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A Administração Pública e suas formas de

recrutamento e Seleção na esfera federal.

Aluna: Regina Celia Silva Pitão


Curso: Pós-Graduação em Gestão de Recursos Humanos
Turma: Sábados
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado


Saúde para terminar este projeto,
E aos meus professores pelo carinho e
incentivo, mais ainda pela paciência
Que me dedicaram durante todo o
Curso.
DEDICATÓRIA

A minha mãe pela luta em me fazer o que sou


E não ter tido tempo para ver o que me tornei.
E aos meus filhos que vão perpetuar tudo
o que hoje sou.....
Dados da Autora:

Formada em Direito pela UFRJ em 1979.


Doutorada em 1982.
Atualmente exerce a função de Chefe de Recursos Humanos
Da Superintendência Regional do Rio de Janeiro do Departamento de
Polícia Federal, também sendo Coordenadora de Concursos.
SUMÁRIO

• INTRODUÇÃO Pág. 02

• CAPÍTULO I Pág. 04

O processo seletivo: características e objetivos

• CAPÍTULO II Pág.08

O Servidor público: Uma cultura própria.

2.1 - O servidor ideal.


2.2 - O candidato ideal.
2.3 – Processo seletivo no serviço público: limites e paradoxos.

• CAPÍTULO III Pág.20

Vencendo os limites: uma reflexão sobre as possibilidades de


mudanças no processo seletivo para o serviço público.

• CONCLUSÃO Pág.24

• BIBLIOGRAFIA Pág.26
INTRODUÇÃO

A administração pública, através do Ministério do


Planejamento, vem almejando organizar as carreiras do funcionalismo
público federal. Para tanto, o Governo Federal, desde 2002 vem
reestruturando as carreiras consideradas de estado, ou seja,
imprescindíveis à Sociedade, criando novas vagas com conseqüente
abertura de Editais, que somam atualmente cerca de 7800 novas para
Administração.

O Programa de Desenvolvimento Gerencial de Gestão de


Pessoas – DGGP, criado pelo atual Governo Federal, pretende impor
transformações e dotar a Administração Pública de estratégias e de
pessoal qualificado, visando atingir a eficiência necessária para
atender a demanda a Sociedade.

Os resultados Organizacionais serão assim, obtidos através


da busca de experiência e conhecimento, promovendo uma melhoria
contínua na prestação de serviços, onde o profissional de Recursos
Humanos terá papel fundamental no desempenho desenvolvimento
do projeto.

Assim, novos servidores passarão a fazer parte da chamada


“máquina governamental”, do quadro do funcionalismo público da
União, com novas perspectivas de produtividade e melhoria no
atendimento público.

Os novos servidores passarão por programas de capacitação,


voltados à melhoria de atendimento ao público, com treinamentos que
serão ministrados no seu ambiente de trabalho, através de Cursos à
Distância , sendo observados por tutores e/ou monitores, também
previamente treinados, levando a atingir a meta governamental que é
a de manter um clima organizacional igual ao dos países do primeiro
mundo.

Já nos Editais, os processos seletivos deverão observar as


prioridades e metas do cargo ao qual o candidato se propõe,
detalhando exatamente as atribuições de cada um. O Recrutamento
dos novos servidores, irá desafiar sua capacidade de atingir as metas
do governo, sempre visando o bem estar da Sociedade como um todo.

O candidato deverá estar apto não só intelectualmente, mas


também consciente de que “o dever do servidor é de servir à
sociedade”, que lhe paga o salário através do recolhimento de seus
tributos.

Neste contexto, qual seria a melhor forma de recrutar um


futuro servidor para atingir os objetivos e metas do Programa
Governamental?

Neste projeto, abordaremos as diversas formas de


recrutamento e seleção das Entidades Governamentais, suas
características, e o que vem sendo feito, bem como apresentando
sugestões do que poderia ser feito, no âmbito do Ministério do
Planejamento para alcançar os objetivos do Programa de
Desenvolvimento Gerencial de Gestão de Pessoas, que visa
assessorar ao Governo, redescobrimento o caminho de melhorar o
atendimento ao público através do recrutamento e seleção do novo
servidor público.
PROCESSO SELETIVO : Características e Objetivos.

Para o autor Idalbeto Chiavenato (*1), as pessoas e


organizações não nasceram juntas. As organizações
escolhem as pessoas que desejam como funcionários e
as pessoas escolhem as organizações onde pretendem
trabalhar e aplicar seus esforços.

No serviço público federal não é diferente. Os órgãos


pesquisam suas necessidades humanas e as encaminham para a
Administração Pública Federal, com sugestão de abertura de Edital,
com criação de vagas naquela Instituição, visando reposição de mão
de obra. Iniciam-se assim, os processos seletivos, chamados de
Concursos Públicos.
Os editais são elaborados pelos Gerentes de Recursos
Humanos de cada órgão, de acordo com suas necessidades, após
análise dos cargos, fazendo assim uma relação de candidato-vaga.

Na elaboração dos Editais diferentemente do que ocorre na


iniciativa privada, não existe um anúncio publicado nos Jornais de
maior circulação, convocando candidatos para entrega de currículos e
entrevistas pessoais. Nos órgãos federais, após a autorização do
Ministério do Planejamento devidamente publicada na Imprensa
Nacional através do Diário Oficial da União, para que se mantenha o
principio da publicidade e legalidade, estes conduzem seus processos
seletivos de forma a atender e manter sua qualidade no atendimento,
e sua necessidade, que é a de preencher a vaga criada por
aposentadoria de um funcionário, exoneração e/ou simplesmente para
recolocação de mão-de-obra.
Como toda a organização, necessita-se de uma grande
estrutura para se fazer um processo seletivo, ainda que seja tão
somente para ocupar uma única vaga. Os editais são minuciosamente
preparados visando encontrar dentre os candidatos inscritos, aquele
que será o novo servidor inserido no contexto de servidor público.

(*1) Extraído do livro Gestão de Pessoas – Pág. 82

Uma vez que existe uma tendência cada vez mais acentuada
na especialização das funções, um candidato a uma vaga submete-se
a vários testes psicotécnicos, redações, provas escritas, objetivas e
subjetivas, e às vezes, a testes de aptidão física, caso dos militares,
policiais rodoviários e federais. Essa é uma das razões que tem levado
aos jovens a se prepararem cada vez mais para disputar uma vaga
nos Concursos Públicos. Isto porquê, sob o prisma das organizações
federais, um funcionário mal ajustado às suas funções é um elemento
de desequilíbrio na Organização, e além disso, estarão criadas
condições para um desajustamento psicológico. As tensões
decorrentes de sua própria insatisfação, ondas críticas recebidas,
levariam a reações de vários tipos, algumas negativas, ferindo a
imagem que o Sistema, no caso, o órgão, que a pretende mudar.

Uma vez que numa organização, os objetivos são mais


amplos e, nem sempre acessíveis a todos, cada funcionário fará uma
pequena parcela a qual somada às demais, concorrerá para a
realização dos objetivos da organização.

Por esta razão que os Editais dos Concursos Públicos são


elaborados com ajuda dos Gestores de RH, aliados aos Psicólogos
que traçam o perfil profissiográfico daquele que deverá ser o servidor
ideal para a futura organização. Sobre este assunto, trataremos mais
adiante no capítulo II.

Características do servidor público:

Como vimos, para iniciarmos um processo seletivo na esfera


federal, de acordo com a Constituição Federal temos que dar
publicidade ao ato.
Os servidores públicos constituem subespécies dos agentes
públicos administrativos, categoria que abrange grande massa de
prestadores de serviço à Administração e a ela vinculados por
relações profissionais, em razão de investidura em cargos e funções a
título de emprego e com retribuição pecuniária.
Na iniciativa privada, uma vez selecionado, o futuro
funcionário da organização tão somente apresentar-se-á ao Setor de
Recursos Humanos da Empresa para entrega de documentos,
assinará um Contrato Individual de Trabalho e começará a trabalhar.

Já no Serviço Público, os novos servidores, vinculados à


Administração Pública direta ou indireta do Estado, poderão vir a ser
empossados sob o Regime Jurídico Estatutário, regular, geral ou
peculiar, ou inda especial, como celetista ( regido pela CLT-
Consolidação as Leis Trabalhistas) de natureza profissional e
empregatícia. O cargo público tem como característica precípua às
atribuições e responsabilidades inerentes ao seu cargo e, para ser
provido, é necessária a sua posse, que é a forma legal de ingresso na
Carreira pública. O Termo de Posse, equipara-se ao Contrato que o
funcionário da iniciativa privada assina no ato de sua admissão. A
posse é seguida da investidura no cargo, com a efetiva “entrada em
exercício”, que em outras palavras nada mais é que começar a
trabalhar na sua posição, após ter concorrido com vários candidatos
àquela vaga.

Numa comparação com a iniciativa privada, temos então


que, os servidores públicos em sentido estrito ou estatutário, são os
titulares de cargo público efetivo e em comissão, com Regime Jurídico
Estatutário geral ou peculiar, e integrantes da Administração Direta,
das Autarquias e das Fundações Públicas com personalidade de
Direito Público. Por tratar-se de cargos efetivos, seus titulares podem
adquirir estabilidade e estarão sujeitos a regime peculiar e Previdência
Social.
O Regime Jurídico dos Servidores Civis da União,
consubstancia os preceitos legais sobre a acessibilidade aos cargos
públicos, a investidura em cargo efetivo (Concurso Público) em
comissão, as nomeações para funções de confiança; os deveres e
direitos dos servidores a promoção e respectivos critérios. Apresenta-
se assim, a característica básica do servidor público.
Existem ainda, outras características para os servidores
públicos:
• Acessibilidade dos cargos, empregos e funções públicas a todos
os brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,
assim como os estrangeiros, na forma da Lei (CF art. 37,I).
• O servidor público não é demitido, e sim, exonerado após ter
cometido falta grave, ou transgressão disciplinar apurada em
Processo Administrativo.
• O poder de organizar e reorganizar os serviços públicos, de lotar
e relotar servidores, de criar e extinguir cargos, é indespojável da
Administração, por inerente à soberania interna do próprio
Estado.
• A criação, transformação e extinção de cargos, funções ou
empregos da Administração Pública, exige Lei de iniciativa
privada do presidente da República.
• Proibição de acumulação de cargos (exceto para as áreas de
saúde e educação).
• Estabilidade;
• Irredutibilidade dos vencimentos.
• Aposentadoria Integral se for por invalidez permanente
decorrente de acidente de serviço, moléstia profissional ou
doença grave especificada em lei;
• Pensão por morte aos seus dependentes.
• Gratificações de desempenho e revisão de proventos.

Dentre todas as características citadas, vale lembrar que a


mias importante é estar motivado e inserido no contexto de ser
servidor público.
O SERVIDOR PÚBLICO: Uma Cultura própria.

Para o autor Hely Lopes Meirelles, Administração Pública -


“é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do
Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias
aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é os
desempenhos perenes e sistemáticos, legais e técnicos, dos serviços
próprios de Estado ou por ele assumidos em benefício da
coletividade”. –

Sabemos que cada Organização possui uma cultura. Não


poderia ser diferente com a Administração Pública. Também é fato
que a área de Recursos Humanos tem sido revalorizada na última
década em função de dois fatores: a revolução tecnológica e a
estabilização macroeconômica. O advento da economia da informação
indica claramente a importância do uso intensivo de mão-de-obra
qualificada no processo de ajuste microeconômico pelo qual, têm
passado as empresas e os órgãos públicos, para fazer frente |à
globalização dos mercados e à reestruturação produtiva.
Apenas após os anos 80, direcionadas para a reforma do
aparato governamental, a problemática de recursos humanos no setor
público, começou a ser focalizada com atenção especial, porque até
então, o problema não encontrava espaço nos processos de
reformulação e na implementação de política pública. O mundo
parecia caminhar na direção da extensão da estabilidade existente no
setor público para as relações de trabalho do setor privado.
A iminência da ruptura da estabilidade do funcionalismo
público estatutário (regidos pelo Estatuto do Servidor Público) e o
deslanche das privatizações nos segmentos mantidos por empresas
estatais, colocaram o emprego publico em cheque, considerando-se
especialmente a necessidade de um ajuste intra-setor público.
A consciência do papel a ser desempenhado pela
capacitação de recursos humanos, como condição essencial para a
formulação de novos arranjos institucionais, indispensáveis para a
regeneração do aparato do Estado, não se difundiu junto às elites do
país (estejam elas situadas dentro ou fora do espaço estatal) . Ao
contrário do setor privado – que tem produzido uma profunda
transformação dos processos de Gestão Empresarial, incorporando
ferramentas afetas à problemática de pessoal (TQC – teans,
capacidade de agregação de valor, remuneração por habilidades,
avaliação de desempenho, entre outras), focalizando ganhos de
produtividade, reduções de custos, ampliação da fatia de mercado – O
Setor Público permanece ainda bastante refratário a toda a
movimentação . É como se a Administração Pública, não tivesse nada
a ver com estes tipos de preocupações, considerando-se que é
assentada em atividades permanentes e na gestão de processos
administrativos balizados por outro tipo de variáveis.

Falar de profissionalização da Administração Pública no


Brasil, ainda é uma expectativa que está se desenvolvendo aos
poucos, vez que no serviço público, as coisas tendem a acontecer
devagar.
A grande maioria do contingente que integra as burocracias
governamentais no Brasil, ingressou no serviço público em períodos
autoritários ou populistas (pré-ditadura). Isto significa que seu quadro
de referências está baseado na matriz tecnocrática ou juridicista,
respectivamente. Em ambos os casos, o enfoque adotado é
reducionista: à dimensão econômica da realidade em um caso e às
leis no outro. O desafio atual é recuperar a formação de quadros nesta
perspectiva, tendo em vista especialmente as áreas finalísticas da
Administração Pública.

Observa-se assim, toda uma cultura diferenciada para o


servidor público, que tende a ser alterada, graças aos Projetos do
Governo, planos de capacitação e modernização do Serviço Público.
2.1. O servidor ideal.

Como poderíamos definir o servidor público ideal, sem antes


falarmos algo sobre o que é ser servidor público. Os servidores
públicos são como uma espécie dentro do gênero de “agentes
públicos”.
São aqueles que servem ao Poder Público como instrumento
de sua ação. Quem quer desempenhar funções públicas, enquanto as
exerce, é um agente público. Por isso é que esta definição de servidor
público acima, inclui o Poder Público Executivo em quaisquer das
esferas. Tais como, senadores, deputados, vereadores, até mesmo o
Presidente da República, têm que passar pelo crivo da população
para se elegerem, o mesmo acontece com os servidores públicos
concursados.
Ao nosso ver, diante de todo o Programa Governamental, o
servidor público ideal, seria aquele que encontra condições de
trabalho na organização para a qual se propõe a trabalhar.
Em um programa de Qualidade de Vida, o Governo Federal,
vem investindo em capacitação dos seus servidores, muitas das
vezes, através de Seminários, Ensino à Distância, Palestras de
Motivação, e salas de bate-papo via Internet.
A Globalização possibilitou ao Governo, investir em mão-de-
obra qualificada, que não só produz, mas aprende a produzir melhor.
Até mesmo os salários que estavam estacionados desde
1994, passaram a serem corrigidos pela inflação anual, e algumas
categorias conseguiram até mesmo índices diferenciados, que
elevaram seus salários em até 30%. Resultado disto, é o aumento de
jovens que procuram os Concursos Públicos, para se escreverem, vez
que, os salários oferecidos pelo Governo, são muito melhores que os
oferecidos pelas Empresas Privadas, com raríssimas exceções, que
são as empresas de capital estrangeiro, tais como a Xerox, Coca-
Cola, dentre outras.
As organizações Governamentais investiram em programas
de qualidade, com a formação de equipes de treinamento e
desenvolvimento, acompanhamento psicológico aos servidores,
melhoria de atendimento médico, através de novos convênios com
Empresas de Prestação de Serviços Médicos, sendo que, em alguns
órgãos, existem verdadeiros ambulatórios, com médicos de várias
especialidades.
O servidor que chega, encontra todo um sistema montado
para recebê-lo, com fase de adaptação ao seu novo cargo, o que
possibilita sua integração com órgão, resultando em melhor
atendimento à população.

Mas compete, principalmente aos gestores de Recursos


Humanos, formar o servidor ideal. Quando os gestores conseguem
convencer a Administração da necessidade de alcançar objetivos em
detrimento a interesses políticos, apesar do que pensa a maioria da
Sociedade, os agentes públicos serão quase-perfeitos, à medida que
são reconhecidos através de pontuações, gratificações de
desempenho, e promoções.
Porém, o agente público, deve ter sempre em mente que, a
sociedade espera receber no mínimo, a atenção que lhe é devida.
A falta de equipamentos, mão-de-obra capacitada, prédios
mal conservados, e até baixa remuneração, não justificam o mau
desempenho e atendimento à população. Ao ingressar no serviço
público, o candidato está ciente de suas atribuições , do salário que
lhe será oferecido, e ao concordar com as regras do Edital, está
concordando em atender a população, que é formada por seus pares,
amigos, esposa, marido, filhos, etc..
Desta forma, o servidor público ideal, é aquele que se insere
no contexto da Administração, está atento as mudanças no Governo,
acompanha as necessidades que o seu trabalho requer, procura se
atualizar, capacitar, estar motivado e recebe com carinho, respeito e
atenção àqueles que o procuram.

2.2 – O Candidato Ideal:

Vimos acima, que o servidor ideal, é aquele que se insere no


contexto a Administração Pública, e aceita as regras do Edital.
A Contratação Pública pela Administração Federal é de
interesse público, razão pela qual, como já foi dito no primeiro capítulo,
os Editais de Contração são divulgados pela Imprensa Nacional,
através do Diário Oficial da União, Seção II, e após em vários jornais
de grande circulação. Os concursos Públicos devem dispensar
tratamento impessoal e igualitário aos interessados. As autoridades
administrativas, no que toca à sua atitude quanto à análise de cargos
e à seleção de funcionários, podem ser divididas em três grandes
grupos.
O primeiro compõe-se daqueles que são extremamente
pessoais, isto é, dos que consideram cada um dos funcionários
comum indivíduo que conhecem muito bem, de quem gostam ou não,
ou ao qual são mais ou menos indiferentes. O segundo grupo é
constituído de administradores profundamente impessoais, que
consideram as repartições como um conjunto de cargos que envolvem
responsabilidades e funções concretas, as quais, por sua vez, exigem
aptidões bem definidas. O terceiro grupo parte habitualmente de uma
análise de cargos apurada, bem clara, mas é consciente de que o
ocupante do cargo é um ser humano e que dois seres humanos nunca
são inteiramente iguais, nem têm a mesma combinação de
qualidades.
Os cargos, no serviço público, são geralmente muitos menos
especializados do que nas organizações de produção em massa. Os
funcionários, principalmente nas menores unidades da organização –
que não permitem uma divisão minuciosa do trabalho -, não têm uma
função, mas uma série de funções. Em alguns casos a combinação
de funções é constante, dia após dia: em outros, muda
freqüentemente. Certos setores públicos têm um ciclo periódico
perfeitamente definido, tais como a semana, a quinzena, o mês ou o
ano: e o complexo de funções varia de acordo com o ciclo. Já outros
setores do funcionalismo tratam de casos, projetos, ou tarefas
individuais, de modo que o complexo das funções muda, não só de
acordo com o caso, projeto ou tarefa particular, mas também com a
fase da atividade. Tais atividades costumam percorrer uma série de
processos perfeitamente distintos e separados, que se sucedem uns
aos outros, em seqüência mais ou menos preordenada. Alguns desses
processos podem ser muito mais difíceis do que outros, de modo que
a distinção entre funcionários se baseia na capacidade para
desempenhar bem os processos difíceis. A todos os funcionários de
uma seção podem ser confiadas as tarefas mais simples, ao passo
que só os mais competentes são solicitados para os trabalhos mais
complicados.

Determinar qual o candidato que está capacitado para


desenvolver suas tarefas, requer uma estrutura organizacional que
talvez o Governo Federal ainda não a tenha.

A reabilitação do Estado para melhorar a prestação de


serviços públicos e a administração dos recursos públicos, com a
erradicação da corrupção, tem-se tornado hoje questões políticas tão
importantes quanto à da redução do papel do Estado na Economia
Nacional.

A reforma modernizante mais importante das estruturas do


Estado no Brasil, data do final da década de 30, transformando-se
depois de algum tempo, em um meio-termo entre a modernização e a
síndrome cultural populista. Estabeleceu-se desde então um padrão
duplo e persistente. Para os altos escalões das burocracias, foram
adotados acessos mediante concursos, carreira, promoções baseadas
em critério de mérito e salários adequados. Para os de níveis médios
e inferior, a norma era a admissão por indicação clientelista; as
carreiras eram estabelecidas de forma imprecisa: o critério de
promoção baseava-se no tempo de serviço e não no mérito, e a
erosão dos salários tornou-se intermitente. A busca por novos
empregos e novos desafios levou os candidatos aos serviços públicos
a se prepararem cada vez melhor.
Atualmente, existem vários cursinhos especializados na
preparação de candidatos que almejam ingressar no serviço público
ou em uma carreira pública. A senha é: transformar um sonho em
realidade.
A procura pelo serviço público tornou-se tão grande, que
vemos nos noticiários matérias sobre as imensas filas que se formam,
desde a madrugada, nos locais de inscrição, com pessoas de todas as
idades, até os setenta anos, (idade limite imposta pela Constituição
Federal) , buscando a solidez de uma organização chamada de
Administração Pública, que começa a dar sinais de melhora na busca
da qualidade de vida dos seus servidores.
Nas entrevistas que fiz no laboratório deste projeto, obtive
respostas variadas, mas uma sempre estava presente:
P: O que você busca no Emprego Público?
R: Estabilidade.

Todos os candidatos entrevistados temem ao desemprego,


possuem alguém na família desempregado, ou conhecem alguém em
tal situação a mais de um ano. A crise, faz com que um Concurso
Público aberto com vagas para nível médio, tenha 80% dos candidatos
com nível superior e até pós-graduados.
Os salários, que variam desde R$ 460,00 a R$ 8.000,00,
transformam-os em verdadeiros competidores, gladiadores ferozes em
uma rena de incerteza, na busca pela classificação, e a sonhada
estabilidade. Para estes candidatos, não há festas, carnaval ou
brincadeiras, o importante é a concentração no estudo que leva ao
ingresso no cargo almejado. Como em um jogo de futebol, eles evitam
bebidas alcoólicas por que estas lhes causam sonolência e a mente
divaga. Todos os candidatos entrevistados, demonstraram ansiedade
e pavor às provas de seleção. Estas atualmente, são cada vez mais
bem elaboradas, temidas mais até que vestibulares de medicina.

Na opinião dos professores de cursinhos, o candidato ideal é


aquele que não desiste nunca, que mantém a calma na hora de fazer
seus testes, dorme cedo no dia anterior ao marcado para a realização
dos exames, faz uma refeição leve, porém completa. Segundo eles,
isto evita desmaios por queda de pressão e diminui a ansiedade.
Geralmente porém, aqueles bem preparados e que seguem as regras
dos professores dos cursinhos, são os mais bem colocados e
aprovados até mesmo em dois ou mais certames.
2.3 – O Processo Seletivo no serviço público: Limites e
Paradoxos:

Os Concursos não têm forma ou procedimento estabelecido


na Constituição, mas é de toda conveniência que sejam precedidas de
uma regulamentação legal ou administrativa, amplamente divulgadas,
para que os candidatos se inteirem de suas bases e matérias exigidas.
Como atos administrativos, devem ser realizados através de bancas
ou comissões examinadoras, regularmente constituídas com
elementos capazes e idôneos dos quadros do funcionalismo ou não , e
com recurso para órgãos superiores, visto que o regime democrático é
contrário a decisões únicas, soberanas e irrecorríveis. De qualquer
forma, caberá sempre reapreciação judicial do resultado dos
concursos, limitada ao aspecto da legalidade da constituição das
bancas ou comissões examinadoras, dos critérios adotados para o
julgamento e a classificação dos candidatos. Isto porque nenhuma
lesão ou ameaça a direito individual poderá ser excluída da apreciação
do Poder Judiciário.

Os Concursos Públicos devem dispensar tratamento


impessoal e igualitário aos interessados, sem isto ficariam fraudadas
as finalidades. Possui validade de 2 anos, podendo ser prorrogados
uma vez, por igual período. Durante o prazo de dois anos e suas
prorrogações, os aprovados terão precedência para a nomeação
sobre os novos concursados, conseqüentemente a Administração só
com estes poderá preencher as vagas existentes dentro de seu
período de validade, quer já existissem quando da abertura, quer
ocorridas depois.

De acordo com a Lei 8112/90, que regula os servidores


públicos civis da União, - “não se abrirá novo concurso enquanto
houver candidato aprovado em um concurso anterior com prazo de
validade não expirado-“ . Já a Constituição Federal relata que podem
ocorrer contratações temporárias e/ou excepcionais de interesse
público, neste caso, não existe o processo de seleção como em um
Concurso Público (artigo 37 da Constituição Federal). Estas
Contratações, são admissões provisórias, demandadas de
circunstâncias incomuns, cujo atendimento reclama satisfação
imediata e temporária (incompatível com o que ocorre normalmente
com os Concursos Públicos).

Os candidatos, mesmo que inscritos, não adquirem direito à


realização do concurso na época e condições inicialmente
estabelecidas pela Administração. Esses elementos podem ser
modificados pelo Poder Público, como pode ser cancelado ou
invalidado o concurso antes, durante e após sua realização. Isto
porque os concorrentes têm apenas uma expectativa de direito, que
não obriga a Administração a realizar as provas prometidas. Ainda
mesmo a aprovação no concurso não gera direito absoluto à
nomeação ou à admissão, vez que continua o candidato aprovado
com a simples expectativa de direito à investidura no cargo ou
emprego disputado.

Segundo o Secretário de Administração Pública, uma


premissa deve servir de paradigma para os novos padrões de relações
institucionais que a Administração Pública Federal inaugura com as
organizações de classe dos servidores públicos, por meio do
reconhecimento de que a democratização das relações de trabalho,
tanto no setor público como no privado, constitui verdadeiro
pressuposto para a democratização do Estado, para o
aprofundamento da democracia e para a garantia do exercício pleno
de direitos de cidadania em nosso país.
Reconhecendo que a consecução desses objetivos incumbe
ao conjunto da sociedade, cumpre ao Governo Federal e às entidades
que representam os interesses do funcionalismo, comprometidos com
o caráter democrático da Administração Pública, consagrado pela
Constituição Federal de 1998, porém ainda não efetivado, liderarem o
processo da construção de canais participativos, sistemáticos e
resolutivos de interlocução permanente com o eixo central da
democratização das relações de trabalho.
Considerando a natureza diversa do Setor Público no que se
refere a consecução das finalidades administrativas, é fundamental
ter claro que a transparência administrativa, o comprometimento e a
participação dos trabalhadores nas decisões que dizem respeito ao
serviço público, constituem elementos fundamentais e estruturais
desse processo. Os interesses da cidadania na prestação de serviços
públicos qualificados são referenciais obrigatórios nas discussões
sobre o tema, seja por que tais interesses devam se constituir na
razão de ser da Administração Pública, seja por coerência político
administrativa, vez que o que se almeja é a construção e um Estado
garantidor do pleno exercício de cidadania à População.

De acordo com o Regimento dos Servidores Públicos Civis,


existem 7 princípios constitucionais que fazem do servidor público,
independente da opinião pública, um trabalhador qualificado com tudo
para dar certo. São eles:
O da legalidade, pelo qual faz-se necessário o escopo da lei
para dar guarida às ações do administrador público;

Comentário:

É muito comum às pessoas discutirem se as ações do Presidente da República são ou


não atos legais.Com este princípio, o de nº 1, todas as ações do presidente e dos demais
servidores públicos são inspecionadas pelos órgãos controladores da União, dentre eles o Tribunal
de Contas da União, e outros.
Moralidade, é o princípio pelo qual se exige probidade
administrativa dos servidores.

Comentário:

Várias são as manchetes estampadas em Jornais de grande circulação, que falam sobre
casos de improbidade administrativa, dentre eles, o mais destacado foi o recente caso dos
Auditores Fiscais da Receita Federal, conhecido como o caso “Silveirinha”.
Impessoabilidade, finalidade ou indisponibilidade do interesse
público, que permitem tão somente a prática de atos que visem o
interesse público, de acordo com os fins previstos em lei.

Comentário:

Também neste caso, já são conhecidos os casos de afronta a este princípio, onde
interesses políticos sobrepujam os verdadeiros conceitos de impessoabilidade, quer na indicação
de servidores gratificados, quer no emprego de familiares por prefeitos, governadores e chefes de
Estado.

Qualidade dos Serviços, este é um dos princípios pelo qual


incumbe à gestão administrativa pública o preceito constitucional
da eficiência, conceito este que inclui, além da obediência à lei, a
honestidade, a resolutividade, o profissionalismo e a adequação
técnica de exercício funcional no atendimento e na qualidade
dos serviços de interesse público.
Participação – que fundamenta o Estado democrático de direito
e assegura a participação e o controle da sociedade sobre os
atos de gestão de governo.

Comentário:

O Governo criou a Ouvidoria Pública, onde qualquer cidadão pode e deve apresentar
suas queixas para a melhoria do serviço público.

Publicidade -´pela qual se assegura a transparência e o acesso


às informações referentes à Administração Pública.
Liberdade Sindical – Onde reconhece aos sindicatos a
legitimidade da defesa dos interesses e da explicitação dos
conflitos decorrentes das relações funcionais e de trabalho na
Administração Pública, assegurando a livre organização sindical
e o direito de greve aos servidores públicos, nos termos a
Constituição Federal.

Comentário:
Neste contexto, também encontramos na iniciativa privada, as Representações e
Classes, destacando-se o Sindicato dos Metalúrgicos e dos Comerciários, que conquistaram vários
itens para melhorar a qualidade de vida de seus associados.

Estes foram os princípios que constituem a base da


formação do serviço público. Estas regras devem ser observadas
para todo aquele que se propõe a ingressar no serviço público.
O paradoxo se forma porque, embora o Governo Federal
venha investindo na melhoria do atendimento ao público e, que nela
estejam implícitos os princípios acima citados, muitas são as críticas
ao atendimento dado pelos servidores públicos, realizadas por várias
camadas da população.
Na área de saúde, os hospitais públicos federais, dentre eles
o conhecido como Hospital do Fundão, pertencente à UFRJ, embora
bem aparelhado, possui extensas filas para atendimento precário e
primário aos doentes.
Os médicos, muitas das vezes, são plantonistas de outros
hospitais e chegam atrasados e cansados para o atendimento ao
público, sendo as consultas marcadas para até 6 meses de espera.
Sofre a população de baixa renda e que não tem condições de pagar
um plano de saúde particular.
Também são inúmeras as queixas dos servidores públicos
que trabalham no INSS. Este órgão, é considerado o campeão de
críticas no atendimento ao cidadão, para desespero dos Governantes.
Os segurados do INSS, trabalhadores da iniciativa privada, dormem
em filas quilométricas para serem atendidos, ou apenas marcarem
suas consultas, marcar entrega de documentação de aposentadoria,
perícia médica, etc. Muito embora, as Superintendências Regionais
do INSS estejam trabalhando na melhoria do atendimento à
população, ainda há muito a se fazer para satisfação do público.
Na esfera da área de segurança pública, na União, além dos
servidores do Ministério da Defesa, que inclui Marinha, Exercito e
Aeronáutica, temos as polícias rodoviárias federal e a Polícia federal.
Aqui, parece que a população ainda confia e respeita. Durante recente
problema de Segurança Pública, ocorrido no Estado do Espírito Santo,
a União Federal enviou o Exército, a pedido do Governo local, para
dar segurança a população, ameaçada pelos traficantes locais. Mais
tarde, encaminhou uma tropa de elite formada por vários policiais
militares e federais. No Rio de Janeiro, a população clama pela
Intervenção Federal na área de Segurança Pública, buscando no
Exército e na Polícia Federal, um último apoio para o caos em que se
encontra a cidade maravilhosa.

Temos então, a questão dos limites que foram traçados pelo


Governo e pela população que influenciam no serviço público, e na
contratação e seleção de seu pessoal.

Se fossemos fazer uma análise, voltaríamos àquela


entrevista realizada com alguns alunos de um Curso Preparatório,
candidatos a cargos públicos, que se preocupam com a estabilidade.
Mas será que a preocupação com a finalidade de sua carreira e com
estes problemas apresentados, não seria mais importante? Será que
os candidatos não deveriam ser instruídos, ainda durante os seus
cursos preparatórios, dos deveres de um servidor público? Será que
é certo se preocupar tão somente com melhoria salarial e
estabilidade?
Nem sempre o candidato, formado em qualquer curso de
graduação, irá trabalhar dentro de sua área de atuação. Ocorre então,
muitas das vezes, um sentimento de frustração que se prolonga ao
longo dos anos, ocasionando os problemas já mencionados. Quando o
candidato recrutado está consciente de suas obrigações e deveres
após ingressar em um órgão público, fatalmente irá tornar-se um
excelente servidor.
O processo seletivo no serviço público, necessita de
candidatos afinados com o programa de qualidade do Governo
Federal. Todo o candidato tem o dever de conhecer o órgão para o
qual está se candidatando.
Em artigo publicado por Stephen Kanitz no site da ABRH,
este faz menção e inicia seu artigo com a seguinte frase: “se você
não gosta de seu trabalho, tente fazê-lo bem feito. Seja o melhor
em sua área, destaque-se pela precisão”. – E termina chamando a
atenção para o fato que : “se você fazer seu trabalho mal feito, você
odiará o que faz, odiará sua empresa, seu patrão, seu país e a si
mesmo”.

Concluindo, temos que não basta o Governo envidar


esforços para melhorar o atendimento ao público, e aos seus
servidores, é necessário que o ao candidatar-se a uma vaga no
serviço público, o candidato tenha em mente que a carreira que
escolheu, poderá ser para toda sua vida, e que junto virão todos os
problemas existentes no âmbito da Administração Federal. Deve
pensar então, o que fazer para melhorar esta visão.
A Administração é livre para estabelecer as bases do seu
concurso e os critérios de julgamento, desde que o faça em igualdade
para todos os candidatos, tendo ainda, o poder de, a todo tempo,
alterar as condições e requisitos de admissão dos concorrentes, para
melhor atendimento do interesse público.

CAPÍTULO III

Vencendo os limites: Uma reflexão sobre as possibilidades


de mudanças no processo seletivo para o serviço público.
A função do Governo é servir ao interesse público, aos
cidadãos. O Governo tem que operar sob as regras da Constituição e
das Leis. Deve ser flexível e inovador, buscar resultados sem atropelar
aqueles que vão desempenhar as tarefas, ou seja, os funcionários
públicos.
Mesmo com a flexibilização da política de pessoal, a
profissionalização do servidor público continua a ser prioridade, com
uma maior revalorização da questão ética, desenvolvendo habilidades
gerenciais dos funcionários, em particular os de nível médio. Criando
um campo de maior versatilidade onde o funcionário atua em várias
funções. As principais funções são a de Administrador, vinculada à
capacidade de trabalhar com regulamentos rotineiros: a de produtor,
ligada ao aumento de produtividade com qualidade ; a de inovador,
capaz de encontrar novas respostas e modernizar o fluxo de decisões;
e a de integrador, habilitado à congregar seu grupo a atuar em
conjunto na busca de um objetivo.

Selecionar candidatos na esfera federal é como um jogo de


loteria, muitos se inscrevem, mas as chances de conseguirem virem a
serem aprovados são mínimas. Talvez porquê ainda não seja esta a
especialidade do Governo Federal. Por esta razão, terceirizou suas
formas de contratação. Cada órgão possui um Centro de
Recrutamento e Seleção, porém que só é utilizado para verificar suas
necessidades e formalizá-las através do Edital. Feito isto, logo após o
Edital é encaminhado a um dos diversos Centros de Recrutamento
Terceirizado, dentre estes, temos o CESPE, ESAF, UFRJ, para que,
após a realização de uma licitação, verifica-se a entidade vencedora
que deverá iniciar o Processo Seletivo de acordo com as normas do
Edital realizado pelo órgão contratante.
Destacamos como exemplo, o Centro de Seleção e
Promoção de Eventos (CESPE) da Universidade de Brasília. Este
realiza concursos, treinamentos e avaliações tanto para instituições
públicas como para instituições privadas. Com os recursos
arrecadados na realização dos concursos e prestação de serviços,
transforma-os na consecução de atividades-fim da UNB. É
considerado atualmente, um dos melhores Centros de recrutamento e
seleção, realizando concursos para diversos órgãos federais, tais
como, Superior Tribunal Militar, Tribunal de Contas da União,
Ministério da Justiça, Educação e Defesa, Ministério da Cultura e
outros.
Os Centros de Recrutamento e Seleção terceirizados,
elaboram todas as fases dos concursos, sendo que atualmente,
utilizam-se da Internet para fazer chegar aos candidatos as
informações necessárias para suas inscrições, e demais etapas do
concurso público.
Esta modernização já está gerando polêmicas, inclusive
culminando com ações judiciais, onde são questionadas se esta forma
de divulgação é a mais correta. Será que todo o candidato tem acesso
à Internet? Ao pensar em acabar com as filas quilométricas já
mencionadas anteriormente no último capítulo, que se formam em
frente dos órgãos públicos contratantes e proceder as inscrições
somente pela Internet, já não estaria o Governo Federal fazendo uma
distinção entre os candidatos?

É um caso para levarmos em consideração. A modernidade


nem sempre é o melhor caminho que o Governo deve seguir para
atingir sua meta. Antes deve pensar em dar condições a toda a
população de acesso à Internet, para depois elaborar seus editais
somente com acesso à mesma.
Voltando a velha sala de aula dos cursos preparatórios, a
pergunta formulada foi:
P: Você confia nos resultados e instruções passados pelos Centros de
Recrutamentos pela Internet?
R: Responderam sim apenas 30%. Outros 50% disseram que não, e
20% respondera, que mais ou menos.

Os que disseram não, eram temerosos da manipulação dos


resultados. Questionamentos neste sentido, foram levados ao
CESPE, através desta formanda, a Diretora daquele Centro de
Recrutamento, que respondeu ser absolutamente impossível existir
manipulação de resultados em seus processos de seleção .Segundo
ela, os malotes com as provas, lacrados nos locais da realização do
evento, são acompanhados por uma segurança militar, e são abertos
depois lacrados na presença dos candidatos, que assinam um termo
de responsabilidade da inviolabilidade do lacre. Logo depois, os
resultados são auferidos por computadores, através a marcação dos
cartões pelos candidatos, cujos programas são conhecidos apenas
pela Diretoria do CESPE. Afirmou ainda que, quando são contratados
para realização de um recrutamento público, seus funcionários não
podem estar participando do evento, nem seus familiares. Segundo
ela, isso demonstra a lisura do processo.
Mas, e as dúvidas dos candidatos, como são tiradas? Para o
CESPE, sua página na Internet dispõe de um sistema de “Fale
Conosco”, via e.mail, onde os candidatos expressam suas dúvidas.
Porém na prática, muitos reclamam da falta de contato direto
com o órgão para qual estão se candidatando. A opinião é de que tudo
fica muito impessoal e mecanizado.
Atento às reivindicações dos candidatos, o Governo Federal,
através do Ministério do Planejamento, e da Secretaria de
Administração Federal, almeja capacitar seus Gestores de Recursos
Humanos, para que no futuro, seus Editais de Processos Seletivos,
voltem a ser totalmente comandados e processados pelo órgão
contratante.
O Ministério da Fazenda, é precursor nesta área. Já realiza
seus eventos de processo seletivo através da ESAF, Escola Superior
de Administração Fazendária. Alguns outros órgãos federais também
já começam a utilizarem seus Centros de Treinamento e Seleção,
como por exemplo a Universidade Federal do Rio de Janeiro e outras
Universidades Federais.
O recrutamento virtual possibilita recrutar um maior número
de candidatos em menor tempo, porém o lucro obtido com valores
pagos pelos candidatos no ato da inscrição, não segue para os cofres
do órgão organizador do Concurso, mas sim para a Instituição que foi
contratada para fazê-lo. Desta forma, o Governo além de disponibilizar
verba para contratação da Empresa terceirizada, não reverte aos
cofres públicos tais valores. A Empresa contratada, reverte os valores
da inscrição, nos custos com pessoal de aplicação de provas,
alimentação, transporte e demais custos administrativos.
Se os valores deixassem de ser empenhados a terceiros, e o
Governo capacitasse seus servidores para realização dos seus
Concursos Públicos, esta verba serviria para melhoria das condições
de vida dos funcionários, e até mesmo para aumentar o número de
vagas, já que restaria um orçamento maior para investir nas
contratações. Além do que, em plena era virtual, o contato físico do
candidato com o seu futuro Gerente de Recursos Humanos, gera um
relacionamento que tende a afinar com o decorrer do Concurso, já que
na entrevista pessoal, observa-se melhor as aptidões do futuro
servidor.
É realmente imprescindível que os Concursos Públicos
sejam organizados de forma adequada a cada função a ser ocupada,
como principio de admissão. Que o Governo esteja atento à utilização
e capacitação dos Gestores de Recursos Humanos em seus
Processos Seletivos, ouvindo-os antes e durante a realização do
evento. Pois quem melhor do que aquele que lida com o público
interno todo o tempo, para saber como recrutar o pessoal que irá lidar
com o público externo?

Também não podemos esquecer de mencionar os testes de


aptidão aplicados na seleção de servidores público. É certo que, se o
candidato irá tentar uma vaga de auditor fiscal, que ele tenha
conhecimentos de contabilidade, tributos, matemática, etc..Mas, se o
candidato vai trabalhar em um balcão de atendimento ao público,
tirando dúvidas e recepcionando-o, então estas mesmas matérias não
necessitam de serem exigidas nos testes de ingresso ao cargo. De um
bom recrutamento, surge um bom servidor.
O primeiro passo já foi dado, com a implantação do
Programa de Qualidade no Governo Federal, através das mesas de
debates e diálogos, abertos entre o Ministério do Planejamento
Orçamento e Gestão (através da Secretária de Administração) e os
Representantes dos servidores Públicos, sindicatos e associações.
Resta-nos aguardar que os frutos possam ser colhidos em um futuro
breve.

CONCLUSÃO
O objetivo maior deste trabalho, foi mostrar o que está sendo
feito na esfera do Governo Federal, em termos de Recrutamento e
Seleção, suas formas, processos, e sentimento de cada candidato.
Sabemos que no Brasil, os processo que envolvem Gestão
de Pessoal, na área de Administração Pública, estão ainda na fase
primária. Enquanto na iniciativa privada, a valorização dos funcionários
já é feita gradativa, com programas de motivação diversos, no âmbito
da Administração Pública, muito se tem a fazer neste sentido.
As avaliações de desempenho, ainda são feitas pelos chefes
imediatos, que muitas das vezes, as fazem pelo lado pessoal e
emocional, prejudicando a carreira de muitos servidores. São poucos
os órgãos que se preocupam com a qualidade de vida dos seus
servidores. Ambiente limpo, pessoas respeitadas pelos seus valores,
condições de trabalho, e valorização, são aspectos que nem sempre
são lembrados no serviço público.
Os Programas de Capacitação ainda dependem da formação
de equipes de treinamento e desenvolvimento voltadas às
necessidades dos servidores de cada órgão, e de cada Setor da
Administração Pública. A falta de motivação, gera um desempenho de
baixo nível, diminuindo a qualidade no atendimento a população.
Ainda há necessidade de melhor nivelamento salarial, equipamentos
modernos, comunicação e integração.
Contratar pela Internet, pode estar dando certo na iniciativa
privada, que recebe currículos pelo correio e pela rede, analisa, avalia,
e convoca os candidatos para entrevistas. No serviço público, ainda é
temerário este método, vez que, nunca se sabe ao final do processo,
quem realmente estaríamos contratando para servir ao público.
Escolher a cara do Governo, é uma tarefa que requer mais
do que tudo, a união dos gestores da administração e os anseios da
sociedade.
A conscientização de que os servidores, como um todo,
formam uma equipe, para agregar valores, necessidades e
desempenho de suas tarefas, está mais que em evidência, é uma
necessidade. O processo de agregar nunca foi tão discutido. Buscar
mão-de-obra que se insira no contexto de funcionário público, deve ser
tarefa dos Gestores de Recursos Humanos, com a criação dos
Centros de Recrutamento e Seleção em cada órgão.
Uma pesquisa recente realizada pela Secretaria de Recursos
Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, obteve
o seguinte resultado:
• Por Grau de Instrução: 39% dos servidores públicos atuais são
graduados. Destes, 19,5% possuem mestrado e 4,9% são
doutores.

Assim, o mercado de trabalho do Governo Federal, possui


em seus quadros, um percentual significativo de pessoas com visão
moderna e em condições de auxiliarem no cumprimento das metas
governamentais. Desta forma, podemos definir os modelos dos
futuros servidores:

• Capacidade de análise, ordenação e idéias, e expressão oral e


escrita;
• Iniciativa, espírito de equipe, solidariedade e educação;
• Capacidade de se relacionar com a sociedade, seu cliente, de
forma a saber ouvir;
• Ser criativo em busca de novos desafios;
• Ter elevado grau de auto-estima, segurança e amor por si
próprio;
• Ter respeito às necessidades e dificuldades dos seus clientes
(sociedade) sem diminuir os problemas alheios.

Oxigenar o quadro público, não é tarefa fácil, mas também


não é impossível. Se seguirmos todas as regras ditadas pelos vários
autores da área de Administração, certamente conseguiremos
transformar a realidade da Gestão de Pessoal da Administração
Pública.
E já que iniciei este trabalho com o autor Chiavenato,
terminarei dessa forma, com seu conceito, extraído do livro Gestão
ed Pessoas – Capítula – Seleção de Pessoas:

... “Se não houvesse as diferenças individuais e se todas as


pessoas fossem iguais e reunissem as mesmas condições
individuais para aprender e trabalhar, a seleção de pessoas
seria totalmente desnecessária”.
BIBLIOGRAFIA

- A Reforma da Administração Pública – textos do Caderno da


ENAP
Autor: Luciano Martins

- Caderno de Atualizações da SRH – Edição Outubro de 2004


Secretaria de Recursos Humanos do Ministério de Planejamento,
Orçamento e Gestão

- site – Controle de Qualidade – www.charleandre.hpg.ig.com.br

- textos do Autor Stephen Kanitz – extraídos do site do


Administrador.

- Estabilidade no Serviço Público – Editado pela ENAP


Autor: Érica Mássimo Machado

- Revista do Serviço Público – ano 45 – Edição Jun/Jul – ENAP

- Problemas de Administração de Pessoal – Edição de 1990 –


Deptº de Imprensa Nacional
Autor: Lewis Meriam
- Gestão de Pessoas – Editora Campus
Autor: Idalberto Chiavenato

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