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2834 I SÉRIE — NO 83 «B. O.

» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015

Portaria n.º 72/2015 parte dos responsáveis pela gestão das Áreas Protegidas,
criando deste modo condições favoráveis à consolidação
de 22 de dezembro do sistema de Áreas Protegidas de Cabo Verde.
Cabo Verde, enquanto país pequeno, insular e arquipelágico, Foram ouvidas todas as organizações públicas e privadas
agravado pelas suas vulnerabilidades económica e ambiental, e da sociedade civil sediadas na ilha de Santo Antão e
exige estratégias adequadas de gestão dos seus recursos relacionadas com atividades no âmbito da Área Protegida
naturais. É nesta linha de preocupações que Cabo Verde de Cova, Paul e Ribeira da Torre.
ratificou a Convenção sobre a Diversidade Biológica em
1995 e em 1999 elaborou a Estratégia Nacional e Plano Nestes termos,
de Acção sobre a Biodiversidade.
Ao abrigo do disposto no artigo 16º do Decreto-Lei n.º 3/2003,
Em 2003, foi publicado o Decreto-Lei nº 3/2003, de 24 de 24 de Fevereiro, na alínea a) do n.º 2 da Base XII, na
de Fevereiro, sobre o regime jurídico de espaços naturais, alínea b) do n.º 1 e na c) do nº 7, da Base XVI do Decreto
que cria 47 áreas protegidas, com 6 categorias: Parque Legislativo n.º 1/2006, de 13 de Fevereiro, na nova redação
Nacional, Parque Natural, Reservas Naturais, Paisagem que lhe foi dada pelo Decreto-Legislativo n.º 6/2010, de
Protegida, Monumento Natural e Sítios de Interesse 21 de Junho e no Artigo 72º do Decreto-Lei nº 43/2010,
Científico. A criação de uma Rede Nacional de Áreas de 27 de Setembro;
Protegidas, através do Decreto-Lei nº 3/2003, de 24 de
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 205º da
Fevereiro, constituiu o instrumento político fundamental
Constituição, manda o Governo da República de Cabo Verde,
no que respeita à preservação de paisagens naturais,
pelos Ministros do Ambiente, Habitação e Ordenamento do
conservação e manutenção de recursos e processos naturais,
Território, do Turismo, Investimentos e Desenvolvimento
conservação de espécies e habitats, sendo fonte geradora
Empresarial, e do Desenvolvimento Rural, o seguinte:
de desenvolvimento equilibrado, que reduza pobreza e
melhore a qualidade de vida das populações residentes, Artigo 1.º
utilizadoras ou adjacentes às Áreas Protegidas.
Aprovação
Com a protecção legal desses espaços naturais, garantida
pelo Decreto-Lei nº 3/2003, impõe-se a necessidade de serem São aprovados os Planos de Gestão e de Ecoturismo do
elaborados os respectivos instrumentos de gestão, que são Parque Natural de Cova, Ribeira de Paul e Ribeira da
fundamentais para uma gestão dos recursos naturais e Torre, na ilha de S. Santo Antão, adiante designado Parque
culturais de acordo com os princípios de desenvolvimento Natural, cujos Regulamentos e cartas de zonamento se
sustentável. publicam em anexo à presente Portaria e dela fazendo
parte integrante.
O Decreto-Lei nº 3/2003, determina os diferentes
Artigo 2.º
regimes e figuras de proteção, criando os princípios e os
instrumentos de gestão territorial, que deverão conter Natureza jurídica e âmbito
as medidas necessárias à garantia de conservação da
biodiversidade, da geodiversidade e a necessidade de 1. Os Planos de Gestão e de Ecoturismo do Parque Natural
compatibilizar os diferentes interesses em presença com a são instrumentos especiais de ordenamento do território de
proteção de valores culturais e estéticos e a satisfação das natureza regulamentar que estabelecem o quadro espacial de
necessidades e anseios das populações locais e visitantes. um conjunto coerente de atuações com impacte na disciplina
da organização e gestão da respetiva área.
Os Planos de Gestão e de Ecoturismo constituem dois
destes instrumentos de gestão territorial. No caso do Plano 2. Os Planos de Gestão e de Ecoturismo do Parque
de Ecoturismo, o mesmo foi concebido para o desenvolvimento Natural e os respetivos regulamentos aplicam-se na área
da prática do ecoturismo para as Áreas Protegidas, sendo identificada na respetiva carta de zonamento abrangendo
autónomo mas igualmente um complemento ao Plano os Concelhos do Paul, Porto Novo e Ribeira Grande.
de Gestão.
Artigo 3º
As Bases do Ordenamento do Território e Planeamento
Vinculação
Urbanístico, aprovados pelo Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13
de Fevereiro, com as alterações que lhe foram introduzidas Os Planos de Gestão e de Ecoturismo do Parque Natural
pelo Decreto-Legislativo n.º 6/2010, qualificam por sua vez vinculam direta e imediatamente as entidades públicas privadas.
os planos de ordenamento de áreas protegidas ou outros
espaços naturais de valor cultural, histórico ou científico, Artigo 4.º
como planos especiais de ordenamento do território de Entrada em vigor
valor hierárquico superior aos planos municipais de
planeamento territorial. A presente Portaria entra em vigor no dia seguinte ao
da sua publicação.
Tendo em conta que a actividade ecoturística é susceptível
de causar alterações ao ambiente natural, constituindo, Gabinete dos Ministros do Ambiente, Habitação e
muitas vezes, constrangimentos à gestão sustentável dos Ordenamento do Território, do Desenvolvimento Rural e
recursos naturais, torna-se necessário a elaboração de do Turismo, Investimentos e Desenvolvimento Empresarial,
instrumentos que regulem as diversas atividades que na Praia, aos 30 de Outubro de 2015. – Os Ministros,
compõem o ecoturismo e que, ao mesmo tempo, possibilitem Emanuel Antero Garcia da Veiga - Eva Verona Teixeira
a monitorização e controlo dos impactos da visitação, por Ortet - Leonesa Maria do Nascimento Lima Fortes.
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Parque Natural de Cova, Ribeira Paul/Torre e) A formação, capacitação e estimulação de


produtos turísticos específicos com interligação
aos agentes turísticos; e
f) A definição de parcerias de gestão.
2. Para a materialização desses objetivos, o PECPT
deve incidir principalmente nas seguintes vertentes:
a) Na proteção, conservação dos recursos naturais, da
paisagem, da geodiversidade, da biodiversidade,
da agrodiversidade e cultura local, sem os quais
não haverá ecoturismo ou turismo de natureza;
b) Na criação de condições infraestruturais e técnicas
que satisfaçam as exigências de uma visitação
que se quer de qualidade;
c) Na eliminação de constrangimentos e dificuldades
aos agentes privados para que estes tenham um
Figura 13 – Carta de Zonas Básicas ambiente favorável que lhes permita idealizar,
criar, comercializar e gerir produtos ecoturísticos
de valor acrescentado; e
d) Na prestação de serviços de interesse público
para os quais haja vocação e conhecimento,
designadamente programas de educação
ambiental, aumento do conhecimento científico
e programas de apoio às comunidades locais.
Artigo 2º

Conteúdo documental

O PECPT é constituído pelo(a):


a) Presente regulamento;
b) Carta à escala de 1:10.000

Figura 14 – Carta de Zonas Específicas c) Documento introdutório e informativo e seus


anexos;
PLANO DE ECOTURISMO REGULAMENTO
PARQUE NATURAL DE COVA/PAUL/RIBEIRA d) Documento Programa de Execução ou de Acção;
DA TORRE
Artigo 3º
Ilha de Santo Antão (Cabo Verde),
Regime jurídico
CAPÍTULO I
1. O PECPT rege-se pelas disposições nele contidas e o
DISPOSIÇÕE S GERAIS disposto no presente regulamento e no correspondente Plano
de Gestão e a ainda, designadamente, pelos seguintes diplomas:
Artigo 1º
a) Regime Jurídico das Áreas Protegidas, aprovado
Objetivos e vertentes de atuação pelo Decreto-Lei n.º 3/2003, de 24 de Fevereiro;
1. O Plano de Ecoturismo do Parque Natural de Cova, b) Bases do Ordenamento do Território e Planeamento
Paul e Ribeira da Torre, abreviadamente designado por Urbanístico e respetivo regulamento,
PECPT, tem por principais objetivos: aprovados pelo Decreto-Legisaltivo n.º 1/2006,
com as alterações que lhe foram introduzidas
a) Proporcionar informação, interpretação e pelo Decreto-Legislativo n.º 6/2010, de 21
sensibilização sobre as características de Junho e pelo Decreto-Lei n.º 43/2010, de
específicas do Parque Natural, adiante 27 de Setembro, respetivamente;
designado Parque, para a prática do ecoturismo;
c) Regime jurídico de acesso e exercício da atividade
b) Promover uma gestão associada à proteção, dos prestadores de serviço de turismo, aprovado
conservação e valorização do Parque Natural; pelo Decreto-Lei n.º 6/2011, de 24 de Janeiro;
c) A definição de infraestruturas de apoio e melhoria d) Decreto-lei nº 42/2014, que estabelece o regime
à informação, promoção e manutenção do jurídico dos empreendimentos do turismo
Parque Natural; de natureza.
d) A organização de programas que estimulem a 2. O PECPT rege-se ainda supletivamente pelas normas
melhoria da qualidade de vida das populações, do Código Mundial de Ética e Turismo e outras disposições
respeitando a sua história, cultura e tradições; aplicáveis.
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CAPÍTULO II d) Respeitar as condicionantes estabelecidas quanto


aos locais, ao número de praticantes e à
MODALIDADES DAS ATIVIDADES época do ano, quando aplicável;
DE ANIMAÇÃO DE ECOTURISMO
e) Acondicionar e dotar de forma adequada os locais
Artigo 4º com equipamentos de qualidade e segurança
necessários à prática de cada modalidade;
Abrangência
f) Dotar os locais com sinalização e informação
As modalidades das atividade de animação ecoturística sobre as condições de utilização dos mesmos
podem revestir as formas seguintes: e recomendações para a prática de cada
a) Animação; modalidade, que serão alvo de prévio parecer
da administração do Parque;
b) Interpretação ambiental; g) Garantir a manutenção dos equipamentos,
c) Desportos da natureza; e sinalização, acessos, estacionamento e locais
de pernoita, bem como a qualidade ambiental
d) Investigação científica. de cada local e respetiva área envolvente;
Artigo 5º h) Respeitar as regras e orientações estabelecidas
nos códigos de conduta e programa de
Atividade de animação percursos pedestres do Parque.
Constituí atividade de animação o conjunto de Artigo 9º
atividades que se traduzam na ocupação dos tempos Investigação científica
livres dos turistas e visitantes, permitindo a diversificação
da oferta turística através da integração dessas atividades 1. Constituem atividades de investigação cientifica
e outros recursos, contribuindo para a divulgação da todas as atividades cuja motivação seja o interesse
gastronomia, do artesanato, dos produtos e tradições da pela ciência ou pela necessidade de realizar estudos
ilha de Santo Antão e da região onde o Parque Natural se e investigações científicas.
insere, desenvolvendo-se com o apoio das infraestruturas 2. O turismo científico é realizado de uma forma
e dos serviços existentes individual ou em pequenos grupos para evitar a
Artigo 6º. perturbação do objeto de estudo no seu meio natural.
3. Esta modalidade de turismo tem como finalidade
Interpretação ambiental
oferecer visitas orientadas a um melhor entendimento
Constitui actividade de interpretação ambiental do espaço protegido a partir do ponto de vista científico.
toda a atividade que permite ao turista ou visitante o CAPÍTULO III
conhecimento global do património que caracteriza a
área do Parque Natural destinada ao desenvolvimento EDIFICABILIADE DE INSTALAÇÕES
do ecoturismo, através da observação no local, das DE ECOTURISMO E ANIMAÇÃO CULTURAL
formações geológicas, da flora, fauna e respetivos habitats, Artigo 10º
bem como de aspetos ligados aos usos e costumes da
comunidade local com recurso às instalações, sistemas Serviços e atividades permitidas
e equipamentos do ecoturismo aí existentes. A administração do Parque promoverá o Ecoturismo
Artigo 7º ou turismo de natureza enquanto a tipologia turística
mais adequada, compreendendo os seguintes serviços
Desportos de natureza e atividades:
Constituem atividades de desporto de natureza a) Os serviços de hospedagem prestados em casas
todas as que sejam praticadas em contacto direto com de natureza e em casas e empreendimentos
a natureza e que, pelas suas características, possam de turismo no espaço rural;
ser praticadas de forma não nociva para a conservação b) As atividades de animação ambiental nas modalidades
da natureza inerente ao Parque Natural. de animação, interpretação ambiental e desporto
de natureza;
Artigo 8º
c) Observação de espécies;
Requisitos das atividades de desporto da natureza
d) Caminhada em trilhos pedestres;
As atividades, serviços e instalações de desporto de
natureza devem preencher os seguintes requisitos específicos: e) Turismo de aventura;
f) Investigação científica;
a) Respeitar o enquadramento jurídico próprio
da atividade ou sector; g) Excursionismo.
b) Respeitar os locais indicados para a prática de Artigo 11º
cada modalidade desportiva, de acordo com Licenciamento
o Plano de Gestão do Parque e os produtos
ecoturísticos definidos no Plano de Ecoturismo; 1. As atividades, serviços e instalações de ecoturismo
ou turismo de natureza na área são licenciadas de
c) Respeitar os acessos e trilhos definidos, bem como acordo com a legislação específica e com o disposto nas
os locais de estacionamento e de acampamento; classes de espaços do zonamento do Plano de Gestão.
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2. As iniciativas ou projetos que integrem as atividades, os Artigo 16º


serviços e as instalações de animação ambiental carecem
Zona de uso especial
de licença emitida pela administração do Parque, sem
prejuízo de outras autorizações ou licenças exigíveis por lei. 1. Nos espaços urbanos correspondentes às áreas urbanas
Artigo 12º e urbanizáveis delimitadas pelo Plano de Gestão da AP,
PDM e outros Instrumentos de Gestão do território com
Pareceres eventual desenvolvimento turístico podem-se implantar
As entidades que, nos termos da lei, emitem pareceres estruturas de aproveitamento turístico, nomeadamente,
sobre o licenciamento de empreendimentos referidos alojamento turístico, restauração, serviços de informação
no número anterior podem exigir a apresentação turística e outros equipamentos e serviços de apoio à
de esclarecimentos ou elementos complementares, recepção e estadia turísticas;
que permitam avaliar a solução proposta e os seus 2. O planeamento e licenciamento de atividades
impactes paisagísticos e ambientais. turísticas, nas áreas urbanas, deve privilegiar a correta
Artigo 13º inserção na estrutura urbana, acautelando, nomeadamente,
as características morfológicas e funcionais, bem como
Boas práticas de gestão ambiental os seguintes princípios de valorização patrimonial:
O turismo na área do Parque deve observar critérios a) Requalificação e modernização de estabelecimentos
de boas práticas de gestão ambiental, quer na vertente existentes, com possibilidade de aumento de
da animação turística quer na vertente do alojamento, capacidade;
devendo, neste último caso, os empreendimentos disporem
de medidas de poupança de água, de energia e de b) Recuperação de edifícios com interesse patrimonial,
redução e separação dos resíduos. a integrar em pequenas unidades de alojamento
Artigo 14º
turístico;

Zona de uso moderado c) No caso de projetos de maior dimensão e


considerados de superior interesse turístico
Nas zonas de uso moderado é permitida a instalação nacional, os mesmos deverão ser definidos por
de pequenas unidades de alojamento, nos termos dos despacho conjunto dos membros do Governo
regimes de proteção próprios deste espaço, tal como competentes em matéria de turismo, ambiente
definido no Plano de Gestão do Parque devendo a e ordenamento do território, sendo que serão
prioridade ser dada à recuperação e valorização de definidos os parâmetros de análise que o
edifícios preexistentes. promotor deverá respeitar.
Artigo 15º
3. Para a instalação de Parques de campismo rural
Zona de uso tradicional fora das localidades existentes e em zona que permita
a sua implantação aplicam-se os seguintes critérios:
Nas zona de uso tradicional é permitida a
instalação de empreendimentos de turismo no espaço a) O Plano de Gestão do Parque e os instrumentos
rural e empreendimentos de turismo de natureza de gestão territorial aplicáveis permitirem a
ou ecoturismo devendo no entanto a construção ou existência de parques de campismo;
aproveitamento de imóveis existentes para a instalação
de empreendimentos turísticos ficar condicionada ao b) Os terrenos destinados ao Parque, integrados
preenchimento cumulativo dos seguintes requisitos: ou não em explorações agrícolas, não podem
ter uma área superior a 5000 m2, devendo
a) Ausência de restrições decorrentes de EROT, PEOT, os parques da campismo que aí venham a
Plano de Gestão da AP ou PMOT; ser instalados cumprir os requisitos previstos
b) Os parâmetros urbanísticos devem traduzir uma nas alíneas seguintes;
baixa densidade da ocupação do solo, respeitando
c) A capacidade máxima dos parques de campismo
as características morfológicas e paisagísticas
rural não pode exceder as 30 instalações, tendas,
da área do Parque, nomeadamente adaptando
caravanas ou outros veículos habitáveis, nem
as cérceas às características morfológicas dos
o número de 90 campistas;
terrenos de modo a não criar agressões na paisagem;
c) Os empreendimentos devem integrar preexistências d) Sendo a área do parque inferior a 5000 m2, o
que traduzam a ocupação e o uso anteriores, número de instalações, tendas, caravanas
nomeadamente estruturas de exploração ou outros veículos habitáveis deve ser
agrícola ou outros elementos, salvo quando proporcionalmente reduzido, de tal forma
se demonstre a sua impossibilidade técnica ou que a cada instalação corresponda uma área
a sua excessiva onerosidade, aproximada de 150 m2 e a cada campista
a de 50 m2.
d) No caso de projetos de maior dimensão e considerados
de superior interesse turístico nacional, os mesmos 4. Os parques de campismo rural devem assegurar
deverão ser definidos por despacho conjunto o seguinte:
dos membros do Governo competentes em
a) Fornecimento de energia elétrica;
matéria de turismo, ambiente e ordenamento do
território, devendo ser definidos os parâmetros b) Fornecimento de água potável;
de análise e acompanhamento da avaliação de
incidências ambientais que o promotor deverá c) Instalação de receptáculos para lixos em locais
efetuar e respeitar. apropriados e a respectiva remoção;
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d) Escoamento eficaz de águas residuais e de esgotos; das atividades de turismo de natureza que
desenvolvam, cabendo-lhes garantir, através
e) Sistema de segurança contra riscos de incêndio; da informação fornecida no início da atividade
f) Ligações telefónicas, postais e de socorros médicos a e do acompanhamento do grupo, que as boas
pelo menos 5 km de distância da sua localização; práticas ambientais são cumpridas;

g) Equipamento de primeiros socorros; b) Dentro da área do Parque, devem cumprir


as condicionantes expressas nos respetivos
5. Os parques de campismo rural devem ainda ter planos de gestão e ecoturismo no presente
uma receção instalada junto à sua entrada principal regulamentos e demais disposições aplicáveis,
nomeadamente no que respeita às atividades
6. Os utilizadores dos parques de campismo rural ficam
permitidas, cargas, locais e épocas do ano
sujeitos aos deveres dos campistas e caravanistas, às
aconselhadas para a sua realização;
boas práticas ambientais e ao respeito pelas populações
locais ou adjacentes. c) Devem respeitar a propriedade privada,
CAPÍTULO IV pedindo autorização sempre que possível,
aos proprietários para o atravessamento e ou
SEGURANÇA E PROTEÇÃO utilização das suas propriedades e certificando-
se de que todas as suas recomendações são
Artigo 17º cumpridas;
Deveres da adminstração do Parque
d) Na conceção das suas atividades devem certificar-
1. A administração do Parque deve manter ou assegurar se de que a sua realização no terreno respeita
segurança para proteger os visitantes de assaltos e outros integralmente os habitantes locais, os seus
crimes que podem ocorrer na sua área de jurisdição, devendo modos de vida, tradições, bens e recursos;
para o efeito promover e articular com as autoridades policiais
e outras competentes uma segurança de proximidade e) Devem assegurar que os guias ou técnicos
responsáveis pelo acompanhamento de grupos
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior quanto têm a adequada formação e perfil para o
à prevenção a asdminstração do Paque deve adoptar desempenho desta função, quer ao nível da
um sistema para responder as situações de emergência informação sobre os recursos naturais e os
que podem ocorrer quando turistas a visitam, ou para princípios da sua conservação, quer ao nível
as populações que utilizam o seu espaço. da gestão e animação de grupos;
CAPÍTULO V f) São co-responsáveis pela salvaguarda e proteção
dos recursos naturais devendo, quando
POPULAÇÃO, ORGANIZAÇÕES PUBLICAS operam na área do Parque, informar a DGA
E PRIVADAS E PROCESSO PARTICIPATIVO ou a administração sobre todas as situações
Artigo 18º anómalas detetadas nestes espaços;

Direito/dever dos cidadãos g) São agentes diretos da sustentabilidade do Parque


devendo, sempre que possível, utilizar e promover
Os cidadãos têm o direito e o dever de participar na os serviços, cultura e produtos locais;
definição, elaboração e fiscalização do cumprimento do
presente Plano por parte das autoridades competentes h) Devem atuar com cortesia para com outros
acionando todos os mecanismos previstos na lei para visitantes e grupos que se encontrem nos
a efetivação desse poder dever. mesmos locais, permitindo que todos possam
desfrutar do património natural.
Artigo 19º
Artigo 21º
Voluntariado
Boas práticas
A administração do Parque deve acionar diferentes
iniciativas de voluntariado no âmbito do ecoturismo Dentro da área do Parque devem ser adotadas as
sustentável, abrangendo nomeadamente as certificações, seguinte boas práticas:
rótulos ecológicos, prémios de qualidade ambiental
e compromissos ambientais, e ainda as boas práticas a) Devem ser evitados ruídos e perturbação da
e código de condutas previstas nos artigos seguintes. vida selvagem, especialmente em locais de
abrigo, reprodução ou nidificação;
Artigo 20º
b) A observação da fauna deve fazer-se à distância e, de
Código de Conduta para as entidades colectivas
preferência, com binóculos ou outro equipamento
e seus agentes
ótico apropriado e se em caso extremo esta
As empresas de ecoturismo, as associações, as fundações, observação tiver que ser feita junto das espécies,
as mutualidades, as instituições particulares de solidariedade devem ser adotadas medidas para que a
social, os institutos públicos, os clubes e as associações mesma não interfira com a atividade da
desportivas, as ONGs, as associações juvenis e entidades espécie, sendo feita sempre acompanhado de
análogas, bem como os seus agentes, ficam sujeitos ao técnicos do Parque ou de guias devidamente
seguinte Código de Conduta dentro da área do Parque: credenciados para o efeito;
a) São responsáveis pelo comportamento dos seus c) Não devem ser deixados alimentos no campo, nem
associados, cidadãos ou visitantes no decurso fornecidos alimentos aos animais selvagens;
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d) Não se devem recolher animais, plantas, ou CAPITULO VI


amostras geológicas;
TAXAS
e) Quando forem encontrados animais selvagens
Artigo 24º
feridos estes devem ser recolhidos e/ou ser
informado a administração do Parque que Dever de pagamento
fará o encaminhamento adequado;
1. A administração do Parque cobra taxas pela entrada
f) Os acidentes ou transgressões ambientais detetados ou pelos serviços prestados aos utilizadores do mesmo.
devem ser prontamente comunicados ao serviço
de polícia e ou à adminsitração do Parque ; 2. As taxas são fixadas por despacho conjunto do membro
do Governo responsáveis pelo Ambiente e pelas Finanças,
g) O lixo e resíduos produzidos devem ser recolhidos com base em fundamentação económico-financeira
e depositados nos locais apropriados; relativa ao seu valor, designadamente os custos diretos
h) Seja qual for a natureza da atividade, todas as e indiretos , os encargos financeiros, amortizações e
deslocações que lhe são inerentes devem utilizar futuros investimentos realizados ou a realizar.
caminhos existentes; 3. As receitas geradas pela administração do Parque
i) A sinalização deve ser respeitada. são transferidas para o Fundo do Ambiente.
Artigo 22º CAPÍTULO VII
Código de Conduta para visitantes FISCALIZAÇÃO E REGIME SANCIONATÓRIO
Os visitantes da AP ficam sujeitos aos seguintes deveres: Artigo 25º
a) Não sair do percurso marcado e sinalizado e Fiscalização
seguir as indicações dadas pelo guia;
A fiscalização do cumprimento do Plano de Gestão e de
b) Evitar ruído, barulhos e atitudes que perturbem Ecoturismo do Parque compete à Autoridade Autónoma das
a paz do local; Áreas Protegidas e directa e imediatamente administração
c) Não abandonar o lixo, devendo levá-lo consigo de do Parque, sem prejuízo do exercício de fiscalização
volta ou até um local onde haja serviço de recolha; e polícia que nos termos da lei em razão da matéria
competirem a outras entidades públicas.
d) Deixar a natureza intacta, não recolher plantas,
animais ou rochas; Artigo 26º

e) Tirar apenas fotografias no local; Regime sancionatório

f) Respeitar a privacidade e dignidade dos outros, 1. Constituí contra-ordenação a prática dos atos e
devendo informar-se antes de fotografar pessoas; atividades interditos previstos no presente Regulamento,
g) Respeitar os habitantes locais, os seus modos bem como dos que sendo condicionados, não tenham
de vida e tradições locais; sido objeto de prévia autorização ou parecer.

h) Ser afável com os habitantes locais, esclarecendo 2. Compete a administração do Parque processar
quanto à atividade em curso; as contra-ordenações, aplicar as coimas e as sanções
acessórias, sem prejuízo das competências da autoridade
i) Respeitar a propriedade privada; ambiental nacional e de outras previstas na legislação
j) Ter cuidado com o gado, não incomodando os animais; ambiental, designadamente no regime jurídico das Áreas
Protegidas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 3/2003, de 24 de
k) Não fazer lume; Fevereiro, ou outra legislação que lhe venha complementar
l) Acampar apenas nos locais autorizados, ou suceder.
informando-se primeiro; 3. O montante das coimas é o previsto no artigo 30º
m) Desfrutar dos serviços e produtos locais, promover os do Regime Jurídico das Áreas Protegidas, aprovado
produtos tradicionais adquirindo-os se possível; pelo Decreto-Lei n.º 3/2003, de 24 de Fevereiro.
n) Evitar andar sozinho; CAPÍTULO VIII
o) Parar os motores dos veículos quando estacionados; DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
p) Informar -se previamente sobre os vários aspetos Artigo 27º
e singularidades do Parque e incentivar os
Articulação com outros instrumentos de gestão territorial
esforços de conservação da natureza locais.
Artigo 23º 1. Em caso de conflito com o regime previsto nos
planos municipais de ordenamento do território em
Declaração prévia de adesão ao Código de Conduta e à boas vigor, prevalece o regime constante do Plano de Gestão
práticas a que este Plano de Ecoturismo é anexo, sendo o Plano
Os guias, entidades, empresas, ONGs, e outras de Gestão equiparado a Plano Especial de Ordenamento
organizações referidas no artigo 22º devem enviar do Território, por força do disposto na alínea a) do n.º
previamente às atividades, uma declaração de adesão 2 da Base XII do Decreto-Legislativo n.º 1/2006, de 13
ao Código de Conduta, a qual deve ser recebida pela de Fevereiro, na nova que lhe foi dada pelo Decreto-
adminstração do Parque em data anterior à prática Legislativo n º 6/2010, de 21 de Junho.
das atividades, desde que os plano de gestão e de 2. Quando não se verifique conflito entre os regimes
ecoturismo do Parque não obriguem a parecer prévio. referidos no número anterior, a sua aplicação é cumulativa.
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Artigo 28º d) Promover as atividades educativas, recreativas
e científicas;
Autorizações e pareceres
e) Ordenar os usos e atividades do Parque,
1. As autorizações, aprovações ou pareceres previstos compatibilizando o uso público e privado com
no presente Regulamento e dos Planos de Gestão a conservação das espécies, nomeadamente
e de Ecoturismo não substituem as demais licenças, endémicas, ecossistemas e recursos naturais,
autorizações ou aprovações exigíveis nos termos da lei. em especial a água.
2. As autorizações e pareceres emitidos pela administração Artigo 3º
do Parque no âmbito do presente Regulamento e dos
Planos de Gestão e Ecoturismo são vinculativos. Fundamentos de protecção e conservação

3. Na falta de disposição especial aplicável, o prazo para O presente Plano de Gestão tem os seguintes fundamentos
emissão de autorizações e pareceres pela administração de protecção e conservação:
do Parque é de 30 dias.
a) A presença de espécies de animais e vegetais
4. A não emissão de parecer no prazo mencionado no ameaçadas de extinção;
número anterior implica a não aprovação do projecto
ou atividade com ele relacionados. b) A existência de zonas de grande importância
para o desenvolvimento de algumas fases de
5. As autorizações e pareceres emitidos pela administração ciclo biológico de espécies animais;
do Parque no âmbito dos respectivos Planos caducam
decorridos dois anos após a data da sua emissão, salvo se c) Presença de espécies endémicas;
nesse prazo as entidades competentes tiverem procedido d) O papel de espécies florestais na conservação
ao licenciamento do projecto ou atividade respetivos. de solos e água;
PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO e) A existência de estruturas geomorfológicas em
REGULAMENTO PARQUE NATURAL DE COVA/ bom estado de conservação;
PAUL/RIBEIRA DA TORRE
Ilha de Santo Antão (Cabo Verde) f) A presença de paisagens naturais de grande
beleza, dominados por uma orografia, muitas
CAPÍTULO I vezes, abruptas, e encostas pronunciadas e
vales profundos;
DISPOSIÇÕES GERAIS
g) Paisagens rurais tradicionais de grande valor
SECÇÃO I
estético, cultural e etnográfico;
OBJECTIVOS, NATUREZA JURÍDICA E ÂMBITO
h) Existência de zonas degradadas susceptíveis de
DO PLANO DE GESTÃO
serem restauradas e transformadas em lugares
Artigo 1º de alta qualidade natural ou semi-natural;

Objecto do Plano de Gestão i) Existência de práticas artesanais tradicionais, e


que se encontram em declínio, e actividades
O Plano de Ordenamento e Gestão do Parque Natural festivas, nomeadamente danças e diversos
de Cova, Ribeira de Paul e Ribeira da Torre,a adiante géneros folclóricos musicais de grande valor
designado Parque Natural, tem como objecto, a partir etnográfico.
de um diagnostico detalhado da situação actual do
espaço natural, proceder ao zonamento e ordenamento Artigo 4º
do territorio, classificar os diferentes tipos de usos de Objectivos do Plano de gestão
solos em função das suas pontencialidades e limitações
e regular a sua compatibilidade ou incompatibilidade 1. O Plano de gestão do Parque Natural tem por
nas diferentes zonas, estabelecer as normas e as objectivo geral dar respostas aos constrangimentos
directrizes de gestão do Parque, os critérios para identificados a nível do Parque, com vista a uma
as políticas sectoriais e as linhas de actuação para gestão sustentável dos recursos naturais, com a
alcançar as finalidades de proteção e os objectivos de participação efectiva das comunidades locais.
criação do Parque Natural, ao abrigo do Decreto –
Lei nº 3/2003, de 24 de Fevereiro. 2. O Plano de gestão do Parque Natural tem os seguintes
objectivos específicos:
Artigo 2º
a) Promover a conservação, gestão e valorização
Objectivos Gerais do Parque Natural dos recursos naturais, possibilitando a
manutenção dos sistemas ecológicos essenciais
Os objectivos gerais do Parque Natural são: e os suportes de vida, garantindo a sua utilização
a) Conservar, proteger e/ou restaurar os elementos, sustentável, a preservação da biodiversidade,
processos e recursos naturais com toda a sua da geodiversidade e a recuperação dos recursos
diversidade geológica, biológica, singularidade depauperados ou sobre-explorados;
e beleza; b) Enquadrar as atividades humanas através de uma
b) Proteger o estado selvagem de espécies e ecossistemas; gestão racional dos recursos naturais, com
vista a promover o desenvolvimento sustentado,
c) Promover o desenvolvimento sócio-económico numa incluindo a melhoria da qualidade de vida
perspetiva de uso sustentável dos recursos naturais; das populações;
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2841

c) Ordenar e disciplinar as atividades agro- b) De acordo com o Decreto-Lei nº 3/2003 de 24 de


silvo-pastoris, urbanísticas e recreativas de Fevereiro, considera-se âmbito de influência
forma a evitar a degradação dos valores sócio-económica da área protegida o conjunto
naturais, semi-naturais e paisagísticos, estéticos de povoados que se encontrem no seu interior
e culturais da região, possibilitando o exercício ou na sua periferia imediata;
de atividades compatíveis, nomeadamente o
turismo de natureza ou ecoturismo; c) No âmbito acima referido, a administração ou
entidades doadoras podem subvencionar total
d) Aumentar o conhecimento científico, a divulgação ou parcialmente a realização de obras de infra-
e informação dos valores da Área Protegida, estruturas e equipamentos que contribuam
bem como a sua monitorização presente e para a melhoria das condições de vida das
futura; respectivas populações, ou para favorecer as
possibilidades de acolhimento e estadia de
e) Estabelecer uma estrutura de gestão que visitantes e outros serviços;
assegure o funcionamento da Área Protegida,
a implementação deste plano, através de d) De igual modo, a administração pode conceder
formas de financiamento sustentável. ajudas aos titulares de terrenos e de outros
direitos reais para a realização de programas de
Artigo 5º conservação, quando os mesmos se encontrem
situados numa área protegida;
Âmbito de aplicação
e) As localidades habitadas que se situam na zona de
1. Âmbito espacial do Parque Natural: amortecimento do Parque são: Chã de Cezila,
a) O âmbito espacial do Parque Natural consta Tabuleiro de Corda, Lombo de Figueira, Ribeirão
de uma delimitação cartográfica aprovado Fundo, Água dos Velhos, Topo de Caixa, Santa
pelo Decreto-Regulamentar nº 7/2013, de 9 de Isabel, Xoxô e Topo de Caixa.
Maio (Figura 1 do Documento Informativo). Artigo 6º
b) Parque ocupa uma área de 2.092 hectares e Enquadramento legal
está situado na zona de convergência dos três
Concelhos da ilha de Santo Antão, em que 1. O presente Plano é um instrumento que, ao abrigo
15,1% (316 hectares) pertence ao Concelho do Decreto-Lei nº 3/2003, de 24 de Fevereiro, que aprova
de Porto Novo, 42,6% (891 ha) pertence ao o regime jurídico dos espaços naturais, estabelece os
Concelho de Paul e 42,3% (885 ha) pertence objetivos e as normas de gestão do Parque Natural.
ao Concelho de Ribeira Grande. Em termos 2. As normas do Plano de Gestão são coerentes e
geográficos, situa-se entre Latitude: 17º 5’ complementadas nas suas determinações com a legislação
42’’ e 17º 8’ 18,7’’ N e Longitude: 25º 1’ 21,9’’ ambiental e sectorial vigente no país, nomeadamente:
e 25º 5’ 20’’ W
a) A Lei nº 102/III/90, de 29 de Dezembro, que
c) Dominada nas zonas mais altas, (acima dos tem por objecto a preservação, a defesa e
1.000m) por uma cratera vulcânica, de valor a valorização do Património Cultural Cabo-
estético e paisagístico reconhecido (Cova) verdiano e classifica no seu artigo 45º a
onde a prática da agricultura de sequeiro fauna e a flora ameaçadas de extinção como
é ancestral, por áreas florestadas de Pinus, património natural;
Eucalyptus e Grevillea onde também se pratica
agricultura, por picos salientes e áreas de b) O Decreto Legislativo nº 2/93, de 1 de Fevereiro
escarpas vigorosas, por um lado, e por outro que regulamenta as Zonas Turísticas Especiais
lado, por despenhadeiros que terminam em (ZTE) e define que “com vista á valorização e
vales profundos e encaixados, que lançam-se protecção dos recursos naturais que constituirão
posteriormente para o mar, estas beneficiam a base do desenvolvimento turístico do país, as
sobremaneira das condições micro-climáticas áreas identificadas como possuidoras de especial
proporcionadas por uma conjugação de fatores aptidão para o turismo serão declaradas como
como a altitude, a exposição das vertentes, Zonas Turísticas Especiais”;
precipitação oculta etc. que por sua vez
c) A Lei nº 86/IV/93, de 26 de Junho, que define
favorecem o desenvolvimento de várias plantas
as Bases da Politica Ambiental, tendo,
com destaque para a vegetação nativa e também
nomeadamente, estabelecido no seu artigo 15º
para o desenvolvimento do perímetro florestal.
“As espécies vegetais ameaçadas de extinção
d) A diferença de altitudes máxima e mínima ou exemplares botânicos isolados ou em grupo
no Parque são de aproximadamente 1585 que, pelo seu potencial genético, porte, idade,
metros (Pico da Cruz) e 400 metros (Xôxô) raridade ou outra razão o exijam, serão objecto de
respectivamente. protecção a regulamentar em legislação especial”;
2. Âmbito de influência socio-económica ou zona de d) O Decreto - Lei nº 48/V/98, de 6 de Abril, que
amortecimento: tem por objecto a protecção da árvore e da
floresta e a regulação da actividade florestal,
a) É a zona exterior aos limites do Parque Natural, definindo as atribuições e ações do Estado
sobre a qual o presente Plano de Gestão e de outras entidades públicas e privadas,
estabelece algumas directrizes e recomendações estabelecendo os instrumentos de gestão das
para o seu ordenamento e gestão (Figura 2 florestas, o regime florestal e as condições
do Documento Informativo); de submissão, infrações e as sanções;
2842 I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015

e) O Decreto-regulamentar n.º 7/2002, de 30 próprio das suas normas em relação ao contexto e


de Dezembro, que estabelece medidas de aos antecedentes legislativos nesta matéria, tenham
conservação e protecção, a tempo integral, das em conta o espírito e a finalidade de protecção.
espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção,
enquanto componentes da biodiversidade e parte 2. No caso de existirem contradições na regulação do
integrante do património natural de Cabo Plano entre os diferentes documentos ou disposições,
Verde. considera-se válida a determinação que implique níveis de
protecção mais altos dos valores ecológicos e paisagistas,
f) O Decreto-Legislativo n° 1/2006, de 13 de Fevereiro, e que represente um melhor cumprimento dos objectivos
que aprova as Bases do Ordenamento do estabelecidos pelo Plano. No que respeita à delimitação
Território e Planeamento Urbanístico; do Parque Natural, em caso de contradição entre
g) O Decreto-Lei nº 29/2006, de 6 de Março, que os planos de ordenamento e a descrição constante da
estabelece o regime jurídico da Avaliação norma do artigo 5º do presente Plano prevalecerá este
de Impactes Ambientais (AIA) dos projetos último. Nos mesmos termos, prevalece a delimitação
públicos ou privados; mais detalhada. São também prevalecentes, em caso
de contradição, as normas específicas de cada zona em
h) O Decreto-Lei n.º 44/2006 de 28 de Agosto, relação as normas de carácter mais geral.
que compatibiliza a actividade turística
consubstanciada nas ZDTIs a as Áreas Protegidas 3. Para interpretar correctamente o regime jurídico que
em caso de conflito; este Plano de Gestão estabelece para um determinado
uso, instalação, construção ou realização de qualquer
i) O PANA, Plano de Ação Nacional para o Ambiente actividade, deve ser consultado o regime aplicável à
II, que define as prioridades ambientais e sua zona específica definida por este Plano na qual se situe
inter- relação sectorial para o período 2004- ou na qual deverá situar-se, e deve-se ter em conta as
2014, o Programa Nacional para a Redução normas de protecção do ambiente ou elemento afectado
da Pobreza, o Programa Nacional contra a
Desertificação e o Plano Florestal Nacional, Artigo 9º
que consideram o estabelecimento de um
sistema nacional de áreas protegidas uma Obrigatoriedade
prioridade nacional;
Tanto as administrações públicas como as instituições
j) O Plano Estratégico para Desenvolvimento da privadas estão obrigadas ao cumprimento das disposições
Agricultura- horizonte 2015 e o Plano de do Plano de Gestão e nestes termos qualquer actuação
Ação 2005 – 2008 aprovado por Resolução ou intervenção no âmbito do Plano susceptivel de
16/2005, de 9 de Maio. alterar a sua realidade ou seu uso, quer seja de carácter
k) O Plano Estratégico para o Desenvolvimento do definitivo ou provisório, quer seja de iniciativa pública
Turismo em Cabo Verde 2010/2013. ou privada, deverá ajustar-se ás disposições
3. O Plano é coerente com os Planos Diretores Artigo 10º
Municipais e as indicações em termos de classe de
espaço e regulamentar em áreas comuns aos dois Vigência e Revisão
instrumentos de planeamento, assim como, a um nível
mais elevado, absorve as indicações de cariz estratégico 1. O Plano de Gestão terá uma vigência indefinida,
territorial que o Esquema Regional de Ordenamento ainda que possa vir a ser objecto de uma revisão parcial
do Território (EROT), preconiza para a Área Protegida ou total sob proposta de orgãos competentes, sempre
e zona de amortecimento que uma das seguintes condições se verificar:
4. Sempre que existem situações de conflito entre as a) Incompatibilidade manifesta do Plano com a
várias figuras de planeamento e gestão tal facto deve revisão do Plano do Ordenamento do Territorio
ser referido e analisado ou do Plano do Desenvolvimento Nacional;
Artigo 7º
b) A não realização de 50% das actividades previstas
Conteúdo ao quarto ano da vigência do Plano;
O Plano de Gestão do Parque Natural é constituído pelo: c) A execução de todas as actividades previstas;
a) Presente regulamento;
d) Modificação substancial das condições naturais do
b) Documento introdutorio; espaço natural protegido, em consequências
c) Documento informativo; de processos naturais.

d) Programa de execução; 2. Sem prejuízo do disposto nos numeros anteriores,


a revisão do Plano deverá ter lugar, obrigatoriamente,
e) Anexo cartografico; pelo menos em cada seis anos, de acordo com o artigo 16º,
f) Participações recebidas em sede de discussão alínea 4ª do Decreto-Lei nº 3/2003.
pública e respectivo Relatório de Ponderação.
3. Os programas nunca poderão ter uma vigência
Artigo 8º superior à do Plano de Gestão.
Interpretação
4. Um programa, eventualmente, pode ser revisto
1. As determinações do Plano de Gestão interpretam- antes de atingir os seus objectivos, se for necessário
se com base naqueles critérios que, partindo do sentido por razões de eficácia, conveniência ou oportunidade.
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2843
SECÇÃO II Artigo 14º

DESENVOLVIMENTO E EXECUÇÃO DO PLANO Códigos de identificação


DE GESTÃO
1. As zonas basicas são identificadas pelos seguintes
Artigo 11º códigos:
Instrumentos de desenvolvimento do Plano de Gestão a) ZUM: Zona de Uso Moderado
1. O presente Plano de Gestão desenvolver-se-á através b) ZUT: Zona de Uso Tradicional
dos seguintes planos:
c) ZUE: Zona de Uso Especial
a) Plano de gestão florestal;
2. As zonas de específicas são identificadas pelos
b) Plano de ordenamento agricola; seguintes códigos:
c) Plano de infra-estruturas; a) Z1: Zona florestada e arbustiva mista
d) Plano especial urbanístico; b) Z2: Zona de escarpas com maior ou menor
prevalência de endémicas
e) Plano do ecoturismo;
c) Z3: Zona de escarpas com prevalência de invasoras
2. Os instrumentos de desenvolvimento do presente
Plano serão formulados e redigidos pelo Órgão de Gestão d) Z4 Zona agrícola de sequeiro e regadio
do Parque.
e) Z5: Zona de assentamento humano
Artigo 12º
SUBSECCÇÃO II
Instrumentos de execução do Plano de Gestão
CARACTERISTICAS DAS ZONAS BÁSICAS
Os instrumentos de execução do Plano de gestão são
Artigo 15º
os seguintes:
Finalidade e delimitação segundo os usos
a) Programa de uso público e informação;
b) Programa de conservação; 1. As zonas básicas, definidas de acordo com o Decreto-
Lei nº 3/2003, de 24 de Fevereiro, foram delimitadas no
c) Programa socio-económico; presente Plano, em função do maior ou menor nível de
protecção requerida pela fragilidade dos seus elementos ou
d) Programa de investigação-formação; processos ecológicos, pela sua capacidade de suportar
usos, pela necessidade de dar cabimento aos usos
e) Programa de monitorização. tradicionais e instalações existentes ou pelo interesse
2. Os instrumentos de execução do presente Plano de nela instalar serviços.
serão formulados pelo Órgão de Gestão do Parque 2. No âmbito do Parque Natural de Cova, Ribeira Paul e
Natural, com base nas actividades e acções constantes Torre, foram delimitadas três zonas, segundo usos gerais:
dos objectivos do Plano.
a) Zona de uso moderado (ZUM)
CAPÍTULO II
b) Zona de uso tradicional (ZUT)
CLASSIFICAÇÃO DAS ZONAS E NORMAS
DE CONSERVAÇÃO E PROTECÇÃO DO PARQUE c) Zona de uso especial (ZUE)
SECÇÃO I DIVISÃO I
ZONAMENTO BASICO E ESPECIFICO CARACTERÍSTICAS DA ZONA DE USO
MODERADO (ZUM)
SUBSECÇÃO I
Artigo 16º
CRITERIOS DE CLASSIFICAÇÃO E CODIGOS
DE IDENTIFICAÇÃO Descrição e critérios diferenciais

Artigo 13º 1. A finalidade da Zona de Uso Moderado é a


conservação geral dos recursos de forma compatível
Criterios de classificação
com a livre circulação e recreio das pessoas, podendo,
O presente Plano de Gestão classifica por zonas o eventualmente, ser permitida a colheita tradicional de
Parque Natural de acordo com os dois critérios seguintes: sementes, frutas e outros produtos vegetais, sempre que
não afete a flora endémica nem ameace a sobrevivência
a) Delimitação das zonas básicas segundo o destino das plantações naturais;
e usos gerais, de acordo com o estabelecido
no Decreto- Lei nº 3/2003, de 24 de Fevereiro; 2. Esta zona inclui toda a área florestada e
arbustiva, localizada a SE e SO do Parque, e todas
b) Delimitação das zonas específicas segundo o as escarpas predominantemente a N da área do PNCPRT.
destino e usos específicos de acordo com Inclui altitudes muito variadas, por volta dos 600
as Unidades Ambientais Homogéneas e de metros nas áreas mais baixas, até o ponto mais alto
Diagnóstico estabelecidas pelo presente Plano. de todo o Parque, Pico da Cruz com 1.585 metros.
2844 I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015

3. As principais localidades que fazem parte dessa Sarcostemma daltonii, Echium stenosiphon ssp. lindbergii,
área são: Pico da Cruz, Cova, Morro de Vento, Água Lavandula rotundifolia, Artemisia gorgonum, Conyza
das Caldeiras, Vale do Paul e Vale da Ribeira da Torre. feae, Conyzavaria, Globularia amygdalifolia, Aeonium
gorgoneum, Polycarpaea gayi, Satureja forbesii, Phagnalon
4. A vegetação predominante nessa área são as melanoleucum, Campanula jacobaea, Kickxia elegans ssp.
espécies arbóreas exóticas na parte florestada e nas dichondrifolia, Ficus sycomorus ssp. gnaphalocarpa,
escarpas a predominância são as espécies endémicas Umbilicus schmidtii e Lotus latifolius.
(Euphorbia tuckeyana, Periploca laevigata ssp. chevalieri,
Echium stenosiphon ssp. lindbergii, Sonchus daltonii, 6. A avifauna endémica da Zona de Uso Tradicional é
Tornabenea bischofii, Lavandula rotundifolia, Conyza representada pelas seguintes espécies: Passer iagoensis,
feae, Conyza varia, Globularia amygdalifolia, Artemisia Falco tinnunculus ssp. neglectus, Apus alexandri e Tyto
gorgonum, Lotus latifolius, Polycarpaea gayi) e em alba ssp. detorta.
alguns pontos as espécies invasoras, nomeadamente
Lantana camara e Furcraea foetida. Artigo 20º

5. Em relação à fauna, as espécies de aves mais Superfície


frequentemente encontradas são: Passer iagoensis, A superfície da Zona de Uso Tradicional do PNCPRT
Falco tinnunculus ssp. neglectus, Apus alexandri e é de 789,9 ha.
Tyto alba ssp. detorta, e a herpetofauna é representada
pelas osgas (Tarentola caboverdiana ssp. caboverdiana, Artigo 21º
Tarentola caboverdiana ssp. substituta) e lagartixas
(Chioninia fogoensis ssp. antaoensis). Localização

Artigo 17º 1. A Zona de Uso Tradiconal ocupa as Unidades


Ambientais A6, A7, A8, B7, C7, D6,D7.
Superfície
2. No que tange à análise de diagnóstico a Zona de
A superfície da Zona de Uso Moderado dentro do Uso Tradicional é formada pela UD4.
parque Natural é de 1.209,9 ha.
DIVISÃO III
Artigo 18º
CARACTERÍSTICAS DA ZONA DE USO
Localização ESPECIAL (ZUE).
1.A Zona de Uso Moderado ocupa as Unidades Artigo 22º
Ambientais A1, A4 A5, B1, B4, B5, C1,C2, D1.
Descrição e critérios diferenciais
2. No que tange à análise de diagnóstico a Zona de
Uso Moderado abrange as unidades UD1, UD2 e UD3. 1. A finalidade da Zona de Uso Especial é dar
enquadramento aos povoados, casarios, infraestruturas
DIVISÃO II necessárias e diretamente relacionadas com a gestão da
área e das visitas, assim como às instalações de interesse
CARACTERÍSTICAS DA ZONA DE USO
publico que, por razões técnicas, devem estar situadas
TRADICIONAL (ZUT)
dentro dos limites da área protegida.
Artigo 19º
2. Esta zona apresenta-se em pequenos aglomerados
Descrição e critérios diferenciais de moradias, espalhados por todas as áreas do
Parque, nomeadamente nos lugares: Pico da Cruz, Água
1. A finalidade da Zona de Uso Tradicional (ZUT) das Caldeiras, Esponjeiro, Chã de Mato, Corda, Losna,
é permitir as práticastradicionais de aproveitamento Xoxô, Rabo Curto, Covão e Chã de Manuel dos Santos.
sustentável dos recursos naturais, que podem ser Apresenta altitudes varidas, desde os 500 e 600 metros,
objecto de regulamentação própria. até mais de 1.300 metros de altitude.
2. Esta zona zona é consitutida por todas as áreas 3. As espécies mais comumente encontradas nessa
agrícolas de sequeiro e regadio, que podem ser zona são Artemisia gorgonum, Conyza feae, Conyza
encontradas em todas as áreas do PNCPRT e engloba varia e Echium stenosiphon ssp. lindbergii.
áreas com altitudes desde os 600 metros até altitudes
acima de 1300 metros. Artigo 23º

3. As principais localidades que fazem parte desta Superfície


zona são: Lombo de Figueira, Corda, Vale do Paul
e Vale da Ribeira da Torre fazem parte dessa zona de A superfície da Zona de Uso Especial do parque
uso tradicional, onde existem áreas de sequeiros e Natural é de 82,7 ha.
outras de regadio. Artigo 24º
4. As principais culturas realizadas nessa zona são: Localização
feijão-ervilha, batata-doce, batata inglesa, milho,
abóbora, maçã e marmelo. 1. A Zona de Uso Espacial do Parque Natural ocupa
pequena parte das Unidades Ambientais A7, A8, B7,
5. Algumas das plantas endémicas presentes nessa C1, C7, D1, D7.
zona são: Euphorbia tuckeyana, Diplotaxis antoniensis,
Diplotaxis gorgadensis ssp. gorgadensis, Tornabenea 2. No que tange à análise de diagnóstico a Zona de
bischoffii, Verbascum capitis-viridis, Sonchus daltonii, Uso Especial é formada pela UD4.
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2845
SUBSECÇÃO II
A7 Área agrícola de
Z.4 Zona agrícola UD4: Área sequeiro A8 Área
CARACTERÍSTICAS DAS ZONAS ESPECÍFICAS

ZUT ZONA DE USO


de sequeiro e grícola de agrícola de regadio

TRADICIO- NAL
regadio sequeiro e B7 Área agrícola de
Artigo 25º regadio sequeiro C7 Área
agrícola de sequeiro
Definição e delimitação segundo os usos D7 Área agrícola de
sequeiro A6 Escarpas
1. As zonas específicas, definidas de acordo com as com agricultura
unidades de diagnóstico estabelecidas no Plano que D6 Escarpas com
correspondem às reações dos ecossistemas face a introdução agricultura
dos diferentes usos específicos e das atividades. A7 Á Área agrícola de
Z.5 Zona de UD5: Área de sequeiro
2. As zonas específicas constituem a base concreta assentamento assentamento A8 Área agrícola

ZONA DE
sobre a qual se determinam os diferentes aspetos da humano humano de regadio B7 Área
gestão do território em relação aos recursos naturais agrícola de sequeiro
C1 Área florestada
do Parque. C7 Área agrícola de
sequeiro

ZUE
3. No âmbito do Parque Natural de Cova, Paul e D1 Área florestada
Ribeira da Torre, delimitam-se cinco zonas específicas D7 Área agrícola de
segundo seu destino e usos específicos: sequeiro

a) Zona florestada e arbustiva mista (Z.1): que SECÇÃO II


corresponde Unidade de Diagnóstico da Área NORMAS DE CONSERVAÇÃO E PROTECÇÃO
florestada e arbustiva mista; SUB-SECÇÃO I
b) Zona de escarpas com maior ou menor prevalência NORMAS GERAIS DE PROTECÇÃO
de endémicas (Z.2): correspondente ` UD das Artigo 27º
Escarpas com prevalência de espécies endémicas;
Classificação de usos gerais e usos específicos
c) Zona de escarpas com prevalência de invasoras O presente Plano classifica os usos gerais e os usos específicos
(Z.3): que corresponde à Área de escarpas com de acordo com o quadro de correspondências seguinte:
prevalência de invasoras;
USOS GERAIS USOS ESPECÍFICOS
d) Zona agrícola de sequeiro e regadio (Z.4): Residencial Residencial – vivenda unifamiliar
corresponde à Unidade de Diagnóstico agrícola Agrícola Agrícola de sequeiro ou regadio
de sequeiro e regadio;
Pecuária estabulada
e) Zona de assentamento humano (Z.5): correspondente Pecuária Pastoreio livre
à UD da Área de assentamento humano. Exploração florestal
Florestal Condução de povoamento florestal
Artigo 26º
Repovoamento florestal ou vegetal
Quadro sintese de relações e entre as zona básicas e específicas Colecta de espécies naturais
Recolha de material biológico para conservação
No quadro seguinte, apresentam-se as relações entre e reproducção ex situ.
as zonas básicas e as zonas específicas com as unidades Recolha de pastos
de diagnóstico e unidades ambientais homogéneas: Aproveitamento sustentável Utilização de nascentes naturais de água
dos recursos naturais Colecta de produtos naturais
Zonas Zonas Unidade de Unidades Ambientais Colecta de produtos naturais com fins cientificos
Básicas Específicas Diagnóstico Homogé- neas
Extractivo Extracção de inertes
Z.1 Zona UD1: Área A1 Área florestada B1 Área Cinegético - recreativo
florestada e ar- florestada e florestada C1 Área florestada Cinegético Cinegético – regulação do efectivo populacional
bustiva mista arbustiva mista D1 Área florestada Educativo
C2 Área arbustiva com
prevalência de espécies Prestação de serviços Sanitário-assistencial
endémicas Socio-cultural
ZUM ZONA DE USO MODERADO

B3 Área arbustiva com Religioso


prevalência de espécies
invasoras Desportivo
Desporto de aventura
Z.2 Zona de escarpas UD2: Área de A4 Escarpas com maior Campismo
com maior ou escarpas com ou menor prevalência
menor prevalência prevalência de de espécies endémicas Turismo rural
de endémicas endémicas B4 Escarpas com maior Caminhada por trilhos pedestres
ou menor prevalência de Excursionismo a cavalo ou bicicleta
espécies endémicas
Recreativo intensivo
Científico
A5 Escarpas com maior
Z.3 Zona de UD3: Área de ou menor prevalência Divulgação
escarpas com escarpas com de espécies invasoras Publicitário
prevalência de prevalência de B5 Escarpas com maior Pequenos negócios/mercearias
invasoras invasoras ou menor prevalência de
espécies invasoras Comércio ambulante
Produção artesanal de produtos tradicionais
2846 I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015

Educativo g) Uso cinegético: compreende as actividades de


Equipamento público Sanitário-assistencial caça de animais salvagens para consumo
da população, regulação do efectivo animal
Socio - cultural
ou para finalidades recreativas.
Recreativo-desportivo
Administrativo h) Prestação de serviços: compreende actividades e
Multifuncional serviços de carácter privado desenvolvidos em
Eco-turismo instalações ou edifícios de titularidade privada
bem como aquelas actividades desenvolvidas
Cientifico
ao ar livre e que dotam o Parque de serviços
Redes de comunicación viária necessários para a população local, assim como
Infra-estruturas Telecomunicações para os usuários e visitantes.
Canalização
i) Uso de equipamento público: compreende as
Serviços técnicos
Serviços técnicos actividades de carácter colectivo desenvolvidas
Indicação e sinalização dos serviços do Parque em instalações ou edifícios de equipamento
Artigo 28º de titularidade pública.
Definição dos Usos Gerais j) Uso de infra-estruturas: compreende aquelas
construções e instalações que facilitam as
O presente Plano regula os usos gerais tendo em conta comunicações viárias, as telecomunicações, a
as definições seguintes: canalização de água, a eliminação de resíduos,
etc, na área do Parque.
a) Uso residencial: É aquele uso que se refere ao
alojamento das pessoas em edifícios acondicionados k) Uso de serviços técnicos: compreede as
para tal função em unidades denominadas instalações e espaços reservados pelos
vivendas. serviços técnicos de electricidade, captação
e reserva de água, viveiro de plantas, etc.
b) Uso agrícola: Compreende as actividades Inclui as instalações vinculadas à poupança
relacionadas com o cultivo e outras actividades energetica mediante a redução, reutilização
de carácter familiar e artesanal de elaboração e reciclagem dos resíduos líquidos e sólidos.
de produtos derivados das explorações agrícolas. Também incluem as indicações e sinalizações
dos serviços do Parque.
Este uso inclui a agricultura ecológica, conceito que engloba
um conjunto de métodos e técnicas, conducentes à obtenção Artigo 29º
de produtos agrícolas, compatíveis com as exigências de Definição de usos específicos
protecção do meio ambiente e o uso racional dos recursos
naturais (água, solos e património genético). O presente Plano regula os usos específicos tendo em
conta as seguintes definições:
c) Uso pecuário: compreende as actividades pecuarias
relacionadas com a criação, a engorda, guarda 1. Usos e actividades privadas:
e protecção dos animais, com o objectivo a) Uso residencial – vivenda unifamiliar: compreende
de obter deles: alimentos, fibras, pele, toda residência situada numa parcela de edifício
força de trabalho, ou simplesmente para uso isolado, com acesso exclusivo ou independente.
em actividades de lazer. Inclui aqueles usos É unifamiliar quando a vivenda se reduz ao
pecuários nos quais os animais são criados âmbito de uma só família.
cativos (pocilgas, aviários, jaulas, currais,
estábulos ou qualquer outro espaço) com a b) Uso agrícola de sequeiro ou regadio: compreende
finalidade de conseguir a máxima eficiência todas aquelas actividades levadas a cabo tais
na obtenção dos produtos desejados. como a exploração agrícola que pressupõem
o acondicionamento do terreno (terraços e
d) Uso florestal: compreende as actividades sucalcos tradicionais). Os principais cultivos
relacionadas com a conservação, restauração, são o milho e feijões, a videira, macieira,
repovoamento e exploração dos povoamentos marmeleiro, feijão congo, etc.
florestais. Nesse sentido incluem-se aquelas c) Uso pecuário estabulado: compreende aquelas
actividades que favorecem funções produtivas actividades pecuárias básicamente de criação de
e ambientais, como a manutenção de uma cabras e vacas ligadas às unidades familiares,
massa florestal, com finalidades de carácter cercadas em currais, estábulos ou qualquer outro
ambiental, prevenção de incêndios, etc. recinto. Também inclui um número limitado
e) Uso de aproveitamento sustentável dos recursos de equinos, mular ou asininos para realizar
naturais: compreende aquelas actividades de excursões ao Parque.
utilização e aproveitamento dos recursos naturais, d) Uso de pastoreio livre: compreende todas as
como por exemplo as nascentes naturais de actividades pecuárias de criação e engorda
água, os produtos naturais resultantes de de gado, basicamente de cabras e vacas, realizadas
formaçoes geológicas de forma sustentável e ao ar livre.
respeitando as condições ambientais do recurso.
e) Uso de exploração produtiva florestal: compreende
f) Uso extractivo: são as actividades de extração e todas as actividades de cultivo intensivo ou
de exploração de inertes incluindo as tarefas ou moderado de árvores e arbustos, associados
actividades de aproveitamento ou exploração ao aproveitamento florestal, em particular a
dos recursos minerais. obtenção de madeira e lenha para uso doméstico.
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2847

f) Uso de recolha de espécies naturais: compreende q) Uso de caminhada por trilhos pedestres: compreende
as actividades de recolha de plantas, frutos ou todas as actividades de lazer desenvolvidas
demais produtos silvestres para consumo doméstico. mediante o percurso a pé dos caminhos rurais
ou itenerários interpretativos do Parque.
g) Uso de recolha de pastos: compreende as actividades
de recolha de sub-produtos da agricultura e da t) Uso de excursionismo a cavalo ou bicicleta:
floresta, e que são utilizados como pasto para o gado. compreende todas as actividades de lazer
desenvolvidas mediante o percurso a cavalo,
h) Utilização de nascentes naturais de água: mula, burro, ou de bicicleta nos caminhos
compreende as actividades de apanha de água rurais ou itenerários interpretativos do Parque.
das nascentes naturais do Parque, para uso
exclusivo doméstico. u) Uso recreativo intensivo: compreende todas aquelas
actividades e serviços privados relacionados
i) Uso extractivo de inertes: compreende todas as actividades com as manifestações comunitárias de lazer,
de extracção de materiais para a construção civil desportivas, sócio-culturais, de diversão,
mediante pequenas pedreiras exploradas com ou artísticas, turísticas, lúdicas, de prazer e
sem uso de máquinas especializadas. disfrute em geral dos espaços e recursos
j) Uso cinegético – recreativo: compreende todas do Parque Natural, que pelo seu carácter
as actividades de caça com fins de lazer ou intensivo, quer dizer pouco sustentável, não
divertimento. devem desenvolver-se em nenhum caso dentro
da área do Parque.
k) Uso educativo: compreende todas as actividades
e serviços privados de ensino quer de âmbito v) Uso cientifico: compreende todas aquelas
escolar nas diversas modalidades oficiais e actividades e serviços privados relacionados com
ciclos educativos, quer de formação de valores disciplinas exclusivamente cientificas em estreita
de respeito à natureza e paisagem, assim relação com uma instituição devidamente
como de educação ambiental, ministrados em acreditada, reconhecida e de prestígio nacional
espaços abertos ou em locais e instalações que e internacional, realizados nas instalações que
não fazem parte dos sistema de equipamento não fazem parte do sistema de equipamentos
público do Parque. públicos do Parque.
x) Uso divulgativo: compreende todas aquelas
l) Uso sócio-cultural: compreende as actividades e
actividades e serviços privados relacionados com
serviços privados de tipo cultural o associativo
a divulgação de elementos e valores naturais,
desenvolvido em espaços ou centros que não
paisagísticos, culturais, etc. do Parque Natural,
fazem parte do sistema de equipamentos
realizados com fins formativos, turísticos, etc.
públicos do Parque.
ao ar livre ou em instalações que não fazem
m) Uso desportivo: compreende as actividades parte do sistema de equipamentos públicos
e serviços privados destinados à prática, do Parque.
à aprendizagem e ao desenvolvimento de y) Uso publicitário: compreende todas aquelas
actividades desportivas em instalações cobertas actividades e serviços privados realizados com
ou não, que não fazem parte do sistema de fins publicitários (anúncios, calendários, cinema,
equipamentos públicos do Parque. televisão, etc.), atraves de qualquer suporte
n) Uso de desportos de aventura: compreende as audiovisual ou informático, que utilize como
actividades e serviços privados destinados à cenário os elementos naturais, culturais ou
prática, aprendizagem e ao desenvolvimento de paisagísticos do Parque natural. Por outro
actividades desportivas enquadradas no grupo lado, se inclui nesta categoria a colocação
de aventura (escalada, asa delta, espeología, de cartazes ou sinalizações publicitárias,
etc) realizadas geralmente ao ar livre ou em diferentes às indicações e sinalizações dos
instalações específicas, que não forma parte do serviços próprios do Parque.
sistema de equipamentos públicos do Parque. z) Uso de comércio ambulante: compreende as
o) Uso de campismo: compreende as actividades e serviços actividades e serviços privados de comércio a
privados de acampamento realizados num recinto retalho, realizados de forma periódica fora dos
ou instalações destinadas especificamente a esta estabelecimentos comericiais, e que se desenvolvem
prática, que não fazem parte do sistema de em recintos destinados especificamente para tal,
equipamentos públicos do Parque, ou então como feiras ou mercados ocasionais.
realizados num espaço aberto. z’) Uso de produtos tradicionais: compreende aquelas
p) Uso de turismo rural: compreende todas as actividades e serviços privados de produção
actividades e serviços privados de alojamento artesanal de produtos derivados das explorações
colectivo de pessoas realizadas em moradias agrícolas e pecuárias de carácter familiar.
rurais, dormitórios ou habitações concebidas 2. Usos e actividades públicas:
para estas finalidades e que não fazem parte
do sistema de equipamento público do Parque, a) Uso de condução de povoamento florestal:
ainda que não sejam consideradas dotações compreende aquelas actividades e serviços
comunitárias do mesmo. Também incluem de carácter público establecidas pelo Plano
as actividades gastronómicas de divulgação de Gestão Florestal com vista a melhoria
de produtos típicos da ilha realizadas em das espécies florestais e vegetais do Parque,
restaurantes adequados a esta actividade. mediante podas, desbastes ou cortes sanitários.
2848 I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015

b) Uso de repovoamento florestal ou vegetal: k) Uso de infra-estrutura de comunicação viária:


compreende todas as actividades e serviços de compreende aquelas instalações próprias da
carácter público através das quais se realiza rede viária (via principal, secundária, caminhos
uma plantação de espécies com o propósito rurais e percursos interpretativos) que irão
de recuperar a vegetação de determinadas permitir a acessibilidade entre as diversas
zonas do Parque, limpando os terrenos de áreas e sectores do Parque e deste com o
espécies invasoras, realizando trabalhos de resto do território, assegurando um nível de
conservação de solo, água e reflorestação com mobilidade adequado e sustentável.
espécies de plantas endémicas.
l) Uso de infra-estrutura de telecomunicação:
c) Uso de recolha de material biológico para compreende aquelas instalações próprias
conservação e reprodução ex situ : compreende da rede de telecomunicações (Antena de
as actividades de recolha de sementes, a telecomunicações, rede de telefonia, etc.) que
recolha de plantas fundamentalmente com fins devem situar-se no Parque por motivos de
medicinais e a recolha de material biológico interesse público geral ou para a melhoria da
em geral, de acordo com a legislação sectorial comunicação da população que vive no Parque.
vigente nesta matéria.
m) Uso de serviços técnicos: compreende as
d) Uso cinegético de regulação do efectivo populacional: instalações e os espaços reservados para os
compreende as actividades de caça, com o serviços técnicos de electricidade (rede de
objectivo de controlar os efectivos da fauna linhas de electricidade), sistema de captação
exixtentes no Parque (fundamentalmente de águas de nuvoeiro, cisternas, viveiro de
cabras e gatos selvagens e galinha-de-mato). plantas, estação meteorologica, etc..
e) Uso de equipamento educativo: compreende os n) Uso de informações e sinalizações dos serviços
serviços de formação e ensino em todas do Parque: compreende as instalações destinadas
as modalidades e niveis oficiais (pré-escolar, exclusivamente para a indicação dos diferentes
ensino básico, etc) que se disponibilizam nas sectores e trilhos do espaço natural ou à
escolas ou nos centros de ensino homologados, sinalização dos serviços públicos do Parque.
que fazem parte do sistema de equipamento
público do Parque. Artigo 30º

f) Uso de equipamento sócio-cultural: compreende Regulação geral de usos


os serviços relacionados com as actividades
de tipo cultural desenvolvidas em salas de Tanto os usos gerais em relação às zonas básicas,
exposição, centros de intercâmbio (Centros como os usos específicos em relação às zonas específicas,
Comunitários ou Centros Juvenis) Ou qualquer poderão estar numa das situações que a seguir se enumeram:
outra instalação que faça parte do sistema 1. Usos compatíveis (C):
de equipamentos públicos do Parque.
g) Uso de equipamento recreativo-desportivo: São aqueles usos e actividades em que as normas
compreende os serviços destinados à prática, do presente Plano determinam como admisísiveis sem
aprendizagem e desenvolvimento de actividades nenhum tipo de limitação nem autorização, por serem
desportivas e recreativas compatíveis com os compatíveis com os valores e características da zona
valores e elementos do espaço natural, realizadas básica ou específica do Parque.
em instalações cobertas ou não, que façam 2. Usos compatíveis com autorização expressa
parte do sistema de equipamentos públicos do Órgão de Gestão do Parque (C*):
do Parque. Neste ponto inclui-se um parque
de campismo com localização estabelecida pelo São aqueles usos e actividades que, não obstante serem
presente plano declarados compatíveis com os valores e características
da zona básica ou específica de que se trate, as presentes
h) Uso de equipamento administrativo: compreende normas estabelecem a necessidade de que, previamente
os serviços realizados em instalações e edifícios à sua execução, se obtenha uma autorização expressa
destinados à Administração e que fazem parte do Órgão de Gestão do Parque.
do sistema de equipamentos públicos do Parque..
3. Usos compatíveis com limitações (CL):
i) Uso de equipamento de eco-turismo: compreende
as actividades e serviços destinados à São aqueles usos e actividades que se admitem numa
implementação de actividades ligadas à determinada zona básica ou específica por serem
um turismo sustentável - que valorize os compatíveis com seus valores e características, sempre
elementos do património natural, cultural e e quando se cumpram com as limitações ou critérios
paisagístico - e que se realizem em prédios estabelecidos nas presentes normas do Plano ou com as
ou instalações que fazem parte do sistema restrições estabelecidas pela legislação sectorial vigente.
de equipamentos públicos do Parque. Neste
sentido inclui-se a localização do Centro de 4. Usos compatíveis com limitaçãoes e autorização
informação do Parque. expressa do Órgão de Gestão do Parque (CL*):
j) Uso de equipamento cientifico: compreende os São aqueles usos e actividades declarados como
serviços destinados à realização de actividades compatíveis com limitações, aos quais, as presentes
científicas em instalações que façam parte do normas estabelecem que para o seu exercício, ainda
sistema de equipamentos públicos do Parque. se deverá obter previamente uma autorização expresa
Inclui a estação meteorológica. do Órgão de Gestão do Parque.
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2849

5. Usos não compatíveis (NC): Artigo 33º

São aqueles usos e actividades que as presentes Regulação dos usos gerais na zona de uso tradicional (ZUT)
normas declaram incompatíveis com os valores ou Na zona de uso tradicional só se admitem usos gerais
características da zona básica ou específica de que que garantam práticas tradicionais de aproveitamento
se trata ou então porque são incompatíveis com os sustentável dos recursos naturais.
objectivos de protecção do Plano e por isso se estabelece
a sua proibição dentro dos limites do Parque. Artig 34º

6. Usos que não são previstos a sua contemplação Regulação de usos gerais na zona de uso especial (ZUE)
nesta zona (NP): Na zona de uso especial só se admitem usos gerais que
São aqueles usos e actividades que não se prevê, em garantam o enquadramento aos povoados, casarios, infra-
princípio, a sua compatibilidade ou incompatibilidade já estruturas necessárias e directamente relacionadas com a
que pelas características da zona básica ou específica gestão da área e das visitas, assim como às instalações
de que se trate, não é lógico que de forma ordinária de interesse público que, por razões técnicas, devem
se proponha o seu exercício. Não obstante, no caso estar situadas dentro dos limites da área protegida.
em que se venha a propor a implantação nessa zona Artigo 35º
de um novo uso, actividade ou instalação que torne
Compatibilidades entre os usos específicos e as zonas
as condições possiveis, tanto pela mudança tecnologica
específicas.
como pela apresentação de uma proposta inovadora, se
entenderá, em todo caso, que o esse uso é incompatível, 1. As presentes normas estabelecem a seguinte
a não ser que seja avaliada sua compatibilidade pelos compatibilidade entre as zonas específicas e os usos
organismos competentes. específicos de natureza privada:
SUBSECÇÃO II ZUM ZUT ZUE
USOS E ACTIVIDADES PRIVADAS
NORMAS ESPECÍFICAS DE PROTECÇÃO Z.1 Z.2 Z.3 Z.4 Z.5
Artigo 31º Residencial-vivenda unifamiliar NC NP NP NC CL*
Agrícola de sequeiro ou regadio NC NP NP CL* CL*
Compatibilidades entre os usos gerais e as zonas básicas
Pecuária estabulada NC NP NP CL* NC
1. Nas zonas básicas a compatibilidade ou incompatibilidade
de usos gerais estabelece-se a partir do seguinte quadro: Pastoreio livre NC NP NP NC NC
Exploração florestal/Corte CL* NP CL* CL* CL*
ZUM ZUT ZUE Colecta de espécies endémicas CL* NP CL* CL* CL*
USOS GERAIS ( z.1 / z.2 / z.3 / ( z.4) ( z.5 )
Recolha de pasto CL* NP CL* CL* C
Residencial NC / NP CL CL
Utilização de nascente naturais de água CL* NP CL* CL* CL
Agrícola NC C CL
Extracção de inertes NC NC NC NC NC
Pecuário NC / NP CL CL
Cinegético – recreativo NC NC NC NC NC
Florestal CL / NP CL / NP CL
Educativo CL* CL* CL* CL* CL*
Aproveitamento sustentável NC / CL CL NC
dos recursos naturais Sócio-cultural CL* NP CL* CL* C
Extractivo NC NC NC Desportivo CL* NP CL* CL* C
Cinegético NC NC NC Desportivo de aventura CL* CL* CL* NC CL
Equipamento público NC / NP CL C Campismo CL* NP NC CL* CL*
Infra-estruturas CL / NP CL CL Turismo rural CL* CL* CL* CL* C
Serviços técnicos CL CL CL Caminhada por trilhos pedestres CL* NP CL* CL* CL*

2. À compatibilidade de usos gerais estabelecida anteriormente Excursionismo a cavalo, burro, mula CL* NP NP CL* C
ou de bicicleta
para cada zona básica, a seguir se estabelece uma série
de excepções em relação aos usos específicos que se Científico CL* CL* CL* CL* CL*
admitem ou não em determinadas zonas. Essas excepções Publicitário NC NC NC CL CL
são definidas de acordo com as compatibilidades entre
os usos específicos e as zonas específicas do artigo 35º. Comércio ambulante NC NC NC NC NC

Artigo 32º 2. As presentes normas estabelecem a seguinte compatibilidade


entre as zonas específicas e os usos específicos de natureza
Regulação de usos gerais na zona de uso moderado (ZUM) pública:
De acordo com o Decreto-Lei nº 3/2003, de 24 de ZUM ZUT ZUE
Fevereiro na zona de uso moderado só se admitem os usos USOS PÚBLICOS
gerais que garantam a conservação geral dos recursos Z.1 Z.2 Z.3 Z.4 Z.5
de forma compatível com a livre circulação e recreio Condução de povoamento florestal CL* NP NP CL* NP
das pessoas, podendo eventualmente, ser permitida a Repovoamento florestal ou vegetal CL* NP CL* CL* CL*
recolha tradicional de sementes, frutas e outros produtos
vegetais, sempre que não afecte à flora endémica e nem Recolha de material biológico para CL* NP CL* CL* CL*
ameace a sobrevivência das plantações. conservação e reprodução ex situ
2850 I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015

Colecta de espécies endémicas CL* CL* CL* CL* CL* Infra-estrutura de comunicação viária
Cinegético – regulação do efectivo populacional CL* CL* CL* CL* NC Infra-estrutura de telecomunicação
Serviço técnico
Equipamento educativo NC NP NP NC CL
Indicação e sinalização dos serviços
Equipamento sócio-cultural NC NP NP NC CL* do Parque
Equipamento recreativo – desportivo NC NP NP NC CL*
LIMITAÇÕES DE USOS ESPECÍFICOS
Equipamento administrativo NC NP NP NC CL*
USOS PRIVADOS
Equipamento multifuncional NC NP NP NC CL*
Utilização de nascentes natu- Limitado à exploração de água já canalizada
Equipamento eco-turismo CL* NP CL* NC CL*
rais de água e à autorização prévia do Órgão de Gestão
Equipamento científico CL* CL* CL* CL* CL* do Parque.
Infra-estruturas de comunicação viária CL* CL* CL* CL* CL* Coleta de espécies endémicas Mediante autorização do Órgão Gestor do
Infra-estruturas de telecomunicaçã NC CL* CL* CL* CL* Parque

Serviços técnicos CL* CL* CL* CL* CL* Limitado a determinadas especies e áreas
Recolha de pasto específicas de acordo com o Plano Téc-
Indicação e sinalização dos serviços do Parque. CL* CL* CL* CL* CL* nico de Gestäo Florestal, assim como
limitado a pessoas com formação e autori-
Artigo 36º
zadas pelo Órgão de Gestão do Parque,
Zona Florestada e Arbustiva Mista (Z.1) estando interdita a recolha das espécies
naturais inventariadas.
REGULAÇÃO DE USOS ESPECÍFICOS Limitado ao corte de determinadas
Z.1 Zona Florestada e Arbustiva Mista Exploração florestal/corte espècies e em àreas específicas, sempre
USOS PRIVADOS C C* CL CL* NC NP de acordo com o Plano de Gestão Florestal
Residencial-vivenda unifamiliar aprovado pelo Órgão de Gestão do Parque
Agricultura de sequeiro Limitado aos usos culturais e sociais,
Pecuária estabulada Sócio-cultural de acordo com o número límite de
pessoas que estableça o Órgão de Gestão
Pastoreio livre do Parque e desenvolvidos apenas nos
Exploração florestal/Corte espaços, itinerários e trilhos estabelecidos
Colecta de espécies endémicas no Plano de Gestão, Plano de Infra-
estruturas ou outro instrumento de
Recolha de pastos execução que o desenvolva, sempre que
Utilização de nascentes naturais de água não perturbe as condições de conservação
Extracção de inertes da área e que disponha de medidas de
segurança adequadas.
Cinegético – recreativo
Educativo Limitado ao uso didáctico dos valores
Sócio – cultural Educativo naturais, culturais, paisajisticos e sociais
do Parque, de acordo com o número
Desportivo límite de pessoas que estabeleça o Órgão
Desportivo de aventura de Gestão do Parque e desenvolvidos
Campismo apenas nos espaços, itinerários e trilhos
es- tabelecidos no Plano de Gestão,
Turismo rural Plano de Infra-estruturas ou noutro
Caminhada por trilhos pedestres instrumento de execução que o desenvolva,
Excursionismo a cavalo, burro, mula sempre que não perturbe as condições de
ou de bicicleta conser- vação da área.
Científico Limitado a acampamento ocasional ligado
Publicitário Campismo ao percurso de um itinerário nesta zona,
sempre que se realize com autorização do
Comércio ambulante
Órgão de Gestão do Parque e de acordo
USOS PÚBLICOS C C* CL CL* NC NP com o número límite de pessoas que
Condução de povoamento florestal estableça o referido Órgão.
Repovoamento florestal ou vegetal Caminhada por trilhos pedestres Limitado às pessoas autorizadas pelo
Recolha de material biológico para Órgão de Gestão do Parque com a
conservação e reprodução ex situ. finalidade de usos científicos e divulgativos
Coleta de espécies endémicas e de vigilância vulcânica.
Cinegético – regulação do efectivo Excursionismo a cavalo, bu- Este uso apenas poderá ser realizado
populacional rro, mula ou de bicicleta em caminhos específicamente establecidos
Equipamento educativo pelo Organo Gestor do Parque. Para cada
excursão, haverá um número limitado
Equipamento sócio – cultural de participantes, o qual será fixado pelo
Equipamento recreativo – desportivo Órgão de Gestão do Parque. Em qualquier
Equipamento administrativo caso, a prática do excursionismo a cavalo,
mula, burro ou bicicleta deverá respei-
Equipamento multifuncional
tar os espaços protegidos pelo presente
Equipamento eco-turístico Plano e não deverá provocar deterioração
Equipamento científico dos caminhos objectos de excursão.
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2851
Artigo 37º
Os projectos deverão cumprir as determinações
Turismo rural do Plano especial urbanístico (quando existir) Zona de escarpa com maior ou menor prevalência
e/ou os critérios arquitectónicos, paisagísticos
e de minimização do impacte ambiental que de endemismos (Z.2)
estableça para este uso o Órgão de Gestão
do Parque. REGULAÇÃO DE USOS ESPECÍFICOS
Z.2 Zona de escarpa com maior ou menor prevalência de endemismos
Limitados a usos desportivos, de acordo
Desportivo com o número límite de pessoas que esta- USOS PRIVADOS C C* CL CL* NC NP
bleça o Órgão de Gestão do Parque e Residencial – vivenda unifamiliar
desenvolvidos apenas nos espaços, itinerá- Agricultura de sequeiro
rios e trilhos estabelecidos no Plano de
Gestão, Plano de Infra-estruturas ou outro Pecuária estabulada
instrumento de execução que o desenvolva, Pastoreio livre
sempre que não perturbe as condições de
conservação da área e que disponha de Exploração florestal/Corte
medidas de segurança adequadas. Colecta de espécies endémicas
Limitado às actividades desportivas Recolha de pastos
Desportivo de aventura enquadradas no grupo de aventura com Utilização de nascentes naturais de água
a au- torização passada pelo Órgão de Extracção de inertes
Gestão e sempre que reúnam todas as
condições de segurança. Cinegético – recreativo
De acordo com as condições específicas da Educativo
Científico autorização que deve outorgar o Ór- gão Sócio – cultural
de Gestão do Parque, limitados aos usos Desportivo
cientificos, sempre que não perturbe as
condições de conservação da área. Desportivo de aventura
Campismo
USOS PÚBLICOS
Turismo rural
Condução do povoamento Limitado a determinadas espécies em Caminhada por trilhos pedestres
florestal áreas específicas, sempre de acordo com
o Plano de Gestão Florestal aprovado pelo Excursionismo a cavalo, burro, mula ou
Órgão de Gestão do Parque.. de bicicleta
Científico
Repovoamento florestal ou Limitado a determinadas espécies em áreas
vegetal específicas, sempre de acordo com o Plano Publicitário
Técnico de Gestão Florestal aprovado pelo Comércio ambulante
Órgão de Gestão do Parque.
USOS PÚBLICOS C C* CL CL* NC NP
Recolha de material biológi- Limitado à recolha de sementes, plantas Condução do povoamento florestal
co para conservação e repro- medicinais e material biológico em ge-
dução ex situ. ral, e previa autorização do Órgão de Repovoamento florestal ou vegetal
Gestão do Parque em conformidade com Recolha de material biológico para
as condicionantes estabelecidas no Decreto- conservação e reprodução ex situ.
Regulamenter nº 7/2002, de 24 de Dezembro.
Colecta de produtos naturais para fins
Limitado às pessoas formadas e autorizadas cientificos
Coleta de espécies endémicas pelo Órgão de Gestão do Parque, com Cinegético – regulação do efectivo populacional
finalidades exclusivamente cientificas.
Equipamento educativo
Limitado a cisternas, sistema de captação Equipamento socio – cultural
Serviços técnicos das águas de nevoeiro e outros serviços
técnicos similares, siempre que não Equipamento recreativo – desportivo
perturbem as condições de conservação da Equipamento administrativo
área onde sejam instalados. Equipamiento multifuncional
Limitadas às estabelecidad no Plano Equipamento eco-turístico
Infra-estruturas de comuni- de Gestão e ao Plano de Infra- Equipamento científico
cação viária estruturas que o desenvolva. Podem ser
autorizados itinerários e trilhos com Infra-estrutura de comunicação viária
finalidade turística, educativa, socio- Infra-estrutura de telecomunicação
cultural, religiosa, cientifica, divulgativa,
entre outras de interesse comunitária, Serviço técnico
sempre que não perturbe as condições Indicação e sinalização dos serviços do Parque
de conservação da área e re- únam as
condições de segurança adequadas LIMITAÇÕES DE USOS ESPECÍFICOS
Infra-estruturas de Limitadas às estabelecidas no Plano de USOS PRIVADOS
telecomu- nicação Gestão ou ao Plano de Infra-estruturas
que as desenvolva. Educativo Limitado ao uso didáctico dos valores naturais,
culturais, paisagísticos e sociais do Parque,
Sempre que a instalação autorizada pelo de acordo com o número limite de pessoas
Equipamento ecoturístico Órgão de Gestão do Parque não perturbe que estabeleça o Órgão de Gestão do Parque e
as condições de conservação da área onde desenvolvidos apenas nos espaços, itinerários e
seja instalado. trilhos es- tabelecidos no Plano de Gestão, Plano
Sempre que a instalação autorizada pelo de Infra-estruturas ou noutro instrumento de
Equipamento científico Órgão de Gestão do Parque não perturbe execução que o desenvolva, sempre que não
as condições de conservação da área onde perturbe as condições de conser- vação da área.
seja instalado.
Caminhada por trilhos Limitado às pessoas autorizadas pelo Órgão
Indicações e sinalização dos Segundo as indicações do Guia de pedes- tres de Gestão do Parque com a finalidade de usos
serviços do Parque sinalização do Parque. científicos e divulgativos e de vigilância vulcânica.
2852 I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015

Científico De acordo com as condições específicas da Científico


autorização que deve outorgar o Ór- gão de Gestão
Publicitário
do Parque, limitado ao uso cientifico, sempre que
não perturbe as condições de conservação da área e Comércio ambulante
que disponha de medidas de segurança adequadas.
USOS PÚBLICOS C C* CL CL* NC NP
USOS PÚBLICOS
Condução de povoamento florestal
Condução do povoamento Limitado a determinadas espécies em áreas
Repovoamento florestal ou vegetal
florestal específicas, sempre de acordo com o
Plano de Gestão Florestal aprovado pelo Órgão Recolha de material biológico para
de Gestão do Parque.. conservação e reprodução ex situ.
Repovoamento florestal Limitado a determinadas espécies em áreas Colecta de produtos naturais para
ou vegetal específicas, sempre de acordo com o Plano fins cientificos
Técnico de Gestão Florestal aprovado pelo Órgão
de Gestão do Parque. Cinegético – regulação do efectivo
populacional
Cinegético – regulação Limitado ao controlo do efectivo de galinha-
do efectivo populacional de-mato excepto nas áreas onde nidi- ficam Equipamento educativo
as aves protegidas. Este uso público será Equipamento sócio – cultural
realizado únicamente pelo Órgão de Gestão do
Parque, com base num estudo prévio. Equipamento recreativo – desportivo

Recolha de material Limitado à recolha de sementes, plantas Equipamento administrativo


biológico para conservação medicinais e material biológico em ge- ral, e Equipamento multifuncional
e multipli- cação ex situ. previa autorização do Órgão de Gestão do
Parque em conformidade com as condicionantes Equipamento eco-turístico
estabelecidas no Decreto-Regulamenter nº 7/2002, Equipamento científico
de 24 de Dezembro.
Infra-estrutura de comunicação viária
Infra-estruturas de Limitadas às estabelecidas no Plano de
telecomu- nicação Gestão ou ao Plano de Infra-estruturas que Infra-estrutura de telecomunicação
as desenvolva. Serviços técnicos
Colecta de espécies naturais Limitado às pessoas formadas e autorizadas Indicação e sinalização dos serviços
para fins cientificos pelo Órgão de Gestão do Parque, com do Parque
finalidades exclusivamente cientificas.
Equipamento científico Sempre que a instalação autorizada pelo Órgão LIMITAÇÕES DE USOS ESPECÍFICOS
de Gestão do Parque não perturbe as condições
de conservação da área onde seja instalado. USOS PRIVADOS
Indicações e sinalização Segundo as indicações do Guia de sinalização Utilização de nascentes natu- Limitado a apanha de água, com autorização
dos serviços do Parque do Parque. rais de água prévia do Órgão de Gestão do Par- que.

Artigo 38º Limitado ao corte de determinadas espècies


Exploração florestal e em àreas específicas, sempre de acordo
Zona de escarpa com prevalência de invasoras (Z.3) com o Plano de Gestão Florestal aprovado
pelo Órgão de Gestão do Parque
REGULAÇÃO DE USOS ESPECÍFICOS Limitado determinadas especies e áreas específicas
Z.3 Zona de escarpa com prevalência de invasoras Recolha de pasto de acordo com o Plano Téc- nico de Gestäo
USOS PRIVADOS C C* CL CL* NC NP Florestal, assim como limitado a pessoas com
Residencial – vivenda unifamiliar formação e autori- zadas pelo Órgão de Gestão
Agricultura de sequeiro do Parque, estando interdita a recolha das
espécies naturais inventariadas.
Pecuária estabulada
Pastoreio livre Limitado ao uso didáctico dos valores naturais,
Educativo culturais, paisagísticos e sociais do Parque,
Exploração florestal/Corte de acordo com o número limite de pessoas
Colecta de espécies endémicas que estabeleça o Órgão de Gestão do Parque
Recolha de pasto e desenvolvidos apenas nos espaços, itinerários
Utilização de nascentes naturais de e trilhos es- tabelecidos no Plano de Gestão,
água Plano de Infra-estruturas ou noutro instrumento
de execução que o desenvolva, sempre que não
Extracção de inertes
perturbe as condições de conser- vação da área e
Cinegético-recreativo que disponha de medidas de segurança adequadas.
Educativo
Limitados aos usos culturais e sociais, de
Sócio- cultural Sócio-cultural acordo com o número límite de pessoas que
Desportivo estableça o Órgão de Gestão do Parque e
Desportivo de aventura desenvolvidos apenas nos espaços, itinerários
e trilhos estabelecidos no Plano de Gestão,
Campismo
Plano de Infra-estruturas ou outro instrumento
Turismo rural de execução que o desenvolva, sempre que
Caminhada por trilhos pedestres não perturbe as condições de conservação
Excursionismo a cavalo, burro, mula da área e que disponha de medidas de
ou de bicicleta segurança adequadas.
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2853

Desportivo Limitados a usos desportivos, de acordo com Extracção de inertes


o número límite de pessoas que esta- bleça o Cinegético – recreativo
Órgão de Gestão do Parque e desenvolvidos
Educativo
apenas nos espaços, itinerá- rios e trilhos
estabelecidos no Plano de Gestão, Plano de Sócio – cultural
Infra-estruturas ou outro instrumento de Desportivo
execução que o desenvolva, sempre que não
Desportivo de aventura
perturbe as condições de conservação da área
e que disponha de medidas de segurança Campismo
adequadas. Turismo rural
Caminhada por trilhos pedestres Limitados a caminhada, de acordo com o número Caminhada por trilhos pedestres
límite de pessoas que estableça o Órgão de Gestão Excursionismo a cavalo, burro, mula ou de
do Parque e desenvolvidos apenas nos espaços, bicicleta
itinerários e trilhos estabelecidos no Plano de
Científico
Gestão, Plano de Infra-estruturas ou outro instru-
mento de execução que o desenvolva, sempre Publicitário
que não perturbe as condições de conservação da Comércio ambulante
área e que disponha de medidas de segurança USOS PÚBLICOS C C* CL CL* NC NP
adequadas.
Condução de povoamento florestal
Científico De acordo com as condições específicas da
autorização que deve outorgar o Ór- gão de Gestão Repovoamento florestal ou vegetal
do Parque, limitados ao usos cientificos, sempre Recolha de material biológico para conservação
que não perturbe as condições de conservação da e reprodução ex situ.
área e que disponha de medidas de segurança Colecta de espécies endémicas
adequadas.
Cinegético – regulação do efectivo populacional
USOS PÚBLICOS
Equipamento educativo
Recolha de material biológi- Limitado à recolha de sementes, plantas Equipamento sócio – cultural
co para conservação e repro- medicinais e material biológico em ge- ral,
dução ex situ. e previa autorização do Órgão de Gestão do Equipamento recreativo – desportivo
Parque em conformidade com as condicionantes Equipamento administrativo
estabelecidas no Decreto-Regulamenter nº Equipamento multifuncional
7/2002, de 24 de Dezembro.
Equipamento eco-turístico
Infra-estruturas de telecomu- Limitadas às estabelecidas no Plano de Gestão ou
Equipamento científico
nicação ao Plano de Infra-estruturas que as desenvolva.
Infra-estrutura de comunicação viária
Cinegético – regulação do Limitado ao controlo do efectivo de cabras,
efectivo populacional gatos selvagens e galinha-do-mato, ex- cepto Infra-estrutura de telecomunicação
nas áreas onde nidificam as aves protegidas. Serviços técnicos
Este uso público será realizado únicamente Indicação e sinalização dos serviços do Parque
pelo Orgão Gestor do Parque, com base num
esdudo prévio. LIMITAÇÕES DE USOS ESPECÍFICOS
Serviços técnicos Limitado a cisternas, sistema de captação das USOS PRIVADOS
águas de nevoeiro e outros serviços técnicos
Utilização de nascentes Limitado a exploração de água já canalizada
similares, siempre que não perturbem as naturais de água com autorização prévia do Órgão de Gestão
condições de conservação da área onde sejam do Parque.
instalados.
Colecta de espécies endémicas Limitado às pessoas formadas e autorizadas
Indicações e sinalização dos Segundo as indicações do Guia de sinalização pelo Órgão de Gestão do Parque, com
serviços do Parque do Parque. finalidades exclusivamente cientificas.
Artigo 39º Exploração florestal/Corte Limitado ao corte de determinadas espècies
e em àreas específicas, sempre de acordo
Zona Agrícola de Sequeiro e Regadio (Z.4) com a legislação florestal.
Pecuária estabulada Limitado a un número concreto de animais
REGULAÇÃO DE USOS ESPECÍFICOS (caprino: máximo de 10; bovino: máxi- mo
Z.4 Zona Agrícola de Sequeiro e Regadio de 3), adaptável segundo os critérios que
USOS PRIVADOS C C* CL CL* NC NP estableça o Órgão de Gestão do Parque, e
sempre de acordo com a legislação sectorial
Residencial-vivenda unifamiliar e as medidas higienico- sanitarias que afectem
Agricultura de sequeiro ou regadio esta matéria.

Pecuária estabulada Limitados ao uso didáctico dos valores naturais,


culturais, paisagísticos e sociais do Parque,
Pastoreio livre Educativo de acordo com o número límite de pessoas
Exploração florestal/Corte que estableça o Órgão de Gestão do Parque e
desenvolvidos apenas nos espaços, itinerários e
Colecta de espécies endémicas trilhos esta- belecidos no Plano de Gestão, Plano
Recolha de pastos de Infra-estruturas ou noutro instrumento de
execução que o desenvolva, sempre que não
Utilização de nascentes naturais de água perturbe as condições de conser- vação da área.
2854 I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015

Sócio – cultural Limitados a usos culturais e sociais, de Limitado a cisternas, sistema de captação das
acordo com o número límite de pessoas que águas de nevoeiro e outros serviços técnicos
estableça o Órgão de Gestão do Parque e Serviços técnicos similares, siempre que não perturbem
desenvolvidos apenas nos espaços, itinerários e as condições de conservação da área onde
trilhos estabelecidos no Plano de Gestão, Plano sejam instalados.
de Infra-estruturas ou noutro instrumento de Infra-estruturas de Limitadas às estabelecidas no Plano de
execução que o desenvolva, sempre que não telecomunicação Gestão ou ao Plano de Infra-estruturas
perturbe as condições de conservação da área. que as desenvolva.
Caminhada por trilhos Limitados ao caminhada, de acordo com o Infra-estruturas de Limitadas às estabelecidad no Plano de Gestão
pedestres número límite de pessoas que estableça o comunicação viária e ao Plano de Infra-estruturas que o desenvolva.
Órgão de Gestão do Parque e desenvolvidos
Podem ser autorizados itinerários e trilhos com
apenas nos espaços, itinerários e trilhos
estabelecidos no Plano de Gestão, Plano de finalidade turística, educativa, socio-cultural,
Infra-estruturas ou noutro ins- trumento de religiosa, cientifica, divulgativa, entre outras de
execução que o desenvolva, sempre que não interesse comunitária, sempre que não perturbe
perturbe as condições de conservação da área. as condições de conservação da área.
Excursionismo a cavalo, Este uso apenas poderá ser realizado em Artigo 40º
burro, mula ou de bicicleta caminhos específicamente establecidos pelo
Organo Gestor do Parque. Para cada Zona de Assentamento Humano (Z.5)
excursão, haverá um número limitado de
participantes, o qual será fixado pelo Órgão REGULAÇÃO DE USOS ESPECÍFICOS
de Gestão do Parque. Em qualquier caso, a Z.5 Zona de Assentamento Humano
prática do excursionismo a cavalo, mula,
burro ou bicicleta deverá respei- tar os USOS PRIVADOS C C* CL CL* NC NP
espaços protegidos pelo presente Plano e não Residencial – vivenda unifamiliar
deverá provocar deterioração dos caminhos
objectos de excursão. Agricultura de sequeiro
Publicitario A utilização de imagens do Parque para fins Pecuária estabulada
publicitários deverá ser sempre auto- rizada
Pastoreio livre
pelo Órgão de Gestão, mediante o pagamento
de um preço público fixado por esse órgão. Exploração florestal/Corte
Em relação aos cartazes e outdoors de
publicidade, unicamente se autorizam aqueles Recolha de pasto
que representam a promoção dos serviços de Colecta de espécies endémicas
turismo rural, pequeno co- mércio – mercearias
e lugares de confecção artesanato no interior Utilização de nascentes naturais
do Parque. Em qualquer caso, esses suportes de água
publicitários deverão respeitar sempre os Extração de inertes
critérios de integração paisagistica que
estableça o Órgão de Gestão do Parque. Cinegético – recreativo

Turismo rural Os projectos deverão cumprir as determinações Educativo


do Plano especial urbanístico (quando existir) Sócio – cultural
e/ou os critérios arquitectónicos, paisagísticos
e de minimização do impacte ambiental que Desportivo
estableça para este uso o Órgão de Gestão Desp+ortivo de aventura
do Parque.
Campismo
Científico De acordo com as condições específicas da
autorização que deve outorgar o Ór- gão Caminhada por trilho pedestre
de Gestão do Parque, limitados aos usos
Excursionismo a cavalo, burro, mula
cientificos, sempre que não perturbe as
ou de bicicleta
condições de conservação da área.
Turismo rural
USOS PÚBLICOS
Científico
Repovoamento florestal Limitado a determinadas espécies em áreas
ou vegetal específicas, sempre de acordo com o Plano Publicitário
Técnico de Gestão Florestal aprovado pelo
Comércio ambulante
Órgão de Gestão do Parque..
USOS PÚBLICOS C C* CL CL* NC NP
Recolha de material Limitado à recolha de sementes, plantas
biológi- co para conservação medicinais e material biológico em ge- ral, e Condução de povoamento florestal
e repro- dução ex situ. previa autorização do Órgão de Gestão do
Repovoamento florestal ou vegetal
Parque em conformidade com as condicionantes
estabelecidas no Decreto-Regulamenter nº Recolha de material biológico para
7/2002, de 24 de Dezembro. conservação e reprodução ex situ.
Equipamento científico Sempre que a instalação autorizada pelo Coleta de espécies endémicas
Órgão de Gestão do Parque não perturbe
as condições de conservação da área onde Cinegético – regulação do efectivo
seja instalado. populacional
Equipamento educativo
Indicações e sinalização dos Segundo as indicações do Guia de sinalização
serviços do Parque do Parque. Equipamento sócio – cultural
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2855

Equipamento recreativo – USOS PÚBLICOS


desportivo Recolha de material biológico Limitado à recolha de sementes, plantas
Equipamento administrativo para conservação e reprodução medicinais e material biológico em ge- ral, e
ex situ. previa autorização do Órgão de Gestão do
Equipamento multifuncional Parque em conformidade com as condicionantes
Equipamento eco-turístico estabelecidas no Decreto-Regulamenter nº 7/2002,
de 24 de Dezembro.
Equipamento científico
Cinegético – regulação do Limitado ao controlo do efectivo do galinha-
Infra-estrutura de comunicação viária efectivo populacional de-mato e/ou outras espécies, excep- to nas
Infra-estrutura de telecomunicação áreas onde nidificam as aves protegidas.
Este uso público será realizado únicamente
Serviços técnicos pelo Órgão de Gestão do Parque, com base
Indicação e sinalização dos serviços num estudo prévio.
do Parque Equipamento eco-turístico Sempre que a instalação autorizada pelo
Órgão de Gestão do Parque não perturbe
LIMITAÇÕES DE USOS ESPECÍFICOS as condições de conservação da área onde
USOS PRIVADOS seja instalado.
Residencial – vivenda Limitado às condições arquitectónicas segundo Equipamento científico Sempre que a instalação autorizada pelo
unifa- miliar tipologia dos edifícios estabeleci- da no Plano Órgão de Gestão do Parque não perturbe
Especial Urbanístico aprovado pelo Órgão as condições de conservação da área onde
de Gestão do Parque ou plano urbanístico seja instalado.
aprovado pela Câmara Municipal. Infra-estruturas de comunicação Limitadas às infra-estruturas que constam
Exploração florestal Limitado ao corte de determinadas espècies viária do Plano de Gestão ou às do Plano de
e em àreas específicas, sempre de acordo Infra-estruturas existente para a área.
com a legislação florestal vigente
Infra-estruturas de Limitadas às estabelecidas no Plano de
Utilização de nascentes Limitado à apanha de água com autorização telecomunicação Gestão ou ao Plano de Infra-estruturas que
natu- rais de água prévia do Órgão de Gestão do Parque. as desenvolva.
Educativo Limitados ao uso didáctico dos valores Equipamento administrativo Limitadas às estabelecidas no Plano de
naturais, culturais, paisagísticos e sociais Gestão ou ao Plano de Infra-estruturas que
do Parque, de acordo com o número límite de as desenvolva.
pessoas que estableça o Órgão de Gestão do
Parque e desenvolvidos apenas nos espaços, Sócio-cultural Limitados aos usos culturais e sociais, de
itinerários e trilhos esta- belecidos no Plano de acordo com o número límite de pessoas que
Gestão, Plano de Infra-estruturas ou noutro estableça o Órgão de Gestão do Parque e
instrumento de execução que o desenvolva, desenvolvidos apenas nos espaços, itinerários
sempre que não perturbe as condições de e trilhos estabelecidos no Plano de Gestão,
conser- vação da área. Plano de Infra-estruturas ou outro instrumento
de execução que o desenvolva, sempre que
Sócio – cultural Limitados ao uso culturais e sociais, de não perturbe as condições de conservação
acordo com o número límite de pessoas que da área e que disponha de medidas de
estableça o Órgão de Gestão do Parque e segurança adequadas.
desenvolvidos apenas nos espaços, itinerários e
trilhos estabelecidos no Plano de Gestão, Plano Serviços técnicos Limitados aos estabelecidos no Plano de
de Infra-estruturas ou noutro instrumento de Gestão ou aos projectos que o desenvol- vem.
execução que o desenvolva, sempre que não Indicações e sinalização dos Conforme indicações do Guia de sinalizações
perturbe as condições de conservação da área. serviços do Parque do Parque.
Desportivo Limitados a usos desportivos, de acordo com
o número límite de pessoas que esta- bleça o SUB-SECÇÃO III
Órgão de Gestão do Parque e desenvolvidos
apenas nos espaços, itinerá- rios e trilhos NORMAS ESPECÍFICAS DE PROTECÇÃO RELATIVAS
estabelecidos no Plano de Gestão, Plano de ÀS EDIFICAÇÕES
Infra-estruturas ou noutro instrumento de
Artigo 41º
execução que o desenvolva, sempre que não
perturbe as condições de conservação da área. Condições gerais da edificação
Científico De acordo com as condições específicas da
autorização que deve outorgar o Ór- gão de 1. Não é permitida a construção de novos edifícios, excepto
Gestão do Parque, limitados a usos cientificos, nas zonas delimitadas como sistema geral e equipamentos
sempre que não perturbe as condições de sobmetidos às condições específicas para o efeito.
conservação da área.
A utilização de imagens do Parque para fins 2. Consideram-se como autorizáveis os trabalhos e obras
Publicitario publicitários deverá ser sempre auto- rizada de manutenção e melhoria dos edifícios e construções
pelo Órgão de Gestão, mediante o pagamento agro-pecuárias em regime legal e fora de ordenação,
de um preço público fixado por esse órgão. com as condições e regime previsto neste Plano
Em relação aos cartazes e outdoors de
publicidade, unicamente se autorizam aqueles 3. Quando permitidas, as construções devem ter o
que representam a promoção dos serviços de índice de ocupação máxima de 0.1 e a cércea máxima
turismo rural, pequeno co- mércio – mercearias de rés-do- chão + 1, e devem respeitar os padrões das
e lugares de confecção artesanato no interior construções tradicionais da ilha.
do Parque. Em qualquer caso, esses suportes
publicitários deverão respeitar sempre os 4. As coberturas dos edifícios serão, obrigatoriamente,
critérios de integração paisagistica que planas. Não se permitirá, em nenhum caso, o uso de telhas
estableça o Órgão de Gestão do Parque. como material de cobertura e nem elemento ornamental.
2856 I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015
Artigo 42º 3. O aproveitamento da lenha limitar-se-á às espécies
determinadas pelo Plano de Gestão Florestal.
Condições específicas para edifícios residenciais

Não é permitido o uso residencial nem encerramento de 4. Caso existir uma procura de lenha e restos de
parcelas, salvo nas condições previstas no presente Plano vegetais por parte da população do Parque de tal forma
que supere a produção florestal derivada das tarefas
SECÇÃO III de conservação ou ao limite estabelecido no Plano de
NORMAS BASICAS PARA OS DIFERENTES SERVIÇOS DO
Gestão Florestal, poder-se-á autorizar a sua apanha
PARQUE
noutros lugares, de acordo com o que define a memoria
técnica do dito Plano.
Artigo 43º
5. A actividade agrária dentro do Parque deverá
Serviço de guias ajustar-se ao Plano de Ordenamento Agrícola que será
A gestão pública do serviço de guias tem o seu elaborado pelo Orgão de Gestão do Parque
fundamento na necessidade de garantir a protecção dos Artigo 46º
valores do Parque e do fomento ordenado e devidamente
regulado dos acessos dos visitantes às diferentes zonas Aproveitamentos cinegéticos
de interesse. 1. O aproveitamento cinegético limitar-se-á às zonas
Artigo 44º estabelecidas para o efeito por estas normas, na legislação
sectorial da caça vigente e nas correspondentes ordens
Normas básicas para o serviço de guias de proibição e normativa específica que puderão ser
Cabe à entidade responsável pela gestão do Parque aprovadas cada ano.
a coordenação do serviço de guias, de acordo com as 2. O Órgão de gestão do Parque poderá limitar ou
normas básicas que se estabelecem a seguir: proibir excepcionalmente, a actividade cinegética em
a) O serviço é coordenado de forma indirecta, determinadas áreas ou para determinadas espécies do
preferencialmente mediante concessão. Parque, se assim o imposer a conservação dos recursos.
b) Serão requisitos imprescindíveis para fazer parte 3. O Órgão de Gestão do Parque poderá reduzir,
do serviço os seguintes: de forma excepcional os efectivos de uma espécie
protegida no interior do Parque, se for considerada
i. Ter suficientes conhecimentos do Parque e das nociva para a agricultura ou para outras espécies do
suas normas, comprovados por exemplo através Parque e se assim o exigir o interesse público. Em caso
do diploma de participação em formações; de emergência cinegética, esta actuação deverá estar
ii. Ter capacidade de relacionamento com o público. sujeita às determinações da Administração competente
no que diz respeito às épocas e medidas conducentes
c) Os itinerários estabelecidos podem ser fechados à eliminação do risco e redução do número de animais.
ou modificados, parcial ou totalmente, quando
existam razões que possam pôr em causa a 4. A introdução, reintrodução ou o reforço de populações
segurança ou conservação. de espécies cinegéticas, carece do respectivo documento
técnico elaborado pelo Órgão de Gestão do Parque.
d) As duas cláusulas referentes à conservação
determinam os itinerários usados pelo serviço, Artigo 47º
as tarifas mínimas e máximas que os utentes
Actividades hidraúlicas e aproveitamento dos aquiferos
devem pagar aos guias do serviço, assim como
todas as restantes características da prestação Os beneficios hidráulicos no Parque Natural deverão
do serviço. ajustar-se às disposições que com carácter insular se
e) O serviço de guias deverá remeter um relatório estabeleçam em matéria hidrológica e ao programa
anual das suas actividades ao gestor do Parque. específico de aproveitamento que se determine pela
Administração competente na materia.
f) A Direcção do Parque poderá, em qualquer
momento, inspeccionar o serviço de guias para Artigo 48º
comprovar o seu correcto funcionamento. Actividades turisticas e recreativas
SECÇÃO IV
1. As actividades turístico-informativas que se
CRITÉRIOS PARA AS POLÍTICAS SECTORIAIS desenvolvam através de trilhos pedestres do Parque
carecem de autorização por parte do Órgão de Gestão
Artigo 45º
do Parque, o qual utilizará os seguintes critérios:
Actividades agro-pecuarias e florestais
a) A capacidade de carga da zona a visitar, a
1. A queima de restolhos unicamente será permitida estabelecer pelo Órgão de Gestão;
quando esteja sujeita às prescrições contidas na legislação
b) As possíveis circunstâncias ligadas à conservação
sectorial vigente sobre prevenção de incêndios.
da natureza podem motivar uma restrição
2. O Órgão de Gestão do Parque poderá limitar a do seu uso;
introdução de novas espécies de animais bem como de
novos rebanhos de espécies já existentes se vier a concluir c) A segurança dos visitantes;
que existe um desequilíbrio entre a produção de pastos e d) O facto destas actividades permitirem assegurar
forrageiras e o número de animais. O referido organismo o normal desenvolvimento do quotidiano do
deverá autorizar, neste caso, a tomada de medidas para meio natural, tanto em relação ao estilo de
o estabelecimento, melhoria e regeneração de pastagens. vida como em relação à actividade produtiva.
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2857

2. A realização de actividades de caracter turístico-recreativas 4. Junto do escritório do Parque será estabelecido


deverão sujeitar-se em todo momento às indicações dadas um arquivo com todas as publicações dos trabalhos
pelo Órgão de Gestão do Parque no sentido de se cumprir realizados no Parque, o qual servirá de consulta aos
os objectivos de conservação do Parque. investigadores, gestores e planificadores.
3. O Órgão de Gestão do Parque poderá suspender 5. Os investigadores assumem o compromisso de
temporariamente a autorização para certos percursos ou entregar relatórios preliminares durante a execução
trechos de trilhos ou pistas, quando for necessário por do estudo, quando tal for solicitado pelo Órgão de
motivos de segurança das pessoas ou de conservação Gestão do Parque.
dos valores naturais ou culturais do Parque, e por
incumprimento do estabelecido na autorização e normativa 6. Caso se prove ter havido violação das normas
aplicável. existentes, as autorizações de investigação poderão ser
suspensas, mediante notificação prévia da Direcção Geral
4. A solicitação de autorização a que se referem as do Ambiente.
alíneas anteriores deverá contemplar ao menos os
seguintes dados: percursos previstos, frequência e duração 7. Findas as investigações, o responsável do projecto
dos mesmos e número de utentes turísticos. compromete-se a entregar o relatório final do estudo ao
Órgão de Gestão do Parque. Do mesmo modo, o responsável
5. A prática de escalada de alto risco está proibida em
do projecto compromete-se a entregar uma cópia dos trabalhos
todo o âmbito do Parque Natural.
publicados ao Órgão do Gestão do Parque.
6. Os membros dos grupos que realizem percursos
colectivos deverão seguir em todo momento as 8. O Órgão de Gestão do Parque arbitrará medidas
indicações dadas pelo pessoal do Parque, a fim de cumprir tendentes a possibilitar o conhecimento e a análise dos
os objetivos de conservação dos mesmos (protecção das recursos naturais do Parque, com o objectivo de atingir
zonas de nidificação, prevenção de incêndios, etc.). uma melhor utilização e gestão dos mesmos.

7. O Órgão de Gestão do Parque poderá emitir uma SECÇÃO V


autorização para os grupos de montanha ou similares
que desenvolvam habitualmente suas actividades no NORMAS DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO
Parque, por uma duração máxima de um ano renovável,
Artigo 51º
mediante a entrega da memória de actividades a serem
realizadas no Parque e sempre que se tenha cumprido Normas para o Órgão de Gestão do Parque
as condições anteriormente apresentadas. A autorização
e os respectivos documentos de identificação serão 1. O organismo Gestor do Parque poderá estabelecer
exibidos cada vez que assim o requerer o pessoal convénios de colaboração com as diferentes câmaras
autorizado do Parque. municipais com competências no Parque e outros organismos
Artigo 49º
da administração pública afectados pelo espaço protegido,
como apoio aos seus trabalhos de gestão.
Actividades de restauração e plantação
2. Sem prejuízo do estabelecido no Decreto-Lei n.º
1. As plantações no interior do Parque com arbustos 3/2003, de 24 Fevereiro, sobre as suas funções, cabe ao
ou árvores deverão ser feitas de preferência com organismo de Gestão do Parque o seguinte:
espécies endémicas de Cabo Verde.
a) Garantir o cumprimento das disposições do
2. Dever-se-á proceder à eliminação progressiva das Plano Gestão e a aprovação dos programas
espécies exóticas invasoras, nomeadamente Lantana de actividades de “Uso Público e Informação”,
câmara, Furcrea foetida, sempre que estudos prévios “Conservação”, “Sócio-económica” , “Investigação”
assim o aconselharem. e “Monitorização;
Artigo 50º
b) Assegurar a dotação suficiente de meios para a
Actividades de investigação gestão do Parque, sobretudo no que concerne
aos meios materiais e humanos;
1. Qualquer investigação que implique o manuseamento
de recursos naturais ou a instalação fixa ou temporária c) Aprovar o orçamento anual do Parque e a sua
de infra-estrutura de apoio no âmbito do Parque liquidação;
deverá ser autorizada pelo Órgão de Gestão, com
notificação à Direcção Geral do Ambiente. d) Estabelecer relações com outras administrações
públicas e com organismos internacionais,
2. De forma a obter autorização para o efeito, promovendo apoios ou encomendas, e
os interessados deverão entregar previamente uma autorizando os convénios;
descrição onde se detalham os objectivos, materiais
disponíveis, metodologia, plano de trabalho, duração e e) Apresentar aos organismos competentes o
pessoal que participa no estudo. A memória descritiva “Relatório Anual de Actividades e Resultados”
deverá também indicar os meios de financiamento e as contas de cada rubrica;
dos estudos e o currículo do responsável do projecto.
f) Autorizar as actividades que se realizam no Parque,
3. No caso de projectos de investigação, prospecção, segundo as disposições do presente Plano;
escavação ou restauração arqueológica, estes deverão
ter ainda a respectiva aprovação por parte dos serviços g) Estabelecer critérios de actuação e dar directrizes
competentes em matéria de património arqueológico. à Direcção do Parque.
2858 I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015
Artigo 52º c) Um representante de outros departamentos
Normas para o Escritório do Parque
governamentais;

1. Para a gestão do Parque será criado um Escritório d) Um representante da Câmara Municipal;


específico, dotado de recursos humanos e materiais e) Um representante da comunidade local;
necessários para a prossecução dos seus objectivos.
f) Um representante das ONG, que se dedicam
2. A administração da área protegida nomeará um ao ambiente.
Director, que deve ser agente qualificado, para cada
área, o qual pode ter sob sua responsabilidade várias Artigo 54º
áreas protegidas. Autorizações e relatórios do Órgão de Gestão do Parque
3. O Escritório do Parque deverá localizar-se, 1. O Órgão de Gestão do Parque tem competências
preferencialmente, num local próximo do Parque. exclusivas para emitir aquelas autorizaçãoes que as
4. O Director deverá, num prazo máximo de 60 dias, presentes normas exigem, admissão na respectiva zona
após a sua nomeação, elaborar e submeter ao Órgão de alguns dos usos gerais ou específicos compatíveis. A
de Gestão do Parque uma proposta de composição e emissão da citada autorização deverá estar em sintonia
funcionamento do Escritório para aprovação. com a legislação sectorial vigente que o afectem e deverá
munir-se de pareceres dos diferentes sectores competentes
5. São funções gerais do Director: a gestão dos recursos, necessários segundo estabelecido pela legislação vigente.
a coordenação e a aplicação da normativa, bem como a
organização e coordenação das actividades ligadas ao uso 2. O Órgão de Gestão do Parque emitirá todos
público. Especificamente, compete ao Director: os pareceres determinados pela legislação vigente e
em qualquer caso, sempre que um sector ou serviço
a) Garantir o cumprimento das disposições do queira desenvolver as suas actividades dentro dos limites
Plano de Gestão, executar os programas da área do Parque Natural. O parecer será objectivo
de actividades e coordenar a gestão do Parque; e vinculativo. O referido parecer terá carácter de
b) Assumir a direcção e a coordenação do pessoal directrizes ou recomendação, no âmbito da zona de
técnico e administrativo do Parque, assim influência sócio-económica do Parque.
como prever dotações de serviços relativos Artigo 55º
aos meios materiais e humanos necessários
para a gestão do Parque; Convénios de gestão concertada

c) Elaborar o plano anual de actividades de acordo 1. O departamento governamental responsável pela


com as disposições do presente Plano; área do Ambiente, ou o organismo autónomo de áreas
protegidas, ou o Órgão de Gestão do Parque poderá
d) Promover a colaboração com os serviços estabelecer convénios para a gestão parcial ou global
desconcentrados do Estado, Câmaras de determinadas áreas do Parque com entidades locais,
Municipais, ONGs e privados, nos municípios associações comunitárias, organizações não governamentais
integrantes do Parque com vista à execução dos (ONG) interesadas em matéria do ambiente, entidades
programas e actividades previstas no Plano; internacionais ou programas de cooperação bilateral
e) Promover o desenvolvimento de projectos de ou multilateral.
interesse para o Parque, com recurso a 2. Os convénios referidos no número anterior são
financiamentos resultantes de parcerias com traduzidos em protocolos, revistos pelo menos em cada
outras entidades públicas ou privadas; três anos, e são tornados públicos.
f) Assegurar, por meios próprios ou através dos 3. Os resultados cientificos, conhecimentos e
serviços de protecção civil das Câmaras experiências derivadas dos convénios, ficam à disposição
Municipais, a protecção da floresta contra da administração das áreas protegidas e do Órgão de
incéndios florestais; Gestão do Parque.
g) A protecção, vigilância e controlo das actividades
4. Também poderão estabelecer-se convênios de gestão
que se realizem no Parque serão asseguradas
concertada com agentes privados, entidades de defesa
pelos agentes do ambiente recrutados para o
do território, empresas que desejem estabelecer funções
efeito, os quais velarão pelo cumprimento
de patrocínio e/ou mecenato, etc. com o objectivo de
das disposições do Plano.
captar recursos económicos para executar as acções dos
Artigo 53º programas de desenvolvimento do presente Plano, ou com
o objectivo de sensibilizar os diferentes agentes sócio-
Normas para o Conselho Assesor do Parque
económicos e permitir atingir os objectivos de protecção
1. O Conselho Assessor é um órgão de colaboração do Parque.
vinculado administrativamente ao departamento
CAPITULO III
governamental responsável pela área do ambiente, que
serve de espaço de debate, e actua apenas com funções INFRACÇÕES E REGIME SANCIONATÓRIO
de assessoria.
Artigo 56º
2. Deverá se será criado o Conselho Assessor, para o
Responsabilidade por infracção
Parque Natural com, pelo menos, a seguinte composição:
a) O representante do departamento governamental 1. As acções ou omissões que infrinjam o previsto
responsável pelo Ambiente e Agricultura na ilha; no presente Plano acarretam responsabilidades de
natureza administrativa, sem prejuizo da responsabilidade
b) O Director da área protegida da ilha; civil, ou de outra ordem, exigível, nos termos da lei.
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2859

2. Sem prejuizo das sanções administrativas ou de Artigo 58º


outra natureza aplicáveis em cada caso, o infractor
Sanções
deve reparar o dano causado.
3. A reparação referida no número anterior tem por 1. Ao abrigo do Decreto-Lei nº 3 / 2003, de 24 de
objetivo conseguir, na medida do possivel, a restauraçao do Fevereiro, as contra-ordenações referidas no artigo
meio natural ao seu estado anterior à produção do dano. anterior são punidas com as coimas seguintes:

4. Se não for possível a reparação, esta é substituída a) As contra-ordenações previstas nos pontos 1, 2
por uma indemnização do dano causado ao meio natural, e 7, são punidas com coima de 3.000$00 a
ou com prévia avaliação contraditória, quando aquele 250.000$00, e de 300.000$00 a 2.000.000$00,
não concorde com o montante da indemnização fixada. consoante o infractor seja Pessoa singular ou
uma Pessoa colectiva.
5. A responsabilidade civil por danos causados em
resultado da violação do disposto no presente diploma b) Nos restantes casos as contra-ordenações
é solidária. são punidas com coima de 3.000$00 a
6. De acordo com o ponto 6º do artigo 28 do Decreto- 300.000$00, e de 300.000$00 a 1.000.000$00,
Lei nº 3/2003, de 24 de Fevereiro, nas áreas protegidas, consoante o infractor seja uma Pessoa singular
a autoridade ambiental exerce as mesmas funções em ou uma Pessoa colectiva.
matéria de disciplina urbanística que as conferidas às 2. As contra-ordenações previstas no presente Plano
Câmaras Municipais nos artigos 107º e 108º das Bases prescrevem nos prazos gerais previstos no regime
do Ordenamento do Territorio Nacional e do Planeamento geral das contra-ordenações.
Urbanístico, aprovadas pela Lei nº 85/IV/93, de 16 de Julho.
3. As sanções pecuniárias por infracções previstas no
7. No caso referido no número anterior, a autoridade
presente Plano revertem para o Fundo do Ambiente.
ambiental deve comunicar a infracção à Câmara
Municipal para que a mesma actue, sem prejuizo de CAPÍTULO IV
a autoridade ambiental poder actuar se decorrido um
mês sobre a data da comunicação, a Câmara Municipal DIRECTIVAS E RECOMENDAÇÕES
não o fizer. DE GESTÃO
8. O pessoal técnico do departamento governamental SECÇÃO I
responsável pela área do Ambiente, os agentes do
corpo de guarda do Parque e demais agentes da DIRECTRIZES DE GESTÃO NO ÂMBITO DO PARQUE
autoridade devem levantar auto de noticia sempre
Artigo 59º
que presenciem a prática de factos que qualificados
na legislação vigente ou no presente Plano como Directrizes para a aplicação do Programa de uso público,
contra-ordenação e devem denunciar ou participar à sensibilização e informação
autoridade competente, quanto tomam conhecimento
dá prática de tais factos por outrem. As directrizes para a aplicação do Plano de Gesão
e para a elaboração do Programa de Actividades são:
Artigo 57º

Infracções
a) Sinalizar as principais estradas de acesso
ao Parque assim como na sua entrada, e
Sem prejuizo do disposto em legislação específica a sinalização dos limites do Parque e, onde
vigente, constituem contra-ordenações: necessário, da zonificação;
a) A modificação da realidade física e biológica das b) Assegurar a manutenção da estrada principal
zonas do Parque ou dos seus produtos próprios, no seu troço até a entrada do Parque.
mediante a sua ocupação, desbravamento, corte, Sinalizar as pistas e rotas dentro do Parque,
arranque, extracção de minerais, colecta de demarcando-as, se necessário, com pedras
productos naturais ou outras acções não laterais no seu percurso;
permitidas.
c) Sinalizar convenientemente as principais infra-
b) A lesão das condições ecológicas, mediante a
estruturas e as instalações dos serviços do
utilização de produtos químicos, substâncias
Parque, assim como os trilhos;
ou elementos biológicos, do fogo, ou vazamento
de residuos e escombros ou acções análogas. d) Sinalizar com letreiros cujo desenho deverá ser
c) O incumprimento das proibições previstas no uniforme, os lugares dos eventos no interior
presente Plano de Gestão ou nas normas do Parque;
de protecção. e) Sinalizar com placas informativas os pontos de
d) A realização de actividades sem a permissão ou interesse especiais;
autorização estabelecida pelo presente Plano
de Gestão. f) Desenvolver um programa de interpretação do
Parque apoiado nos serviços de guias, com o
e) A violação do estabelecido nas autorizações. objectivo de atingir o maior número possível
de residentes e visitantes, e de oferecer uma
f) A destruição ou alteração dos sinais ou limites
visão variada do Parque, de tal forma que
do Parque Natural.
esta englobe a amplitude da sua riqueza
g) A alteração dos valores naturais do Parque para biológica, ecológica, geológica, cultural, social
promover a sua descaracterização. e recreativa.
2860 I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015

g) Incentivar, a nível público, a criação de infra- b) Evitar o desaparecimento, inclusive natural,


estruturas básicas, a fim de atender às dos endemismos regionais, insulares ou
necessidades de uso público, estabelecendo o locais, que se encontram no Parque;
macro desenvolvimento de uma iniciativa privada;
c) Eliminar de forma progressiva as espécies
h) Estabelecer uma rede integrada de serviços de exóticas do Parque, dando prioridade às
uso público dentro do Parque; espécies invasoras ou potencialmente invasoras,
com excepção da fauna e flora doméstica e
i) Incorporação de um sistema de limpeza e gestão de não expansiva, associada com o Homem e as
resíduos nas zonas destinadas ao uso público; suas actividades nas zonas de uso tradicional
j) Promover a preparação de uma rede de trilhos ou especial;
interpretativos que permitam o acesso aos d) Assegurar a aplicação de programas de plantação
principais sistemas ecológicos e culturais do para recuperação da vegetação arbustiva nas
Parque; zonas fortemente degradadas;
k) Promover o produto “Parque Natural de Cova”
e) Adoptar medidas que criem condições necessárias
fora do Parque (marketing ao nível nacional
de apoio a processos naturais de regeneração
e internacional);
ecológica em determinadas áreas do Parque;
l) Promover e apoiar a produção de diferentes
f) Garantir a utilização de espécies indígenas para
materiais informativos, tais como cartazes,
as reflorestações dentro do Parque;
desdobráveis, folhetos informativos, filmes e
brochuras de informação, com utilização de espécies g) Executar programas de recuperação da paisagem
especialmente conhecidas (espécies - chave); nas áreas da extracção não autorizada de inertes
m) Promover iniciativas locais que conduzam no Parque;
ao estabelecimento de uma infra-estrutura h) Garantir a recolha de resíduos, acondicionamento
turístico-recreativa adequada aos fins do Parque; e o seu transporte para o destino final;
n) Coordenar as actividades educativas ao ar livre i) Estabelecer mecanismos e medidas de controlo e
que se realizam no Parque, com o objectivo seguimento de evolução dos processos erosivos;
de sensibilizar e contribuir para a apreciação
dos seus valores; j) Adopção e/ou manutenção de práticas agrícolas
conservadoras de solos e água;
o) Formação nos domínios de melhor aproveitamento
dos recursos, gestão e comercialização de k) Analisar o estado de conservação das bacias
produtos, gestão ambiental, gestão e uso de hidrográficas e determinar as intervenções
água, gestão de espaços naturais, energias necessárias a sua manutenção e restauração,
alternativas; tanto com estruturas mecânicas como biológicas;
p) Prestar especial atenção à população estudantil l) Analisar a possibilidade da criação de um museu
do Parque, garantindo a sua presença nos etnográfico, associado, preferencialmente, ao
programas de educação ambiental, assim como centro de visitantes do Parque;
aos habitantes do Parque em geral, com o
m) Estabelecer medidas de apoio a recuperação
fim de criar condições para o conhecimento
ou restauração dos elementos do património
e preservação da natureza e descoberta das
cultural e histórico-artístico, cujo estado de
suas potencialidades;
conservação assim o exige.
q) Promover a criação de campos de trabalho,
Artigo 61º
colaborando, desta forma, nos projectos de
conservação e restauração; Directrizes para a aplicação do Programa sócio-económico
r) Dar prioridade ao conhecimento dos recursos como As directrizes para a aplicação do Programa sócio-
instrumento fundamental para dirigir as propostas económico do Parque Natural são orientam-se no sentido de:
de gestão;
a) Propiciar a melhoria de habitações tradicionais
s) Elaborar um Catálogo de “Lugares de Interesse como alojamentos de turismo rural;
Natural” do Parque;
b) Apoiar a formação da população local em
t) Tomar medidas adequadas para garantir a segurança matéria de prestação de serviços no âmbito
aos utentes do Parque. do turismo e atendimento público, orientados
Artigo 60º pela oferta específica do Parque;

Directrizes para a aplicação do Programa de Conservação c) Promover a construção de cisternas comunitária


e familiares, bem como construção de
O programa de conservação fundamenta-se na gestão reservatórios para captação de água no quadro
dos recursos naturais do Parque. O seu objectivo da rega de compensação e do consumo animal;
básico é a conservação e regeneração dos ecossistemas
naturais. As directrizes para a aplicação do Plano e d) Recuperação das nascentes secas ou deterioradas pela
que deverão ser desenvolvidas no programa são: contaminação, quando técnica e economicamente
viáveis;
a) Assegurar a conservação das espécies indígenas
do Parque, com particular atenção para e) Melhoria do uso da água no sistema agrícola
as espécies endémicas e ameaçadas; e pecuário;
I SÉRIE — NO 83 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 22 DE DEZEMBRO DE 2015 2861

f) Promover a diversificação das espécies agrícolas b) Evolução dos processos erosivos e dos solos;
e fruteiras, em termos de variedades e
adaptabilidade às condições edafoclimáticas; c) Comportamento de espécies exóticas em relação
às autóctones, em termos de impactes;
g) Promover a comercialização dos produtos agro-
pecuários fora do Parque; d) Fauna vertebrada e invertebrada em termos de
estado de conservação das populações e ameaças;
h) Assegurar assistência técnica e fito-sanitária
aos agricultores; e) Comunidades vegetais, espécies de interesse
florístico e a necessidade da sua recuperação
i) Apoiar as Associações existentes na realização genética;
de acções de formação e capacitação nos
domínios da produção, colheita, transporte, f) Estudos e experimentação sobre a restauração
conservação e comercialização de produtos vegetal em zonas áridas e semi-áridas;
agropecuários; g) História, etnografia e antropologia do Parque;
j) Construção de currais, bebedouros e criação de h) Análise e acompanhamento de indicadores sócio-
zonas de pastagem nas zonas de altitude económicos do Parque.
intermédia, reduzindo-se, assim, a pressão na
zona alta do Parque; Artigo 63º

k) Sensibilizar os criadores e formá-los em técnicas Directrizes para a aplicação do Programa Monitorização


de recolha e conservação de pasto, bem como
na produção de pasto animal; 1. O programa de monitorização visa essencialmente
fazer o controlo do comportamento dos indicadores
l) Promover e apoiar a melhoria e introdução definidos no Plano, nomeadamente os ecológicos, sócio-
de métodos de produção de pasto, como económicos e culturais.
por exemplo a introdução de espécies de
pasto mais nutritivas nas zonas intermédias 2. Os resultados da monitorização permitirão avaliar
e da conservação de pasto, para garantir a se os objectivos do Plano estão a ser cumpridos ou não
alimentação do gado na época seca; e em que grau.

m) Apoiar no melhoramento genético da 3. O Órgão de Gestão elaborará anualmente um relatório


caprinicultura e bonivicultura local; sobre o seguimento e avaliação das actividades de gestão,
em especial dos projectos de restauração ecológica,
n) Incentivar a utilização de tecnologias limpas. controlo de espécies de fauna e flora exóticas, melhoria
das economias das famílias que vivem no interior e
o) Contribuir para a restauração de construções, zona de amortecimento do Parque.
com o objectivo de ajustar a sua arquitectura
com o seu envolvente natural e agrário do SECÇÃO II
Parque, mas especialmente aquelas de interesse
histórico-etnográfico; RECOMENDAÇÕES DE GESTÃO NO ÂMBITO DA ZONA
DE INFLUÊNCIA SOCIO-ECONOMICA DO PARQUE
p) Potenciar o artesanato, com particular enfoque
na sua qualidade e no seu desenho tradicional; Artigo 64º

q) Promover cursos de formação para a população Recomendações para usos e actividades localizadas na zona
do Parque, e especificamente aqueles de influência sócio-económica
relacionados com a produção, transformação
1. Os planos, programas e projectos executados na
e comercialização de produtos agro-pecuários
zona de influência sócio-económica devem, de acordo
e com prestação de serviços no âmbito do
com a legislação vigente, ser objectos de avaliação
turismo rural;
de impacte ambiental de modo a serem atenuadas
r) Garantir que os edifícios de qualquer lugar no os potenciais impactes negativos sobre o Parque.
Parque se ajustem às disposições do Plano
2. Em caso de haver alguma área protegida na
e às normativas urbanísticas vigentes;
zona de influência sócio-económica, aconselha-se que
s) Apoiar a recuperação de tipologias arquitectónicas para o seu ordenamento se adoptem critérios similares
tradicionais e a melhoria paisagística ou iguais aos aplicados no Parque.
daquelas construções que se integram de pior
Artigo 65º
forma na envolvente rural do Parque.
Recomendações para as construções e edificações situadas
Artigo 62º
na zona de influência sócio-económica
Directrizes para a aplicação do Programa de Investigação
Nos solos situados na zona de influência socio-
O programa de investigação visa essencialmente económica, e que são protegidos ou não por outros
acompanhar a evolução das funções ambientais e o instrumentos de planeamento, aconselha-se a adopção de
seu impacte nos ecossistemas e na população do Parque critérios ambientais que sejam compatíveis com os deste
Natural devendo incindir sobre: Plano, sobretudo naquelas áreas onde o desenvolvimento
de infra-estruturas ou equipamentos urbanos possam
a) Estudo do potencial medicinal e farmacêutico da interferir no equilíbrio dos processos ecológicos que
Flora do Parque; sustentam os recursos naturais e culturais do Parque.
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CAPÍTULO V 4. Exceptuam-se do disposto no número 1 os projectos


já aprovados pelas autoridades competentes à data da
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 66º
Artigo 70º
Adaptação do Planeamento urbanístico
Casos omissos
1. Uma vez aprovado definitivamente o presente Plano
de Gestão, no prazo de dois anos, os Planos Urbanísticos Naqueles aspectos não regulados por este Plano de
dos Municípios de Ribeira Grande, Paul e Porto Novo, Gestão e, nos âmbitos correspondentes, são aplicáveis
deverão adequar-se aos dispositvos do presente Plano. as determinações do Decreto-Lei nº 3/2003, de 24 de
Fevereiro, que aprova o regime jurídico dos espaços
2. Para o efeito, o planeamento urbanistico municipal naturais, as normas sectoriais e demais legislação
deverá acolher, nos seus planos de ordenamento, o âmbito ambiental vigentes em Cabo Verde e as determinações
espacial do Parque e sua zona de influência económico-social. do Planeamento urbanístico vigente nos municípios de
Ribeira Grande, Paul e Porto Novo e outras disposições
3. Igualmente, as normas dos planos urbanísticos aplicáveis em razão de matéria.
deverão estabelecer que nos âmbitos correspondentes às
zonas básicas e zonas complementares delimitadas pelo Os Ministros do Ambiente, Habitação e Ordenamento
presente Plano, são da aplicação directa e exclusiva do Território, do Desenvolvimento Rural e do Turismo,
as normas deste Plano de Gestão. Investimentos e Desenvolvimento Empresarial, Emanuel
Antero Garcia da Veiga - Eva Verona Teixeira Ortet -
Artigo 67º
Leonesa Maria do Nascimento Lima Fortes.
Usos e activitades desconformes
––––––
Os usos e as actividades desconformes com a ordenação
estabelecida no presente Plano de Gestão podem continuar Portaria n.º 73/2015
a desenvolver-se nas condições actuais, sem prejuízo da de 22 de dezembro
aplicação destas normas logo que seja oportuno para
garantir o cumprimento dos objectivos do Plano de Cabo Verde, enquanto país pequeno, insular e arquipelágico,
Gestão. Contudo, em nenhum caso se poderá aumentar agravado pelas suas vulnerabilidades económica e ambiental,
a intensidade do uso de actividades desconformes. exige estratégias adequadas de gestão dos seus recursos
Artigo 68º
naturais. É nesta linha de preocupações que Cabo Verde
ratificou a Convenção sobre a Diversidade Biológica em
Edificações e instalações desconformes 1995 e em 1999 elaborou a Estratégia Nacional e Plano
de Acção sobre a Biodiversidade.
Nos edifícios, construções e instalações desconformes
com a ordenação estabelecida por este Plano de Gestão Em 2003, foi publicado o Decreto-Lei nº 3/2003, de 24
ou do Plano Especial Urbanístico que o desenvolve, só de Fevereiro, sobre o regime jurídico de espaços naturais,
serão admitidas obras de manutenção estrita, e aquelas que cria 47 áreas protegidas, com 6 categorias: Parque
obras destinadas a seu desmantelamento ou à reforma Nacional, Parque Natural, Reservas Naturais, Paisagem
para diminuir seu impacte paisagístico, ecológico ou Protegida, Monumento Natural e Sítios de Interesse
ambiental negativo. Estas obras de reforma não podem Científico. A criação de uma Rede Nacional de Áreas
significar, em nenhum caso, aumento do volume edificado. Protegidas, através do Decreto-Lei 3/2003, de 24 de
Fevereiro, constituiu o instrumento político fundamental
Artigo 69º no que respeita à preservação de paisagens naturais,
Processos urbanizadores ilegais conservação e manutenção de recursos e processos naturais,
conservação de espécies e habitats, sendo fonte geradora
1. Os terrenos compreendidos no âmbito do Plano de de desenvolvimento equilibrado, que reduza pobreza e
Gestão os quais existem à data da sua entrada em melhore a qualidade de vida das populações residentes,
vigor, parcelamentos, edificações, instalações ou processos utilizadoras ou adjacentes às Áreas Protegidas.
urbanísticos ilegais, contrários ao Plano e que não sejam
legalizáveis de acordo com a ordenação e regulação Com a protecção legal desses espaços naturais, garantida
estabelecida nesta normativa, poderão ser objecto de pelo Decreto-Lei nº 3/2003, impõe-se a necessidade de serem
expropriação, declarando-se para tal efeito a sua utilidade elaborados os respectivos instrumentos de gestão, que são
pública e interesse social, entendendo-se produzida a fundamentais para uma gestão dos recursos naturais e
declaração de necessidade de ocupação. culturais de acordo com os princípios de desenvolvimento
sustentável.
2. Poderá aceitar-se a cedência gratuita destes terrenos
e reconhecer a quem ceda o direito de superfície, integrado O Decreto-Lei nº 3/2003, determina os diferentes
pela edificação existente, por um prazo que no exceda regimes e figuras de proteção, criando os princípios e os
os vinte cinco anos. A cedência e o reconhecimento de instrumentos de gestão territorial, que deverão conter
direito de superfície deverão formalizar-se em escritura as medidas necessárias à garantia de conservação da
pública que se inscreverá no Registo de Propriedade. biodiversidade, da geodiversidade e a necessidade de
compatibilizar os diferentes interesses em presença com a
3. Esta possibilidade de expropriação se entende sem proteção de valores culturais e estéticos e a satisfação das
prejuízo da aplicação das medidas de disciplina urbanística necessidades e anseios das populações locais e visitantes.
derivadas do carácter de infracção que possa ter
qualquer actividade, uso ou construção que não cumpra Os Planos de Gestão e de Ecoturismo constituem dois
as condições, licença ou autorização, ou seja contrária às destes instrumentos de gestão territorial. No caso do Plano
determinações do presente Plano de Gestão. de Ecoturismo, o mesmo foi concebido para o desenvolvimento

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