações para o ELS para estruturas em concreto armado. ,

ELS-F – Estado-limite de formação de fissuras: estado em que se inicia a formação


de fissuras. Admite-se que este estado-limite é atingido quando a tensão de tração
máxima na seção transversal for igual a (ver 13.4.2 e 17.3.4); ABNT NBR
6118:2014.
ELS-W – Estado-limite de abertura de fissuras: estado em que as fissuras se
apresentam com aberturas iguais aos máximos especificados em 13.4.2 (ver 17.3.3);
ELS-DEF – Estado limite de deformações progressivas: estado em que as
deformações atingem os limites estabelecidos para a utilização normal, dados em
13.3 (ver 13.4.2); ABNT NBR 6118:2014.
ELS-D – Estado limite de descompressão: estado no qual, em um ou mais pontos da
seção transversal, a tensão normal é nula, não havendo tração no restante da seção.
40

Verificação usual no caso de concreto protendido (ver 13.4.2). (ABNT NBR


6118:2014, p. 5).

Segundo a ABNT NBR 6118:2014, no item 11.8.3.2, as combinações de


ações para o estado-limite de serviço estão relacionadas a sua permanência na
estrutura e são apresentadas no Quadro 8.

Quadro 8 – Combinações de serviço.

Fonte: ABNT NBR 6118 (2014).

2.8 DESLOCAMENTOS-LIMITES

Os deslocamentos que, eventualmente venham a ocorrer em uma edificação,


tornam-se um aspecto de grande relevância em estruturas de concreto, e está
relacionado com as verificações de estado-limite de serviço. A ABNT NBR
6118:2014 no item 13.3, apresenta os valores-limites de deslocamento que
proporcionam um comportamento apropriado da estrutura em serviço. Os valores
encontram-se no Quadro 9.
41

Quadro 9 – Limites para deslocamentos.

Fonte: ABNT NBR 6118 (2014).

2.9 IMPERFEIÇÕES GLOBAIS

Segundo a ABNT NBR 6118:2014, no item 11.3.3.4.1, para a análise global


de estruturas, contraventadas ou não, deve-se considerar um desaprumo dos
elementos verticais. Dessa forma, o cálculo da ação lateral equivalente, dada para
cada pavimento é obtida através da Equação 7:

(7)

Onde:

H é a altura da edificação em metros (m).


42

No entanto, deve ser considerado e para


estruturas reticuladas e imperfeições locais. Após o cálculo do , é calculado o
ângulo de desaprumo para cada direção da edificação, em função do número “n”
de prumadas de pilares e em função de , através da Equação 8:


√ (8)

Onde:

n é o número de prumadas de pilares no pórtico plano.

Dessa forma, através da Equação 9, são calculados os valores da força de


desaprumo equivalente por pavimento.

(9)

Onde:
é a força de desaprumo equivalente por pavimento (kN);
é o ângulo de desaprumo;
é a carga vertical total no andar i.

2.10 COEFICIENTE GAMA-Z

Segundo Kimura (2007), a estabilidade global de uma estrutura de concreto


armado é definida por sua sensibilidade aos efeitos de segunda ordem, com relação
proporcionalmente inversa, ou seja, quanto maior a sensibilidade da estrutura aos
efeitos de segunda ordem, menos estabilidade terá. Assim, na análise estrutural, é
conveniente analisar se os efeitos de segunda ordem influenciam na estrutura.
A ABNT NBR 6118:2014, nos itens 15.6 e 15.7, classificam as estruturas em
nós fixos e nós móveis. Para uma estrutura ser considerada de nós fixos, os efeitos
globais de 2ª ordem são desprezíveis e não serão considerados (inferiores a 10%
dos respectivos efeitos de 1ª ordem), sendo que apenas os efeitos locais de 2ª
ordem são considerados. No caso de estruturas de nós móveis, devem-se
43

considerar os efeitos de 2ª ordem global e local na análise (superior a 10% dos


respectivos efeitos de 1ª ordem).
Para isto, um dos principais métodos para avaliação é o coeficiente gama-z
( ), que classifica as estruturas reticuladas quanto a deslocabilidade de seus nós. O
cálculo do coeficiente gama-z é válido apenas para estruturas reticuladas que
apresentam no mínimo quatro pavimentos e é obtido pela Equação 10.

(10)

Onde:
M1,tot,d - é o momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de
todas as forças horizontais da combinação considerada, com seus valores de
cálculo, em relação à base da estrutura;

Mtot,d - é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na


estrutura, na combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos
deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos
da análise de 1ª ordem.
44

3. METODOLOGIA

Inicialmente, no presente trabalho foi apresentada uma revisão bibliográfica,


mostrando os principais conceitos relacionados a elementos estruturais, tipos de
análise estrutural, conceito de trechos rígidos, combinação de ações, deslocamentos
e coeficiente gama-z.
Para o estudo de trechos rígidos, foi feita a análise estrutural de um edifício
considerando a utilização e não utilização de regiões com maior rigidez no encontro
de vigas e pilares. Foi utilizado o software “SAP 2000 V18” como ferramenta
computacional para a análise. Os critérios de cálculo utilizados foram baseados na
ABNT NBR 6118:2014.
Inicialmente, foram realizados estudos preliminares com pórticos planos. Para
isso, foram analisados diferentes casos de estruturas, mostrando como a utilização
de trechos rígidos afeta os esforços, deslocamentos, e, posteriormente, o
dimensionamento dos elementos estruturais.
Assim, comparando a utilização e não utilização de trechos rígidos, na qual
para cada caso ocorreu a variação da seção das peças estruturais, foi evidenciado
qual o efeito da inserção do trecho rígido para peças com maior ou menor dimensão.
O carregamento nos casos foi considerado o mesmo, ressaltando assim, a diferença
que ocorreu apenas com a mudança de seção transversal das peças.
45

4 ESTUDO DE CASO EM PÓRTICOS PLANOS

Para o estudo com pórticos planos, as ações foram dividas em verticais e


horizontais, evidenciando assim, como se da o comportamento das estruturas para
cada situação.
Fez-se o estudo com treze casos, mostrando como se deu o comportamento
dos esforços e deslocamentos na estrutura frente mudanças no esquema estrutural
e nas seções dos elementos que formam os pórticos.
Para a apresentação dos resultados dos casos, foram comparando os valores
dos diagramas de momentos fletores nas vigas dos pórticos e os valores dos
deslocamentos produzidos. Os casos comparados foram os Casos 1, 2 e 3; Casos 4
e 5; Casos 6 e 7 e Casos 8 e 9 por apresentarem semelhanças no esquema
estrutural e por representarem ações verticais nas estruturas. O Caso 10 foi
baseado no “Caso 1” e apenas exemplifica o comportamento da estrutura com o
aumento da seção transversal da viga. Já os Casos 11, 12 e 13 foram comparados,
por representarem as ações horizontais nas estruturas.

4.1. AÇÕES VERTICAIS

Primeiramente, foi apresentado o estudo de pórticos planos apenas com


carregamentos verticais na estrutura.

4.1.1. Caso 1

Para o Caso 1, foi feita a análise de um pórtico plano com dimensões de 5,00
m de largura e 4,00 m de altura, formado por viga de seção 20 cm x 40 cm e pilares
de seção 40 cm x 20 cm, indicado na Figura 15. O carregamento utilizado foi de 10
kN/m.
A ABNT NBR 6118:2014, no item 14.6.2.1, apresenta como se devem
considerar trechos rígidos em regiões de cruzamento de dois ou mais elementos
estruturais. Como mencionado no item 2.3 do presente trabalho, a altura que
apresentou o trecho rígido para o pórtico foi a altura do pé-direito da estrutura, que
neste caso foi de 4 m, e a largura considerada foi a largura que o pilar apresenta, de
46

20 cm. O cálculo do trecho da viga considerado trecho rígido, também discutido no


item 2.3, é dado pela Equação 11:

(11)

Figura 15 – Caso 1 - Pórtico hipotético, , onde (a)


pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de
trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor , 2017.

Figura 16 - Caso 1 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
47

Figura 17 - Caso 1 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Chamou-se de “Caso 1” a esse conjunto de geometria de viga, pilares,


trechos rígidos, esquema estrutural e carregamento. Os próximos casos foram
baseados no “Caso 1”, ocorrendo variações na geometria das peças estruturais,
para comparativo de resultados.

4.1.2 Caso 2

Para o Caso 2, foi alterada a seção dos pilares para 80 cm x 20 cm, não
havendo mudança no esquema estrutural nem no carregamento imposto. O trecho
rígido tem altura do pé-direito, 4 m e a largura do pilar, 20 cm. O trecho da viga
considerado trecho rígido é dado pela Equação 11:

Figura 18 – Caso 2 – Pórtico hipotético, , onde (a)


pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de
trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
48

Figura 19 – Caso 2 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 20 – Caso 2 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

4.1.3 Caso 3

Para o Caso 3, foi alterada a seção dos pilares para 120 cm x 20 cm, não
havendo mudança no esquema estrutural nem no carregamento imposto. O trecho
rígido tem altura do pé-direito, 4 m e a largura do pilar, 20 cm. O trecho da viga
considerado trecho rígido é dado pela Equação 11:
49

Figura 21 – Caso 3 – Pórtico hipotético, , onde (a)


pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de
trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 22 – Caso 3 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 23 – Caso 3 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
50

Os Quadros 10 e 11 referem-se aos valores obtidos dos esforços de momento


fletor nas vigas dos pórticos analisados. Foram evidenciadas as diferenças com
relação aos maiores valores dos momentos fletores nos apoios e no vão das vigas,
devido à mudança de seção transversal dos pilares e vigas e a consideração de
trechos rígidos nos trechos das vigas.

Quadro 10 – Casos 1, 2 e 3 – Sem trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 11 – Casos 1, 2 e 3 – Com trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

4.1.4 Caso 4

Para o Caso 4, foi utilizada seção dos pilares para 80 cm x 20 cm,


introduzindo um pilar a mais no esquema estrutural e não modificando o
carregamento imposto. Foi mantida distância de 5 m entre pilares e altura de 4 m. O
trecho rígido tem altura do pé-direito, 4m e a largura do pilar, 20 cm. O trecho das
vigas considerado trecho rígido é dado pela Equação 11:
51

Figura 24 – Caso 4 – Pórtico hipotético, , onde (a)


pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de
trechos rígidos.

.
(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 25 – Caso 4 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 26 – Caso 4 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
52

4.1.5 Caso 5

Para o Caso 5, foi utilizada seção dos pilares para 120 cm x 20 cm,
introduzindo um pilar a mais no esquema estrutural, não modificando o
carregamento imposto. O trecho rígido tem altura do pé-direito, 4m e a largura do
pilar, 20 cm. O trecho das vigas considerado trecho rígido é dado pela Equação 11:

Figura 27– Caso 5 – Pórtico hipotético, , onde (a)


pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de
trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 28 – Caso 5 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
53

Figura 29 – Caso 5 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Os Quadros 12 e 13 referem-se aos valores dos esforços de momento fletor


obtidos nas vigas dos pórticos analisados. Foram evidenciadas as diferenças com
relação aos maiores valores dos momentos fletores nos apoios e no vão das vigas,
devido à mudança de seção transversal dos pilares e vigas e a consideração de
trechos rígidos nos trechos das vigas.

Quadro 12 – Casos 4 e 5 – Sem trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 13 – Casos 4 e 5 – Com trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.


54

4.1.6 Caso 6

Para o Caso 6, foi utilizada seção dos pilares 80 cm x 20 cm, introduzindo um


pilar a mais no esquema estrutural e um pavimento a mais, aumentando assim o
número de encontro entre elementos estruturais. O carregamento imposto não foi
modificando. O trecho rígido tem altura do pé-direito, 4m e a largura do pilar, 20 cm.
O trecho das vigas considerado trecho rígido é dado pela Equação 11:

Figura 30 – Caso 6 – Pórtico hipotético, , onde (a)


pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de
trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 31 – Caso 6 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
55

Figura 32 – Caso 6 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

4.1.7 Caso 7

Para o Caso 7, foi utilizada seção dos pilares 120 cm x 20 cm, utilizando o
mesmo esquema estrutural que no “Caso 6”. O carregamento imposto não foi
modificando. O trecho rígido tem altura do pé-direito, 4m e a largura do pilar, 20 cm.
O trecho das vigas considerado trecho rígido é dado pela Equação 11:

Figura 33 – Caso 7 – Pórtico hipotético, ,


onde (a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a
consideração de trechos rígidos.

(a) (b)
56

Fonte: Autor, 2017.


Figura 34 – Caso 7 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de
trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 35 – Caso 7 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Os Quadros 14 e 15 referem-se aos valores dos esforços de momento fletor


obtidos nas vigas dos pórticos analisados. Foram evidenciadas as diferenças com
relação aos maiores valores dos momentos fletores nos apoios e no vão das vigas,
devido à mudança de seção transversal dos pilares e vigas e a consideração de
trechos rígidos nos trechos das vigas.
57

Quadro 14 – Casos 6 e 7 – Sem trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 15 – Casos 6 e 7 – Com trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

4.1.8 Caso 8

Para o Caso 8, foi utilizado o esquema estrutural onde há o encontro de vigas


com alturas diferentes. Foi mantida distância de 5 m entre pilares e altura de 4 m. Os
pilares apresentam seção 80 cm x 20 cm, a viga 1 (V1) apresenta seção 20 cm x 40
cm e a viga 2 (V2) apresenta seção 20 cm x 60 cm.
O carregamento imposto não foi modificando. O trecho rígido tem altura do
pé-direito, 4 m e a largura do pilar, 20 cm. Os trechos das vigas considerados
trechos rígidos são dados pela Equação 11:

Para o primeiro pilar, o trecho rígido é:


58

No segundo pilar, há o encontro de duas vigas de diferentes alturas. Assim, o


trecho rígido considerado é:
V1:

V2:

No terceiro pilar, o trecho rígido é:

Figura 36 – Caso 8 – Pórtico hipotético,


, onde (a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a
consideração de trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 37 – Caso 8 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
59

Figura 38 – Caso 8 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

4.1.9 Caso 9

Para o Caso 9, foi utilizado o mesmo esquema estrutural do “Caso 8”. Os


pilares apresentam seção 120 cm x 20 cm, a viga 1 (V1) apresenta seção 20 cm x
40 cm e a viga 2 (V2) apresenta seção 20 cm x 60 cm.
O carregamento imposto não foi modificando. O trecho rígido tem altura do
pé-direito, 4 m e a largura do pilar, 20 cm. Os trechos das vigas considerados
trechos rígidos são dados pela Equação 11:

Para o primeiro pilar, o trecho rígido é:

No segundo pilar, há o encontro de duas vigas de diferentes alturas. Assim, o


trecho rígido considerado é:
V1:

V2:

No terceiro pilar, o trecho rígido é:


60

Figura 39 – Caso 9 – Pórtico hipotético,


, onde (a) pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a
consideração de trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 40 – Caso 9 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

Fonte: Autor, 2017.

Figura 41 – Caso 9 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m: (a) pórtico sem a


consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Os Quadros 16 e 17 referem-se aos valores dos esforços de momento fletor


obtidos nas vigas dos pórticos analisados. Foram evidenciadas as diferenças com
61

relação aos maiores valores dos momentos fletores nos apoios e no vão das vigas,
devido à mudança de seção transversal dos pilares e vigas e a consideração de
trechos rígidos nos trechos das vigas.

Quadro 16 – Casos 8 e 9 – Sem trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 17 – Casos 8 e 9 – Com trechos rígidos: momento fletor na viga (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

4.1.10 Caso 10

Para o Caso 10, utilizou-se o mesmo esquema estrutural do “Caso 1”, porém
alterou-se a seção da viga para 20 cm x 60 cm, não havendo mudança no esquema
estrutural nem no carregamento imposto. O trecho rígido tem altura do pé-direito, 4
m e a largura do pilar, 20 cm. O trecho da viga considerado trecho rígido é dado pela
Equação 11:
62

Figura 42 – Caso 10 – Pórtico hipotético, , onde (a)


pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de
trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 43 – Caso 10 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 44 – Caso 10 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
63

4.2 AÇÕES HORIZONTAIS

A seguir, é apresentado o estudo de como as ações horizontais influenciam


nos pórticos analisados. Foi utilizado carregamento de 10 kN, representando ações
horizontais como vento e desaprumo.

4.2.1 Caso 11

Para o Caso 11, utilizou-se o mesmo esquema estrutural do “Caso 1”,


apresentando as mesmas características, porém apenas com carregamento
horizontal. O trecho rígido tem altura do pé-direito, 4 m e a largura do pilar, 20 cm.

Figura 45 – Caso 11 – Pórtico hipotético, , onde (a)


pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de
trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 46 – Caso 11 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
64

Figura 47 – Caso 11 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

4.2.2 Caso 12

Para o Caso 12, utilizou-se o mesmo esquema estrutural do “Caso 2”,


apresentando as mesmas características, porém com carregamento horizontal. O
trecho rígido tem altura do pé-direito, 4 m e a largura do pilar, 20 cm.

Figura 48 – Caso 12 – Pórtico hipotético, , onde (a)


pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de
trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
65

Figura 49 – Caso 12 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 50 – Caso 12 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

4.2.3 Caso 13

Para o Caso 13, utilizou-se o mesmo esquema estrutural do “Caso 3”,


apresentando as mesmas características, porém com carregamento horizontal. O
trecho rígido tem altura do pé-direito, 4 m e a largura do pilar, 20 cm.
66

Figura 51 – Caso 13 – Pórtico hipotético, , onde (a)


pórtico sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de
trechos rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 52 – Caso 13 – Estrutura deformada, onde (a) pórtico sem a consideração de


trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos rígidos; valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.

Figura 53 – Caso 13 – Diagrama de momentos fletores, em kN.m, onde (a) pórtico


sem a consideração de trechos rígidos e; (b) pórtico com a consideração de trechos
rígidos.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
67

Os Quadros 18 e 19 referem-se aos valores dos esforços de momento fletor


obtidos nas vigas dos pórticos analisados. Foram evidenciadas as diferenças com
relação aos maiores valores dos momentos fletores nos apoios e no vão das vigas,
devido à mudança de seção transversal dos pilares e vigas e a consideração de
trechos rígidos nos trechos das vigas.

Quadro 18 – Casos 11, 12 e 13 – Sem trechos rígidos: momento fletor na viga


(kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 19 – Casos 11, 12 e 13 – Com trechos rígidos: momento fletor na viga


(kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

4.3 ANÁLISE DAS AÇÕES VERTICAIS

Através dos esforços obtidos pela análise estrutural de pórticos planos,


chegou-se a valores de como a consideração de trechos rígidos afetou a concepção
de uma estrutura.
Os quadros de comparação dos esforços apresentadas anteriormente
mostraram a diferença de esforços quando da mudança de seção transversal dos
elementos estruturais, e principalmente como essa diferença tornaram-se mais
acentuada ao se utilizar trechos rígidos nos encontros de vigas e pilares.
Primeiramente, observou-se a mudança no comportamento dos pilares, percebeu-se
68

que ao aumentar a sua seção transversal, aumentaram-se os esforços resistidos por


estes, comportamento este não relacionado a consideração dos trechos rígidos.
Este comportamento manteve-se como o esperado e está relacionado ao
aumento de seção transversal da peça estrutural, gerando maior inércia, e,
consequentemente os esforços resistidos por essas peças estruturais serão
maiores. Como resultado, houve redução dos esforços resistidos pelas vigas e as
estruturas tornaram-se mais rígidas.
Porém, ao se introduzir trechos rígidos nas estruturas, as diferenças nos
esforços, quando da mudança de seção transversal, foram mais acentuadas. Além
do aumento da seção transversal dos pilares contribuírem para o acréscimo de
rigidez na estrutura, tendo como resultado redução de esforços produzidos nas
vigas, a introdução de trechos rígidos fez com que essa redução fosse ainda maior.
Porém, houve outro acréscimo de esforços resistidos pelos pilares.
Este comportamento foi resultado da introdução de regiões que apresentam
rigidez significativamente maior, resistindo aos esforços produzidos na estrutura e
assim, diminuindo os esforços resistidos nas vigas.
Outro aspecto relevante obtido na análise com pórticos referiu-se à diferença
de esforços que se mostrou mais acentuada nos casos onde a seção transversal
dos pilares foi de pelo menos duas vezes maior que a seção transversal da viga,
uma proporção 2:1 e 3:1 (Casos 2, 3, 4 e 5).
Para o caso no qual a seção transversal dos pilares e das vigas é na
proporção 1:1, ou seja, pilares e vigas com mesma seção transversal (Caso 1), não
houve diferenças acentuadas quando se considerou os trechos rígidos na estrutura.
Os valores dessas diferenças encontram-se nos Quadros 20 a 24.

Quadro 20 – Caso 1 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de trechos


rígidos (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.


69

Quadro 21 – Caso 2 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de trechos


rígidos (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 22 – Caso 3 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de trechos


rígidos (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 23 – Caso 4 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão trechos rígidos


(kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 24 – Caso 5 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de trechos


rígidos (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.


70

Observou-se que no caso onde a proporção de pilares e vigas é de 1:1, a


diferença de esforços não ultrapassa 2,28%. Nos casos em que a proporção de
pilares e vigas ficou em 2:1, houve um aumento de esforços nos pilares de até 11,11
% e uma redução dos esforços na viga de até 19,21 %. Para os casos em que a
proporção é de 3:1, os esforços nos pilares aumentaram em até 19,08 % e nas
vigas, houve uma redução de até 33,80 %.
Para os “Casos 6 e 7”, nos quais foram apresentados pórticos com maior
número de encontro de vigas e pilares, o comportamento das estruturas manteve-se
o mesmo que nos casos anteriores, ou seja, aumentaram-se os momentos fletores
resistidos pelos pilares e reduziram-se os momentos fletores resistidos pelas vigas.
Os Quadros 25 e 26 mostram este comportamento.

Quadro 25 – Caso 6 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão trechos rígidos


(kN.m).

Fonte: Autor, 2017.


71

Quadro 26 – Caso 7 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de trechos


rígidos (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Nos “Casos 8 e 9”, como os pórticos são compostos por vigas com seções
transversais diferentes, os esforços resistidos não foram os mesmos. Percebeu-se
que as vigas que apresentam seção transversal maior, apresentaram maior
momento fletor. Ao se introduzir os trechos rígidos, os esforços resistidos pelas vigas
reduziram, porém na viga com maior seção transversal essa redução é menor. Isto
porque o trecho de viga a ser considerado trecho rígido foi menor. Os valores das
diferenças estão nos Quadros 27 e 28.

Quadro 27 – Caso 8 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de trechos


rígidos (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 28 – Caso 9 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de trechos


rígidos (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.


72

Este comportamento também foi evidenciado ao se observar os


deslocamentos das estruturas. Percebeu-se que em pórticos onde foram utilizados
trechos rígidos, as vigas sofreram menor deslocamento vertical. No entanto, os
deslocamentos obtidos nos pilares foram maiores. Percebeu-se que no “Caso 1”,
onde a proporção de pilares e vigas é de 1:1, não houve uma diferença acentuada
quando da utilização de trechos rígidos.
Esta diferença tornou-se relevante nos casos onde a proporção de pilares e
vigas é de 2:1 e 3:1, mesmo comportamento apresentado anteriormente para os
esforços de momento fletor nas vigas dos pórticos. Os valores obtidos nos pórticos
dos “Casos 1, 2 e 3” são apresentados nos Quadros 29, 30 e 31, respectivamente. O
mesmo comportamento foi observado nos demais casos apresentados.

Quadro 29 – Caso 1 - Deslocamentos verticais (z) e horizontais (x) obtidos e


diferença entre os valores encontrados nas duas análises, com e sem trecho rígido.
Valores em (mm).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 30 – Caso 2 - Deslocamentos verticais (z) e horizontais (x) obtidos e


diferença entre os valores encontrados nas duas análises, com e sem trecho rígido.
Valores em (mm).

Fonte: Autor, 2017.


73

Quadro 31 – Caso 3 - Deslocamentos verticais (z) e horizontais (x) obtidos e


diferença entre os valores encontrados nas duas análises, com e sem trecho rígido.
Valores em (mm).

Fonte: Autor, 2017.

Para o “Caso 10”, no qual a proporção dos pilares e da viga é de 1:1,50, não
houve mudança significativa ao se utilizar trechos rígidos. Isto porque o trecho de
viga a ser considerado trecho rígido torna-se menor ao passo que a seção
transversal da viga é maior que a seção transversal do pilar. Para os momentos
fletores e os deslocamentos, as diferenças não chegaram a 2%. Os valores de
momento fletor e deslocamentos obtidos no “Caso 10” encontram-se nos Quadros
32 e 33, respectivamente.

Quadro 32 – Caso 10 - Diferença de esforços ao considerar a inclusão de trechos


rígidos (kN.m).

Fonte: Autor, 2017.

Quadro 33 – Caso 10 - Deslocamentos obtidos e diferença entre os valores


encontrados nas duas análises, com e sem trecho rígido. Valores em (mm).

Fonte: Autor, 2017.


74

4.4 ANÁLISE DAS AÇÕES HORIZONTAIS

Através dos pórticos dos “Casos 11, 12 e 13” analisou-se o comportamento


das estruturas frente as ações horizontais ao utilizar trechos rígidos nas vigas. Como
observado nos Quadros 18 e 19, pode-se verificar que os esforços obtidos no pilar 1
(P1) e na viga mantiveram o mesmo comportamento quando da utilização de ações
verticais, ou seja, com o aumento da seção transversal do pilar, houve um acréscimo
de esforços resistidos, e redução dos esforços na viga.
Porém, ao se utilizar trechos rígidos, os esforços resistidos pelos pilares
tornam-se ainda maiores e houve outra redução dos esforços resistidos pelas vigas.
Também se observou que esse comportamento foi mais relevante nos casos onde a
seção transversal do pilar e da viga é na proporção 2:1 e 3:1 (Casos 12 e 13).
O segundo pilar (P2), não apresentou comportamento semelhante ao P1.
Observou-se que nos pórticos que não apresentam trechos rígidos, ao se aumentar
a seção transversal dos pilares, houve uma redução dos esforços resistidos por
estes. No entanto, ao se considerar trechos rígidos no trecho da viga, houve um
aumento dos esforços resistidos pelos pilares.
Outro aspecto relevante relaciona-se aos deslocamentos produzidos nos
pórticos. O Quadro 34 refere-se aos valores obtidos dos deslocamentos horizontais
nos nós das vigas dos pórticos analisados. É evidenciada a diferença de valores
para cada caso, devido à consideração de trechos rígidos nos trechos das vigas.

Quadro 34 – Caso 11, 12 e 13 - Deslocamentos horizontais obtidos e diferença entre


os valores encontrados nas duas análises, com e sem trecho rígido. Valores em
(mm).

Fonte: Autor, 2017.

Verificou-se que as estruturas apresentaram menores deslocamentos laterais


ao se aumentar a seção transversal dos pilares, como era de se esperar, pois foi
aumentado a rigidez da estrutura no plano do carregamento. Porém, ao se
75

considerar os trechos rígidos, os deslocamentos tornaram-se ainda menores devido


à maior rigidez que a estrutura apresenta. Esta conduta é de grande importância,
pois ao considerar ações horizontais, torna-se conveniente diminuir os
deslocamentos laterais.
76

5 ANÁLISE DE UMA EDIFICAÇÃO COM TRECHOS RÍGIDOS

Através dos estudos feitos anteriormente com pórticos planos, analisou-se


como os trechos rígidos influenciam na distribuição dos esforços, e
consequentemente nos cálculos das armaduras.
Dessa forma, para apresentar exemplos mais práticos, é conveniente se fazer
a análise da estrutura de uma edificação, mostrando como os trechos rígidos
alteram os esforços e deslocamentos.

5.1 CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA

O edifício analisado é composto por seis pavimentos, sendo térreo, quatro


pavimentos-tipo e a cobertura, sendo o projeto foi adaptado de Fontes (2005). O
térreo e o pavimento-tipo são iguais e estão representados na Figura 54.
No nível da cobertura, sobre os poços dos elevadores encontram-se as lajes
L4 e L5 da casa de máquinas, com espessura de 20 cm. As escadas serão apoiadas
na V2 e em uma viga intermediária aos pavimentos, a VPAT, que se apoia nos
pilares P9 e P10. A edificação apresenta 21 m de comprimento, 6 m de largura e
altura total de 14 m. O térreo e o pavimento tipo apresentam 127,80 m² de área por
pavimento. A Figura 54 apresenta a planta de forma do pavimento tipo.

Figura 54 – Planta de forma – Pavimento tipo.

Fonte: Fontes (2005).


77

5.2 MATERIAIS UTILIZADOS

Os materiais empregados, atendem as especificações da ABNT NBR


6118:2014, no item 6.4, que relacionada a agressividade ambiental que a edificação
está inserida. Para o estudo em questão, foi considerada classe de agressividade
ambiental II, por estar em ambiente urbano com pequeno risco de deterioração,
sendo a classe do concreto mínimo necessário para essa classe de agressividade
ambiental, foi utilizado C25, ou seja, concreto com resistência à compressão
característica de 25 MPa aos 28 dias, usada em todos os elementos estruturais da
edificação. Os tipos de aço necessário para as armaduras são o Ca 50 e Ca 60 e os
cobrimentos nominais mínimos para a classe de agressividade II é de 25 mm pra
lajes e 30 mm para pilares e vigas.

5.3 ELEMENTOS ESTRUTURAIS E CARREGAMENTOS

Todas as vigas têm seção transversal de 30 cm x 55 cm, os pilares de canto


têm seção transversal 30 cm x 40 cm e os pilares intermediários e de extremidade
tem seção 30 cm x 60 cm. As paredes apresentam altura de 225 cm, espessura de
25 cm, e estão apoiadas sobre as vigas, com exceção da V2 que não recebe
paredes.
Sobre a VPAT e o trecho da V5 entre os pilares P9 e P10, a alvenaria possui
altura de 85 cm. No contorno da cobertura, há uma parede platibanda em alvenaria
com 110 cm, e fechando a casa de máquinas e a caixa da escada, há uma parede
com altura de 225 cm.

5.3.1 Ações verticais

Os carregamentos atuantes na estrutura são o peso-próprio dos elementos


estruturais, carga de paredes sobre as vigas, revestimentos do piso nas lajes e
sobrecarga de utilização nas lajes. Os valores utilizados para os carregamentos
foram baseados na ABNT NBR 6118:2014 e na ABNT NBR 6120:1980.
O peso-próprio foi obtido através do volume de concreto que cada elemento
estrutural apresenta, multiplicado pelo peso específico do concreto que é de 25
kN/m³. Para as cargas das paredes nas vigas, utilizou-se peso específico de 16
78

kN/m³, multiplicado pela altura das paredes. O peso específico utilizado para o
cálculo do peso-próprio das paredes foi considerado o peso específico de tijolo
furado, mais possíveis revestimentos que a parede possa receber.
Nas lajes, foi considerado revestimento no piso de 1,5 kN/m². A sobrecarga
utilizada segundo a ABNT NBR 6120:1980, para lajes da casa de máquinas foi de
7,5 kN/m² e para as demais lajes, de 2,0 kN/m².
Para o carregamento da escada, foram considerados o peso dos lances
inclinados e patamares distribuídos entre as vigas V2 e VPAT. Cada lance de
escada apresenta 7 degraus, com 17,5 cm de espelho e 25 cm de largura (passo). O
vão da escada considerado, é a soma dos sete degraus do lance, mais a largura do
patamar, de 155 cm, totalizando L = 330 cm. As distâncias estão representadas a
Figura 55.

Figura 55 – Escada do edifício em estudo.

Fonte: Autor, 2017.

No cálculo do peso próprio dos lances da escada foi considerada uma


espessura média de 18,5 cm. Assim, foi considerado 7 degraus por lance, com
espessura média de 18,5 cm e o patamar de 8 cm de espessura.
Como ação permanente, além do peso próprio, foi considerada a utilização de
reboco e revestimento cerâmico nos lances e patamar de 1,5 kN/m². Para
sobrecarga de utilização, segundo a ABNT NBR 6120:1980, para escadas sem
acesso ao público, deve ser considerada uma carga de 2,5 kN/m².
O prédio apresenta dois elevadores, com capacidade para seis pessoas, com
peso total de 10 kN, distribuídos nas lajes L4 e L5 de 1,50m x 1,50m, resultando em
uma carga de 4,45 kN/m².
79

No nível da cobertura encontra-se um reservatório de água de 4000 l, no qual


sua carga foi distribuída entre os pilares P5, P6, P9 e P10. Assim, cada pilar recebeu
uma carga concentrada vertical de 10 kN.

5.3.2 Ações Horizontais

Para o edifício em estudo, foram analisadas quais ações horizontais devem


ser consideradas. Os cálculos a seguir foram baseados na ABNT NBR 6118:2014 e
na ABNT NBR 6123:1988, para cálculo de desaprumo e ação do vento na
edificação, respectivamente. Para o cálculo da ação do vento, foram aplicadas as
forças a partir da cobertura do pavimento térreo. Todos os pavimentos possuem pé-
direito de 2,80 m.
Conforme o item 2.5 do presente trabalho deve-se ter conhecimento de
alguns dados para o cálculo da ação do vento. A edificação foi considerada na
cidade de Santa Maria – RS, adotando-se assim os fatores correspondentes à
cidade. Para o fator topográfico S1, considerou-se igual 1 pois a edificação encontra-
se em terreno plano.
Para o fator de rugosidade S2, foi considerada a categoria do terreno III e
classe B, pois a edificação apresenta maior dimensão entre 20 m e 50 m. Já o fator
característico S3 que depende do tipo de ocupação da edificação, foi considerado 1
para edifícios comerciais. A velocidade básica utilizada para Santa Maria foi de 45
m/s, conforme o mapa de isopletas (ver Figura 11) apresentado na ABNT NBR
6123:1988.
O cálculo dos coeficientes de arrasto foi baseado na Figura 13 do presente
trabalho, no qual se refere a edificações paralelepipédicas em vento de baixa
turbulência. As equações usadas para os cálculos da ação do vento encontram-se
no item 2.5 do presente trabalho. Os valores calculados para ação do vento
encontram-se no Quadro 35.
80

Quadro 35 – Ação do vento na edificação.

Fonte: Autor, 2017.

O cálculo do desaprumo baseou-se na ABNT NBR 6118:2014 e seguiu as


recomendações do item 2.8 do presente trabalho, onde são apresentados dados
referentes a imperfeições globais nas estruturas. Para o cálculo do desaprumo do
edifício em estudo, a altura total considerada foi de H = 14 m. O ângulo de
desaprumo, como deve ser calculado para cada direção, foi tomado como número
de prumadas de pilares n = 4 na direção de 0°, e n = 2, na direção a 90°. A carga
vertical total para cada pavimento ( ) baseou-se nos valores de Fontes (2005). A
força de desaprumo equivalente encontra-se no Quadro 36

Quadro 36 – Ação do desaprumo na edificação.

Fonte: Autor, 2017.

A Figura 56 exemplifica como foram aplicadas as forças horizontais utilizadas


no cálculo do tombamento devido à ação do desaprumo, na direção à 0º.
81

Figura 56 – Força horizontal devido à ação do desaprumo na direção a 0º.

Fonte: Autor, 2017.

A ABNT NBR 6118:2014 no item 11.3.3.4 apresenta como devem ser feitas
as considerações da ação do vento e desaprumo. Dessa forma, como no edifício em
estudo 30% da ação do vento foi maior que a ação do desaprumo, foi considerada
apenas a ação do vento na edificação.

5.3.3 Combinação de ações

Para o edifício em estudo, foram utilizadas as seguintes combinações:

 Combinação 1 - Sobrecarga como ação variável principal e vento a 0º como


ação variável secundária, com os coeficientes utilizados da seguinte maneira:

( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )

 Combinação 2 – Vento a 0º como ação variável principal e sobrecarga como


ação variável secundária, com os coeficientes utilizados da seguinte maneira:
82

( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )

 Combinação 3 - Sobrecarga como ação variável principal e vento a 90º como


ação variável secundária, com os coeficientes utilizados da seguinte maneira:

( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )

 Combinação 4 - Vento a 90º como ação variável principal e sobrecarga como


ação variável secundária, com os coeficientes utilizados da seguinte maneira:

( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )

5.4 ESTRUTURAS ANALISADAS

Assim, foi realizada a análise estrutural de dois modelos. Primeiramente, não


foram considerados trechos rígidos no encontro de vigas e pilares, e após fez-se
essa consideração. O modelo estrutural utilizado para a análise foi de pórticos
espaciais, por apresentar maior precisão nos resultados, assemelhando-se a real
estrutura, se comparados a outros modelos estruturais.
Para a modelagem nas lajes da edificação, foi considerada a analogia de
grelhas. Para os vãos das vigas, foram consideradas as distâncias entre os centros
de apoio, e os pilares foram considerados engastados na fundação. O modelo
estrutural sem a consideração de trechos rígidos é dado na Figura 57. No segundo
modelo foi introduzido trechos rígidos no encontro de vigas e pilares.
83

Figura 57 – Pórtico espacial da edificação em estudo.

Fonte: Autor, 2017.

Para o cálculo dos trechos rígidos utilizados nos encontros de vigas e pilares
da edificação, baseou-se no item 2.3 do presente trabalho e na ABNT NBR
6118:2014, no item 14.6.2.1. Assim, calcularam-se os dois tipos de trechos rígidos
que foram necessários na edificação. As vigas utilizadas apresentam a mesma
seção transversal de 30 x 55 cm, os pilares de canto têm seção transversal 30 cm x
40 cm e os pilares intermediários e de extremidade tem seção 30 cm x 60 cm.
Assim, como 3/10 da altura das vigas são maiores que a distância da face do pilar
ao seu eixo, foi considerados trechos rígidos em apenas uma direção. Foram obtidos
trechos rígidos de 8,5 cm para os pilares de canto e 28,5 cm para os pilares
intermediários e de extremidade. Todos os pilares foram lançados na edificação com
a maior dimensão na direção y. Assim, os trechos rígidos foram introduzidos nos
trechos das vigas apenas nesta direção.
84

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a modelagem das estruturas, pode-se fazer a comparação de como a


utilização de trechos rígidos influencia na distribuição dos esforços e deslocamentos
na estrutura. Foram analisados os resultados das quatro combinações, comparando
os valores de momento fletor nas vigas dos pórticos e as diferenças de quando da
inserção de trechos rígidos, força normal junto à fundação, os deslocamentos no
topo das estruturas e os momentos de engastamento nos pilares.

6.1 MOMENTO FLETOR NAS VIGAS

Os Quadros 37, 38 e 39 apresentam os valores obtidos nos apoios e nos vão


para as vigas V5, V6 e V7 do primeiro pavimento, onde cada viga representa um
caso a ser analisado. Foi escolhido o primeiro pavimento para análise dos
resultados, pois em geral nele ocorreram os maiores valores de esforços nos dois
modelos. Para cada caso, foram comparados os valores nas combinações 1, 2, 3 e
4.
Primeiramente fez-se a análise da viga V5 na qual não foram considerados
trechos de viga com trechos rígidos. Isto porque na direção x, direção longitudinal
dessa viga, os pilares apresentam pequena dimensão, não sendo considerada a
aplicação de trechos rígidos. Os valores obtidos encontram-se no Quadro 37.

Quadro 37 – Momento fletor na V5, valores em kN.m.

Fonte: Autor, 2017.

Através dos valores apresentados no Quadro 37, percebeu-se que a V5


mesmo no pórtico onde se fez a consideração de trechos rígidos, não apresentou
85

comportamento semelhante ao observado até então com o estudo de “Casos” do


Capítulo 4. Para todas as combinações estudadas, o comportamento dos pilares
nesta direção não se manteve o mesmo. Isto porque houve uma redução dos
esforços nos pilares ao se inserir os trechos rígidos na estrutura e não um aumento
como ocorreu até então. Porém, reduziram-se os esforços nas vigas, apresentando
assim o comportamento esperado. No entanto, neste caso, não há trecho rígidos na
direção analisada.
Após, fez-se a análise da viga V6, a qual está localizada com seu eixo na
direção y. Como os pilares apresentam a maior dimensão nesta direção, houve a
consideração de trechos rígidos na viga analisada. Para esta viga, o trecho rígido
possui dimensão de 8,5 cm, pois seus pilares tem seção transversal de 30 cm x 40
cm, conforme discutido no item 4.4 do presente trabalho. Os valores obtidos nos
dois modelos estão no Quadro 38.

Quadro 38 – Diferença de momento fletor na V6, valores em kN.m.

Fonte: Autor, 2017.

O Quadro 38 mostra o comportamento da V6 nas quatro combinações para


os dois modelos analisados. Percebeu-se que a viga apresentou o comportamento
esperado até então com o estudo de “Casos” do Capítulo 4. Ou seja, houve um
aumento dos esforços nos pilares ao se considerar os trechos rígidos, e uma
86

redução dos esforços na viga analisada. Porém, como também discutido no Capítulo
4, como a viga apresenta trecho de viga com trecho rígido de pequenas dimensões,
as diferenças obtidas não foram acentuadas para algumas combinações.
Isto ocorreu principalmente para as “Combinações 1 e 2”, onde os valores das
diferenças não ultrapassaram 5,20 % tanto nos vãos das vigas como nos pilares, ao
se comparar os dois modelos. Para as “Combinações 3 e 4”, as diferenças tornaram-
se maiores no pilar P7, pois foi considerada a ação do vento na direção da viga
analisada, ou seja, direção y, aumentando assim a rigidez da estrutura com a
inserção de trechos rígidos. Já na “Combinação 4” no pilar P1, houve uma redução
dos esforços, devido à consideração do vento a 90º como ação variável principal.
Por último, fez-se a análise da viga V7 também localizada com seu eixo na
direção y. Como os pilares estão posicionados com a maior dimensão nesta direção,
houve a consideração de trechos de vigas com trechos rígidos. Os pilares possuem
seção transversal de 30 cm x 60 cm, assim os trechos rígidos nas vigas são de 28,5
cm, como discutido no item 4.4 do presente trabalho. Os valores obtidos nos dois
modelos encontram-se no Quadro 39.

Quadro 39 – Diferença de momento fletor na V7, valores em kN.m.

Fonte: Autor, 2017.


87

Para a V7, percebeu-se que a viga apresentou o comportamento esperado


até então com o estudo de “Casos” do Capítulo 4, no qual houve um aumento dos
esforços resistidos pelos pilares ao se considerar os trechos rígidos, e uma redução
dos esforços na viga.
Como para esta viga analisada o trecho rígido apresentou dimensões maiores
que na V6, as diferenças obtidas foram mais acentuadas para as quatro
combinações estudadas, influenciando mais na rigidez da edificação. As diferenças
chegaram a 9,57 % nos vãos da viga e 17,37 % nos pilares para as “Combinações
1, 2 e 3”. Já para a “Combinação 4”, houve uma redução dos esforços do pilar P2,
devido a consideração da ação do vento à 90º como ação variável principal.

6.2 FORÇA NORMAL JUNTO À FUNDAÇÃO

Foram analisadas para as quatro combinações a força normal junto à


fundação nos pilares P7 e P8. O P7 apresenta seção transversal de 30 cm x 40 cm e
o P8 apresenta seção transversal 30 cm x 60 cm. Os valores encontram-se no
Quadro 40.

Quadro 40 – Força normal junto a fundação, valores em kN.

Fonte: Autor, 2017.

É possível observar no Quadro 40, que as forças normais junto à fundação


aumentaram ao inserir os trechos rígidos nas vigas, comportamento este obtido para
todas as combinações analisadas. Para a direção y, ou seja, ação do vento a 90º,
como a área lateral de atuação do vento na edificação é maior, os valores obtidos
junto à fundação para as “Combinações 3 e 4” apresentaram os maiores valores.
88

6.3 DESLOCAMENTOS LATERAIS NO TOPO DAS ESTRUTURAS

Também foram analisados os deslocamentos laterais obtidos no topo das


edificações para o pilar P12, para os dois modelos nas quatro combinações
estudadas. Esses deslocamentos são considerados de grande importância na
análise estrutural, pois são necessários para alguns estados-limite de serviço e a
estabilidade global da edificação. O Quadro 41 apresenta os valores obtidos.

Quadro 41 – Deslocamentos no topo da estrutura, valores em mm.

Fonte: Autor, 2017.

Através dos valores obtidos pode-se observar que ao considerar os trechos


rígidos nas vigas, houve uma redução dos deslocamentos para ambas as direções
analisadas.
Como para a edificação em estudo os pilares foram posicionados com maior
dimensão na direção y, percebeu-se uma maior diferença de resultados esta
direção. Também vale ressaltar as maiores diferenças para a direção y nas
“Combinações 3 e 4”. Isto porque nestas combinações foi considerada ação do
vento a 90º e como os trechos rígidos foram inseridos nesta direção, contribuíram
para o aumento da rigidez na estrutura.
Analisando apenas as ações do vento nos dois modelos, percebeu-se que
houve uma maior contribuição dos trechos rígidos para a ação do vento a 90º na
direção y. Esta diferença também se deve possivelmente ao posicionamento dos
pilares e a inserção de trechos rígidos nas vigas nesta direção, contribuindo para a
rigidez da estrutura. Os valores estão apresentados no Quadro 42.
89

Quadro 42 – Deslocamento no topo da edificação e diferenças ao se fazer a


consideração de trechos rígidos para ação do vento. Valores em mm.

Fonte: Autor, 2017

Para a verificação dos estados-limite de serviço devido aos deslocamentos


laterais, segundo a Tabela 9 do presente trabalho, faz-se necessário a utilização da
combinação frequente de serviço, onde as ações do vento a 0º e a 90º devem ser
multiplicadas por um fator de combinação frequente 1 = 0,3. A Figura 58 mostra o
comportamento da ação do vento a 90º na direção y e os deslocamentos no topo da
edificação ao se considerar os trechos rígidos. Foi exemplificado para esta direção,
pois foi a que apresentou maiores valores para os dois modelos analisados. A figura
foi obtida através do software “SAP 2000 V18”.

Figura 58 – Deslocamentos no topo da estrutura sem (a) e com (b) a consideração


de trechos rígidos para combinação frequente de serviço. Valores em mm.

(a) (b)
Fonte: Autor, 2017.
90

A edificação em estudo apresenta altura máxima de 14 m, assim o limite de


deslocamento no topo da edificação, segundo o item 2.8 do presente trabalho, é de
H/1700, ou seja, 8,25 mm. Como observado na Figura 58, os dois modelos não
ultrapassaram o limite de deslocamentos laterais exigidos pela ABNT NBR
6118:2014, no item 13.3.
Também foram verificados os deslocamentos obtidos entre os pavimentos
das estruturas analisadas para a combinação frequente de serviço. Como
apresentado na Tabela 9 do presente trabalho, os deslocamentos laterais entre
pavimentos não devem ultrapassar h/850. Os valores encontram-se no Quadro 43.

Quadro 43 – Deslocamentos laterais entre os pavimentos. Valores em mm.

Fonte: Autor, 2017.

Como observado no Quadro 43, os valores dos deslocamentos entre


pavimentos não ultrapassaram os limites estipulados pela ABNT NBR 6118:2014.
Houve uma redução dos deslocamentos laterais na direção y ao se fazer a
consideração dos trechos rígidos nas estruturas analisadas.
Com relação a estabilidade global das duas estruturas, fez-se os cálculos do
gama z para as quatro combinações estudadas nas direções x e y. Vale ressaltar
que para este cálculo fez-se a consideração da não-linearidade física segundo o
item 15.7.3 da ABNT NBR 6118:2014, onde são reduzidos as rigidezes das vigas
para 0,4.Eci.Ic e 0,8.Eci.Ic. para pilares. Os valores obtidos encontram-se na Tabela
44.
91

Quadro 44 – Valores de gama z ( ) para as combinações estudadas, com e sem a


inserção de trechos rígidos.

Fonte: Autor, 2017.

Como observado nos valores dos coeficientes , todos os valores foram


menores que 1,10. Assim, o edifício pode ser considerado uma estrutura de nós
fixos. Com relação aos valores obtidos, ocorreram diferenças de valores do ao
considerar os trechos rígidos na edificação. Percebeu-se que para as duas direções,
houve redução ou os resultados dos coeficientes mantiveram-se os mesmos. Este
comportamento mostra que ao se fazer a consideração de trechos rígidos há um
aumento da rigidez da estrutura, contribuindo para a redução dos deslocamentos
laterais.

6.4 MOMENTO DE ENGASTAMENTO NOS PILARES

Foram analisadas para as quatro combinações os momentos de


engastamento nos pilares P7 e P8. O P7 apresenta seção transversal de 30 cm x 40
cm e o P8 apresenta seção transversal 30 cm x 60 cm. Os valores encontram-se no
Quadro 45.

Quadro 45 – Momento de engastamento nos pilares P7 e P8. Valores em kN.m.

Fonte: Autor, 2017.

Através dos valores obtidos no Quadro 45, percebeu-se que o momento


engastamento para o pilar P7 houve um aumento nas quatro combinações
92

apresentadas ao se considerar os trechos rígidos nas vigas. Porém, para o pilar P8,
onde os trechos rígidos nas vigas apresentam maiores dimensões, houve uma
redução dos valores para todas as combinações analisadas devido ao núcleo rígido
que a edificação apresenta, aumentando os momentos no P7 e reduzindo no P8..
93

7. CONCLUSÕES

O estudo em questão apresenta uma análise de como a consideração de


trechos rígidos no encontro de vigas e pilares de concreto armado influenciam no
comportamento de estruturas. Após o estudo de casos com pórticos planos pode-se
afirmar que a inserção de trechos de vigas consideradas trechos rígidos influencia
nos esforços e posteriormente, no dimensionamento dos elementos estruturais.
Porém, esses resultados tornam-se mais relevantes para as estruturas nos
casos onde a proporção da seção transversal de pilares e vigas é de pelo menos
2:1, ou seja, pilares com largura o dobro da altura das vigas, podendo assim gerar
trechos rígidos com dimensões consideráveis.
Percebeu-se que ao se fazer esta consideração, há uma redução dos
esforços resistidos pelas vigas e um aumento dos esforços nos pilares. Assim, ao
desconsiderar os trechos rígidos, há uma distorção de valores para um posterior
dimensionamento, que em alguns casos, pode ser prejudicial a estrutura em
questão.
Vale ressaltar, que em estruturas nas quais a seção transversal dos pilares é
menor que a seção transversal das vigas, a consideração de trechos rígidos não irá
afetar significativamente os esforços da estrutura. Porém, quando a seção
transversal dos pilares é igual ou maior, é conveniente se fazer esta consideração.
Outro aspecto relevante ao se inserir trechos rígidos na estrutura refere-se
aos deslocamentos, principalmente os deslocamentos laterais, que influenciam na
estabilidade global. Ao se fazer o estudo com pórticos planos e o edifício exemplo,
percebeu-se o aumento da rigidez nas estruturas, reduzindo os deslocamentos
verticais nos vãos das vigas, e há redução dos deslocamentos laterais ao se fazer a
consideração da ação do vento na edificação.
Houve redução dos deslocamentos laterais não apenas para a direção onde
foram inseridos trechos rígidos nas vigas, mas também na região oposta a esta
consideração.
Por todos os aspectos apresentados até então, reitera-se que a inserção de
trechos rígidos nas vigas altera as configurações dos esforços nas estruturas, mas
principalmente contribuem para o aumento da estabilidade global da estrutura.
94

7.1 SUGESTÃO PARA FUTUROS TRABALHOS

No estudo relacionado à consideração de trechos rígidos no encontro de


vigas e pilares, há diversos fatores a serem estudados. Para o presente trabalho,
fez-se o estudo de uma edificação considerando a analogia de grelhas na estrutura
para simular a presença de lajes.
Torna-se interessante fazer a mesma consideração de trechos rígidos, porém
comparar os resultados para dois modelos, o primeiro com a analogia de grelhas e o
segundo sem lajes, considerando apenas a estrutura aporticada com vigas e pilares.
Outro estudo refere-se a consideração das paredes de alvenaria na análise
estrutural, podendo assim influenciar na rigidez da edificação. Para a edificação em
estudo, foi apenas considerada a inserção dos trechos rígidos em apenas uma
direção devido a geometria dos pilares. Torna-se conveniente fazer outro estudo
com os pilares orientados nas duas direções, considerando também os trechos
rígidos em ambas as direções.
95

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