Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apresentação do tópico
Assista ao vídeo do Prof. Paulo Henrique Nogueira com a apresentação geral desta aula.
Apresentação
Nesta unidade, teremos a oportunidade de conhecer os principais conceitos ligados ao tema Gestão de Pessoas
como ferramenta de combate a fraude e corrupção em uma organização.
Vamos conhecer os principais conceitos ligados ao tema, os procedimentos para recrutamento de pessoal,
seleção e formação de dirigentes e Plano de capacitação.
Objetivo da aprendizagem
Ao final desta disciplina, espera-se que você seja capaz de estabelecer um sistema de Gestão de Pessoas
dentro de sua organização, compreendendo os procedimentos para recrutamento de pessoal, seleção e
formação de dirigentes e Plano de capacitação.
Bibliografia básica
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU). Referencial de Combate a fraude e corrupção. Aplicável a órgãos
e entidades da Administração Pública. 2. ed. Brasília: TCU, 2018.
Bibliografia complementar
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo federal (Decreto nº 1.171/1994), que
estabelece padrões éticos e morais para o comportamento da liderança no serviço público (BRASIL, 1994).
Decreto de Vedação ao Nepotismo (Decreto nº 7.203/2010) (BRASIL, 2010)
ENCINAS, Rafael. Gestão e liderança na administração pública e na iniciativa privada. Página de Liderança,
Brasília, 2012.
Lei de Conflito de Interesses (Lei nº 12.813/ 2013), que trata do tema no exercício de cargo ou emprego do
Poder Executivo federal (BRASIL, 2013).
5ª Unidade: Gestão de Pessoas
Nesta unidade, teremos a oportunidade de conhecer os principais conceitos ligados ao tema Gestão de Pessoas
como ferramenta de combate a fraude e corrupção em uma organização.
Vamos conhecer os principais conceitos ligados ao tema, os procedimentos para recrutamento de pessoal,
seleção e formação de dirigentes e Plano de capacitação.
Olá! Continuando nossa jornada de aprendizado, damos início ao tema Gestão de Pessoas. Gerir pessoas é
uma tarefa complexa; o líder deve exercer sua influência pelo exemplo, dar a direção com clareza, estimular o
desenvolvimento de cada membro de sua equipe. Alguns gestores focam sua atenção apenas no resultado
(meta), outros apenas nas pessoas (amigo); nenhum dos dois modelos é satisfatório. Deve-se procurar o
equilíbrio entre a busca pelo resultado e o bem-estar do indivíduo; afinal, uma equipe motivada, com objetivos
claros e chefia participativa, entregará bons resultados.
Assim, o capital humano/intelectual é o maior patrimônio de sua organização; sem as pessoas, nossos
órgãos/entidades são apenas prédios vazios. Para o cidadão, vendo de fora, grande parte da insatisfação está
relacionada com a qualidade do relacionamento e da prestação de serviço dos servidores públicos. Porém,
culpar os servidores não é a melhor estratégia, já que isto pode ser o reflexo de situações internas ao órgão;
sendo assim, as organizações públicas estão renovando seus conceitos e exigindo servidores cada vez mais
capacitados, motivados, comprometidos e responsáveis como forma de garantir para a sociedade a entrega de
melhores produtos e serviços públicos. Implementar uma boa política de pessoas leva a organização a um ciclo
virtuoso em que a sociedade cobra melhores resultados, os gestores motivam suas equipes, e estas entregam
os resultados esperados.
FIGURA 1
Parece difícil? Como dissemos anteriormente, gerir pessoas não é fácil, mas esse é o papel da liderança:
apoiar-se em boas técnicas, dedicar-se ao aprendizado contínuo, e exercitar a empatia (trocar de lado com o
outro) é um ótimo começo para o processo da boa gestão de pessoas. Para ajudá-lo, iremos colocar a seguir
algumas “dicas”, mas, lembrem-se, o processo é contínuo e requer dedicação; no entanto, a recompensa é
imensa – ganha a equipe, por trabalhar em um ambiente saudável, com motivação, e ganha o líder, que alcança
os melhores resultados.
FIGURA 2
5.2 Recrutamento
Muito bem, chegamos aqui com uma nova visão sobre o papel do líder/gestor na condução de sua equipe. E
como aplicar esse conhecimento no combate a fraude e corrupção em sua organização? Bem, iniciamos pelo
processo de recrutamento da equipe, e a unidade responsável é o setor de Gestão de Pessoas (ou
departamento de pessoal ou diretoria de pessoas). Cabe a esse setor impulsionar, propor e coordenar iniciativas
e mecanismos institucionais de gestão do capital humano; realizar a análise e descrição de cargos; recrutar,
selecionar, admitir e desligar/ exonerar servidores; recolocar e redistribuir servidores; orientar e integrar novos
agentes; auxiliar na avaliação de desempenho e realizar progressões nas carreiras; treinar e desenvolver
pessoas.
Também é responsável por promover ações que tratem de questões relativas a relações de trabalho, clima
organizacional, absenteísmo, rotatividade, produtividade, comportamento dos servidores, inclusive ações que
trabalham motivação, liderança, poder, comunicação interpessoal, estrutura e processos de grupo,
aprendizagem, desenvolvimento e percepção de atitude, processo de mudanças e resolução de possíveis
conflitos que possam estar impedindo o desenvolvimento das equipes.
Muita coisa, não é? Por essa razão, a área de gestão de pessoas desempenha um papel importante no
combate a fraude e corrupção em uma organização. Para que sua política interna de combate a fraude seja
conhecida e respeitada, novos servidores devem ser recrutados com base em princípios de eficiência,
transparência e critérios objetivos, como o mérito, a equidade e a aptidão.
Na seleção, deve-se avaliar não somente a documentação prevista no edital de seleção, mas também sua
veracidade, além de verificar os antecedentes profissionais de candidatos a servidores, com o seu
consentimento. Profissionais que cometeram fraude e corrupção anteriormente em outros empregos podem ter
conduta desonesta em uma nova instituição. Essa avaliação deve ser realizada antes da contratação/término do
período probatório e nos casos de promoção para posições que envolvam alto risco de fraude e corrupção
(válido também para cargos de livre nomeação).
Os servidores devem assinar uma declaração de que se comprometem a informar à organização a ocorrência
de processos criminais ou financeiros contra a sua pessoa. Essa declaração deve fazer parte do compromisso
do servidor com o código de ética e conduta da organização.
Os processos de seleção para funções e cargos de direção devem ter critérios transparentes e resultados
divulgados, para que os servidores e partes interessadas exerçam indiretamente um controle das nomeações.
Em resumo:
· recrutamento com base com base em princípios de eficiência, transparência e critérios objetivos, como o
mérito, a equidade e a aptidão;
· seleção para funções e cargos de direção com critérios transparentes e resultados divulgados.
Um ponto muito importante a se destacar é a vedação ao nepotismo em suas diversas formas. A organização
deve estar atenta para identificar essas situações. É uma boa prática submeter o nomeado ou contratado a
termo de declaração de que a sua contratação não incorre nessa prática.
No âmbito federal, o Decreto nº 7.203/2010 dispõe sobre a vedação do nepotismo e a Súmula Vinculante 13 do
STF assim determina:
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos
poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
No desligamento do servidor da organização, medidas devem ser tomadas para garantir a segurança
organizacional, como a revogação de senhas de sistemas e e-mail corporativos e o recolhimento de crachá,
documentos, certificados digitais, uniformes e aparelhos eletrônicos.
Por fim, a organização deve assegurar que a sua área de pessoas ou o setor correspondente possua
documentação relativa aos procedimentos administrativos e disciplinares que devam ser adotados em casos de
fraude e corrupção.
5.3 Seleção e formação de dirigentes
Como já vimos, o papel de líder nas organizações é o foco principal na área de gestão de pessoas. O grande
desafio da liderança na atualidade é gerenciar o potencial de cada indivíduo, desenvolver habilidades latentes e
impulsionar o crescimento do servidor não só profissionalmente, mas também como cidadão.
Com isso, alterou-se o objeto de estudos da área de gestão de pessoas, de princípios de comando e controle,
com papéis rígidos e bem definidos (CHEFE), para a comunicação, a transparência de ação, a motivação e o
engajamento (LÍDER). No serviço público, a parceria e o trabalho integrado estão cada vez mais incorporados
às rotinas de trabalho, o que propicia um enxugamento da máquina pública ante o ganho de produtividade da
equipe.
Sendo assim, um dos pontos cruciais para se garantir a integridade de uma organização é o processo de
escolha dos seus dirigentes/líderes. Além de pessoas com habilidades e qualificações apropriadas para cada
função e estruturas adequadas, a Administração Pública precisa identificar e preparar adequadamente suas
lideranças, que devem ter perfis de formação e qualificação capazes de refletir a complexidade das funções
desempenhadas pela organização, bem como a diversidade do público a que pretende atender, além de
estarem comprometidas com a criação de uma cultura de intolerância à corrupção.
As competências de cada unidade organizacional devem ser claras e conhecidas, por meio da publicação de um
regimento ou estatuto interno e um organograma que especifiquem os níveis hierárquicos e as
responsabilidades dos ocupantes dos principais cargos.
FIGURA 3
Da mesma forma, as qualificações necessárias ou desejáveis para a ocupação dos cargos de direção devem
estar previamente definidas e ser divulgadas, para que interessados, especialmente servidores, tenham
conhecimento das exigências e expectativas e possam se preparar para eventuais oportunidades.
Embora não seja obrigatório, o estabelecimento de processo seletivo para o preenchimento de cargos de
direção e funções de confiança é uma prática que deve ser incentivada, pois permite ampliar as possibilidades
de seleção de profissionais que detenham as capacidades procuradas pela organização. Medida bastante
desejável é a inclusão de padrões de integridade como critério para seleção, avaliação e promoção de pessoal.
A percepção de que o comportamento íntegro é reconhecido pela organização pode estimular sua
internalização.
5.4 Renovação dos quadros de direção
É importante evitar que conhecimentos se percam quando as pessoas deixam de ocupar cargos de direção; no
entanto, a alta administração deve monitorar com cautela certos cargos sensíveis para prevenir riscos à
integridade da organização. Se uma mesma pessoa executa atividades vulneráveis por um longo tempo, o risco
de que ela desenvolva rotinas e relações indesejáveis com fornecedores ou outras partes interessadas aumenta
consideravelmente, o que, por sua vez, eleva o risco de violações de conduta.
Por outro lado, uma rotatividade excessiva de dirigentes pode prejudicar a organização, que depende, em
grande medida, dos conhecimentos adquiridos e das competências desenvolvidas ao longo do tempo. Deve-se
assegurar que a memória organizacional e os conhecimentos gerenciais não se percam quando administradores
que desempenham funções-chave são trocados.
Dessa forma, é necessário definir procedimentos para mitigar tais riscos. Uma sugestão é estabelecer prazos
máximos para o exercício da função/atividade e os critérios para a escolha do novo responsável, lembrando
sempre de dar publicidade a todo o processo.
5.5 Plano de capacitação
A aprendizagem humana pode ocorrer de várias maneiras. Borges-Andrade e Abbade Mourão (2006)
esclarecem que, nas organizações, nem todas as situações que geram aprendizagem são ações formais de
treinamento, desenvolvimento e educação. Além desses, os autores apresentam outros conceitos envolvendo
ações de indução de aprendizagem:
· Informação
Entendida como uma forma de indução de aprendizagem, pode ser definida como módulos ou unidades
organizadas de conteúdo, disponibilizadas em diferentes meios, com ênfase nas novas tecnologias da
informação e da comunicação. O acesso à informação pode ocorrer, por exemplo, por meio de portais
corporativos, links, bibliotecas virtuais, boletins, folhetos e similares.
· Instrução
A instrução pode ser definida como uma forma mais simples de estruturação de eventos de aprendizagem que
envolve definição de objetivos e aplicação de procedimentos instrucionais. É utilizada para a transmissão de
conhecimentos, habilidades e atitudes simples, por intermédio de eventos de curta duração, como aulas e
similares. Os materiais podem assumir a forma de cartilhas, manuais, roteiros etc.
· Treinamento
Existem, na literatura, várias definições sobre treinamento; entretanto, observa-se que, embora numerosas, elas
guardam grande coerência entre si. O Quadro 2, apresentado a seguir, sumariza algumas definições
encontradas na literatura.
QUADRO 2
Fonte: Borges-Andrade et al. (2006, p. 51).
· Desenvolvimento
Para Nadler (1984), a expressão desenvolvimento de recursos humanos tem uma única e identificada função:
refere-se à promoção de aprendizagem para empregados (ou não), visando a ajudar a organização no alcance
dos seus objetivos. O autor defende o uso dessa expressão porque nela estariam embutidos três importantes
conceitos – treinamento, desenvolvimento e educação. Ao estabelecer distinções isoladas para cada um desses
conceitos, Nadler define desenvolvimento como “aprendizagem voltada para o crescimento individual, sem
relação com um trabalho específico”.
· Educação
Programas ou conjuntos de eventos educacionais de média e longa duração que visam à formação e à
qualificação profissional contínuas dos funcionários. Incluem cursos técnicos profissionalizantes, cursos de
graduação, cursos de pós-graduação lato sensu (especialização) e stricto sensu (mestrado profissional,
mestrado acadêmico e doutorado).
Os gestores devem desenvolver habilidades que lhes permitam avaliar os riscos inerentes às suas atividades e
atuar de forma a garantir o desempenho eficaz e eficiente da organização.
Além disso, é importante que a alta administração institua mecanismos de avaliação periódica de todos os
dirigentes da organização, de modo a identificar falhas e gargalos que comprometam o desempenho
institucional e a integridade. Também é fundamental identificar deficiências técnicas que possam prejudicar a
integridade da instituição, principalmente entre os ocupantes de funções de risco. Além de mecanismos de
autoavaliação, de periodicidade regular, podem ser previstas, por exemplo, avaliações independentes por
entidades externas.
Resumindo:
· avaliar a gestão;
· qualificar a equipe.
Terminamos por aqui; existem muitos materiais sobre o assunto (recomendamos a consulta à bibliografia
apresentada); entre eles, trouxemos como minicaso uma apostila da Escola Nacional de Administração Pública
– Enap, que trata de planos de capacitação.
5.6 Minicaso
Link: https://www.gov.br/casacivil/pt-br/centrais-de-conteudo/downloads/guia-da-politica-de-governanca-publica.
5.7 Considerações finais
Cada vez mais as organizações necessitam de profissionais qualificados para mobilizar as capacidades
necessárias para a execução de ações e a geração de resultados efetivos.
Nessa linha, políticas e práticas de recursos humanos são incentivos positivos para a prevenção de fraude e
corrupção nas organizações. Assim, o fortalecimento do gerenciamento de pessoas baseia-se em princípios de
eficiência, eficácia e transparência e em critérios objetivos, como o mérito, a equidade e a aptidão.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU). Referencial de Combate a fraude e corrupção. Aplicável a órgãos
e entidades da Administração Pública. 2. ed. Brasília: TCU, 2018. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br
/data/files/A0/E0/EA/C7/21A1F6107AD96FE6F18818A8/Referencial_combate_fraude_corrupcao_2_edicao.pdf.