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UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

INSTITUTO POLITÉCNICO DO HUAMBO (IPHbo)


DEPARTAMENTO DE ARQUITECTURA E CONSTRUÇÃO CIVIL

Nº____

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A FUNDAÇÃO ADOPTADA E A


DIMENSIONADA (À BASE DE CÁLCULOS) DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL
NO BAIRRO KAPANGO NA CIDADE DO HUAMBO

Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Engenharia de


Construção Civil
Apresentado por Eduardo da Conceição Alexandre em 2022
Orientado pelo professor PhD. Luís Orlando Ibanez Mora

Huambo, 2022
UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS
INSTITUTO POLITÉCNICO DO HUAMBO (IPHbo)
DEPARTAMENTO DE ARQUITECTURA E CONSTRUÇÃO CIVIL

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A FUNDAÇÃO ADOPTADA E A


DIMENSIONADA (À BASE DE CÁLCULOS) DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL
NO BAIRRO KAPANGO NA CIDADE DO HUAMBO

Trabalho subordinado ao tema: Estudo


comparativo entre a fundação adoptada e a
dimensionada (à base de cálculos) de um
edifício residencial no bairro Kapango na cidade
do Huambo, para ser apresentado á
Universidade “José Eduardo dos Santos”, como
parte do requisito para aquisição do grau de
Licenciatura em Engenharia de Construção
Civil.

Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Engenharia de


Construção Civil
Apresentado por Eduardo da Conceição Alexandre em 2022
Orientado pelo professor PhD. Luís Orlando Ibanez Mora

Huambo, 2022
DEDICATÓRIA
Dedico o presente trabalho aos meus amados e queridos pais.

iii
AGRADECIMENTO
Agradeço unicamente a Deus pai Todo – Poderoso, pela minha existência, pela
sua imensidão e pela sua misericórdia. Grato sou a Ele, pois Ele forneceu-me o amor
dos meus amados pais, dos meus queridos e afáveis irmãos, da minha família em
geral. Também sou grato a Ele por permitir que eu tivesse a oportunidade de conhecer
excelentes pessoas, amigos de verdade que levarei para a vida toda, por permitir que
eu estudasse nesta instituição, pois deu-me a oportunidade de conhecer
excelentíssimos docentes e discentes, que sempre ajudaram na minha caminhada até
este dia. Desde já, estendo o meu agradecimento a todo corpo docente e directivo do
Departamento de Arquitectura e Construção Civil.
O meu muito obrigado!

iv
RESUMO
O presente trabalho tem como objectivo, fazer um estudo comparativo entre a
fundação adoptada e a dimensionada (à base de cálculos) de um edifício residencial
de 2 pisos localizado no bairro Kapango, na cidade do Huambo. O estudo propõe
comparar aspectos como a segurança da fundação e a viabilidade económico quanto
ao consumo dos materiais necessários para execução da mesma fundação. Assim,
realizou-se a revisão bibliográfica de trabalhos relacionados à temática, bem como a
escolha de métodos de cálculo de tensão admissível do solo específicos ao tipo de
fundação seleccionada para o dimensionamento. Para o dimensionamento da
fundação, foi realizado um modelo de cálculo manual baseado na ACI – 11 e foi
comprovado a partir de um modelo de cálculo computacional (ROBOT STRUCTURAL
de 2018), e para a comparação, foi usado o EXCEL para a elaboração de tabelas,
gráficos e planilhas. Do ponto de vista teórico, se espera que no futuro próximo, em
todos os projectos de edificações e não só, seja sempre feito um projecto estrutural
antes execução da mesma estrutura, independemente do número de pisos.
Palavras-chave: Comparação, Dimensionamento e Fundações.

v
ABSTRAT
The present work aims to make a comparative study between the adopted and
dimensioned (based on calculations) foundation of a 2 - storey residential building
located in the Kapango neighborhood, in the city of Huambo. The study proposes to
compare aspects such as the safety of the foundation and the economic viability
regarding the consumption of the materials necessary for the execution of the same
foundation. Thus, a bibliographic review of works related to the theme was carried out,
as well as the choice of methods for calculating the admissible soil tension specific to
the type of foundation selected for the design. For the design of the foundation, a
manual calculation model based on ACI - 11 was carried out and it was proven from a
computational calculation model (ROBOT STRUCTURAL of 2018), and for the
comparison, EXCEL was used to prepare tables, charts and spreadsheets. From a
theoretical point of view, it is expected that in the near future, in all building projects
and beyond, a structural project will always be carried out before the execution of the
same structure, regardless of the number of floors.
Keywords: Comparison, Design and Foundations.

vi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1.1 Panteão de Roma……………………………………………………… 7
Figura 1.2 Karl Terzaghi……………………………………………………........... 9
Figura 1.3 (a) Deformações excessivas, (b) colapso do solo e (c) colapsos
dos elementos estruturais, resultantes de projetos deficientes………………… 12
Figura 1.4 Tabela de parâmetros médios dos solos…………………………….. 17
Figura 1.5 Ábaco dos factores de capacidade de carga………………………… 18
Figura 1.6 Principais tipos de fundação superficial………………………........... 20
Figura 1.7 Tipos de fundações profundas: (a) Estacas, (b) tubulões e (c)
caixão………………………………………………………………………………... 21
Figura 1.8 Edifícios com pilares na divisa………………………………………… 23
Figura 1.9 Projecto e execução de fundações: fluxograma de atividades……. 24
Figura 2.1 Micro localização da área em estudo………………………………… 25
Figura 2.2 A fundação em fase de execução……………………………………. 26
Figura 2.3 Fundação já executada, indica a separação entre os edifícios 1
(esquerda) e 2 (direita) ……………………………………………………............. 26
Figura 2.4 A fundação já executada………………………………………………. 27
Figura 2.5 Primeira fase do levantamento; Marcações na área implantada…. 30
Figura 2.6 Equipamento utilizado para fazer o levantamento (Nível a lazer –
Quayou)……………………………………………………………………………… 30
Figura 2.7 Retirada da amostra a 1 metro de profundidade……………………. 32
Figura 2.8 Tabela dos estados de compacidade e de consistência…………… 32
Figura 2.9 Valores de tensão admissível dos solos em MPa………………….. 33
Figura 2.10 Seleção do tipo de projecto………………………………………….. 35
Figura 2.11 Definição das preferências do trabalho - Dimensões…………….. 35
Figura 2.12 Definição das preferências do trabalho - Forças………………….. 35
Figura 2.13 Modelo da estrutura dos 2 edifícios………………………………… 37
Figura 2.14 Representação dos pilares com maiores áreas de influência…… 38
Figura 2.14 Parâmetros a considerar no dimensionamento de bloco de
fundação………………………………………………………………………......... 40
Figura 3.1 Gráfico de T.V. Langendonck…………………………………………. 42
Figura 3.2 Secção transversal da viga……………………………………………. 44
Figura 3.2 Modelo de análise das estruturas……………………………….......... 44

vii
Figura 3.3 Modelo de cálculo da viga…………………………………………….. 44
Figura 3.4 Diagrama de momento flector………………………………………… 45
Figura 3.5 Representação das áreas traccionadas e comprimidas da S3 da
viga…………………………………………………………………………………… 46
Figura 3.6 Representação das áreas traccionadas e comprimidas da S2 da
viga…………………………………………………………………………………… 47
Figura 3.7 Representação da destribuição das armaduras…………………….. 48
Figura 3.8 Representação da fundação do edifício residencial………………… 51

viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1: Factores de forma……………………………………………………… 18
Tabela 1.2: Factores de segurança………………………………………………... 19
Tabela 2.1 – Nível de aprovação sobre a segurança proporcionada pelo
projecto de dimensionamento estrutural em edificações………………………… 27
Tabela 2.2 – Nível de satisfação quanto a qualidade da fundação executada… 28
Tabela 2.3 – Nível de satisfação se a fundação fosse dimensionada de
maneira a dar garantias de segurança em geral…………………………………. 29
Tabela 2.5: Cargas solicitantes nos pilares……………………………………….. 39
Tabela 3.1: Dimensões dos blocos de fundação para os dois pilares
seleccionados por meio de cálculos manuais…………………………………….. 43
Tabela 3.2 – Dimensionamento à base de cálculos e suas verificações………. 49
Tabela 3.3 – Dimensionamento à base de experiência em obras e suas
verificações…………………………………………………………………….......... 49
Tabela 3.4 – Consumo dos materiais para cada dimensionamento……………. 51

ix
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
ACI – American Concrete Institute…………………………………………………. 6
a.C. - Antes de Cristo………………………………………………………………… 7
d.C. - Depois de Cristo………………………………………………………………. 8
SPT – Ensaio de Penetração Padrão……………………………………………… 10
CPT – Ensaio de Penetração do Cone……………………………………………. 10
NBR: Norma Brasileira……………………………………………………………… 12
EC: Eurocódigo………………………………………………………………………. 12
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas………………………………. 12
CEFOPROF – Huambo: Centro de Formação Profissional do Huambo………. 32
A400NR – Aço Natural, laminado à quente de superfície Rugosa, com um
valor de cedência à tracção de 400 MPa………………………………………….. 35
C25/30 – Betão normal com um valor característico de resistência à
compressão aos 28 dias de 25 MPa, medidio em um corpo de prova cilíndrico
e de 30 MPa, medido em um corpo de prova cúbico………………………. …... 35

x
ÍNDICE
INTRODUÇÃO……………………………………………………......................... 1
Objectivos de investigação............................................................................... 3
Metodologia de investigação………………………………………………............ 4
Estrutura trabalho…………………………………………………………………… 6
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ENVOLVENTE AO
DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL DE FUNDAÇÕES…………………….. 7
1.1. Abordagem histórica………………………………………………………... 7
1.2. Conceitos fundamentais……………………………………………………. 9
1.2.1. Conceitos básicos de segurança e estados-limites……………………… 11
1.2.1.1. Requisitos de um projecto de fundação…………………………... 11
1.2.2. Acções nas fundações……………………………………………………… 12
1.2.3. Escolha da alternativa de fundação - critérios gerais…………………… 13
1.2.4. Elementos necessários e critérios de projecto…………………………… 14
1.2.5. Pressão admissível do solo………………………………………………... 14
1.2.6. Alternativas de fundações………………………………………………….. 19
1.2.6.1. Tipos de fundações superficiais……………………………………….. 19
1.2.6.2. Tipos de fundações profundas………………………………………… 21
1.2.6.3. Análise, projecto e execução de fundações superficiais……………. 21
1.2.6.4. Escolha da alternativa de fundações superficiais……………............ 22
1.2.7. Concepção de projecto e condicionantes especiais…………………….. 22
1.2.8. Projecto e execução de fundações - fluxograma de atividades………… 23
CAPÍTULO 2 – ANÁLISE DE DADOS FUNDAMENTAIS PARA O
DIMENSIONAMENTO DA FUNDAÇÃO DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL
LOCALIZADO NO BAIRRO KAPANGO………………………………………… 25
2.1. Localização da área em estudo…………………………………………… 25
2.2. Diagnóstico actual da fundação já executada……………………........... 26
2.2.1. Resultado do diagnóstico referente à situação actual da obra…………. 27
2.3. Levantamento planialtimétrico com cotas da área em estudo………… 29
2.4. Parâmetros necessários para o dimensionamento à de cálculos da
fundação escolhida……………………………........................................ 31
2.4.1. Estimação da tensão admissível do solo da área em estudo e a
escolha do tipo de fundação a ser dimensionada……………………….. 31

xi
2.4.2. Determinação das cargas solicitantes em cada pilar……………........... 34
CAPÍTULO 3 – DIMENSIONAMENTO (À BASE DE CÁLCULOS) DA
FUNDAÇÃO SELECCIONADA…………………………………………………... 41
3.1. Dimensionamento da fundação seleccionada……………...................... 41
3.1.1. Matriz de cálculo para o dimensionamento do bloco de fundação…….. 41
3.1.2. Dimensionamento estrutural da viga (lintel de fundação)....................... 44
3.2. Valorização dos resultados………………………………………………… 48
3.2.1. Comparação sob ponto de vista de segurança…………….................... 49
3.2.2. Comparação sob ponto de vista económico………………..................... 50
CONCLUSÃO………………………………………………………………………. 53
RECOMENDAÇÕES……………………………………………………………….. 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………... 55
ANEXOS…………………………………………………………………………….. 56

xii
INTRODUÇÃO
A Engenharia de Construção Civil tem desempenhado um papel fundamental
para o desenvolvimento das cidades do mundo inteiro, melhorando o seu aspecto
visual, bem como a qualidade de vida da população que reside nelas. Pode-se afirmar
que a Engenharia de Construção Civil tem superado vários desafios da ciência física,
elevando cada vez mais a altura dos edifícios, aumentando o vão efectivo entre dois
apoios, reduzindo a esbeltez dos elementos estruturais sem reduzir a sua capacidade
de resistir a esforços solitantes a eles, construindo ilhas artificiais e entre outras obras
magníficas e dignas de serem apreciadas e admiradas.
Essas megas construções dispõem de uma estrutura ou esqueleto, que é
composta por uma superestrutura e uma infraestrutura, que em conjunto têm a
finalidade de receberem as cargas solicitantes e direccioná-las ao solo firme. Todas
as obras interagem com o solo, executam esforços sobre o mesmo e são a base de
qualquer estrutura e construção. A compreensão do solo é fundamental desde o
processo de planejamento da obra e essa análise deve permanecer no processo de
construção, direcção, fiscalização e manutenção das estruturas, a fim de garantir
segurança à estrutura. A partir do estudo do solo, é possível definir o tipo de fundação
e seu dimensionamento (Queiroz, 2018).
Segundo (Schulze, 2013) a fundação é um conjunto de elementos que em
conjunto com o elemento estrutural, transmitem os esforços actuantes nas edificações
para o solo, garantindo a estabilidade da obra. Existem duas categorias de fundações
que podem ser utilizadas: as fundações superficiais ou directas e as profundas ou
indirectas.
As fundações devem ser dimensionadas para resistir aos esforços aos quais
serão submetidas ao decorrer de sua vida útil. A fundação é uma das partes mais
importantes da estrutura, já que ela suporta as cargas decorrentes de seu uso e
também as cargas de peso próprio. Após as fundações serem dimensionadas e
executadas, as soluções para os erros de mal dimensionamento e execução são
consideradas complexos e bastante onerosos (Lottermann, 2014).
Sabe-se que existem vários métodos de sondagem, dimensionamento, ensaios
e cálculos que surgiram com o intuito de diminuir as incertezas dos coeficientes de
segurança, proporcionar maior confiabilidade da estimativa de carga de roptura,
aumentar a resistência do conjunto solo-estaca e assim melhorar a eficiência das
fundações e ainda fornecer um menor consumo de materiais e mão de obra, o que
1
leva a uma obra mais económica (Campos, 2015).
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), as fundações devem ser projectadas de
forma a que as construções cumpram requisitos técnicos relacionados com
estabilidade, funcionalidade e durabilidade. Devem ser capazes de suportar todas as
acções a que estarão sujeitas sem roptura ou colapso estrutural, dentro de limites de
deformação estrutural e dos movimentos da fundação e ainda desempenhar de forma
adequada as funções requeridas durante a vida útil prevista, com adequados custos
de manutenção.
O presente trabalho se baseou em um estudo de caso, cujo enfoque está na
sintetização dos benefícios económicos e técnicos entre o dimensionamento à base
da experiência em obras e o dimensionamento à base de cálculos da fundação do
edifício residencial, no bairro Kapango do município do Huambo. O trabalho tem como
justificativa, a relevância da figura engenheiro civil, na elaboração e execução de
projectos estruturais com grande viabilidade técnica e económica para a sociedade.
No presente trabalho, a situação problemática consiste em perceber que a
estrutura de um edifício é um conjunto de elementos responsáveis pela segurança,
estabilidade e durabilidade da mesma edificação, logo é fundamental que haja um
projecto estrutural que servirá de guia para a execução da mesma edificação,
principalmente quando se refere a edifícios com 2 ou mais pisos.
Entretanto, com a experiência acumulada em obras dos técnicos de construção
civil, nos dias actuais, tem-se verificado muitas obras sem um guia de cálculos e
dimensões descriminadas para os elementos estruturais que constituem o edifício,
pois tem-se adoptado dimensões para os elementos estruturais com base a um
processo de indução, em função a experiência em várias obras com características
semelhantes a obra que se pretende executar, como o caso da fundação do edifício
residencial em estudo.
Esta situação, na maior parte dos casos pode resultar em uma fundação que
garanta segurança, mas com dimensionamento excessivo dos elementos estruturais
da mesma fundação, resultando assim um consumo excessivo dos materiais de
construção ou ainda, com vista a reduzir este consumo excessivo, resulta na falta de
cumprimento dos regulamentos ou normas relacionadas a dosificação (traço) dos
materiais empregados para a elaboração do betão.
Diante desta situação problemática acima citado, remetem-se as seguintes
insuficiências:
2
 A falta de um projecto arquitectónico do edifício residencial;
 A ausência de dados referentes as condições e características do solo que
compõe o terreno implantado.
 A limitação no rigor, quanto ao processo de locação dos pilares que compõem
o edifício residencial de 2 pisos.
Tendo em conta as insuficiências identificadas no referido trabalho, apresenta-
se a seguinte contradição: A necessidade de dimensionar (à base de cálculos) a
fundação do edifício residencial de 2 pisos, localizado no bairro Kapango, na cidade
do Huambo, facto que não se cumpre devido a experiência acumulada em obras dos
técnicos de construção civil, que acabam adoptando dimensões para a fundação, a
partir de experiências já vividas.
Tendo em conta as descrições mencionadas, surgiu o seguinte problema
científico: Como analisar a comparação entre os dimensionamentos à base de
experiência em obras e à base de cálculos da fundação do edifício residencial no
bairro Kapango na cidade do Huambo?
Para o referido trabalho cientifico, determinou-se o seguinte objecto de
estudo: Processo de dimensionamento de elementos estruturais.
Baseando-se nestes procedimentos a serem levados em conta, chegou-se ao
seguinte campo de acção: Dimensionamento de uma fundação para um edificio
residencial.
Para a solução do problema identificado se propõe o seguinte objectivo de
investigação: Analisar a comparação entre a fundação adoptada e a dimensionada
(à base de cálculos) de um edifício residencial no bairro Kapango na cidade do
Huambo, a partir de um modelo de cálculo manual e computacional (AUTODESK
ROBOT STRUCTURAL ANALYSIS PROFESSIONAL 2018 e EXCEL).
Com o objectivo de investigação já definido, prevêem-se as seguintes tarefas
de investigação para dar resposta a esse objectivo:
 Fundamentação teórica envolvente ao dimensionamento das fundações de
edificações;
 Determinação das cargas solicitantes de projecto e a tensão admissível do
solo;
 Realização do dimensionamento à base de cálculos da fundação seleccionada;

3
 Valorização dos resultados obtidos na comparação das fundações adoptada e
dimensionada de um edifício residencial no bairro Kapango na cidade do
Huambo.
Tendo em conta essas tarefas científicas a serem realizadas, surgiram as
seguintes perguntas científicas:
 Como fazer uma fundamentação teórica envolvente ao dimensionamento das
fundações de edificações?
 Porquê deve-se determinar as cargas solicitantes de projecto e a tensão
admissível do solo?
 Como realizar o dimensionamento à base de cálculos da fundação
seleccionada?
 Como valorizar os resultados obtidos na comparação das fundações adoptada
e dimensionada de um edifício residencial no bairro Kapango na cidade do
Huambo?
A metodologia de investigação do presente trabalho consistirá na
investigação bibliográfica e à análise dos dados estatísticos recolhidos. A investigação
bibliográfica teve por base monografias, artigos, dissertações, livros, revistas da
especialidade, além de ocasionais notícias e sites da internet. Para o referido trabalho
integrou-se o seguinte:
 Método de nível teórico: irá consistir em dar respostas e fundamentos nos
processos de solução do problema. Então baseou-se nos seguintes critérios:
 Método histórico - lógico: no presente trabalho se estudam as condições
históricas na qual possibilita a recolha das fontes de informações relativamente
ao dimensionamento de elementos estruturais, em especial, das fundações,
sendo que é uma ferramenta de análise epistemológica para a solução do
problema encontrado.
 Análise – síntese: será apresentado o processo de leitura das informações
colectadas, para compreensão e interpretação do actual trabalho. Essa análise
consistirá na decomposição de toda pesquisa em duas partes, partindo do mais
complexo para o menos complexo, para perceber as relações de ideias e
factos, podendo-se registrar apenas o que será essencial para a pesquisa. Para
analisar os fenómenos em estudo no caso dos conteúdos de fundações, em
partes ou subsistema, e logo integra-los para compreender as inter-relações
entre as partes de forma sinérgica e sintética.
4
 Indução – dedução: A pesquisa se apropriou pelo método indutivo, pois será
desenvolvido conceitos, ideias e entendimento a partir dos padrões
encontrados nos dados, não levando em conta princípios pré-estabelecidos
para comprovar teorias, hipótese e modelos pré-concebidos. As informações
contidas no presente trabalho serão abordadas de forma geral na cidade do
Huambo, especificamente na obra em questão.
 Método de nível empírico: irá ajudar na validação de teorias e hipóteses
criadas com muitos anos de experiência vividas e presenciadas, para a
utilização dos mesmos na tomada de dados relevantes ao tema, de maneira a
se obter as conclusões acertadas.
 Método estatística matemático: irá ajudar no fornecimento de informação,
descrição e interpretação de dados, sendo fornecido por intermédio de
questionários e entrevistas, para a utilização dos mesmos na tomada de
decisão.
Depois de citadas a metodologias de investigação, sucede-se a determinação
da população e da amostra para o tema em estudo, onde destaca-se:
 População: A obra de execução do edifício residencial de 2 pisos, localizado
no bairro Kapango, município do Huambo.
 Amostra: A fundação do edifício residencial de 2 pisos.
Com as metodologias a serem utilizadas, pretende-se que se alcancem os
seguintes resultados que se espera: Do ponto de vista teórico, se espera que num
futuro próximo, em todos os projectos de edificações e não só, seja sempre feito um
projecto estrutural antes da execução da mesma estrutura, independemente do
número de pisos.
Também se espera que a execução de qualquer obra, quer seja de pequeno,
médio e grande porte, tenha sempre o devido acompanhamento de um técnico dotado
na área de formação de construção civil. Com isso, muitos serão os acidentes e
incidentes (danos) evitados na execução da obra e durante a vida útil das edificações.
No contexto geral, se espera que a comparação apresentada, venha dar
solução a situação problemática mencionada, e do mesmo modo, venha servir de
trampolim para se alterar a actual realidade ou situação que se verifica em alguns
casos, da cidade do Huambo.
Desta feita a presente pesquisa obedece a seguinte estrutura: Inicia-se o
trabalho pela seguinte ordem:
5
Na introdução, fala-se sobre o impacto positivo da Engenharia de Construção
Civil no mundo, o conceito de fundações de modo geral e as categorias de fundações
existentes, a importância do estudo das características dos solos para a definição do
tipo de fundação a escolher, focando-se principalmente nas fundações dos edifícios.
Também definiu-se a situação problemática, as insuficiências, a contradição, o
problema científico, o objecto em estudo, o campo de acção, o objectivo de
investigação, as tarefas científicas, as perguntas científicas, metodologias de
investigação, população, amostra e a predição científica.
No capítulo 1, é abordada a fundamentação teórica sobre o tema em estudo,
como os principais conceitos envolventes no tema e análise histórica.
No capítulo 2, centrou-se no levantamento de dados fundamentais para o
dimensionamento da fundação do edifício residencial, e para o efeito, começou-se
com a localização da área em estudo, seguido de um diagnóstico da fundação
existente (fundação adoptada), foram determinadas a tensão admissível do solo e a
profundidade de assentamento da fundação, foi definida o tipo de fundação a usar e
culminou com o processo de análise estrutural para a determinação das cargas
solicitantes em cada pilar.
No capítulo 3, procedeu-se o dimensionamento (à base de cálculos) da
fundação seleccionada. Esta foi efectuada através de um modelo de cálculo manual
sustentado pela ACI 318 de 2011 e verificados por um modelo de cálculo
computacional (AUTODESK ROBOT STRUCTURAL ANALYSIS PROFESSIONAL
2018), posteriormente, efectuou-se a valorização dos resultados obtidos no
dimensionamento da fundação à base de cálculos a partir de um estudo comparativo
com a fundação já existente.
E para culminar, se encontram sintetizadas as conclusões decorrentes na
análise nos capítulos anteriores e perspectivados cenários futuros. Pensando num
futuro risonho, em que todos os projectos de edifícios comerciais, habitacionais, etc.
independentemente do número de pisos, passarão a ter um projecto estrutural e o
devido acompanhamento no acto da sua execução.

6
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ENVOLVENTE AO
DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL DE FUNDAÇÕES
Neste capítulo, é abordada a fundamentação teórica sobre o tema em estudo,
apresentam - se a abordagem histórica, os conceitos fundamentais envolventes ao
tema de pesquisa, de maneira a facilitar o melhor enquadramento teórico.
1.1. Abordagem histórica
A história das fundações confunde-se com a própria história de evolução da
Engenharia Geotécnica que, remonta aos primórdios da civilização humana, com a
necessidade do homem de adequar o meio em que habita às suas necessidades. No
Paleolítico, sensível ao clima e para proteger-se dos animais, o homem abrigava-se
em cavernas rochosas, e na falta destas, em abrigos subterrâneos improvisados
esses abrigos eram escavações verticais de aproximadamente 2 metros de
profundidade, facto que revela a existência da noção sobre a estabilidade dos maciços
onde eram realizadas estas escavações (Hachich, Falconi, & Saes, Fundações: Teoria
e prática, 1998).
Pode-se afirmar que a evolução dos materiais de construção de construção
carregou com ela a evolução das técnicas de fundações, visto que esses materiais,
mais pesados exigiam uma fundação com maior área e com maior resistência
também. Isso foi notório nos antigos impérios do Oriente, com a utilização do tijolo
cerâmico, principalmente na Mesopotâmia, e a pedra no Egipto. E posteriormente, na
Idade Clássica com a Grécia (grandes pórticos e colunas) e a Roma com atécnica de
construções de arcos e a utilização de concreto, (Hachich, Falconi, & Saes,
Fundações: Teoria e prática, 1998).
Em Roma, a construção de fundações era inicialmente com tijolos crus, depois
seguiu-se os tijolos cozidos devidamente travados, e em seguida, em concreto,
cresceu e culminou com fundações como a do Coliseu, uma Laje térrea de 170 metros
de diâmetro.

Figura 1.1 Panteão de Roma.


Fonte: https://images.app.goo.gl/xaNqkK8oR4EAV2aN7, 2022.
7
Ao contrário dos gregos, que pouco escreveram sobre as suas façanhas
construtivas, o legado romano em termos de técnicas construtivas pode ser verificado
na obra do engenheiro militar e arquitecto Marco Vitrúvio Pollio (Século I, a.C.). A obra
de Vitrúvio contém uma série de considerações interessantes a respeito das
fundações das construções romanas, como por exemplo, as dimensões,
profundidades de assentamento, distribuição das cargas transmitidas ao solo e sobre
as características de resistência do mesmo, (Hachich, Falconi, & Saes, Fundações:
Teoria e prática, 1998).
A partir do século XVIII, d.C., a experiência acumulada até então por meio da
execução de diversas obras começou a ser teorizada, simbolizando o que os
primórdios da Mecânica dos Solos (fase pré-clássica). Vários foram os trabalhos sobre
aterros arrimados (Gautier, em 1717), pressões transmitidas por maciços de solos
(Bélidor, em 1729), superfícies de deslizamento em taludes (Gadroy, em 1746), efeito
da água sobre a estabilidade de taludes naturais e de aterros (Perronet, em 1769),
dentre outros.
(Saes, 2016), todo projecto de fundações contempla as cargas aplicadas pela
obra e a resposta do solo a estas solicitações. Os solos são muito distintos entre si e
respondem de maneira muito variável, por isto, toda experiência transmitida pelas
gerações de construtores sempre se relaciona ao tipo de solo existente. Trabalhos
marcantes sobre o comportamento dos solos foram desenvolvidos nos séculos
passados, como os clássicos de Coulomb, 1773, Rankine, 1856 e Darcy, 1856.
Entretanto, um acúmulo de insucessos em obras de engenharia civil, no início
deste século, onde se destacam as ropturas do Canal do Panamá e rompimentos de
grandes taludes em estradas e canais em construção na Europa e nos Estados
Unidos, mostrou a necessidade de revisão dos procedimentos de cálculo. Como
apontou Terzaghi (1936), ficou evidente que não se podiam aplicar aos solos leis
teóricas de corrente aplicação em projetos que envolviam materiais mais bem
definidos, como o concreto e o aço.
Não era suficiente determinar em laboratório parâmetros de resistência e
deformabilidade em amostras de solo e aplicá-los a modelos teóricos adequados
àqueles materiais. De facto, o comportamento reológico dos maciços terrosos não
pode ser expresso por parâmetros simples como um módulo de elasticidade ou uma
tensão de escoamento ou de resistência, (Saes, 2016).
O conhecimento do comportamento deste material, disposto pela natureza em
8
depósitos heterogêneos e apresentando comportamento demasiadamente
complicado para tratamentos teóricos rigorosos, se deveu em grande parte, aos
trabalhos de Karl Terzaghi, engenheiro civil de larga experiência, sólido preparo
científico e acurado espírito de investigação. Seus trabalhos, identificando o papel das
pressões na água nas tensões nos solos, e apresentando uma solução matemática
para a evolução dos recalques das argilas com o tempo após o carregamento, são
reconhecidos como o marco inicial de uma nova ciência de engenharia, que recebeu
o nome de Mecânica dos Solos, (Saes, 2016).

Figura 1.2 Karl Terzaghi.


Fonte: https://images.app.goo.gl/1D17aZawr6qWofnw5, 2022.
Esta nova área do saber na Engenharia, possibilitou o avanço e melhorias de
técnicas construtivas de fundações, com vista a resolver os problemas que se
revelavam naquela época, como os que se revelam nos dias actuais.
Segundo o (Saes, 2016), o conhecimento das propriedades dos solos não se
restringe ao que a Mecânica pode esclarecer. A Química e a Física Coloidal,
importantes para justificar aspectos do comportamento dos solos, são partes
integrantes da Mecânica dos Solos, enquanto que o conhecimento da Geologia é
fundamental para tratamento correto dos problemas de fundações.
A Engenharia de Fundações é uma arte, que se aprimora pela experiência, com
o comportamento das fundações devidamente observado e interpretado, e isto não se
faz sem atentar para as peculiaridades dos solos. Por outro lado, todo
desenvolvimento de técnicas de projecto e de execução das fundações depende do
entendimento dos mecanismos de comportamento dos solos (Saes, 2016).
1.2. Conceitos fundamentais
Fundações são os elementos estruturais com função de transmitir as cargas da

9
estrutura ao terreno onde ela se apoia (Azeredo, 1988, p. 29). Dessa forma, os
elementos das fundações devem ser escolhidos e dimensionados para suportar as
cargas geradas pelos esforços solicitantes da edificação. Para se determinar o tipo de
fundação mais adequada, além de se conhecer os esforços atuantes sobre a
edificação, deve-se ter informações sobre as características do solo e dos elementos
estruturais que irão compor as fundações.
Na grande maioria dos casos, as informações sobre as características do
subsolo do terreno sobre o qual será executada a edificação são obtidas por meio de
sondagens de simples reconhecimento (SPT – Standard Penetration Test).
Dependendo do grau de responsabilidade e do porte da obra, se as informações
obtidas pelo SPT não forem satisfatórias, outros tipos de pesquisas podem ser
executados, como por exemplo, ensaio de penetração do cone (CPT) e ensaio de
palheta (Vane-Test). Os dados obtidos do subsolo são importantes, pois retratam as
suas características e propriedades.
Depois de serem avaliados e estudados, esses dados são empregados como
balizamento técnico e direcionam os trabalhos de escolha do tipo de fundação. De
acordo com a forma de transferência para o solo das cargas provenientes da estrutura,
as fundações são classificadas em diretas e indiretas.
As fundações directas ou superficiais “são as que se apoiam logo abaixo da
infraestrutura e se caracterizam pela transmissão da carga ao solo através das
pressões distribuídas sob sua base” (Alonso, 1983, p. 1). A implantação da fundação
rasa se caracteriza quando a camada de suporte está próxima à superfície do solo
(profundidade limitada a 3 metros) sem presença do nível de água.
Segundo o engenheiro austríaco reconhecido como o pai da Mecânica dos
solos e da Engenharia Geotécnica, (Terzaghi, 1943), definiu que a “Geotecnia” é a
ciência que lida com a interferência de obras de infraestrutura de qualquer natureza
com a sua fundação seja ela em solo ou em rocha.
(Hachich, 1998) As fundações indirectas ou profundas, são aquelas que
transferem as cargas por efeito de atrito lateral do elemento com o solo e por efeito
de ponta. As fundações devem ser projectadas e executadas com o propósito de
atender às condições de segurança, funcionalidade e durabilidade quando submetidas
ao carregamento de serviço.
A garantia de uma fundação bem executada passa pela fase de projecto e dos
levantamentos realizados em campo. O resultado desse levantamento (SPT,
10
caracterização do tipo de solo, profundidade do nível de água, entre outros),
associado ao mapa de cargas e à experiência do Engenheiro Geotécnico, contribui
para que o produto final (Projecto de fundação) seja o mais adequado técnica e
economicamente para o empreendimento em estudo.
Portanto, ao se busca a minimização dos erros de projeto e de execução das
fundações, evita-se a possibilidade de utilização de reforços estruturais que elevam
os custos da obra e, que nem sempre são previstos. Assim, a boa fundação é aquela
que oferece a garantia da qualidade do projeto, da execução e do controle em sua
implantação. Dessa forma, é definido o método construtivo tendo em vista a forma de
execução, levando-se em conta a disponibilidade dos equipamentos e a segurança
dos vizinhos (Alonso, 1991).
1.2.1. Conceitos básicos de segurança e estados-limites
Uma estrutura é considerada segura quando puder suportar as ações que
vierem a solicitá-la durante a sua vida útil sem ser impedida, quer permanente, quer
temporariamente, e de desempenhar as funções para as quais foi concebida.
Denomina-se estado-limite qualquer condição que impeça a estrutura de
desempenhar essas funções.
A ocorrência de estados-limites caracteriza a chamada ruína da estrutura.
Estrutura não deve ser entendida meramente como um conjunto de pilares, vigas e
lajes, tão pouco de paredes e estroncas (ou tirantes), entende-se por estrutura um
conjunto de elementos (de aço, concreto, madeira, solo, rocha etc.), com
comportamentos reológicos diversos, mas interagindo de forma econômica e segura
para atender a uma necessidade ou desejo do ser humano (Hachich, 1998).
1.2.1.1. Requisitos de um projecto de fundação
Os requisitos básicos a que um projecto de fundações deverá atender são:
 Deformações aceitáveis sob as condições de trabalho;
 Segurança adequada ao colapso do solo de fundação (estabilidade "externa”);
 Segurança adequada ao colapso dos elementos estruturais (estabilidade
"interna").
Consequências do não atendimento a estes requisitos estão mostradas na
Figura a seguir:

11
Figura 1.3 (a) Deformações excessivas, (b) colapso do solo e (c) colapsos dos elementos estruturais,
resultantes de projectos deficientes.
Fonte: https://images.app.goo.gl/AAiki7szHFQajffM8, 2022.
O atendimento ao requisito (1) corresponde à verificação de um estado limite
de utilização a que se refere a norma NBR 8681/84 (ABNT, 1984). O atendimento aos
requisitos (2) e (3) corresponde à verificação de estados-limites últimos.
Outros requisitos específicos de certos tipos de obra são:
 Segurança adequada ao tombamento e deslizamento (também estabilidade
"externa"), a ser verificada nos casos em que forças horizontais elevadas
atuam em elementos de fundação superficial;
 Níveis de vibração compatíveis com o uso da obra, a serem verificados nos
casos de cargas dinâmicas.
1.2.2. Acções nas fundações
As solicitações a que uma estrutura está sujeita podem ser classificadas de
diferentes maneiras. Na Europa de acordo o Eurocódigo (EC1, 1991) e outras partes
do mundo é comum separá-las em dois grandes grupos:
Cargas vivas, separadas em:
 Cargas operacionais (ocupação, armazenamento, passagem de veículos,
frenagens etc.).
 Cargas ambientais (ventos, correntes etc.).
 Cargas acidentais (colisão, explosão, fogo etc.).
Cargas mortas ou permanentes
 Peso próprio, empuxo de terras e água, etc.

12
Já no Brasil, a norma NBR 8681 (ABNT, 1984), ("Ações e Segurança nas
Estruturas") classifica as ações nas estruturas em:
Ações permanentes: as que ocorrem com valores constantes durante
praticamente toda a vida da obra (peso próprio da construção e de equipamentos
fixos, empuxos, esforços devidos a recalques de apoios);
Ações variáveis: as que ocorrem com valores que apresentam variações
significativas em torno da média (ações devidas ao uso da obra, tipicamente);
Ações excepcionais: as que têm duração extremamente curta e muito baixa
probabilidade de ocorrência durante a vida da obra, mas que precisam ser
consideradas no projeto de determinadas estruturas (explosões, colisões, incêndios,
enchentes, sismos).
A norma NBR 8681 (ABNT, 1984) estabelece critérios para combinações
destas ações na verificação dos estados-limites de uma estrutura (assim chamados
os estados a partir dos quais a estrutura apresenta desempenho inadequado às
finalidades da obra):
Estados-limites últimos (associados a colapsos parciais ou total da obra);
Estados-limites de utilização (quando ocorrem deformações, fissuras, etc. que
comprometem o uso da obra).
1.2.3. Escolha da alternativa de fundação - critérios gerais
Algumas características da obra podem impor um certo tipo de fundação. Este
é o caso, por exemplo, de uma obra cujo subsolo é constituído por argila mole até
uma profundidade considerável, em que uma fundação em estacas é a solução que
se impõe. Quanto ao tipo de estaca, haverá, em geral, algumas opções a examinar.
Outras obras podem permitir uma variedade de soluções. Nesse caso é interessante
proceder-se a um estudo de alternativas e fazer a escolha com base nestes três
critérios:
 O critério técnico;
 O critério econômico;
 O critério de mercado.
O critério técnico deve garantir a segurança à roptura e os recalques aceitáveis
para a estrutura, além de evitar danos às edificações vizinhas. Esse critério é restritivo,
pois elimina certos tipos de fundação. Os critérios econômico e de mercado
(disponibilidade de equipamentos e materiais, prazo, etc.) são aplicados após a

13
seleção das fundações tecnicamente viáveis. Assim, a escolha do tipo de fundação
depende de vários factores além da grandeza e magnitude das cargas, das
características da obra, da natureza do subsolo e das condições dos vizinhos (critério
técnico).
A disponibilidade de materiais e equipamentos, as restrições ambientais ou de
legislação local, a distância de transporte e, ainda, a experiência regional e a
metodologia ou sequência executiva da obra implicam a adoção de um tipo de solução
de fundação. Atualmente, o avanço tecnológico de equipamentos e a necessidade
cada vez maior de espaços subterrâneos para estacionamento de carros levou a
implantação de um elevado número de subsolos nos grandes centros urbanos.
1.2.4. Elementos necessários e critérios de projecto
Os documentos técnicos necessários e indispensáveis para o projeto de
fundações podem ser elencados:
 Levantamento planialtimétrico e cadastral com cotas e pontos de interesse nos
terrenos vizinhos e lindeiros à obra. É de vital importância que este
levantamento mostre afastamentos, distâncias e cotas de muros, divisas,
subsolos, edificações, árvores e eventualmente redes, galerias e túneis. O
referencial de nível do levantamento planialtimétrico deve ser o mesmo do
projeto de arquitectura e dos ensaios geotécnicos;
 Projecto de arquitectura com plantas de todos os níveis, cortes nos pontos de
maior relevância para facilitar o entendimento, para verificar a existência de
transições e analisar a posição e profundidade de poços de elevadores e
reservatórios enterrados;
 Ensaios geotécnicos que devem se iniciar pelas sondagens de simples
reconhecimento (SPT) manuais ou automáticas, mas que necessariamente
não devem se limitar a elas.
 Locação de pilares e cargas na fundação, fornecido pelo projectista estrutural
e formas dos níveis de subsolo e térreo.
1.2.5. Pressão admissível do solo
A elaboração de projectos de fundação exige um conhecimento prévio e
profundo dos solos. É necessário proceder-se à identificação e classificação de cada
camada que compõe o solo a ser analisado, assim como a avaliação das suas
propriedades. Entre os ensaios de campo existentes em todo o mundo, o SPT

14
(Standard Penetration Test), é de longe, o mais executado na maioria dos países e no
Brasil (Decourt & Quaresma, 1978).
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 1996), devem ser considerados os seguintes
factores na determinação da pressão admissível:
 Profundidade da fundação;
 Dimensões e forma dos elementos de fundação;
 Características das camadas de terreno abaixo do nível da fundação;
 Lençol da água;
 Modificação das características do terreno por efeito de alívio de pressões,
alteração do teor de humidade ou ambos;
 Características da obra, em especial a rigidez da estrutura;
 Recalques admissíveis, definidos pelo projectista da estrutura.
- Metodologia para a determinação da pressão admissível
A pressão admissível pode ser determinada por um dos seguintes critérios:
a) Por métodos teóricos;
b) Por meio de prova de carga sobre placa;
c) Por métodos semi-empíricos;
d) Por métodos empíricos.
Métodos teóricos:
Uma vez conhecidas as características de compressibilidade e resistência ao
cisalhamento do solo e outros parâmetros eventualmente necessários, a pressão
admissível pode ser determinada por meio de teoria desenvolvida na Mecânica dos
Solos, levando em conta eventuais inclinações da carga do terreno e excentricidades.
Faz-se um cálculo de capacidade de carga à roptura; a partir desse valor, a
pressão admissível é obtida mediante a introdução de um coeficiente de segurança
igual ao recomendado pelo autor da teoria. O coeficiente de segurança deve ser
compatível com a precisão da teoria e o grau de conhecimento das características do
solo e nunca inferior a 3. A seguir, faz-se uma verificação de recalques para essa
pressão, que, se conduzir a valores aceitáveis, será confirmada como admissível;
caso contrário, o valor da pressão deve ser reduzido até que se obtenham recalques
aceitáveis, segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010).
Vários foram os cientistas que trabalharam nos métodos teóricos para a
determinação da tensão admissível do solo, onde destacam-se:

15
 Método de Terzaghi (1943);
 Proposição de Vesic (1975);
 Método de Aoki-Velloso (1975).
Prova de carga sobre placa:
Ensaio realizado de acordo com a NBR 6489 (ABNT, 2019), cujos resultados
devem ser interpretados de modo a levar em conta as relações de comportamento
entre a placa e a fundação real, bem como as características das camadas de solo
influenciadas pela placa e pela fundação.
Métodos semi-empíricos:
São considerados métodos semi-empíricos aqueles em que as propriedades
dos materiais são estimadas com base em correlações e são usadas em teorias de
Mecânica dos Solos, adaptadas para incluir a natureza semi-empírica do método.
Quando métodos semi-empíricos são usados, devem-se apresentar justificativas,
indicando a origem das correlações (inclusive referências bibliográficas). As
referências bibliográficas para outras regiões devem ser feitas com reservas e, se
possível, comprovadas de acordo a NBR 6122 (ABNT, 2010).
Métodos empíricos:
São considerados métodos empíricos aqueles pelos quais se chega a uma
pressão admissível com base na descrição do terreno (classificação e determinação
da compacidade ou consistência através de investigações de campo e/ou
laboratoriais). Estes métodos apresentam-se usualmente sob a forma de tabelas de
pressões básicas conforme a Tabela de parâmetros médios dos solos, onde os valores
fixados servem para orientação inicial.
Para dimensionar sapatas, primeiramente deve-se estimar os valores de
tensão admissível do solo, que pode ser definido como “tensão adoptada em projecto
que, aplicada ao terreno pela fundação superficial ou pela base de tubulão, atende
com coeficientes de segurança predeterminados, aos estados-limites últimos (roptura)
e de serviço (recalques, vibrações etc.). Esta grandeza é utilizada quando se trabalha
com ações em valores característicos.” NBR 6122 (ABNT, 2010).
Dentre os métodos de obtenção das tensões admissíveis do solo, este artigo
abordará sobre o método empírico do SPT médio e o método teórico, unicamente se
aborda sobre o método de Terzaghi. De acordo com (Vellos & Lopes, 2010) um dos
primeiros autores a apresentar métodos de cálculos para estimar capacidade de carga

16
de fundações superficiais foi Terzaghi em 1925 e posteriormente, em 1943, ele
aprimorou suas fórmulas, dando um tratamento racional, que leva em consideração
todas as características físicas do solo, conforme a seguir:

𝜎�r = c.Nc. Sc + q.Nq. Sq + 12 . γ. B. Nc. Sγ


 𝜎r = tensão de roptura do solo;
 q = tensão efectiva na cota de assentamento;
 B = menor dimensão da sapata;
 γ = peso específico do solo;
 NC, Nq, Nγ = factores de capacidade de carga;
 SC, Sq, Sγ = factores de forma.
Para determinação dos parâmetros do solo, dentre o peso específico, ângulo
de atrito efectivo e coesão efectiva, usa-se dados já tabelados, a partir das
características tacto-visuais do solo.

Figura 1.4 Tabela de parâmetros médios dos solos.


Fonte: Joppert, 2007.
17
Em sequência, com os dados retirados da Figura 1.4, os factores de
capacidade de carga e de forma são encontrados no ábaco (figura 1.5) e na Tabela
1.1:

Figura 1.5 Ábaco dos factores de capacidade de carga.


Fonte: Velloso e Lopes, 2010.
Tabela 1.1: Factores de forma.
Forma da fundação Sc S𝛾� Sq
Sapata quadrada 1,30 0,80 1,00
Sapata circular 1,30 0,60 1,00
Sapata retangular 1,10 0,90 1,00
Sapata corrida 1,00 1,00 1,00
Fonte: Joppert, 2007.
A determinação da tensão admissível no solo de suporte, que basicamente é a
tensão de roptura do solo dividida por um factor de segurança, e que não provoque
recalques incompatíveis com a estrutura, e geralmente este factor de segurança não
deve nunca assumir um valor inferior a 3. Entretanto, todas as formulações e hipóteses
partem da fórmula geral de Terzaghi, com adaptações dependendo de cada região.
Segundo (Silva, 2018), ao dimensionar elementos de fundação é indispensável
a utilização dos factores de segurança, por conta da heterogeneidade do solo e a não
exatidão dos resultados dos ensaios geotécnicos. A NBR 6122 (ABNT, 2010)
estabelece que a verificação da segurança pode ser feita por factor de segurança
global ou por factores de segurança parciais, devendo ser obedecidos os valores da
Tabela 1.2.

18
Tabela 1.2: Factores de segurança.
Métodos para Coeficiente de Factor de
determinação da minoração da segurança
resistência última resistência última global
Valores propostos no Valores propostos
Semi-empíricos próprio processo e no no próprio
mínimo 2,15 processo e no
mínimo 3,00
Analíticos 2,15 3,00
Semi-empíricos a ou
analíticos acrescidos de
duas ou mais provas de
1,40 2,00
carga, necessariamente
executadas na fase de
projeto
Fonte: ABNT, NBR 6122:2010.
1.2.6. Alternativas de fundações
As fundações são convencionalmente separadas em 2 grandes grupos:
 Fundações superficiais ou directas;
 Fundações profundas ou indirectas.
A distinção entre estes dois tipos é feita segundo o critério (arbitrário) de que
uma fundação profunda é aquela cujo mecanismo de roptura de base não atinge a
superfície do terreno. Como os mecanismos de roptura de base atingem, acima da
mesma, até 2 vezes sua menor dimensão, a NBR 6122 (ABNT, 2010) estabeleceu que
fundações profundas são aquelas cujas bases estão implantadas a mais de 2 vezes
sua menor dimensão, e a pelo menos 3 m de profundidade.
1.2.6.1. Tipos de fundações superficiais

De acordo a NBR 6122 (ABNT, 2010), os tipos de fundações superficiais são:


Bloco de fundação: elemento de fundação de concreto simples, dimensionado
de maneira que as tensões de tracção nele produzido possam ser resistidas pelo
concreto, sem necessidade de armadura.
Sapata: elemento de fundação de concreto armado, de altura menor que o
bloco, utilizando armadura para resistir aos esforços de tracção. As sapatas estão

19
subdivididas em três tipos, a depender da sua distribuição ao longo do terreno e da
quantidade de pilares que recebem. Estes são:
 As sapatas isoladas são aquelas que transmitem acções de um único pilar
centrado, é o tipo de sapata mais utilizada. Tais elementos estruturais podem
apresentar bases quadradas, retangulares ou circulares, com altura constante
ou variando linearmente entre as dimensões do pilar à extremidade da base da
sapata;
 Sapatas associadas ou combinadas: são aquelas que transmitem as ações de
dois ou mais pilares adjacentes, são utilizadas quando não se há espaço para
utilizar sapatas isoladas para cada pilar, que poderia causar superposição de
suas bases ou de seus bulbos de pressões, assim emprega-se uma única
sapata que recebe as cargas de vários pilares;
 Sapata corrida: são adoptadas para receber acções verticais, de elementos
alongados que transmitem carregamento uniformemente distribuído em uma
direcção, seu dimensionamento é idêntico ao de uma laje armada em uma
direcção.
Viga de fundação: elemento de fundação que recebe pilares alinhados,
geralmente de concreto armado; pode ter secção transversal, tipo bloco (sem
armadura transversal), estes são frequentemente chamadas de baldrames.
Grelha: elemento de fundação constituído por um conjunto de vigas que se
cruzam nos pilares.
Radier: elemento de fundação que recebe todos os pilares da obra, e é
basicamente uma laje apoiada sobre uma camada do solo.

Figura 1.6 Principais tipos de fundação superficial.


Fonte: https://images.app.goo.gl/hetzPkNsGt5Yq148A, 2022.
20
1.2.6.2. Tipos de fundações profundas

De acordo a NBR 6122 (ABNT, 2010), as fundações profundas são separadas


em três tipos principais:
Estaca: elemento de fundação profunda executado com auxílio de ferramentas
ou equipamentos, execução esta que pode ser por cravação a percussão, prensagem,
vibração ou por escavação, ou, ainda, de forma mista, envolvendo mais de um destes
processos.
Tubulão: elemento de fundação profunda de forma cilíndrica, em que, pelo
menos na sua fase final de execução, há a descida de operário (o tubulão não difere
da estaca por suas dimensões, mas pelo processo executivo, que envolve a descida
de operário).
Caixão: elemento de fundação profunda de forma prismática, concretado na
superfície e instalado por escavação interna.

Figura 1.7 Tipos de fundações profundas: (a) Estacas, (b) tubulões e (c) caixão.
Fonte: https://images.app.goo.gl/Ccsv2FsUcExLLJWe8, 2022.
1.2.6.3. Análise, projecto e execução de fundações superficiais
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), a fundação superficial é aquele elemento
que transmite ao terreno tensões distribuídas sob a base da fundação. Elas se dividem
em sapatas isoladas, sapatas corridas, sapatas associadas, blocos de fundação e
radier, e, normalmente, são apoiadas a menos de 3 metros da cota do piso ou de
profundidade.
Do ponto de vista de fundação, a alternativa em solução rasa ou direta passa
a ser viável quando, a partir de 1 metro abaixo da cota de implantação do último nível
(mais baixo) do empreendimento, encontra-se terreno com resistência e
deformabilidade compatível com a estrutura do empreendimento.

21
As fundações rasas ou directas são assim denominadas por se apoiarem sobre
o solo a uma pequena profundidade, em relação ao solo circundante. De acordo com
essa definição, uma fundação directa para um prédio com dois subsolos será
considerada rasa, mesmo se apoiando a 7 metros abaixo do nível da rua.
1.2.6.4. Escolha da alternativa de fundações superficiais
As sapatas e os blocos são os elementos de fundação mais simples e, quando
é possível sua adopção, os mais econômicos. Os blocos são mais econômicos que
as sapatas para cargas reduzidas, quando o maior consumo de concreto é pequeno
e justifica a eliminação da armação. Não há, porém, qualquer restrição ao seu
emprego para cargas elevadas.
Uma fundação associada (viga, sapata associada ou radier) é adotada quando:
 As áreas das sapatas imaginadas para os pilares se aproximam umas das
outras ou mesmo se interpenetram (em consequência de cargas elevadas nos
pilares e/ou de tensões de trabalho baixas);
 Se deseja uniformizar os recalques (por meio de uma fundação associada).
Quando uma ou as duas condições acima são satisfeitas em parte da obra, pode-se
adoptar a sapata associada numa área e fundações isoladas no restante da obra.
Quando são satisfeitas em toda a área da obra (ou por opção do projectista), pode-se
adoptar o radier. Quando a área total de fundação ultrapassa metade da área da
construção, o radier é indicado.
1.2.7. Concepção de projecto e condicionantes especiais
Conforme discutido nos parágrafos anteriores, é interessante estudar mais de
uma alternativa de fundação e comparar custos e prazos de execução. Entretanto, a
obra pode apresentar condicionantes especiais que influenciarão desde o início a
concepção do projecto. Estes condicionantes especiais podem ser, por exemplo, a
existência de pilares junto às divisas ou de pavimentos de subsolo no prédio.
No caso de edifícios sem subsolo, mas que se estendem até as divisas, é
necessário um tratamento especial dos pilares junto às divisas uma vez que ali o
elemento de fundação (sapata ou estaca) não poderá ter seu centro de gravidade
coincidente com o do pilar. Nestes pilares há que se prever vigas de equilíbrio que os
ligarão a pilares internos próximos. A fundação associada que resulta tem
carregamento centrado em relação aos elementos de fundação.
Na figura abaixo estão mostradas alternativas de fundação para um prédio sem

22
subsolo e que se estende às divisas. Na primeira alternativa, constituída por
fundações superficiais isoladas (blocos ou sapatas), estão indicadas as vigas de
equilíbrio. Quando as duas sapatas que serão ligadas pela viga de equilíbrio se
aproximam muito, é preferível adotar uma fundação combinada (sapata associada ou
viga de fundação). O caso extremo será a fundação em radier, em que não há
necessidade da viga de equilíbrio (trata-se de uma fundação capaz de absorver
momentos). Na terceira alternativa, em fundações profundas (estacas ou tubulões),
também são necessárias as vigas de equilíbrio.
No caso de fundação superficial (sapatas ou radier), as escavações próximas
às divisas precisam ser escoradas. No caso de fundação profunda, tem-se que
considerar quando da escolha do tipo, as passíveis consequências do processo
executivo.

Figura 1.8 Edifícios com pilares na divisa.


Fonte: https://images.app.goo.gl/tWSoGJZZWkXCu43c7, 2022.
1.2.8. Projecto e execução de fundações - fluxograma de atividades

Depois de uma longa e demorada fundamentação teórica envolvendo o tema


em estudo, a seguir, na Figura 1., apresenta-se um fluxograma de actividades
referente ao projecto e execução de fundações em geral, de maneira a valorizar o
velho ditado; “Uma imagem vale mais do que mil palavras”.

23
Figura 1.9 Projecto e execução de fundações: fluxograma de atividades.
Fonte: https://www.google.com/imgres?imgurl=http%3A%2F%2F1.bp.blogspot.com, 2022.

24
CAPÍTULO 2 – ANÁLISE DE DADOS FUNDAMENTAIS PARA O
DIMENSIONAMENTO DA FUNDAÇÃO DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL
LOCALIZADO NO BAIRRO KAPANGO
No presente capítulo serão apresentados e analisados os dados referentes a
obra em estudo, desde a localização, a situação actual da obra, a altimetria da área
em estudo e as condições do solo do terreno da obra em estudo para servir de base
para o posterior dimensionamento da fundação à base de cálculos.
2.1. Localização da área em estudo
O terreno de execução do edifício residencial de 2 pisos localiza-se no bairro
Kapango, a oeste da Rua dos Ministros, a norte do Hospital Materno Infantil da
Mineira, a sul da Unidade da PIR e a este da Rua da Pilha Seca, e pode ser acessado
a partir das seguintes vias de comunicação terrestre: A partir do troço que liga o
triângulo das Gasolinas a entrada do Hospital Materno Infantil da Mineira, e a partir do
troço de acesso ao salão de festas Nacyra Eventos, assim como mostra a figura 2.1.

Figura 2.1 Micro localização da área em estudo.


Fonte: Google earth Pro. (Elaborado pelo autor).

25
2.2. Diagnóstico actual da fundação já executada
A fase de execução da fundação do edifício residencial de 2 pisos já foi
cumprida, e o tipo de fundação que foi adoptada é a de bloco de fundação de 80X80
cm, a uma profundidade de 1 à 1,5 metros, com vigas de fundação unicamente em
betão ciclópico, sem a utilização do aço de 40X100 cm para o edifício 1 e 40X140 cm
para o edifício 2. Na base do bloco de fundação, isto é, em contacto com o betão de
limpeza de 80X80X5 cm, foi executada uma grelha de 50X50 cm, feita de aço de
diâmetro 12 mm, com um espaçamento de 10 cm entre as barras; com o objectivo de
permitir a devida fixação e apoio da armadura do pilar.
As alturas dos blocos de fundação são iguais as profundidades de escavação,
isto é, 120 centímetros para o edifício 1 e 140 centímetros para o edifício 2. A armadura
de arranque do pilar tem uma altura superior a 2 metros do nível superior do bloco de
fundação.

Figura 2.2 A fundação em fase de execução.


Fonte: Autor, 2022.

Figura 2.3 Fundação já executada, indica a separação entre os edifícios 1 (esquerda) e 2 (direita).
Fonte: Autor, 2022.

26
Figura 2.4 A fundação já executada.
Fonte: Autor, 2022.
2.2.1. Resultado do diagnóstico referente à situação actual da obra
Neste item, exibir-se-ão as tabelas e os gráficos resultantes do questionário
feito ao proprietário da obra e a vizinhança da mesma obra, de maneira a se obter
com maior exactidão os dados que serão bastante úteis para justificativa e a conclusão
desta pesquisa, foram elaborados um total de 15 questionários, 2 para os proprietários
da obra e 13 para a vizinhança da mesma. O questionário (ver o Anexo 3) distribuído
focou-se em três principais indicadores:
1. Referente a questão direccionada sobre, se o projecto de dimensionamento
estrutural de um edifício residencial garante maior segurança do edifício,
adquiriu-se as seguintes respostas:

Tabela 2.1 – Nível de aprovação sobre a segurança proporcionada pelo projecto de


dimensionamento estrutural em edificações.
Descrições Proprietários Vizinhança
Sim 1 11
Talvez 1 2
Não 0 0

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

27
Nível de aprovação ao benefício do projecto
estrutural
12 11
10
8
6
4
2
2 1 1
0 0
0
Sim Talvez Não

Proprietários Vizinhança

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.


2. Referente a questão direccionada sobre o grau de satisfação quanto a
qualidade da fundação executada, adquiriu-se as seguintes respostas:
Tabela 2.2 – Nível de satisfação quanto a qualidade da fundação executada.
Descrições Proprietários Vizinhança
Muito Bom 1 1
Bom 0 5
Regular 1 6
Mau 0 1
Péssimo 0 0
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Nível de satisfação quanto a qualidade da


fundação executada
8
6
6 5

2 1 1 1 1
0 0 0 0
0
Muito Bom Bom Regular Mau Péssimo

Proprietários Vizinhança

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.


3. Referente a questão direccionada sobre qual seria o grau de satisfação, se a
fundação do edifício residencial em estudo fosse dimensionada de maneira a
dar garantias de segurança em geral, adquiriu-se as seguintes respostas:

28
Tabela 2.3 – Nível de satisfação se a fundação fosse dimensionada de maneira a dar
garantias de segurança em geral.
Descrições Proprietários Vizinhança
Muito Bom 2 9
Bom 0 4
Regular 0 0
Mau 0 0
Péssimo 0 0

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Nível de satisfação, se a fundação fosse


dimensionada para dar garantias de segurança
10 9

8
6
4
4
2
2
0 0 0 0 0 0 0
0
Muito Bom Bom Regular Mau Péssimo

Proprietários Vizinhança

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.


Depois de colectado e analisado o questionário, verificou-se que para o 1º
ponto de análise, os resultados revelam que 80% dos questionados, afirmam que o
projecto de dimensionamento estrutural garante maior segurança do edifício. Para o
2º ponto de análise, os resultados revelam que 47% dos questionados, que são a
maioria num universo de 15 questionados, afirmam que o seu grau de satisfação
quanto a qualidade da fundação executada é regular.
E para 3º ponto de análise, os resultados revelam que 73% dos questionados,
que são a maioria num universo de 15 questionados, afirmam que o seu grau de
satisfação se a fundação fosse dimensionada de maneira a dar garantias de
segurança em geral seria Muito Bom e para 27% dos questionados seria Bom. Factos
que realmente justificam a existência de um problema.
2.3. Levantamento planialtimétrico com cotas da área em estudo
O levantamento planialtimétrico da área em estudo foi executado com um
equipamento de nivelamento horizontal e vertical, chamado nível a lazer. O
29
equipamento mostrou-se como uma alternativa viável, tendo em conta que o mesmo
pode estabelecer uma linha horizontal e vertical a mais de 100 metros de distância, a
depender dos obstáculos, embora tenha muitas condicionantes como:
 O levantamento deve ser realizado no período pós-laboral, sem interferência
dos raios solares e com pouca iluminação artificial no local em estudo;
 Exige a constante movimentação do operário, de maneira a efectuar as
marcações ou o levantamento de cotas e das distâncias em vários pontos da
área em estudo;
 É necessário efectuar alguns cálculos manuais, para a obtenção dos resultados
esperados, como a diferença de cota entre pontos marcados, o ângulo de
inclinação, assim como a pendente da área em estudo.
O período de levantamento das cotas da área de implementação do edifício
residencial foi repartido em duas fases, a primeira fase foi a marcação de todos os
pontos que se encontram na mesma cota, e este levantamento foi realizada pelas 20
horas, e a segunda fase foi o levantamento dos pontos marcados, as suas cotas e
distâncias entre eles, esta fase foi realizada pelas 17 horas do dia seguinte ao dia da
marcação.

Figura 2.5 Primeira fase do levantamento; Marcações na área implantada.


Fonte: Autor, 2022.

Figura 2.6 Equipamento utilizado para fazer o levantamento (Nível a lazer - Quayou).
Fonte: Autor, 2022.
30
Depois deste período, prosseguiu-se a realização dos cálculos manuais para a
determinação da pendente do terreno, o ângulo de inclinação e a diferença de cotas
da área em estudo. Os cálculos manuais forneceram os seguintes resultados:
Terreno implantado:
 Diferença de nível na direcção perpendicular (transversal) das edificações:
∆H=1,53 metros;
 Ângulo de inclinação na direcção perpendicular (transversal) das edificações:
𝛼 = 4,165⁰;
 Pendente na direcção perpendicular (transversal) das edificações: incl=7,28%;
 Diferença de nível na direcção paralela (longitudinal) das edificações:
∆H=1,24 metros;
 Ângulo de inclinação na direcção paralela (longitudinal) das edificações:
α=4,922⁰;
 Pendente na direcção paralela (longitudinal) das edificações: incl=7,28%;
Ponto de interesse (Riacho):
 Diferença de cota do terreno implantado até o riacho: ∆H=2,14 metros;
 Ângulo de inclinação do troço da via de comunicação que liga o terreno e o
riacho: α=1,972⁰;
 Pendente do troço da via de comunicação que liga o terreno e o riacho:
incl=3,44%; Com uma distância de 62,20 metros.
2.4. Parâmetros necessários para o dimensionamento à de cálculos da
fundação escolhida
Para se efectuar o dimensionamento à base de cálculo da fundação do edifício
residencial, é necessário determinar primeiramente a tensão admissível do solo e as
cargas solicitantes em cada pilar que compõe a estrutura do edifício.
2.4.1. Estimação da tensão admissível do solo da área em estudo e a
escolha do tipo de fundação a ser dimensionada
Para a determinação da resistência do solo em função dos dados da sondagem
SPT, segundo (Rebello, 2008), usa-se para a média do número de golpes à
profundidade de 1,5 vezes a maior largura da sapata, que será equivalente ao bulbo
de pressão que exerce no solo, dividindo então por 0,05 para obter assim a tensão
admissível do solo em KN/m². Nessa correlação do SPT, a formulação para a
determinação da tensão admissível já considera um factor de segurança embutido
31
(Marinho, 2019). Em seguida, a fórmula empírica para obtenção da tensão admissível
do solo.
SPTmédio SPTmédio
𝜎�𝑠� = (KN/m2 ) Ou 𝜎�𝑠� = �(MN/m2 ou MPa)
0,05 50

Onde o SPT médio é o índice de resistência a penetração do solo, são


representados em números de golpes (N) a depender do tipo de solo e da
característica do mesmo. Como por exemplo, para o caso do terreno onde foi
implementada a fundação, depois de colectada a amostra do solo (20kg) a uma
profundidade de 1 metro e depois de um ensaio breve de peneiramento da amostra
no laboratório de Mecânica dos Solos do CEFOPROF – Huambo, segou-se a
conclusão que o solo é maioritariamente de areia e siltes arenosos, medianamente
compactado (ver o Anexo 5), com um valor de N = 9 a 18.

Figura 2.7 Retirada da amostra a 1 metro de profundidade.


Fonte: Autor, 2022.

Onde o N fixou-se em 13,5. Logo: 𝜎�𝑠� = 0,05 �(𝐾𝑁/𝑚2 ) →��𝜎�𝑠� = 270�(𝐾𝑁/𝑚2 )


13,5

Figura 2.8 Tabela dos estados de compacidade e de consistência.


Fonte: NBR 6484:2001, 2022.
32
E de acordo os vários ensaios de resistência de solos já executados no
CEFOPROF – Huambo, os solos da zona do bairro Kapango geralmente apresentam
uma tensão admissível do solo de 250 (KN/m2 ) à 340 (KN/m2 ), facto que comprava o
valor da tensão admissível estimada do terreno onde está implantado a fundação do
edifício em estudo.
Os solos com tensões admissíveis na ordem de 200�(KN/m2 ), são considerados
de solos com resistência normal, e é o que geralmente se verificam, quando se verifica
um valor a baixo deste, considera-se que o solo é pouco resistente e quando se
verifica um valor a cima deste, considera-se que é um solo com boa resistência.
A seguir serão demostradas as variadas tensões admissíveis em MPa, dos
diferentes tipos e características de solos existentes:

Figura 2.9 Valores de tensão admissível dos solos em MPa.


Fonte: NBR 6122/1996, 2022.
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), adopta-se a fundação superficial quando
a profundidade de assentamento em relação ao terreno é inferior a duas vezes a
menor dimensão da fundação, isto é, no máximo 3 metros de profundidade. Facto que
33
se verifica no terreno onde foi implantada a fundação, em que até 1,5 metros de
profundidade, já havia sido encontrada a camada de solo firme. Logo a fundação a
ser dimensionada, é a fundação directa ou superficial.
O método empírico utilizado para a determinação da tensão admissível do solo
é mais aplicado para casos de fundação directa do tipo sapata e do tipo bloco de
fundação. Como já foi argumentado nos parágrafos anteriores desta pesquisa, a
selecção do tipo de fundação a dimensionar tem de cumprir com os critérios técnico,
económico e o de mercado.
Dentre as fundações directas existentes, o bloco de fundação e sapata são as
mais económicas e que se adequam melhor ao mercado da cidade do Huambo, e
dentre os dois, o bloco de fundação é o mais económico e que mais se adequa ao
mercado da cidade do Huambo, e se for dimensionada seguindo normais técnicas,
torna-se também viável no critério técnico.
Logo, adopta-se o bloco de fundação como a fundação directa a ser
dimensionada.
2.4.2. Determinação das cargas solicitantes em cada pilar
Para se efectuar o dimensionamento de fundações, é fundamental e
indispensável desenvolver cálculos de cargas envolvendo a estrutura de toda
edificação. Para se chegar a este fim, usou-se um programa de dimensionamento
estrutural (AUTODESK ROBOT STRUCTURAL ANALYSIS PROFESSIONAL 2018)
de maneira a obter as cargas com maior precisão (ver o Anexo 1). Foram utilizados
os dados de mapas de cargas dos pilares presentes na Tabela 2.5, projecto
arquitetónico (ver o Anexo 7) e a locação dos pilares já pilares já existentes do edifício
residencial, que permitiram fornecer todos os dados necessários no dimensionamento
e detalhamento de cada tipo de fundação.
Portanto, como todo e qualquer software de dimensionamento, são necessários
vários procedimentos e passos para se chegar aos resultados preconizados. A seguir
são demonstrados os passos subsequentes necessários para a realização do
dimensionamento estrutural de edifícios:
1. Selecionar o tipo de projecto: selecionamos “Projecto de construção,
PRÉDIOS”;

34
Figura 2.10 Seleção do tipo de projecto.
Fonte: Autor, 2022.
2. Definir as Preferências do trabalho:

Figura 2.11 Definição das preferências do trabalho - Dimensões.


Fonte: Autor, 2022.
a. Dimensões: Dimensões da estrutura, dimensões da secção, propriedades
de seccão, ligações metálicas, diâmetro das barras, áreas da armadura e
largura de fissuras;
b. Forças: Forças, Momentos e Tenções.

Figura 2.12 Definição das preferências do trabalho - Forças.


Fonte: Autor, 2022.
c. Outros: Deslocamentos, ângulos, peso, massa, etc;
d. Materiais: Aço (A400NR) e betão (C25/30);
35
3. Definição de os eixos (em direção X e direção Y), depende do projecto
arquitetónico onde já estão definidos estes eixos;
4. Definição dos níveis da estrutura, vai depender do número de pisos da estrutura
e das suas alturas.
5. Definição das secções dos elementos estruturais: são definidas as secções
transversais dos elementos da estrutura, como: vigas (15X45 cm), e colunas
(15X30 cm), também as espessuras das lajes (18 cm);
6. Colocação dos pilares do rés de chão, se cria também a fundação;
7. Colocação das vigas de rés de chão;
8. Elaboração da estrutura do primeiro andar, colocação de vigas, colunas e lajes.
9. Elaboração da estrutura do segundo andar, colocação de vigas, colunas e lajes;
10. Elaboração das escadas;
11. Definição dos tipos de cargas, cargas mortas (D), cargas vivas (L) e cargas de
vento (W), este último, foi considerado em 4 direcções;
12. Assinação dos valores a cada tipo de carga e aplicação a estrutura;
13. Definição das combinações de carga, combinações últimas e combinações de
serviço.
 Combinações últimas:
U1 = 1,4. D
𝐔𝟐 = 𝟏, 𝟐. 𝐃 + 𝟏, 𝟔. 𝐋
U3 = 1,2. D + 0,5. L + W
 Combinações de serviço:
S1 = D + L
S2 = D + 0,5. L + 1,6. W
14. Cálculo da estrutura. Análise dos resultados.
15. Seleção e cálculo da fundação: fundações intermédias, fundações de canto e
fundações de extremidade.
16. Análise dos resultados.
NOTA: O ROBOT STRUCTURAL simplesmente foi usado para a determinação
das cargas solicitantes em cada pilar e para a verificação das dimensões da área da
base dos bçocos de fundação, o dimensionamento da fundação (bloco de fundação)
foi feita à base de cálculos manuais. Para a realização dos cálculos manual e
computacional da fundação seleccionada, foi usada a norma ACI 318 – 11. Os blocos

36
de fundação serão assentes a uma profundidade de 1,5 metros.

Figura 2.13 Modelo da estrutura dos 2 edifícios.


Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
O.B.S: No mapa das cargas solicitantes em cada um dos 25 pilares, se verificou
que todos os pilares têm solicitantes diferentes, o que implica um dimensionamento
de 25 blocos de fundação com distintas dimensões, o que não é muito bom sob o
ponto de vista construtivo, pode acarretar muitos erros no momento da execução da
mesma fundação.
Então foram definidos 2 pilares com maiores solicitantes ou mais críticos, de
cada posição (de canto e de extremidade) para se efectuar o dimensionamento, os
outros blocos de fundação assumirão as dimensões e as solicitantes do bloco
dimensionado que estiver na mesma posição. Visto que quanto maior a carga, maior
será a área do bloco e por conseguinte, menor será a tensão aplicada sobre o solo.

37
Figura 2.14 Representação dos pilares com maiores áreas de influência.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

38
Tabela 2.5: Cargas solicitantes nos pilares.
Pilares Secção (cm) Cargas (KN)
P1 15x30 269,25
P2 15x30 547,34
P3 15x30 269,25
P4 15x30 269,25
P5 15x30 547,34
P6 15x30 269,25
P7 15x30 547,34
P8 15x30 547,34
P9 15x30 547,34
P10 15x30 547,34
P11 15x30 547,34
P12 (Nó 112) 15x30 547,34
P13 15x30 547,34
P14 15x30 547,34
P15 15x30 547,34
P16 15x30 547,34
P17 15x30 547,34
P18 15x30 547,34
P19 15x30 547,34
P20 (Nó 45) 15x30 269,25
P21 15x30 547,34
P22 15x30 269,25
P23 15x30 269,25
P24 15x30 547,34
P25 15x30 269,25
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

39
Figura 2.14 Parâmetros a considerar no dimensionamento de bloco de fundação.
Fonte: Autor, 2022.
Onde:
A → Dimensão do bloco de fundação (lado maior);
h → Altura do bloco de fundação;
a → Dimensão do pilar (lado maior);

α → Ângulo de inclinação entre a extremidade do bloco de fundação e a extremidade


do pilar.

40
CAPÍTULO 3 – DIMENSIONAMENTO (À BASE DE CÁLCULOS) DA FUNDAÇÃO
SELECCIONADA
No presente capítulo prosseguir-se-ão dimensionamento à base de cálculos da
fundação seleccionada e a valoração dos resultados adquiridos durante toda a
pesquisa efectuada, esta será essencialmente feita a partir de um estudo comparativo
entre a fundação já executada e a fundação dimensionada neste trabalho, este estudo
comparativo foi elaborado sob o ponto de vista de segurança e sob o ponto de vista
económico.
3.1. Dimensionamento da fundação seleccionada
3.1.1. Matriz de cálculo para o dimensionamento do bloco de fundação
1. Geometria do bloco:

O primeiro passo para o dimensionamento do bloco de fundação, é o cálculo


da área da base do bloco, este cálculo é realizado a partir duma relação simples de
razão entre a carga majorada (com o peso próprio do bloco) e a tensão admissível do
solo. Esta afirmação pode ser verificada na Equação a seguir:

Abloco = Kmg.N
σs
K (cm2 )

Onde:
Abloco → Área ocupada pela base da sapata;
k mg → Coeficiente de majoração (peso próprio da sapata);
NK → Carga solicitante no pilar;

σs → Tensão admissível do solo.

Geralmente no dimensionamento dos blocos de fundação, tem se verificado


uma geometria quadrada, isto é, não tanta obrigatoriedade de seguir a relação de
balanços iguais das dimensões do pilar como nas sapatas isoladas, facto que não
descarta a possibilidade de dimensioná-las com uma geometria rectangular.

A = B = √Abloco
Onde:
B → Dimensão do bloco de fundação (lado menor);
A → Dimensão do bloco de fundação (lado maior);
2. Altura do bloco:

Em seguida, determina-se a altura do bloco de fundação a partir do ângulo

41
obtido pela razão das tensões admissíveis e de tracção do betão:
fck
25

σT ≤
0,8 Mpa
Onde:
σT → Tensão de tracção do betão;
fck → Valor característico de resistência do betão à compressão.
Nota: A tensão de roptura do betão à tracção (fct) varia de 2 à 5 Mpa (de acordo
o caderno de apoio de Betão Armado I e II).
σs
→ O valor adquirido nesta razão, é o valor necessário para a determinação do
σT

ângulo de inclinação entre a extremidade do bloco de fundação e a extremidade do


pilar, na mesma direcção, recorrendo ao gráfico de T.V. Langendonck ilustrado na
Figura 2.15.

Figura 3.1 Gráfico de T.V. Langendonck.


Fonte: Barbosa, 1974.
Visto que o pilar tem uma secção rectangular, então é necessário calcular a
altura nas duas direcções A e B, e pega-se o maior valor dentre elas.
A−a
h≥ × tgα
2
B−b
h≥ × tgα
2
3. Verificação das tensões:
Há duas vias para se efectuar a verificação das tensões, a primeira faz uma
comparação entre a tensão solicitante e a tensão resistente do elemento estrutural, e
42
a segunda via faz uma comparação entre as tensões máximas sobre o elemento
estrutural e a tensão admissível do solo.
a) Primeira verificação:
τsd (MPa) ≤ τRd (MPa)���������������������������������������������������������������������
Fsd
τsd = ����������������������������������������������������������������������������������������������
U×d
Onde:
Fsd = NK × γf e U = 2a + 2b
Determina-se a tensão resistente do elemento de fundação a partir da seguinte
expressão:
τRd = 0,27 × αv × fcd�����������������������������������������������������������������������
fck(KN/cm2 ) fck(MPa)
fcd = ���������������������e����������������������αv = (1 − )
γc 250
b) Segunda verificação:
Verificação da tensão máxima(𝝈𝒎á𝒙 ):
Kmg.NK
σmáx = Abloco

Deve-se comparar o valor da tensão máxima com o valor da tensão admissível,


se cumprir com a condição (ok) e avança-se com o cálculo, se não cumprir, devemos
voltar nas dimensões do bloco e acrescentá-las em múltiplos de 5.
σmáx ≤ σs
NOTA: Para o dimensionamento do bloco de fundação usa-se o betão C25/30
(𝛾𝑐 = 1,5) correspondente ao traço 1:2,5:3.
Depois do dimensionamento realizado, obteve-se as seguintes dimensões para
os blocos de fundação:
Tabela 3.1: Dimensões dos blocos de fundação para os dois pilares seleccionados por
meio de cálculos manuais.
Pilares Secção Cargas 𝐴𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 𝐴 𝐵 ℎ α𝑚𝑖𝑛 𝐴𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜�/𝑎𝑑𝑜𝑝𝑡𝑎𝑑𝑎
(cm) (KN) (𝑐𝑚2 ) (cm) (cm) (cm) (𝑐𝑚2 )
P20 15x30 269,25 10969,44 110 110 60 50º 12100
(Nó45)
P12 15x30 547,34 22299,04 155 155 85 50º 24025
(Nó112)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

43
3.1.2. Dimensionamento estrutural da viga (lintel de fundação)
Para se efectuar o dimensionamento da secção da viga de fundação de
maneira a vencer o vão de 5.3 metros, de acordo as normas de estabilidade em
estruturas, a altura da viga deve estar compreendida entre L/8 à L/12, e a base da
viga entre 0,35h à 0,5h. Recobrimento = 5 cm.
Matriz de cálculo
1. Representação

Figura 3.1 Secção transversal da viga.


Fonte: Elaborado pelo Autor, 2022.
2. Modelo de análise das estruturas

Figura 3.2 Modelo de análise das estruturas.


Fonte: Elaborado pelo autor.
3. Cálculo das acções na viga
Carga Permanente (CP) e Sobre Carga (SC):
CP = PP + Alv; Onde: PP = (Aviga). γ = (0,45 m x 0,15 m)] x 25 KN/𝑚3
PP = 1,69 KN/m.
Alv = Aalv x γalv + Areb x γreb;
Alv = (2.8 m x 0,12 m) x 22 KN/𝑚3 +�(2.8 m x 0,05 m) x 21 KN/𝑚3
Alv = 10,34 KN/m.
Logo: CP = 1,69 KN/m + 10,34 KN/m CP = 12,03 KN/m
4. Cálculo de momento flector das acções permanentes sobre a viga.
Modelo de cálculo:

44
Figura 3.3 Modelo de cálculo da viga.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 3.4 Diagrama de momento flector.


Fonte: Elaborado pelo autor.
5. Valores dos esforços - verificação segurança aos estados limites últimos
Dados: γg = 1,4
Fórmula Geral: Msd = γg x Mg
6. Armaduras necessárias para garantir o estado limite último de flexão da viga
com os momentos máximos posetivo e negativo – Dimensionamento das
armaduras pelo método do Diagrama Rectangular Simplificado

M+sd = 38,19 KN.m


25 400
fcd= 1,5= 16,67 MPa; fyd=1,15= 348 MPa

Fc = 0,85fcd x 0,8𝑥. 𝑏= 0,85 x 16,67 x 103 x 0,8𝑥 .0,15 = 1700,34 𝑥


Fs = As x fyd = As x 348 x 103
Equilíbrio de momentos:
∑MFs = Msd ↔ 1700,34�𝑥 .(0,40 – 0,4�𝑥) = 38,19;
Com a fórmula resolvente é possível determinar o valor de 𝑥, que corresponde ao a
distância da zona comprimida, isto é, o ponto onde se localiza a linha neutra.
𝒙 = 0,06 m
Equilíbrio de forças:
Fc = Fs
Fc = 2833,9 𝑥
Fc = 1700,34 x 0,06 = 102,02 KN

45
102,02
As x 348 x 103 = 102,02 As = 348.103 x 104

As = 2,94 𝑐𝑚2
Verificação da condição da segurança em geral:
Msd ≤ MRd
MRd = As.fyd. (d – 0,4x)
Z = 0,40 – 0,4 x 0,06 = 0,38 m
MRd = 2,94 x 10-4 x 348 x 103 x 0,38
MRd = 38,88 KN.m
38,88 > 36,4 ↔ Segurança adequada, o elemento resiste.
Verificação da hipótese da cedência do aço (ℇs ≥ ℇyd):

Figura 3.5 Representação das áreas traccionadas e comprimidas da S3 da viga.


Fonte: Elaborado pelo autor.
1º Condição:
ℇs 3,5% 3,5%�𝑋�0,34
= ↔ �ℇs = = 19,83% > 𝟏, 𝟕𝟒% ↔ É aceitável.
0,34 0,06 0,06
𝑥 0,06
= 0,40 = 0,15 OK ↔ Boa ductilidade.
𝑑

2º Condição:
Para o aço A400: x ≤ 0,67d; ℇs = ℇyd
0,67 X 0,40 = 0,27
0,06 < 0,44 ↔ Cedência do Aço aceitável
M- sd= 41,90 KN.m
25 400
fcd= 1,5= 16,67 MPa; fyd=1,15= 348 MPa

Fc = 0,85fcd x 0,8𝑥. 𝑏= 0,85 x 16,67 x 103 x 0,8𝑥 .0,15 = 1700,34 𝑥


Fs = As x fyd = As x 348 x 103
Equilíbrio de momentos:
∑MFs = Msd ↔ 1700,34�𝑥 (0,40 – 0,4�𝑥) = 41,90;
Com a fórmula resolvente é possível determinar o valor de 𝑥, que corresponde ao a

46
distância da zona comprimida, isto é, o ponto onde se localiza a linha neutra.
𝒙 = 0,07 m
Equilíbrio de forças:
Fc = Fs
Fc = 1700,34 𝑥
Fc = 1700,34 x 0,07 = 119,02 KN
119,02
As x 348 x 103 = 119,02 As = 348.103 x 104

As = 3,42 𝑐𝑚2
Verificação da condição da segurança em geral:
Msd ≤ MRd
MRd = As.fyd. (d – 0,4x)
Z = 0,40 – (0,4 x 0,07) = 0,37 m
MRd = 3,42 x 10-4 x 348 x 103 x 0,37
MRd = 44,04 KN.m
41,90 < 44,04 ↔ Segurança adequada, o elemento resiste.
Verificação da hipótese da cedência do aço (ℇs ≥ ℇyd):

Figura 3.6 Representação das áreas traccionadas e comprimidas da S2 da viga.


Fonte: Elaborado pelo autor.
1º Condição:
ℇs 3,5% 3,5%�𝑋�0,33
= ↔ �ℇs = = 16,5 > �𝟏, 𝟕𝟒% ; OK
0,33 0,07 0,07
𝑥 0,07
= 0,40 = 0,18 OK ↔ Boa ductilidade.
𝑑

Dimensionamento das armaduras para Ζ= 0,9d:


M= Fs. Z
Fs = As.fyd
𝑀
M= As.fyd.0,9d ↔ As = 𝑓𝑦𝑑.0,9𝑑

M+sd = 38,19 KN.m; a As = 3,05 𝑐𝑚2


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Verificação da condição da segurança em geral:
Msd ≤ MRd
MRd = As.fyd. (d – 0,4x)
MRd = 3,05 x 10-4 x 348 x 103 x 0,38
MRd = 40,33 KN.m
40,33 > 38,19; Segurança adequada, o elemento resiste.
M-sd = 41,90 KN.m; a As = 3,34 𝑐𝑚2
Verificação da condição da segurança em geral:
Msd ≤ MRd
MRd = As.fyd. (d – 0,4x)
MRd = 3,34 x 10-4 x 348 x 103 x 0,37
MRd = 43,01 KN.m
43,01 > 41,90; Segurança adequada, o elemento resiste.
Depois do dimensionamento realizado e verificado, obteve-se as seguintes
áreas de armaduras necessárias para garantir o estado limite último de flexão da viga
de fundação:
M+sd = 38,19 KN.m
As = 3,05 𝑐𝑚2 ↔ 2∅16 (As = 4,02 𝑐𝑚2 )
M- sd= 41,90 KN.m
As = 3,42 𝑐𝑚2 ↔ 2∅16 (As = 4,02 𝑐𝑚2 )
Pormenorização das armaduras para a S3 e S2 respectivamente (ver Anexo 6):

Figura 3.7 Representação da destribuição das armaduras.


Fonte: Elaborado pelo autor.
3.2. Valorização dos resultados
Depois de todos os estudos, levantamentos realizados, cálculos e dimensões
obtidas, foi realizado um estudo comparativo quanto a segurança e economia para
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valorizar os resultados adquiridos durante à pesquisa, no qual foram consideradas as
dimensões determinadas dos blocos de fundação (Tabela 3.1) e das vigas de
fundação, e as dimensões dos blocos de fundação e das vigas já executadas.
3.2.1. Comparação sob ponto de vista de segurança
A comparação sob o ponto de vista de segurança da fundação dimensionada à
base de cálculos e da fundação dimensionada à base de experiência de obras (já
executada) foi realizada levando em conta o critério de verificação das tensões
resistentes dos blocos de fundação, as tensões solicitantes aos blocos de fundação,
as tensões máximas actuantes sobre o solo e a tensão admissível do solo. Esses
dados serão fornecidos em forma de tabelas, com todos os parâmetros necessários
para a confirmação da segurança.
Tabela 3.2 – Dimensionamento à base de cálculos e suas verificações.
Pilares Secção Cargas 𝐴𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 𝐴 𝐵 ℎ 𝝈𝒎á𝒙 ≤ 𝝈𝒔 𝜏𝑅𝑑≥ 𝜏𝑠𝑑
(cm) (KN) (𝑐𝑚2 ) (cm) (cm) (cm)
P20 15x30 269,25 12100 110 110 60 OK OK
(N45)
P12 15x30 547,34 24025 155 155 85 OK OK
(N112)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
Na tabela 3.2, é visível que as dimensões dos blocos de fundação
dimensionados à base de cálculos permitem a confirmação das condições de tensões
sobre o elemento de fundação e sobre a camada resistente do solo. Logo é viável sob
ponto de vista estrutural (garante segurança).
Tabela 3.3 – Dimensionamento à base de experiência em obras e suas verificações.
Pilares Secção Cargas 𝐴𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 𝐴 𝐵 ℎ 𝝈𝒎á𝒙 ≤ 𝝈𝒔 𝜏𝑅𝑑≥ 𝜏𝑠𝑑
(cm) (KN) (𝑐𝑚2 ) (cm) (cm) (cm)
P20 15x30 269,25 6400 80 80 150 NÃO OK
(N45)
P12 15x30 547,34 6400 80 80 100 NÃO OK
(N112)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
Na tabela 3.3, é visível que as dimensões dos blocos de fundação
dimensionados à base experiência em obras (já executados), permitem a confirmação
da verificação das condições de tensões sobre o elemento de fundação, mas não
49
permitem a confirmação da verificação das condições de tensões sobre a camada
resistente do solo. Logo não é viável sob ponto de vista estrutural (não garante
segurança).
Visto que as dimensões correspondentes a área da base dos blocos de
fundação dimensionada à base de experiência em obras para o edifício residencial de
2 pisos não estão dentro dos limites recomendados, tendo em cargas solicitantes que
actuam sobre os pilares previamente selecionados, isto é, tem dimensões
relativamente menores, o que provoca um aumento gradual na tensão exercida sobre
o solo (muito mais do que o solo possa admitir), ocasionando colapso do solo, e
quando isso, significa o não cumprimento da verificação de estados-limites últimos.
Esta condição demonstra que a fundação do edifício residencial dimensionada
à base de experiência em obras, por meio de indução, não garante segurança do
edifício. Ao passo que, a fundação do mesmo edifício dimensionada à base de
cálculos, já garantem a segurança do edifício.
Visto que a função de todos os técnicos e engenheiros que actuam na área de
construção civil é de a cima de tudo, melhorar as condições de vida da população com
construções seguras, funcionais e com comodidade, torna-se indispensável a
utilização de cálculos para a verificação das ideias, mesmo que pareça algo fácil. Um
bom engenheiro ou técnico de construção civil só fala depois de efectuar os seus
cálculos.
3.2.2. Comparação sob ponto de vista económico
A comparação sob o ponto de vista de económico da fundação dimensionada
à base de cálculos e da fundação dimensionada à base de experiência de obras (já
executada) foi realizada levando em conta o volume do betão e a quantidade de
materiais necessária e usada para a execução da mesma fundação (ver o Anexo 2).

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Figura 3.8 Representação da fundação do edifício residencial.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela 3.4 – Consumo dos materiais para cada dimensionamento.
Consumo dos
Tipos de Dimensionamentos materiais para betão
em geral (𝒎𝟑 )
Dimensionamento à base de cálculos 49,5
Dimensionamento à base de experiência em 77,94
obras
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

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Consumo dos materiais para o betão em
geral (m3)
90
77,94
80
70
60
49,5
50
40
30
20
10
0
Dimensionamento à base de cálculos Dimensionamento à base de experiência em
obras

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.


De acordo o gráfico apresentado, a fundação dimensionada á base de
experiência em obras, isto é, sem cálculos descriminados, consome quase 60% de
materiais do que o dimensionamento à base de cálculos, facto que revela o quão
necessário é a elaboração de cálculos para o dimensionamento da fundação do
edifício residencial de 2 pisos, localizado no bairro Kapango, na cidade do Huambo.

52
CONCLUSÃO
Depois de estudos realizados, o presente trabalho científico permiti que de
modo geral, se tenha um maior conhecimento sobre as fundações e suas categorias
existentes. Foi abordado que o dimensionamento das fundações, surgiu desde a
paleolítico, com a necessidade do homem de se abrigar para se proteger das
intempéries e dos animais selvagens, e tem evoluído acompanhando a evolução dos
materiais utilizados para as construções e da Engenharia Geotécnica.
Definiu-se que a fundação é um conjunto de elementos estruturais que têm a
finalidade de receber as cargas provenientes da superstrutura e direccioná-las ao solo
firme e elas podem ser directas ou superficiais e indirectas ou profundas. E que o
estudo análise dos solos é fundamental para a determinação do tipo de fundação usar
e para o posterior dimensionamento da mesma da fundação seleccionada. E durante
a pesquisa foram determinadas as cargas solicitantes em cada pilar e a tensão que o
solo pode suportar, pois esses dados foram fundamentais para se efectuar o
dimensionamento à base de cálculos do bloco de fundação.
Por via disto, foi possível dimensionar o bloco de fundação a partir de cálculos
manuais e obter as suas comprovações sob o ponto de vista de segurança geral. E
posteriormente foi elaborado um estudo comparativo entre as fundações
dimensionadas à base de cálculos e a dimensionada à base de experiência em obras.
Com tudo, os resultados apresentados revelam que a fundação dimensionada à base
de cálculos é mais viável sob o critério de segurança e de consumo de material do
que a fundação adoptada.
Em suma, foi verificado que é sempre mais seguro e económico a utilização
de cálculos para determinar as dimensões para um determinado elemento estrutural,
pois o cálculo permite um maior nível de certeza quanto as dimensões determinadas
e suas verificações, trazendo com ele maior segurança do edifício e maior optimização
quanto ao consumo dos materiais.
Entretanto, no culminar das pesquisas, estudos realizados, diagnósticos e
levantamentos, também foi notório a pouca interacção da figura engenheiro civil com
a população de classes desfavorecidas, facto que tem originado em problemas
estruturais em edificações amplamente visíveis nas variadas localidade do município
do Huambo, principalmente para o caso em estudo.

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RECOMENDAÇÕES
Com vista a combater a falta de interacção da figura engenheiro civil com a
população de classes desfavorecidas e solucionar os problemas estruturais em
edificações nas variadas localidade do município do Huambo, destacam-se as
seguintes recomendações:
 Recomenda-se que sejam realizadas palestras de reeducação da população
(especificamente aos proprietários de obras) sobre a importância de um bom
planejamento e execução das fundações de seus edifícios, de maneira que as
mesmas saiam de acordo o seu desejo e que garante segurança e estabilidade;
 Ainda na senda de palestras, recomenda-se que sejam realizadas palestras de
reeducação da população sobre os riscos e perigos que um mal
dimensionamento de fundações pode proporcionara aos seus edifícios, e sobre
como pode um bom dimensionamento pode viabilizar o processo de execução,
garantir segurança e estabilidade, assim como optimizar os custos de execução
da sua fundação;
 Recomenda-se que o corpo dos engenheiros civis e arquitectos do município
do Huambo, elaborem um plano de estudos e análises referentes à taxa de
cobrança dos seus serviços, com vista a atender as necessidades das classes
mais desfavoráveis;
 Recomenda-se que mais trabalhos do género sejam realizados e
desenvolvidos, visto que a figura engenheiro civil tem como principal papel,
garantir maior segurança, conforto e melhor qualidade de vida da população,
razão pelo qual, torna-se indispensável a resolução dos problemas da
população com o seu engenho.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ABNT, A. (1984). Acções e segurança nas estruturas - Procedimento.
2. ABNT, A. (1996). Projeto de execução de fundação.
3. ABNT, A. (2010). Projeto de execução de fundações. Rio de Janeiro.
4. ABNT, A. (2019). Solo - Prova de carga estática em fundações direta.
5. Alonso, U. (1983). Exercícios de Fundações. São Pulo: Edgar Blucher.
6. Alonso, U. (1991). Previsão e controle das fundações. São Paulo: Edgar Blucher.
7. Azeredo, H. A. (1988). O edifício até sua cobertura. São Paulo: Edgar Blucher.
8. Campos, J. C. (2015). Elementos de fundações em concreto. Oficina de Textos.
9. Das. (2005). O período clássico da Mecânica dos Solos.
10. Decourt, L., & Quaresma, A. (1978). Capacidade de Carga de Estacas a partir de
valores de SPT. (Vol. 1). Rio de Janeiro.
11. EC1, E.-N. (1991). Acções em estruturas.
12. Hachich, W. (1998). Fundações: teoria e prática. (2# ed.). São Paulo: PINI.
13. Hachich, W., Falconi, F., & Saes, J. L. (1998). Fundações: Teoria e prática. São
Paulo: PINI: ABMS/ABEF.
14. Lottermann, A. F. (2014). Patologias em estruturas de concreto: estudo de caso.
15. Marinho, F. (2019). Guia de Engenharia. Obtido em 15 de Junho de 2022, de
https://www.guiadeengenharia.com/tensãoadmissível-metodos-determinação/.
16. Queiroz, R. C. (2018). Geologia e geotecnia básica para engenharia civil. Blucher.
17. Rebello, Y. (2008). Fundações: Guia Prático de Projecto, Execução e
dimensionamento (4 ed.). São Paulo: PINI.
18. Saes, J. (2016). FUNDAÇÕES - Teoria e prática. Oficina de Textos.
19. Schulze, T. (2013). Análise da cpacidade de carga de estaca escavada
instrumentada de pequeno diâmetro por meio de métodos semi-empíricos.
Campinas.
20. Silva, H. (2018). Análise estrutural do dimensionamento de elementos de
fundação. São Paulo.
21. Terzaghi, K. (1943). Theoretical Soil Mechanics. New York: John Wiley & Sons,
Inc.
22. Vellos, & Lopes. (2010). Critérios de projecto, investigação do subsolo, fundações
superciais, fundações profundas. São Paulo: Oficina de Textos.

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ANEXOS

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Anexo 1 – Tabela de cargas solicitantes em cada nó da estrutura (AUTODESK
ROBOT STRUCTURAL ANALYSIS PROFESSIONAL 2018).
Anexo 2 – Tabelas e normas para a quantificação dos materiais para alvenaria e
betão.
Anexo 3 – Modelo de questionário direccionado ao proprietário da obra e a vizinhança.
Anexo 4 – Imagens do ensaio de granulometria realizado no CEFOPROF - Huambo.
Anexo 5 – Resultado do ensaio de granulometria realizado no CEFOPROF - Huambo.
Anexo 6 – Tabela de Áreas de secções de varões.
Anexo 7 – Projecto Arquitectónico do edifício residencial de 2 pisos.

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