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CONSERVAÇÃO DE HABITATS

Conservação De Habitats

O projeto de revisão da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (EN-


CNB 2025) esteve em consulta pública até ao dia 30 de setembro de 2017.

O ministro do ambiente, João Pedro Matos Fernandes, referiu que o documento de 89 páginas, que
aborda o futuro da conservação de espécies e habitats e da nossa relação com o mundo natural até
2025, suscitou muita procura.

Hoje em dia a biodiversidade e a conservação da natureza desempenham um papel crucial no con-


texto dos processos de adaptação às alterações climáticas. Portugal é um país rico em biodiversida-
de e presta um relevante contributo para a Rede Natura 2000. Pela sua localização, geomorfologia e
ocupação humana, Portugal é detentor de espécies da flora e fauna, ricas e diversificadas associadas
a uma grande variedade de ecossistemas, habitats e paisagens.

A revisão da ENCNB 2025 visa atualizar e aprofundar o quadro da política nacional de conservação
da natureza e da biodiversidade, à luz dos desafios atuais e das exigências de desenvolvimento e
competitividade da economia nacional, numa visão sustentável e eficiente da utilização dos recur-
sos, assegurando a resiliência dos ecossistemas naturais e semi-naturais e a conservação das com-
ponentes da biodiversidade.

A estratégia de conservação da natureza e da biodiversidade nos próximos anos deverá assentar


nos compromissos globais assumidos em 2010 por Portugal, pela União Europeia e pelos Estados
Integrantes na Convenção sobre a Diversidade Biológica, traduzidos no Plano Estratégico 2011-2020,
e contribuir para a concretização das metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável
das Nações Unidas.

A ENCNB foi adotada em 2001 e é agora reforçada com uma atualização, em linha com uma econo-
mia progressivamente mais verde e mais eficiente. Em termos de consumo e uso dos recursos
é baseada nas possibilidades endógenas do país em especial, no conhecimento, na capacitação e
no património natural.

Tendo como ambição uma visão de longo prazo – 2050 – a ENCNB sistematiza objetivos ordenados
por prioridades a prosseguir até 2025.

Eixos da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade 2025

Melhorar o estado de conservação de habitats e espécies;

Promover o Reconhecimento do Valor do Património Natural;

Fomentar a apropriação dos valores naturais e da biodiversidade nas suas diferentes políticas, estra-
tégias e práticas.

A Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB) tem como propósi-


to internacional a necessidade de estancar a perda da biodiversidade, promovendo uma estratégia
ambiciosa para alcançar a recuperação e valorização do património natural nacional. Esta realidade
compreende as espécies e seus habitats, assim como o património geológico, manifestado no meio
terrestre ou marinho, e ainda o conjunto das áreas protegidas da Rede Nacional.

Principais Objetivos A Concretizar Até 2025:

– Consolidar o sistema nacional de áreas classificadas e assegurar a sua gestão

Até 2020, o Governo quer elaborar programas de execução para as 25 áreas protegidas a nível naci-
onal, adotar modelos de cogestão em áreas da Rede Natura 2000 e consolidar a rede de áreas mari-
nhas do Sistema Nacional de Áreas Classificadas.

– Programar e executar intervenções de conservação e de recuperação de espécies e habitats

Execução de 80% de cada um dos planos de ação de espécies, em casos como: lince-ibérico, lobo-
ibérico, saramugo, a águia-imperial-ibérica, as aves necrófagas, o priolo, o roaz-corvineiro, coelho

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bravo, rola-comum. Este parâmetro inclui também a aplicação das medidas de adaptação às altera-
ções climáticas e do plano de combate à desertificação, ligadas à biodiversidade.

– Reforçar A Prevenção E Controlo De Espécies Invasoras Em Portugal E Na UE

Previsto até 2020 a elaboração de um Plano Nacional de Prevenção e Gestão das Espécies Exóticas
Invasoras e ainda um sistema de prevenção, alerta precoce e resposta rápida.

– Reforçar O Quadro Legal De Regulamentação Da Conservação Da Natureza E Biodiversidade

Até 2018 pretende-se rever o regime jurídico da conservação da natureza e biodiversidade, publicado
em 2008, incluindo a conservação do patromónio geológico. Ainda 2017 está prevista a revisão
a legislação relativa às espécies exóticas invasoras.

– Reforçar O Cumprimento Dos Normativos Legais De Conservação Da Natureza E Da Biodiversida-


de

Até 2018, pretende-se aumentar em 50% o número de vigilantes da natureza. Este parâmetro inclui
ainda a execução do Programa Antídoto.

– Reforçar A Investigação E Inovação Orientadas Para As Prioridades De Política E Conservação Da


Natureza

Definição de um programa de investigação e inovação nesta área. Assegurar que 95% das espécies
e habitats protegidos passam a ter um estado de conservação ou tendência populacional conhecidos,
é outras das metas deste objetivo.

– Evidenciar A Economia Da Biodiversidade E Dos Ecossistemas

Realização de um estudo para estimar o valor económico dos principais serviços dos ecossistemas
nacionais e a sua integração numa Conta Satélite do Ambiente.

– Aumentar O Investimento Público Em Conservação Da Natureza E Biodiversidade

Calcular e a publicar a despesa pública anual na área da biodiversidade, através do Instituto Nacional
de Estatística, e a mobilizar os fundos financeiros disponíveis para a execução de projectos nesta
área.

– Garantir A Utilização Sustentável Dos Recursos Marinhos

A meta consiste em identificar os ecossistemas marinhos vulneráveis e integrá-los na Rede Funda-


mental de Conservação da Natureza.

– Promover A Oferta E Qualificação Dos Serviços No Domínio Do Turismo Da Natureza

As medidas prioritárias, consistem em qualificar os edifícios e infraestruturas em áreas classificadas e


promover uma estratégia que facilite o reconhecimento das empresas de turismo de natureza.

Conservação De Habitats E Áreas De Rede Natura Ou Semelhantes

É sabido que a agricultura pode desempenhar um papel fulcral na manutenção e promoção da biodi-
versidade havendo igualmente potencial para beneficiar da existência dessa biodiversidade.

A enorme diversidade das explorações agrícolas, e em particular as vinícolas, tanto no que respeita
ao meio físico em que se inserem, como ao tipo de atividades nelas praticadas, exigem a adaptação
de iniciativas de conservação e promoção da biodiversidade à cultura e às especificidades de cada
zona.

Mesmo em situações de agricultura mais intensiva é possível introduzir melhorias nas práticas agríco-
las que possam contribuir para minimizar os impactos negativos que a simplificação e intensificação
da paisagem rural possa ter na biodiversidade.

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É neste quadro que em Maio de 1992, nasceu a Rede Natura 2000, uma rede ecológica para o espa-
ço comunitário da União Europeia, e o seu principal instrumento para a conservação da natureza. A
sua finalidade é assegurar a conservação a longo prazo das espécies e habitats mais ameaçados na
Europa, contribuindo para travar a perda de biodiversidade.

Isso é atingido através da garantia de conservação das espécies de aves e os seus habitats, e da
conservação dos habitats naturais e habitats de espécies da flora e da fauna selvagens, considerados
ameaçados no espaço da União Europeia. De igual modo, ao longo dos últimos anos têm vindo a ser
promovidas outro género de iniciativas e projetos com o objetivo de promoção da preservação da
biodiversidade por parte das empresas tais como o “Business & odiversity” e o “Countdown 2010”.

Alinhado com a estratégia de conservação de habitats, áreas da rede Natura e outras iniciativas de
cariz nacional e internacional, o PSVA destaca entre outras práticas:

@@@Fragmentação de habitats é o fenômeno onde uma área grande e contínua de um habitat es-
pecífico é diminuída e/ou dividida em duas ou mais áreas. Essas novas áreas menores, separadas
umas das outras por ambientes diferentes do original (muitas vezes degradados, ou construções hu-
manas), acabam se tornando mais isoladas.

Algumas características marcantes que diferenciam os habitats fragmentados dos naturais são, além
da diminuição da área de habitat, o aumento considerável da área de borda e a aproximação do cen-
tro do fragmento de habitat da borda(diminuição da área interna, sem efeito de bordas).

Mas quais são as consequências disso para as espécies lá viventes? Em primeiro lugar, a fragmenta-
ção limita o potencial de dispersão e colonização de uma determinada espécie. Os animais que lá
vivem não mais podem andar livremente em busca de novas áreas, já que existe uma barreira que os
impede de se deslocarem. Isso é válido também para sementes de plantas, que podem ser dispersas
pelo vento ou por animais, especialmente os frugívoros. Um animal, ao tentar cruzar uma área livre,
pode aumentar e muito suas chances de ser predado.

A capacidade de forrageamento dos animais também é comprometida. Muitos animais alimentam-se


e buscam recursos em locais diferentes de acordo com o período do ano, e, para isso, precisam des-
locar-se livremente. A fragmentação de habitats impede esse deslocamento, comprometendo essa
capacidade que é fundamental para a sobrevivência da espécie. A busca por parceiros para o acasa-
lamento e a polinização também ficam seriamente comprometidas.

Assim, a fragmentação de habitats leva ao surgimento de duas ou mais sub-populações de uma es-
pécie, limitadas a uma área restrita; aumenta-se as chances de acontecer endocruzamento. Dessa
forma, é possível que, com o tempo, as populações entrem em extinção.

Outra consequência da fragmentação de habitats são os efeitos de borda. As condições climáticam


tendem a modificar drasticamente nesses locais. Nas bordas de uma floresta fragmentada, por exem-
plo, luz e temperatura aumentam, resultando em solos mais quentes durante o dia, mais frios durante
a noite, e, especialmente, menos úmidos. Essas mudanças interferem no crescimento de plantas e de
animais que mais dependem de umidade. A incidência de vento também aumenta, provocando es-
tresse em plantas: folhas e galhos são perdidos, e as plantas ficam expostas a um solo seco. A umi-
dade do ar diminui e a folha perde mais água por transpiração.

Habitats Naturais

Sob o ponto de vista linguístico trata-se de uma forma verbal latina substantivada pela comunidade
científica. Surgiu em tratados sobre fauna e flora redigidos em latim no século XVIII e entrou na nossa
língua pelo francês, segundo o estudioso brasileiro Antônio Geraldo da Cunha (Dicionário Etimológico
Nova Fronteira), que indica o dicionário Aulete como o primeiro que registou o termo em português
(1881).

Sob o ponto de vista científico denomina-se habitat ao "endereço ecológico de um indivíduo", ou seja,
o local onde esse indivíduo pode ser encontrado num ecossistema. De forma muito genéri-
ca, habitat é o lugar onde vive determinada espécie de animal ou planta.

Em rigor, tudo o que está a sua volta é o seu habitat: o ar ou a água, a areia, as pedras ou folhas sob
as quais se oculta, a humidade, etc.

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O território continental português embora pouco extenso, possui uma grande variabilidade
de habitats, o que lhe confere uma notória diversidade de paisagens.

A composição e a distribuição das formações vegetais, é modelada essencialmente por factores natu-
rais, em função da variabilidade geológica, edáfica, climática, hidrológica, geomorfológica e biológica,
e pela intervenção humana.

A agricultura, o sobrepastoreiro, os incêndios e a implantação de inúmeras actividades turísticas so-


bretudo na orla costeira, têm vindo a destruir e a modificar a dinâmica natural dos habitats e, conse-
quentemente conduzem a alterações na composição florística das comunidades vegetais alterando a
composição química e o regime hidrológico dos solos.

Os seres vivos e, mais concretamente, as plantas, dependem directa e estreitamente das característi-
cas edafoclimáticas do meio para se instalarem, isto faz com que as comunidades vegetais, por si só
possam constituir o modo de caracterizar um determinado habitat, uma vez que a sua presença re-
presenta um óptimo indicador indirecto dos factores físicos que as condicionam.

Em 1992, a União Europeia adoptou a Directiva "Habitats" para a conservação dos habitats naturais e
da fauna e flora selvagens. Os Estados-Membros devem proteger e preservar os habitats e espécies
que são de interesse especial. Foram identificados 200 tipos de habitats, mais de 200 espécies ani-
mais e aproximadamente 500 espécies de plantas carentes de protecção.

Cada país é responsável pela identificação e designação de áreas especiais de conservação (SAC)
onde essas espécies possam viver em segurança. Os planos devem combinar a preservação da na-
tureza a longo prazo com as actividades sociais e económicas das pessoas, de modo a criar uma
estratégia sustentável de desenvolvimento.

Essas áreas especiais de conservação estão incluídas na rede ecológica Natura 2000: uma rede de
locais onde a vida selvagem é protegida e o desenvolvimento sustentável é encorajado. Essa rede já
cobre 15% do território da União Europeia, o que é equivalente a uma área das dimensões da Ale-
manha.

Apresentamos aqui, não de forma exaustiva alguns habitats existentes no território português e algu-
mas das espécies vegetais que os definem.

Deixámos ainda um apelo a todos para a conservação dos habitats naturais pois deles dependem
grandemente os seres vivos, que para além de desempenharem um papel fundamental no ecossis-
tema em que estão integrados, nomeadamente a nível dos ciclos geo-físico-químico da água, ar e
solo, essenciais para a manutenção das condições ecológicas adequadas à vida, assumem uma im-
portância vital para a preservação da biodiversidade.

Os factores de ameaça aos habitats naturais são uma realidade cada vez mais patente, devemos
estar conscientes de que a destruição de um habitat pode resultar na extinção de uma ou mais espé-
cies.

As Diferentes Formas De Conservação

Apesar do estabelecimento de unidades de conservação ser a estratégia de proteção da biodiversi-


dade mais utilizada no mundo, ela não é a única, e somente pode ser bem-sucedida se acompanha-
da de outras estratégias de conservação.

A Convenção sobre Diversidade Biológica consolidou em três grandes grupos as diferentes formas
possíveis de conservação: a clássica, com o estabelecimento de áreas com restrição de acesso e
uso, e a de uso sustentável e a repartição de benéficos oriundos do uso da biodiversidade.

Na conservação clássica, encontramos além da criação de áreas protegidas, estratégias ligadas à


proteção e à recuperação de espécies, que podem ser tanto in situ, no próprio lugar onde vivem, co-
mo ex situ, ou seja, em outros lugares que não de sua ocorrência natural, como zoológicos, jardins
botânicos e mesmo laboratórios.

Devemos lembrar que com o desenvolvimento da biotecnologia, as possibilidades de conservação de


uma espécie cresceram muito. Atualmente, o armazenamento do genoma de um indivíduo para pos-

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terior clonagem, é considerado por muitos, como uma possibilidade, alternativa que há alguns anos
era viável apenas em narrações de ficção.

Em geral, iniciativas de proteção de espécies in situ, acabam colaborando para a conservação do


ecossistema onde a espécie habita, pois, boa parte das ameaças à integridade da espécie provém da
destruição de seu habitat.

Um bom exemplo é o projeto de recuperação das populações do mico-leão-dourado (Leontopithecus


rosália), realizado na Mata Atlântica.

Combinando estratégias de proteção à espécie - como estudos e ações em prol à sua reprodução,
parcialmente em cativeiro - e sua reintrodução com estratégias de proteção e recuperação dos ambi-
entes onde o mico vivia originalmente, foi possível voltar a ter a presença do mico na natureza. Leia
mais sobre essa experiência no site da Associação Mico Leão Dourado.

O segundo grupo, o uso sustentável da biodiversidade, trata majoritariamente de alternativas que


envolvem um compartilhamento e uma eventual negociação sobre o uso da terra e dos atributos que
a formam, popularmente denominados recursos naturais. Por exemplo, o zoneamento econômico-
ecológico está nesse grupo. Os diversos setores devem entrar em acordo sobre como serão utiliza-
dos os recursos naturais nas distintas porções do território em questão.

Outro tipo de estratégia desse grupo são as iniciativas dirigidas à conservação de serviços ambien-
tais, como a polinização, a fertilidade dos solos, a qualidade da água e o controle de doenças e pra-
gas. A questão da polinização é um bom exemplo: há várias iniciativas globais e nacionais visando
garantir os serviços de polinização.

A repartição dos benefícios oriundos do uso da biodiversidade, o terceiro grupo, é o mais complexo.
Trata-se da idéia de no caso do uso da biodiversidade de uma região gerar algum benefício, esse
deve ser repartido com o país ou com a área de onde veio esse componente da biodiversidade. É o
caso clássico, por exemplo, de remédios desenvolvidos a partir de princípios ativos presentes em
plantas, animais ou micro-organismos. Segundo a Convenção, os benefícios advindos desse uso,
como lucros com a venda do medicamento, deveriam ser compartilhados de forma justa e equitativa
com os detentores do recurso.

Apesar da idéia ser interessante, há poucos mecanismos que permitam efetivamente o rastreamento
do acesso e do uso dos recursos da biodiversidade, sobretudo com os avanços da biotecnologia e da
genética. O resultado é que até hoje não se conseguiu implementar esse tipo de estratégia. Associa-
da a esse tema, há ainda a questão, do conhecimento tradicional associado à biodiversidade.

Se por um lado, a Convenção legitimou as comunidades locais e os povos indígenas como funda-
mentais para a proteção e conhecimento da biodiversidade, por outro criou uma expectativa – não
cumprida – de envolvimento dessas populações em estratégias de repartição dos benefícios deriva-
dos do uso da biodiversidade.

Conservar O Habitat Não É Suficiente Para Ajudar Espécies A Lidar Com A Mudança Climática

Nova pesquisa descobre que estratégias de conservação baseadas em habitat não compensam ade-
quadamente pela perda de distribuição que espécies de três grupos podem enfrentar devido às mu-
danças climáticas.

Uma equipe de cientistas na Áustria observou os efeitos da mudança climática em 51 espécies de


gafanhotos, borboletas e plantas vasculares presentes na Europa Central.

A conservação baseada em habitat pode fornecer um suporte para sobrevivência, mas o modelo es-
tudado prediz que isso não será suficiente para prevenir a extinção regional de algumas espécies.

As alterações provocadas pela mudança climática sobre as condições que sustentam a vida na Terra
forçam algumas plantas e animais a diferentes distribuições. Para abordar essa questão, algumas
estratégias de conservação visam ajudar espécies, protegendo-as e restaurando os locais para onde
elas possivelmente se deslocarão. No entanto, um novo estudo, publicado hoje no jornal Nature Cli-
mate Change, sugere que essas táticas podem ser fracas e, no final, não impediram a extinção de
algumas espécies.

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“Medidas de conservação baseadas em habitat ajudam a manter as populações em tamanhos viá-


veis por um período maior, porém não são capazes de eliminar os efeitos da mudança climática”,
disse o ecologista Johannes Wessely da Universidade de Viena, por email. “As medidas de conserva-
ção aplicadas não fornecem uma quantidade adequada de habitats de alta qualidade.”

Wessely e colegas começaram a observar, sob a perspectiva de um clima em mudança nos próximos
três quartos de século, três grupos de animais e plantas que vivem na Europa Central: borboletas,
gafanhotos e plantas vasculares, que incluem coníferas e plantas com flores.

“A principal resposta das espécies [à mudança climática] é a migração, a fim de adaptar suas distri-
buições”, disse Wessely.

Utilizando registros de observações de campo de 51 espécies desses três grupos, os pesquisadores


desenvolveram um modelo para simular como a distribuição dessas espécies pode mudar e como as
estratégias que focam a criação de habitats poderiam ajudar.

“[Conservação baseada em habitat] poderia melhorar a migração e o fluxo genético e, portanto, au-
mentar o potencial de respostas adaptativas das populações”, ele disse..

A equipe encontrou uma “resposta surpreendentemente uniforme” a essas abordagens de conserva-


ção, ele disse “elas ajudaram (a aumentar a extensão de distribuição), mas não ajudaram muito”.

Esse achado levou Wessely e seus colegas à conclusão de que não apenas ajudar as espécies a
lidar com os efeitos da mudança climática é “urgentemente necessário”, como também os esforços
para parar as mudanças climáticas.

No estudo, os gafanhotos apresentaram resultados melhores do que as borboletas e plantas vascula-


res. Isso talvez porque os gafanhotos conseguem viajar longas distâncias rapidamente, explicou
Wessely, ou talvez porque as larvas não são tão exigentes quanto ao que elas comem.

Os pesquisadores também perceberam que, no modelo, algumas estratégias foram mais eficientes do
que outras. O manejo de áreas protegidas, como parques e reservas, e a criação de corredores para
conectar habitats proveem lares mais adequados do que a restauração parcial de habitats fragmenta-
dos, a qual eles denominam “melhoria de matriz de paisagem”.

“No entanto, nenhuma das estratégias de conservação avaliadas foi capaz de compensar completa-
mente pelo impacto negativo das mudanças climáticas sobre plantas vasculares, borboletas ou gafa-
nhotos na Europa Central”, escreveram os autores.

Espécies alpinas, aquelas que vivem em áreas de montanhas, podem enfrentar um caminho particu-
larmente difícil para sobreviver diante das mudanças climáticas, de acordo com a pesquisa. Os auto-
res afirmam que em parte isso ocorre porque poucas dessas espécies podem sobreviver em ambien-
tes de mata densa, então, para criar ambientes viáveis para elas, nós teríamos que adotar medidas
contraintuitivas – e emissoras de carbono – de desmatar florestas que em grande parte são naturais.

Criticamente, a conservação do habitat não impediu que algumas espécies de terras baixas e espé-
cies alpinas desaparecessem completamente da região.

“Para as espécies que foram extintas, nós observamos um ligeiro atraso (devido a um aumento em
sua distribuição, em comparação com o cenário convencional), mas sem reversão da tendência de
morte”, disse Wessely. “Uma implicação é que é muito importante identificar espécies ameaçadas
para desenvolver estratégias de conservação específicas para elas”.

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