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REQUERIMENTO

Os Agentes Socioeducativos da FUNDASE, contratados mediante aprovação em


processo seletivo simplificado, através de comissão formada para atuar legitimamente em
prol de seus interesses, passam a expor algumas demandas e sugerir algumas condições
que visam o aprimoramento institucional do Sistema Socioeducativo, para eventual
concurso público que vise a contratação de profissionais efetivos, nos termos que seguem:

I – DA NECESSIDADE DA PROVA DE TÍTULOS - EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL E DA


FORMAÇÃO ACADÊMICA - COMO UM DOS REQUISITOS DE INVESTIDURA NO
CARGO DE AGENTE SOCIOEDUCATIVO

A Lei Complementar 614/2018 - Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR)


da FUNDAÇÃO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO - FUNDASE, trata de estabelecer
a situação funcional de todos servidores que compõem a respectiva instituição.
A referida lei dispõe sobre a estrutura organizacional, salários, progressão funcional,
cargos, atribuições e ingresso.
A fundamentação do presente pleito é primordialmente o próprio PCCR, que em seu
art. 30, I, dispõe como um dos objetivos: “a qualificação profissional do servidor com vistas
ao aperfeiçoamento da qualidade e produtividade dos serviços públicos prestados à
sociedade pela FUNDASE/RN;”.
Se a própria instituição elenca a qualificação profissional como um de seus
objetivos, qual seria o motivo de não exigir o requisito dos títulos - acadêmicos e
experiência profissional, para acesso aos seus quadros, se o processo seletivo ora
vigente, elaborado após a publicação do PCCR, já contava com esses dois requisitos
(?).
Dentro da estrutura organizacional, o cargo de AGENTE SOCIOEDUCATIVO, está
inserido no Grupo Operacional III, conforme disposto no art. 33, III, da lei em apreço.
Para ingresso no cargo de AGENTE SOCIOEDUCATIVO, o Plano de Cargos dispõe
o seguinte:
“§ 3º São requisitos para a investidura nos cargos públicos de
provimento efetivo do Grupo Ocupacional III, de que trata o inciso III,
deste artigo: a aprovação em concurso público de provas;
apresentação de diploma de ensino superior em qualquer curso,
expedido por instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da
Educação; Coordenadoria de Controle dos Atos Governamentais –
CONTRAG/GAC avaliação física e médica compatível com as
atribuições do cargo, na qual o candidato será considerado apto ou
inapto, de caráter eliminatório; e curso de formação voltado para as
atividades socioeducativas, de caráter eliminatório e classificatório,
elaborado e desenvolvido pela entidade responsável pelo certame,
em articulação com o órgão central de gestão de pessoas do
Estado.”

Contudo, conforme se observa pela simples leitura da lei, não foi atribuído ao cargo
de AGENTE SOCIOEDUCATIVO a exigência de títulos.
I.II - NATUREZA JURÍDICA DA PROVA DE TÍTULOS

A previsão legal que abarca tal modalidade de pontuação, está prevista na própria
Lei Maior do Ordenamento Jurídico - a Constituição Federal de 1988, que em seu art. 37, II
dispõe: “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (...)”.
A prova de títulos pode ser composta por diversos elementos, sendo mais comuns:
doutorado, mestrado, especialização e comprovação de experiência profissional.
Os títulos de experiência profissional, especificamente, justificam-se pelo fato da
Administração Pública buscar constantemente a mais eficiente prestação de seus serviços,
dessa forma, priorizar a contratação de profissionais que conheçam o serviço público e
tenham demonstrado aptidão no desempenho anterior de suas funções, nada mais é, que
uma forma de otimizar a funcionalidade dos serviços públicos.
A própria LC 614/2018, dispõe sobre a utilização de títulos para os cargos dos
grupos operacionais I e II, sendo omisso quanto ao grupo operacional IV. Para tanto, em
relação aos dois primeiros grupos, não especifica o motivo da adoção dos títulos.
Através do Edital nº 002/2021 - Concorrência/2021 referente ao Processo n.
055322/2015-4 da Comissão de Compras Governamentais da Secretaria de Estado da
Administração - SEAD, tornou-se público o termo de referência que norteará as normas do
edital do concurso público para servidores efetivos da FUNDASE.
O documento supramencionado, que é um prenúncio da realização do concurso
público, estabelece que serão disponibilizadas 420 vagas para o cargo de Agente
Socioeducativo, e que o certame contará com as seguintes fases: a) prova Objetiva e
discursiva; b) investigação social e exame toxicológico; c) teste de aptidão física; e d) curso
de formação.
As 420 vagas correspondentes ao cargo de Agente Socioeducativo, são ocupadas
atualmente por servidores temporários. O primeiro processo seletivo ocorreu em 2015 e foi
encerrado em 2018, ano em que ocorreu o segundo certame, também de caráter
simplificado, que perdura até os dias atuais. Cumpre frisar que os profissionais que
atuam presentemente, ingressaram mediante processo seletivo simplificado de
provas e títulos de formação acadêmica e experiência profissional, conforme exigido
no edital 02/2018 da FUNCERN, que foi a banca contratada pela FUNDASE para
execução do certame.
Todos os agentes socioeducativos contratados mediante processo seletivo
simplificado, possuem formação em nível superior, cumprindo assim as exigências
previstas no plano de cargos e carreira da FUNDASE - Lei nº 614/2018.
Além de possuírem a formação acadêmica necessária, tais servidores, através dos
constantes desafios peculiares da atividade socioeducativa, estão adquirindo vasta
experiência de trabalho, que vem possibilitando um desempenho funcional exitoso que
agrega valores à instituição.
É importante constar também que, os agentes socioeducativos têm buscado através
de seus próprios esforços, qualificação profissional complementar através de cursos de
extensão, instruções e cursos de pós-graduações.
Dessa forma, visando a qualidade profissional e a possibilidade de solidificar cada
dia mais a missão institucional da FUNDASE, seria de extrema necessidade que além das
fases destacadas no termo de referência, que são mesma prevista no Plano de Cargos,
fossem incluída prova de títulos com: a) formação acadêmica (especialização, mestrado e
doutorado); b) cursos de capacitação específicos na área da socioeducação; e c)
experiência profissional de atuação como agente socioeducativo.
I.III - PANORAMA DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO NO NORDESTE

Atualmente, todos os estados do nordeste gerenciam de forma autônoma o sistema


socioeducativo, seja através de fundações públicas de direito público integrantes da
administração indireta, seja através de sub-secretarias, sub-gerências e superintendências.
Apesar de o sistema socioeducativo firma-se em bases sólidas desde o advento do
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069 de 1990, e do Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo - SINASE, instituído pela Lei 12.594 de 2012, ainda assim, no
que tange ao cargo de Agente Socioeducativo, são necessários alguns avanços.
O último concurso realizado no Nordeste para o Sistema Socioeducativo, foi o da
FUNDAC Paraíba, em 20191. Até a realização do certame, o quadro funcional de Agente
Socioeducativo daquela instituição era composto por servidores temporários, tal qual ocorre
no Rio Grande do Norte.
O referido concurso, dentre suas diversas fases, estabeleceu a pontuação de cunho
classificatório pelos títulos de formação acadêmica e experiência profissional. Sendo
atribuído para este último, a pontuação máxima de 2,5 pontos.

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Informações retiradas do Edital 01/2019/SEAD/SEDH/FUNDAC, disponível em:
http://www.ibade.org.br/Cms_Data/Contents/SistemaConcursoIBADE/Media/FUNDACPB2019/
edital/Edital-01-2019-SEAD-SEDH-FUNDAC-Abertura-das-Inscri-es-Publicado-no-.pdf com acesso
em 28/04/2022.
A FUNDAC-PB, que anteriormente à realização do concurso no ano de 2019, era
composta por servidores temporários, na realização do certame, deu ênfase à pontuação de
títulos acadêmicos e de experiência profissional, não havendo qualquer tipo de impugnação
ou mesmo contraindicação por parte de candidatos ou órgãos de controle na esfera
administrativa ou judicial.

II – DO TESTE DE APITIDÃO FÍSICA

Conforme consta no termo de referência 01/2020 SEAD/FUNDA/RN, um das etapas


do certame, para o cargo de agente socioeducativo, é o “Teste de Aptidão Física”, nos
moldes que vemos a seguir:

No entanto, o PCCR em seu artigo 33, §3º, descreve como um dos requisitos para
ingresso no cargo de agente socioeducativo, “avaliação física e médica compatíveis com as
atribuições do cargo”.
Não restam dúvidas quanto à inquestionável autonomia da administração pública
para detalhar como deve ser feita a avaliação física e médica. Porém, os critérios utilizados
para tanto, devem ser dotados de proporcionalidade e razoabilidade, critérios estes não
observados no termo de referência, ante o rigor com o qual apresenta os exercícios
exigidos no pretenso TAF.
Utilizando mais uma vez, o certame do Estado da Paraíba como parâmetro, tem-se
que, naquele concurso, a fase de teste de aptidão física, contemplou exercícios que, apesar
de menos complexos, eram capazes de aferir a capacidade de cada candidato, bem como,
guardavam compatibilidade com as atribuições do cargo de agente socioeducativo.
Vejamos:
III - DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Diante de todo o exposto, confiantes na melhor recepção possível ao presente


pleito, requeremos que para o cargo de agente socioeducativo conste a exigência de prova
de título de caráter classificatório, sendo esta composta por titulação acadêmica (cursos,
pós-graduação) e experiência profissional, bem como, revisão da fase de teste de aptidão
física, para que siga critérios razoáveis e proporcionais condizentes com as atribuições do
agente socioeducativo.

Natal/RN, 29 de Abril de 2022.

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