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Diário da República, 1.ª série — N.

º 87 — 7 de maio de 2018 1835

Artigo 4.º solo, dá-se particular atenção às áreas classificadas, cuja


Norma revogatória
valorização se promove através da elaboração de instru-
mentos de ordenamento claros e objetivos, bem como de
É revogada a alínea h) do artigo 6.º do Decreto-Lei planos de ação partilhados e integrados em modelos de
n.º 135-B/2017, de 3 de novembro. cogestão que permitam conciliar a dinamização desses ter-
ritórios com a conservação da natureza e da biodiversidade.
Artigo 5.º A importância de estancar a perda de biodiversidade
para a valorização do território é claramente expressa no
Entrada em vigor
Programa do XXI Governo Constitucional e assume espe-
O presente decreto-lei entra em vigor no dia seguinte cial relevo no contexto das alterações climáticas, devendo
ao da sua publicação. prosseguir-se objetivos de sustentabilidade na utilização e
afetação dos recursos biológicos e geológicos, através da
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 5 de minimização dos impactes e da valoração dos serviços dos
abril de 2018. — António Luís Santos da Costa — António ecossistemas em toda a cadeia produtiva, na perspetiva de
Manuel Veiga dos Santos Mendonça Mendes — Pedro uma economia mais circular para a manutenção e promoção
Manuel Dias de Jesus Marques — Manuel de Herédia da diversidade biológica.
Caldeira Cabral. Tendo em consideração os compromissos assumidos no
Promulgado em 24 de abril de 2018. âmbito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentá-
vel, nomeadamente no que respeita aos objetivos e metas
Publique-se. de implementação, o Plano Estratégico da Convenção sobre
O Presidente da República, MARCELO REBELO DE SOUSA. a Diversidade Biológica e a Estratégia da União Europeia
para a Biodiversidade, procura-se ainda consolidar um do-
Referendado em 27 de abril de 2018. cumento capaz de servir de referencial em relação aos desa-
O Primeiro-Ministro, António Luís Santos da Costa. fios que se impõem à República Portuguesa para o período
111312519 pós-2020, no contexto de seu enquadramento geopolítico.
Numa lógica de continuidade, reinterpretam-se os prin-
cípios adotados na Resolução do Conselho de Ministros
Resolução do Conselho de Ministros n.º 55/2018 n.º 152/2001, de 11 de outubro, à luz do contexto atual,
Portugal é reconhecidamente um país rico em património pondo agora em evidência três vértices estratégicos:
natural, detentor de espécies de flora e de fauna associadas i) Melhorar o estado de conservação do património
a uma grande variedade de ecossistemas, habitats e paisa- natural;
gens, e integra uma diversidade e riqueza muito relevantes ii) Promover o reconhecimento do valor do património
deste património no continente europeu, nos territórios natural; e
insulares macaronésios, nos ambientes costeiros e lito- iii) Fomentar a apropriação dos valores naturais e da
rais e nas profundidades oceânicas do nordeste Atlântico. biodiversidade pela sociedade.
A Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e
Biodiversidade para 2030 (ENCNB 2030) assenta no reco- Assim, prossegue-se uma visão de longo prazo que ali-
nhecimento de que o património natural português concorre cerça a melhoria do estado de conservação do património
decisivamente para a afirmação do país internacionalmente natural na progressiva apropriação do desígnio da biodiver-
e, deste modo, contribui para a concretização de um modelo sidade pela sociedade, por via do reconhecimento do seu
de desenvolvimento assente na valorização do seu terri- valor para o desenvolvimento do país e na prossecução de
tório e dos seus valores naturais. Neste mesmo sentido, o modelos de gestão mais próximos de quem está no território.
Programa do XXI Governo Constitucional estabelece que Com esta ambição, a ENCNB 2030 sistematiza objeti-
Portugal se deve posicionar na vanguarda da valorização vos ordenados por prioridades a prosseguir até 2030, que
económica da biodiversidade e dos serviços dos ecossis- se desdobram num conjunto de medidas de concretização,
temas, encarando-os como ativos estratégicos essenciais para as quais se definem indicadores, prioridades, prazos,
para a coesão territorial, social e intergeracional. meios de verificação, instrumentos e responsabilidades,
Com efeito, o paradigma atual da política ambiental num quadro de atuação em que o despovoamento dos ter-
nacional, fundado na valorização do território, na des- ritórios surge como importante ameaça à biodiversidade,
carbonização da economia e na promoção da economia a par da alteração dos sistemas naturais, exponenciada
circular, tem no seu centro as questões do emprego, que se pelas alterações climáticas e pela proliferação de espécies
quer mais qualificado, da geração de riqueza, que se exige exóticas invasoras. Identificam-se, ainda, as linhas de fi-
mais sustentável, e do aumento do bem-estar, que se deseja nanciamento existentes e o modelo de financiamento da
partilhado por todos. Esta ideia de partilha dos benefícios ENCNB 2030, baseado num plano geral de mobilização
gerados pelos recursos naturais e de participação na sua de investimento e despesa, que consiste no Plano de Ação
salvaguarda é reforçada na ENCNB 2030, assumindo a para a Conservação da Natureza e da Biodiversidade XXI.
mais-valia de uma política de proximidade, bem como a É criado um fórum intersectorial para acompanhar e
transversalidade das problemáticas que se colocam nos avaliar a implementação dessas medidas de concretização,
domínios da biodiversidade, da conservação da natureza, envolvendo diversas entidades públicas com responsa-
da agricultura, da floresta, do mar e do turismo de natu- bilidades diretas no âmbito da conservação da natureza
reza, que exigem uma abordagem integrada, convergente e biodiversidade, bem como da ciência e de tecnologia,
e colaborativa destes diferentes sectores de atividade e das sem prescindir da participação das autarquias locais e das
entidades governativas competentes. regiões autónomas. Por sua vez, o envolvimento da socie-
Num quadro de ação adequado à salvaguarda dos valo- dade civil fica desde já assegurado, sem prejuízo de outras
res naturais com base na matriz de uso e ocupação atual do formas a desenvolver, com a sua participação em sede de
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consulta pública, a qual será promovida em relação aos presentação nas instâncias internacionais e europeias, no
relatórios de avaliação intercalar e final da implementação âmbito da conservação da natureza e biodiversidade.
da ENCNB 2030.
Do processo de participação pública promovido no âm- 5 — Estabelecer que o fórum intersectorial aprova o
bito da elaboração da ENCNB 2030, que envolveu, durante seu regime de funcionamento para o período de vigência
o ano de 2017, para além da realização de consulta pública, da ENCNB 2030 e é constituído por um representante
um conjunto de cinco sessões de apresentação em diversas designado por cada uma das seguintes entidades:
localidades do país, foram tomados em consideração os a) ICNF, I. P., na qualidade de autoridade nacional para
contributos recebidos. Foram emitidos pareceres pelo Con- a conservação da natureza e biodiversidade, que coordena;
selho Consultivo do Instituto da Conservação da Natureza e b) Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I. P.;
das Florestas, I. P., e pelo Conselho Nacional de Ambiente c) Turismo de Portugal, I. P.;
e do Desenvolvimento Sustentável, nos termos, respetiva- d) Agência Portuguesa do Ambiente, I. P.;
mente, do n.º 7 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 135/2012, e) Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração
de 29 de junho, e do n.º 2 do artigo 2.º do Decreto-Lei Geral;
n.º 221/97, de 20 de agosto, nas suas redações atuais. f) Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e
Assim: Serviços Marítimos;
Nos termos da alínea g) do artigo 199.º da Constituição, g) Direção-Geral da Autoridade Marítima;
o Conselho de Ministros resolve: h) Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, I. P.;
1 — Aprovar a Estratégia Nacional de Conservação da i) Uma individualidade de reconhecido mérito no âmbito
Natureza e Biodiversidade 2030 (ENCNB 2030), anexa à da conservação da natureza e biodiversidade, designada pelo
presente resolução e que dela faz parte integrante. membro do Governo responsável pela área do ambiente;
2 — Determinar a elaboração, pelo Instituto da Conser- j) Uma individualidade de reconhecido mérito no âmbito
vação da Natureza e das Florestas, I. P. (ICNF, I. P.), do da conservação da natureza e biodiversidade, designada
Plano de Ação para a Conservação da Natureza e Biodi- pela Associação Nacional de Municípios Portugueses;
versidade XXI que identifica as fontes de financiamento e k) Outras entidades públicas ou privadas que devam ser
os recursos financeiros necessários para a implementação convidadas, atentas as respetivas competências, em função
da ENCNB 2030. das matérias em discussão;
3 — Determinar a elaboração, pelo ICNF, I. P., de um
relatório de avaliação intercalar e de um relatório de ava- 6 — Podem ainda ser convidadas outras entidades, sem-
liação final da implementação da ENCNB 2030, os quais pre que justificado em função das matérias em discussão.
devem ser: 7 — Prever que os governos das Regiões Autónomas
a) Sujeitos a consulta pública, por prazo não inferior a dos Açores e da Madeira podem, querendo, fazer-se repre-
30 dias, e a parecer do Conselho Nacional do Ambiente e sentar no fórum referido no número anterior.
do Desenvolvimento Sustentável; 8 — Determinar que o apoio técnico e logístico ao fó-
b) Compostos por propostas e recomendações de medi- rum intersectorial é prestado pelo ICNF, I. P.
das a adotar, a rever ou a incrementar para a concretização 9 — Revogar as Resoluções do Conselho de Ministros
dos objetivos da Estratégia, incluindo a revisão de instru- n.os 41/99, de 17 de maio, e 152/2001, de 11 de outubro.
mentos de planeamento estratégico sectoriais ou a elabo- 10 — Estabelecer que a presente resolução entra em
ração de planos de ação adicionais, quando necessário; vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
c) Apresentados até aos dias 31 de julho de 2023 e 31 Presidência do Conselho de Ministros, 5 de abril de
de julho de 2031, respetivamente, ao fórum intersectorial 2018. — O Primeiro-Ministro, António Luís Santos da Costa.
referido no número seguinte.
ANEXO
4 — Determinar a criação de um fórum intersectorial
para a ENCNB 2030, com a missão de: (a que se refere o n.º 1)

a) Fomentar a cooperação institucional na implemen- Estratégia Nacional de Conservação da Natureza


tação da ENCNB 2030; e Biodiversidade 2030
b) Promover o envolvimento e a concertação de propos-
Introdução
tas das diferentes áreas governativas, visando a integração
e a concretização da ENCNB 2030 de forma adequada, nos A Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e
diferentes planos, programas e políticas sectoriais; Biodiversidade 2030 (ENCNB 2030) é um instrumento
c) Participar na elaboração do Plano de Ação para a fundamental da prossecução da política de ambiente e de
Conservação da Natureza e Biodiversidade XXI, com a resposta às responsabilidades nacionais e internacionais
colaboração do ICNF, I. P., que identifica as fontes de de reduzir a perda de biodiversidade.
financiamento e os recursos financeiros necessários para A avaliação realizada à escala regional e global eviden-
a implementação da ENCNB 2030, bem como proceder à cia, de modo crescente, que a prosperidade económica e o
respetiva validação e ao acompanhamento da sua execução; bem-estar da sociedade são suportados pelo capital natural,
d) Proceder à avaliação da implementação da o que inclui os ecossistemas e os seus serviços, cuja fun-
ENCNB 2030 e dos resultados alcançados que contribuam cionalidade depende, em larga escala, da utilização sus-
para a execução das medidas de concretização definidas, tentável e eficiente dos recursos naturais. Neste contexto,
através da adoção dos relatórios referidos no número an- a conservação da natureza e da biodiversidade assume-se
terior e respetiva apresentação ao membro do Governo como um fator de competitividade e de valorização das
responsável pela área do ambiente; atividades económicas e como motor de desenvolvimento
e) Promover a articulação com os serviços competentes local e regional, sendo imprescindível a sua integração nas
do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em sede de re- políticas sectoriais relevantes.
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É esta a aposta que se quer agora reforçar com o apu- tats) e cerca de 9 % do território continental delimitado
ramento da ENCNB adotada em 2001, em linha com uma como Zona de Proteção Especial (Diretiva Aves). A este
economia que se pretende progressivamente mais circular valor acrescerão as áreas marinhas de especial valor para
e mais eficiente em termos de consumo e uso dos recursos, a conservação da natureza, que, no futuro, representarão
baseada nas possibilidades endógenas do país e, em espe- cerca de 23 000 km2.
cial, no conhecimento, na capacitação e na mobilização • Apresenta 320 geossítios identificados e classificados,
do nosso capital natural. de valor científico de relevância nacional e internacional,
Este documento foi produzido tendo por base as reco- bem como quatro Geoparques Mundiais da UNESCO, o que
mendações do Relatório Nacional de Avaliação da Exe- revela a sua riqueza em termos de património geológico.
cução da ENCNB produzido em 2009, os compromissos
nacionais estabelecidos sucessivamente por Portugal nos Segundo dados da União Internacional da Conservação
diversos palcos — bilateral, União Europeia (UE), Orga- da Natureza (International Union for the Conservation
nização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico of Nature/IUCN), em Portugal encontram representação
(OCDE) e Nações Unidas —, em matéria de política de 35 000 espécies de animais e plantas, ou seja, 22 % da
biodiversidade e conservação da natureza, o quadro ma- totalidade de espécies descritas na Europa e 2 % das do
croeconómico e financeiro do país na próxima década e as mundo, o que dá bem a ideia da variabilidade existente. A
grandes apostas políticas nacionais no sentido de reforçar a título de exemplo, refira-se que Espanha possui uma área
centralidade da política de ambiente e no próprio processo cinco vezes maior que Portugal Continental e apresenta
de desenvolvimento do país. 54 % das espécies da Europa e 5 % do mundo.
Em termos estruturais, a ENCNB 2030 é composta por Estes números ilustram bem a riqueza do país, em ma-
seis capítulos. téria de biodiversidade, designadamente quando se toma
No primeiro capítulo encontra-se uma leitura atual so- em conta a sua dimensão a nível europeu e a quantidade
bre o país, a sua biodiversidade e o seu capital natural; de espécies que se encontram no seu território, muito de-
no segundo apresenta-se um diagnóstico e a situação de vido à sua localização geográfica, na bacia mediterrânica
referência do património natural português; e no terceiro fronteira ao Atlântico.
enuncia-se a ambição e a visão para a conservação da Os valores naturais em presença no território português
natureza e da biodiversidade. A componente estratégica implicam a correspondente responsabilidade pela manu-
é desenvolvida no capítulo quarto e as componentes ope- tenção ou recuperação do adequado estado de conservação
racionais estão contidas nos capítulos cinco e seis, onde de habitats e espécies, quer para os valores endémicos (das
são apresentados, respetivamente, os financiamentos e os 5894 espécies acompanhadas pela IUCN, 22 % estão em
recursos, bem como a governação e o acompanhamento Portugal e 15 % destas têm um estatuto de ameaçadas),
da implementação da Estratégia. quer para espécies migratórias de aves e animais marinhos
que fazem uso das condições oferecidas pelo país nas suas
1 — Portugal, Biodiversidade e Capital Natural rotas, bem como pela conservação dos geossítios.
Uma Leitura Atual Pese embora se tenha atingido um estágio consolidado
das áreas que melhor representam o património natural
1.1 — Portugal é um país rico em biodiversidade português, designadamente espécies e habitats, subsiste
Portugal possui, quando comparado com outros países por dar o derradeiro passo na consolidação dos Sítios de
europeus, uma grande diversidade de paisagens, património Importância Comunitária (SIC) em área marinha.
geológico, e biodiversidade (espécies, habitats, ecossis- Há também a necessidade de assegurar que o património
temas), destacando-se dentro desta um elevado número geológico português esteja salvaguardado pelos necessá-
de endemismos e de espécies relíquia do ponto de vista rios instrumentos de proteção e gestão territorial.
biogeográfico e/ou genético. Este manancial complexo de elevada bio e geodiver-
Esta situação privilegiada é consequência da sua locali- sidade suporta um conjunto de serviços dos ecossiste-
zação e contexto biogeográfico e das suas condicionantes mas, reais ou potenciais, mas ainda insuficientemente
geofísicas, para ela contribuindo também a singularidade (re)conhecidos, avaliados e contabilizados, os quais, no seu
dos territórios insulares, situados no Oceano Atlântico e conjunto, agregam o capital natural do país. Num território
inseridos na região macaronésia, e a extensa superfície e profundamente moldado pela presença e pela atividade
a diversidade de ecossistemas marinhos, coluna de água humana desde há séculos, todo este capital natural está
e leitos oceânicos profundos do espaço marítimo, sob ju- intimamente ajustado a um vasto e ancestral património
risdição nacional. histórico e cultural, constituindo um fator diferenciador
Portugal é reconhecidamente um país rico no que toca e valorizador incontornável do território nacional e, por
ao seu património natural, terrestre e marinho. Esta é uma essa via, de afirmação de identidade e soberania a nível
afirmação indiscutível a nível mundial e sobretudo a nível europeu e mundial.
europeu. Atente-se que Portugal: É neste contexto, associado a um território e a uma
estrutura fundiária predominantemente detida por proprie-
• É o 10.º classificado na UE-28 em percentagem de área tários, produtores e gestores privados, designadamente o
integrada na Rede Natura 2000 (a Eslovénia é o 1.º país que abrange o Sistema Nacional de Áreas Classificadas
desta lista com cerca de 38 % da sua superfície classificada (SNAC), que deverá ser prosseguido o desafio da meta de
e a Dinamarca o país com menor área, com cerca de 8 %). estancar a perda da biodiversidade nacional, aprofundando
• Apresenta cerca de 22 % da sua área territorial terres- a sua conservação e utilização sustentável e promovendo
tre integrada na Rede Natura 2000 (média UE-28: 18 % a respetiva valorização, apropriação e reconhecimento por
Espanha: 27 %). todos os agentes e pela sociedade. Neste âmbito, deverá
• Possui cerca de 16 000 km2 (equivalente a cerca de dar-se enfoque aos benefícios que decorrem dos serviços
18 % do território continental) que estão classificados fornecidos por ecossistemas saudáveis, nomeadamente
como Sítio de Importância Comunitária (Diretiva Habi- para a natureza, as pessoas e a economia.
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1.2 — O património natural é um ativo estratégico do país técnico, a divulgação dos valores existentes e a sua apro-
A plataforma Intergovernmental Science-Policy Pla- priação por parte dos cidadãos abrem o caminho para um
tform on Biodiversity and Ecosystem Services vem realçar novo posicionamento neste domínio.
a importância de proteger a biodiversidade e de conter os Assim, assumir as áreas protegidas e classificadas como
ativos estratégicos do território constitui um dos vetores
processos que vêm conduzindo à sua perda, aliás como é
fundamentais da política de conservação da natureza e
recomendado na revisão da Convenção para a Diversidade
biodiversidade a prosseguir.
Biológica, em 2011. Torna-se, por isso, um objetivo premente alterar a per-
Efetivamente, há muito que se superou o paradigma ceção negativa que é usualmente tida destas áreas que
puramente ‘conservacionista’ em que a proteção se exercia contribuem para um desenvolvimento sustentável e dura-
pela negativa, pela proibição de usos e pela ocultação dos douro da «nossa casa comum», designadamente através
valores. Embora esse percurso muito tenha contribuído das funções de sequestro do carbono, da manutenção da
para a conservação e manutenção das características distin- biodiversidade, da valorização do território e da paisagem,
tivas de cada uma das áreas protegidas e dos seus valores, do aproveitamento dos recursos endógenos.
também contribuiu para a sua «neutralização», não as A consideração da diversidade biológica, enquanto ativo
incorporando no processo de desenvolvimento. estratégico, revela então uma múltipla função: por um lado,
Hoje em dia, a biodiversidade e a conservação da natureza a de proteção dos seus valores intrínsecos e, por outro, a
têm que ser encaradas como uma oportunidade ou uma solu- da sua valoração social e económica.
ção para determinados territórios, desempenhando um papel Esta valoração é possível através da mobilização dos
crucial, designadamente no contexto dos processos de adap- fatores de produção que se concentram nas áreas mais
tação às alterações climáticas, ao mesmo tempo que as áreas representativas para a conservação da natureza e biodi-
protegidas são hoje entendidas como ativos estratégicos em versidade e que não estão a ser devidamente aproveitados,
que, em maior ou menor grau, a presença das atividades hu- assim como da sua incorporação nas cadeias de valor dos
manas é essencial para manter os valores que as caraterizam. produtos e das atividades: as pessoas e as atividades que
A gestão das atividades humanas é parte essencial dos desenvolvem, os recursos únicos e emblemáticos, a pai-
equilíbrios naturais. Se não há pessoas, não há quem cuide, sagem, a cultura e os «saber fazer», as infraestruturas e
se não há atividade, não há quem aproveite os recursos e os equipamentos. Em suma, a valoração que decorre dos
valores deste património e contenha os processos de perda benefícios resultantes da atividade económica que estes
de biodiversidade, cada vez mais ameaçada pelos processos bens são capazes de gerar.
que decorrem das alterações climáticas. Curiosamente, o
inverso leva a idênticos resultados: se há muitas pessoas 1.3 — Portugal confronta-se com um grande desafio: apropriar
ou sobreutilização e se não existe uma adequada gestão e conhecer para gerir melhor
da visitação, não há quem aproveite verdadeiramente os
valores e os recursos deste património, acelerando os pro- Estas vastas áreas do território nacional e, muito em
cessos de perda de biodiversidade. particular, a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP)
Em conjunto, é preciso criar condições de equilíbrio: para são uma realidade incontornável que deve ter «desta-
fixar as pessoas e controlar a pressão humana, para promover que no mapa». Reúnem, no seu conjunto, um patrimó-
e gerir a visitação e a fruição das áreas naturais, dinamizando nio nacional do qual o país se deve apropriar e colocar
modelos de desenvolvimento económico adequados aos va- ao serviço das pessoas e da sua economia, conscien-
tes de que tal património é um fator distintivo do país,
lores existentes que valorizem os serviços de ecossistemas.
como o são a sua cultura e paz social, contribuindo tam-
Este equilíbrio deverá ser atingido através de uma dis-
bém para a sua projeção no panorama internacional.
criminação positiva, de implementação de projetos que Sendo Portugal, reconhecidamente, um país rico no que
assentem nos recursos locais únicos e irrepetíveis e que toca ao seu património natural, terrestre e marinho e porque
lhes acrescentem valor. se pretende projetar o património natural como um ativo es-
Hoje é reconhecido que as principais ameaças ambientais tratégico do país são três os vetores a adotar na política de con-
que se colocam na atualidade prendem-se com os processos servação da natureza e biodiversidade, nas próximas décadas:
das alterações climáticas e a perda de biodiversidade, pelo
que se impõe uma ação articulada e mais orientada para a
realidade objetiva das espécies, dos habitats e da ação do 1.3.1 — A apropriação das áreas classificadas pelas pessoas
e a gestão de proximidade
próprio homem naquilo em que cria relações simbióticas
com a natureza. As áreas classificadas são manifestações singulares dos
Paralelamente, a preservação e a promoção dos bens e valores e recursos que têm sofrido abandono que afeta vas-
valores da biodiversidade e da conservação da natureza, tas áreas rurais, levando à alteração de equilíbrios naturais
marcados pela índole do seu interesse público, geram que se julgavam perenes e autossustentados per se.
condicionantes e custos adicionais para as populações É conhecida a regressão populacional que o país tem
residentes que o Estado atenua através da atribuição de vindo a sofrer, com particular impacte nas regiões de mon-
determinados benefícios — benefícios que, em primeira tanha e de fronteira, onde coincidentemente se localizam
mão, se traduzem em investimento público diretamente boa parte das áreas protegidas. A regressão demográfica
aplicado, mas também, e cada vez mais, na procura das nos territórios de menor densidade afeta também as áreas
externalidades positivas que será possível produzir, com protegidas que vêm perdendo pessoas — um dos recursos
o envolvimento de outros agentes e parceiros. Estão em determinantes para a sua conservação. Com efeito, os dados
causa parceiros como os municípios, as organizações não- do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que a
-governamentais (ONG), as universidades e politécnicos, regressão de população nos territórios de baixa densidade
bem como as associações profissionais e representativas onde existem áreas protegidas esteve em linha com os
dos sectores económicos, entre outros. demais, situando-se em média nos 10 % entre o período
O reconhecimento do carácter inamovível dos valores de 2001 e 2011. Todavia, no interior das áreas protegidas
e recursos, o incremento do conhecimento científico e essa regressão foi de quase 20 %.
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As pessoas e as atividades que desenvolvem são um socioculturais e económicos, para as quais as entidades
elemento distintivo de cada ecossistema, assegurando, que estão no território detêm, reconhecidamente, uma
quando em harmonia, os equilíbrios simbióticos que se capacidade de mobilização e interação que a proximidade
construíram ao longo dos tempos. São ainda manifestações e conhecimento do território lhes confere.
singulares de uma realidade social e cultural e são o sinal Nesse sentido, os municípios são as entidades que me-
da vitalidade de cada região. Também quem procura a lhor agregam as expectativas e oportunidades locais, pelo
fruição de áreas naturais parte ao encontro dessa realidade que, com a permanência com que interagem com os ter-
integral que resulta da convivência harmoniosa entre as ritórios sob sua jurisdição, constituem-se como parceiros
atividades humanas e a natureza. essenciais para a gestão de proximidade e a dinamização
O despovoamento é uma tendência pesada, pelo que é das valências socioculturais e económicas que concorram
necessário continuar na procura de soluções que permitam para a valorização das áreas protegidas.
o acesso aos bens e serviços de que as pessoas dependem, Ao mesmo tempo, há manifestações várias da vontade
sobretudo ao trabalho. Há que encontrar alternativas de das autarquias em desempenhar um papel mais interventivo
desenvolvimento que considerem as mais-valias das ame- na gestão dos territórios que lhe estão confiados, incluindo
nidades ambientais e a salvaguarda do património natural. aqueles que estão integrados em áreas protegidas. Mas há, so-
Os resultados obtidos pelo Instituto de Conservação bretudo, uma nova cultura que reconhece os valores em que
da Natureza e das Florestas (ICNF), ao longo dos anos, assenta a conservação da natureza e que reconhece o retorno
evidenciam um aumento consistente do número total de social e económico de uma gestão que os acautele e mobilize.
visitantes nas áreas protegidas. Em 2014, esse total as- Pretende-se instituir uma dinâmica de gestão de proxi-
cendeu aos 215 327 visitantes, em 2015 aos 296 799 e em midade, em que as diferentes entidades colocam ao serviço
2016 atingiram-se as 341 747 visitas. Note-se que, pela das áreas protegidas o que de melhor têm para oferecer
dificuldade de apuramento do número de visitantes nas no quadro das suas competências e atribuições, pelo que
áreas protegidas, estes resultados são realizados de forma se adotará, de forma progressiva, um modelo de gestão
sistemática, envolvendo a contabilização dos visitantes participativo, colaborativo e articulado em cada uma destas
a estruturas de receção do ICNF, os visitantes em visitas áreas, juntando neste desiderato a autoridade nacional para
guiadas, os participantes em diversos eventos — quer os a conservação da natureza e biodiversidade, os municípios
organizados por terceiros e autorizados pelo ICNF ou em e quem, pelo conhecimento técnico-científico aplicado
parceria com o ICNF, quer apenas os organizados pelo nestas áreas, possa contribuir para este fim.
ICNF — e os participantes em ações de voluntariado. Estes A riqueza do país em matéria de biodiversidade, bem
números evidenciam o crescimento acelerado da procura como a responsabilidade pela manutenção do adequado
destas áreas e o valor acrescentado dos bens e serviços que estado de conservação dos habitats e espécies constituem
têm génese nas áreas protegidas. um desafio imenso que se coloca ao Estado Português, mas
Importa fazer uso das oportunidades existentes, realçando- também às autarquias, às empresas, às Organizações Não
-se a crescente sensibilidade geral para o ambiente, acom- Governamentais de Ambiente (ONGA), aos investigadores,
panhado da progressiva notoriedade internacional dos em suma, a todos os cidadãos.
valores naturais e biodiversidade do país que deve ser Foi formulado um protótipo para uma nova gestão das
potenciada, alavancando instrumentos como o Natural.PT, áreas protegidas da Rede Nacional através do Projeto Piloto
que promove as áreas protegidas e contribui para projetar para a Gestão Colaborativa do Parque Natural do Tejo In-
os produtos e serviços regionais produzidos nessas áreas. ternacional, envolvendo os três municípios que aí têm terri-
Interessa também reforçar os sinais da presença do pró- tório, o ICNF, a Quercus, o Instituto Politécnico de Castelo
prio Estado nos territórios por ele administrados, evitando Branco e a Associação Empresarial de Castelo Branco.
ser associado ao sentimento de abandono, ao mesmo tempo Um ano após o início deste projeto serão avaliados os seus
que é preciso uma atitude vigilante, orientada para a defesa resultados, havendo um elevado grau de confiança que a
dos valores, mas também para a sua promoção e valorização. nova forma de gestão, colaborativa, participativa e de maior
Complementarmente, é importante levar mais além este proximidade poderá ser aplicada a outras áreas protegidas,
propósito, tornando mais próxima a gestão das áreas prote- com as alterações legislativas que for necessário realizar.
gidas daqueles que estão no território, permitindo uma me- Estão em causa 8 % do território continental que reúne
lhor leitura dos seus desafios e adaptabilidade das soluções. o conjunto mais representativo dos valores do património
Efetivamente, a gestão das áreas protegidas abrange natural e paisagístico.
dimensões relevantes no domínio ambiental, económico e É imperioso mobilizar estes ativos, onde a gestão das
social, que se complementam e que carecem de uma gestão atividades humanas é essencial para manter os valores
articulada e orientada para o propósito da sua valorização que as caraterizam, com base numa nova cultura que é
e aproveitamento. sensível às questões ambientais, reconhece os valores da
Na prossecução da política ambiental, as áreas protegi- conservação da natureza e o retorno social e económico
das constituem a infraestrutura indispensável para a concre- proveniente de um modelo de cogestão.
tização dos propósitos da conservação da natureza, tendo
o ICNF, enquanto autoridade nacional para a conservação 1.3.2 — O conhecimento
da natureza e biodiversidade, a missão de assegurar o cum-
primento das obrigações internacionais e nacionais neste Parte primordial de uma estratégia bem-sucedida para
domínio, a salvaguarda da RNAP, através do seu planea- intervir numa dada área advém do domínio do conheci-
mento integrado e articulado, assim como a concretização mento que sobre a mesma se possa exercer. Para tornar
dos objetivos transversais no domínio das ações de con- possível encarar uma realidade e sobre ela atuar, é neces-
servação ativa e de monitorização de espécies e habitats. sário saber caracterizá-la, determinar o propósito a atingir
A determinação de valorizar a RNAP, como uma rede e, perante as possibilidades e instrumentos disponíveis para
coerente e consistente, não pode esquecer que a gestão sobre ela agir, gizar uma estratégia de ação.
particular de cada área protegida encerra especificidades O nível do conhecimento que se detém do património
próprias decorrentes dos seus valores naturais, mas também natural fragiliza a tomada de decisão. Portugal possui um
1840 Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018

quadro de referência na caracterização dos habitats naturais Ao mesmo tempo, é necessário articular e conjugar os
com cerca de 20 anos de idade. Durante este tempo não foram instrumentos de gestão territorial. A desejada articulação
constituídos instrumentos sistémicos e perenes de monitori- tem de ir ao encontro da gestão do território no que ao
zação, pelo que, salvo algumas exceções, a informação em planeamento municipal diz respeito, assim como da consi-
que hoje o país se sustenta para determinar o «estado atual deração dos planos de gestão dos SIC da Rede Natura 2000,
de conservação dos habitats e espécies» é de base pericial. assegurando a cabal salvaguarda e proteção dos valores e
Por outro lado, a gestão da RNAP assenta em instrumen- recursos nacionais.
tos de planeamento com uma média de idades de cerca de Em matéria de ordenamento do território, o modelo que
10 anos. Acresce que se verifica um desvio de seis anos na tem sido prosseguido no país tem por base uma progres-
constituição das Zonas Especiais de Conservação (ZEC), siva capacitação dos municípios, em nada comparável à
que são a consequência da delimitação dos SIC integrados existente na década de 90, ao mesmo tempo que, ao nível
na Rede Natura 2000, sendo que este processo acarreta, nacional, se elaboraram os instrumentos de planeamento
necessariamente, a atualização da cartografia de habitats e que estabelecem as diretivas e os regimes normativos em
a identificação do estado de conservação dos habitats. função dos princípios e objetivos que prosseguem.
Em suma, a informação sobre o estado de conservação A Lei n.º 31/2014, de 30 de maio, que aprovou as bases
dos habitats é frágil e os instrumentos de gestão do terri- gerais da política pública de solos, de ordenamento do
tório carecem de ser, em alguns casos, atualizados. território e de urbanismo, determinou que os planos espe-
Em particular, os níveis de conhecimento e de sistema- ciais de ordenamento do território fossem reconduzidos a
tização do conhecimento sobre a biodiversidade marinha e programas, já desprovidos da eficácia plurissubjetiva de
sobre a estrutura, o funcionamento e a expressão espacial que aqueles planos dispõem. No sentido de salvaguardar
dos ecossistemas marinhos, numa área sobre jurisdição os recursos e valores que enformam as regras dos planos
nacional muito vasta e abrangendo profundidades oceâni- especiais, mais determinou a obrigatoriedade de proceder
cas significativas, exigem um investimento particular que à integração do conteúdo dos planos especiais de ordena-
aprofunde os esforços já feitos nos últimos anos no sentido mento do território nos planos territoriais intermunicipais
de colmatar as lacunas de conhecimento mais relevantes. ou municipais, diretamente vinculativos dos particulares.
Em 2008, numa negociação liderada por Portugal, foram A aplicação prática do referido regime jurídico levou
globalmente adotados os critérios dos Açores («Orientação à identificação de situações de fronteira que é necessário
e critérios científicos dos Açores para identificação de áreas acautelar, na medida em que há requisitos regulamentares
marinhas ecológica ou biologicamente significativas e con- nos referidos planos especiais que estão fora do âmbito
ceção de redes representativas de áreas marinhas protegidas material e substantivo dos Planos Diretores Municipais
em oceano aberto e mar profundo», Anexos I e II da Deci- (PDM). São requisitos que se encontram nesta situação por
são IX/20 da CDB) para identificação de EBSA — Áreas força da sua própria natureza e especificidade ou porque
Marinhas com Significado Ecológico ou Biológico —, um extravasam as fronteiras territoriais do mesmo. A realidade
contributo da Convenção sobre a Diversidade Biológica demonstrará que os planos de gestão dos SIC da Rede
(CDB) à Assembleia Geral das Nações Unidas para a con- Natural 2000, que abrangem 90 % das áreas protegidas, se
servação e utilização sustentável do meio marinho. afirmarão como os instrumentos apropriados para a gestão
Este processo procede à identificação de áreas com valor do estado de conservação dos habitats e espécies.
natural relevante, mas não classifica áreas protegidas, nem Interessa ainda encontrar mecanismos de monitorização
impõe às áreas medidas de gestão espacial ou sectorial. que permitam uma avaliação mais regular do estado de
As autoridades nacionais iniciaram o processo de «Iden- conservação dos valores naturais, ainda que os indicadores
tificação e sustentação científica de Áreas Marinhas com possam ser indiretos ou centrados em valores que sejam
Significado Ecológico e Biológico», em território sob ju- mais relevantes num quadro global de valores ou mais
risdição nacional, tendo já sido submetidas ao Secretariado representativos de um todo.
da CDB as EBSA Madeira Tore e Meteor, estando outras Pretende-se, com esta abordagem, criar uma dinâmica
duas áreas em fase de preparação. proativa de gestão da conservação da natureza e da biodi-
Há que tomar diligências que permitam ultrapassar, versidade, assente na informação e no conhecimento.
rapidamente, o défice de informação atualizada, de modo Está em curso a elaboração de todos os Programas Especiais
a se proceder a uma avaliação criteriosa de prioridades, do Parque Nacional e dos Parques Naturais, no total de 14.
uma definição esclarecida de objetivos e metas que se Os mesmos serão acompanhados muito proximamente
pretendem atingir e a sustentar modelos de gestão assentes e articulados com os respetivos Conselhos Estratégicos
em dados de terreno. das Áreas Protegidas, que incluem entidades associativas
Para tal, estão em curso os processos tendentes à elabo- e empresariais dos sectores considerados relevantes no
ração da cartografia dos habitats e dos planos de gestão dos contexto da área protegida em causa. Os Programas Espe-
61 SIC da Rede Natura 2000, abrangendo cerca de 22 % ciais estão a ser elaborados por equipas internas do ICNF
do território e 90 % das áreas protegidas. Com a sua ela- e têm um prazo de elaboração de ano e meio.
boração o país passará a dispor de informação atualizada Este esforço significativo na elaboração de Programas
sobre o estado de conservação dos seus habitats e espécies Especiais contém, em si mesmo, dois objetivos principais:
e a beneficiar dos instrumentos apropriados, pela sua es- dispor de instrumentos de planeamento e programação atu-
pecificidade, para a gestão do seu estado de conservação, alizados para a gestão e salvaguarda de recursos e valores
permitindo ainda a obtenção do estatuto de ZEC. naturais de expressão nacional, assim como assegurar a
Apesar de existir um inventário do património geológico boa implementação do sistema de gestão territorial aos
português, não foram tomadas medidas para a sua gestão. É diversos níveis.
necessário proceder à delimitação detalhada dos geossítios,
identificar o respetivo grau de conservação e os geoindica- 1.3.3 — A articulação de políticas
dores que possam ser usados na sua monitorização e ainda
definir usos potenciais para garantir a utilização sustentável As áreas classificadas funcionam em rede e com inter-
do património geológico por parte da sociedade. conexões que têm de ser salvaguardadas. Se é certo que
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018 1841

18 % do território continental está classificado como SIC, É nesta realidade transversal que a conservação da na-
percebe-se a relevância da restante área do país para o tureza se desdobra, ganhando escala e uma ação efetiva,
desígnio da conservação da natureza. pelo que este é um desafio de articulação essencial.
Os SIC não são mais do que áreas onde há uma maior É aqui que, uma vez mais, a atuação dos municípios,
representatividade de valores que se distinguem numa área mas também das ONGA e da Academia, bem como a sua
maior. Percebe-se, então, que a conservação da natureza apropriação por esta realidade, fundamenta um novo olhar
não se esgota nestas áreas de valor excecional e que entre para o papel que as autoridades do território poderão ter
elas há um efeito de rede, alicerçada em interconexões que no contexto da conservação da natureza.
têm de ser garantidas. É necessário tornar efetivas as medidas traduzidas para
Por outro lado, as práticas sectoriais na agricultura, as políticas de âmbito sectorial.
nas florestas, no mar e no turismo são essenciais para a Os instrumentos de política agrícola, florestal, do mar
conservação da natureza. Os sítios com interesse para a e do turismo são fundamentais para a concretização de
conservação da natureza são áreas onde a prática agrossil- medidas orientadas para a conservação do património na-
vopastoril, florestal, piscatória e turística são uma realidade tural. O modelo vigente tem ido no sentido dos incentivos
material e desejável. a determinadas práticas serem integrados nos respetivos
Não há políticas de conservação da natureza operativas sectores, de modo a haver uma efetiva articulação com os
sem uma integração e efetiva promoção das mesmas nos ins-
principais eixos de atuação. Reforça-se que este modelo
trumentos que levam à prática de políticas sectoriais, nome-
adamente na agricultura, no mar, no turismo e nas florestas. é o correto e a concretização desta expectativa ditará se a
Esta integração no sector florestal é, hoje, uma rea- sua bondade é real.
lidade administrativa pelo facto da autoridade nacional Há oportunidades nos apoios ao desenvolvimento rural
florestal e da conservação da natureza e biodiversidade cuja concretização é essencial, designadamente aquelas
ser partilhada, mas impõe-se uma maior articulação de que se dirigem à gestão do habitat agrícola. No domínio
propósitos, meios e instrumentos para que se alcancem mais direto da floresta há uma convergência de propósitos
mais e melhores resultados. que é facilitada pela gestão conjunta com a conservação
A atual Política Comum de Pescas e as metas da UE da natureza. É importante prosseguir com o esforço de
nesta área impõem objetivos de sustentabilidade reforçados articulação de estratégias no domínio da floresta, que é,
para este sector, cuja concretização carece de uma melhor em si mesmo, um importante vetor para a sustentação e
articulação com a presente Estratégia. conectividade de ecossistemas.
Do mesmo modo, será necessário aprofundar esta ar- Na sequência dos incêndios de 2016 que afetaram
ticulação relativamente ao espaço marítimo nacional, de- significativamente o Parque Nacional da Peneda-Gerês
signadamente ao nível do estudo dos ecossistemas, da (PNPG) foi formulado o Plano-Piloto para o PNPG, no
definição do «Bom Estado Ambiental» das águas marinhas, âmbito do qual sobressaem dois projetos de manifesto
a valorização das funções e monitorização dos recursos e interesse público: a melhoria das comunicações móveis,
da promoção e conservação do ambiente e da biodiversi- envolvendo três operadores de telecomunicações, a EDP
dade marinha. Distribuição e cinco municípios, permitindo a colocação
Os exemplos melhor sucedidos de promoção de políti- em funcionamento de seis estações até final de 2017 e
cas de conservação da natureza, porque de longo alcance as restantes duas até dezembro de 2018; a contratação
e estabilidade, encontram a sua explicação na articulação de 10 equipas para reforçar a ação do Corpo Nacional
intersectorial e multinível. de Agentes Florestais (CNAF), no total de 50 efetivos, e
Por outro lado, compreende-se hoje que a biodiversidade respetivos equipamentos.
não é um exclusivo de zonas rurais — a biodiversidade Este Plano-Piloto inclui ainda projetos de restauro das
também tem expressão nas áreas urbanas. É cada vez mais matas nacionais ardidas (Mezio e Ramiscal), de prevenção
reconhecida a importância de uma estrutura ecológica es- e proteção de habitats da Mata Nacional do Gerês e ainda
truturada e interligada, para melhorar a qualidade de vida a preservação de núcleos únicos de pinheiro-silvestre e de
das cidades e respetivas zonas periurbanas. teixiais. As intervenções físicas deste Plano-Piloto rondam
A biodiversidade existe num parque nacional, mas tam- uma área de 7000 ha, sendo que 6000 ha afetam muito
bém numa parcela agrícola, num prado, numa mata, ou positivamente habitats naturais de elevado interesse para
mesmo num pequeno jardim, e cada vez mais os espaços a conservação da natureza.
verdes em comunhão com os elementos da paisagem e os O Plano-Piloto do Parque Nacional da Peneda Gerês
habitas, como os rios, as matas e outros mais formais como
os jardins, detêm funções urbanas indispensáveis ao bem- representa um valor de investimento global de 8,43 M€,
-estar das pessoas que habitam a cidade, para a qualidade a executar maioritariamente até 2022, embora haja um
da vivência urbana, contribuindo para melhorar as suas investimento residual que se prolonga até 2025. Desta
amenidades ambientais e paisagísticas. verba, cerca de 5,8 M€ encontram financiamento junto
Daí que, para além do reforço do papel das áreas protegi- do Fundo Ambiental.
das e de estancar os processos de perda de biodiversidade, Os bons resultados obtidos determinaram a formulação
pretende-se ainda promover iniciativas de conservação de cinco novos projetos abrangendo o Parque Natural
da biodiversidade em contexto urbano, em articulação de Montesinho, o Parque Natural Douro Internacional e
com os municípios, disseminando os espaços de lazer e o Parque Natural Tejo Internacional, assim como a Re-
de usufruto público, recuperando as zonas ribeirinhas e serva Natural da Serra da Malcata e o Monumento Natural
criando novas áreas verdes com funções específicas, que das Portas de Ródão. Estes projetos prosseguem, na sua
contribuam, simultaneamente, para a qualidade do ar e o essência, os mesmos objetivos: reforçar as equipas de
sequestro de carbono. CNAF e apostar na prevenção, restaurar os habitats ardidos
Portanto, hoje sabe-se que há que ser mais flexível e atendendo às especificidades de cada um, executar ações
ajustar a formulação dos propósitos e a sua operacionali- diferenciadoras e demonstrativas das boas práticas que
zação a cada realidade. devem orientar a intervenção nas áreas sensíveis.
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2 — Situação de Referência do Património Natural mentação de habitat, nomeadamente, pela construção de


2.1 — Espécies e Habitats
grandes infraestruturas e transformações do uso do solo,
a realização de práticas não sustentáveis de utilização
Conhecer a biodiversidade, entendida como o conjunto agrícola ou florestal e a perturbação humana. De referir
dos ecossistemas, das várias espécies e da sua composição a necessidade de ter em conta as alterações climáticas,
genética, em resultado da história evolutiva, a começar cujos riscos e eventuais efeitos começaram a fazer parte
pelo seu inventário, é uma tarefa que reveste carácter da agenda política nacional desde a seca de 2005.
sistemático e continuado. Relativamente à fauna de vertebrados com estatuto
Apesar de não dizerem respeito à globalidade das es- de ameaça, foram publicados em Portugal vários Livros
pécies da flora e da fauna protegidas, os resultados dos Vermelhos, datando a última revisão de 2005 realizada
Relatórios Nacionais de Aplicação das Diretivas Habitats sob coordenação do ICNF.
(2007-2012) e Aves (2008-2012) espelham, de uma forma No conjunto do Continente e dos arquipélagos dos
razoável, o seu estado geral de conservação, particular- Açores e da Madeira, foram realizadas 553 avaliações,
mente para a fauna de vertebrados (com exceção para os sendo que:
peixes marinhos) e para a flora vascular. Considera-se
• 46 % classificadas como «Pouco Preocupante LC»;
igualmente representativa das pressões e ameaças que
• 12 % com «Informação Insuficiente DD»;
sobre eles atuam.
• 42 % abrangendo as três categorias de ameaça «Cri-
No âmbito da elaboração do Relatório Nacional de
ticamente em Perigo CR», «Em Perigo EN» e «Vulnerá-
Aplicação da Diretiva Habitats para o período 2007-2012
vel VU» e ainda as categorias «Quase Ameaçado NT» e
(Diretiva 92/43/CEE), foram realizadas avaliações globais
«Regionalmente Extinto RE».
ao estado de conservação de 324 espécies: 191 da flora;
133 da fauna — moluscos, artrópodes, peixes, anfíbios,
Os resultados mostraram que o grupo mais ameaçado é
répteis e mamíferos; e 99 habitats naturais e seminatu-
o dos peixes dulçaquícolas e migradores, nomeadamente
rais. Os resultados obtidos indicam genericamente que
em consequência dos cursos de água serem um dos ha-
os estados de conservação «inadequados» prevalecem
bitats mais intervencionados, através da imposição de
sobre os «favoráveis», tanto para espécies como para
barreiras à circulação, modificação das margens e alte-
habitats, em todas as regiões biogeográficas, com exceção
ração das características físico-químicas e biológicas da
dos habitats do Mar da Macaronésia. No Mar Atlântico
água e proliferação de espécies exóticas invasoras, não
não foram registados habitats em condição favorável, o
obstante os investimentos em sistemas de saneamento e de
mesmo acontecendo às espécies no Mar da Macaronésia.
passagens para peixes em açudes e barragens, efetuados
A percentagem de avaliações «desconhecidas» é elevada,
há mais de uma década.
em particular para as espécies.
Em 2013, foi publicado o Atlas e Livro Vermelho dos
Já as avaliações realizadas à avifauna no âmbito da
Briófitos Ameaçados de Portugal, sob coordenação do
elaboração do Relatório Nacional de Aplicação da Diretiva
Museu Nacional de História Natural e da Ciência. A ava-
Aves para o período 2008-2012, num total de 257 espécies
liação do estatuto de ameaça seguiu as orientações IUCN
avaliadas, indicam a tendência das populações de espécies
para a aplicação ao nível regional dos critérios e categorias
nidificantes, sobretudo no que se refere a longo prazo,
de ameaça e as adaptações para a Europa, de acordo com
como a principal lacuna de informação. Nas populações
os conceitos propostos por Hallingbäck et al. (1995), por
invernantes a tendência predominante é de crescimento
Sérgio et al. (2007) e por Garilleti & Albertos (2012).
(curto prazo) e estabilidade (longo prazo), sendo menos
Em Portugal continental foram avaliados 704 taxa,
evidente a insuficiência de informação. A tendência do
dos quais:
range, avaliada exclusivamente para as nidificantes, é na
sua maioria estável (a curto e longo prazo). • 1,7 % foram considerados «Regionalmente Extin-
Nos Açores, as lacunas de informação para avaliação tos — RE»;
das tendências são comuns à grande maioria das espécies • 28,4 % ameaçados;
avaliadas. • 6 % «Criticamente em Perigo — CR»;
Na Madeira, a principal lacuna diz respeito à tendên- • 11,3 % «Em Perigo — EN»;
cia do range a longo prazo, sendo que, no entanto, na • 11,1 % «Vulnerável — VU».
tendência do range a curto prazo predominam tanto a
estabilidade como o aumento. Relativamente à tendência As principais ameaças sobre os briófitos estão associa-
da população a longo prazo impera a estabilidade, sendo das a práticas de silvicultura não sustentável, incluindo o
notória a insuficiência de informação para o curto prazo. recurso a espécies não nativas, a alterações de práticas, o
A análise da combinação das tendências de curto e longo abandono agrícola e os fogos florestais. A expansão urbana
prazo (tanto para a dimensão da população como para o e infraestruturas rodoviárias, a drenagem, as alterações
range), que foi usada como aproximação à avaliação da do ciclo hidrológico e as espécies invasoras são também
melhoria ou degradação do estado das populações, não indicadas como importantes ameaças.
evidencia um número significativo de espécies em situ- Na Madeira, embora não tenham sido elaborados Lis-
ação de deterioração. tas ou Livros Vermelhos, analisaram-se os três grupos
No âmbito das avaliações efetuadas ao abrigo das Di- terrestres com maior preponderância na biodiversidade
retivas Habitats e Aves foram identificadas pressões e local — plantas (Pteridófitas e Espermatófitas), moluscos
ameaças que dão conta de uma tipologia de problemas terrestres e artrópodes, os quais representam 95 % da
que, com maior ou menor intensidade, afetam ou podem biodiversidade terrestre endémica deste arquipélago.
vir a afetar os valores naturais, de que são exemplos a Nos Açores, com a adaptação do Regime Jurídico de
presença de espécies exóticas invasoras, a artificialização Conservação da Natureza e da Biodiversidade (RJ CNB),
e fragmentação da rede hidrográfica, a destruição e frag- foi criado um mecanismo permanente de avaliação do
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018 1843

estado de conservação de diversos taxa existentes em meadamente ao nível da rota migratória ocidental que as
estado natural no território do arquipélago, recorrendo a populações portuguesas integram.
metodologias padronizadas e seguindo os critérios fixados Outra espécie que se encontra numa situação preo-
pela IUCN (Species Survival Comission). cupante é o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) com
As espécies sujeitas a exploração merecem também elevados níveis de incidência de mixomatose e da doença
uma referência. hemorrágica viral (DHV), as quais têm conduzido as po-
Efetivamente, nas águas interiores, particularmente em pulações desta espécie a níveis críticos nalgumas zonas
áreas de ocorrência de espécies com estatuto de proteção do país. Para além do seu valor em termos da atividade
relevante ou elevado valor comercial ou desportivo, foram cinegética, esta é uma das espécies presas mais relevantes
criadas Zonas de Proteção, Zonas de Pesca Profissional, dos ecossistemas mediterrânicos, designadamente para
Zonas de Pesca Reservada e Concessões de Pesca, com predadores de topo da fauna autóctone ibérica, de que são
regulamentos ou normas específicas para a proteção dos exemplos o lince ibérico, com um nível de especialização
recursos aquícolas e sustentabilidade da pesca. trófica praticamente exclusivo, e aves de rapina, como a
Em alguns sistemas pesqueiros e nas provas de pesca águia-imperial ou o bufo-real.
desportiva realizadas em águas interiores, a modalidade No que diz respeito às raças e cultivares autóctones e
de «captura e devolução à água», também designada como seus parentes selvagens, e após séculos de conservação
«pesca sem morte» é a regra, tratando-se de uma utilização de inúmeras variedades usadas tradicionalmente na agri-
não consumptiva (não extrativa) dos recursos aquícolas. cultura, assiste-se hoje a uma séria erosão dos recursos
Relativamente à pesca e ecossistemas marinhos, o rela- genéticos vegetais, fruto de múltiplas causas, seja pela
tório de avaliação inicial da Estratégia Marinha submetida crescente utilização de híbridos modernos, pela pressão
por Portugal no âmbito da Diretiva-Quadro Estratégia sobre diversos parentes selvagens, pela crescente idade dos
Marinha (DQEM) para a subdivisão do Continente, clas- agricultores ou ainda pelos agentes bióticos nocivos.
sifica em «Bom Estado Ambiental Atingido» a maioria
dos descritores avaliados, incluindo a biodiversidade, a 2.2 — Ecossistemas
integridade dos fundos marinhos, as populações de peixes Os ecossistemas, conjugadamente com a geodiversi-
e moluscos explorados comercialmente e os contaminantes dade que lhe está associada, proporcionam uma ampla
nos peixes e mariscos para consumo humano. gama de benefícios diretos e indiretos. Matos, floresta,
Atualmente, a maioria das espécies exploradas comer- espaços agrícolas e agroflorestais, zonas húmidas, rios,
cialmente encontra-se num estado que indica um «Bom lagos e oceanos fornecem uma grande variedade de pro-
Estado Ambiental Atingido», elevado ou moderado. São dutos, como, por exemplo, alimentos, água, ar, matérias-
detetados problemas na biomassa dos stocks de cinco das -primas e serviços que estão na base da sobrevivência e
espécies de pescado avaliadas, que exigem recuperação do desenvolvimento das sociedades humanas.
através do estabelecimento de limites de pesca. Alguma utilização indevida dos ecossistemas, nome-
Considera-se que estão criadas condições, ao abrigo adamente, para uso agrícola e silvícola, industrial ou re-
da Portaria n.º 114/2014, de 28 de maio, mais favoráveis sidencial, para vias de comunicação e aproveitamento
à proteção dos fundos marinhos dos impactes adversos hidroelétrico, mas principalmente o abandono agrícola
da atividade da pesca, ao impedir a utilização e a manu- existente em algumas áreas do país, assim como o au-
tenção a bordo de artes de pesca suscetíveis de causar mento da procura de bens naturais e da pressão sobre a
impactes negativos nos ecossistemas de profundidade, e capacidade de assimilação de resíduos, tem reduzido a
ao obrigar ao registo e à comunicação sobre esponjas e sua capacidade de fornecer bens e serviços.
corais capturados. O único exercício abrangente de avaliação dos ecos-
Nos Açores o RJ CNB, estabelecido pelo Decreto Le- sistemas em Portugal (Nações Unidas, 2000-Millennium
gislativo Regional n.º 15/2012/A, de 2 de abril, cria me- Ecosystem Assessment) evidenciou o histórico da intensifi-
canismos de regulação da captura e comércio de espécies cação agrícola e a florestação com recurso a monoculturas
marinhas protegidas sujeitas a exploração. intensivas e a espécies não autóctones, com impactes
No que diz respeito às espécies alvo de exploração negativos na biodiversidade e nos serviços de regulação
cinegética, verificam-se atualmente lacunas de conheci- dos ecossistemas. A rede hidrográfica sofreu modificações
mento para a sua grande maioria, nomeadamente sobre hidromorfológicas significativas e com o aumento dos
a dimensão das populações e suas tendências. Pese em- níveis de poluição, incluindo a poluição pontual e difusa.
bora a falta de dados sobre a abundância das espécies O problema das espécies exóticas invasoras agravou-se
cinegéticas em geral, urge avaliar de modo detalhado se e aumentou a pressão sobre os ecossistemas costeiros.
existem problemas graves relativamente ao seu estado Quanto aos ecossistemas marinhos, a avaliação do Mil-
de conservação. lennium Ecosystem Assessment realça que o sector das
Concretamente, e a título de exemplo, de referir que pescas representava, à data, cerca de 0,3 % da economia
para a rola-comum (Streptopelia turtur), os dados de cen- portuguesa, sendo que a indústria alimentar representa
sos existentes (Censo de Aves Comuns, SPEA) apontam adicionalmente cerca de 2 %. Com exceção de algumas
para um decréscimo populacional acentuado em Portu- situações de stocks a serem explorados fora de limites
gal que acompanha a tendência de declínio verificada a biológicos de segurança, os recursos apresentam indícios
nível europeu (Relatório do Artigo 12.º da Diretiva Aves de estabilidade, após um ajustamento estrutural que levou
2008-2012). Do mesmo modo, o Plano de Ação interna- a uma redução das capturas.
cional para a espécie, em desenvolvimento [International As infraestruturas verdes, em que se aplicam soluções
Single Species Action Plan for the Conservation of the com base nas funções e serviços dos ecossistemas, em
European Turtle-dove Streptopelia turtur (2018 to 2028)], alternativa às soluções de engenharia clássica, poderão
identifica claramente a perda de habitat e os níveis de constituir um instrumento importante para a recuperação
pressão cinegética como ameaças à sua conservação, no- de ecossistemas. Além de benefícios ecológicos, estas
1844 Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018

estruturas oferecem vantagens económicas e sociais, con- As bases do regime jurídico da revelação e do aprovei-
tribuindo de modo decisivo para integrar a biodiversi- tamento dos recursos geológicos existentes no território
dade e geodiversidade noutros domínios políticos, como nacional, incluindo os localizados no espaço marítimo
a agricultura, a silvicultura, a água, o meio marinho e as nacional (aprovadas pela Lei n.º 54/2015, de 22 de junho)
pescas, a política de coesão, a mitigação e a adaptação às estabelecem que as políticas públicas neste domínio têm
alterações climáticas, os transportes, a energia e o orde- em vista assegurar o conhecimento dos recursos geoló-
namento do território. gicos, a fim de valorizar a dimensão cultural, histórica e
A dificuldade de criação de valor de mercado para os social e a competitividade do sector extrativo. Este regime
serviços dos ecossistemas em novas áreas de negócio, já enquadra a necessidade das autoridades públicas com-
bem como a difícil e complexa valoração e comunicação petentes promoverem as medidas necessárias para a con-
desse valor, têm afastado o reconhecimento da mais-valia servação dos bens geológicos, tendo sobretudo em conta
da biodiversidade para outros sectores. os objetivos de política atrás enunciados, explicitando que
aquelas entidades devem adotar estratégias concertadas.
2.3 — Património Geológico No entanto, é ainda necessária legislação de conserva-
Em Portugal existem quatro geoparques mundiais, a ção complementar, independentemente dos fins de apro-
saber, Naturtejo, Arouca, Terras de Cavaleiros e Açores, veitamento dos bens geológicos e em função dos valores
integrados na Rede Global de Geoparques da UNESCO científico, educativo, estético e cultural dos geossítios,
(Global Geoparks Network — GGN). No quadro de uma nomeadamente através da sua inclusão nos vários instru-
parceria entre o ICNF e a Universidade do Minho, desde mentos de gestão territorial e tendo em vista o cumpri-
2010, foi possível inventariar e caracterizar 320 geossí- mento dos objetivos do RJ CNB.
tios de relevância nacional e internacional, sendo este o
mais completo inventário sobre património geológico 2.4 — Rede Fundamental de Conservação da Natureza
(RFCN)
existente no país e que veio colmatar uma importante
lacuna nesta área do conhecimento. Existem igualmente A RFCN foi criada pelo Decreto-Lei n.º 142/2008, de
outros inventários específicos que incluem muitos outros 24 de julho, que instituiu o RJ CNB, sendo constituída pelo
geossítios de relevância local e regional, como é o caso SNAC e pelas áreas de continuidade: a Reserva Ecológica
dos 130 geossítios identificados no Parque Nacional da Nacional (REN), a Reserva Agrícola Nacional (RAN) e
Peneda-Gerês, os 115 geossítios englobados no Inven- o domínio público hídrico (DPH).
tário de Sítios com Interesse Geológico e os Locais de As áreas de continuidade da RFCN, para a qual contri-
Património geológico-mineiro identificados no Roteiro de buem genericamente a REN, a RAN e o DPH, estabelecem
Minas — informação disponível no portal do Laboratório ou salvaguardam a ligação e o intercâmbio genético de
Nacional de Energia e Geologia (LNEG). Contudo, não populações de espécies selvagens entre as diferentes áreas
obstante o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas nucleares de conservação. Deste modo, contribuem para
entidades competentes, existem ainda lacunas a suprir, uma adequada proteção dos recursos naturais e para a pro-
como a conclusão da delimitação dos geossítios a nível moção da continuidade espacial, da coerência ecológica
nacional, os critérios para a sua identificação e valoração das áreas classificadas e da conectividade das componen-
e a harmonização de inventários. tes da biodiversidade em todo o território, bem como para
Dos monumentos naturais integrados na RNAP, o Mo- uma adequada integração e desenvolvimento das ativida-
numento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém/ des humanas, nos termos dos respetivos regimes jurídicos.
Torres Novas é o único para o qual existe uma estratégia A REN constitui uma estrutura biofísica que, por via
de gestão definida, incluindo medidas de conservação e de um regime de proteção específico e da sua assimilação
ações de educação e interpretação. nos instrumentos de planeamento territorial, contribui
Nos Açores, o Geoparque Açores assenta numa rede expressiva e estruturalmente para a conectividade das
de 121 geossítios, dos quais 57 (55 geossítios terrestres áreas nucleares de conservação, em particular na faixa
e 2 marinhos) foram selecionados como prioritários para de proteção do litoral e nas áreas de sustentabilidade do
o desenvolvimento de estratégias de conservação e para ciclo hidrológico terrestre associadas aos cursos de água,
implementação de ações de valorização. detendo, ainda, um papel relevante enquanto instrumento
Relativamente ao património geológico da Ilha da Ma- de regulamentação do regime da Rede Natura 2000, cons-
deira, existe um inventário abrangendo 37 geossítios com tituindo o suporte físico que assegura a manutenção do
valor científico (disponível em http://geossitios.progeo.pt), estado de conservação favorável de habitats naturais e de
num estudo encomendado pelo Governo Regional. Existe espécies da flora e da fauna e a promoção dos serviços
um outro inventário do património geológico da ilha de dos ecossistemas.
Porto Santo, que identificou 20 geossítios com valor cien- O SNAC é constituído pela RNAP, pelas áreas classi-
tífico, educativo e turístico. ficadas que integram a Rede Natura 2000 e pelas demais
A maior parte das pressões e ameaças ao património áreas classificadas ao abrigo de compromissos internacio-
geológico advém, direta ou indiretamente, da deterioração nais ou bilaterais assumidos pelo Estado Português.
e destruição induzida por algumas atividades humanas,
sendo de salientar a exploração de recursos geológicos, as Rede Nacional de Áreas Protegidas
atividades recreativas e turísticas, as atividades militares
e o desenvolvimento de obras e infraestruturas. Neste Atualmente fazem parte integrante da RNAP, no Con-
contexto torna-se essencial assegurar um acompanha- tinente, 47 Áreas Protegidas em território continental,
mento e uma atualização periódica da vulnerabilidade e incluindo 32 de âmbito nacional: um parque nacional,
relevância dos geossítios, bem como desenvolver estudos 13 parques naturais, nove reservas naturais, duas paisa-
com incidência naqueles com elevado valor científico e gens protegidas e sete monumentos naturais, 14 de âmbito
risco de degradação significativo. regional/local (duas reservas naturais, 11 paisagens pro-
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018 1845

tegidas e um parque natural) e ainda uma área protegida Em Portugal, a Rede Natura 2000 abrange cerca de 22 %
privada. Os sete monumentos naturais têm objetivos de da área total terrestre, acrescidos de cerca de 39 000 km2
designação orientados fundamentalmente para a salva- de área marinha.
guarda do património geológico.
No seu conjunto, a RNAP ocupa, no Continente, uma área Áreas classificadas ao abrigo de compromissos internacionais
de 793 086,1 ha, contabilizando área marinha (536,2 km2) As áreas classificadas ao abrigo de compromissos in-
e área terrestre, o que representa cerca de 8 % da sua ternacionais incluem: 31 Sítios Ramsar (13 dos quais nos
área total. Açores), assim designados ao abrigo da Convenção de
A área marinha integrante da RNAP diz respeito aos Ramsar relativa às Zonas Húmidas com interesse inter-
parques naturais do Litoral Norte, Arrábida, Sudoeste nacional em particular para as aves aquáticas, totalizando
Alentejano e Costa Vicentina, às reservas naturais das 132 487,7 ha; 11 Reservas da Biosfera da UNESCO, das
Dunas de S. Jacinto, Berlengas, Lagoas de Santo André quais seis no continente, quatro nos Açores e uma na
e da Sancha e ao monumento natural do Cabo Mondego. Madeira; duas áreas protegidas com Diploma Europeu
Nos Açores, a unidade de gestão de base da Rede de de Áreas Protegidas do Conselho da Europa (ambas na
Áreas Protegidas na Região são os Parques Naturais de Madeira); 10 Reservas Biogenéticas (duas delas na Ma-
Ilha em cada uma das nove ilhas do arquipélago e o Par- deira, as restantes no Continente); 17 áreas marinhas pro-
que Marinho do Arquipélago dos Açores. Cada um dos tegidas no âmbito da Convenção OSPAR; e 4 geoparques
Parques Naturais de Ilha abrange um conjunto específico englobados na Rede Global de Geoparques (UNESCO,
de áreas protegidas, utilizando a classificação da IUCN, junho de 2016).
adaptando-a às particularidades geográficas, ambientais, De entre as áreas classificadas ao abrigo de compro-
culturais e político-administrativas do território do ar- missos internacionais merecem destaque as Reservas da
quipélago dos Açores, sendo que estão contempladas as Biosfera da UNESCO, que distingue com a chancela da
seguintes categorias: parque nacional, reserva natural, UNESCO as áreas com reconhecido valor natural, que
monumento natural, área protegida para a gestão de ha- funcionam como laboratórios vivos e são representativas
bitats ou espécies, paisagem protegida e área protegida de um exemplar equilíbrio entre a conservação da natureza
de gestão de recursos. e as atividades humanas.
Na Região Autónoma dos Açores (RAA) encontram-se O Programa da UNESCO «O Homem e a Biosfera»
classificadas 24 reservas naturais, 10 monumentos natu- (MaB) é um Programa Intergovernamental que estabelece
rais e 16 paisagens protegidas, entre outras. Os Parques uma base científica para a melhoria das relações entre as
Naturais de Ilha e o Parque Marinho dos Açores incluem pessoas e o seu ambiente global. Este Programa propõe
ainda outras áreas classificadas, ao abrigo de diretivas e uma agenda de pesquisa interdisciplinar e capacitação
convenções internacionais (Rede Natura 2000, OSPAR, entre os Estados Membros, visando trabalhar as dimensões
Convenção Ramsar, MAB). ecológica, social e económica da perda da biodiversidade.
Na Região Autónoma da Madeira (RAM) estão classi- O Paul do Boquilobo foi a primeira Reserva da Bios-
ficados: um parque natural, o Parque Natural da Madeira; fera classificada em Portugal em 1981, sendo que atual-
quatro Reservas Naturais, das Ilhas Selvagens, das Ilhas mente são seis em território continental, de um total de 11.
Desertas, do Sítio da Rocha do Navio e parcial do Garajau; Destaca-se o facto de ter sido classificada no ano de 2016
uma área protegida, do Cabo Girão; e a Rede de Áreas Ma- a Reserva da Biosfera das Fajãs de São Jorge, assim como
rinhas Protegidas de Porto Santo. A área protegida do Cabo a Reserva da Biosfera Transfronteiriça do Tejo/Tajo, a
Girão engloba o Parque Natural Marinho do Cabo Girão, terceira no país com carácter transfronteiriço e, em 2017,
o monumento natural do Cabo Girão e a paisagem prote- a Reserva da Biosfera de Castro Verde.
gida do Cabo Girão. O Parque Natural da Madeira, criado Desde 1981 e até 2012 foram classificados em Portugal
em 1982, inclui zonas com diferentes estatutos de prote- continental um total de 18 Sítios Ramsar — decorrentes da
ção, abrangendo cerca de dois terços da Ilha da Madeira. Convenção das Zonas Húmidas com interesse internacio-
Globalmente para o Continente e as Regiões Autó- nal para as aves aquáticas — Convenção de Ramsar — e
nomas, e de acordo com os dados mais recentes (ICNF, 13 na Região Autónoma dos Açores.
CDDA/Agência Europeia do Ambiente, dezembro de Ainda ao abrigo de compromissos internacionais,
2016), as áreas protegidas designadas ao abrigo de le- deve destacar-se a iniciativa dos Geoparques Mundiais
gislação nacional, integrando a RNAP e as tipologias de da UNESCO, criada em 2015, que passa a integrar
áreas protegidas dos Açores e da Madeira, abrangem cerca neste contexto todos os geoparques globais, no quadro
de 850 000 ha de superfície terrestre e 250 000 km2 de do Programa Internacional Geociência e Geoparques da
superfície marinha (coluna de água e/ou leito marinho), UNESCO criado no mesmo ano (e que substitui o Pro-
correspondendo a área marinha protegida a quase três grama Internacional de Geociências criado em 1972), a
vezes a área terrestre nacional. qual vem consolidar a atuação anterior da UNESCO no
reconhecimento de que os territórios com património ge-
Rede Natura 2000
ológico de relevância internacional devem suportar uma
A Rede Natura 2000 em Portugal é composta por estratégia local com vista ao desenvolvimento sustentável
107 áreas designadas no âmbito da Diretiva Habitats e das comunidades que habitam esses territórios. Atual-
62 Zonas de Proteção Especial (ZPE) designadas no âm- mente existem quatro Geoparques Mundiais da UNESCO
bito da Diretiva Aves, distribuídas pelo Continente e Regi- em território nacional (por ordem cronológica de criação):
ões Autónomas. Encontram-se classificados no Continente Naturtejo da Meseta Meridional, Arouca, Açores e Terras
62 SIC e 42 ZPE, na RAA 2 SIC, 23 ZEC e 15 ZPE, e na de Cavaleiros.
RAM encontram-se designados 8 SIC, 1 sítio da lista nacio- Finalmente, na tipologia Áreas Protegidas Transfron-
nal proposto para designação como SIC, 11 ZEC e 5 ZPE. teiriças, existem duas classificações, ambas no Conti-
1846 Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018

nente: o Parque Internacional Tejo-Tajo (PITT), consti- em média, até aos 20 m de profundidade, exceção feita
tuído pelas áreas correspondentes aos Parques Naturais ao Sítio Arrábida/Espichel, onde são atingidos os 100 m
do Tejo Internacional e do Tajo Internacional; e o Parque de profundidade. Mais recentemente, em 2015, foi desig-
Transfronteiriço Gerês-Xurés, constituído pelo Parque nado o primeiro SIC offshore da subárea da ZEE contígua
Nacional da Peneda-Gerês e pelo Parque Natural Baixa ao Continente, o Banco Gorringe, e foram designadas
Limia-Serra do Xurés. duas ZPE exclusivamente marinhas e contíguas à costa,
Aveiro/Nazaré e Cabo Raso.
Áreas marinhas Nos Açores, em termos de RNAP estão nesta data clas-
sificados o Parque Marinho do Arquipélago dos Açores,
Pela sua especificidade territorial, natureza e objeti- ao abrigo do Decreto Legislativo Regional n.º 28/2011/A,
vos de política particulares, as áreas classificadas por de 11 de novembro, quatro Reservas Naturais Marinhas
razões de conservação da natureza total ou parcialmente (Banco D. João de Castro, Campo Hidrotermal Menez
no território marinho merecem uma referência especí- Gwen, Campo Hidrotermal Lucky Strike, Monte Subma-
fica, podendo assumir qualquer uma das tipologias de rino Sedlo), duas AMP Oceânicas (Corvo e Faial), uma
áreas classificadas atrás referidas. De acordo com o RJ AMP para a gestão de recursos — AMPG (Banco D. João
CNB «as áreas protegidas delimitadas exclusivamente de Castro) e quatro AMP na plataforma continental esten-
em águas marítimas sob jurisdição nacional e as áreas dida para além das 200 milhas marítimas (Reserva Natural
de ‘reservas marinhas’ e ‘parques marinhos’ demarcadas Marinha Campo Hidrotermal Rainbow, AMPG de habitats
nas áreas protegidas constituem a rede nacional de áreas ou espécies Monte Submarino Altair, AMPG de habitats
protegidas marinhas». ou espécies Monte Submarino Antialtair, AMPG de ha-
No âmbito do processo em curso de alargamento da bitats ou espécies MARNA Mid-Atlantic Ridge North of
Rede Natura 2000 ao meio marinho, as lacunas de de- the Azores).
signação referem-se sobretudo a áreas no offshore, tendo Na Madeira foram classificadas a Reserva (Marinha)
em vista a salvaguarda e gestão de espécies de cetáceos Natural Parcial do Garajau, a Reserva (Marinha) Natural
e habitats naturais protegidos. Dando continuidade a esta da Rocha do Navio, a Reserva Natural das Ilhas Desertas
iniciativa, tem vindo a ser elaborado o mapeamento dos (inclui ou sobrepõe com a Rede Natura 2000), a Reserva
habitats naturais marinhos de fundo das águas da Zona Natural das Ilhas Selvagens (inclui ou sobrepõe com Rede
Económica Exclusiva (ZEE), subdivisões do Continente Natura 2000), a Rede de AMP do Porto Santo (inclui ou
e dos Açores, e a avaliação da interação entre a atividade sobrepõe com a Rede Natura 2000) e o Parque Natural
pesqueira e espécies protegidas. Marinho do Cabo Girão.
Atualmente, já existem propostas técnicas consolida- No âmbito da Convenção OSPAR foram submetidas
das que permitirão, no breve prazo, no Continente e nas por Portugal três AMP no mar territorial do Arquipélago
Regiões Autónomas, dar um salto qualitativo no sentido dos Açores (Banco das Formigas, Ilha do Corvo e Ca-
de designar um conjunto de SIC marinhos que colmate nal Faial-Pico), quatro na ZEE portuguesa contígua aos
as lacunas relativas à suficiente salvaguarda de espécies Açores (Banco D. João de Castro, Campo Hidrotermal
de cetáceos e de habitats marinhos, a fim de estabelecer Lucky Strike, Campo Hidrotermal Menez Gwen e Monte
uma Rede Natura 2000 coerente nos ecossistemas ma- submarino Sedlo) e uma no leito marinho da plataforma
rinhos nacionais. Neste contexto, merece referência o continental estendida (Campo hidrotermal Rainbow). Por-
SIC proposto denominado «Cetáceos da Madeira» (Lista tugal também liderou a classificação coletiva pela OSPAR
Nacional de Sítios), com uma área de aproximadamente de quatro AMP, compreendendo apenas a coluna de água
681 500 hectares (6815 km2) abrangendo todas as águas (em águas internacionais): Dorsal Meso-Atlântica a Norte
marinhas em redor da Ilha da Madeira, Desertas e Porto dos Açores, Monte Submarino Altair, Monte Submarino
Santo até à batimétrica dos -2500 m. Antialtair e Monte Submarino Josephine. Portugal foi
No âmbito da execução da DQEM, o Programa de Me- ainda pioneiro na nomeação, em 2006, da Campo Hi-
didas (PMe) nacional estabelece a necessidade de Portugal drotermal Rainbow, como AMP situada na plataforma
cumprir para as suas águas marinhas a meta de designação continental para além das 200 milhas e também a primeira
de 10 % de áreas marinhas protegidas (AMP) até 2020. Parte Contratante da OSPAR a propor a inclusão, em
Assim, o PMe prevê a constituição de duas novas grandes 2005, de uma AMP na rede daquele Acordo Regional, o
AMP em zonas oceânicas de grande profundidade, de Banco das Formigas.
forma a cobrir adequadamente um dos mais importantes No Mar Territorial contíguo ao Continente foram, em
habitats oceânicos: habitat OSPAR montes submarinos. 2015, indicadas para classificação OSPAR cinco AMP adi-
Estas duas AMP incluem o complexo geológico Madeira- cionais: Litoral Norte, Berlengas, Arrábida, Santo André
-Tore e o «arquipélago» submarino do Great Meteor. e Sancha e Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, abran-
No Continente, a RNAP (Parque Natural do Litoral gendo a superfície marítima das áreas protegidas costeiras
Norte, Reserva Natural das Berlengas, Parque Natural da RNAP com aquelas designações. Destas cinco AMP,
da Arrábida, Parque Natural do Sudoeste Alentejano e duas são Reservas Naturais (Berlengas e Santo André e
Costa Vicentina e Reservas Naturais das Lagoas de Santo Sancha) e três Parques Naturais (Litoral de Esposende,
André e Sancha e das Dunas de S. Jacinto) e a Rede Na- Arrábida e Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina), abran-
tura 2000 (os SIC Litoral Norte, Peniche/Santa Cruz, gendo os já designados, desde 1999, Parque Marinho Luiz
Sintra/Cascais, Arrábida/Espichel, Costa Sudoeste e Ria Saldanha-Arrábida e Reserva Marinha das Berlengas).
de Aveiro e as ZPE Estuários dos Rios Minho e Coura, Tenha-se ainda presente que a Reserva da Biosfera de
Ria de Aveiro, Ilhas Berlengas, Cabo Espichel, Lagoa de Santana (Madeira), que corresponde à totalidade da área
Santo André, Lagoa da Sancha e Costa Sudoeste e Ria emersa do concelho de Santana, inclui a área marinha
Formosa) abrangem um conjunto de áreas que incluem adjacente até à batimétrica dos 200 m, assim como a Re-
uma faixa de espaço marinho costeiro, a qual se estende, serva da Biosfera das Berlengas, que inclui o arquipélago
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018 1847

das Berlengas e a cidade de Peniche, abrangendo cerca agroflorestais para a conservação e gestão da biodiver-
de 19.000 ha (190 km2) de espaço marítimo. Nos Açores, sidade.
existem quatro Reservas da Biosfera abrangendo território Note-se ainda que cerca de ¾ das zonas húmidas e
marinho contíguo à área terrestre: Corvo, Flores, Graciosa costeiras de Portugal se encontram integrados nalguma
e Fajãs de S. Jorge. tipologia de área classificada, o que atesta a relevância
dada à proteção destes ecossistemas particularmente sen-
2.5 — Monitorização e vigilância sistemática síveis.
do património natural Também nos Açores, e pelos últimos dados disponíveis,
A utilização de indicadores, tanto individualmente se conclui que mais de metade do território regional (cerca
como em combinação com outros, é atualmente consi- de 56 %) é ocupado por uso agrícola e por pastagem. Por
derada uma ferramenta essencial na avaliação do estado outro lado, a floresta e a vegetação natural ocupam cerca
global da biodiversidade e do património geológico. Os de 35 % do território, com 22 % e 13 % de superfície,
indicadores sumarizam correlações complexas de uma respetivamente, de acordo com a Carta de Ocupação do
forma inteligível e destacam as principais tendências do Solo da Região Autónoma dos Açores (Secretaria Regional
estado da biodiversidade e do património geológico, per- do Ambiente e do Mar/Direção Regional do Ordenamento
mitindo a avaliação e correção de políticas e linhas de do Território e dos Recursos Hídricos, dezembro de 2007).
ação, podendo ser usados ao nível nacional, regional ou Ainda relativamente à Rede Natura 2000 nos Açores,
global. 77 % da área é ocupada por Áreas Naturais, 11 % por
Em Portugal, existem linhas de vigilância e ou moni- Floresta de Produção, 6 % por Áreas Agrícolas e 5 % por
torização muito dirigidas, realizadas na sua maioria em pastagens permanentes (Quadro de Ações Prioritárias da
áreas classificadas e incidindo sobre espécies e habitats Rede Natura 2000-PAF — Açores 2013).
protegidos, suscetíveis de produzir informação que poderá Na Madeira, a classe mais relevante de uso do solo nas
vir a integrar, após adaptação e processamento adequados, áreas classificadas da Rede Natura 2000 é a de «Florestas
um Programa de Monitorização e Vigilância mais vasto e meios naturais e seminaturais», com mais de 98 % de
e desenhado à escala regional ou nacional, revelando-se, superfície (PAF — Madeira 2013).
assim, como importantes fontes de dados. O planeamento e o ordenamento do território são ins-
São exemplos algumas linhas de trabalho sobre aves trumentos determinantes para a conservação do patrimó-
aquáticas invernantes, estações de esforço de anilhagem nio natural e o atual regime jurídico introduz desafios
de aves, mortalidade de aves em linhas de transporte e essenciais a enfrentar nos próximos anos em termos de
distribuição e energia, monitorização de lobos mortos, política de natureza e biodiversidade, tendo em conta
morcegos cavernícolas e abrigos de importância nacio- os compromissos jurídicos e políticos a que o país está
nal, controlo de espécies exóticas invasoras, utilização vinculado neste âmbito.
de venenos e suas consequências para a Fauna (PAP)
(Pterodroma madeira), programa de monitorização (indi- 2.7 — Educação e Ensino
cadores biológicos) da Diretiva Quadro da Água (DQA), A temática da conservação da natureza e da biodiver-
monitorização da condição ambiental de AMP dos Açores, sidade integra os documentos curriculares da área das
entre muitas outras. ciências naturais dos ensinos básico e secundário, bem
No âmbito do «Bom Estado Ambiental» das águas como a área transversal de educação ambiental para a
marinhas, merecem destaque as linhas de monitoriza- sustentabilidade.
ção previstas no Programa de Monitorização da DQEM, No âmbito dos currículos dos ensinos básico e secun-
destinadas a avaliar a dinâmica e tendências do estado dário, nos documentos curriculares da área das ciências
ambiental dos ecossistemas marinhos em função de di- naturais, bem como da educação ambiental para a sustenta-
versos descritores biofísicos. As medidas serão aplicadas bilidade, esta temática é abordada de forma a proporcionar
nas estratégias marinhas das quatro regiões nacionais e, aos jovens competências que lhes permitam intervir, de
nalguns casos, têm um foco direto em termos das compo- forma esclarecida e ativa, em problemáticas ambientais
nentes da biodiversidade, seja relativamente ao estado das relativas à conservação da biodiversidade.
espécies exploradas ou protegidas, dos habitats bentónicos O domínio da educação ambiental integra temáticas
ou das pressões exercidas sobre ambos. Relativamente às relativas à conservação da natureza, da biodiversidade
espécies protegidas, não exploradas, as monitorizações e da geodiversidade, ao nível dos programas curricu-
ou avaliações decorrem da aplicação das Diretivas Aves lares das várias disciplinas, de uma forma transversal,
e Habitats. de Programas/Grupos de trabalho interministeriais/
No que respeito ao património geológico, é de mani- estratégias que contemplam a área da educação, bem
festa necessidade a utilização de indicadores em geossí- como em projetos ambientais desenvolvidos nas esco-
tios que apresentem elevado valor científico e risco de las. Esses projetos são promovidos, nomeadamente por
degradação. Autarquias, ONGA, entidades dos ministérios com as
tutelas da educação e da ciência e outros organismos
2.6 — Uso, ocupação e ordenamento do território
da Administração Pública.
Uma análise da distribuição das classes mais relevantes A adoção da Estratégia Nacional de Educação Am-
de uso do solo pelas áreas classificadas da RNAP e da biental (ENEA 2020), para o período 2017-2020, através
Rede Natura 2000, do Continente, permite verificar que da Resolução do Conselho de Ministros n.º 100/2017, de
o território agroflorestal abarca, no seu conjunto, cerca 11 de julho, constituiu um desafio de grande importância
de 80 % da superfície de áreas classificadas em Portugal para o futuro coletivo. Viver bem dentro dos limites do
Continental, o que atesta a importância das atividades planeta é a mensagem mais forte.
1848 Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018

Importa sensibilizar os cidadãos, as empresas e as enti- sofrer os efeitos das alterações climáticas, em particular
dades públicas e privadas para a necessidade de melhorar os que se encontram na linha de costa, pelo impacte da
a eficiência da utilização de recursos e para a promoção subida do nível do mar.
de economias circulares e de partilha menos consumido- Complementarmente, a concretização dos propósitos da
ras e desperdiçadoras, mais amigas do ambiente e mais economia circular promove a redução da pressão sobre os
centradas nas especificidades dos territórios. recursos e, consequentemente, sobre o património natural,
O sucesso de uma educação ambiental que vise a al- constituindo-se assim como um desiderato estruturante,
teração de paradigma na relação das atividades humanas pelo que representa ao nível da transformação dos habitats
com os recursos depende da promoção da informação e pela necessidade do aprovisionamento dos processos pro-
do conhecimento dos cidadãos também sobre o território dutivos. Não menos importante é a mudança de paradigma
onde vivem, sobre as suas capacidades, vulnerabilidades que introduz, na medida em que se passa a considerar os
e resiliências. ciclos dos recursos naturais e as suas dinâmicas, levando
Também a criação do Prémio ICNF — Uma ideia Na- a uma abordagem que visa a utilização sustentável do
tural, cuja primeira edição decorreu em 2017, tem como património natural.
objetivo reconhecer o mérito e a criatividade e apela so- Por último, a valorização do território coloca de forma
bretudo ao envolvimento dos vários atores na prática da determinante o foco na necessidade de realçar aquilo que
conservação e gestão do património natural. Este envol- é o valor reconhecido do património natural do país. Por-
vimento está na base do que se apelida de uma política tugal tem uma representatividade relevante de espécies,
de gestão de proximidade para as áreas classificadas. Este ecossistemas e geodiversidade, considerando a dimensão
prémio está também em linha com a convicção de que, terrestre. Contudo, sendo um país pequeno em termos de
nas áreas mais representativas do património natural, é superfície terrestre, assume uma dimensão muito rele-
possível fazer diferente, com recurso às práticas mais vante a nível mundial quando se projeta com a sua área
adequadas, mais aderentes a cada realidade e com dife- marinha. O seu capital natural é uma oportunidade para
rentes parceiros. o seu desenvolvimento e coloca Portugal perante uma
Nesta ENCNB está patente a integração de uma «cul- responsabilidade muito grande, na medida em que, quer
tura ambiental e do território», onde a natureza tem lugar pela sua diversidade, quer pela sua dimensão, tem obri-
de destaque — tornando-a um imperativo — e fortale- gações de projeção mundial, às quais deve estar à altura
cendo a cooperação e parcerias entre as diferentes áreas de corresponder, demonstrando que é capaz de cuidar
de governação, nos diferentes níveis, entre o domínio adequadamente de um património sobre o qual reclama
público e o sector privado, entre a investigação e a ação, a soberania.
entre o compromisso e a participação ativa.
3.2 — Visão para 2050
3 — Ambição e Visão
A visão para ENCNB 2030 constrói-se a partir da am-
3.1 — Ambição bição e da lógica dinâmica que se lhe pretende conferir,
com que se pretende:
O contexto em que a ENCNB 2030 é desenvolvida é mar-
cado por três apostas que moldam a política de ambiente: Alcançar o bom estado de conservação do património
natural até 2050, assente na progressiva apropriação do
a) A descarbonização da economia, tendo em vista a
desígnio da biodiversidade pela sociedade, por via do
convergência com o propósito de combate às alterações
reconhecimento do seu valor, para o desenvolvimento
climáticas e redução do seu efeito a nível global;
do país e na prossecução de modelos de gestão mais
b) A economia circular, promovendo a maior eficiên-
próximos de quem está no território.
cia dos processos produtivos e de consumo, reduzindo
a utilização de recursos naturais e o seu desperdício nos 3.3 — Princípios e valores transversais
processos de consumo;
c) A valorização do território, adotando modelos de A ENCNB, na sua versão de 2001, apresenta um enun-
desenvolvimento que se diferenciem pela combinação de ciado de princípios que se mantêm válidos, pondo em
características singulares que o país apresenta e que são evidência os princípios do nível de proteção elevado, da
a sua marca única e intransponível. utilização sustentável dos recursos biológicos, da precau-
ção, da prevenção, da recuperação, da responsabilização,
Qualquer um destes três pilares é essencial para a da integração, da subsidiariedade, da participação e da
concretização da Estratégia por diferentes motivos. A cooperação internacional.
descarbonização da economia é fator primordial para Muitos destes princípios têm-se vindo a integrar, ainda
atenuar o impacte das alterações climáticas, sendo que que com dinâmicas diferentes, nas culturas e práticas de
estas constituem um dos principais fatores de pressão gestão, de uma forma transversal ao próprio domínio
sobre os ecossistemas. Por essa razão são uma ameaça ambiental no seu sentido mais lato. Neste contexto, julga-
à biodiversidade, quer pelo que podem representar em -se importante realçar a forma como se disseminaram as
termos de perda de habitat, quer pela criação de condições práticas e os instrumentos que concretizaram os princípios
para que espécies não autóctones possam vir a encontrar da precaução ou da prevenção, assim como o enunciado e
no país condições para o seu desenvolvimento, criando a prossecução de objetivos de proteção elevado.
desequilíbrios nos sistemas naturais. Já uma ação no sen- Não obstante, entende-se que persistem desafios no
tido de robustecer a resistência dos ecossistemas pode domínio da concretização sistémica e abrangente de uma
contribuir favoravelmente para o desiderato de atenuação cultura que ponha em prática os princípios da subsidiarie-
do efeito das referidas alterações. Embora menos preo- dade e da integração, cujo efeito complementar fomentará
cupante, de referir a existência de geossítios que podem a apropriação dos valores naturais pelos diferentes secto-
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018 1849

res, incluindo as entidades de Administração do Estado criação de emprego e a fixação das populações associados
(nos seus diferentes níveis hierárquicos), mas também para às atividades ligadas ao património natural e à prestação
além deste perímetro. Importa perseverar na criação desta de serviços dos ecossistemas.
cultura que foi uma marca evidente na ENCNB 2001-2010
e que importa reiterar como um eixo de atuação da atual 4 — Eixos Estratégicos e Matriz Estratégica
Estratégia.
4.1 — Enquadramento geral
O cumprimento deste desiderato invoca o princípio da
responsabilização, considerando no seu âmbito o próprio O modelo que enforma a ENCNB 2030 assenta em
princípio do «poluidor-pagador», e o dever transversal três eixos estratégicos interdependentes e que se projetam
à comunidade na defesa do património natural, dentro solidariamente, designadamente:
e além-fronteiras, através da colaboração internacional,
mas também na solidariedade intergeracional. Eixo 1 — Melhorar o estado de conservação do pa-
Complementarmente, merece destaque o princípio da trimónio natural. — Este é o objetivo último a concre-
participação e da partilha da informação, mas também do tizar no quadro desta Estratégia. Estancar a perda de
próprio processo de decisão. O caminho que tem vindo a biodiversidade é um compromisso global perante uma
ser trilhado nas últimas décadas tem conduzido a um está- realidade que é tangível e consensual. No caso nacional,
gio de maior desenvolvimento da cultura de participação esta realidade assume uma expressão mais relevante na
dos cidadãos em geral. Este é um propósito que deve ser medida em que a riqueza natural do país é hoje mais do
mantido e aprofundado, criando fóruns e instrumentos que uma obrigação ética, mas antes um dos pilares que
de participação, que sejam abrangentes, mas sobretudo concorre para o seu desenvolvimento, a par da sua riqueza
eficazes e consequentes. cultural e paz social.
A melhoria do estado de conhecimento tem sido um Eixo 2 — Promover o reconhecimento do valor do
precioso contributo para que se adote uma gestão mais património natural. — Tão importante quanto o conhe-
adaptada às diferentes realidades. É pela aposta do co- cimento fundamentado das características, interações
nhecimento de base científica que é possível adotar novas e interdependências essenciais do património natural,
abordagens de gestão, que se querem mais ajustadas e é a compreensão do serviço que assegura o mesmo e a
assentes em evidências, evitando a aplicação do princípio capacidade de saber transmitir essa realidade. É preciso
da precaução de forma indiscriminada. O conhecimento analisar este património na ótica dos múltiplos serviços
associado à inovação assume um desígnio transversal que que presta e que têm de ser valorizados de forma transver-
concorrerá para diferenciar as distintas abordagens que se sal, conseguindo torná-los evidentes perante a sociedade,
pretendem implementar. levando-a ao reconhecimento da sua utilidade e mais-
Salienta-se, por fim, que os processos de tomada de -valia. Esta abordagem, para além de permitir consolidar
decisão são, reconhecidamente, mais completos na atua- modelos de desenvolvimento orientados, torna ainda
lidade. Um dos paradigmas que tem vindo a sobressair é possível concretizar instrumentos de natureza económica
o da sustentabilidade, entendendo-se como a ponderação e financeira que permitam contabilizar a utilização destes
dos valores ambientais, socioculturais e económicos. É recursos e dinamizar medidas que visem a sua promo-
hoje comummente aceite que decisões que ponham suces- ção, nomeadamente, por via de um enquadramento fiscal
sivamente em crise um ou mais destes fatores conduzem adequado.
a resultados desequilibrados e sem futuro. É necessário Eixo 3 — Fomentar a apropriação dos valores naturais
consolidar a necessidade de ponderar estes três valores e da biodiversidade. — Com efeito, é a partir do reconhe-
nos próprios processos que subjazem à conservação da cimento do valor do património natural que é possível
natureza e da biodiversidade, pois a informação sugere sustentar a apropriação pela sociedade em geral do desíg-
que uma visão desequilibrada do ambiente face às outras nio da promoção da biodiversidade e da conservação da
realidades, pode levar ao abandono do território e, por essa natureza. Além de este ser um dos objetivos estratégicos
via, à perda de biodiversidade, sobretudo, em ecossistemas de Aichi no âmbito da Convenção para a Diversidade
onde a presença humana tem raízes profundas. Biológica (CDB), é também uma marca muito presente
Nessa medida, a ENCNB 2030 privilegia como valores na própria ENCNB 2001-2010. Com efeito, já nessa altura
transversais aos principais eixos estratégicos a sustenta- se dava grande destaque à necessidade de concretizar as
bilidade, o conhecimento, a participação e partilha, assim preocupações com esta matéria nas diferentes políticas
como a responsabilização. e práticas sectoriais, algo que permanece como um dos
A ENCNB 2030 vem, assim, reconhecer que o en- principais desafios da atualidade. Todavia, é preciso ir
volvimento dos diferentes sectores da atividade econó- mais longe na medida em que esta apropriação tem de
mica, mas também das organizações da sociedade civil, ser alcançada de forma transversal na sociedade e, em
da Academia e das populações e órgãos autárquicos que particular, na sua base de sustentação, que são as pessoas
as representam, é um desígnio imperioso para a concre- que vivem e cuidam dos territórios.
tização de um modelo de desenvolvimento sustentável
assente no património natural, num território que, na sua Reconhecer valor leva à apropriação e, por inerência,
quase totalidade, é de génese privada. Acresce que o au- ao «cuidar». «Cuidar» conduz à melhoria do estado de
mento do despovoamento dos territórios do interior é conservação. A melhoria do estado de conservação facilita
considerado um fator de pressão sobre a biodiversidade, o reconhecimento de valor, dando início a um novo ciclo.
pelo que a valorização do património natural, assente É este o ciclo virtuoso que marca a ENCNB 2030, lhe dá
numa lógica tendencial de remuneração pelos serviços sentido e confere um carácter dinâmico.
dos ecossistemas assegurados pelos produtores, gestores Deste modo, a prossecução da visão da ENCNB 2030
e proprietários em geral, contribuirá para conter esta ten- consubstancia-se nestes três eixos estratégicos e nos res-
dência e, simultaneamente, concretizará o potencial de petivos objetivos, procurando estabelecer o quadro para
1850 Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018

implementar metas específicas a definir em sede própria TABELA

e a prosseguir ao longo do seu período de vigência. Relação dos eixos estratégicos da ENCNB 2030
A definição dos objetivos tem em conta o quadro de com os Objetivos Estratégicos de Aichi e as metas
referência estratégico descrito, assim como a análise sobre da Estratégia da UE para a Biodiversidade 2020
a situação de referência do país em matéria de conservação Contributo dos eixos
da natureza e biodiversidade. estratégicos
da ENCNB 2030
Importa realçar o papel orientador e estruturante da
ENCNB 2030 para a ação face aos desafios do país, mas
também assumir que a mesma visa dar uma resposta ade- Objetivos Estratégicos de Aichi (CDB)
quada aos compromissos contraídos por Portugal no plano Tratar as causas subjacentes à perda de biodi-
internacional. versidade através da integração da biodiver-
A este respeito, merece naturalmente destaque a CDB sidade nas estruturas governamentais e na
sociedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eixo 2
e em particular o compromisso com os cinco objetivos Reduzir as pressões diretas sobre a biodiversi-
estratégicos de Aichi, as seis metas da Estratégia da UE dade e promover a utilização sustentável. . . Eixo 2 e Eixo 3
para a Biodiversidade 2020 e as metas relevantes da Melhorar o estado da biodiversidade através da
Agenda das Nações Unidas para o Desenvolvimento salvaguarda dos ecossistemas, espécies e di-
versidade genética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eixo 2 e Eixo 3
Sustentável 2030. Aumentar, para todos, os benefícios da biodiver-
Não obstante, é importante considerar os desafios par- sidade e dos serviços dos ecossistemas . . . . Eixo 1
ticulares do país, pretendendo-se assegurar que é possível Aumentar a implementação através do planea-
configurar uma proposta que concilie esta realidade com mento participado, gestão do conhecimento e Eixo 1, Eixo 2,
criação de capacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . Eixo 3
os compromissos da CDB.
Assim, o enunciado de objetivos da ENCNB 2030 tem Metas da Estratégia da UE
em consideração também o valor intrínseco e patrimonial para a Biodiversidade 2020
da biodiversidade e da geodiversidade, bem como o seu Plena aplicação das diretivas aves e habitats . . . Eixo 1 e Eixo 3
papel na manutenção de ecossistemas saudáveis e gerado- Manutenção e recuperação dos ecossistemas e
seus serviços. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eixo 2
res de serviços fundamentais para assegurar o bem-estar Maior contribuição da agricultura e silvicultura
humano e o crescimento económico inclusivo, inteligente para a manutenção e valorização da biodiver-
e sustentável. sidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eixo 3
Na figura seguinte apresenta-se o desenho esquemático Garantia da utilização sustentável dos recursos
haliêuticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eixo 3
dos três eixos estratégicos da ENCB 2030 e dos respetivos Combate às espécies exóticas invasoras . . . . . Eixo 1
valores transversais que marcam a cultura de pensamento Contribuição para evitar a perda de biodiversi-
que se pretende pôr em evidência. dade global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eixo 1

4.2 — Eixo 1 — Melhorar o estado de conservação


do património natural

4.2.1 — Enquadramento
Os objetivos incluídos a este nível visam enquadrar
as ações de conservação e gestão ativa das espécies e
dos habitats e de proteção do património geológico, no-
meadamente através da redução de pressões e ameaças
específicas que sobre eles atuam, tendo em vista prevenir,
travar e, quando possível, reduzir a deterioração do seu
estado de conservação, melhorando-o quando necessário.
Neste contexto, é atribuída uma prioridade clara às ações
Fig. — Representação esquemática dos eixos estratégicos e dos de conservação in situ, complementadas por outras ações
valores da ENCNB 2030. realizadas ex situ, sempre que estas forem consideradas
essenciais face aos objetivos de conservação a atingir.
Verifica-se que os diferentes eixos estratégicos concor- A ratificação do Protocolo de Nagoya sobre o acesso
rem de forma por vezes simultânea para a prossecução dos a recursos genéticos e a partilha justa e equitativa dos
objetivos estratégicos de Aichi e das metas da Estratégia da benefícios provenientes da sua utilização por Portugal,
UE para a Biodiversidade 2020, esclarecendo-se na tabela com a sua entrada em vigor em julho de 2017, permitirá
seguinte a forma como este desiderato é alcançado. dar um passo decisivo para que a utilização de recursos ge-
No texto que se segue, desenvolvem-se em maior deta- néticos em Portugal seja realizada em conformidade com
lhe os três eixos estratégicos que concretizam a ENCNB a legislação ou disposições regulamentares dos Estados
2030, procurando apresentar o seu enquadramento geral Membros que forneceram os recursos. Por outro lado, a
e os seus objetivos específicos, sendo certo que podem concretização deste desígnio é condição necessária para
ocorrer situações de interdependência e inter-relação entre conferir eficácia à legislação que eventualmente venha a
os diferentes eixos estratégicos e objetivos. ser adotada em Portugal sobre acesso aos recursos gené-
Pretende-se, assim, assegurar um exercício de siste- ticos nacionais.
matização que permita uma leitura mais fácil da matriz
4.2.2 — Sistema Nacional de Áreas Classificadas (SNAC)
estratégica, que consta no quadro síntese e que apresenta,
de forma mais sintética, a ambição que se pretende con- Considera-se como um dos instrumentos fundamentais
cretizar no período de vigência da ENCNB 2030. de concretização dos objetivos neste eixo estratégico a
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018 1851

consolidação do SNAC, particularmente no mar, e a sua e Habitats, relativo ao período 2013-2018, as espécies e
gestão através de instrumentos eficazes, incluindo os de os habitats protegidos no âmbito das Diretivas Aves e
ordenamento espacial (ver também a este propósito o Habitats iniciem uma tendência de recuperação do estado
Eixo Prioritário 3). Neste âmbito têm sido desenvolvidas de conservação ou tendência populacional relativamente
ações com vista à designação de novas áreas classificadas aos resultados obtidos para o período 2007-2012, para
marinhas, destacando-se o trabalho que tem vindo a ser que em 2030 parte significativa das avaliações, agora
realizado nas áreas oceânicas na subdivisão dos Açores e desfavoráveis, apresente uma variação positiva.
na subdivisão da Plataforma Continental Estendida e que Independentemente de outras ações que se venham a
se encontra já preconizado na Estratégia Nacional do Mar identificar no âmbito deste quadro, considera-se desde já
e no Plano que lhe está associado. que as espécies ou grupos de espécies com planos de ação
Neste contexto, a meta alvo de compromisso visa con- e instrumentos análogos já em vigor, ou que venham a ser
tribuir para a concretização da meta 17 de Aichi e do concluídos no prazo de vigência da ENCNB 2030, deverão
objetivo 14.5 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento ser alvo das medidas prioritárias aí previstas, incluindo
Sustentável, que preconizam a cobertura de 10 % da su- casos concretos de intervenções urgentes já identificadas
perfície marinha global por áreas protegidas, através da e de que são exemplos o lince ibérico, o lobo ibérico, o
consolidação da rede de áreas marinhas do SNAC. saramugo, a águia-imperial-ibérica, as aves necrófagas,
Para o património geológico preconiza-se a constituição o priolo, o roaz-corvineiro, o coelho bravo, entre outras
de uma rede georreferenciada de geossítios com medidas espécies ou grupos de espécies.
de proteção e valorização inscritas nos instrumentos de A desertificação é um fenómeno que representa um fa-
gestão territorial relevantes, considerando o inventário tor de ameaça à biodiversidade. O Programa de Ação Na-
já existente de geossítios de importância internacional, cional de Combate à Desertificação (PANCD), aprovado
nacional, regional e local. Os geossítios de importância pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2014,
internacional e nacional deverão ser integrados no SNAC. de 9 de julho, tem como objetivo a aplicação das orienta-
Concomitantemente, é necessário assegurar a definição ções, das medidas e dos instrumentos da Convenção das
de objetivos de conservação e medidas de gestão e dotar Nações Unidas de Combate à Desertificação nos Países
cada área da Rede Natura 2000 e da RNAP de planos de Afetados por Seca Grave e ou Desertificação nas áreas
gestão e programas de execução eficazes, estabelecidos semiáridas e sub-húmidas secas do território nacional. Para
e aplicados em estreita articulação com as autarquias e o efeito, o PANCD estabelece, para o período 2014-2020,
demais autoridades públicas, os proprietários, os promo- os objetivos estratégicos, as linhas de ação, bem como
tores e os sectores de atividade, as ONGA, a comunidade os indicadores de avaliação do combate à desertificação
científica e outros parceiros relevantes. Será igualmente em Portugal, incluindo questões específicas dirigidas à
relevante promover a avaliação da eficácia das áreas pro- conservação dos ecossistemas e comunidades das zonas
tegidas no que diz respeito ao cumprimento dos objetivos secas, bem como às sinergias entre processos das duas
que justificaram a sua classificação, em particular a sal- Convenções.
vaguarda dos valores naturais em presença. O outro fator de ameaça para o qual se decidiu esta-
A adoção de modelos de cogestão, complementando belecer metas próprias de atuação é o que decorre das
os que o RJ CNB já prevê, trará maior flexibilidade na alterações climáticas, tendo em vista a execução das me-
gestão da RNAP e da Rede Natura 2000 e permitirá o didas da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações
estabelecimento de parcerias virtuosas com as entidades Climáticas (ENAAC) para o sector da biodiversidade.
presentes no território, constituindo esta uma proposta Estas medidas são relevantes não só do ponto de vista da
estruturante da Estratégia. minimização da perda de biodiversidade associada, como
Os municípios são parte essencial nestas parcerias pela também das soluções que os serviços dos ecossistemas
relevância determinante que têm na estruturação das dinâ- saudáveis poderão disponibilizar para a minimização dos
micas territoriais, devendo juntar-se à autoridade nacional riscos e catástrofes naturais, a manutenção da produtivi-
para a conservação da natureza e biodiversidade — que dade primária ou a promoção da qualidade de vida.
deve manter a soberania na gestão dos aspetos essenciais Acresce a necessidade de estabelecer um quadro de
à conservação da natureza e biodiversidade — à Acade- prioridades de medidas de recuperação para outras espé-
mia, às ONGA e entidades representativas dos sectores cies e habitats sujeitos a pressões ou ameaças suscetíveis
produtivos. de comprometer ou agravar de modo particularmente
O ponto essencial que se pretende alcançar é a cria- grave o seu estado de conservação ou risco de extinção,
ção de uma cultura de gestão colaborativa e participada de modo a racionalizar a atuação e dotá-la da eficiência
dos diferentes atores no território, em prol de um ativo compatível com os recursos e calendário disponíveis.
que a todos pode beneficiar, congregando o melhor que Na vertente da abordagem das diferentes pressões e
cada uma dessas entidades possa pôr ao serviço das áreas ameaças, este eixo prioritário dedica particular atenção
protegidas. às espécies exóticas invasoras (terrestres e marinhas) e
A implementação das medidas de concretização refe- aos agentes patogénicos, enquanto fatores de risco parti-
cularmente relevantes para a prossecução dos objetivos
ridas contribuem para o cumprimento do objetivo, iden-
de conservação. Consideram-se fundamentais as ações
tificado na matriz estratégica, 1.1. — Consolidar o SNAC
de prevenção da introdução e de controlo da dispersão
e promover a sua gestão partilhada.
de espécies exóticas, já no curto prazo, dada a magnitude
4.2.3 — Proteção e recuperação de espécies e habitats
nos impactes gerados nas diversas componentes da bio-
diversidade e na integridade dos ecossistemas e das suas
Pretende-se, igualmente, assegurar que, através de di- funções, com danos sérios em termos económicos e de
versas intervenções, até 2019, quando se conclui o exer- saúde pública, demonstrados e reconhecidos. O controlo
cício regular de avaliação de aplicação das Diretivas Aves de espécies exóticas invasoras reveste-se de particular
1852 Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018

especificidade e prioridade em ecossistemas insulares, ampelográfica nacional do INIAV e as várias coleções


costeiros e fluviais, bem como em áreas ardidas. de espécies fruteiras mantidas pelas Direções Regionais
Do ponto de vista da intervenção, identifica-se a neces- de Agricultura e Pescas, complementadas pelos demais
sidade de estabelecer um quadro de referência prioritário jardins botânicos e pelo Centro Nacional de Sementes
de atuação no curto e médio prazo para situações mais Florestais do ICNF.
prementes. Pretende-se abranger os parentes selvagens de plantas
Neste contexto merece igualmente destaque o caso de cultivares e de outras espécies com importância etnobotâ-
espécies invasoras entre os briófitos, cujo estudo e moni- nica e socioeconómica, bem como estabelecer um processo
torização necessitam ser implementados. É disso exemplo de inventariação e seguimento das amostras, incluindo a
a espécie Campylopus introflexus, cujo comportamento informação relacionada com a diversidade genética con-
a nível europeu relativamente à sua expansão tem vindo servada e com a sua proveniência, biologia e ecologia.
a ser considerada preocupante, existindo já dados para Identifica-se ainda como prioritário, para as espécies
Portugal que confirmam o seu carácter invasor. É uma autóctones da flora, o reforço das intervenções de conser-
espécie também já citada para várias ilhas dos Açores. vação ex situ, particularmente da coordenação das plata-
Para o estabelecimento da prioridade de atuação, estas formas e iniciativas já existentes, tendo sobretudo em vista
intervenções deverão ter em conta os contextos próprios da o aumento das medidas de investimento e gestão in situ.
pressão, designadamente em termos da sensibilidade das A implementação das medidas de concretização referi-
espécies, habitats, ecossistemas ou serviços ambientais das contribuem para o cumprimento do objetivo, identifi-
afetados ou ameaçados. cado na matriz estratégica, 1.5. — Assegurar e promover
Por outro lado, importa rever os procedimentos de a conservação da diversidade genética animal e vegetal.
atuação sobre esta matéria, preconizando, nomeadamente,
um sistema de prevenção, de alerta precoce e de resposta 4.2.5 — Quadro legal de conservação da natureza e biodiversidade
rápida à introdução e disseminação de espécies exóticas Este eixo estratégico inclui o reforço do quadro de
invasoras. regulamentação e do cumprimento das normas legais de
A implementação das medidas de concretização re- conservação da natureza e da biodiversidade.
feridas contribuem para o cumprimento dos objetivos, Relativamente ao reforço do quadro legislativo, me-
identificados na matriz estratégica, 1.2. — Assegurar que rece destaque a revisão do RJ CNB, atualizando-o face
as espécies (flora e fauna) e os habitats protegidos me- à evolução do quadro de referência internacional, no-
lhoram o seu estado de conservação ou tendência popu- meadamente, a Agenda 2030 das Nações Unidas para o
lacional, 1.3. — Programar e executar intervenções de Desenvolvimento Sustentável ou o Plano Estratégico da
conservação e de recuperação de espécies (fauna, flora) Convenção sobre a Diversidade Biológica, bem como da
e habitats ao nível nacional e 1.4 — Reforçar a prevenção UE, nomeadamente, a Estratégia da UE para a Biodiver-
e controlo de espécies exóticas invasoras a nível nacional sidade e os resultados da avaliação de desempenho das
e no quadro da UE. Diretivas Aves e Habitats — , bem como à premência
de reforçar e densificar o quadro legal e o compromisso
4.2.4 — Conservação da diversidade genética animal e vegetal
em torno da proteção, gestão e valorização do patrimó-
Relativamente à diversidade genética (animal e ve- nio geológico e da geodiversidade nacional, tendo em
getal), preconiza-se o estabelecimento de um quadro de conta o regime jurídico dos recursos geológicos. Importa
referência nacional, bem como a elaboração de planos de concretizar nesta revisão a consagração das soluções que
conservação para as raças autóctones da fauna e para as viabilizem modelos de cogestão, considerando a aprendi-
plantas cultivares, incluindo os seus parentes selvagens. zagem das iniciativas em curso.
No que diz respeito à manutenção da diversidade ge- Importa, por outro lado, rever e atualizar o regime
nética vegetal, merecem destaque as ações previstas no nacional relativo às espécies exóticas, que data de 1999,
Programa Operacional da Administração Pública para a adaptando-o juridicamente e em termos operacionais aos
Conservação e Melhoramento dos Recursos Genéticos novos desafios e, em particular, à regulamentação adotada
Florestais, as que decorrem da atividade desenvolvida em 2014 a nível da UE.
pelos Centros de Competência do Sector Florestal, no Destaca-se igualmente a importância da criação do
âmbito da Estratégia Nacional para as Florestas. De des- Cadastro Nacional dos Valores Naturais Classificados nos
tacar também as medidas de apoio dos Programas de termos previstos no RJ CNB. Este instrumento de natureza
Desenvolvimento Rural (PDR) no domínio da conser- jurídica constitui um registo nacional de informação re-
vação e melhoramento dos recursos genéticos animais e levante sobre todos os valores naturais classificados e/ou
vegetais. Merecem aqui referência os Planos Estratégicos particularmente ameaçados, nomeadamente sobre os ter-
Nacionais para os recursos genéticos animais e para os ritórios definidos no Continente e nas Regiões Autónomas
recursos genéticos vegetais, que têm por objetivo a ca- e as áreas demarcadas nas águas sob jurisdição nacional,
racterização, a promoção e a utilização sustentável destes com interesse internacional, nacional, regional ou local,
recursos em Portugal. bem como sobre os ecossistemas, habitats naturais, espé-
Especial atenção deve ser prestada ao papel fundamen- cies de flora e fauna e ainda sobre os geossítios.
tal dos dois principais bancos de sementes nacionais inter- As ações de vigilância ativa e fiscalização do patrimó-
nacionalmente reconhecidos: o banco português de ger- nio natural são igualmente tratadas neste eixo estratégico,
moplasma vegetal do Instituto Nacional de Investigação assegurando, por um lado, o cumprimento das disposições
Agrária e Veterinária (INIAV), orientado essencialmente legais e regulamentares estabelecidas em matéria de con-
para a conservação de sementes de cultivares agrícolas, e servação da natureza, biodiversidade e geodiversidade,
o banco de sementes da flora autóctone do Jardim Botâ- e apoiando, por outro, a investigação e a repressão dos
nico da Universidade de Lisboa. Releva, ainda, a coleção respetivos ilícitos, tanto em meio terrestre como marinho.
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As áreas classificadas existentes e a respetiva superfície de modo informado, a prossecução dos compromissos
a fiscalizar justificam o reforço dos recursos existentes jurídicos e políticos do país em matéria de conservação
em matéria de vigilância e fiscalização, nomeadamente da natureza, incluindo a biodiversidade terrestre e marinha
para: e a geodiversidade.
• A consolidação do Quadro de atuação no combate à Persiste uma desatualização ou deficiência de infor-
pesca ilegal, não reportada e não regulada (IUUF); mação sobre componentes relevantes da biodiversidade,
• O cumprimento do regime regulador do comércio nomeadamente, sobre a ocorrência geográfica e o estado
internacional de espécies selvagens ameaçadas de extinção de conservação de habitats naturais protegidos, sobre
e de combate ao tráfico de vida selvagem; espécies autóctones da flora (com destaque para os Pte-
• A elaboração e execução de um plano de fiscalização ridófitos, relativamente aos quais não existem estudos
do cumprimento do regime jurídico da utilização dos relevantes nas últimas décadas) e também sobre espécies
recursos genéticos; de invertebrados.
• A adoção de medidas de redução do risco de mortali- Ainda no âmbito da flora, mais concretamente no que
dade por envenenamento de animais selvagens, tendo em diz respeito às espécies de briófitos, foram referidos
vista a consolidação de uma plataforma de informação, ou descritos mais de 60 novos taxa para Portugal, a
prevenção e combate ao uso ilegal de iscos envenena- partir de 2001, o que mostra claramente a insuficiên-
dos e de otimização do controlo da venda e da utiliza- cia de estudos em alguns grupos de plantas ou áreas
ção de substâncias tóxicas comercializadas legalmente geográficas.
no mercado. A este respeito reforce-se a necessidade No que diz respeito à avaliação do risco de extinção
de assegurar a implementação do «Programa Antídoto verifica-se a existência de grandes lacunas de informa-
Portugal — PAP». ção, como é o caso das espécies vasculares da flora, dos
invertebrados terrestres e dos peixes e invertebrados mari-
A definição de planos de vigilância ativa, concertados nhos. Por outro lado, a informação referente aos estatutos
com as várias autoridades e entidades com competências de ameaça de espécies de vertebrados (répteis, anfíbios,
na matéria, e a utilização de novos métodos de fiscaliza- peixes dulciaquícolas e mamíferos) encontra-se já par-
ção, a larga escala e em tempo real, poderão reformar e cialmente desatualizada.
trazer uma maior eficácia a estas ações, nos termos aliás Relativamente ao património geológico, torna-se ne-
do que já é preconizado na legislação em vigor. cessário consolidar o conhecimento sobre a aplicação de
Por outro lado, a formação especializada, designada- geoindicadores para avaliar o grau de conservação de
mente de agentes institucionais, e o desenvolvimento de geossítios e a sua evolução, de modo a assegurar a correta
plataformas, redes e compromissos de agentes e operado- gestão do património geológico, nomeadamente através
res é também matéria de importância primordial, também de um reforço ou estabelecimento de intercâmbios entre
explícita na Estratégia da UE para a Biodiversidade 2020. geoparques portugueses com instituições congéneres,
Neste contexto destaca-se a importância do reforço das tanto ao nível europeu como no âmbito da Rede Global
equipas de Vigilantes da Natureza e da formação contínua de Geoparques.
dirigida a autoridades policiais, Vigilantes da Natureza, Em matéria de conhecimento deverá igualmente ser
militares da Guarda Nacional Republicana (Serviço de dada uma atenção especial aos processos de desertifica-
Proteção da Natureza e do Ambiente — SEPNA) e polí- ção e de alterações climáticas, nomeadamente através da
cias da PSP (Brigadas de Proteção Ambiental — BriPA), identificação de espécies autóctones típicas e indicadoras
bem como do desenvolvimento de campanhas de sensi- de zonas áridas e semiáridas, bem como da descrição
bilização para agentes autárquicos e judiciais, relativa- da vulnerabilidade (resiliência) da biodiversidade aos
mente a questões de conservação da natureza e gestão da processos de desertificação, à degradação do solo e às
biodiversidade e geodiversidade. alterações climáticas.
A implementação das medidas de concretização re- Merece igualmente destaque o estudo da biodiversidade
feridas contribuem para o cumprimento dos objetivos, dos solos, essencial para a sustentabilidade das funções,
identificados na matriz estratégica, 1.6. — Reforçar o processos e serviços prestados pelos ecossistemas, bem
quadro legal de regulamentação da conservação da na- como a sua monitorização.
tureza e biodiversidade e 1.7. — Reforçar o cumprimento Torna-se ainda importante priorizar os trabalhos de
do quadro legal de regulamentação da conservação da experimentação e investigação que possam minimizar os
natureza e biodiversidade. danos provocados pelos agentes patogénicos que afetam
a biodiversidade, com particular destaque para o impacte
4.2.6 — Investigação e inovação sobre espécies e habitats protegidos.
Apesar do esforço permanente que, de há longa data, se A implementação das medidas de concretização referi-
aplica na aquisição e atualização de informação, na prática das contribuem para o cumprimento do objetivo, identifi-
as lacunas de conhecimento sobre o património natural cado na matriz estratégica, 1.8. — Reforçar a investigação
nacional são repetidamente referidas como uma carência e inovação orientada para as prioridades de política de
transversal no apoio ao sistema de gestão e de decisão. conservação da natureza, incluindo para a colmatação
Na realidade, o objeto em questão é intrinsecamente dinâ- de lacunas de conhecimento de base.
mico: sistemas naturais que interagem e que, por sua vez, 4.2.7 — Monitorização do património natural
dependem de elementos externos com comportamentos
igualmente variáveis. A lacuna ao nível de sistemas de monitorização com
Releva-se assim a importância da existência de uma indicadores eficientes tem condicionado a capacidade de
planificação nacional da produção científica orientada para avaliar o grau de concretização das políticas de natureza
a colmatação das lacunas de conhecimento e para apoiar, e de biodiversidade e das políticas sectoriais, particular-
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mente do seu impacte na conservação dos elementos do pela troca de conhecimentos e de experiências que tais
património natural. iniciativas proporcionam.
Por esta razão, considera-se prioritário desenvolver Face à escassez de informação sobre geodiversidade
um sistema coerente e abrangente de monitorização e e património geológico em áreas protegidas, dirigida ao
acompanhamento da biodiversidade e da geodiversidade, público visitante, torna-se necessário incrementar conte-
fundamental para o apoio à tomada de decisão, e que údos sobre estes temas nas estratégias de informação e
deverá incluir indicadores robustos, tanto a uma macro interpretação que se desenvolvem nestas áreas.
escala como à escala operacional da gestão de espécies e A implementação das medidas de concretização re-
habitats protegidos. Este sistema deve ser ancorado numa feridas contribuem para o cumprimento do objetivo,
lógica de interoperabilidade, em sistemas já existentes ou identificado na matriz estratégica, 1.10 — Aumentar a
previstos noutros instrumentos estratégicos ou progra- visibilidade e perceção pública do valor do património
máticos, com indicadores e programas de monitorização natural e dos serviços de ecossistemas.
relevantes para a política de conservação da natureza e
biodiversidade. 4.2.9 — Cooperação internacional
A implementação das medidas de concretização referi- Nesta matéria propõe-se a integração das políticas de
das contribuem para o cumprimento do objetivo, identifi- conservação da natureza e da biodiversidade nas relações
cado na matriz estratégica, 1.9. — Garantir a estruturação externas de Portugal, e da participação nacional na gover-
de um sistema coerente e útil de monitorização continuada nação internacional da biodiversidade, designadamente
do estado de conservação dos valores naturais. através do reforço da diplomacia verde e do estabele-
cimento de um quadro estratégico de coordenação da
4.2.8 — Visibilidade do valor do património natural
cooperação em matéria de conservação da natureza e
Este eixo estratégico aborda as questões de sensibi- biodiversidade.
lização ambiental, comunicação e participação pública. Este quadro deve ser adequado à evolução e dinâmica
Apesar de, na última década, se ter assistido a um notá- da arquitetura internacional da cooperação, conforme
vel progresso da participação da sociedade civil e a um os princípios acordados internacionalmente, desig-
aumento da consciência das populações para as questões nadamente na Agenda 2030 para o Desenvolvimento
da conservação da natureza, continua a existir falta de Sustentável, na Agenda de Ação de Adis Abeba para o
sensibilização do público para muitos dos aspetos rele- Financiamento do Desenvolvimento e demais acordos
vantes, bem como dificuldade na transmissão de conceitos multilaterais no domínio do ambiente de que Portugal
importantes. é Parte contratante.
A informação pública relativa ao valor intrínseco do pa- Sendo o cumprimento das obrigações nacionais de-
trimónio natural e a sua importância enquanto produtor de correntes de compromissos internacionais relevante para
serviços ambientais, com repercussões para as atividades afirmação de Portugal a nível externo, incluindo da UE,
e o bem-estar humano, é uma questão de primeira impor- propõe-se o reforço sustentado dos fluxos financeiros
tância. Deverá ser estabelecido um programa de formação nacionais, públicos e privados, entre 2020 e 2030, em
e sensibilização para temas específicos de conservação da linha com esses compromissos.
natureza dirigido à sociedade em geral. Especial ênfase A implementação das medidas de concretização referi-
deve ser dada à componente de educação ambiental no das contribuem para o cumprimento do objetivo, identifi-
contexto dos programas e atividades curriculares e extra- cado na matriz estratégica, 1.11. — Reforçar a diplomacia
curriculares dos vários graus de ensino. verde e a participação nacional na governação interna-
Por outro lado, a organização da informação existente cional da biodiversidade.
num sistema integrado de informação georreferenciada
sobre biodiversidade e geodiversidade, assim como o 4.3 — Eixo 2 — Promover o reconhecimento do valor
desenvolvimento de um mecanismo nacional de comu- do património natural
nicação e de partilha de conhecimento, são outros dos
4.3.1 — Enquadramento
requisitos necessários para que a informação seja útil, par-
tilhável e, por essa via, aplicável nos diferentes domínios O mapeamento, a avaliação da condição e a valoração
e sectores no suporte ao desenvolvimento de políticas. No dos ecossistemas e dos serviços de ecossistemas tem sido
domínio da partilha de informação é, assim, reconhecida comprovado como a metodologia mais robusta para tornar
a necessidade de garantir a consolidação definitiva e a tangível a conservação da natureza e o valor da biodiver-
interoperabilidade de sistemas de informação sobre bio- sidade nos ciclos económicos, permitindo a sua efetiva
diversidade e geodiversidade. integração e ponderação no quadro da gestão política e
A par do conhecimento e da sua disponibilização, operacional dos países.
também a perceção sobre o valor do património natural Percebe-se, assim, que se destaque a necessidade de
deve ser reforçada com o aumento das ocorrências in- conceber e adotar uma estratégia que vise o mapeamento
formativas, temáticas, nomeadamente através dos vários dos ecossistemas existentes em Portugal e seus serviços
meios de comunicação social como a rádio, os jornais, a mais relevantes. Neste contexto, importa ainda proceder
televisão e portais, bem como a realização de encontros e a uma avaliação do seu estado de conservação, bem como
debates e o incentivo à participação pública em processos levar a cabo uma valoração dos serviços prestados, tendo
de decisão. presente a simultânea identificação das prioridades de
Sobre a partilha de informação destaca-se ainda a im- recuperação de ecossistemas degradados, identificando
portância da organização de eventos de natureza científica a natureza das intervenções a adotar para contrariar essa
e de divulgação sobre a biodiversidade e geodiversidade, degradação.
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4.3.2 — Valorização e remuneração dos serviços dos ecossistemas TEEB (The Economics of Ecosystems and Biodiversity) e
A par do seu relevo para estancar a perda da biodiversi- CICES (Common International Classification of Ecosys-
dade e fornecer serviços de aprovisionamento e regulação tem Services). A valoração dos serviços dos ecossistemas
eficientes assentes em ecossistemas saudáveis, o papel do revela-se indispensável para o desenvolvimento de meto-
SNAC assume progressiva relevância, designadamente dologias de pagamentos dos mesmos serviços, no âmbito
as áreas protegidas da RNAP, a Rede Natura 2000, entre das diferentes políticas sectoriais.
outras áreas classificadas. Com efeito, é cada vez mais No que diz respeito a ações de recuperação de ecos-
notório o impacte que estas áreas podem ter para alavancar sistemas, as prioridades estão focadas nos que suportam
o desenvolvimento económico, na medida em que, pela e estão relacionados com a promoção da resiliência a
sua excelência, concorrem para tornar o país num destino riscos, incentivando e apoiando a recuperação e a re-
cada vez mais atrativo para residir e visitar. É necessário qualificação ambiental e paisagística das áreas afetadas.
avaliar e dar valor a esta característica ‘cultural’ dos ser- Particularmente relevante, é a promoção e a recuperação
viços destes ecossistemas. da conectividade assegurada pelos ecossistemas terrestres,
A RNAP e a Rede Natura 2000 são ainda instrumentais através de infraestruturas verdes, e ecossistemas aquáticos
para a concretização de objetivos de coesão territorial. (dulciaquícolas e de transição) e marinhos.
É necessário dar expressão a um novo olhar sobre estas Considera-se, contudo, que, independentemente das
áreas, de modo a que possam contribuir para fomentar a prioridades de recuperação já identificadas, deve ser pre-
economia local, criando empregabilidade e, deste modo, parado um plano de ações prioritárias de recuperação de
contribuindo para evitar a perda de população.
ecossistemas que oriente a planificação e execução dos
As novas atividades económicas ligadas ao uso susten-
tável dos recursos são primordiais, na medida em que po- investimentos públicos e privados neste domínio.
dem promover o desenvolvimento das áreas classificadas, A implementação das medidas de concretização re-
sendo certo que a presença e a atividade humana perene feridas contribuem para o cumprimento dos objetivos,
é fundamental para os objetivos de conservação que se identificados na matriz estratégica, 2.1. — Promover o
ambicionam. Torna-se, portanto, estratégico dinamizar mapeamento e avaliação da condição dos ecossistemas
as dimensões de desenvolvimento social e económico e melhorar a sua capacidade de fornecer, a longo-prazo,
sustentável destas áreas. serviços relevantes para o bem-estar humano e 2.2. — Evi-
Os ecossistemas proporcionam uma ampla gama denciar a economia da biodiversidade e dos ecossistemas,
de benefícios diretos e indiretos. Florestas, espaços em particular o seu papel para o desenvolvimento sus-
agrícolas e agroflorestais, zonas húmidas, rios, lagos e tentável e qualidade de vida.
oceanos fornecem uma grande variedade de produtos
(alimentos, água, matérias-primas), que estão na base 4.3.3 — Instrumentos ao nível da fiscalidade verde
do desenvolvimento das sociedades humanas. Para além
desta função de aprovisionamento, os ecossistemas cum- Neste âmbito, a ENCNB 2030 prevê como seu propó-
prem uma função singular na regulação dos diferentes sito constituir uma prática de divulgação dos montantes de
ciclos naturais (água, ar e outros recursos naturais e despesa pública, assim como um sistema de marcadores
genéticos essenciais à vida) e têm um valor cultural de despesa pública em matéria de conservação da natureza
cada vez mais apreciado e mobilizador. Deste modo, e biodiversidade.
considera-se fundamental criar as condições para levar São igualmente estabelecidos objetivos e metas para
a cabo uma valoração dos principais serviços prestados consolidar o contributo dos instrumentos económicos
pelos ecossistemas, a nível nacional, regional e local, com relevância para a utilização sustentável da biodi-
visando a sua contabilização económica assente numa versidade.
estratégia de utilização sustentável e eficiente dos recur- Complementarmente, interessa revisitar o mecanismo
sos, e definir modelos que permitam a integração deste de financiamento com incidência na Lei das Finanças
valor nos diferentes sectores de atividade, na economia Locais, tendo em vista tornar operacional e eficaz a sua
e nas finanças. aplicação, de modo a promover o investimento na con-
Nesta perspetiva, é também crucial estudar metodolo- servação do património natural.
gias para a remuneração dos serviços dos ecossistemas, Prevê-se também avaliar o impacte dos incentivos
que, a título experimental, serão testadas em áreas pro- e subsídios na conservação da biodiversidade, visando
tegidas selecionadas para constituírem um projeto-piloto adotar um plano público de prioridades e metas de
neste âmbito. eliminação, reforma e phasing-out de subsídios pre-
Esta valoração e remuneração não dispensa a concreti- judiciais e de promoção e aplicação de incentivos po-
zação de um processo nacional (e/ou regional) de mapea-
sitivos.
mento e de espacialização dos ecossistemas e dos serviços
dos ecossistemas, assim como da avaliação do seu estado A implementação das medidas de concretização re-
e condição, e em conjunto, baseada em metodologias ro- feridas contribuem para o cumprimento dos objetivos,
bustas como as que têm vindo a ser desenvolvidas na UE, identificados na matriz estratégica, 2.3. — Aumentar o
através da Comissão Europeia — Joint Research Center investimento público em conservação da natureza e bio-
e da Agência Europeia do Ambiente — e em colaboração diversidade, 2.4. — Consolidar o contributo dos instru-
com os Estados Membros e diversos stakeholders, no mentos fiscais para a conservação da natureza e utilização
âmbito da execução da meta 2 da Estratégia de Biodi- sustentável da biodiversidade, e 2.5. — Assegurar uma
versidade da UE 2020. Estas metodologias são coerentes aplicação coerente dos sistemas de incentivos e subsídios
com as classificações de serviços dos ecossistemas desen- com os objetivos de conservação e utilização sustentável
volvidas no âmbito do Millenium Ecosystem Assessment, da biodiversidade.
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4.4 — Eixo 3 — Fomentar a apropriação dos valores naturais seja nas escalas transformadoras e industriais, incluindo
e da biodiversidade o turismo, seja no sector financeiro.
4.4.1 — Enquadramento Sob este eixo são, assim, revistas e preconizadas metas
de integração dos objetivos de conservação da natureza
Este é o nível da Estratégia com que pretende assegurar e biodiversidade em todos os programas sectoriais e re-
objetivos e metas relativos ao aprofundamento da integra- gionais, bem como nos instrumentos de ordenamento do
ção da biodiversidade e da proteção do património geoló- espaço marítimo, assegurando a coerência da aplicação
gico em sectores produtivos e económicos fundamentais, de ambos os regimes em áreas classificadas que abrangem
seja daqueles que utilizam os recursos da biodiversidade espaço terrestre e marinho.
e que por isso dependem de ecossistemas estrutural e Refira-se igualmente a necessidade assegurar a inte-
funcionalmente saudáveis, seja dos que, por via da sua gração da componente da biodiversidade nas políticas de
atividade, são suscetíveis de gerar maiores impactes ne- adaptação às alterações climáticas, seja para evidenciar a
gativos sobre um ou mais componentes da biodiversidade relevância do contributo da biodiversidade para a agenda
e do património geológico. climática, seja para assegurar a sustentabilidade da ação
Em ambos os casos, são prosseguidos objetivos de climática, prevenindo que daí decorram fatores preju-
sustentabilidade na utilização e afetação dos recursos, diciais que promovam a degradação dos ecossistemas e
através da minimização dos impactes, da promoção e dos serviços de regulação e aprovisionamento que devem
valorização dos serviços dos ecossistemas ao longo de assegurar.
toda a cadeia produtiva, numa lógica económica circular
4.4.2 — Agricultura
e eficiente, que assegure a manutenção e mesmo a promo-
ção da diversidade biológica, contabilizando económica É inegável o efeito que a transformação do solo agrí-
e socialmente os serviços por ela proporcionados através cola e das práticas agrícolas têm nos ecossistemas, con-
dos ecossistemas que suporta. sequentemente no equilíbrio das espécies. A atividade
Simultaneamente, é dado relevo à necessidade de apro- agrícola constitui um dos pilares fundamentais para a
fundar a integração destes objetivos noutras políticas hori- conservação da natureza. É, por isso, essencial que as
zontais e de suporte, numa lógica mutuamente apoiada de políticas públicas no domínio da agricultura ponderem,
aplicação, com destaque para a água, o mar, o planeamento a um nível estratégico, a conservação dos solos, bem
e ordenamento do território e a ação climática e energia. como o impacte sobre a biodiversidade, sendo algumas
É o eixo da Estratégia particularmente dirigido para a das espécies muito relevantes para o próprio sucesso da
integração sectorial. economia agrícola.
São, assim, objetivos deste eixo estratégico aprofundar Subjacente ao objetivo para o sector agrícola está a
o contributo da agricultura e da silvicultura para a con- aplicação de forma coerente, em todo o território, dos
servação da natureza, garantir a utilização sustentável apoios da Política Agrícola Comum (PAC), em parti-
dos recursos aquáticos, promover a articulação das metas cular através dos PDR e dos pagamentos ecológicos do
de clima e energia com os objetivos de conservação da regime de pagamentos diretos, em especial nas áreas
natureza e biodiversidade, aumentar a qualificação da classificadas, assegurando a prossecução dos objetivos
oferta de serviços de turismo de natureza, aprofundar a de gestão agrícola e florestal das áreas protegidas e da
aplicação integrada e coordenada das políticas de gestão Rede Natura 2000.
de qualidade da água e de promoção e gestão dos ecos- Este objetivo tem como pressuposto que todos os
sistemas, espécies e habitats dependentes das massas apoios da PAC asseguram a sustentabilidade dos inves-
de água, assegurar a sustentabilidade da utilização de timentos agrícolas e florestais, promovendo a compe-
recursos genéticos marinhos e terrestres, diminuir a perda titividade do sector numa lógica multifuncional, coo-
de solo associada ao uso inadequado face à conservação perativa e inovadora e, simultaneamente, a promoção
dos valores naturais e garantir o reforço da integração dos da qualidade estrutural e funcional dos ecossistemas e
objetivos de conservação da natureza e biodiversidade seus serviços.
nos instrumentos de ordenamento do espaço terrestre e Deve reconhecer-se que o abandono generalizado da
marítimo. atividade agrícola e florestal conduz à degradação e perda
Em termos de planeamento e ordenamento do terri- de património natural. Deste modo, é urgente travar este
tório, os objetivos e metas considerados decorrem na- abandono, criando condições para a melhoria da rentabili-
turalmente dos desafios e oportunidades geradas pelo dade económica das zonas mais deprimidas, promovendo
desenvolvimento dos novos paradigmas de planeamento a viabilidade económica das atividades responsáveis pela
e ordenamento dos espaços marítimo e terrestres e que conservação de uma parte significativa de espécies, ha-
decorrerão ao longo de todo o período de vigência da bitats e ecossistemas dependentes de práticas agro-silvo-
Estratégia. Este processo deverá contar necessariamente -pastoris específicas.
com o envolvimento ativo dos agentes socioeconómicos, Pressupõe, igualmente, a definição e execução de pla-
das ONG e das entidades públicas nacionais, regionais e nos de ação, quer no domínio do controlo sanitário, quer
municipais, em diversos níveis da sua atuação. fitossanitário, assim como do plano de ação nacional para
Igualmente fundamental é reforçar a este nível os es- o uso sustentável de produtos fitofarmacêuticos e ainda a
forços já lançados para promover e valorizar a integração implementação dos planos estratégicos nacionais para os
da biodiversidade nas estratégias, políticas e cadeias de recursos genéticos animais e vegetais.
produção das empresas, reforçando abordagens como a A implementação das medidas de concretização refe-
iniciativa Business & Biodiversity e assegurando um cres- ridas contribuem para o cumprimento do objetivo, iden-
cente reconhecimento das oportunidades que a economia tificado na matriz estratégica, 3.1. — Aprofundar o con-
da biodiversidade e dos ecossistemas pode oferecer ao tributo da agricultura para os objetivos de conservação
sector privado da economia, seja ao nível dos produtores, da natureza e da biodiversidade.
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018 1857

4.4.3 — Floresta No caso particular dos habitats bentónicos, serão de-


A floresta constitui parte muito significativa da ocupa- senvolvidos planos de adaptação de práticas de pesca
ção do território e, tal como as áreas agrícolas, desempenha lesivas, incluindo no-take zones.
uma função estruturante para a conservação da natureza e Importa ainda concretizar um programa nacional de
biodiversidade. A floresta, enquanto habitat, é o suporte avaliação das capturas acessórias de mamíferos, aves e
de um conjunto muito diversificado de espécies. répteis marinhos, e de ensaio e utilização de artes e tec-
O desenvolvimento da economia da floresta tem raí- nologias que diminuam o seu impacte.
zes profundas no país e nela estão ancoradas atividades Ao nível da aquicultura, destaca-se a avaliação de im-
económicas essenciais. É importante manter condições pacte da utilização de espécies exóticas ou transgénicas
para que tais atividades se mantenham e abrir espaço e do impacte decorrente da recolha de ovos ou larvas de
para uma maior diversificação dos serviços da floresta. espécies autóctones.
Esta diversificação pode constituir uma oportunidade Espera-se globalmente contribuir para o desenvolvi-
para a presente Estratégia, na medida em que pode, por mento e a prossecução das metas de «Bom Estado Am-
essa via, aumentar a expressão da floresta autóctone, biental» do ambiente marinho enquadradas na DQEM e
assim como da própria manutenção dos espaços florestais o estado de conservação favorável das espécies e habitats
consolidados. protegidos das Diretivas Aves e Habitats, de modo in-
Parte fundamental neste processo são os instrumentos tegrado entre si e com as metas de qualidade ecológica
de planeamento florestal, designadamente os Programas da DQA.
Regionais de Ordenamento Florestal, mas também os A implementação das medidas de concretização referi-
instrumentos de maior escala, como sejam os Planos de das contribuem para o cumprimento dos objetivos, identi-
Gestão Florestal (PGF). ficados na matriz estratégica, 3.3. — Garantir a utilização
Com efeito, os PGF têm um papel na conservação sustentável dos recursos marinhos e 3.4. — Promover e
e gestão sustentável da floresta, integrando-se numa articular a integração dos objetivos da conservação da
rede de instrumentos essenciais para a aplicação das natureza e biodiversidade nos planos, programas, instru-
políticas florestal, de recursos hídricos, de conserva- mentos e normas do espaço marítimo.
ção, de desenvolvimento industrial, entre algumas das
mais relevantes. A elaboração e execução dos PGF, para 4.4.5 — Águas interiores e sistemas fluviais
uma parte substancial da superfície de espaços florestais Nas massas de águas interiores e nos sistemas fluviais,
portugueses, constituem hoje um dos principais desafios o foco consiste na elaboração ou revisão de planos de
do sector.
gestão e exploração dos recursos aquícolas ou de outros
Destaca-se ainda como fundamental a recuperação de
documentos reguladores da pesca.
ecossistemas florestais abandonados, particularmente em
Pretende-se, assim, aprofundar a aplicação integrada e
áreas englobadas no SNAC.
A implementação das medidas de concretização refe- coordenada das políticas de gestão de qualidade e quan-
ridas contribuem para o cumprimento do objetivo, iden- tidade da água e de promoção e gestão dos ecossistemas,
tificado na matriz estratégica, 3.2. — Aprofundar o con- espécies e habitats dependentes das massas de água (de
tributo da silvicultura para os objetivos de conservação superfície e subterrâneas), bem como de manutenção e
da natureza e da biodiversidade. recuperação dos serviços dos ecossistemas associados
ao aprovisionamento de água em quantidade e qualidade
4.4.4 — Mar para o consumo doméstico e industrial, à conservação do
solo e à manutenção da biodiversidade. Neste sentido, é
Os objetivos e metas aqui previstos visam aprofundar, uma meta deste eixo assegurar que os Planos de Gestão
no contexto das Políticas Marítima Integrada e Comum de Região Hidrográfica (PGRH) integrem as metas de
de Pescas e instrumentos associados, o apoio à conser- qualidade ecológica, com medidas e opções essenciais à
vação e recuperação dos recursos biológicos explorados prossecução dos objetivos de gestão relevantes das áreas
e dos ecossistemas e espécies marinhas em geral, ao de- protegidas e da Rede Natura 2000.
senvolvimento sustentável da aquicultura e à promoção A implementação das medidas de concretização referidas
da economia do mar e do crescimento azul, em estreita contribuem para o cumprimento do objetivo, identificado
integração com regimes de ordenamento do espaço ma- na matriz estratégica, 3.5. — Garantir a utilização susten-
rítimo e avaliação ambiental adequados e assegurando as tável dos recursos em águas interiores e sistemas fluviais.
metas atrás referidas.
Também no mar os efeitos das alterações climáticas, 4.4.6 — Energia e indústria extrativa
através do aumento da temperatura das águas e da sua
acidificação, estão a induzir alterações significativas nas Relativamente a estes sectores produtivos, o foco será,
comunidades marinhas, bem como a migração, para lati- numa lógica de transição para uma economia de baixo
tudes mais setentrionais, de muitas populações. carbono, a sustentabilidade das atividades de prospeção
Ao nível dos ecossistemas marinhos, pretende-se que e extração dos recursos minerais, produção e distribuição
sejam identificados os «ecossistemas marinhos vulnerá- de energia, apostando no reforço da produção e da inova-
veis», procedendo-se à sua integração na Rede Fundamen- ção tecnológica sustentáveis das energias renováveis e na
tal de Conservação da Natureza, sendo dotados de planos eficiente utilização dos recursos, de modo a minimizar a
de gestão da pesca (incluindo sistemas de cogestão) e das afetação da biodiversidade em todos os seus níveis. As re-
demais atividades marítimas, nos termos do regime de des energéticas assistiram a um grande desenvolvimento,
uso e planeamento espacial do espaço marítimo nacional respondendo aos desafios da diversificação de fontes de
e tendo em conta os princípios de gestão baseados em energia e de sistemas de produção, o que tem conduzido
ecossistemas. a um redesenho da rede de transporte.
1858 Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018

Para este objetivo será necessário estabelecer os cri- sustentada dos recursos endógenos naturais e do patri-
térios da significância do impacte das fontes de energias mónio cultural, contribuindo para o aumento de número
renováveis sobre o património natural, com base nos pro- de visitantes.
cessos de avaliação e monitorização ambiental, incluindo O Programa Nacional de Turismo de Natureza (PNTN),
no ambiente marinho. aprovado através da Resolução do Conselho de Ministros
Refira-se, a propósito, a necessidade de dar continui- n.º 51/2015, de 21 de julho, alargado em 2009 ao território
dade aos mecanismos de adaptação e correção no âmbito do SNAC e definido em termos do seu âmbito, dos seus
do planeamento da instalação das linhas de transporte objetivos e das ações a desenvolver, visa contribuir para a
e distribuição de energia. Merecem referência a este promoção e a afirmação dos valores e as potencialidades
respeito os protocolos estabelecidos desde 2003 com das áreas classificadas, propiciar a criação de produtos
diferentes parceiros, nos quais se inclui o ICNF, e que e serviços turísticos adequados e promover a atividade
muito contribuíram para o conhecimento científico, assim de visitação.
como para a correção de pontos de maior sensibilidade Também a Estratégia para o Turismo 2027, aprovada
da avifauna. pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 134/2017,
Do mesmo modo, preconizam-se ações de recuperação de 27 de setembro, define um referencial estratégico
do passivo ambiental da indústria extrativa, nomeadamente para Portugal como destino turístico sustentável, onde
no que diz respeito a áreas de exploração de recursos o desenvolvimento turístico assenta na conservação e na
geológicos abandonadas. Algumas destas áreas podem valorização do património natural e cultural do país. De re-
ser adaptadas para uma outra utilização ambientalmente ferir, contudo, a possibilidade de existência de sobrecarga
sustentável, como é o caso de um uso educativo para turística em alguns locais e destinos, designadamente
alunos de diversos níveis de ensino ou até mesmo um de natureza ambiental e social, com os correspondentes
uso recreativo/turístico. No âmbito da concretização de impactes negativos. Esta fragilidade, a acautelar na pro-
novas concessões para prospeção, pesquisa e exploração gramação da atividade turística, é, aliás, identificada na
de recursos minerais, designadamente em meio marinho, referida Estratégia.
revela-se essencial integrar requisitos de conservação do A implementação das medidas de concretização refe-
património natural nos processos de tomada de decisão, ridas contribuem para o cumprimento do objetivo, iden-
no âmbito dos procedimentos de avaliação de impacte tificado na matriz estratégica, 3.8. — Promover a oferta
ambiental. e qualificação dos serviços no domínio do turismo de
A implementação das medidas de concretização re- natureza, que concorram para a gestão sustentável dos
feridas contribuem para o cumprimento dos objetivos,
territórios e salvaguardem o património natural e iden-
identificados na matriz estratégica, 3.6. — Promover a
tidade cultural.
articulação das metas de clima e energia com os ob-
jetivos de conservação da natureza e biodiversidade e 4.4.8 — Utilização de recursos genéticos
3.7. — Assegurar a conservação da biodiversidade e da
geodiversidade nas atividades de prospeção, pesquisa e Tendo presentes as normas globais inscritas no Pro-
exploração de recursos minerais. tocolo de Nagoya à Convenção sobre a Diversidade
Biológica, adotado em 2010, importa instalar e aplicar,
4.4.7 — Turismo nos prazos previstos nesse âmbito, o regime nacional
O turismo e as atividades conexas em áreas classi- que regulará a conformidade de utilização dos recur-
ficadas são aqui abordados no sentido de aumentar a sos genéticos pelos operadores nacionais, atendendo
qualificação da oferta de serviços e o seu contributo ainda ao Regulamento que estabelece o regime a nível
para a sustentabilidade da gestão das áreas classifi- da UE.
cadas, bem como também na perspetiva de sustentar Neste âmbito procurar-se-á assegurar a conformidade
o contributo que o património natural pode prestar ao da utilização dos recursos genéticos com os regimes le-
desenvolvimento de um sector estratégico na economia gais de acesso dos países fornecedores desses recursos,
e no PIB nacional. Trata-se, conjugadamente com o sobretudo nos sectores conexos com a biotecnologia e
desenvolvimento dos processos de contabilização eco- a investigação científica. Importa agora que Portugal
nómica (accounting) dos serviços dos ecossistemas (ver avalie o impacte do possível desenvolvimento de um
Eixo 2), de introduzir e desenvolver neste sector um regime de acesso aos recursos genéticos, no território
segmento de crescimento associado ao capital natural terrestre e marítimo sob jurisdição nacional, e da con-
único do país. tratualização dos termos da partilha dos benefícios que
Pretende-se o desenvolvimento de uma atividade turís- decorrem da utilização destes recursos obtidos no ter-
tica compatível com a preservação do património natu- ritório português.
ral, nomeadamente através da qualificação dos espaços e Importa igualmente rever o regime legal de acesso e
infraestruturas de suporte em áreas classificadas (desig- utilização dos recursos genéticos para a alimentação e
nadamente centros de receção, núcleos museológicos, agricultura, no âmbito dos instrumentos juridicamente
sinalética, trilhos, infraestruturas de observação, entre vinculativos que regulam estas matérias a nível interna-
outras), compatíveis com as características ecológicas, cional e em linha com o disposto no plano estratégico
geológicas e culturais de cada área. nacional para os recursos genéticos vegetais.
A marca «Natural.PT», baseada em produtos e ser- A implementação das medidas de concretização re-
viços associados à RNAP, apresenta uma componente feridas contribuem para o cumprimento do objetivo,
de projeção do seu potencial turístico, que procura criar identificado na matriz estratégica, 3.9. — Assegurar a
sinergias com iniciativas e intervenções no âmbito das sustentabilidade da utilização de recursos genéticos ter-
Administrações Regionais Autónomas e Locais de gestão restres e marinhos.
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4.4.9 — Infraestruturas de transporte e de comunicações integração da conservação da natureza e da biodiversi-


O investimento efetuado nas duas últimas décadas em dade nas estratégias, políticas e processos operacionais
Portugal em infraestruturas de transporte viário resultou das empresas.
na concretização de uma significativa parte da rede pre-
4.4.11 — Instrumentos de planeamento e Avaliação Ambiental
vista no Plano Rodoviário Nacional. Importa avaliar em de propostas e projetos de desenvolvimento
que medida é que as redes de infraestruturas podem estar
a contribuir para o efeito barreira e a fragmentação de O atual regime jurídico de políticas públicas de orde-
habitats, bem como o efeito de exclusão ou de mortali- namento do território, solo e urbanismo estabelece que
dade, de modo a sustentar intervenções que visem corrigir os planos de âmbito municipal e intermunicipal são os
eventuais impactes. instrumentos que determinam a classificação e a qua-
Outra realidade que importa avaliar diz respeito à lificação do uso do solo e cujas regras vinculam direta
eventual utilização pelas espécies dos canais criados por e imediatamente os particulares. Constitui, assim, uma
tais infraestruturas, permitindo fomentar por essa via a prioridade a elaboração de programas especiais de orde-
conectividade entre habitats, promovendo a gestão dos namento das áreas protegidas e consequente integração
espaços verdes de forma a suportar estas ligações. Já as das suas diretrizes no conteúdo dos Planos Municipais que
infraestruturas de telecomunicações e os serviços que reforçarão, no seu conteúdo e substância, os princípios de
podem proporcionar são essenciais para a dinamização conservação da natureza.
das estratégias de visitação, a manutenção e a salvaguarda Prevê-se ainda a arquitetura de um subsistema de mo-
das áreas classificadas. nitorização e avaliação da aplicação dos instrumentos
Assegurar a partilha de infraestruturas de suporte pelos de gestão territorial, com indicadores adequados à mo-
operadores nas áreas classificadas e dinamizar a consti- nitorização e avaliação da realização e do resultado da
tuição de uma cobertura adequada de telecomunicações, prossecução dos objetivos de conservação da natureza e
designadamente nas áreas protegidas, será uma medida de de utilização sustentável de recursos naturais, designa-
grande alcance, permitindo possuir melhores condições de damente no âmbito do Programa Nacional da Política do
segurança para residentes e visitantes, atuar rapidamente Ordenamento do Território.
sobre ocorrências, facilitar a visitação pela disponibiliza- Para além dos instrumentos de planeamento, importa
ção de informação em tempo real e permitir implementar destacar o papel dos instrumentos de avaliação ambiental
sistemas de monitorização do número de visitantes. Esta prévia, como sejam a Avaliação Ambiental Estratégica
infraestrutura constitui parte importante numa mudança de (AAE) de planos e programas e a Avaliação de Impacte
paradigma de usufruto das áreas protegidas e será motor Ambiental (AIA) ou Avaliação de Incidências Ambientais
da inovação na sua gestão. (AIncA) de projetos.
A implementação das medidas de concretização re- Ainda que não sejam instrumentos na esfera direta da
feridas contribuem para o cumprimento do objetivo, Estratégia, estes instrumentos merecem referência pelo
identificado na matriz estratégica, 3.10. — Assegurar a seu papel fundamental para a concretização de propósitos
sustentabilidade das infraestruturas de transporte e co- essenciais de salvaguarda do ambiente e de conservação
municações. do património natural, através da aplicação do princípio
da precaução e da abordagem hierárquica da avaliação
4.4.10 — Empresas e património natural ambiental prévia, que assenta em evitar os impactes de
A consolidação de uma marca de excelência como a planos e projetos, minimizando-os caso tal não seja pos-
«Natural.PT», qualificadora dos recursos endógenos reais sível e, a jusante, compensando de modo proporcional e
e potenciais dos territórios mais representativos da singu- prévio ao licenciamento os impactes induzidos, quando
laridade natural do território português, da sua biodiversi- os mesmos sejam irreversíveis e não mitigáveis, e de-
dade, geodiversidade e cultura, funcionará como alavanca monstrada que seja, antecipadamente, a ausência de al-
privilegiada para a projeção do capital natural. ternativas conjugada com o reconhecimento de impera-
Tal facilitará os fatores de desenvolvimento local de tivo interesse público. Neste contexto, e sem colocar em
base sustentável necessários à promoção da qualidade causa as obrigações legalmente consagradas, podem ser
de vida, da sustentação de uma estrutura económica e previstas abordagens e soluções de não perda líquida de
social capaz de gerar a fixação e rejuvenescimento das biodiversidade.
populações acima de níveis críticos, gerando emprego e É necessário reforçar uma abordagem mais sistémica
lógicas inovadoras e multifuncionais de utilização dos a instrumentos de planeamento, integrando a AAE, ro-
espaços rurais, particularmente no interior e nas áreas bustecendo a qualidade e transversalidade das análises
mais despovoadas. e, consequentemente, melhorando as propostas de de-
É ainda objetivo deste eixo estratégico promover senvolvimento.
e valorizar a integração da biodiversidade nas estra- Em relação à AIA, e tendo em vista uma progressiva
tégias, políticas e cadeias de produção das empresas, melhoria dos procedimentos previstos por este regime
reforçando abordagens como a iniciativa Business jurídico, considera-se da maior importância atualizar
& Biodiversity. a tipologia de projetos face às atividades económicas
A implementação das medidas de concretização re- emergentes, designadamente no meio marinho, bem como
feridas contribuem para o cumprimento dos objetivos, reforçar o acompanhamento da fase de Pós-avaliação
identificados na matriz estratégica, 3.11. — Aumentar dos projetos.
a qualificação da oferta de produtos e serviços, inte- Complementarmente, torna-se necessário desenvolver
gradores do património natural e cultural, contribuindo um maior esforço no aumento do conhecimento sobre a
para a sustentabilidade da gestão dos territórios das eficácia das medidas de mitigação e compensação, tendo
áreas classificadas e 3.12. — Promover e valorizar a em vista corrigir ou ajustar o figurino que tem sido uti-
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lizado, particularmente nos casos em que se revelem de- Para além do reforço de recursos de proximidade que
sajustadas. importa dotar a autoridade nacional para a conservação da
A implementação das medidas de concretização re- natureza e biodiversidade, um dos aspetos mais relevantes
feridas contribuem para o cumprimento dos objetivos, é a necessidade da existência de quadros estratégicos e
identificados na matriz estratégica, 3.13. — Garantir a programáticos, contendo conjuntos de ações estruturadas
integração dos objetivos de conservação da natureza e e articuladas entre si, e que permitam a otimização na
biodiversidade nos instrumentos de ordenamento, estra- mobilização de recursos financeiros necessários.
tégias, planos e programas, assegurando a coerência A necessidade de uma ação perseverante na elaboração
de aplicação de regimes nas áreas classificadas e sua de planos de gestão coerentes para as áreas classificadas,
conectividade e 3.14. — Atualizar o regime jurídico de de planos de ação para as espécies e outras intervenções
avaliação de impacte ambiental. ao nível dos habitats que sejam transversais ao território
é reforçada. Trata-se duma ação fundamental por parte
4.5 — Matriz estratégica da autoridade nacional para a conservação da natureza e
biodiversidade, a que se deve juntar, na mesma lógica, a
A matriz estratégica da ENCNB 2030, referente à con- definição de planos consistentes de monitorização e de
cretização das matérias propostas nos três eixos estratégi- vigilância.
cos fundamentais de execução da política de conservação Não obstante a elevada especificidade do tema e a
da natureza e biodiversidade, com um total de 30 objetivos escala do país, é também relevante fomentar a criação
(11 no Eixo 1, cinco no Eixo 2 e 14 no Eixo 3) e 104 me- de uma base alargada de entidades, que complementem
didas de concretização, consta no Quadro Síntese. a autoridade nacional para a conservação da natureza
As medidas de concretização de cada objetivo são de- e biodiversidade, permitindo melhorar a capacidade de
talhadas através de indicadores de resultado, prazo de execução dos objetivos da ENCNB 2030.
execução e meios de verificação, que são categorizados Para este efeito é necessário assegurar estabilidade
com a atribuição de prioridades variáveis entre 1 e 3, a no financiamento ao longo do tempo para os múltiplos
saber: projetos, de modo a permitir dar perenidade e segurança
• Prioridade 1: Concretização essencial para a execução às diferentes organizações. É importante ainda apostar na
qualificação e capacitação de tais organizações para que
da ENCNB 2030;
possam reunir condições de elegibilidade e capacidade de
• Prioridade 2: Concretização importante para a exe-
gestão perante os requisitos dos diferentes programas, em
cução da ENCNB 2030; particular quando esteja em causa o financiamento por via
• Prioridade 3: Concretização de importância comple- de fundos comunitários.
mentar para a execução da ENCNB 2030.
5.2 — Sistematização das Atividades a Conduzir
Esta matriz aponta igualmente para o enquadramento
financeiro da operacionalização de cada medida de con- O financiamento da conservação da natureza deve
cretização, bem como o seu suporte jurídico e legal. Entre destinar-se, no essencial, a apoiar a concretização das
os instrumentos financeiros são de destacar os programas atividades que se podem sistematizar nos seguintes gran-
operacionais do quadro de financiamento europeu e o des grupos:
Fundo Ambiental, criado pelo Decreto-Lei n.º 42-A/2016, • Planos de gestão e de valorização de áreas classifica-
de 12 de agosto. das, designadamente das áreas protegidas, Rede Natura
A componente institucional e social da ENCNB 2030 2000 e Reservas da Biosfera;
é particularmente evidenciada com a definição nesta ma- • Planos de ação para espécies;
triz estratégica das entidades responsáveis e de um leque • Planos de ação para intervenção em habitats (numa
alargado de outras entidades intervenientes na operacio- lógica transversal e que extravasa as áreas classificadas
nalização das medidas de concretização. Estas entidades como seja, por exemplo, o controlo de espécies exóticas);
integram a Administração Central e as Autarquias Locais, • Planos de monitorização (e consequente especificação
bem como as Regiões Autónomas e representantes da so- das ações);
ciedade civil, da Academia e das organizações sectoriais • Processos de inovação;
relevantes, sendo que as entidades responsáveis foram • Processos de suporte (como seja o Natural.PT e ou-
identificadas atendendo às suas competências e áreas de tros instrumentos que promovem ou apoiam o processo
intervenção direta. de gestão);
A matriz estratégica é, assim, essencial para a definição • Vigilância.
de uma estrutura de planeamento e acompanhamento da
execução da ENCNB 2030, promovendo a complemen- Destas atividades, duas assumem particular destaque
taridade e criando sinergias entre sectores, dinamizando a em razão do impacte e volume de financiamento que lhe
participação da sociedade civil nos processos de decisão tem sido dirigido, a seguir detalhadas.
e racionalizando meios e recursos.
5.2.1 — Investimento em áreas classificadas
5 — Financiamento e Recursos e recuperação de habitats

5.1 — Enquadramento
Tal como referido, as áreas protegidas beneficiarão
se para as mesmas forem desenvolvidos planos de va-
O presente capítulo sistematiza a necessidade de fi- lorização concertados e partilhados com os parceiros no
nanciamento no domínio da conservação da natureza e território, designadamente com os municípios.
os principais instrumentos financeiros hoje disponíveis Tais planos terão como fundação os respetivos pro-
para as concretizar. gramas de ordenamento, mas devem ser complementa-
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dos com ações de âmbito mais alargado, considerando No caso do lobo ibérico, pretende-se que o Plano de
as dimensões socioculturais e económicas, associadas à Ação para a Conservação do Lobo Ibérico em Portugal
valorização do território. promova uma aposta maior na prevenção de ataques do
O modelo de cogestão que se propõe desenvolver tem lobo, permitindo alterar o paradigma atual, muito assente
como um dos seus pontos essenciais a construção desses no pagamento de prejuízos.
planos de valorização, considerando um horizonte mais Acresce o Plano de Ação para a Conservação do
lato, concebendo um modelo de desenvolvimento ambien- Lince Ibérico em Portugal 2015-2020, que traduz um
tal e socioeconómico dos territórios e respetivo plano de caso de sucesso a nível mundial e que tem projetado a
financiamento. Península Ibérica como um exemplo de articulação em
Pela singularidade de cada área protegida, esta é uma torno de um projeto comum, visando salvar da extinção
estratégia que terá de ser delineada caso-a-caso. A ado- esta espécie. No que concerne ao lince ibérico, devem
ção de modelos de cogestão facilitará a articulação de perseverar os esforços na reintrodução criteriosa da es-
intenções e a majoração do efeito por essa via e permitirá pécie em Portugal, devendo ser assegurados os meios
atingir resultados de mais largo alcance. Facilitará tam- financeiros que permitam a continuação e consolidação
bém o acesso a linhas de financiamento, porquanto ficará dos programas ex situ e in situ, considerando ainda que
evidente a convergência dos projetos para benefício da não se perspetiva que este último possa continuar a ser
área e dos seus objetivos de conservação. apoiado em financiamento comunitário nos mesmos
Complementarmente, o plano de valorização deve moldes que até 2017.
conter, em si mesmo, o desenvolvimento de soluções Antevê-se que qualquer uma destas ações ficará quase
de autofinanciamento, designadamente das operações integralmente dependente do financiamento direto do
correntes em cada área protegida e se possível o próprio Estado e com possibilidade muito limitada, à exceção de
reinvestimento. O aprofundamento de uma cultura sis- ações de investimento novas, ao recurso a cofinanciamento
témica nesta gestão e envolvendo um maior número de comunitário.
áreas pode sustentar a adoção de soluções transversais Os encargos correntes destes dois projetos correspon-
integradas num enquadramento fiscal adequado. dem a um valor médio anual na ordem dos 1,5 M€, a que
Este modelo pode ser aplicável ao conjunto de áreas há que somar o esforço em curso no maneio de habitats,
que compõem o SNAC, sendo que, no momento em que a apoiado por um conjunto de entidades, para além da esfera
ENCNB 2030 foi desenvolvida, decorrem duas iniciativas da autoridade nacional para a conservação da natureza e
paralelas que visam dinamizar esta abordagem, designa- biodiversidade e em que participam os municípios e as
damente o Projeto-Piloto do Tejo Internacional (que visa empresas, e que não deverá sofrer alterações até ao ano
testar um processo de cogestão numa área protegida de horizonte de 2030.
âmbito nacional) e o projeto da Rede Nacional das Reser- Pese embora o valor aplicado noutras espécies tenha
vas da Biosfera da UNESCO (assente no financiamento uma expressão negligenciável quando comparada com
proveniente do programa EEA Grants — Mecanismo Fi- esta realidade, deverão ser concretizadas as condições
nanceiro do Espaço Económico Europeu). para sustentar os respetivos planos de ação.
Dentro deste quadro importa também destacar o Parque Para além dos Planos de Ação já aprovados e em fase
de implementação, está em fase final o referente às aves
Nacional da Peneda-Gerês, onde os cinco municípios
necrófagas.
do Parque, em conjunto com o ICNF, desenvolveram e
concretizam um Plano de Valorização. A Associação de 5.3 — Situação atual do financiamento público
Desenvolvimento das Regiões do Parque Nacional da da conservação da natureza
Peneda-Gerês (ADERE PG) representa um paradigma
que se destaca no contexto das áreas protegidas de âm- Como se reconhece, muito da ação em matéria de con-
bito nacional, na medida em que reúne os municípios, servação da natureza tem sido fortemente alavancada
o ICNF e outras entidades entre os seus associados, de- pelos programas comunitários e há a expectativa que no
sempenhando um papel instrumental na valorização do próximo Programa de Ação da UE se mantenha a aposta
Parque Nacional. na biodiversidade, especialmente relevante no contexto
Tal plano é financiado por via do Fundo Ambiental das alterações climáticas.
e também pelos municípios. A contrapartida nacional é No Continente, o esforço direto em conservação da
alavancada no financiamento obtido junto de diferentes natureza e biodiversidade, sem contabilizar os custos de
fundos comunitários. estrutura do ICNF, foi programado para 2017 em cerca de
No quadro do investimento na recuperação e regene- 4,76 M€, valor previsto no orçamento do Fundo Ambien-
ração de habitats, há que considerar, uma vez mais, o tal. As verbas especificamente orientadas para projetos
contributo orientador que advirá dos programas de orde- na conservação da natureza no Fundo Ambiental foram
namento das áreas protegidas e dos planos de valorização cerca de 6 vezes superiores ao que tradicionalmente es-
que se venham a conceber dos planos de gestão das ZEC, tava disponível no extinto Fundo para a Conservação da
mas também dos planos de controlo das vias prioritárias Natureza e da Biodiversidade.
de propagação de espécies exóticas. Destas verbas, cerca de 3,6 M€ corresponde ao finan-
ciamento direto de ações a concretizar pela autoridade
5.2.2 — Planos de ação para espécies
nacional para a conservação da natureza e biodiversi-
dade. Cerca de metade deste valor destina-se a apoiar a
Os planos de ação para as espécies assumem um ca- conservação ativa do lince e do lobo e uma outra parte
rácter transversal e que transcendem as áreas classifi- relevante da referida verba destina-se à aquisição de
cadas. equipamento para a constituição de dez novas equipas de
Neste contexto, há a considerar o esforço despendido Vigilantes da Natureza e outras dez equipas para apoiar
sobre duas espécies em particular. o Corpo Nacional de Agentes Florestais, numa missão
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específica de apoio à implementação do Plano-Piloto do Social Europeu, o Fundo de Coesão, o Fundo Europeu
Parque Nacional da Peneda-Gerês para a prevenção de Agrícola de Desenvolvimento Rural, o Fundo Europeu
incêndios florestais e de valorização e recuperação de dos Assuntos Marítimos e das Pescas. O Portugal 2020 é
habitats naturais. O equipamento destas equipas repre- operacionalizado através de 16 Programas Operacionais
senta um investimento na ordem dos 1,3 M€. O remanes- a que acrescem os Programas de Cooperação Territorial,
cente destina-se a financiar um significativo conjunto de nos quais Portugal participará a par com outros Estados
projetos onde a autoridade nacional para a conservação Membros, dos quais se destacam os seguintes para o fi-
da natureza e biodiversidade está envolvida, estando nanciamento da execução desta Estratégia:
os mesmos apoiados em financiamento comunitário. • Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência
O valor total desses investimentos ascende a mais de no Uso de Recursos (POSEUR);
6,5 M€, destacando-se em particular o projeto que visa • Programa para o Ambiente e a Ação Climática (LIFE);
a designação das ZEC, que representa mais de metade • Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020);
deste valor. • Programa Operacional MAR 2020 (MAR 2020);
O essencial da verba restante, o remanescente dos • Horizonte 2020;
4,76 M€, destina-se a outras entidades que não a autori- • Programa Operacional Competitividade e Internacio-
dade nacional para a conservação da natureza e biodiver- nalização (COMPETE 2020).
sidade, destacando-se os municípios integrados no Parque
Nacional da Peneda-Gerês, por força da implementação Para a execução da ENCNB 2030, revelar-se-ão de-
das ações que lhes incumbem, bem como outras entida- terminantes os investimentos que decorram do próximo
des envolvidas no respetivo Plano-Piloto deste parque. quadro comunitário de apoio.
Também nesta situação estão em causa algumas ações
alavancadas em financiamento comunitário, num inves- 5.5 — Fundos e fontes de financiamento nacionais
timento total de cerca de 2,3 M€.
A circunstância que levou à necessidade de intervir Destacam-se neste capítulo os meios financeiros,
com prioridade no Parque Nacional da Peneda-Gerês, e oriundos de fundos nacionais, para o desenvolvimento
a consequente concretização das ações previstas, deverá da presente Estratégia.
permitir reafetar as verbas disponíveis para outros proje-
tos, onde este modelo se pretende replicar. 5.5.1 — Orçamento das autoridades
Note-se que, para 2018, o Fundo Ambiental tem já As receitas próprias ou provenientes do Orçamento do
prevista a consagração de uma verba no valor de 6,25 M€ Estado ou Orçamento Regional têm assegurado o finan-
em conservação da natureza e biodiversidade. ciamento de meios humanos e de projetos de investimento
quando não é possível o recurso a fontes de financiamento
5.4 — Programas Internacionais de Financiamento alternativas. Está em causa uma panóplia vasta de ações
Portugal dispõe de acesso a um conjunto de programas que requerem esforço de investimento e um apoio cons-
internacionais onde são enquadráveis projetos e ações no tante do ponto de vista operacional.
âmbito da conservação da natureza e da biodiversidade, Importa destacar que a autoridade nacional acumula
entre os quais se destacam os Fundos Europeus Estruturais atualmente a missão da conservação da natureza e bio-
e de Investimento (FEEI). diversidade com a missão da floresta, sendo que os seus
recursos humanos dão um apoio transversal a estas duas
5.4.1 — Quadro de Ações Prioritárias da Rede Natura 2000 áreas, a que se somam a caça e a pesca.
Desde o processo de fusão ocorrido em 2012, o ICNF
O Prioritized Action Framework (PAF) do Continente procura criar uma cultura transversal e potenciar sinergias
estabelece as prioridades de intervenção e investimentos com um modelo de gestão que não destrinça a afetação de
do Estado português entre 2014 e 2020, focadas na apli- recursos para as suas diferentes missões. De igual modo, a
cação das Diretivas Aves e Habitats e, concretamente, gestão dos seus ativos, nomeadamente, áreas protegidas,
na consolidação e gestão da Rede Natura 2000, sendo a matas nacionais, reservas de caça e de pesca, integram-se
referência para o estabelecimento do Acordo de Parceria indiferenciadamente ao nível do controlo de gestão, no
e das políticas e programação dos FEEI até 2020. âmbito global do instituto.
As intervenções prioritárias aí preconizadas estão as- Não obstante se reconhecer que há ações que concorrem
sociadas em grande medida a três áreas: (i) colmatação e para diferentes missões, por exemplo, quando a gestão
revisão do conhecimento sobre a biodiversidade protegida; florestal converge com propósitos conservacionistas em
(ii) gestão da Rede Natura 2000 e valorização das áreas detrimento da produção, é importante que o modelo de
protegidas; (iii) designação de sítios da Rede Natura 2000 gestão evolua para permitir perceber o esforço despendido
no meio marinho, particularmente no off-shore. na gestão dos seus principais ativos e ações.
5.4.2 — Fundos Estruturais e de Investimento 5.5.2 — Fundo Ambiental
O Acordo de Parceria — Portugal 2020 «adota os Em funcionamento desde o início de 2017, o Fundo
princípios de programação da Estratégia Europa 2020 Ambiental, criado pelo Decreto-Lei n.º 42-A/2016, de
e consagra a política de desenvolvimento económico, 12 de agosto, na dependência do membro do Governo res-
social, ambiental e territorial que estimulará o cresci- ponsável pela área do ambiente, tem por finalidade apoiar
mento e a criação de emprego nos próximos anos em políticas ambientais para a prossecução dos objetivos do
Portugal». desenvolvimento sustentável, e explicitamente da Agenda
Este Acordo é aplicado pelo Portugal 2020 que engloba 2030, contribuindo para o cumprimento dos objetivos e
o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, o Fundo compromissos nacionais e internacionais, designadamente
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018 1863

os relativos à conservação da natureza e biodiversidade, Destaca-se a criação neste âmbito da Linha de Apoio à
a par com as alterações climáticas, os recursos hídricos Valorização Turística do Interior, pelo Despacho Norma-
e os resíduos. tivo n.º 16/2016, de 30 de dezembro, que tem por objeto
A gestão integrada das receitas que convergem no o apoio ao investimento a iniciativas e a projetos com
Fundo Ambiental tem permitido resolver desequilíbrios interesse para o turismo, que promovam a coesão econó-
em algumas áreas tradicionalmente subfinanciadas, como mica e social do território, bem como da Linha de Apoio à
tem sido o caso da conservação da natureza. Sustentabilidade, pelo Despacho Normativo n.º 18/2017,
Pretende-se que o recurso ao Fundo Ambiental con- de 24 de outubro.
fira maior estabilidade ao financiamento dos projetos,
designadamente aqueles que têm sido prosseguidos pela 5.5.6 — Fundo de Inovação, Tecnologia e Economia Circular
autoridade nacional para a conservação da natureza e O Fundo de Inovação, Tecnologia e Economia Circular,
biodiversidade. Tal permitirá também comparticipar pro- criado pelo Decreto-Lei n.º 86-C/2016, de 29 de dezem-
jetos, cuja tipologia será previamente especificada pela bro, na dependência do membro do Governo responsável
mencionada autoridade, ainda que estes sejam desenvol- pela área da economia, tem por finalidade apoiar políticas
vidos por outras entidades diretamente beneficiárias, na de valorização do conhecimento científico e tecnológico e
medida em que prossigam objetivos que se insiram na sua transformação em inovação, de estímulo à cooperação
sua missão, estejam enquadrados em Planos de Ação de entre instituições de ensino superior, centros de interface
Espécies, ou que se revelem estruturantes à concretização tecnológico e o tecido empresarial e de capacitação para
da ENCNB 2030. um uso mais eficiente dos recursos. Deste modo, preserva
Pretende-se recorrer ao Fundo Ambiental para apoiar a sua utilidade e valor ao longo de toda a cadeia de pro-
integralmente projetos que não reúnam condições de ele- dução e utilização, nomeadamente, através da eficiência
gibilidade em programas de financiamento comunitário, material e energética.
sendo que o fundo poderá participar na contrapartida
nacional de projetos que reúnam tais condições. 5.5.7 — Papel dos Parceiros

5.5.3 — Fundo Florestal Permanente


As ações a desenvolver no domínio da conservação
da natureza têm sido concretizadas, de uma forma gene-
O Fundo Florestal Permanente (FFP) criado pelo ralizada, no perímetro direto da gestão das autoridades
Decreto-Lei n.º 63/2004, de 22 de março, e cuja admi- públicas.
nistração está a cargo do ICNF, destina-se a apoiar a gestão Não obstante, estas autoridades têm sido apoiadas na
florestal sustentável nas suas diferentes valências, em sua missão por outras entidades, nas quais se destacam
conformidade com o previsto na Lei de Bases da Política as ONG, a Academia, os municípios e as próprias em-
Florestal, e visa cumprir os objetivos da Estratégia Na- presas.
cional para as Florestas (ENF 2015). Essa realidade tem tido maior expressão na gestão
de habitats, devendo ser alargada a outras áreas como
5.5.4 — Fundo Azul sejam a conservação ativa de espécies (esta ocorre de
forma mais expressiva para alguns grupos de avifauna e
O Fundo Azul, criado pelo Decreto-Lei n.º 16/2016, também no caso do lince ibérico) e sua monitorização,
de 9 de março, cuja condução estratégica incumbe ao bem como ações no âmbito do património geológico. O
membro do Governo responsável pela área do mar, papel estruturante da autoridade nacional para a conser-
prossegue quatro objetivos: o desenvolvimento da eco- vação da natureza e biodiversidade, numa estratégia de
nomia do mar, a investigação científica e tecnológica, envolvimento de outros parceiros, incide na avaliação
a segurança marítima e a proteção e monitorização do e ponderação da capacidade (competência e estrutura)
meio marinho.O último objetivo concretiza-se do se- de resposta dos parceiros. Compete-lhe ainda o papel
guinte modo: i) Garantir o «Bom Estado Ambiental» determinante na elaboração de especificações técnicas,
do domínio público marítimo; ii) Prevenir e combater a definição de condições de habilitação para tais ativi-
a poluição do meio marinho; iii) Proteger ou recuperar dades e o apoio na estruturação e identificação de linhas
ecossistemas e biodiversidade marinha; iv) Responder de financiamento.
a situações de emergência de salvaguarda dos interesses O papel dos parceiros tem-se mostrado muito impor-
nacionais marítimos; v) A consciencialização social sobre tante em matérias como sejam projetos de intervenção em
a importância do mar. habitats, na concretização de esquemas de monitorização,
na produção de informação científica e técnica de suporte
5.5.5 — Programa Valorizar a processos de tomada de decisão sobre o SNAC e na
O Programa de Apoio à Valorização e Qualificação do sensibilização para a conservação da natureza.
Destino — Programa Valorizar, aprovado pelo Despacho Não obstante, reconhece-se ainda a importância e a
Normativo n.º 9/2016, de 28 de outubro, é um programa de necessidade de robustecer a capacidade instalada, para a
apoio ao investimento na qualificação do destino turístico execução de ações no domínio da conservação da natureza
Portugal, a cargo do Turismo de Portugal (TdP), que visa e biodiversidade, por parceiros que complementem a ação
a concessão de apoios financeiros a projetos de investi- da autoridade nacional para a conservação da natureza e
mento e a iniciativas que tenham em vista a regeneração biodiversidade.
e reabilitação dos espaços públicos com interesse para o
5.5.8 — Instrumentos económicos
turismo e a valorização turística do património cultural
e natural do país. A administração do Programa está a Interessa desenvolver um referencial de enquadramento
cargo do TdP. que desenvolva um pacote articulado de instrumentos
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económicos e financeiros para a conservação da natureza e de ações que a autoridade nacional para a conservação da
biodiversidade a serem concretizados de um modo faseado natureza e biodiversidade deve assegurar) deve concentrar-
e num horizonte temporal de médio prazo. -se preferencialmente no apoio aos custos da sua estrutura
Como instrumentos fiscais há que retomar o estabele- e esta na parte estruturante da sua ação, designadamente a
cido na Lei das Finanças Locais, que abrange as transfe- elaboração de planos e programas que disciplinem a atua-
rências fiscais para os Municípios em função da superfície ção aos mais diferentes níveis, mas também às ações es-
do território abrangida por áreas classificadas, através do truturais (infraestruturas e benfeitorias no domínio público
Fundo Geral Municipal (integrado no Fundo de Equilíbrio nacional), a ações estratégicas (destinadas a lançar novas
Financeiro), nas quais os municípios vêm alocados 5 ou abordagens de gestão que possam depois ser generalizadas
10 % da dotação o Fundo em função de serem abrangidos e que visem o seu autofinanciamento), assim como a ações
até ou por mais de 70 % de áreas classificadas, respeti- de âmbito transversal ou especial complexidade (como é
vamente. o caso dos Planos de Ação do Lince ou do Lobo ibérico).
Deve também apostar-se de forma firme e decisiva na
5.6 — Principais linhas para um novo paradigma missão de vigilância ativa e prevenção.
As origens de financiamento para a conservação da Devem ser criadas condições para criar maior atrativi-
natureza deverão manter-se estáveis no futuro próximo, dade para o investimento local por parte dos municípios
destacando-se o Estado, diretamente por via do seu orça- (designadamente nas áreas classificadas e no quadro da
mento e do Fundo Ambiental. concretização de modelos de cogestão, que terão na sua
Antecipa-se que permanecerá um apoio aos municí- base modelos de valorização do território devidamente
pios, às ONG e às empresas, muito estimulado pela pos- articulados e especificados), assegurando que as receitas
sibilidade de apresentar projetos que possam ser alvo de geradas localmente concorrem para o autofinanciamento
cofinanciamento comunitário. da gestão de tais áreas.
As receitas geradas pela conservação da natureza têm Do mesmo modo, deve-se aumentar a atratividade para
um carácter difuso. São geradas a montante pelas ati- o investimento pelas empresas e ao abrigo do mecenato.
vidades dos sectores agrícola e florestal, mas cada vez Há uma consciência progressivamente mais vincada sobre
mais em sectores empresariais que se sustentam mais os benefícios que decorrem de uma visão de gestão que
especificamente nos valores naturais, como sejam as privilegie a sustentabilidade e a responsabilidade social
empresas que promovem atividades de turismo de natu- que deve ser incentivada, pela criação de um conjunto
reza, alojamento a turistas, restauração, etc. O emprego estruturado de oportunidades que possam ser apoiadas e
gerado por estas atividades é, em si mesmo, fonte de das quais resultem benefícios mútuos.
receita, pela cobrança de impostos sobre o rendimento A avaliação dos instrumentos fiscais deve ser ponde-
de empresas e pessoas. Acrescem os impostos municipais rada de forma criteriosa ao nível da Fiscalidade Verde e
que possam incidir sobre o património ou sobre as ativi- considerar a estratégia que se pretende induzir. Trata-se de
dades locais. Há ainda que considerar o rendimento que uma avaliação complexa que está por fazer e que deverá
advém de taxas, rendas por contrapartida da utilização considerar o princípio da neutralidade fiscal. Essa análise
do património edificado e as receitas geradas pela venda deve incidir com principal prioridade na participação dos
de bens e produtos, assim como de serviços associados municípios na cogestão de áreas classificadas.
ao património natural.
5.7 — Plano de Ação para a Conservação da Natureza
Um dos aspetos que importa colmatar diz respeito ao e Biodiversidade XXI
conhecimento efetivo desta realidade económica e fi-
nanceira. A expectativa que existe para o crescimento A concretização das medidas da ENCNB 2030 de-
da atividade turística, sugere que o Turismo de Natureza verá assentar num plano geral de mobilização de in-
possa ser uma das áreas com maior potencial de cres- vestimento e despesa, a iniciar em 2018 e a designar
cimento. O património natural constitui, aliás, uma das como Plano de Ação para a Conservação da Natureza e
apostas da Estratégia para o Turismo 2027, na medida em Biodiversidade XXI, no qual serão refletidas as opções
que concorre para combater a sazonalidade e promove a estratégicas e políticas em matéria de conservação da
valorização do território. natureza e biodiversidade, assim como identificadas e
O modelo de financiamento a adotar para a conserva- priorizadas as medidas de concretização a desenvol-
ção da natureza deve manter a universalidade do acesso ver, estimados os montantes financeiros a envolver,
ao património natural. Deve considerar a necessidade de referenciadas as fontes de financiamento a mobilizar
prosseguir projetos coerentes e articulados que tenham e definidos os indicadores e as entidades responsáveis
propósitos claros de concorrer para a promoção e valori- pela sua concretização.
zação do património natural. O Plano de Ação para a Conservação da Natureza e
Para além desta consistência, o modelo deve assegurar Biodiversidade XXI será elaborado pelo ICNF, em estreita
condições de estabilidade a médio prazo e privilegiar a concertação com os demais intervenientes, e em colabo-
incidência local. Com efeito, quem está mais próximo ração com o fórum intersectorial para a ENCNB 2030.
do território tem uma melhor capacidade para gerir os O Plano de Ação terá como base o conjunto de interven-
desafios locais, porque os identifica e conhece de forma ções que incidem na melhoria do estado de conservação
mais completa e pode, de forma mais ágil, adaptar-se a do património natural, na promoção do reconhecimento do
essa realidade. Nesse sentido, a aposta em modelos de valor do património natural e na apropriação dos valores
cogestão de áreas classificadas constitui um instrumento naturais e da biodiversidade pela sociedade, assumindo-se
a privilegiar. como o instrumento plurianual de referência e de atuação
O financiamento com origem no orçamento do Estado no âmbito da conservação da natureza e da biodiversidade
(e que hoje se dissemina transversalmente pela plenitude de Portugal.
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018 1865

Tendo presente os objetivos e o horizonte consagra- geográficas. Em simultâneo, tem, ainda, como desígnio
dos da ENCNB 2030, o Plano de Ação para a Conser- promover a articulação institucional indispensável à me-
vação da Natureza e Biodiversidade XXI será objeto lhor representação nacional nas instâncias internacionais
de um acompanhamento continuado, permitindo avaliar e europeias, no âmbito da conservação da natureza e bio-
os resultados alcançados face aos efeitos esperados, diversidade.
corrigir atempadamente eventuais desvios e conhecer O ICNF, enquanto autoridade nacional para a conser-
a execução física e financeira por tipologia de inter- vação da natureza e biodiversidade, assume particula-
venção e área de atuação, bem como proceder à sua res responsabilidades na prossecução destas finalidades,
atualização sempre que as dinâmicas territoriais, os que acrescem às da elaboração do Plano de Ação para a
instrumentos estratégicos, de planeamento e financeiros Conservação da Natureza e Biodiversidade XXI, no qual
assim o exigirem. se identificam as fontes de financiamento e os recursos
Todavia, este documento não esgotará o seu potencial
financeiros necessários para a implementação da ENCNB
na interação entre a Estratégia e a gestão das respetivas
intervenções, introduzindo um modelo de governança 2030, bem como às da respetiva validação e ao acompa-
que se pretende mais robusto e fortalecido por via da nhamento da sua execução.
operacionalização do fórum intersectorial da ENCNB A avaliação da implementação da ENCNB 2030 e dos
2030, do acompanhamento continuado e da monitori- resultados alcançados que contribuem para a execução
zação, assim como mais integrado, adaptativo e cola- das medidas de concretização definidas é realizada no
borativo. fórum intersectorial, através da adoção dos relatórios
Este Plano será também um importante instrumento para intercalar e final que o ICNF deverá elaborar. Estes re-
a preparação do ciclo de programação europeu 2020-2030. latórios são devidamente acompanhados de parecer do
Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento
6 — Governação e Acompanhamento Sustentável e têm em consideração os contributos sec-
da Aplicação da Estratégia toriais dos diferentes ministérios, incluindo a referência
Uma verdadeira responsabilização em matéria de am- expressa sobre a adequação ou a necessidade de revisão
biente, e especificamente em termos de conservação da dos instrumentos de planeamento estratégico sectoriais
natureza e biodiversidade, implica o reforço da coordena- existentes.
ção e articulação entre os diferentes serviços e organismos O envolvimento da sociedade civil nesta fase de acom-
relevantes neste âmbito. Este constitui, aliás, um dos eixos panhamento da implementação da Estratégia fica assegu-
estratégicos mais relevantes da presente Estratégia, tal rado através do convite à participação em sede de consulta
como a que a antecedeu. pública promovida em relação aos relatórios, quer de
Complementarmente, o novo quadro de competências avaliação intercalar, quer de avaliação final.
em matéria de gestão do espaço marítimo, no âmbito Este processo avaliativo, que se pretende global,
das atribuições da área governativa do mar e respetivas sequencial e cumulativo, não pode deixar de consi-
instituições, em particular na necessidade de articulação, derar outros documentos entretanto elaborados com
coordenação e compatibilização dos instrumentos de orde- finalidades análogas e relacionadas com a conserva-
namento do espaço marítimo nacional com os programas ção da natureza e biodiversidade, devendo com estes
e planos territoriais e do alinhamento necessário entre a articular-se e adaptar o respetivo conteúdo. A este título,
política de preservação da qualidade do meio e dos recur- refiram-se:
sos marinhos e a ENCNB 2030.
O nível essencial para a concretização da Estratégia • A avaliação promovida no âmbito da Convenção sobre
é o que decorre da orientação política do Conselho de a Diversidade Biológica;
Ministros, sendo que o acompanhamento da implemen- • Os relatórios sobre o estado do ambiente e sobre o
tação das medidas de concretização previstas na ENCNB estado do ordenamento do território, apresentados pelo
2030 requer a criação de uma estrutura multissectorial, Governo à Assembleia da República, os quais traduzem
promovendo a complementaridade, criando sinergias, a evolução da respetiva situação de referência e passarão
racionalizando meios e recursos e assegurando a conti- a incluir uma menção específica ao desenvolvimento da
nuidade que estes processos sempre reclamam. presente Estratégia;
Nesse sentido, o fórum intersectorial da ENCNB • Os relatórios de aplicação das Diretivas Aves e Ha-
2030 integra representantes das entidades públicas na- bitats.
cionais com competências no âmbito da conservação
da natureza e biodiversidade, bem como da ciência e
Deverá, de igual modo, esta avaliação apoiar-se, sem-
de tecnologia, com representação ao nível da Adminis-
tração Central e das Autarquias Locais, sem prescindir pre que possível, na análise de indicadores que permi-
da participação das Regiões Autónomas dos Açores tam aferir, com objetividade, a evolução da situação das
e da Madeira, prosseguindo uma estratégia territorial espécies, dos habitats e dos ecossistemas, bem como do
abrangente, concertada e adequada às diferentes espe- património geológico, assim como a eficácia dos planos
cificidades geográficas. e programas aplicados e a pertinência da elaboração de
Este fórum tem como missão particular assegurar a planos de ação adicionais.
desejável cooperação institucional, a articulação entre Como resultado, pretende-se que esta avaliação con-
os diversos níveis de governação territorial, bem como virja para a formulação de recomendações destinadas a
o envolvimento dos diversos sectores na participação e aperfeiçoar a execução da Estratégia, indicando as me-
concertação necessárias a uma implementação da Estra- didas de concretização adequadas que importa adotar,
tégia adequada nos diferentes planos, programas e polí- rever ou incrementar, tendo em vista a prossecução dos
ticas sectoriais e considerando sempre as especificidades objetivos visados.
1866
QUADRO SÍNTESE

Instrumentos financeiros Instrumentos de execução


Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

Eixo 1 — Melhorar o estado de conservação do património natural


1.1 — Consolidar o SNAC Elaborar os programas de execução N.º de áreas protegidas com 1 2020 Relatório e regulamen- Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR, CIM,
e promover a sua ges- dos Programas Especiais de Orde- programas de execução tação Autarquias, ONG, Acade-
tão partilhada namento do Território de 25 áreas mia, entidades públicas e
protegidas de âmbito nacional organizações sectoriais

Promover o desenvolvimento de N.º de áreas protegidas com 1 2018 Protocolos de gestão par- Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, Autarquias ONG, Academia, organiza-
modelos de gestão partilhada, co- modelo de gestão parti- tilhada Ambiental ções sectoriais
laborativa e participada das áreas lhada
protegidas de âmbito nacional, en-
volvendo os municípios e entidades
representativas da sociedade

Avaliar a eficácia da gestão das áreas N.º de áreas protegidas ava- 1 2030 Relatórios de avaliação Fundos UE e Fundo RJ CNB ICNF, CIM, Autar- APA, DGRM, CCDR, ONG,
protegidas liadas Ambiental quias Academia, organizações
sectoriais

Elaborar os planos de gestão ou ins- N.º de SIC com plano de 1 2022 Relatório e regulamen- Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR, CIM,
trumento equivalente para os SIC gestão ou instrumento tação Autarquias, ONG, AMN
da Rede Natura 2000 equivalente e Marinha, Academia, or-
ganizações sectoriais

Promover a adoção de modelos de N.º de protocolos de gestão 2 2022 Protocolos de gestão Fundos UE e Fundo RJ CNB ICNF ICNF, Autarquias, ONG,

Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018


cogestão em áreas da Rede Natura concretizados Ambiental Academia, organizações
2000 sectoriais

Dar início à execução dos planos de Percentagem de planos de 1 2020 Relatórios de acompanha- Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR,
gestão, programas de execução ou gestão, programas de mento da execução TdP, CIM, Autarquias,
instrumentos equivalentes elabo- execução ou instrumen- SEPNA, AMN e Mari-
rados tos equivalentes com nha, ONG, Academia,
execução iniciada organizações sectoriais

Contribuir para a concretização da Área de cobertura da rede 1 2025 Cartografia e diplomas de Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000, ICNF, DGRM, RAA, IPMA, SEPNA, AMN e Ma-
meta 17 de Aichi e 14.5 dos ODS de áreas marinhas no criação ENM, DQEM RAM rinha, ONG, Academia,
através da consolidação da rede de SNAC organizações sectoriais
áreas marinhas do SNAC

Definir um conjunto de geossítios Percentagem de geossítios 2 2025 Cartografia e regulamen- Fundos UE RJ CNB ICNF, RAA, RAM DGEG, LNEG, CCDR,
a integrar o SNAC, ou com nor- que integram o SNAC ou tação Autarquias, CIM, ONG,
mas de proteção específicos nos com normas de proteção Academia, TdP
instrumentos de gestão territorial nos instrumentos de ges-
relevantes tão territorial relevantes

1.2 — Assegurar que as Manter o n.º de avaliações do estado N.º de avaliações positivas 1 2019 Relatórios de aplicação Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000, ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR, Au-
espécies (flora e fauna) de conservação ou tendência po- do estado de conservação das Diretivas Aves e Ambiental LBGPPSOTU/RJ IGT, tarquias, CIM, ONG,
e os habitats protegidos sitivas ou tendência populacio- Habitats (ao abrigo LBOGEM, RJ AIA, RJ Academia
melhoram o seu estado nal obtidas para o período dos artigos 12.º e 17.º, AAE, DQA, DQEM,
de conservação ou ten- 2013-2018 respetivamente) DAH
dência populacional
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018
Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

Aumentar o n.º de avaliações do es- Percentagem de aumento 1 2025 Relatórios de aplicação Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000, ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR, CIM,
tado de conservação ou tendência de avaliações positivas das Diretivas Aves e Ambiental LBGPPSOTU/RJ IGT, Autarquias, ONG, Acade-
positivas obtidas para o período Habitats (ao abrigo LBOGEM, RJ AIA, RJ mia
2019-2024 dos artigos 12.º e 17.º, AAE, DQA, DQEM,
respetivamente) DAH

1.3 — Programar e exe- Executar 80 % de cada um dos planos Percentagem de execução 1 2030 Relatórios de acompanha- Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000, ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR, CIM,
cutar intervenções de de ação de espécies até à sua data de cada plano de ação de mento da execução Ambiental ENAAC, ENF, PANCD Autarquias, ONG, Acade-
conservação e de re- de revisão espécies mia
cuperação de espécies
(fauna e flora) e habi-
tats ao nível nacional

Iniciar a execução de 50 % das me- Percentagem de medidas de 2 2025 Relatórios de acompanha- Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000, ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR, CIM,
didas de adaptação às alterações adaptação com execução mento da execução Ambiental ENAAC, ENF, PANCD Autarquias, ONG, Acade-
climáticas, dando prioridade às iniciada mia
relativas a espécies e habitats dul-
ciaquícolas e costeiros

Iniciar a execução de 50 % das me- Percentagem de medidas de 2 2025 Relatórios de acompanha- Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000, ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR, CIM,
didas do PANCD relativas à bio- combate à desertificação mento da execução Ambiental ENAAC, ENF, PANCD Autarquias, ONG, Acade-
diversidade com execução iniciada mia

Elaborar um quadro de referência de Data de conclusão do quadro 1 2020 Quadro de referência Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000, ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR, CIM,
intervenções prioritárias sobre es- de referência Ambiental ENAAC, ENF, PANCD Autarquias, ONG, Acade-
pécies e habitats mia

Executar pelo menos 30 % das inter- Percentagem de execução de 2 2030 Quadro de referência, Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000, ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR, CIM,
venções do quadro de referência intervenções relatórios de acom- Ambiental ENAAC, ENF, PANCD Autarquias, ONG, Acade-
panhamento da exe- mia
cução

1.4 — Reforçar a preven- Elaborar o Plano Nacional de Preven- Data de conclusão do PNP- 1 2020 Plano Fundos UE Regulamento UE 1143/2014, ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, DGAV,
ção e controlo de espé- ção e Gestão Espécies Exóticas GEEI Decreto-Lei n.º 565/99, INIAV, INSA, CCDR,
cies exóticas invasoras Invasoras (PNPGEEI) de 21 de dezembro, Autarquias, CIM, ONG,
a nível nacional e no ENF, POSF, Planos de Academia
quadro da UE ação para a vigilância e
controlo de espécies

Concretizar um sistema de prevenção, Data de operacionalização 1 2020 Registos no sistema Fundos UE (Legislação nacional ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, DGAV,
de alerta precoce e de resposta rá- do sistema IAS) Regulamento UE CCDR, Autarquias, CIM,
pida à introdução e disseminação de 1143/2014, ENF, De- ONG, Academia
espécies exóticas invasoras creto-Lei n.º 565/99, de
21 de dezembro

1.5 — Assegurar e pro- Estabelecer um quadro de referência Data de aprovação do qua- 3 2025 Quadro de referência Fundos UE RJ CNB ICNF, INIAV, Acade- ONG
mover a conservação nacional da diversidade genética dro de referência mia, RAA, RAM,

1867
da diversidade genética animal e vegetal, e do conheci- DGAV
animal e vegetal mento associado
1868
Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

Executar as ações preconizadas no Percentagem de ações exe- 2 2030 Relatórios de acompanha- Fundos UE Regulamentação da ação INIAV, ICNF AG PDR
Programa Operacional da Adminis- cutadas mento da execução «Recursos genéti-
tração Pública para a Conservação e cos — recursos genéti-
Melhoramento dos Recursos Gené- cos florestais»
ticos Florestais (PROGEN)

Executar as iniciativas relativas ao me- N.º de ações desenvolvidas 3 2030 Relatórios de acompanha- Fundos UE e FFP ENF Centros de compe- Entidades que integram os
lhoramento genético promovidas mento da execução tência centros de competência
pelos centros de competência do
sobreiro, do pinheiro-manso e do
pinheiro-bravo

Estabelecer um plano de conservação Data de conclusão do plano 3 2020 Plano Fundos UE RJ CNB INIAV, Academia, ONG, organizações secto-
da diversidade genética das plantas RAA, RAM riais
cultivares (incluindo aromáticas e
medicinais) e dos seus parentes
selvagens

Executar as ações preconizadas no Percentagem de ações exe- 2 2030 Relatórios de acompanha- Fundos UE RJ CNB DGAV, INIAV Acade- ONG
plano nacional para os recursos cutadas mento da execução mia, RAA, RAM
genéticos animais

Desenvolver uma plataforma cola- Número de iniciativas inte- 2 2030 Plataforma, relatório de Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, RAA, RAM, ONG, Academia, Museus e
borativa das iniciativas ex situ de gradas acompanhamento INIAV, JB MUH- Jardins Botânicos

Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018


conservação de plantas selvagens NAC UL
autóctones de suporte a programas
de conservação in situ

Aumentar o número de projetos de N.º de projetos de conserva- 3 2030 Relatório de acompanha- Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, RAA, RAM, ONG, Academia, Museus e
conservação in situ de plantas sel- ção in situ suportados por mento INIAV, JB MUH- Jardins Botânicos
vagens autóctones suportados por sistemas ex situ NAC UL
sistemas ex situ

1.6 — Reforçar o quadro Rever o RJ CNB (Decreto-Lei Data de aprovação 2 2020 Diário da República de Orçamento do Estado RJ CNB, RJ RN2000, RJ ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, TdP Au-
legal de regulamenta- n.º 142/2008, de 24 de julho, na sua publicação do diploma IGT tarquias, CIM, CCDR,
ção da conservação da redação atual), incluindo nomea- legislativo ONG, Academia
natureza e biodiversi- damente a colmatação das lacunas
dade regulamentares que assegurem um
regime coerente de conservação do
património geológico

Rever o quadro legislativo nacional Data de publicação do di- 1 2018 Diário da República de Orçamento do Estado RJ CNB, Regulamento UE ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, DGAV, Au-
relativo às espécies exóticas inva- ploma publicação do diploma 1143/2014, Decreto-Lei tarquias, CCDR, ONGA,
soras legislativo n.º 565/99, de 21 de de- Academia
zembro

Aprovar o Cadastro Nacional dos Va- Data de aprovação 2 2019 Diário da República de Fundos UE RJ CNB ICNF DGRM, IPMA, ONG, Aca-
lores Naturais Classificados publicação do diploma demia
legislativo
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018
Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

1.7 — Reforçar o cum- Aumentar em 100 % o efetivo do corpo Razão entre o n.º de Vigilan- 1 2020 Balanço Social do ICNF Orçamento do Estado RJ CNB ICNF MF
primento das normas de Vigilantes da Natureza tes da Natureza contrata-
legais de conservação dos e o efetivo em 2016
da natureza e da biodi- ao serviço do ICNF
versidade

Desenvolver e executar planos integra- Taxa de execução dos planos 1 2030 Relatórios de acompa- Orçamento do Estado RJ CNB, RJ RN2000, Lei ICNF, DGAV, DGRM, ONG
dos de fiscalização anual concerta- de fiscalização nhamento da execu- das Contraordenações APA, DGT, DR Am-
dos com as várias autoridades ção com cartografia ambientais biente Açores, DR
georreferenciada as- Assuntos Mar Aço-
sociada res, IRA Açores, au-
toridades policiais,
ASAE, autoridades
marítimas, CCDR

Aumentar em 50 % o número de fisca- Percentagem de aumento do 1 2030 Relatórios de fiscaliza- Fundos UE Regulamento (CE) DGRM, autoridades ONG, Academia
lizações relativamente ao combate n.º de fiscalizações ção n.º 1005/2008 do Conse- marítimas
à pesca ilegal, não reportada e não lho, de 29 de setembro
regulada (IUUF)

Assegurar a execução do Programa N.º de episódios de enve- 2 2030 Relatórios de acompanha- Fundos UE RJ CNB, Planos de Ação ICNF, DGAV ONG, autoridades policiais,
Antídoto (PAP) nenamento identificados mento da execução de Espécies organizações sectoriais,
com análises toxicoló- agentes judiciais e autár-
gicas realizadas e n.º de quicos
processos instaurados,
concluídos

Promover a formação contínua dos N.º de ações de formação/ 2 2030 Relatórios de formação Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 Autoridades policiais, ONG, Academia, ICNF
Vigilantes da Natureza, SEPNA e ano fiscalizadoras e
de outras autoridades policiais e aduaneiras, SEPNA,
fiscalizadoras Autoridade Ma-
rítima Nacional e
Marinha, ICNF,
RAA, RAM

1.8 — Reforçar a investi- Definir um programa de investigação Data de definição do pro- 1 2021 Programa Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, FCT, RAA, ONG, Academia, IPMA,
gação e inovação orien- e inovação grama RAM DGRM, empresas
tada para as prioridades
de política conservação
da natureza, incluindo
para a colmatação de
lacunas de conheci-
mento de base

Concluir a cartografia de habitats no Data de conclusão do pro- 1 2020 Relatórios de execução Fundos UE RJ RN2000 ICNF ONG, Academia
âmbito da Diretiva Habitats jeto de cartografia de do projeto e carto-

1869
habitats grafia de habitats
associada
1870
Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

Concluir a delimitação e inventariação N.º de geossítios delimitados 2 2022 Relatórios e cartografia Fundos UE RJ CNB, Resolução ICNF, DGEG, RAA, LNEG, ONG, Academia,
dos geossítios de relevância nacio- N.º de geossítios integrados dos geossítios n.º 883/2015-M, de RAM empresas
nal e internacional na plataforma 7 de outubro, e Lei
n.º 54/2015, de 22 de
junho

Assegurar que pelo menos 95 % das Percentagem de espécies e 1 2025 Relatórios de aplicação Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, RAA, RAM ONG, Academia, empresas
espécies e habitats protegidos pelas habitats protegidos com das Diretivas Aves
Diretivas Aves e Habitats têm um estado de conservação ou e Habitats ao abrigo
estado de conservação ou tendência tendência populacional dos artigos 12.º e 17.º,
populacional conhecidos conhecidos respetivamente

Efetuar o levantamento das espécies Percentagem de área (ha) de 3 2025 Relatórios de levanta- Fundos UE PANCD, ENAAC CNCCD ICNF, outras entidades pú-
autóctones típicas e estabelecer zonas áridas e semiáridas mento de espécies e blicas sectoriais, ONG,
as espécies-chave de referência com levantamento de es- respetiva cartografia empresas
(indicadoras) de zonas áridas e pécies autóctones
semiáridas

Data de definição de espé- 3 2022 Relatórios Fundos UE PANCD, ENAAC CNCCD ICNF, outras entidades pú-
cies indicadoras de zonas blicas sectoriais, ONG,
áridas e semiáridas empresas

Determinar o elenco de espécies e Data de definição do elenco 3 2022 Relatórios Fundos UE PANCD, ENAAC CNCCD ICNF, outras entidades
habitats naturais com vulnerabi- de espécies ou habitats públicas sectoriais, em-
lidade significativa aos processos vulneráveis aos proces- presas

Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018


de desertificação e de degradação sos de desertificação e de
do solo degradação do solo

Determinar o elenco de espécies com Data de definição do elenco 3 2022 Relatórios Fundo Ambiental ENAAC ICNF Academia, ONG, IPMA,
vulnerabilidade significativa às de espécies vulneráveis GPP, DGADR, DGRM,
alterações climáticas, dando prio- às alterações climáticas APA
ridade às de ecossistemas costeiros
e dulciaquícolas

1.9 — Garantir a estrutu- Estabelecer e iniciar a execução do Número de geossítios alvo 3 2030 Relatórios de acompanha- Fundos UE RJ CNB, Resolução DGEG, ICNF, RAA, LNEG, DGRM, CCDR, TdP,
ração de um sistema Programa Nacional de Monitori- da aplicação do Programa mento da execução n.º 883/2015-M, de RAM ONG, CIM, Autarquias,
coerente e útil de moni- zação de Geossítios Nacional de acompanha- 7 de outubro, e Lei Academia, Geoparques
torização continuada do mento e monitorização n.º 54/2015, de 22 de
estado de conservação junho
dos valores naturais

Estabelecer o Programa Nacional de Data de aprovação do 2 2025 Programa Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, RAA, RAM, APA, DGRM, CCDR, ONG,
Acompanhamento e Monitorização Programa Nacional de IPMA, APA CIM, Autarquias, Acade-
de espécies (flora e fauna) e habi- Acompanhamento e Mo- mia, organizações secto-
tats naturais nitorização de espécies e riais e empresas
habitats

Executar o Programa Nacional de N.º de situações piloto-alvo 2 2030 Relatórios de execução Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, RAA, RAM APA, DGRM, CCDR, ONG,
Acompanhamento e Monitorização, da aplicação do Programa do programa CIM, Autarquias, Acade-
de espécies e habitats, em situações Nacional de Acompanha- mia, organizações secto-
piloto. mento e Monitorização riais e empresas
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018
Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

1.10 — Aumentar a vi- Planear e executar um sistema de N.º de ações de formação/ 2 2030 Relatórios Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, MJ, ME, ANMP, DGADR, ONG, Academia,
sibilidade e perceção formação e sensibilização para ano DGRM, GPP escolas, organizações
pública do valor do públicos-alvo com destaque para sectoriais e empresas
património natural e agentes da comunicação social e
dos serviços de ecos- institucionais, incluindo autárquicos
sistemas e judiciais, professores, agricultores
e produtores florestais, pescadores
e suas organizações.

Executar um sistema de informação Data de operacionalização 3 2025 Registos no sistema; Re- Fundos UE RJ CNB ICNF ONG, Academia, Adminis-
sobre património natural e espécies do sistema latórios tração Pública
exóticas invasoras, disponível num
portal nacional adequado à partici-
pação de entidades externas (citizen
participation e citizen science).

Desenvolver três iniciativas de âmbito Número de eventos realiza- 2 2030 Relatórios Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF em parceria com Autarquias, CIM, ONG, so-
nacional de promoção do patrimó- dos anualmente outras entidades ciedade civil, Academia,
nio natural por ano estabelecimentos de en-
sino, órgãos de comuni-
cação social

Aumentar a participação pública nos Média de participações 2 2030 Relatórios Convenção de Arhus ICNF em parceria com ONG, sociedade civil, Aca-
processos de decisão em matéria de colocadas nas platafor- outras entidades demia
conservação da natureza e biodiver- mas participativas por
sidade, incluindo debates temáticos, processo de decisão ou
seminários e sessões públicas de evento participativo
esclarecimento

1.11 — Reforçar a diplo- Reforçar os fluxos financeiros nacio- Montantes comprometidos 3 2030 EU Accountability Re- Orçamento do Estado CBD e Decisões MNE (DGPE/Camões I. P.) ICNF, APA, DGRM, DGPM,
macia verde e a parti- nais relativos aos compromissos in- entre 2017 e 2030 port (follow-up Adis SG-MAmb, Academia,
cipação nacional na go- ternacionais, de forma sustentada, Abeba), Reuniões ONG
vernação internacional até 2030 Rede CPLP, Relató-
da biodiversidade rios Nacionais CBD,
Estatísticas do CAD/
OCDE

Integrar critérios de conservação da N.º de acordos que integram 3 2030 Relatórios Orçamento do Estado Plano Estratégico da CDB, APA, DGRM, IPMA, ONG
natureza e da biodiversidade em critérios de conservação FLEGT, CITES ICNF, MNE (DGAE/
acordos comerciais, acordos inter- da biodiversidade AICEP/DGPE/
nacionais, os quais incluem Acor- Camões, I. P.)
dos de Comércio Livre, Acordos
de Parceria e Cooperação, Acordos
de gestão conjunta de rios e bacias
hidrográficas, Acordos transfrontei-

1871
riços sobre fauna e flora
1872
Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

Estabelecer um quadro estratégico de Data de conclusão 3 2025 Quadro estratégico; Orçamento do Estado Conceito estratégico de MNE (DGAE/DGPE/ Academia
coordenação da cooperação e do Relatórios Nacionais cooperação portuguesa Camões, I. P.),
acompanhamento dos processos no âmbito da CDB 2014-2020, Plano Es- ICNF, RAA, RAM,
multilaterais na área da conserva- e UE; tratégico da CDB, Es- DGRM, DGPM,
ção da natureza e biodiversidade e Report anual ao CAD/ tratégia da UE para a APA, SG-MAmb,
respetivo plano de atividades OCDE: Biodiversidade 2020, GPP
Reuniões da CIC e reuni- outros Acordos Multi-
ões do Cluster Energia laterais de Ambiente,
e Ambiente. aplicação do marcador
biodiversidade no âm-
bito da CAD/OCDE,
Agenda de desenvolvi-
mento pós 2015

Eixo 2 — Promover o reconhecimento do valor do património natural


2.1 — Promover o ma- Mapear e avaliar à escala nacional os Percentagem de território 1 2020 Relatórios e cartografia Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF em parceria com APA, DGEG; IPMA; Au-
peamento e avaliação ecossistemas e os serviços consi- com ecossistemas e ser- outras entidades, tarquias, CIM, ONG,
da condição dos ecos- derados mais relevantes de acordo viços mais relevantes RAA, RAM Academia:
sistemas e melhorar a sua com uma abordagem metodológica mapeados e avaliados
capacidade de fornecer, a definir
a longo prazo, serviços
mais relevantes para o
bem-estar humano

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Elaborar e iniciar a execução de um Data de conclusão da elabo- 3 2025 Relatórios, cartografia e Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF em parceria com APA, LNEG Autarquias,
plano de recuperação de ecossiste- ração do plano fotografias outras entidades, CIM, ONG, Academia
mas de âmbito nacional RAA, RAM

Estabelecer uma rede colaborativa de Data de formalização da 3 2025 Relatório Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF em parceria com INIAV, Academia, ONG, or-
nível nacional para a conservação, rede outras entidades, ganizações sectoriais
a avaliação e a valorização dos po- RAA, RAM
linizadores

Promover o desenvolvimento de infra- Valor de investimento asso- 2 2030 Relatórios de execução Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000, Autarquias, ICNF, APA, ONG, Academia, em-
estruturas verdes costeiras, rurais ciado a projetos de exe- de projetos Ambiental ENAAC, PANCD, EN- RAA, RAM presas
e urbanas cução de infraestruturas GIZC
verdes

2.2 — Evidenciar a econo- Estimar o valor económico dos prin- Data de conclusão do es- 2 2025 Relatórios Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF em parceria com APA, DGPM, DGRM, TdP,
mia da biodiversidade cipais serviços dos ecossistemas a tudo outras entidades, Autarquias, CIM, Acade-
e dos ecossistemas, em nível nacional RAA, RAM mia, organizações secto-
particular o seu papel riais, ONG
para o desenvolvimento
sustentável e qualidade
de vida

Definir modelos de integração do va- Data de conclusão do es- 2 2030 Relatórios Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, INE, RAA, GPP, APA, DGRM, DGAE/
lor dos serviços dos ecossistemas tudo RAM ME, MF, Academia
no âmbito da Conta Satélite do
Ambiente
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Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

Desenvolver metodologias para a re- Data de conclusão do es- 1 2018 Relatórios Fundos UE e Fundo RJ CNB ICNF, MF, RAA, Academia, ONG, Organi-
muneração dos serviços dos ecos- tudo Ambiental RAM, SG Mamb, zações sectoriais e em-
sistemas e sua aplicação, através de GPP presas
medidas de política com incidência
no território

2.3 — Aumentar o investi- Desenvolver e aprovar um sistema de Data de aprovação 2 2025 Relatórios Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 INE, MF, ADC ICNF, RAA, RAM, APA,
mento público em con- marcadores de despesa pública em DGRM
servação da natureza e conservação da natureza e biodi-
biodiversidade versidade

Calcular e divulgar os montantes anuais Despesa pública anual em 2 2030 Relatórios estatísticos Orçamento do Estado RJ CNB, RJ RN2000 INE MF, ICNF, Autarquias,
(em euros) de despesa pública em biodiversidade CCDR, ADC, RAA,
biodiversidade RAM

Mobilizar os fundos financeiros dispo- Taxa de execução por fundo 1 2021 Relatórios Fundos UE RJ CNB, RJ RN2000 Autarquias, ONG, em- ICNF, LNEG, APA, DGRM,
níveis para a execução de projetos financeiro presas e suas Asso- RAA, RAM, ADC, Aca-
de conservação da natureza e bio- ciações demia, Sistema Finan-
diversidade ceiro

2.4 — Consolidar o con- Avaliar e propor um mecanismo de Data de estabelecimento do 2 2022 Relatórios Orçamento do Estado Lei das Finanças Locais, RJ ICNF em parceria com Autarquias, Academia
tributo dos instrumen- financiamento com incidência na mecanismo de financia- CNB, RJ RN2000 outras entidades,
tos fiscais para a con- Lei das Finanças Locais que pro- mento RAA, RAM
servação da natureza e mova a gestão ativa das áreas afe-
utilização sustentável tas à Rede Natura 2000 ou às áreas
da biodiversidade protegidas

Identificar e operacionalizar u m Data de estabelecimento do 2 2025 Relatórios de execução Orçamento do Estado Lei n.º 82-D/2014, de 31 de MF ICNF, Organizações secto-
pacote de incentivos fiscais ade- pacote de incentivos do pacote de incen- dezembro riais e empresas
quados à conservação da natureza tivos
e biodiversidade

2.5 — Assegurar uma Avaliar os incentivos e subsídios po- Data de conclusão da ava- 3 2025 Relatório de avaliação Orçamento do Estado Legislação ambiental e sec- MF, MAmb, MM, ME, ICNF, APA, DGRM, GPP,
aplicação coerente dos sitivos e prejudiciais para a conser- liação torial relevante RAA, RAM ONG
sistemas de incentivos vação da biodiversidade
e subsídios com os ob-
jetivos de conservação
e utilização sustentável
da biodiversidade

Adotar um plano público de priorida- Data de adoção do plano 3 2030 Plano Orçamento do Estado Legislação ambiental e sec- MF, MAmb, MM, ME, ICNF, APA, DGRM, GPP,
des e metas de eliminação, reforma pelo Governo torial relevante RAA, RAM DGAE/ME, privados
e phasing-out de subsídios negati-
vos e de medidas de melhoria da

1873
aplicação de incentivos positivos
1874
Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

Eixo 3 — Fomentar a apropriação dos valores naturais e da biodiversidade

3.1 — Aprofundar o con- Assegurar a conceção do sistema in- Data de conclusão do sis- 1 2021 Portais e estruturas de go- Fundos UE ENF, RJ Ordenamento e GPP, ICNF, RAA, Autarquias, CIM, ONG,
tributo da agricultura tegrado de apoios comunitários ao tema 2030 vernação, relatórios de Gestão Florestal, RJ RAM, DRAP, AG Academia
para os objetivos de desenvolvimento rural (PDR) e dos Percentagem de concreti- execução e avaliação RN2000, RJ IGT PDR, organizações
conservação da natu- pagamentos por práticas agrícolas zação da programação do PDR sectoriais
reza e da biodiversi- e florestais benéficas para o clima prevista
dade e ambiente, bem como a respetiva
concretização, em particular nas
áreas classificadas

Abranger o território agrícola e flo- Percentagem do território 1 2025 Relatórios de execução e Fundos UE ENF, RJ Ordenamento e GPP, AG PDR, DRAP, Autarquias, CIM, ONG,
restal de áreas classificadas por de áreas classificadas avaliação do PDR Gestão Florestal, RJ ICNF, RAA, RAM Academia, empresas, or-
sistemas organizados e abran- abrangido por apoios RN2000, RJ IGT ganizações sectoriais
gentes de mobilização dos apoios comunitários ao desen-
comunitários ao desenvolvimento volvimento rural
rural (PDR)

Avaliar e divulgar os resultados de polí- Data de realização da análise 2 2021 Relatórios de execução e Fundos UE ENF, RJ Ordenamento e AG PDR, GPP ICNF, RAA, RAM, DRAP
tica alcançados pelos apoios comu- e conclusões sobre a exe- 2026/ avaliação do PDR Gestão Florestal, RJ Autarquias, CIM, ONG,
nitários aos desenvolvimento rural cução daquelas políticas 2030 RN2000, RJ IGT Academia, empresas, or-
(PDR) em matéria de prossecução ganizações sectoriais
dos objetivos de produção de bens
públicos ambientais e das metas da

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presente Estratégia nas avaliações
intercalar e final do PDR

3.2 — Aprofundar o con- Adotar medidas que promovam o au- Variação da área florestal 1 2025 Relatórios de execução Fundos UE, Estatuto ENF, LB da Política Flo- ICNF, RAA, RAM, or- AG PDR, DRAP empresas,
tributo da silvicultura mento em pelo menos 20 % a área submetida a PGF em da ENF dos Benefícios Fis- restal, RJ Ordenamento ganizações de pro- organizações sectoriais
para os objetivos de florestal, abrangida por um PGF 2025 face à submetida cais (EBF) e Gestão Florestal dutores florestais
conservação da natu- em 2017
reza e da biodiversi-
dade

Zelar pela densificação de medidas Percentagem da área flores- 1 2030 PGF e planos de ordena- Fundos UE ENF, RJ CNB, RJ Or- ICNF, RAA, RAM, or- AG PDR, Autarquias em-
específicas necessárias à gestão tal em áreas classificadas mento e de gestão de denamento e Gestão ganizações de pro- presas, organizações
das espécies e habitats florestais abrangida por medidas de áreas classificadas Florestal, RJ RN2000, dutores florestais sectoriais
nos PGF e outros instrumentos de conservação/gestão RJ IGT
gestão complementares com inci-
dência territorial em áreas protegi-
das de âmbito nacional e na Rede
Natura 2000

Promover a reconversão de eucaliptais Percentagem de área de eu- 2 2030 Planos de gestão, carto- Fundos UE ENF, RJ AAR, RJ CNB, LB Proprietários ONG, Academia, empresas,
em sistemas florestais autóctones, caliptal reconvertido em grafia da Política Florestal, RJ organizações sectoriais
em áreas protegidas e da Rede Na- áreas classificadas Ordenamento e Gestão
tura 2000, privilegiando a recon- Florestal, RJ RN2000,
versão de eucaliptais abandonados RJ IGT
e a instalação de sistemas florestais
de uso múltiplo
Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018
Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

Estabelecer boas práticas que visem Data de conclusão do ma- 3 2025 Manual Orçamento do Estado ENF, RJ CNB ICNF ONG, Academia, empresas,
a proteção eficaz dos bosquetes de nual de boas práticas organizações sectoriais
carvalhos autóctones existentes em
Portugal continental

3.3 — Garantir a utili- Identificar os ecossistemas marinhos Percentagem de ecossis- 2 2030 Planos de gestão e explo- Fundos UE Lei n.º 7/2008, de 15 de DGRM, DGPM, IPMA, ONG, Academia, empresas,
zação sustentável dos vulneráveis, integrando-os na temas marinhos vulne- ração ou outros docu- fevereiro, DQEM, PCP, ICNF, RAA, RAM organizações sectoriais
recursos marinhos RFCN e assegurar a gestão das ráveis identificados e mentos reguladores da DAH
atividades marítimas classificados com plano gestão pesqueira
de gestão e exploração
em vigor

Desenvolver os planos de adaptação Data de conclusão dos pla- 2 2025 Planos, Relatórios de Fundos UE Lei n.º 7/2008, de 15 de DGRM, DGPM, IPMA, AMN, ONG, Academia,
de práticas de pesca lesivas dos nos execução fevereiro, DQEM, PCP, ICNF, RAA, RAM empresas, organizações
habitats bentónicos, incluindo no- DAH sectoriais
take zones

Constituir plataformas de cogestão da N.º de pescarias geridas de 3 2030 Acordos de cogestão Fundos UE PCP, Regulamentação da DGRM e MSC Por- ICNF, IPMA, Autarquias,
atividade da pesca em áreas mari- forma participativa Pesca tugal Associações, ONGA,
nhas protegidas Universidades, organiza-
ções sectoriais

Elaborar o programa nacional de ava- Data de conclusão do pro- 2 2022 Programa Fundos UE DQEM, PCP, DAH DGRM, IPMA, ICNF, AMN, ONG, Academia,
liação das capturas acidentais de grama RAA, RAM empresas, organizações
mamíferos, aves e répteis marinhos sectoriais
e de ensaio e utilização de artes e
tecnologias que diminuam o seu
impacte

Desenvolver e executar os planos Data de início das estatísti- 3 2025 Planos, Relatórios de Fundos UE Lei n.º 7/2008, de 15 de DGRM, DGPM, IPMA, ONG, Academia, empresas,
nacionais de aplicação das políti- cas regulares de evolução execução e Relató- fevereiro, DQEM, PCP, ICNF, RAA, RAM, autoridades aduaneiras e
cas de eliminação de rejeições de da taxa de redução das rios de monitorização DAH AMN, organizações marítimas
pescado descargas de descargas sectoriais

Atingir as metas de rendimento má- Percentagem de espécies 1 2020 Relatórios Fundos UE Lei n.º 7/2008, de 15 de DGRM, DGPM, ONG, Academia, empresas,
ximo sustentável para todos os exploradas dentro dos fevereiro, DQEM, PCP, IPMA, ICNF, RAA, autoridades aduaneiras e
recursos pesqueiros da ZEE na- limites do rendimento DAH RAM, organizações marítimas
cional máximo sustentável sectoriais

Minimizar o risco de utilização de N.º de espécies exóticas 2 2030 Relatórios Fundos UE Lei n.º 7/2008, de 15 de DGRM, DGPM, AMN, ONG, Academia,
espécies exóticas ou transgénicas utilizadas na produção fevereiro, DQEM, PCP, IPMA, ICNF, APA, empresas, organizações
na aquicultura aquícola DAH, DQA RAA, RAM sectoriais

Avaliar o impacte decorrente da reco- N.º de avaliações da capaci- 2 2030 Relatórios Fundos UE Lei n.º 7/2008, de 15 de DGRM, DGPM, AMN, ONG, Academia,
lha de ovos ou larvas de espécies dade de recolha de ovos fevereiro, DQEM, PCP, IPMA, ICNF, APA, empresas, organizações
autóctones para a aquicultura ou larvas para aquicultura DAH, DQA RAA, RAM sectoriais
nos ecossistemas

Aplicar as medidas relevantes para a Percentagem de execução 3 2030 Relatórios Fundos UE DQEM, PCP, DAH DGRM, IPMA, ICNF, AMN, ONG, Academia, or-
prossecução das metas do «Bom das medidas relativas RAA, RAM ganizações sectoriais

1875
Estado Ambiental» das águas ma- aos descritores de biodi-
rinhas no âmbito da DQEM versidade
1876
Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

3.4 — Promover e arti- Integrar os objetivos de conservação Data de aprovação do 1 2020 Diário da República Orçamento do Estado LBOGEM, RJ CNB DGRM, DGPM, RAA, Empresas, organizações sec-
cular a integração dos da natureza e biodiversidade nos PSOEM RAM, ICNF toriais, ONG, sociedade
objetivos da conserva- instrumentos de planeamento do civil
ção da natureza e bio- espaço marítimo
diversidade nos planos,
programas, instrumen-
tos e normas do espaço
marítimo

Garantir que os planos de afetação do Percentagem de planos com 2 2030 Informação disponível Fundos UE RJ IGT DGPM, DGRM ICNF, APA, IPMA, ONG
espaço marítimo integram as nor- medidas integradas e tratada no sistema
mas de execução que assegurem de monitorização e
a sustentabilidade das atividades avaliação de temas e
marítimas e a promoção da inte- Indicadores
gridade de todos os componentes
dos ecossistemas marinhos

Estabelecer os acordos relevantes N.º de áreas marinhas pro- 1 2030 Planos de gestão da Fundos UE PCP, Estratégia UE da Bio- DGRM, RAA, RAM ICNF, IPMA, DGPM, em-
para dotar de eficácia a gestão da tegidas (de âmbito nacio- pesca diversidade, DQEM presas, organizações sec-
pesca para todas as frotas em áreas nal, da EU ou regional) toriais, ONG
marinhas protegidas, em áreas sob com planos de gestão da
jurisdição nacional pesca

3.5 — Garantir a utili- Elaborar, ou rever, 80 % dos planos Percentagem de planos de 3 2030 Planos, Relatórios de Fundos UE Lei n.º 7/2008, de 15 de ICNF e outras entida- AMN, IPMA, ONG, Acade-
zação sustentável dos de gestão e exploração dos recur- gestão e exploração ou execução fevereiro, DAH, DQA, des gestoras mia, empresas, organiza-

Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018


recursos em águas sos aquícolas de águas interiores outros documentos regu- DQEM ções sectoriais
interiores e sistemas ou outros documentos reguladores ladores da pesca revistos
fluviais da pesca, nas áreas sobre gestão do ou elaborados
ICNF e 20 % dos planos ou outros
documentos nas áreas geridas por
outras entidades

Avaliar o nível de integração das me- Data de publicação do Rela- 2 2022 Relatório Fundos UE e Fundo DQA, RJ CNB, RJ APA, ICNF, RAA, LNEG, ONG, Academia
didas e opções essenciais à pros- tório de avaliação Ambiental RN2000 RAM
secução dos objetivos de gestão
relevantes das áreas incluídas no
SNAC nos Planos de Gestão de
Região Hidrográfica

Assegurar que os Planos de Gestão das Percentagem dos PG das 2 2030 Planos, Relatórios de Fundos UE DQA, RJ CNB, RJ ICNF, RAA, RAM APA, LNEG, ONG, Aca-
áreas incluídas no SNAC preveem áreas classificadas que execução RN2000 demia
medidas coerentes com as metas integram medidas para
do estado ecológico das massas assegurar os objetivos
de água partilhados

3.6 — Promover a arti- Reforçar os mecanismos de adaptação Percentagem de linhas elé- 3 2030 Relatórios Fundos UE RJ AIA, RJ RN2000, Le- REN, EDP, DGEG, ONG, Academia, empresas
culação das metas de e correção, e prosseguir o planea- tricas adaptadas à mini- gislação energias reno- ICNF, APA, RAA,
clima e energia com mento da instalação das linhas de mização dos riscos váveis RAM, EDA
os objetivos de con- transporte e distribuição de energia
servação da natureza e
biodiversidade
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Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

Avaliar a capacidade de carga do ter- Data de conclusão da ava- 3 2020 Relatórios Fundos UE Legislação energias reno- ADENE, DGEG, ICNF, REN, EDP, ONG, Academia,
ritório para a execução do PNAER liação váveis, Compromisso APA, CCDR, RAA, empresas
e PNAEE Crescimento Verde, RJ RAM, EDA
CNB, RJ RN2000, RJ
IGT, RJ OEM

Estabelecer os critérios de avaliação da N.º de espécies com índices 2 2025 Relatórios Fundos UE RJ AIA, RJ RN2000 APA, ICNF, DGRM, ONG, Academia, empresas
significância do impacte das fontes da significância estabe- CCDR, DGEG
de energias renováveis sobre as es- lecidos
pécies potencialmente vulneráveis

3.7 — Assegurar a con- Estabelecer e executar um quadro Percentagem de intervenções 3 2030 Relatórios Fundos UE RJ CNB, Lei n.º 54/2015, ICNF, DGEG, APA, ONG, Academia
servação da biodiver- de referência colaborativo para a levadas a cabo conforme de 22 de junho, Decreto- EDM, LNEG
sidade e da geodiversi- recuperação do passivo ambiental o quadro de referência -Lei n.º 198-A/2001, de
dade nas atividades de que ocorra em cortas e galerias de 6 de julho
prospeção, pesquisa e minas abandonadas ou outras áreas
exploração de recursos de exploração de inertes sujeitas a
minerais intervenção ou reabilitação

Integrar requisitos de conservação do Percentagem de concessões 2 2025 Relatórios Fundos UE RJ CNB, RJ CNB, Lei ICNF, DGEG, APA, ONG, Academia
património natural nos processos de que integram requisitos n.º 54/2015, de 22 de EDM, LNEG
prospeção, pesquisa e exploração de conservação do patri- junho
de recursos minerais mónio natural

3.8 — Promover a oferta Qualificar o património edificado, as Intervenções em infraes- 1 2030 Inquéritos às CM e alo- Fundos UE ET 2027, PNTN, Estraté- ICNF, Autarquias TdP, organizações secto-
e qualificação dos ser- infraestruturas e os espaços de uso truturas qualificadas em jamentos inseridos em gia e plano de gestão riais
viços no domínio do coletivo em áreas classificadas áreas classificadas inicia- áreas classificadas da marca Natural.PT,
Turismo de Natureza, das até 2030 Conta satélite do turismo Regulamento de adesão
que concorram para Variação do número de Portal do TdP à marca
a gestão sustentável dormidas em áreas clas-
dos territórios e salva- sificadas
guardem o património
natural e identidade
cultural

Articular e promover o reconheci- Taxa de crescimento média 1 2030 Relatórios, Portal do Fundos UE ET 2027, PNTN ICNF, ER Turismo Empresas e ONG
mento de empresas de «Turismo anual do número de em- Turismo de Portugal,
de Natureza» presas Portal do TP

Expandir a marca «Açores Certificado N.º de aderentes 1 2030 Relatórios, Portal do Fundos UE Regulamento de adesão à RAA Empresas e ONG
pela Natureza» com uma taxa de Taxa de crescimento média Turismo de Portugal, marca
crescimento média anual de 10 % anual Portal Açores

3.9 — Assegurar a susten- Avaliar o impacte da regulação do Estudo de impacte 2 2019 Relatórios de avaliação Fundos UE e Fundo Protocolo de Nagoya, Re- ICNF, RAA, RAM ASAE, IGAMAOT, AT,
tabilidade da utilização acesso aos recursos genéticos e do Ambiental gulamento comunitário GNR, PSP, IGEC, In-
de recursos genéticos estabelecimento de medidas adicio- sobre Acesso aos Recur- farmed, DGRM, INIAV,
marinhos e terrestres nais de cumprimento do Protocolo sos Genéticos e Partilha DGAV
de Nagoya Justa e Equitativa dos

1877
Benefícios Decorrentes
da sua Utilização
1878
Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

3.10 — Assegurar a sus- Promover ações que fomentem a redu- Número de entidades gesto- 2 2030 Relatórios de avaliação Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000 Infraestruturas de Por- APA, CCDR, Autarquias,
tentabilidade das infra- ção da mortalidade, a exclusão e a ras de infraestruturas de Ambiental tugal, ICNF Academia, empresas,
estruturas de transporte fragmentação de habitats transporte com plano de organizações sectoriais,
e comunicações ação para a minimização ONG
de impactes sobre os va-
lores naturais

Desenvolver projetos partilhados de Número de áreas protegi- 3 2030 Relatórios de execução Fundos UE e Fundo RJ CNB, RJ RN2000 ICNF, Autarquias, em- Organizações sectoriais,
telecomunicações nas áreas pro- das com projetos em de projetos Ambiental presas ONG
tegidas execução

3.11 — Aumentar a qua- Elaborar e executar um programa Taxa de execução do pro- 1 2030 Relatórios, Portal do Fundos UE ET 2027, Estratégia e plano ICNF, TdP Empresas, organizações sec-
lificação da oferta de de comunicação sobre a marca grama de comunicação Turismo de Portugal, de gestão da marca Na- toriais, ONG
produtos e serviços, Natural.pt, que vise promover a Portal do ICNF, Portal tural.PT, Regulamento
integradores do patri- notoriedade da marca nacional e Natural.PT de adesão à marca
mónio natural e cultu- internacionalmente.
ral, contribuindo para
a sustentabilidade da
gestão dos territórios
das áreas classificadas

Alargar a marca Natural.pt à Região N.º de aderentes da RAM e 1 2030 Relatórios, Portal do Fundos UE ET 2027, Estratégia e plano RAA, RAM, ICNF Empresas, organizações sec-
Autónoma dos Açores e da Ma- da RAA Turismo de Portugal, de gestão da marca Na- toriais, ONG
deira Portal do ICNF, Portal tural.pt, Regulamento de
Natural.PT adesão à marca

Aumentar o número de produtos e Taxa de crescimento anual 1 2030 Relatórios, Portal do Fundos UE ET 2027, Estratégia e plano ICNF, TdP, ER Tu- Empresas, organizações sec-

Diário da República, 1.ª série — N.º 87 — 7 de maio de 2018


serviços reconhecidos como Na- de adesões Turismo de Portugal, de gestão da marca Na- rismo toriais (empresas turísti-
tural.pt Portal do ICNF, Portal tural.PT, Regulamento cas), ONG, DGAE
Natural.PT de adesão à marca

Conceber um sistema que promova Data de lançamento da pla- 3 2025 Relatórios, Portal do Fundos UE ET 2027, Estratégia e plano ICNF, TdP, ER Tu- Empresas, organizações sec-
soluções de comércio em linha de taforma de comércio em Turismo de Portugal, de gestão da marca Na- rismo toriais, ONG
produtos Natural.pt linha Portal do ICNF, Portal tural.PT, Regulamento
Natural.PT de adesão à marca

3.12 — Promover e valori- Dinamizar a iniciativa «Business & Percentagem de aumento de 2 2030 Portal do ICNF, relató- Fundos UE RJ CNB ICNF, RAA, RAM, Autarquias, CIM, ONG,
zar a integração da con- Biodiversity» promovendo a reno- aderentes rios empresas Academia, Sistema fi-
servação da natureza e vação das parcerias e o aumento do nanceiro, DGAE/ME
da biodiversidade nas número de aderentes
estratégias, políticas e
processos operacionais
das empresas

3.13 — Garantir a inte- Assegurar que são transpostas para os Percentagem de PDM que 1 2020 Informação disponível Fundos UE LBGPPSOTU, RJ IGT, RJ Entidades públicas ONG, sociedade civil
gração dos objetivos PDM as normas que condicionem integram as normas dos e tratada no sistema AAPP, RJ CNB sectoriais e regio-
de conservação da na- o uso e ocupação do solo aplicáveis PEOT e PS RN2000 de monitorização e nais, ICNF, CCDR,
tureza e biodiversidade às áreas classificadas, em particular avaliação de temas e CIM, Autarquias,
nos instrumentos de or- as que dizem respeito às áreas pro- Indicadores RAA, RAM
denamento, estratégias, tegidas de âmbito nacional
planos e programas, as-
segurando a coerência
de aplicação de regimes
nas áreas classificadas
e sua conectividade
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Instrumentos financeiros Instrumentos de execução
Objetivo Medidas de Concretização Indicadores de resultado Prioridade Prazo Meios de verificação Entidades Responsáveis Entidades Intervenientes
e fiscais (jurídicos e políticos)

Elaborar 25 Programas Especiais de N.º de Planos de Ordena- 1 2020 Publicação no Diário da Fundos UE LBGPPSOTU, RJ IGT, RJ ICNF, RAA, RAM CCDR, entidades públicas
Ordenamento do Território das mento das Áreas Prote- República AAPP, RJ CNB sectoriais e regionais,
áreas protegidas de âmbito nacio- gidas reconduzidos CIM, Autarquias, ONG,
nal, reconduzindo os atuais Planos sociedade civil
de Ordenamento.

Garantir a cobertura total do território Percentagem de território 2 2030 Planos e Programas ter- Fundos UE LBGPPSOTU, RJ IGT, Entidades públicas ONG, sociedade civil
nacional por programas e planos nacional coberto por ritoriais RJ AAPP, RJ CNB, RJ sectoriais e regio-
territoriais que estabeleçam estrutu- planos e programas que RN2000 nais, ICNF, CCDR,
ras e corredores ecológicos destina- definem estruturas e cor- CIM, Autarquias,
dos a assegurar a conectividade da redores ecológicos RAA, RAM
rede fundamental da conservação
da natureza

Definir a arquitetura de um subsis- Data de operacionalização 3 2020 Informação disponível Fundos UE LBGPPSOTU, RJ IGT, DGT, CCDR, RAA, ICNF, APA, DGRM, DGPM,
tema de monitorização e avaliação do subsistema e tratada no sistema RJ AAPP, RJ CNB, RJ RAM ONG
da aplicação dos instrumentos de de monitorização e RN2000
gestão territorial, em articulação avaliação de temas e
com o Sistema Nacional de Infor- Indicadores
mação Territorial

Integrar a componente de adaptação Percentagem de instrumen- 3 2030 Informação disponível Fundos UE ENAAC ICNF, RAA, RAM, Sociedade civil, ONG, Aca-
da biodiversidade às alterações tos de planeamento e tratada no sistema DGT, CCDR, CIM, demia
climáticas em todas as políticas de monitorização e Autarquias, APA
relevantes e instrumentos de pla- avaliação de temas e e outras entidades
neamento Indicadores públicas sectoriais,
DGRM, DGPM

3.14 — Atualizar o regime Integrar a tipologia de projetos em Data de aprovação da revi- 2 2020 Diploma de publicação Orçamento do Estado RJ AIA, RJ RN2000 ICNF, APA, DGRM, Sociedade civil, ONG, Aca-
jurídico de Avaliação meio marinho e respetivos limiares são do RJ AIA DGPM demia
de Impacte Ambiental assim como as matérias relativas
aos serviços dos ecossistemas e das
alterações climáticas

Siglas e Acrónimos
ADC — Agência para o Desenvolvimento e Coesão, I. P.
AICEP — Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal
AMN — Autoridade Marítima Nacional
ANMP — Associação Nacional de Municípios de Portugal
AG — Autoridade(s) de Gestão
APA — Agência Portuguesa do Ambiente
ASAE — Autoridade de Segurança Alimentar e Económica
AT — Autoridade Tributária e Aduaneira
CCDR — Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional
CIM — Comunidade Intermunicipal
CITES — Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Ameaçadas de Extinção
CM — Câmaras municipais
CNCCD — Comissão Nacional de Coordenação de Combate à Desertificação

1879
DAH — Diretivas Aves e Habitats
DGADR — Direção-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural
1880
DGAE/ME — Direção-Geral das Atividades Económicas/Ministério da Economia
DGAE/MNE — Direção-Geral dos Assuntos Europeus/Ministério dos Negócios Estrangeiros
DGAV — Direção-Geral de Alimentação e Veterinária
DGEG — Direção-Geral de Energia e Geologia
DGPE/Camões I. P. — Direção-Geral de Política Externa/Camões — Instituto da Cooperação e da Língua, I. P.
DGPM — Direcção-Geral da Política do Mar
DGRM — Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos
DRAP — Direção-Regional de Agricultura e Pescas
DR Assuntos Mar Açores — Direção Regional dos Assuntos do Mar (Açores)
DGT — Direção-Geral do Território
ENM — Estratégia Nacional para o Mar
ENGIZC — Estratégia Nacional para a Gestão Integrada da Zona Costeira
FCT — Fundação para a Ciência e a Tecnologia
FLEGT — Forest Law Enforcement, Governance and Trade/Legislação, Governação e Comércio no Sector Florestal
GPP — Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral
INE — Instituto Nacional de Estatística, I. P.
INSA — Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I. P.
IRA Açores — Inspeção Regional do Ambiente (Açores)
JB MUHNAC UL — Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa
LBOGEM — Lei de Bases da Política de Ordenamento e de Gestão do Espaço Marítimo Nacional
LBGPPSOTU — Lei de Bases da Política Pública de Solos, de Ordenamento do Território e de Urbanismo
LNEG — Laboratório Nacional de Energia e Geologia
MAmb — Ministério do Ambiente
ME — Ministério da Economia
MF — Ministério das Finanças
MM — Ministério do Mar
MNE — Ministério dos Negócios Estrangeiros
MJ — Ministério da Justiça
ODS — Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

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RJ AAPP — Regime Jurídico a que fica sujeita a avaliação dos efeitos de determinados planos e programas no ambiente
RJ AAR — Regime Jurídico aplicável às Ações de Arborização e Rearborização
RJ AIA — Regime Jurídico de Avaliação de Impacte Ambiental
RJ IGT — Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial
RJ RN2000 — Regime Jurídico da Rede Natura 2000
SG-MAmb — Secretaria-Geral do Ministério do Ambiente

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