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» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

Siglas e abreviaturas Os Cetáceos representam uma parte muito valiosa do


património natural mundial do ponto de vista da biodi-
AMPs Áreas Marinhas protegidas versidade. Contudo, hoje os cetáceos enfrentam ameaças
BO Boletim Oficial advindas principalmente da acção humana, provocando a
degradação do ambiente marinho, através de descargas
C & CCs Corais & Comunidades Coralinas
de esgotos, compostos orgânicos sintéticos, lixo, metais
CDB Convenção da Diversidade Biológica tóxicos, petróleo e outros que são responsáveis por 70%
CITES Convenção sobre o Comércio Internacio- das ameaças. Os restantes 30% ficam por conta do trá-
nal de Espécies Ameaçadas de Fauna e fego marítimo, pelas capturas acidentais e por encalhes
Flora Silvestres (Hetzel e Lodi, 1993). Os Cetáceos têm sido objeto de
DECM Departamento de Engenharias e Ciên- pesca ao longo dos séculos, não só pela carne e gordura,
cias do Mar mas também pelas barbas de baleia e pelo espermacete
DGA Direção Geral do Ambiente e âmbar cinzento dos cachalotes. Realça-se ainda as
DGP Direção Geral das Pescas perturbações associadas à poluição sonora a que esse
ENPA-DB Estratégia Nacional e Plano de Ação grupo biológico é submetido, com impacto directo na sua
sobre a Biodiversidade condição física.
GCRMN Global Coral Reef Monitoring Network
Uma vez que, os Cetáceos correspondem a espécies
ICRI International Coral Reef Initiative migratórias, esforços de conservação devem ser empre-
INDP Instituto Nacional de Desenvolvimento endidos por todos os países que se encontram na sua
das Pescas rota migratória.
IUCN International Union for the Conserva-
tion of Nature and Natural Resources A Convenção sobre Espécies Migratórias de que Cabo
MARPOL Convenção Internacional para a Preven- Verde é parte, no âmbito do Memorando de Entendimento
ção da Poluição por Navios sobre a Conservação de Cetáceos exige que os países
OAAP’s Organização Autónoma das Áreas Pro- elaborem planos de acção para este grupo biológico. De
tegidas resto, a Convenção sobre a Diversidade Biológica, no
ONG Organização Não-Governamental seu artigo 6.º emana que, os países signatários devem
elaborar planos de conservação de espécies importantes
ONU Organização das Nações Unidas
e em vias de extinção.
PANA I Primeiro Plano de Ação Nacional para
o Ambiente O Plano Nacional de Conservação de Cetáceos é um
PANA II Segundo Plano de Ação Nacional para importante instrumento para a implementação das
o Ambiente políticas de conservação de espécies identificadas como
PdGC Plano de Gestão de Corais ameaçadas neste grupo biológico, tendo como finalidade
PND Plano Nacional de Desenvolvimento definir as bases, normas e regulamentos para reduzir
SWOT Análise de senários para o planeamento os efeitos negativos da actividade antrópica e ampliar
estratégico: Strengths (Forças), We- o conhecimento sobre todas as espécies de cetáceos que
aknesses (Fraquezas), Opportunities ocorrem nas águas de Cabo Verde, e os seus habitats,
(Oportunidades) e Threats (Ameaças). nos próximos 5 anos.
TdR Termos de Referência
Assim:
Uni-CV Universidade de Cabo Verde
UNCLOS Convenção das Nações Unidas sobre o Nos termos do n.º 2 do artigo 265.º da Constituição, o
Direito do Mar
Governo aprova a seguinte Resolução:
UNESCO Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura Artigo 1.º
WWF Organização Internacional de Conser-
vação da Natureza Objecto

–––––– É aprovado o Plano Nacional de Conservação de


Cetáceos que se publica em anexo a presente Resolução, da
Resolução nº 50/2015 qual faz parte integrante.
de 11 de Junho Artigo 2.º

A conservação do ambiente constitui um dos principais Entrada em vigor


desafios do mundo actual. O impacto do desenvolvimento
económico e demográfico tem sido um dos factores para a A presente Resolução entra vigor no dia seguinte ao da
degradação dos ecossistemas. Assim torna-se necessário sua publicação.
e urgente adoptar políticas e estratégias sectoriais que
garantam, por um lado, um equilíbrio entre as acções Aprovado em Conselho de Ministros de 8 de
do homem e o ambiente e, por outro lado, atenuar os janeiro de 2015.
impactos provocados pelas acções naturais, primando
assim para a sustentabilidade do planeta. O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.
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PLANO DE CONSERVAÇÃO DE CETÁCEOS Os Cetáceos são mamíferos aquáticos, e tal como tal,
2014 são endotérmicos (“sangue quente”) e respiram ar at-
mosférico através de pulmões, tendo a necessidade, em
Resumo intervalos regulares, de emergir para realizar as trocas
gasosas na superfície. Possuem formas e tamanhos diver-
O Plano Nacional de Conservação de Cetáceos tem
sos, desde de dimensões de um pouco mais de metro até
como objetivo geral conservar as espécies e os seus ha-
cerca de 25/30 metros de comprimento. São geralmente
bitats, reduzir os efeitos negativos antropológicos e am-
migratórios e distribuem-se por todos os oceanos e pela
pliar o conhecimento sobre todas as espécies de cetáceos
maioria dos grandes rios de todo o mundo, desde águas
encontrados em Cabo Verde.
quentes do equador até às águas frias dos pólos.
O documento destaca a importância que têm estas
Quanto à taxonomia, este grupo inclui animais verte-
espécies emblemáticas enquanto património natural
brados pertencentes à Ordem Cetácea, que se divide em
mundial e indicadoras de saúde dos oceanos.
duas subordens:
Descreve-se brevemente as espécies de cetáceos iden- — Mysticeti (“baleias com barbas”), corresponde a
tificadas até o momento, em Cabo Verde, que abrangem baleias sem dentes, caracterizadas por possuir
24 espécies: 5 espécies com cerdas, os Misticetos, e 19 cerdas bucais, constituídas por queratina
espécies com dentes, os Odontocetos, incluindo 3 espécies e localizadas na parte superior da boca. As
de baleias de bico. baleias utilizam estas estruturas para filtrar
o seu alimento, composto essencialmente por
Igualmente, dentro do possível, apresenta-se o estado
pequenos organismos como krill, copépodes e
e a distribuição das espécies, as áreas importantes e
pequenos peixes. Compreendem as maiores
habitats críticos, o interesse científico, destacando que a
espécies de animais do mundo.
baleia-de-bossa ou baleia preta é o cetáceo mais estudado
em Cabo Verde. — Odontoceti (“baleias com dentes” ), corresponde
a baleias com dentes, que se alimentam
Faz-se uma breve referência aos principais fatores
essencialmente de peixes e lulas. Uma
que ameaçam a sobrevivência das espécies de cetáceos
característica deste grupo é a de localizar a
que devido à sua ampla distribuição, algumas poderão
suas presas através da ecolocalização. São
estar sujeitas a diferentes pressões antrópicas e vulne-
organismos de dimensões menores do que a
rabilidades ambientais. Em Cabo Verde, a degradação
subordem anterior.
do habitat, em consequência das construções de portos
e empreendimentos turísticos, é considerada uma das Segundo a Comissão Baleeira Internacional (CBI), são
principais ameaças aos adultos e suas crias, assim como, reconhecidas em todo o mundo 86 espécies de cetáceos.
as observações turísticas não regulamentadas, o aumento Entretanto, a “Society for Marine Mammology” publi-
do tráfego de embarcações, o risco de colisão e poluição cou recentemente (Outubro de 2014), no seu site, uma
marinha (química e sonora), nas zonas de reprodução. lista actualizada com 90 espécies de cetáceos (baleias,
golfinhos e botos). Inclui 14 espécies de Misticetos e 76
O Plano estabelece 4 objetivos específicos com suas Odontocetos, entre os quais há 22 espécies de baleias de
respetivas estratégias, tais como: definir as bases, nor- bico (Ziphiidae), 38 espécies de golfinhos (Delphinidae)
mas e regulamentos para a conservação das espécies de e 7 espécies de botos (Phocoenidae).
cetáceos encontrados em Cabo Verde; criar um programa
de investigação a médio/longo prazo para capitalizar a Os misticetos são agrupados em 4 famílias: Balaeni-
informação científica, de modo a minimizar potenciais dae (verdadeiras-baleias), Balaenopteridae (rorquais),
ameaças; criar um programa monitorização das espé- Neobalaenidae (baleia-franca-pigméia) e Escherichtiidae
cies e criar um programa de divulgação e sensibilização, (baleias cinzentas). Os odontocetos abrangem os cacha-
educação ambiental contínua. lotes, as “baleias-de-bico”, os golfinhos e botos (Wynne,
K. & Schwartz, M., 1999).
1. Introdução
2. Metodologia
Cetáceos, em latim cetus, significa “grande animal
marinho” e, em grego ketos, “monstro marinho”, descen- O plano nacional de conservação de cetáceos está es-
dem de mamíferos terrestres, provavelmente da ordem truturado da seguinte forma:
Artiodactyla. Os primeiros animais realmente parecidos ● Uma primeira parte onde é feito o enquadramento
com baleias, chamados de arqueocetes, apareceram há e apresentado o panorama da conservação
cerca de 50 milhões de anos. Não foram os antepassados das espécies encontradas em Cabo Verde, com
diretos dos cetáceos modernos, todavia, provavelmente informações gerais sobre distribuição, áreas
eram muito semelhantes. Havia espécies diferentes importantes e habitats críticos, o interesse
cujas dimensões variavam entre cerca de 2m e 21m e científico, ameaças, entre outros.
crê-se que tenham vivido em regiões costeiras e mares
pouco profundos. O corpo tinha a forma de um torpedo ● Com base nestas informações foi elaborado o
e os membros anteriores transformaram-se em remos. Plano de Conservação propriamente dito
Estes desapareceram há cerca de 30 milhões de anos onde são estabelecidas objectivos e ações
(Carwardine, 1995). operacionais de conservação.
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Para elaboração do plano, seguiu-se essencialmente Equatorial (NECC), que afetam a circulação superficial
uma metodologia qualitativa, baseando-se fundamen- até 200m de profundidade. A fronteira entre as duas
talmente na análise de fontes primárias e secundárias. correntes pode estabelecer-se ao nível das ilhas durante
Optou-se pela metodologia qualitativa, pelo facto desta, determinados períodos do ano, influenciando o regime
mostrar-se mais conveniente no momento de analisar e térmico no arquipélago.
compreender questões de procedimento humanos perante
aspetos ambientais. A metodologia utlizada está estru- O comportamento estacional da circulação oceânica
turada em quatro fases: superficial no nordeste do Atlântico Tropical, é resposta
da dinâmica estacional dos ventos na zona e da deslocação
● Levantamento bibliográfico sobre a problemática meridional da Zona de Convergência Intertropical – ZCIT
de conservação e proteção de recursos (Fernandes et al., 2004).
marinhos em particular para as espécies
de cetáceos. Privilegiou-se a pesquisa de A temperatura média do mar varia entre 22ºC e 27ºC
documentos, estudos, relatórios, entre outras entre as estações frias e quentes, respetivamente. A dis-
informações existentes sobre os processos de tribuição das temperaturas é caracterizada por uma forte
conservação e proteção de espécies de cetáceos estratificação nos primeiros 100m, sendo que na camada
em Cabo Verde. de mistura (entre 25 e 40m), a temperatura é de 25ºC.
A partir desta camada, estabelece-se uma termoclina,
● Seleção dos sítios de pesquisa: as comunidades com um gradiente térmico de cerca de 0,1ºC/m numa
piscatórias, as instituições, as ONGs, as extensão vertical até 100m. Na base da termoclina, a
associações e as pessoas individuais que temperatura baixa para valores próximos de 15 a 16ºC.
constituíram as fontes primárias para a Seguidamente, a partir de 100-150m, o gradiente diminui
recolha de informações sobre o assunto consideravelmente e a temperatura atinge 10ºC a 500m
em estudo. Portanto, não se seguiu uma e 6ºC a 1.000m.
seleção estatística, mas sim, optou-se pela
amostra teórica de acordo com a metodologia As principais regiões de upwelling situam-se nas regiões
selecionada. orientais dos oceanos. Estes afloramentos favorecem a
atividade biológica das zonas e a produção da matéria
● Recolha de dados/informação in loco. Com base viva, trazendo à zona eufótica, águas ricas em nutrientes.
nas informações das fases I e II, adoptou- De salientar, que alguns estudos de oceanografia dinâ-
se a técnica de entrevistas (Anexo XI), mica têm demostrado que os afloramentos das águas da
aplicada de acordo com o público – alvo. Mauritânia, atingem a ZEE de Cabo Verde na sua parte
Assim sendo, foram elaborados guiões de mais oriental (SEPA, 1999).
entrevista semiestruturadas (Anexo X e XI),
cuja essência foi recolher o maior número Em comparação com os outros países vizinhos da região,
de dados/informação possível referente às Cabo Verde possui uma plataforma continental estreita e
espécies cetáceos. muito acidentada, estimada em 5.394 km2. A superfície da
plataforma, até à profundidade de 200m é cerca de 66%
● Tratamento e análise dos dados recolhidos. Para dessa área, encontrando-se ali a maioria da biomassa ma-
que os dados ficassem mais percetíveis e fáceis rinha de Cabo Verde (Bravo de Laguna, 1985).
de trabalhar, optou-se pela técnica de análise
de conteúdo das entrevistas realizadas, por Cabo Verde possui alguma diversidade biológica,
forma a extrair o máximo de informações. apesar da sua biomassa ser reduzida. Isto porque a di-
Ainda processou-se a comparação dos mensão, a descontinuidade do território, o isolamento,
dados recolhidos e observados e, por fim, a os regimes climáticos e oceanográficos, entre outros fac-
interpretação e redação dos resultados. tores, determinaram a biodiversidade existente. Nesse
sentido, estes parâmetros irão igualmente influenciar a
3. Enquadramento e panorama nacional ocorrência e distribuição temporal/espacial das espécies
de cetáceos no arquipélago.
3.1. Caracterização física e oceanográfica de Cabo Verde
3.2 Espécies identificadas em Cabo Verde
O arquipélago de Cabo Verde situa-se entre os para-
lelos 14º 50’ N e 17º 20’ N e os meridianos 22º 40’ W e As águas profundas das ilhas ocidentais e do centro
25º 30’ W, a cerca de 450 km da costa ocidental africana. do arquipélago oferecem um habitat ideal para espécies
É constituído por 10 ilhas e 13 ilhéus, ocupando uma que mergulham nas profundidades do oceano onde se
superfície total de 4.033 km2, com cerca de 2.000 km de alimentam principalmente de cefalópodes, destacando
linha de costa (Reiner, 1996), uma extensão da platafor- o cachalote (Physeter macrocephalus), a baleia piloto de
ma insular de 5.394 Km2 e uma ZEE de 734.265 km2. barbatana curta (Globicephala macrorhynchus) e o gol-
finho cabeça de melão (Peponocephala electra) (Reiner et
Está inserida na Província eco-bio-geográfica NATR al. 1996, Hazevoet and Wenzel 2000, Moore et al. 2003,
(North Atlantic Tropical Gyral Province). Encontra-se Hazevoet et al. 2010).
banhada pela corrente fria de Canarias que constitui o
braço este do Giro Subtropical do Atlântico Norte (NATG) Até agora, em Cabo Verde já foram descritas três
e sob a influência das variações sazonais da Corrente espécies de baleias bicudas: baleia bicuda de Cuvier
Norte Equatorial (NEC) e da Contra Corrente Norte (zifio), Ziphius cavirostris (Hazevoet et al. 2010), baleia
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bicuda de Blainville, Mesoplodon densirostris (Wenzel & O estudo dos cetáceos em Cabo Verde é ainda uma
López-Suárez 2013), baleia bicuda de Gervais, Mesoplo- área de investigação pouco desenvolvida, no entanto, é
don europaeus (Hazevoet et al. 2010, Koenen et al. 2013) importante ressalvar que, a diversidade de espécies de
Entre os golfinhos pelágicos destacam-se o golfinho cetáceos encontrados em Cabo Verde é similar à que existe
manchado atlântico, Stenella frontalis, o golfinho man- nos outros arquipélagos da Macaronésia: 30 espécies
chado pantropical, Stenella atenuatta e o golfinho de descritas nas Canarias, 28 na Madeira e 27 nos Açores.
dentes rugosos, Steno bredanensis (Perrin 1987, Reiner
et al. 1996, Hazevoet & Wenzel 2000, Berrow 2003 & Através de campanhas de observação dirigidas aos
2006, Hazevoet et al. 2010). cetáceos, dos arrojamentos e ainda de citações feitas
na literatura, no total, já foram identificadas em Cabo
Entretanto, mais quatro das espécies de cetáceos foram Verde 24 espécies de cetáceos. As espécies identificadas
descritas em Cabo Verde por terem estado envolvidas em
abrangem 5 espécies com cerdas, os Misticetos, e 19 espé-
fenómenos de arrojamentos acontecidos na Boa Vista:
a baleia anã, Balaenoptera acutorostrata, o cachalote cies com dentes, os Odontocetos, incluindo 3 espécies de
anão, Kogia sima, a falsa orca, Pseudorca crassidens baleias de bico. A tabela 1 mostra uma lista sistemática
(Hazevoet et al. 2010) e a orca pigmea, Feresa atenuatta das 24 espécies identificadas em Cabo Verde até à data,
(López-Suárez et al. 2012). que equivale a, aproximadamente 27% das espécies
descritas em todo o mundo. Destas espécies listadas, 9
Destaca-se ainda a presença da baleia-de-bossa ou
estão protegidas pelo Decreto-regulamentar nº 7/ 2002,
baleia preta, Megaptera novaeangliae, que corresponde
à espécie mais estudada no país (adiante referenciada mas o estado de conservação a nível nacional é totalmente
com maior detalhe). desconhecido.
Tabela 1: Lista das espécies de cetáceos identificados em Cabo Verde. Estado de conservação a nível
mundial e proteção nacional (PN) Decreto-regulamentar nº 7/ 2002.

Ordem Cetacea
MISTICETOS
FAMÍLIA BALAENOPTERIDAE Estado de conservação PN
Espécies Nome vulgar IUCN CITES CMS
Baleia-de-bossa /ou
1 Megaptera novaeangliae Baixa preocupação Anexo I Anexo I x
baleia preta
2 Balaenoptera acutorostrata Baleia anã Baixa preocupação Anexo I
3 Balaenoptera Brydei Baleia de Braide Dados insuficientes Anexo I
4 Balaenoptera musculus Baleia azul Em perigo Anexo I Anexo I x
5 Balaenoptera physalus Baleia Comum Em perigo Anexo I Anexo I e II
ODONTOCETOS
FAMÍLIA DELPHINIDAE Estado de conservação PN
Espécies Nome vulgar IUCN CITES CMS
Anexo I1
1 Delphinus delphis Golfinho comum Baixa preocupação x
Anexo II2
2 Feresa attenuata Orca pigmeia Dados insuficientes Anexo I
Globicephala macro-
3 Baleia piloto Dados insuficientes Sem estatuto especial x
rhynchus
4 Grampus griseus Golfinho cizento Baixa preocupação
5 Lagenodelphis hosei Golfinho fraser Baixa preocupação
6 Orcinus orca Orca Dados insuficientes Anexo II Anexo II x
7 Peponocephala electra Cabeça de Melão Baixa preocupação Anexo II
8 Pseudorca crassidens Falsa orca Dados insuficientes Anexo II
9 Stenella attenuata Golfinho pantropical Baixa preocupação Anexo II Anexo II3 x
10 Stenella coeruleoalba Golfinho Riscado Baixa preocupação Anexo II Anexo II4
11 Stenella frontalis Golfinho manchado Dados insuficientes Anexo II x
Golfinho de rostro
12 Stenella longirostris Dados insuficientes Anexo II3
comprido
Golfinho-de-dentes-
13 Steno bredanensis Baixa preocupação Sem estatuto especial
rugosos
Anexo I
14 Tursiops truncatus Golfinho corvineiro Baixa preocupação Anexo I x
Anexo II5
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Família KOGIIDAE Estado de conservação PN


Espécies Nome vulgar IUCN CITES CMS
15 Kogia sima Cachalote anão Dados insuficientes Anexo II Anexo II
Família PHYSETERIDAE Estado de conservação PN
Espécies Nome vulgar IUCN CITES CMS
Anexo I
16 Physeter macrocephalus Cachalote Vulnerável Anexo I
Anexo II
Família ZYPHIIDAE Estado de conservação PN
Espécies Nome vulgar IUCN CITES CMS
17 Mesoplodon densirostris Baleia de bico Dados insuficientes Anexo II
18 Mesoplodon europaeus Baleia de bico Dados insuficientes Anexo II
19 Ziphius cavirostris Zifio Baixa preocupação Anexo II X
1
Apenas as populações do Mediterrâneo
2
Populações do Mar do Norte e Báltico
3
População do Pacífico
4
Populações do Pacífico e Mediterrâneo
5
Populações do Mar do Norte, do Báltico, do Mediterrâneo e do Mar Negro

3.2.1 Megaptera novaeangliae realizadas (PROJECTO HYDROCARPO 2003 & 2005;


IWDG 2003, 2006, 2011, 2012 & 2014, e outras), assim
Os primeiros estudos sobre as baleias pretas ou de como dos fenómenos de arrojamento, tem permitido iden-
bossa em Cabo Verde, tiveram lugar a finais dos anos tificar de forma preliminar algumas das espécies mais
70 e princípios dos 80. W.W. Steiner realizou a primeira abundantes e representativas do arquipélago.
gravação do canto da baleia-de-bossa ou preta no arqui-
pélago, na ilha de Sal (Winn et al. 1981). Posteriormente, Relativamente à baleia-de-bossas, os resultados ge-
em 1984, Pieter Lagendijk visitou Cabo Verde e realizou néticos e da estimativa populacional, a partir dos dados
uma série de inquéritos entre as comunidades piscató- de foto-identificação, confirmam que o stock do Atlântico
rias (Lagendijk 1984) para recolher dados sobre esta Norte das baleias-de-bossa em Cabo Verde pode ser
população de baleias ainda pouco conhecida. Mas foi na considerado uma população ameaçada devido ao seu
década dos 90 do século passado, que Frederick Wenzel isolamento e pequena dimensão, provavelmente inferior
(NOAA-USA) e Beatrice Jann (Swiss Whale Society), em a 300 indivíduos (Bérubé et al. 2013, Ryan et al. 2014).
parceira com o INDP, iniciaram os trabalhos de investi-
gação nas ilhas, sobre esta espécie que tem continuado Esta população da baleia-de-bossa (ou baleia preta)
até o presente, com a incorporação de outros grupos de aparece nas águas costeiras do arquipélago, principal-
investigação (ex. Irish Whale and Dolfin Groups IWDG, mente entre Fevereiro e finais de Maio (Ryan et al. 2014).
Bios.cv e FMB). As ilhas orientais têm sido consideradas como as principais
áreas de distribuição da baleia-de-bossa no arquipélago
A espécie Megaptera novaeangliae realiza longas mi- (Jann and Wenzel 2001; Jann et al., 2002; Wenzel et al.,
grações anuais entre as suas áreas estivais de alimen- 2004; Wenzel et al., 2005, Berrow 2003, 2006).
tação, nas latitudes altas, e as suas zonas invernais de
reprodução (acasalamento, parto e cuidado das crias), Não existem dados conclusivos sobre a fenologia da
nas latitudes tropicais e subtropicais (Mackintosh 1942, população da baleia-de-bossa do hemisfério sul que visita
Dawbin 1966). Cabo Verde durante a segunda metade do ano. Dados
preliminares indicam que poderia haver um potencial
As Índias Ocidentais constituem a principal área encontro entre baleias dos hemisférios norte e sul nas
de reprodução da baleia-de-bossa (ou baleia preta) no águas do arquipélago (Hazevoet et al. 2011), o que faz
Atlântico Norte (Stevick et al. 2003, Punt et al. 2006, de Cabo Verde como o único lugar conhecido no Atlân-
Wenzel et al. 2009). Cabo Verde representa o único lugar tico onde baleias-de-bossa de diferentes hemisférios
conhecido de reprodução da baleia-de-bossa no Atlântico poderiam entrar em contato (IWDG 2014 em prep.). A
Norte Oriental (Wenzel et al. 2009). população de baleia-de-bossa do hemisfério sul pertence
a um outro stock. A principal área de reprodução deste
3.3 Abundância e Distribuição temporal/ espa- stock encontra-se no Golfo de Guiné (Elwen et al. 2014,
cial dos cetáceos Rosembaum et al. 2014).
Para identificar as espécies mais frequentes ou abun- A costa oeste de Boa Vista tem sido identificada como
dantes e a sua distribuição, é necessário realizar-se uma um habitat crítico para a reprodução da espécie (Ryan
análise qualitativa e quantitativa dos dados de observa- et al. 2013a)
ção e dos arrojamentos de cetáceos.
3.3.1 Áreas importantes e habitats críticos
Exceto para o stock da baleia-de-bossa do Atlântico
Norte, não tem sido realizados estudos sobre a abun- Não têm sido realizados estudos sistemáticos periódicos e
dância e distribuição dos cetáceos em Cabo Verde. Não pormenorizados para identificar zonas prioritárias para
entanto, dados disponíveis das campanhas de observação os cetáceos em Cabo Verde. Aliás, o percurso das poucas
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campanhas de observação de cetáceos, realizadas nas Os restos mortais dos cetáceos fornecem importantes
águas de Cabo Verde, têm compreendido principalmente fontes alimentares para decompositores, tanto bentóni-
as costas sul e oeste das ilhas, a fim de evitar as condi- cos como terrestres (através dos arrojamentos). Vários
ções marítimas adversas (mar e ventos fortes nas costas outros organismos, tais como aves marinhas e algumas
norte e leste). Mesmo assim, existem algumas áreas que espécies de peixes, igualmente beneficiam de associações
se destacam a priori, pela relativa frequência de obser- de cetáceos, para a sua alimentação.
vações de diversas espécies (anónimo 2006, IWDG 2014
em prep.), nomeadamente: Algumas espécies de cetáceos também têm sido apon-
tadas como bioindicadoras da qualidade de ambientes
● Costa sul de São Vicente, Santa Luzia, Ilhéus aquáticos.
Branco e Raso, assim como os canais entre
estas ilhas (zona de observação de espécies 3.4.2 Socioeconómica
oceânicas de golfinhos);
Os cetáceos têm sido objeto de pesca o longo dos séculos,
● Costa sul de São Nicolau (aparentemente um
pela carne, gordura, as barbas, entre outros produtos.
hotspot para espécies que mergulham a
Esta atividade foi de capital importância não só pela
grandes profundidades como as baleias piloto
vertente económica mas também social. Os rendimentos
e as baleias bicudas, assim como para espécies
gerados pela venda dos produtos eram consideráveis pois
de golfinhos pelágicos);
a carne em muitos países era utilizada para alimentar os
● Costa oeste e sudoeste da Boa Vista, principalmente escravos, o óleo era um produto de exportação juntamente
a Baía de Sal-Rei e as águas costeiras de Santa com as barbatanas que eram matérias-primas para a
Mónica e Lacacão, consideradas como um confeção de guarda-chuvas, cachimbos, estojos, benga-
habitat crítico para a baleia-de-bossa ou baleia las, chicotes, escovas, entre outros. Também os ossos de
preta (Ryan et al. 2013a); baleia serviam para fazer pentes, caixinhas, botões, etc.
● Costa oeste e sul de Maio, importante para a
Cabo Verde possuía uma longa tradição de pesca de
baleia-de-bossa e também para espécies
baleias, onde relatos indicam que, desde do século XVI,
oceânicas de golfinhos;
existia a comercialização de produtos de baleias. O ar-
● Costa oeste e sul de Santiago, onde se encontram quipélago foi uma zona relativamente importante para
espécies de mergulho profundo como as baleias a caça comercial das baleias, nos finais do século XIX e
piloto e bicuda, assim como golfinhos oceânicos; princípios do século XX (Reeves et al. 2002, Smith et al.
2003, Cabral & Hazevoet 2011).
● Mar de Fogo e Brava, área onde são relativamente
frequentes, as observações de grandes grupos Ainda em meados do século XVIII, foi fundado numa
de golfinhos pelágicos. região da ilha Brava, o primeiro posto de pesca de baleia,
3.3.2 Migrações/Movimentos onde preparavam quantidades consideráveis de óleo
proveniente das baleias. Em 1874, foi fundado em São
Só existem dados disponíveis relativamente à baleia-
Nicolau, a Empresa de pesca da baleia do Carriçal e do
de-bossa. Os resultados da foto-identificação da baleia-
Tarrafal e em 1883, uma empresa similar foi empreen-
de-bossa, através da fotografia da cauda dos animais,
dida na ilha do Sal. Cabral & Hazevoet (2011) fazem
confirmaram a ligação entre Cabo Verde e determinadas
menção da importância da ilha de São Nicolau na pesca
áreas de alimentação a latitudes mais elevadas no Atlân-
e no comércio de baleia em Cabo Verde. Contudo, no final
tico Nordeste, tais como os Açores, Islândia e Noruega
do século XIX, as populações de baleias começaram a
(Jann et al. 2003 Wenzel et al. 2009). Igualmente, foi
esgotar-se, e por essa altura, os pescadores estrangeiros
confirmado em 2014 um primeiro elo entre as duas áreas
iniciaram o abandono dessa atividade nas nossas águas
de reprodução conhecidas no Atlântico Norte - Caraíbas
(Wenzel et al, 2000).
e Cabo Verde (Stevick 2014).
As análises genéticas, em curso, serão fundamentais Atualmente, existe legislação que proíbe a caça e
para fornecer informações sobre a estrutura e abundância captura de mamíferos marinhos no espaço marítimo sob
da população da baleia-de-bossa de Cabo Verde (Bérubé jurisdição nacional, pelo que se pode dizer que não existe
et al. 2013). uma pesca dirigida aos cetáceos.
3.4 Importância dos cetáceos A única atividade económica ligada aos cetáceos,
3.4.1 Ecológica prende-se com a observação turística que é feita de uma
forma não regulamentada.
Os cetáceos desempenham um papel importante nos
ecossistemas aquáticos. Em diferentes níveis tróficos, A atividade de observação de cetáceo - whale-watching,
desde a produção primária até aos predadores de topo, atividade turística que consiste visualização de cetáceos
este grupo detêm os maiores consumidores. no seu habitat natural, tem evoluído em todo o mundo e a
Exercem funções vitais para o equilíbrio do ambiente sua importância económica cresceu consideravelmente, pois
em que vivem, actuando tanto como espécies reguladoras, em 1991 envolvia cerca de 4.047.000 clientes totalizando
quanto fornecedoras de nutrientes para diversos ciclos cerca de 77milhões de dólares a nível global passando em
biológicos, além de contribuírem para a reciclagem de 1998 a abarcar cerca de 9.020.000 clientes e gerando um
nutrientes. valor de 300 milhões de dólares.
1154 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

Em Cabo Verde, a actividade de observação das baleias O turismo mal planificado constitui um risco para
teve o seu início no período entre Abril e Maio de 2008, as espécies em diversos sentidos, desde degradação de
na ilha Boa Vista. Durante esta experiencia piloto foram habitats, do rápido incremento do tráfego marítimo,
realizadas 29 excursões, onde participaram 300 turistas. aumentando o risco de colisão entre barcos e cetáceos,
Nos últimos anos, o número de operadores e de barcos poluição, entre outros.
que oferecem este serviço tem aumentado notavelmente.
Atualmente, estima-se que entre 4.000 e 5.000 turistas A poluição acústica, resultante do incremento do trá-
realizam excursões para a observação da baleia-de-bossa, fego marítimo ou de atividades militares ou sísmicas,
entre metade de Março e finais de Maio, na ilha (Natu- tem sido apontada como entre as prováveis causas dos
ralia com.per.). arrojamentos em massa de baleias e golfinhos em dife-
rentes lugares do mundo.
Contudo, dado os impactes negativos que poderá ter
nas populações de cetáceos, a observação turística deverá A poluição quer por metais, quer por plástico, e as al-
ser muito bem regulamentada de modo a os acautelar, terações climáticas constituem outras sérias ameaças. O
eliminar e/ou minimizar. impacte das alterações climáticas é, provavelmente, mais
difícil de se quantificar, contudo, as possíveis mudanças
3.4.3 Histórica/Cultural
na circulação oceânica, na quantidade e distribuição das
Os cetáceos têm uma importância histórica e cultural suas presas, na salinidade, temperatura e acidez da água
principalmente em regiões que estiveram fortemente do mar poderão por em risco muitas populações.
ligadas à baleação.
Pouco se sabe sobre as ameaças às espécies de cetáceos em
As baleias são referenciadas em obras tão antigas, Cabo Verde, são aqui referidas algumas potenciais ameaças:
quanto a própria Bíblia, e é mesmo tema de um dos Existem registos de captura acidental, na região de
clássicos do canón literário da língua inglesa, Moby Dick
África Ocidental, de pequenos cetáceos durante a pes-
de Herman Melville.
caria com grandes redes de emalhar, redes de cerco de
Em Cabo Verde temos referências da presença de pequena escala dirigidas ao atum e tubarão. No entanto,
cetáceos nas nossas águas através de canções, contos, concretamente nas águas sob jurisdição nacional, esse
histórias e peças antigas que perduraram ao longo dos facto é desconhecido. Relativamente à captura dirigida
tempos. Presentemente, está-se a transformar parte da aos cetáceos, esta é rara mas pode acontecer em zonas
fábrica de atum do Tarrafal S. Nicolau num Museu da junto às comunidades piscatórias. Nas ilhas como Santo
Pesca, aproveitando todo o acervo desde 1933, incluindo Antão, São Nicolau, Santiago e Maio há relatos que
uma parte relativa aos cetáceos de Cabo Verde, disponi- por vezes os pescadores capturam com arpão, pequenos
bilizado pelo atual dono da fábrica. golfinhos que nadam na proa das suas embarcações de
3.5 Ameaças pesca artesanal. Também é do conhecimento que fre-
quentemente, em todas as ilhas há matança dos cetáceos
Devido à ampla distribuição dos cetáceos, algumas arrojados nas praias para o consumo da sua carne, o que
espécies poderão estar sujeitas a diferentes pressões pode constituir um sério risco de saúde pública.
antropológicas e vulnerabilidades ambientais.
O desenvolvimento turístico do país, acompanhado de
Mundialmente, a pesca comercial foi a principal razão um rápido incremento do tráfego marítimo, poderá au-
para o declínio das populações de baleias, golfinhos e mentar o risco de colisão, assim como de degradação de
cachalotes. Os produtos de baleias, tais como a carne, o habitats, a poluição química e sonora, em consequência
óleo, as barbas, entre outros, têm sido comercializados das construções de portos, empreendimentos turísticos,
ao longo dos séculos. Com a intensificação da exploração, constituindo uma ameaça aos adultos e suas crias.
particularmente no sec XVIII e XIX, as espécies deste
grupo começaram a ser alvo de proteção legal (Jann et al, Outras actividades turísticas, como a observação de
2005), (Hazevoet & Wenzel, 2000), (Jann, B. et al, 2002), cetáceos, realizadas de forma não regulamentada, e
(Hazevoet & Wenzel, 2000). atividades náuticas motorizadas, como o jet-ski, poderão
induzir uma maior pressão, sobretudo para espécies de
Adicionalmente, algumas espécies têm sido capturadas hábitos costeiros como a baleia-de-bossa (baleia preta),
acidentalmente em várias pescarias, especialmente na aumentando o stress (perturbação) e o risco de colisão.
pesca de atum com redes de emalhar de deriva (razão
pela qual tem sido internacionalmente desaconselhada), 3.6 Iniciativas de conservação de cetáceos em
mas também, embora em menores números, em outras Cabo Verde
pescarias (como as de arrasto).
3.6.1 Atividades de monitorização
A sobrepesca de espécies que constituem a dieta de a) Arrojamentos de cetáceos
certas baleias e golfinhos, como por exemplo o krill, nas
zonas de alimentação poderá ser outra ameaça potencial. Os arrojamentos de cetáceos são fenómenos que acon-
tecem com relativa frequência em todo o mundo, se bem
A observação de baleias e golfinhos, apesar de ser uma que nem sempre seja possível explicar-se as potenciais
importante oportunidade económica para muitos países, causas. Existem dois tipos de arrojamento de cetáceos:
poderá ser considerada uma ameaça aos cetáceos se a a) simples, com um único individuo envolvido e b) em
atividade não for realizada de acordo com códigos de
massa, quando envolve dois ou mais indivíduos.
conduta responsável. Poderá possivelmente, representar
uma séria ameaça às espécies migratórias com crias, aos Os arrojamentos podem ser devido a diversas causas:
habitats de pequenas populações residentes, entre outros. doenças infeciosas e parasitárias, traumatismos (colisão
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1155

com barcos ou interações com artes de pesca), poluição Wenzel 2001, Jann et al. 2002, Jann et al. 2003) e as
acústica do meio marinho (ruídos naturais ou produzidos expedições do Irish Whale and Dolphin Group (IWDG)
pelo homem), afloramentos de algas tóxicas, condições em 2003, 2006 (Berrow 2003 & 2006). Os objectivos
meteorológicas ou oceanográficas que influem na distri- destas campanhas eram basicamente a monitorização
buição e disponibilidade do alimento (aquecimento glo- da população da baleia-de-bossa nas ilhas orientais, a
bal), anomalias do campo magnético terrestre e ingestão foto-identificação dos indivíduos, a gravação do canto das
de resíduos e de sustâncias tóxicas (Jepson et al. 2000, baleias e o registo dos avistamentos de outras espécies
Carrillo & Ritter 2010, Cassof et al. 2011, Wright et al. de cetáceos.
2007, Learmonth et al. 2006, Geraci et al. 1989, Secchi &
Zarzur 1999). Para a maioria destes fenómenos a causa Entre 2003 e 2005, foram feitas campanhas dirigidas
é habitualmente desconhecida. aos cetáceos (em geral) no âmbito do Projeto Hydrocar-
po, Interreg IIB das Ilhas Canárias, e foram observadas
As ilhas orientais são as que têm registado um maior
número de arrojamentos em todo o arquipélago. Pratica- diversas espécies em quase todas as ilhas de Cabo Verde.
mente, 65-70% dos mais de 70 arrojamentos comunicados No ano 2008, a empresa de ecoturismo Naturalia
ao INDP (reconhecido como a autoridade científica compe- iniciou na Boa Vista actividades de observação da baleia
tente para as atividades de investigação e monitorização de bossa a bordo dos navios de “Whale watching”. Esta
dos cetáceos em Cabo Verde), têm acontecido nestas atividade, que vem sendo desenvolvida até o presente,
ilhas, com especial destaque para Boa Vista. O maior tem permitido realizar trabalhos de monitorização e
número de registos de arrojamentos nestas ilhas poderia
estudo desta população ao longo da costa noroeste da
responder a certas características físicas e oceanográficas,
ilha. O período de whale-watching decorre entre metade
assim como certas anomalias magnéticas (ao menos na
de Março e finais de Maio, sendo Abril o mês onde se
Boa Vista) que poderiam ter algum efeito na capacidade
de orientação das baleias e dos golfinhos. Também, não registam mais avistamentos. As actividades de pesquisa
podemos subestimar que alguns dos arrojamentos acon- que acompanham as excursões das baleias permitem
tecidos no arquipélago podem ter sido provocados por cobrir a maior parte do período da reprodução da baleia
levantamentos sísmicos ou por manobras militares (Van nas águas costeiras de Boa Vista. Os estudos anteriores
Waerebeeck et al. 2008). A existência de biólogos e de apenas cobriam 3-4 semanas do período das baleias. As
grupos de conservação do ambiente nestas ilhas também tarefas de monitorização incluem a toma de fotografias
tem facilitado o registo destes eventos e a identificação das caudas e barbatanas dorsais para a foto-identificação
das espécies envolvidas. dos indivíduos, a recolha de dados sobre a distribuição
A falta de recursos humanos, técnicos e logísticos, temporal e espacial das baleias na costa noroeste da Boa
impedem um melhor aproveitamento científico dos Vista, e a estimação do número de crias em cada época.
relativamente frequentes fenómenos de arrojamento Oportunisticamente, se realizam também gravações dos
que acontecem no país, que permitiriam conhecer as- cantos dos machos (López-Suárez, dados sem publicar).
petos importantes sobre a biologia, genética, estrutura Nos anos 2011 e 2012, o IWDG realizou duas campa-
populacional, história natural e ecologia das espécies nhas para recolha de amostras de pele e gordura para
envolvidas, assim como obter informações importantes estudos de genética e estrutura populacional, assim como
sobre a qualidade do ambiente marinho do arquipélago.
de toxicologia (Berubé et al. 2013, Conor et al. 2013b).
Nos Anexos II e III estão listados todos os registos de
arrojamento de cetáceos em Cabo Verde, desde antes O IWDG realizou uma última campanha de observação
de 1999 até 2013, fazendo um total de mais de 1380 de cetáceos no passado mês de Setembro de 2014. O objec-
indivíduos. Já foram identificadas cerca de 15 espécies tivo principal desta expedição foi confirmar a presença no
nos fenómenos de arrojamento no arquipélago: Balae- arquipélago de baleias de bossa do hemisfério sul durante
noptera physalus, Balaenoptera acutorostrata, Megap- o período estival (Hazevoet et al. 2011, Van Waerebeek
tera novaeangliae, Physeter macrocephalus, Kogia sima, et al. 2013), conseguir biopsias de pele para estudos de
Globicephala macrorhynchus, Pseudorca crassidens, genética e fotografias das caudas para foto-identificação
Peponocephala electra, Feresa attenuata, Steno breda- dos indivíduos, assim como registo visual e acústico de
nensis, Lagenodelphis hosei, Stenella frontalis, Stenella outras espécies (IWDG em prep.).
attenuata, Stenella coeruleoalba, e Mesoplodon europaeus
(Reiner et al. 1996, Hazevoet et al. 2010, Torda et al. c) Acústica
2010, López-Suárez et al. 2012, Koenen et al. 2013, V. A Conservation Research Marine (Song of the Whale
Monteiro com. pess., P. López com. pess.). A baleia piloto equipe), em parceria com o INDP, implantou um dis-
de barbatana curta (G. macrorhychus) e o golfinho cabeça positivo de gravação acústica estático a norte das ilhas
de melão (P. electra) são as espécies que têm encalhado de Cabo Verde, em Abril de 2014. O financiamento foi
com mais frequência, representando também o maior concedido pelo Fundo Internacional para o Bem-Estar
número de arrojamentos em massa. Animal (IFAW). O objetivo deste estudo é determinar se
b) Visual (Campanhas de observação) as baleias pretas podem ser detetadas cantando durante
todo o ano nas águas circundantes de Cabo Verde, e se
Campanhas periódicas têm sido realizadas no arqui- estas canções são distintas entre a primavera e o outono
pélago entre Fevereiro e Abril desde o ano 1991 até o
boreal. Um outro objetivo é verificar as datas de chegada
presente, dirigidas aos cetáceos, em geral, e às baleias
e de partida dos cantos das baleias pretas no arquipélago.
preta ou de bossa, em particular (Anexo VII).
O arquivo do gravador acústico (Wildlife Acoustics SM2M
Destaca-se alguns trabalhos como os de Beatrice Jann profunda +) foi implantado por um período de 18 meses,
(Swiss Whale Society, SWS) entre 1999 y 2007 (Jann & a uma profundidade de 600m em uma amarração ocea-
1156 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

nográfica (Observatório Oceanográfico de Cabo Verde), recursos hídricos. Até os anos 90, os sucessivos Gover-
situada a 110km do NE de São Vicente em águas com nos centralizaram-se nessas políticas, embora tenham
2000m de profundidade. O gravador acústico foi criado começado a desenvolver preocupações com a degradação
para gravar em dois canais (alto e baixo), cada um com dos ambientes costeiros e marinhos, ordenamento do
uma taxa de amostragem de 22,05 kHz em um ciclo de território, etc.
trabalho de três horas de registo, a 10 horas de sono. Isto
A integração das questões ambientais, especificamente
proporcionará ótima gama de amostras acústicas distri-
as de proteção e conservação nas políticas, programas e
buídas tanto de dia como de noite de cada mês lunar, e
planos nacionais tornaram-se realidades a partir dos anos 90,
ao longo de um período de 312-348 dias. Espera-se que
em que vários fatores condicionantes fizeram elevar o
este estudo venha a gerar dados acústicos de deteção de
nível de proteção e qualidade ambiental no arquipélago.
cachalote também, que forem registadas na área de es-
Esses fatores prendem com mudança do regime político,
tudo. O dispositivo será recuperado em Outubro de 2015. da própria conjuntura internacional em relação ao am-
3.6.2 Atividades de sensibilização biente, nomeadamente, a realização da Conferência das
Nações Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento,
No arquipélago já existem vários grupos envolvidos
realizada no Rio de Janeiro, entre outros. A conjuntura
na conservação de cetáceos. Apesar das dificuldades
ambiental internacional fez-se sentir na revisão constitu-
financeiras são realizadas algumas ações de sensibiliza-
cional de Cabo Verde, ao consagrar num dos seus artigos
ção aproveitando as sinergias entre os investigadores,
o direito de todos os cabo-verdianos a um ambiente sadio
instituições e ONGs. e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender e
Em Abril de 2006, o INDP realizou o seu primeiro valorizar.
fórum dirigido unicamente para os cetáceos em Cabo A introdução da problemática ambiental nos progra-
Verde, com a presença de mais de cinquenta convidados mas do Governo concretizaram com a elaboração do Plano
(nacionais e estrageiros). de Ação Nacional para o Ambiente (PANA), em conse-
Em muitas escolas primárias e secundárias, sobretudo quência da implementação do terceiro Plano Nacional
nas ilhas de São Vicente, Sal, Maio e Boa Vista, são rea- de Desenvolvimento (PND). O PANA I foi concebido por
lizadas várias palestras sobre os cetáceos. São produzidos um período de dez anos de 1994-2004, que entretanto
e distribuídos desdobráveis, brochuras e posters alusivos não foi aprovado (DNA, 2004b). Por sua vez, no PANA II
aos cetáceos nas comunidades piscatórias, nas instituições estabeleceram-se os objetivos de desenvolvimento sus-
relacionadas com as pescas e o ambiente e nas escolas. tentável num horizonte de dez anos (2004-2014), assente
numa gestão integrada e sustentável, na integração das
Recentemente, na ilha do Maio, têm sido feitas ações de diferentes instituições nacionais, desde das centralizadas
formação sobre os arrojamentos e salvamento de cetáceos e descentralizadas, públicas e privadas (DNA, 2004a).
em colaboração com a Fauna e Flora Internacional (FFI).
Em relação aos mecanismos de conservação e preservação,
Ainda, alguns grupos usam as redes sociais para divul- os primeiros passos foram dados nos anos 90, através da
gação e sensibilização da sociedade civil sobre as ações de Lei nº 79/III/90 que materializa as primeiras reservas
conservação ligadas aos cetáceos em Cabo Verde. naturais, donde se declara as reservas naturais da Ilha de
3.7 Quadro Jurídico Nacional Santa Luzia e dos Ilhéus do Arquipélago de Cabo Verde.
Ainda, perante a forte degradação dos recursos biológi-
3.7.1 Legislação e políticas ambientais cos cria-se as Bases do Património Cultural e Natural,
A necessidade de conservar, proteger e deter a de- decretado na Lei n.º 102/III/90.
terioração dos recursos marinhos, fez emergir, a nível Presumivelmente, a legislação mais importante do
mundial, preocupações que resultaram no surgimento ponto de vista ambiental é a publicação das Bases da
de vários princípios, normas, regulamentos, que tentam Politica do Ambiente (Lei nº 86/IV/93 de 26 de Julho)
o reequilíbrio da relação entre o homem e a natureza. regulamentada pelo Decreto-legislativo nº 14/V/97, que
Devido à sua natureza insular, em Cabo Verde tem-se define um conjunto de medidas referentes à avaliação e
verificado uma grande pressão antropogénica sobre os estudo de impacto ambiental, à proteção de espaços natu-
recursos naturais, o que implica a criação de um conjunto rais, paisagens, sítios, monumentos e espécies protegidas,
de medidas e ações, assentes na análise da dependência, à poluição atmosférica, ao ruído, à fiscalização e crimes
na vulnerabilidade e no grau de degradação ambiental. e contra-ordenações, entre outras medidas.
E desta forma, permite fazer uma planificação que vai
de encontro com os princípios de gestão integrada e sus- Ainda, com vista à conservação e proteção das espécies
tentada dos recursos naturais. de fauna e flora, essencialmente as espécies ameaçadas
de extinção, surge o decreto-regulamentar nº 7/2002 que
Benchimol et al (2009) demostram que desde a inde- estabelece medidas de conservação e proteção de espécies
pendência do País, em 1975, foram concebidas e imple- ameaçadas, enquanto componentes da biodiversidade e
mentadas numerosas medidas legislativas e politicas parte integrante do património natural de Cabo Verde.
ambientais que têm garantido a proteção e a conservação Neste decreto-regulamentar, apresentam-se listas de
dos recursos naturais, essencialmente os costeiros ma- espécies de fauna e flora a serem protegidos, de entre
rinhos. Inicialmente as medidas e políticas ambientais elas, a lista de espécies animais marinhos a serem prote-
assentavam essencialmente no mundo rural, com inves- gidos em Cabo Verde, concretamente as aves, os répteis
timentos na luta contra a erosão e a desertificação, no e os mamíferos marinhos, onde dez espécies de cetáceos
restabelecimento do coberto vegetal e na valorização dos encontram-se listadas.
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1157

Desde cedo despoletaram-se iniciativas que visavam a 3.7.3 Convenções e Acordos internacionais
proteção dos cetáceos em Cabo Verde. Em 2000 Hazevoet
Com o propósito de melhor proteger as espécies
& Wenzel, citado por MAAP (2003), descreve que em
ameaçadas de cetáceos, vários têm sido os esforços da
1914, o governo colonial decretou a proibição da captura
de espécies de cetáceos imaturos e institui a captura comunidade internacional, tanto a nível regional como
máxima de indivíduos, com intuito de restituir os stocks internacional. Cabo Verde assinou alguns tratados e
destas espécies. A proteção total destas espécies tornou-se acordos internacionais, tais como:
realidade a partir de 1987, em que Cabo Verde adotou Convenção CMS ou sobre a Conservação de Espécies
um conjunto de medidas legislativas, consequentes da Migratórias Selvagens, ratificada em 18 de Janeiro de 2006,
ratificação da convenção das Nações Unidas sobre o que recomenda a adoção de medidas de conservação,
Direito do Mar. De entre essas medidas, destaca-se o por todos os países que se encontram na rota migratória
Decreto-lei nº 17/87 que define os princípios da política
das espécies ameaçadas. No anexo I e II da convenção
de aproveitamento dos recursos haliêuticos (PRAO-CV,
encontram-se listadas as espécies de cetáceos ameaçadas
2012), e no seu artigo décimo segundo proíbe a caça e
dignas de protecção. Existem um conjunto de directrizes
captura de cetáceos nas águas de jurisdição nacional,
sua caça e captura por embarcações nacionais quer em e recomendações aos países signatários, entre as quais
águas nacionais, internacionais e no alto mar, e ainda algumas específicas para os países da Costa Ocidental
proíbe seu uso e processamento em quaisquer instalações Africana (desde de Marrocos até à Africa do Sul, incluindo
dentro do território nacional (MAAP, 2003). a Macaronésia). Em 2008, foi assinado o Memorando de
Entendimento sobre a Conservação de Manatins e Pe-
O Decreto-Lei n.º53/2005, que estabelece os Princípios quenos Cetáceos da África Ocidental e da Macaronésia,
Gerais da Política de Aproveitamento Sustentável dos que inclui um Plano de Acção para os pequenos cetáceos.
Recursos Haliêuticos, no seu artigo 41º - Mamíferos Ma-
rinhos - refere que são expressamente proibidos: A Declaración de la Iniciativa Macaronesia foi adop-
tada no Encontro Macaronesia – WATCH, em Outubro
● A caça e captura de mamíferos marinhos no de 2007, Tenerife.
espaço marítimo sob jurisdição nacional.
Convenção CITES sobre o Comércio Internacional
● A utilização e o tratamento dos mamíferos das Espécies de Fauna e Flora Selvagens ameaçadas de
marinhos por qualquer que seja a instalação extinção, ratificado em 10 de Agosto 2005.
situada em território nacional.
Outras convenções e protocolos internacionais relevan-
E ainda o Decreto-Lei n.º 54/2005, que proíbe a pesca tes assinados e ratificados, são:
de espécie protegidas.
Convenção UNCLOS - Convenção das Nações Unidas
3.7.2 Outros instrumentos jurídicos sobre o Direito do Mar, aprovado pela Assembleia Nacio-
nal sob a Lei nº 17/II/87, e ratificado em 1987.
Igualmente merecem destaque, pela sua relevância para
a conservação do ambiente, os seguintes regulamentos: Convenção sobre a Diversidade Biológica, aprovado
pela Assembleia Nacional sob a Resolução n.º 73/IV/94
Resolução nº 3/2000, de 31 de Janeiro, que aprova a Es- de 20 de Outubro, também ratificado em 1995. O Proto-
tratégia Nacional e o Plano de Ação sobre a Biodiversidade. colo de Cartagena sobre a segurança biológica assinado
Decreto-Lei n.º 3/2003, que estabelece o Regime Ju- e ratificado em 2005.
rídico de espaços que requerem proteção especial e sua Convenção MARPOL, Convenção Internacional para a
integração na Rede Nacional de Áreas Protegidas. Este Prevenção da Poluição por Navios 73/78, regulamentado
decreto declara algumas áreas cujo um dos fundamentos no Boletim Oficial nº 41, suplemento de 10/12/96.
é protecção de habitats de cetáceos.
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mu-
Decreto-Lei n.º 5/2003, que define o sistema nacional danças Climáticas ratificado em 1995 onde Cabo Verde
de proteção do ar. assumiu o compromisso de formular uma Comunicação
Decreto n.º 31/2003 que define os requisitos essenciais Nacional à Conferência das Partes (CdP). O Protocolo de
a considerar na eliminação de resíduos sólidos urbanos, Quito foi ratificado em 2006.
industriais e outros e respetiva fiscalização, tendo em 3.8 Quadro institucional
vista a proteção do meio ambiente e a saúde humana.
O sucesso da gestão e preservação ambiental requer
Decreto-Lei n.º 29/2006, que define o regime jurídico da o envolvimento de várias entidades governamentais e
avaliação do impacto ambiental dos projetos públicos ou não-governamentais, que de forma complementar ma-
privados suscetíveis de produzirem efeitos no ambiente. terializam as ações de proteção ambiental. Atualmente
as questões ligadas ao ambiente estão sob a tutela do
Decreto-Legislativo n.º 6/2010, que modifica o Decreto- Ministério do Ambiente, Habitação e Ordenamento do
Legislativo n.º1/2006, de 13 de Fevereiro, e regula as Território, que através da Direção Nacional do Ambiente
Bases do Ordenamento do Território e Planeamento que concebe, executa e coordena as políticas ambientais.
Urbanístico, bem como os artigos 81.º e 82.º do Estatuto Para além desta Direcção, outras entidades que em
dos Municípios, aprovados pela Lei n.º 134/IV/95, de 3 matéria de conservação, investigação e fiscalização tem
de Julho. vindo a desenvolver e/ou de coordenar acções visando a
1158 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

protecção e conservação dos cetáceos. Dessas entidades compostos orgânicos sintéticos, lixo, metais tóxicos, petróleo
destaca-se: a Direção Geral dos Recursos Marinhos; o e outros que são responsáveis por 70% das ameaças, e
Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas, a os restantes 30% ficam por conta do tráfego marítimo,
Agência Marítimo Portuário, o Comando da Guarda pelas capturas acidentais e por arrojamentos (Hetzel e
Costeira, as entidades de poder local (Câmaras Munici- Lodi, 1993). Eles têm sido objeto de pesca ao longo dos
pais), os Institutos Superiores de Ensino e Investigação, séculos, não só pela carne e gordura, mas também pelas
as Universidades, as ONG e as Associações, o sector barbas de baleia, entre outros produtos.
empresarial, entre os outros.
Muitas populações encontram-se em estado vulnerável
3.9 Análise FOFA e em perigo e muitas espécies estão em vias de extinção.
Tabela 1: Analise das Forças, Oportunidades, Fraque- No final do século XIX, as populações de cetáceos
zas e Ameaças relativamente a conservação de cetáceos nas ilhas de Cabo Verde, estavam em declínio (www.
em Cabo Verde (FOFA) ernestina.org) e os baleeiros tornaram-se menos ativos.
Em 1914, quando as baleias estavam praticamente ex-
FORÇAS FRAQUEZAS tintas, pelo que desde dessa data, foram estabelecidas
medidas de proteção. Presentemente, graças às medidas
● Existência de algumas ini- ● Recursos financeiros insuficientes de proteção, os cetáceos começaram a aparecer de novo
ciativas de investigação e nas nossas águas.
conservação ● Natureza arquipelágica das ilhas –
descentralização
Nos últimos anos, vêm acontecendo vários arroja-
● Ocorrência de pelo menos 24 ● Quadro legal que faz referência sobre
espécies de cetáceos mentos massivos, nas nossas zonas costeiras, o que vem
os cetáceos contudo com lacunas
preocupando as instituições que trabalham com a biodi-
● Registos dos arrojamentos e ● Atividades de conservação desarti- versidade e o público em geral.
avistamentos culadas
● Ações de sensibilização insuficientes Dado o rápido declínio de muitas populações de cetá-
● Ocorrência de observação
turística de cetáceos (whale ceos, algumas espécies são abrangidas por Convenções
● Conhecimento incipiente das espécies
watching) na Boa Vista que ocorrem nas nossas águas Internacionais, como a Convenção sobre Espécies Migra-
tórias, que recomenda a aplicação de acções coordenadas,
● Ratificação por parte de Cabo ● Inexistência de um plano de con-
Verde das principais Conven- servação
de modo a se alcançar e manter um estado de conservação
ções de carácter ambiental favorável.
● Rápido declínio de algumas popu-
● Importante área de migração lações Nesse sentido, pretende-se com a elaboração do plano,
para algumas populações de ● Capacidade técnica insuficiente implementar medidas que visam a conservação dos ce-
cetáceos
● Inexistência de regulamentação sobre
táceos e os seus habitats e aprofundar o conhecimento
a observação de cetáceos sobre as espécies que migram nas nossas águas.
4.2 Objetivos
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
4.2.1 Objetivo geral
● Colaboração com ONGs nacio- ● Alterações climáticas
nais e internacionais O plano nacional conservação de cetáceos tem por fi-
● Poluição sonora, química e resíduos nalidade conservar as espécies e os seus habitats, definir
● Participação em Fóruns e sólidos (hidrocarbonetos, lixo, entre as bases, normas e regulamentos para reduzir efeitos
Simpósios nacionais e inter- outros)
nacionais negativos antropológico e ampliar o conhecimento sobre
● Colisões com embarcações todas espécies de cetáceos encontrados em Cabo Verde,
● Cooperação com outros países e os seus habitats, nos próximos 6 anos.
no domínio de investigação ● Redução de stocks pesqueiros;
Científica 4.2.2 Objetivos específicos (OE)
● By catch não identificado e quan-
● Interesse científico interna- tificado
O plano deverá traçar estratégias de conservação,
cional
● Desenvolvimento turístico e activida- propor medidas e ações práticas conducentes à pro-
des de lazer mal planificados moção de um programa de investigação para produzir
● Pesca conhecimento e informação científica necessários para
o seguimento e a monotorização das espécies, tendo por
4. Plano Nacional de Conservação de Cetáceos base os seguintes objetivos específicos:

4.1 Fundamentação ● OE 1. Definir as bases, normas e regulamentos


para a conservação das espécies de cetáceos
O Plano Nacional de Conservação de Cetáceos é um encontrados em Cabo Verde
importante instrumento para a implementação das
políticas de conservação de espécies identificadas como ● OE 2. Criação de um programa de investigação
ameaçadas neste grupo biológico. de modo a capitalizar a informação científica
e minimizar potenciais ameaças
Os Cetáceos não obstante representarem um patrimó-
● OE 3. Criação de um programa de monitorização
nio natural mundial e muito valioso do ponto de vista da
das espécies
biodiversidade mundial, enfrentam ameaças advindas
principalmente da ação humana como, da degradação ● 0E 4. Criação de um programa de divulgação e
do ambiente marinho, através de descargas de esgotos, sensibilização, educação ambiental contínua.
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1159

4.3 Implementação do plano as instituições, a socioecónomia, o turismo, a biologia,


a conservação, o meio ambiente, a pesca, a capacidade
A implementação será da responsabilidade da Direção
técnica e a colaboração e cooperação nacional e interna-
Nacional do Ambiente (DNA), em colaboração com outras
cional. Para tal cada um desses aspetos estão incorporados
Instituições do Estado, Autarquias, Instituições de Ensino,
em programas de atividades referentes a legislação e
Investigação, ONGs (vocacionados para as questões am-
regulamentação, a investigação e monitorização e a
bientais) e da sociedade civil. Será criado um órgão de
sensibilização.
coordenação e de gestão, onde estarão representados as
instituições e os grupos de interesse mais diretamente 4.3.3.1 Programas de Legislação e de regulamentação
implicados na conservação dos cetáceos e para além
destes, será criado um órgão consultivo (designado como ● Problemas verificados
comité), que integra membros nacionais e internacionais A – Quadro legal sobre cetáceos com lacunas
que apoiarão entre outras questões, as científicas.
C – Ocorrência de atividades de observação de ce-
Este Plano de conservação poderá ser implementado táceos sem regulamentação
de forma efetiva, o que representará uma esperança de
conservação não apenas das populações de mamíferos Propostas de ações
aquáticos, mas também de toda a biodiversidade que 1.A - Definição das bases e regulamentos para ade-
compartilha os mesmos ecossistemas. quar a legislação e criar um quadro jurídico
4.3.3 Programas sobre os cetáceos
Para atingir os objetivos específicos definidos, terá que 1.B - Promoção de atividades económicas sustentá-
se ter em conta os aspetos relacionados com a legislação, veis ligadas às espécies de cetáceos
Tabela 5: Ações especificas, responsabilidades, cronograma e custo

OE.1 - Definir as bases, normas e regulamentos para a conservação das espécies de cetáceos encontrados em Cabo Verde

1.A - Definição das bases e regulamentos para adequar a legislação e criar um quadro jurídico sobre os cetáceos

1.A1 Atualizar a lista de cetáceos sob proteção especial. MAHOT, MIEM Médio prazo 100.000 - 200.000 ECV
1.A2 Rever e atualizar a legislação existente sobre a MAHOT, MIEM Médio prazo 500.000 – 800.000
conservação de cetáceos ECV
1.A3 Criar um quadro legislativo regulamentado, MAHOT, MIEM Curto Prazo 800.000 – 1.200.000
referente à atividade económica (whale watch- ECV
ing) - Criação de leis para o ecoturismo
1.A4 Definir sistema de controlo das atividades MTIE e MAHOT Curto prazo 50.000 -100.000 ECV
ecoturísticas (concepção de licença)
1.A5 Elaborar códigos de conduta para habitats críti- MTIDE, MAHOT, Curto prazo 200.000 – 300.000
cos de espécies ameaçadas MIEM e ONG ECV
1.A6 Criar e regulamentar mais áreas marinhas pro- MTIDE, MAHOT e Médio prazo 500.000 - 800.000 ECV
tegidas e/ou áreas de protecção especial MIEM
1.A7 Criar um programa de fiscalização MTIDE, MAHOT e Médio prazo 500.000 - 800.000 ECV
MIEM
Cronograma: curto prazo (anos 1 e 2), médio prazo (anos 3 e 4) e longo prazo (anos 5 e 6)
Resultados Indicadores
R1. Atualizada a lista de cetáceos sob proteção especial Publicada a lista de espécies de protecção especial
R2. Revista e atualizada a legislação existente sobre a conservação de Publicada a legislação revista e actualizada
cetáceos
Publicado um quadro legislativo sobre whale
R3. Criado um quadro legislativo, referente à atividade económica - whale watching
watching
Publicado o sistema de controlo de concepção de
R4. Definido um sistema de controlo das actividades de whale watching licença
(concepção de licença)
1 código de conduta para habitats crítico elaborado
R5. Elaborados os códigos de conduta para habitats críticos de espécies
ameaçadas Publicada 1 área marinha protegida e/ou área de
R6. Criadas e regulamentadas mais áreas marinhas protegidas e/ou áreas protecção especial
de protecção especial Um programa de fiscalização elaborado
R7. Elaborado um programa de fiscalização
Fontes de verificação Ricos e hipóteses
As publicações no Boletim oficiais Financiamento
Relatórios Técnicos Aprovação no Parlamento
1160 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

Tabela 6: Ações especificas, responsabilidades, cronograma e custo

OE 1. Definir as bases, normas e regulamentos para a conservação das espécies de cetáceos encontradas em Cabo Verde

1.B - Promoção de atividades económicas sustentáveis ligadas às espécies cetáceos

1.B1 Inventariar e promover potenciais áreas de negócios MTIDE, MAHOT e Curto prazo 100.000 - 200.000 ECV
MIEM

1.B2 Elaborar o código de conduta e de boas práticas para MTIDE, MAHOT, Curto prazo 200.000 – 300.000 ECV
atividades económicas MIEM e ONG

Cronograma: curto prazo (anos 1 e 2), médio prazo (anos 3 e 4) e longo prazo (anos 5 e 6)

Resultados Indicadores

R1. Inventariado e promovido potenciais áreas de negócios Número de encontros sobre as áreas de negócios para
o ecoturismo
R2. Elaborado o código de conduta e de boas práticas para atividades
económicas Um código de conduta e de boas práticas para ativida-
des económicas elaborado

Fontes de verificação Ricos e hipóteses

Relatórios depositados na DNA Financiamento


As publicações no Boletim oficiais Aprovação no parlamento

4.3.1.2 Programa de investigação e monitorização das espécies

■ Problemas verificados

A - Rápido declínio de algumas populações

B - Insuficiência de medidas de conservação e estado de conservação pouco conhecido

C – Pesca acidental não identificado e quantificado

D – Desenvolvimento turístico e actividades de lazer mal planificados

■ Propostas de acções

2.A - Promoção de sinergias entre as instituições e estabelecimento de ações concertadas

2.B - Identificação de espécies, de habitats ou rotas de migração

2.C – Identificação e quantificação da pesca acidental (By catch)

2.D - Identificação e delimitação de habitats críticos, de reprodução e de populações de cetáceos residentes

2.D – Ampliação de conhecimento

Tabela 7: Ações especificas, responsabilidades, cronograma e custo

OE.2 - Criação de um programa de investigação de modo a capitalizar a informação científica e a minimizar po-
tenciais ameaças

2.A - Promoção de sinergias entre as instituições e estabelecer ações concertadas

2.A1 Constituir um Comité interdisciplinar e interinstitucio- DNA, INDP, UNI- Curto Prazo 50.000 - 100.000 ECV
nal para coordenar e divulgar ações sobre os cetáceos VERSIDADES, ONG

2.A2 Identificar e propor linhas prioritárias de investigação Comité Curto prazo


600.000 – 800.000
2.A3 Aumentar e ampliar a colaboração e cooperação técnica Comité Curto ECV/anual
e científica junto de parceiros locais e internacionais Prazo

2.A4 Identificar possíveis parceiros e fundos de financiamento Comité Curto prazo


para programas de colaboração e cooperação técnica

2.A5 Realizar jornadas técnico-científicas nacionais DNA, INDP, UNI- Médio prazo 1.000.000 – 1.500.000
VERSIDADES, ONG ECV/ anual

Cronograma: curto prazo (anos 1 e 2), médio prazo (anos 3 e 4) e longo prazo (anos 5 e 6)
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1161

Resultados Indicadores

R1. Constituído o Comité interdisciplinar e interinstitucional Nomeação e regulamentos de funcionamento do


comité
R2. Identificadas as linhas prioritárias de investigação
Número linhas prioritárias identificadas
R3. Aumentada a colaboração e cooperação técnica e científica
Número de parceiras realizadas
R4. Identificados os parceiros e fundos de financiamento para programas
de colaboração e cooperação técnica Número de financiamentos conseguidos
R6. Realizadas jornadas técnico-científicas nacionais Número de fichas de projectos submetidas a finan-
ciamentos
Número de jornadas científicas realizadas

Fontes de verificação Ricos e hipóteses

Despacho oficial da nomeação e funcionamento do comité Dificuldades na nomeação dos membros do comité
Relatórios dos encontros do comité depositados na DNA Financiamento
Fichas de projectos elaborados e financiados
Relatórios das jornadas científicas

Tabela 8: Ações específicas, responsabilidades, cronograma e custo

OE.2 - Criação de um programa de investigação de modo a capitalizar a informação científica e a minimizar


potenciais ameaças

2.B - Identificação de espécies, de habitats ou rotas de migração

2.B1 Definir as espécies prioritárias DNA, INDP, UNI- Curto Prazo 150.000 – 200.000 ECV
VERSIDADES,
ONG

2.B2 Elaborar um programa de investigação que abranja DNA, INDP, UNI- Curto Prazo 600.000 – 800.000 ECV
as espécies prioritárias VERSIDADES,
ONG

Realizar Campanhas de prospeção de espécies que DNA, INDP, UNI- Curto Prazo 3.000.000 – 4.000.000 ECV/ano
contribuem para os estudos sistemáticos, abundân- VERSIDADES,
2.B3 cia, distribuição, biologia e ecologia das diferentes ONG
espécies

2.B4 Realizar Campanhas de observação dirigidas a DNA, INDP, Médio prazo 2.500.000 – 3.000.000 ECV
baleia-de-bossa (foto identificação, genética e gra- UNIVERSIDADES,
vação cantos, contagem, etc) ONG

2.B5 Identificar observatórios em pontos estratégicos DNA, INDP, UNI- Curto Prazo 600.000 – 800.000 ECV
da costa VERSIDADES,
ONG

2.B6 Elaborar estudos de genética molecular (DNA) das DNA, INDP, UNI- Longo prazo 600.000 – 800.000 ECV
populações migratórias e residentes VERSIDADES,
ONG

2.B7 Marcar e seguir os cetáceos para estudos de tama- DNA, INDP, UNI- Longo Prazo 6.000.000 – 10.000.000 ECV
nhos e oscilações das populações. VERSIDADES,
ONG

2.B8 Criar uma base de dados nacional DNA, INDP, UNI- Curto Prazo 300.000 - 500.000 ECV
VERSIDADES,
ONG

2.B9 Realizar a monitorização acústica a longo prazo da DNA, INDP, UNI- Logo prazo 500.000 – 600.000 ECV
ocorrência de de espécies de cetáceos VERSIDADES,
ONG
1162 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

2.C - Identificação e delimitação de habitats críticos, de reprodução e de populações de cetáceos residentes

2.C1 Identificar e mapear zonas de reprodução e de po- DNA, DGRM Medio prazo 500.000 – 800.000 ECV
pulações residentes INDP, AMP, UNI-
VERSIDADES,
ONG,

2.C2 Identificar e mapear habitats críticos de espécies DNA, INDP, UNI- Curto Prazo 1.000.000 – 2.000.000 ECV
de cetáceos VERSIDADES,
ONG

2.D - Identificação da pesca acidental (By catch)

2.D1 Realizar um estudo sobre a pesca acidental a nível DNA, DGRM INDP, Curto Prazo 300.000 – 500.000 ECV
da frota nacional e internacional (quantificação e AMP, UNIVERSI-
qualificação) DADES, ONG

2.D2 Avaliar outras potenciais ameaças para os cetáceos DNA, DGRM INDP, Médio prazo 500.000 – 800.000 ECV
em Cabo Verde AMP, UNIVERSI-
DADES, ONG

2.D3 Criar medidas de mitigação das ameaças para os DNA, INDP, UNI- Curto Prazo 200.000 – 300.000 ECV
cetáceos VERSIDADES,
ONG

2.E - Ampliação de conhecimento (sobre a avaliação do status de conservação e minimização das ameaças de
modo geral)

2.E1 Desenvolver programas de cooperação para a troca DNA, INDP, UNI- Vigência do 50.000 - 100.000 ECV
de informação científica e técnica VERSIDADES, plano
ONG

2.E2 Reforçar a participação de Cabo Verde na rede de Curto prazo 300.000 – 400.000 ECV/ano
trabalho a nível da região da Macaronésia (Rede Sa-
nicetan – rede de sanidade de cetáceos del Atlântico DNA
Macaronésico)

2.E3 Ampliar a participação de Cabo Verde na CMS e CITES MIREX, MAHOT e Vigência do
Org. internacional plano

2.D4 Aumentar a participação em fóruns internacionais MIREX e MAHOT Vigência do


plano

2.D5 Promover fórum para apresentação dos planos re- DNA, INDP, UNI- Curto prazo 1.500.000 – 2.000.000 ECV
gionais dos países da África Ocidental VERSIDADES,
ONG

Cronograma: curto prazo (anos 1 e 2), médio prazo (anos 3 e 4) e longo prazo (anos 5 e 6)

Resultados Indicadores

R1. Identificadas as espécies prioritárias, habitats ou rotas de Número de espécies prioritárias identificadas
migração
Um Programa de investigação elaborado
R2. Elaborado o Programa de investigação que abrange as espécies
prioritárias Número de campanha de investigação realizadas

R3. Realizadas as Campanhas de investigação de cetáceos Número de habitas críticos, de reprodução e de popula-
ções residentes identificados e delimitados
R4. Identificados e delimitados os habitas críticos, de reprodução e
de populações residentes Número de capturas acidentais identificadas e artes de
pesca envolvidas na captura acidental
R5. Quantificada e qualificada a pesca acidental
Número de medidas de mitigação elaboradas
R6. Elaboradas as medidas de mitigação (by catch)
Número de participações de Cabo Verde em reuniões
R7. Reforçada a participação de Cabo Verde na rede de trabalho a de CMS e CITES, redes de trabalho regionais e fóruns
nível da região da Macaronésia internacionais
R8. Ampliada a participação de Cabo Verde na CMS e CITES e Número de campanhas realizadas
fóruns internacionais
R9. Realizadas as Campanhas acústicas

Fontes de verificação Riscos e hipóteses

Relatórios depositados na DNA Financiamento


Publicação no Boletim Oficial Aprovação do parlamento
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1163

Tabela 9: Ações especificas, responsabilidades, cronograma e custo

OE. 3 - Criação de um programa de monitorização das espécies

3.A – Monitorização das espécies

3.A1 Criar mecanismo de declaração de colisão de cetáceos DNA, INDP, UNIVER- Médio prazo 50.000 - 100.000 ECV
(reportar colisões) SIDADES, ONG

3.A2 Criar um programa de monitorização dos arrojamentos DNA, INDP, UNIVER- Médio prazo 200.000 – 300.000 ECV
(ocorrência e distribuição sazonal) SIDADES, ONG

3.A3 Criar um programa de contingência a situações de DNA, INDP, UNIVER- Curto prazo 200.000 – 300.000 ECV
emergência SIDADES, ONG

3.A4 Criar uma base de dados para os cetáceos (arrojamen- DNA, INDP, UNIVER- Curto Prazo 200.000 – 300.000 ECV
tos e dados campanhas de investigação) SIDADES, ONG

3.A5 Elaborar um manual de procedimentos em situações DNA, INDP, UNIVER- Curto prazo 200.000 – 300.000 ECV
de arrojamentos SIDADES, ONG

3.A6 Elaborar um programa de formação de curta duração DNA, INDP, UNIVER- Curto prazo 50.000 – 100.000 ECV
para salvamento e resgaste das espécies SIDADES, ONG

3.A7 Criar programa de pós-morte para fornecer amostras DNA, INDP, UNIVER- Curto prazo 100.000 – 200.000 ECV
de tecidos dos Cetáceos e para determinar a dieta dos SIDADES, ONG
indivíduos, tamanho e biomassa das presas.

Cronograma: curto prazo (1 e 2 anos), médio prazo (3 e 4 anos) e longo prazo (5 e 6 anos)

Resultados Indicadores

R1. Criado o mecanismo de declaração de colisão de cetáceos Um mecanismo de declaração de colisão de cetáceos criado

R2. Elaborados os Programa de monitorização dos arrojamentos e de Um Manual de procedimentos de situações de emergência
contingência a situações de emergência elaborado

R3. Elaborado o manual de procedimentos em situações de arroja- Os 4 programas de monitorização, de contingência, de


mentos formação e de pós-morte elaborados

R4. Elaborado o programa de formação de curta duração para salva-


mento e resgaste das espécies

R5. Elaborado o programa de pós-morte

Fontes de verificação Riscos e hipóteses

Relatórios de campanhas Financiamento

Relatórios Técnicos Aprovação do parlamento

Publicações no Boletim Oficial

4.3.1.3 Programa de informação, sensibilização, educação e capacitação técnica

■ Problemas verificados

A - Ações de sensibilização e educação ambiental insuficientes

B - Estado de conservação pouco conhecido

■ Propostas de acções

4. A – Promoção de ações de informação, sensibilização e educação ambiental sobre cetáceos.

4. B - Reforço da capacidade técnica e institucional

4. C - Envolvimento das comunidades locais nas acções de conservação e investigação sobre os cetáceos
1164 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

Tabela 10: Ações específicas, responsabilidades, cronograma e custo

OE.4. Criação de um programa de comunicação, sensibilização, educação ambiental e capacitação

4.A – Promoção de ações de informação, sensibilização e educação ambiental

4.A1 Difundir resultados de investigação no seio aca- DNA, INDP, UNI- Longo prazo 800.000 – 1.000.000 ECV
démico e instituições VERSIDADES, ONG

4.A2 Elaborar programas e materiais de apoio para DNA, INDP, UNI- Longo Prazo 500.000 – 600.000 ECV
proteção cetáceos adaptados à sociedade civil VERSIDADES, ONG

4.A3 Organizar visitas especiais relacionados com as DNA, INDP, UNI- Médio Prazo 300.000 – 400.000 ECV
espécies VERSIDADES, ONG

4.A4 Divulgar os planos de conservação nacionais dos DNA Curto prazo 300.000 – 400.000 ECV
países da Africa Ocidental e da Macaronésia

4.A5 Promover ações de sensibilização junto aos ór- Comité Médio prazo 400.000 – 500.000 ECV
gãos públicos e privados, no financiamento dos
programas de conservação

4.A6 Divulgar a rede Nacional de Arrojamentos DNA, INDP, UNI- Médio prazo 50.000 – 100.000 ECV
VERSIDADES, ONG

4.A7 Divulgar os regulamentos da atividade turística Comité Longo prazo 50.000 – 100.000 ECV

4.A8 Divulgar o código de conduta e de boas práticas Comité Longo prazo 50.000 – 100.000 ECV
nas atividades turísticas

4.A9 Promover o empreendedorismo no ecoturismo Comité Médio prazo 300.000 – 400.000 ECV

4.A10 Divulgar de forma contínua as medidas de con- DNA, INDP, UNI- Vigência do 1.000.000 - 1.200.000 ECV
servação VERSIDADES, ONG plano

4.A11 Divulgar o código de conduta MAHOT Médio prazo 200.000 – 300.000 ECV

4.A12 Sensibilizar os operadores sobre os riscos de DNA, INDP, UNI- Vigência do 300.000 – 500.000 ECV
colisões e poluição sonora e marinha VERSIDADES, ONG plano

4.B – Reforço da capacidade técnica e institucional

4.B1 Promover a atribuição de bolsas de investigação Comité Médio Prazo 50.000 – 100.000 ECV
para a área de cetáceos (Licenciatura, Mestrado
e doutoramento)

4.B2 Integrar estudantes nas campanhas de inves- UNIVERSIDADES Médio prazo


tigação

4.B3 Promover jornadas científicas nas universidades DNA, INDP, UNICV, Médio prazo 600.000 - 800.000 ECV
ONG

4.B4 Promover escola de verão para o EBI e escolas DNA, INDP, UNICV, Médio prazo 600.000 - 800.000 ECV
secundárias ONG

4.B5 Promover o reforço da capacidade técnica dos DNA Curto prazo 500.000 – 600.000 ECV
membros do comité de gestão e coordenação do
plano de conservação de cetáceos

4.B6 Fortalecer a cooperação e assistência técnica Comité Médio prazo 50.000 – 100.000 ECV

4.B7 Formar monitores e guias para o ecoturismo Consultoria Curto prazo 100.000 – 150.000 ECV

4.B8 Promover formações sobre empreendedorismo Comité Médio prazo 300.000 – 400.000 ECV
no ecoturismo
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1165

4.C - Envolvimento das comunidades locais nas ações de conservação e investigação sobre os cetáceos

4.C1 Desenvolver iniciativas de subsistência que são DNA, INDP, UNI- Curto prazo 500.000 – 600.000 ECV
compatíveis com a conservação de cetáceos VERSIDADES, ONG

4.C2 Envolver as comunidades locais nas iniciativas DNA, INDP, UNI- Curto prazo 500.000 – 600.000 ECV
investigação VERSIDADES, ONG

Cronograma: curto prazo (anos 1 e 2), médio prazo (anos 3 e 4) e longo prazo (anos 5 e 6)

Resultados Indicadores

R1. Divulgados os resultados de investigação sobre os cetáceos Meios de divulgação dos resultados de investigação sobre
os cetáceos
R2. Elaborados os materiais de sensibilização
Número de palestras realizadas
R3. Realizadas as visitas sobre os cetáceos
Número de ações de divulgações realizadas
R4. Divulgada a rede de trabalho sobre os cetáceos
Número de visitas sobre os cetáceos realizadas
R.5 Divulgadas as leis e regulamentos sobre os cetáceos
Rede de trabalho disponível e número de pessoa com acesso
R.6 Formados os guias e monitores
Números de guias e monitores formados
R.7 Aumentada a atribuição de Bolsas de Investigação para a
área de cetáceos Número de bolsas de investigação para a área de cetáceos
atribuídas
R.8 Promovidas as jornadas científicas e escolas de verão
Número de jornadas científicas realizadas
R.9 Fortalecido a cooperação e assistência técnica na área de
cetáceos Número de escolas de verão realizadas

R10. Operadores Sensibilizados sobre os riscos de colisões, poluição Número de ações de sensibilização sobre os riscos de coli-
sonora e marinha sões, poluição sonora e marinha

R11. Divulgados os planos de ações nacionais Número de comunidades envolvidas nas ações de conser-
vação e investigação sobre os cetáceos
R12. Divulgado o código de conduta sobre os cetáceos

R13. Envolvimento das comunidades locais nas ações de conser-


vação e investigação sobre os cetáceos

Fontes de verificação Riscos e hipóteses

Relatórios depositados na DNA Financiamento

Fotografias

4.4 Avaliação e monitorização do plano 5. Bibliografia


AIDIL BORGES (2007) O estado da arte da Educação Ambiental
O plano terá uma vigência de 6 anos a contar a partir em Cabo Verde I Congresso de Educação Ambiental dos
da sua validação e publicação no Boletim Oficial e com países Lusófonos e Galiza.
avaliações ao meio percurso. A revisão terá finalidade de Anónimo. 2006 Proyecto Hydrocarpo. Gestión sostenible del
avaliar a realização das atividades proposta, identificar património natural costeiro y de los recursos marinos
fracassos com base nos indicadores apresentados e, se vivos de la República de Cabo Verde. Vol. 3. Estudios sobre
espécies de vertebrados marinos con potencial ecoturísticoy
necessário, fazer ajustes moderados. amenazados de extinción: aves, cetáceos y tortugas marinas.
Infome no publicado. ICCM. Telde. Gran Canaria. 24 pp.
O acompanhamento e a monitorização do plano de será
APPECCAO – Acções de Adaptação das Políticas de Pesca às
da responsabilidade conjugada e partilhada entre a ad- Mudanças Climáticas na África Ocidental (2011) Análise
ministração, a investigação e a fiscalização. No entanto, das instituições e políticas de pesca em cabo verde. Mindelo.
seria também importante a participação da sociedade Benchimol C., Yvon Rocha C., Medina R., Lesourd M., (2009)
civil através da educação ambiental e da sensibilização La gestion des ressources marines et côtières au Cap Vert:
para o uso sustentável dos recursos marinhos, de forma Évolution du cadre législative et institutionnel www.apdr.
pt/congresso/2009/pdf/.../255A
atingir os objetivos preconizados.
Berrow, S., 2003. From Cape Clear to Cape Verdes, in search
of Port na Pucai and the Humpback Whales. Unpublished
Deverá ainda ser proposta a criação de um programa report, Irish Whale and Dolphin Group. 20 pp.
de avaliação e monitorização do plano, assim como, uma
Berrow, S., 2006. Cape Verde 2006. Unpublished report, Irish
equipa para avaliar a eficácia do cumprimento das nor- Whale and Dolphin Group. 25 pp.
mas e dos regulamentos. Da avaliação do plano, poderão
Bérubé, M., Ryan, C., Berrow, S.D., Lopez-Suárez, P., Monteiro,
sair recomendações com vista à sua melhoria. V., Wenzel, F., Robbins, J., Mattila, D.K., Vikingsson, G.,
1166 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

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6. Anexos Anexos II: Lista de fenómenos de arrojamentos de


cetáceos em Cabo Verde - antes de 1999 a 2013 (Fonte:
Anexo I: Referência bibliográfica relativamente à lista INDP/Pedro Lopez)
de espécies de cetáceos identificados em Cabo Verde.
Nº. DE
DATA LOCALIZAÇÃO ESPÉCIES
FAMÍLIA ESPÉCIE REFERÊNCIA INDIVID.
Globicephala
Wenzel et al. 2009, Jann 1 Antes1999 BV - Ponta Calheta Negra 20
macrorhynchus
Megaptera et al. 2003, Hazevoet &
1 Peponocephala
novaeangliae Wenzel 2000, Reiner et al. 2 Antes1999 BV - Praia de Roque 14
electra
1996, Lagendijk 1984
Physeter macroce-
Balaenoptera 3 Antes1999 BV - Praia de Roque 1
phalus
MISTICETOS

2 Hazevoet et al. 2010


acutorostrata
4 Antes1999 BV - Unknown Balaenoptera sp. 1
BALAENOPTERIDAE
Balaenoptera Hazevoet et al. 2010, Haze-
3 Pseudorca cras-
Brydei voet & Wenzel 2000 5 Antes1999 BV - Praia de Canto >10
sidens
Balaenoptera Balaenoptera
4 Reiner et al. 1996 6 12.05.00 BV - Praia Boa Esperança 1
musculus acutorostrata
Balaenoptera Peponocephala
5 Moore et al. 2003 7 2001 BV - Sal Rei 20
electra
physalus
8 07.03.01 BV - Praia de Estoril Steno bredanensis 1
Delphinus Hazevoet & Wenzel 2000,
1 Peponocephala
delphis Reiner et al 1996 9 August 2001 BV - Praia de Abrolhal > 30
electra
Feresa atte-
2 Lopez Suarez et al 2012 Peponocephala
nuata 10 27.09.01 BV - Praia Boca Salina 1
electra
Hazevoet et al 2010, Globycephala
Globicephala 11 05.08.02 S.A.- Escorraleto 9
3 Hazevoet & Wenzel 2000, macrorhynchus
macrorhynchus
Reiner et al 1996 Physeter macroce-
12 10.01.03 SV- Praia do Norte 1
phalus
Grampus Hazevoet & Wenzel 2000,
4 Globicephala
griseus Reiner et al 1996 13 25.01.03 BV - Praia Boa Esperança > 12
macrorhynchus
Lagenodelphis
5 Torda et al 2010 Globicephala
hosei 14 21.06.03 BV - Praia As Gatas 6
macrorhynchus
Hazevoet et al 2010, Haze- Peponocephala
6 Orcinus orca 15 01.10.03 Maio - costa norte 150
voet & Wenzel 2000 electra

Hazevoet et al 2010, Van Peponocephala


16 01.11.03 SL- Praia dos Achados 169
electra
Peponocephala Waerebeek et al 2008,
7 Peponocephala
electra Hazevoet & Wenzel 2000, 17 08.11.03 BV - Praia Sta. Mónica 3
Reiner et al 1996 electra
DELPHINIDAE Golfinho retalhado
Pseudorca 18 14.04.04 ST - Ribeira da Barca antes de identi- 1
8 Hazevoet et al 2010
crassidens ficado
ODONTOCETOS

Hazevoet et al 2010, Haze- Maio- Ponta Rica do Porto Peponocephala


Stenella atte- 19 06.05.04 54
9 voet & Wenzel 2000, Perrin Cais electra
nuata
et al 1987 20 ago-04 BV - Ponta Forno de Cal Kogia sima 1
Stenella coeru- Physeter macroce-
10 Hazevoet & Wenzel 2000 21 01.07.05 ST - Santa Cruz 1
leoalba phalus

Hazevoet et al 2010, Globycephala


22 01.07.05 BV - Praia Carvão 46
Stenella fron- macrorhynchus
11 Hazevoet & Wenzel 2000,
talis Peponocephala
Reiner et al 1996 23 20.10.05 Sal- Murdeira 2
electra
Stenella longi- Hazevoet & Wenzel 2000, Physeter macroce-
12 24 22.10.05 Sal, Ponta preta 1
rostris Reiner et al 1996 phalus
Hazevoet et al 2010, Ber- Peponocephala
Steno breda- 25 22.10.05 Sal, Baía Murdeira 1
13 row 2003, 2206, Hazevoet electra
nensis
& Wenzel 2000 Balaenoptera
26 09.01.06 SN - Prainha 1
physalus
Tursiops trun- Hazevoet & Wenzel 2000,
14 27 29-30.01.06 BV - Praia Chaves Stenella frontalis ~ 30
catus Reiner et al 1996
15 KOGIIDAE Kogia sima Hazevoet et al 2010 Physeter macroce-
28 08.03.06 BV - Praia de Roque 1
phalus
Hazevoet et al 2010, Moore Lagenodelphis
Physeter macro- 29 10.03.06 BV - Praia Curral Velho 1
16 PHYSETERIDAE et al 2003, Reiner et al hosei
cephalus
1996
Peponocephala
30 2006 BV - Curral Velho 1 cria
Mesoplodon Wenzel & Lopez Suarez electra
17
densirostris 2013 Pseudorca cras-
31 Antes 2007 BV - Praia de Canto >10
sidens
Mesoplodon Hazevoet et al 2010. Koe-
18 ZYPHIIDAE Pseudorca cras-
europaeus nen et al 2013 32 22.07.07 BV - Praia Joao Barrosa 1
sidens
Ziphius cavi- Hazevoet et al. 2010, Globycephala
19 33 28.09.07 Sal - Murdeira 1
rostris Haase 1987 macrorhynchus
1170 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

Peponocephala Anexo III: Mapa de arrojamento de cetáceos em Cabo


34 17.11.07 BV, Morro d’areia 265
electra Verde - antes de 1999 até 2013.
BV, Chaves, Boca de Ribei- Peponocephala
35 19.11.07 6
ra, Baía SalRei electra
Peponocephala
36 19.11.07 BV - Praia de Chaves ~70
electra
Peponocephala
37 20.11.07 BV 1
electra
SA-Porto Novo, zona de Globicephala
38 31-11-07 1
Barca e As Casas macrorhynchus
SA-Porto Novo, Praia de
39 23.12.07 Stenella frontalis 2
pau
Baleia não iden-
40 08.01.08 Sal - Pedra de Lume 1
tificada
Globycephala
41 14.05.08 SA - Ponta do Sol 1
macrorhynchus
Globycephala
42 24.03.09 SA - Porto Novo 1
macrorhynchus
Globycephala
43 09.07.09 SV - Baía das Gatas 1
macrorhynchus
Globicephala Figura 1: Mapa de arrojamento de cetáceos em Cabo Verde de antes de 1999
44 08.11.09 BV - Praia de Abrolhal 46
macrorhynchus até 2013. Fonte: INDP/Pedro Lopez
Globycephala
45 12.11.09 SA - Ponta do Sol 1
macrorhynchus
Physeter macroce-
46 18.03.10 Sal - Pedra de Lume 1
phalus
Sal - Baía Joaquim Globycephala
47 20.06.10 42
Betinha macrorhynchus
Globycephala
48 05.07.10 SL - Praia dos Achados 13
macrorhynchus
Globicephala
49 28.09.10 BV - Boa Esperança 5
macrorhynchus
50 03.10.10 BV - Ervatao Steno bredanensis 1
51 19.10.10 BV - Praia de Estoril Steno bredanensis >100
52 20.10.10 BV - Praia João Cristovão Steno bredanensis 43
53 20.10.10 BV - Praia do Ilhéu Steno bredanensis 10
Globycephala
54 18.11.10 Fogo - Sta Catarina 1
macrorhynchus
Globycephala
55 27.02.11 BV - Ilhéu de Sal Rei 1
macrorhynchus Figura 2 : Mapa de arrojamento de Cetáceos na ilha de Boa Vista - antes de
1999 até 2013. Fonte: INDP/Pedro Lopez
Globicephala
56 27.03.11 BV - Praia Chaves-Estoril ~30
macrorhynchus Anexo IV: Número de avistamentos de cetáceos a nível
57 10.02.12 BV - Boa Esperança Feresa attenuata 7 nacional e as respetivas referências e localização (Fonte:
58 14.02.12 Maio - Zona Laja Branca
Globycephala
64
Relatórios de campanhas)
macrorhynchus
SA - Abufadouro Porto
59 20.03.12 Stenella sp 1 AVISTAMENTO EM CABO VERDE
Novo
BV - Domingo Santo- Peponocephala REFEREN- Nº DE
60 jun-12 >15 LOCAL ESPECIES
Ervatao electra CIAS INDIVID.
Globicephala
61 jun-12 BV - Ponta do Sol 6 REINER et al Santo Antão Grampus griséus 20
macrorhynchus
Globicephala REINER et al Sal Tursiops truncatus 206
62 24.08.12 Sal - Ponta do Sinó 17
macrorhynchus
REINER et al Boa Vista Tursiops truncatus 27
63 2012 BV - Ervatao Stenella frontalis 1
REINER et al São Vicente Tursiops truncatus 60
Globicephala
64 12.10.12 Sal - Ponta do Sinó 10 Canal Fogo/
macrorhynchus REINER et al Tursiops truncatus 250
Santiago
65 2012 SV - Boca de Lapa Stenella sp 3
REINER et al Santo Antão Tursiops truncatus 95
Baleia em decom-
66 2013 Fogo - Praia de Pesqueiro 1
posição REINER et al São Nicolau Stenella frontalis 30
Lagenodelphis
67 2013 SV - Praia da Galé 1 REINER et al St. Luzia Stenella longirostris 10
hosei
Globicephala REINER et al Santiago Stenella longirostris 3
68 2013 BV - Gatas-Canto 6
macrorhynchus
REINER et al Santo Antão Stenella longirostris 100
Stenella coeruleo-
69 2013 BV - Praia Estoril 1 REINER et al São Vicente Delphinus sp. 30
alba???
Maio - Praia Calheta de Mesoplodon REINER et al Santiago Delphinus sp. 300
70 2013 1
Baixo europaeus
REINER et al Maio Delphinus sp. 300
Maio - Praia Calheta de Globicephala
71 2013 1 REINER et al Sal Delphinus sp. 200
Baixo macrorhynchus
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1171

REINER et al Santo Antão Delphinus sp. 50 Projecto Hydro-


Santo Antão Tursiops truncatus 26
Peponocephala capturado carpo
REINER et al São Nicolau
electra por pescador Projecto Hydro-
Fogo Tursiops truncatus 20
Globicephala ma- carpo
REINER et al Sal 1
crorhynchus
Projecto Hydro-
Brava Zifius cavirostris 3
Globicephala ma- carpo
REINER et al Santo Antão 8
crorhynchus
Projecto Hydro-
Physeter macroce- Santiago Zifius cavirostris 2
REINER et al Fogo 1 carpo
phalus
Projecto Hydro-
Physeter macroce- Maio Zifius cavirostris 3
REINER et al Boa Vista 1 carpo
phalus
Physeter macroce- varias feme- Projecto Hydro- Lagenodelphis
REINER et al Sal São Nicolau 25 e 3 cria
phalus as com cria carpo hosei

Physeter macroce- Projecto Hydro- Delphinus delphis


REINER et al Santiago 1 Sta. Luzia 15
phalus carpo ??
Canal Fogo/ Physeter macroce- Projecto Hydro- Stenella coeruleo-
REINER et al 1 Sta. Luzia ??
Santiago phalus carpo alba ??
ponta leste - Balaenoptera Projecto Hydro- Steno brendanen-
REINER et al 1 Boa Vista 25
São Nicolau musculus carpo sis ??
Balaenoptera
REINER et al Santo Antão 2 Projecto Hydro- Globicephala
physalus Boa Vista 20 e 2 crias
carpo melas ??
Megaptera novae-
REINER et al Sal 10 Projecto Hydro- Globicephala ma-
angliae São Nicolau 52
carpo crorhynchus
Megaptera novae-
REINER et al Boa Vista 2
angliae Projecto Hydro-
São Nicolau 100 e crias
carpo
Megaptera novae-
REINER et al Santo Antão 6
angliae Projecto Hydro-
Ilheu Branco Stenella frontalis 100
Megaptera novae- carpo
REINER et al São Nicolau 1
angliae Projecto Hydro-
Santiago 4
Megaptera novae- carpo
CC2CV Boa Vista 45
angliiae
Projecto Hydro-
Megaptera novae- São Vicente 11
CC2CV Santo Antão 3 carpo
angliiae Stenella attenuata
Projecto Hydro- 270 e 10
Physeter macroce- Brava
CC2CV Boavista ? carpo crias
phalus
Projecto Hydro-
Globicephala ma- São Nicolau Tursiops truncatus 25
CC2CV Sta Luzia 3 carpo
crorhynchus
CC2CV Boa Vista Steno bredanensis 38 Projecto Hydro- Peponocephala
Sta- Luzia 50
carpo electra
Projecto Hydro- Globicephala ma-
Fogo 51 Projecto Hydro-
carpo crorhynchus São Nicolau Baleonoptera sp.
carpo
Projecto Hydro- Globicephala ma-
São Nicolau 60 e crias
carpo crorhynchus Megaptera novae-
IWDG Boa Vista 42 3 crias
angliiae
Projecto Hydro- Globicephala ma-
Santiago 75 e crias
carpo crorhynchus Megaptera novae-
IWDG Maio 6
Projecto Hydro- angliiae
Sta Luzia Stenella frontalis 130
carpo
Physeter macroce-
IWDG Boa Vista
Projecto Hydro- phalus
Santo Antão Stenella frontalis 50
carpo
Physeter macroce-
Projecto Hydro- IWDG São Nicolau
São Vicente Stenella frontalis 200 phalus
carpo
IWDG Boa vista Steno brendanensis 17
Projecto Hydro-
Santo Antão Stenella attenuata 65
carpo IWDG Maio Steno brendanensis 12
Projecto Hydro- IWDG São Nicolau Tursiops truncatus 25
Maio Stenella attenuata 100 e crias
carpo
IWDG São Nicolau Stenella attenuata 38 e crias
Projecto Hydro- 1200 com
Fogo Stenella attenuata
carpo crias Globicephala ma-
IWDG São Nicolau 50
Projecto Hydro- crorhynchus
Boa Vista Stenella attenuata 100
carpo
Mike, Green-
PN- Santo Balaenoptera
Projecto Hydro- felder & Richard 2
São Vicente Tursiops truncatus 80 e 2 crias Antão edeni
carpo White in litt
1172 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

Anexos V: Mapa dos avistamentos de cetáceos a nível (Clapham, P. J. and Mead, J. G, 1999). Outras zonas de
nacional Cabo Verde. Fonte: Relatórios de campanhas alimentação ocorrem na Islândia e Norte de Noruega
(Stevick, P. et al, 2003).
A zona de reprodução dessas baleias do norte é nas
Caraíbas e uma pequena população migra para as ilhas
de Cabo Verde (Clapham, P. J. and Mead, J. G, 1999)
A baleia-de-bossa é grande e robusta, as barbatanas
peitorais são sempre brancas na parte inferior, e variar
de cor entre preto e branco na parte superior. As barba-
tanas caudais são negras na parte superior mas variam
bastante de cor, desde completamente branca até comple-
tamente negros na parte inferior. Apresentam tubérculos
na mandíbula inferior e barbas negras com 270 a 400
lâminas de cada lado. Apresenta pregas ventrais que se
estendem desde a ponta da mandíbula inferior ao umbigo
e barbatanas peitorais que medem cerca de um terço do
comprimento corporal (Randall R. Reeves, 2005). Nasce
pesando com 4-4,6m e 1 a 2 toneladas, podendo atingir
Figura 3: Mapa dos avistamentos de cetáceos a nível nacional Cabo Verde. um comprimento máximo em adulto, de 16 a 17 metros
Fonte: Relatórios de campanhas com 30 a40 toneladas.
Anexo VI: Caraterização geral das espécies identifi- São animais lentos mas que fazem muitas acrobacias.
cadas em Cabo Verde Mergulham de 3 a 9 minutos e algumas vezes até 45
minutos. Durante a época de acasalamento os machos
OS MISTICETES - BALEIAS COM BARBAS emitem sons (canções) bastante complexos que se desti-
a) BALEIA-DE-BOSSA (BALEIA PRETA): Megaptera nam a atrair as fêmeas.
novaeangliae (Borowski, 1781) Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
presentemente, ocorre em todas as ilhas de Cabo Verde,
Características gerais principalmente nos meses de Fevereiro a Maio e em maior
numero nas ilhas mais orientais.
As baleia-de-bossa re-
presentam um patrimó- As megapteras poderão ser um potencial recurso a ser
nio mundial e tal como explorado através da observação turística.
outras espécies de cetá-
b) BALEIA ANÃ: Balaenoptera acutorostrata
ceos, fazem parte das es-
(Lacépède, 1804)
pécies que são protegidas
pela Convenção sobre a Características gerais
Conservação Espécies Migratórias (CMS), no seu Anexo I,
A baleia anã é a mais
e pela Convenção sobre o Comércio Internacional das
pequena e também a
espécies de Fauna e Flora Selvagem ameaçadas de Ex-
mais abundante das
tinção (CITES).
baleias. Aparece virtu-
É uma espécie cosmopolita, podendo ser encontrada almente em todo o pla-
em todos os oceanos e no mar Mediterrâneo, mas a sua neta, mas é menos comum nos trópicos, que em águas
ocorrência nesta área é considerada rara (Clapham, P. J. mais frias. Concentra-se mais em latitudes altas durante
and Mead, J. G, 1999). São divididas em três populações o verão e baixas durante o inverno, mas as migrações
isoladas, a do Norte de Atlântico, do Norte do Pacifico e variam de ano para ano. Frequenta zonas costeiras, ba-
a do Hemisfério do Sul. ías e bancos afastados. Os animais do hemisfério norte
apresentam uma mancha branca nas barbatanas peito-
Habitam nas costas ou nas zonas de águas de baixios, em- rais, que pode estar ausente em muitas baleias anãs do
bora frequentemente viajem através das águas profundas hemisfério sul.
durante a migração. Durante a Primavera, Verão e Outono
alimentam-se nas zonas temperadas ou em águas de altas Cabeça estreita e pontiaguda com crista mediana aguda,
latitudes. No Inverno, o animal migra para reproduzir nas barbatana dorsal falcada, proeminente; corpo negro
zonas tropicais ou subtropicais nas águas de baixas latitu- acima, branco abaixo; pode ter marcas atrás da cabeça;
des (Clapham, P. J. and Mead, J. G, 1999). barbatana peitoral pequena, com ampla faixa branca;
presença de cerdas, e sulcos na garganta. A baleia anã
São filtradores e comem cerca de uma tonelada de mede ao nascer cerca de 2,5 a 2,8 m com um peso de
alimento por dia. A sua dieta consiste em: Eufasiáceos aproximadamente 320 kg. A medida máxima atingida
(Krill), Copépodes, Pequenos peixes (Arenque e capelim) pelos adultos machos é de 9,8 m e nas fêmeas 10,7m,
e Moluscos. As baleias do Atlântico Norte Ocidental, com um peso aproximado de 9,2 Ton. A longevidade é
alimentam-se principalmente na costa Ocidental dos incerta mas talvez atinja 50 anos. Alimenta-se de Krill
Estados Unidos, na zona Ocidental de Gronelândia e pequenos peixes (Randall R. Reeves, 2005).
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1173

A baleia anã torna-se adulta quando chega, mais ou d) BALEIA AZUL: Balaenoptera musculus
menos, aos 8 anos de idade. Depois que as fêmeas ficam (Linnaeus, 1758)
grávidas, a gestação dura cerca de 10 meses. Nasce geral-
mente um filhote no inverno, e a mãe amamenta seu filho Estado de conservação
durante quatro a seis meses (Randall R. Reeves, 2005). IUCN Em Perigo
CITES Anexo I
Geralmente são solitários ou aparecem em grupo de 2-3
indivíduos. A barbatana caudal não sai fora da água ao CMS Anexo I
submergir. O sopro alto e fino e normalmente não é visível. NACIONAL Desconhecido

Informações disponíveis a nível de Cabo Verde: Características gerais


a sua ocorrência em Cabo Verde é rara. No dia 10.05.00,
pela primeira vez em Cabo Verde, foi identificada a es- A baleia azul é o maior animal que existe. Os primeiros
pécie Balaenoptera acutorostrata, uma baleia anã jovem, animais observados e documentados, são do hemisfério sul
na Praia Boa Esperança – Boavista (C. Hazevoet, V. e ultrapassaram 30 m de comprimento e provavelmente
Monteiro et al, 2010). pesavam cerca de 200 toneladas. Vivem provavelmente
mais de 70 anos. Aproximadamente desde os princípios do
c) BALEIA DE BRAIDE: Balaenoptera brydei seculo xx, esta espécie sofreu uma caça intensa (360.000
(Anderson, 1879) baleias), principalmente no hemisfério sul, que reduziu
drasticamente a sua população. Atualmente, esta espécie
Características gerais está protegida em todo o mundo (Anexo I da CMS e CITES).
A Baleia de São migradores e ocorrem solitários ou em grupos de
Bryde é a menos dois ou três. Está amplamente distribuída: em todos os
conhecida das oceanos e habita tanto águas costeiras e adjacentes da
grandes baleias. plataforma continental como águas oceânicas. A maior
Esta espécie é a única entre os misticetos que não é migra- parte da população migra a latitudes baixas durante o
tória e passa a maior parte do tempo em águas quentes inverno, deslocando-se às vezes até áreas muito produ-
dos trópicos. A sua população mundial é estimada em tivas onde continuam alimentando-se.
25 000 indivíduos.
Alimentam-se quase exclusivamente de krill e às vezes
Essa espécie habita águas tropicais e subtropicais de
de caranguejos pelágicos. Os de maior tamanho conso-
todos os oceanos, tanto em áreas costeiras como oceâ-
mem cerca de 6 toneladas de krill/dia.
nicas. Pode permanecer na mesma área por um ano,
deslocando-se no sentido costa, mar-alto e vice-versa. Desconhece-se sobre o sistema de acasalamento, salvo
que são estacionais e têm lugar no inverno. As fêmeas dão
Alimentam-se principalmente de pequenos peixes gre-
à luz apenas uma cria de 7 metros (2,5 ton) cada dois ou
gários, e por vezes de krill. Possuem hábitos solitários,
três anos. Os nascimentos acontecem no inverno, depois
mas podem se deslocar aos pares ou, ainda em grupos
de uma gestação de 11 meses. As crias em amamentação
de até 10 indivíduos. As fêmeas são maiores que os ma-
ganham cerca de 90 Kg/dia e se separam das mães quando
chos e pesa entre 16 e 18,5 toneladas. Seu corpo é longo
têm entre seis a oito meses.
e esguio, cabeça larga e plana com uma quilha central
proeminente e duas quilhas laterais. A barbatana dorsal é Corpo de cor azul, aspeto manchado, barbatana dorsal
alta e localiza-se no final do dorso. Sua coloração é cinza- minúscula localizada a três quartos do dorso, aparência
prateada no dorso e esbranquiçada na parte ventral. atarracada, cabeça plana em forma de U quando vista
Podem existir manchas claras nos lados do corpo ou entre de cima, cauda grossa, cerdas grossas.
a cabeça e a barbatana dorsal. As barbatanas peitorais
são relativamente pequenas, estreitas e pontudas. Pos- Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
suem de 250 a 370 pares de cerdas, de cor escura e com foi avistada em 1994 aquando da vinda do navio oceano-
comprimento médio de 45 cm. O seu ventre apresenta gráfico Islândia, já nas águas de Cabo Verde.
uma coloração rosa.
e) BALEIA COMUM: Balaenoptera physalus
A baleia-de-braide chega a viver 72 anos. A gestação (Linnaeus, 1758)
dura aproximadamente um ano, quando as fêmeas dão à
luz a um único filhote, que ao nascer mede cerca de 3,4m Estado de conservação
e pesa 560 Kg. As fêmeas dão à luz a dois em dois anos. IUCN Em Perigo

Costuma saltar totalmente fora da água (3 a 4 metros de CITES Anexo I


altura) e aproxima-se de embarcações. O borrifo pode atingir CMS Anexo I e II 61

até 4m de altura. As vocalizações são de baixa frequência. NACIONAL Desconhecido

Informações disponíveis a nível de Cabo Verde: Características gerais


o primeiro documento que refere esta espécie em Cabo
Verde diz que foi observada a 20 e 21 de Outubro de 2009 É uma das baleias mais rápidas, podendo atingir velo-
e a 1 milha do Porto Novo, Santo Antão (Mike, Greenfel- cidades superiores a 32 km /hora durante curtos períodos.
der & Richard White in litt). Após um mergulho que pode atingir os 230 m de profun-
1174 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

didade, uma baleia comum pode produzir um esguicho É uma espécie bastante gregária e embora normalmente
ou sopro de vapor de água com cerca de 6m de altura, forme grupos de algumas dezenas, podemos encontrar
visível a grande distância. A longevidade é de 80 anos. também grupos de várias centenas. São muito ágeis,
viajam a grande velocidade saindo completamente da
Espécie cosmopolita e geralmente pelágica, frequenta água com frequência e emitem vocalizações parecidas
águas costeiras em diversas áreas mas também o alto com assobios que podem ser ouvidas por observadores
mar. É migratória e solitária ou ocorrem em pequenos fora de água.
grupos. Alimenta-se de krill e de diversos peixes pequenos
que formam bancos, sobretudo, arenques e capelines. Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
em Cabo Verde, há registo de avistamento da espécie na
Corpo acinzentado a acastanhado e esbranquiçado no década de 90 (REINER et al. 1996) sobretudo nas ilhas de
ventre. Cabeça achatada com lábio inferior direito branco, Santiago, São Vicente, Maio e Sal. Em 2003, durante uma
com uma franja em forma de V invertida, atrás. campanha de observação de cetáceo, a espécie foi avistada
As áreas de acasalamento e nascimento da cria não em Santa Luzia (Proyecto Hydrocarpo, Interreg IIB).
estão identificadas. As fêmeas dão à luz apenas uma
b) ORCA PIGMEIA: Feresa attenuata (Gray, 1870)
cria a cada dois ou três anos. Os nascimentos ocorrem
no inverno, depois de 11 a doze meses de gestação. O Caraterísticas gerais
desmame acontece aos 6-8 meses.
Animal pouco conhecido,
Emitem vocalizações sonoras de baixa frequência que raramente visto, apesar de
se podem ouvir a centenas de quilómetros de distância sua extensa distribuição
em águas profundas. cobrindo quase todas as
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde: profundas águas tropi-
a primeira ocorrência documentada em Cabo Verde, foi cais e subtro picais e do Mediterrâneo ocidental.
publicada por Moore et al em 2003. Em Janeiro de 2006 Provavelmente alimenta-se de peixe e lulas. Supõe-se
foi observada esta espécie durante uma campanha de que os nascimentos acontecem no verão e podem medir
observação de cetáceos em CV. 80 cm ao nascer.
OS ODONTOCETOS – CETÁCEOS COM DENTES Assemelha-se com uma orca, porém menor. Um pouco
a) GOLFINHO - COMUM: Delphinus delphis maior que um homem adulto. Parte anterior do corpo
(Linnaeus, 1758) bastante robusta e a parte posterior mais esbelta. Seu
corpo é maioritariamente negro, com áreas brancas so-
Características gerais mente nos lábios e no ventre. Tamanho adulto é entre
2,10 e 2,60 m.
É uma espécie
abundante e com São considerados menos ativos e ágeis que a maioria
uma distribuição dos golfinhos oceânicos. Ocasionalmente saltam junto às
muito vasta, sen- proas dos barcos e dão saltos verticais a grande altura.
do encontrada na Os grupos geralmente contêm menos de 50 indivíduos,
maioria das águas mas ocasionalmente podem chegar a 100. Em cativeiro,
temperadas, subtropicais e tropicais do mundo. É frequente- o animal mostrou grande agressividade para com outros
mente avistada em zonas costeiras, mas também nas zonas cetáceos e ao homem.
pelágicas, frequentemente a profundidades superiores a 100
m, onde segue as irregularidades topográficas. Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
a espécie é suscetível de ocorrer em Cabo Verde e nos
Estes golfinhos são de fácil identificação no mar devido países vizinhos (REINER et all, 1996).
à forma do corpo e as cores características. Possuem uma
mancha triangular negra ao nível da barbatana dorsal c)BALEIAPILOTO:Globicephalamacrorhynchus
e no crânio uma goteira palatina longitudinal que são (Gray, 1846)
muito importantes na identificação. Os indivíduos adul- Características gerais
tos chegam até os 2,6 m de comprimento e pesam perto
de 80 kg, chegando a um máximo de 136 kg. Este animal pode me-
dir até 8,5 m de compri-
Consoante a zona geográfica, as fêmeas atingem a mento e é considerado
maturidade sexual entre os 3 e os 12 anos de idade e os um dos mais corpulen-
machos entre os 5 e os 12 anos. O período de gestação tos entre os golfinhos.
varia entre 10 e 11 meses e entre gestações entre 1,3 e
2,3 anos. As crias nascem com cerca de 80 cm e tornam-se Ocorrem nos oceanos de todo o mundo, nas águas tro-
independentes com cerca de um ano de idade. picais e temperadas quentes, é abundante e apresenta
uma extensão geográfica muito grande.
Alimentam-se de várias espécies de peixes pelágicos
e cefalópodes e muitas vezes acompanham os barcos de O corpo é comprido e robusto e a região frontal da cabeça
pesca, aproveitando os peixes rejeitados. é em forma bulbosa ou quadrada que às vezes sobressai
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1175

mais que a parte anterior da boca. O bico é muito curto e Estima-se que a idade da primeira maturação da es-
a linha da boca inclina-se em direção ao olho. A barbatana pécie é de 11 anos, o período de gestação de entre 13 e
dorsal é pouco elevada, falciforme, arredondada e com 14 meses e de entre gestações de 2,4 anos.
base de inserção muito larga e situada na região anterior
do corpo. As barbatanas peitorais são mais curtas e são Alimenta-se preferentemente de cefalópodes mas
aproximadamente a sexta parte da longitude do corpo. supõe-se que também a dieta da espécie possa variar
Normalmente apresenta entre 7 a 9 pares de dentes em consoante a idade e o sexo.
ambos maxilares. A coloração é bastante simples, é ge-
ralmente negra ou castanho-escuro e tem uma mancha Formam grupos de entre 12 e 40, com uma média de
na zona da garganta que vai unir a uma maior que se 25 indivíduos mas, podem formar agregações pouco com-
estende até a zona génito-urinaria. Também apresenta pactas de centenas e até milhares de animais.
uma mancha na região atrás da barbatana dorsal e às
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
vezes uma pequena mancha atrás de cada olho que se
segundo Hazevoet et al. (2010) não se tem registado
estende em forma diagonal até a barbatana dorsal.
nenhuma atividade da espécie em Cabo Verde nos úl-
A gestação pode durar uns 15 meses e amamentam timos 10 anos (2000-2010). A ocorrência desse golfinho
durante 2 anos. O intervalo entre partos vai de 5 a 8 foi relatada em mares de Cabo Verde apenas no passado
anos e as fêmeas mais maduras dão à luz com menor (REINER et al. 1.996).
frequência. Alimenta-se de peixes, crustáceos e lulas
quando faz incursões nas profundezas do mar mas tam- e) GOLFINHO DE FRASER: Lagenodelphis
bém alimenta-se de cefalópodes pelágicos. hosei (Fraser, 1956)

É uma espécie gregária e apresenta-se normalmente Estado de conservação


em grupos de até várias dezenas de indivíduos. Podem IUCN Baixa preocupação
ainda apresentar segregação sexual e de maturidade mas CITES
pode ser encontrado em grupos mistos. CMS
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde: NACIONAL Desconhecido
É uma da espécie com vários registos de arrojamentos
em massa nas praias de Cabo Verde, principalmente Características gerais
nas ilhas de Boa Vista, Sal, Santiago, Maio e Santo
Antão (Hazevoet et al., 2010). Para além disso também É uma espécie encontrada em águas tropicais dos ocea-
é reportado muitos avistamentos durante os últimos 10 nos de todo o mundo e ocupa maioritariamente águas que
anos, principalmente nas campanhas de observação de superam os 1000 m de profundidade, Associa-se também
cetáceos (CC2CV, 2003; Hydrocarpo, 2006; IWDG, 2006). a áreas muito produtivas.
d) GOLFINHO CINZENTO: Grampus griseus Apresenta o corpo robusto, o bico curto e as barba-
(G. Cuvier, 1812) tanas peitorais e a caudal muito pequenas. A meio da
Características gerais zona dorsal, a barbatana dorsal é pequena e triangular
e muitas vezes falciforme, de altura e largura variável.
Podem ser encon- Tem de 36 a 44 pares de dentes no maxilar superior e
trados com relativa de 34 a 44 no inferior. Chega a medir 2.75 m e pesar uns
facilidade em águas 200 kg. A parte dorsal do seu corpo é azul-acinzentado a
profundas de regiões azul-acastanhado. Uma banda de cor creme atravessa o
temperadas e tropi- corpo longitudinalmente desde o bico, por cima dos olhos,
cais, mas a espécie é considerada pelágica. Habita zo- até a zona anal.
nas de vertente continental, zonas off-shore de ilhas e
arquipélagos, sendo mais comuns na periferia de montes Estima-se que o período de gestação é de aproxima-
submarinos, escarpas e áreas de topografia irregular, damente 12 meses e o intervalo entre nascimentos de
nunca se afastando em demasia da costa. Os padrões cerca de 2 anos.
sazonais de distribuição parecem estar relacionados com
temperaturas de águas superficiais, entre os 15 e 20º C, São muito seletivos e alimentam-se de peixes meso-
abundancia de presas, zonas de upwelling, etc. pelágicos, camarões e lulas.
Os adultos são normalmente de cerca de 3 metros, Formam grupos entre 100 e 1000 indivíduos, apesar
podendo ocasionalmente chegar aos 4 metros. A parte de também aparecerem grupos de uns poucos ou poucas
anterior do corpo é mais robusta que a posterior e a cabeça dezenas. Às vezes podem formar grupos com outras
é um pouco diferente dos demais golfinhos e não tem bico. espécies de golfinhos. Também podem aparecer na proa
Barbatana dorsal alta e falciforme e as peitorais longas dos navios fazendo saltos.
e também falciformes, a coloração geral é cinzenta e por
vezes com cicatrizes brancas, a dentição é reduzida, de Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
2 a 7 pares de dentes relativamente grandes e cónicos os primeiros registros do golfinho de Fraser documenta-
implantados unicamente na parte anterior do maxilar dos nos mares de Cabo Verde foram publicados por Torda
inferior e ocasionalmente, pequenos dentes vestigiais et al. (2010). Mais de 25 indivíduos foram avistados em
no maxilar superior. 2003 durante uma campanha de observação de cetáceos
1176 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

em 2003 (Proyecto Hydrocarpo, Interreg IIB) em São distribuída mas ainda muito pouco conhecida porque
Nicolau. Em 2003, houve um arrojamento dessa espécie grande parte do conhecimento existente provém dos
na praia curral velho (Boa Vista) e em 2013, na praia da arrojamentos em massa de centos de indivíduos.
Galé (São Vicente).
É um animal oceânico e pantropical principalmente
f) ORCA COMUM: Orcinus orca (Linnaeus, 1758) entre 20º N e 20º S, mas ocasionalmente aparece em
zonas temperadas devido a fenómenos relacionados com
Características gerais as correntes quentes.
É uma espécie cosmopolita A espécie tem um corpo bastante robusto que se es-
e não está limitada pelos fa- treita consideravelmente nos extremos. Podem atingir
tores ambientais como a tem- um tamanho máximo de 2,65 m nos machos e 2,75 m nas
peratura e a profundidade da fêmeas, e pesar 210 kg e pelo menos 210 kg, respectiva-
água. As maiores densidades mente. A cabeça é pequena e a zona frontal é arredondada
são em latitudes altas onde com um bico quase inexistente. A barbatana dorsal situada
abundam as suas presas. A sua deslocação parece estar a meio da zona dorsal é alta, até os 30 cm, falciforme e
ligada às deslocações das presas ou seja à disponibilidade pontiaguda. As barbatanas peitorais são mais ou menos
e à vulnerabilidade das presas. compridas e acabam em ponta. Apresenta de 20 a 26 pa-
O corpo é muito robusto e é definido como o de maior res de dentes em ambos maxilares. A coloração corporal
tamanho. Podem atingir um tamanho máximo de 9 m é quase toda ela cinzento-escura a negro com exceção
no macho e 7,9 m nas fêmeas, com 5.600 kg e 3.800 kg de algumas manchas cinzento claro ou branco na zona
respetivamente. Possuem coloração geral negra com uma ventral e os lábios brancos, cinzentos ou cor rosado.
mancha branca atrás de cada olho e a face ventral branca Reprodução pouco conhecida, provavelmente a gesta-
com um divertículo na região anal que se estende para ção dura mais ou menos um ano.
os flancos. A cabeça é cónica e não apresenta bico bem
definido. A barbatana dorsal é alta, grande e prominen- Alimenta-se exclusivamente de organismos pelágicos
te, com diferença entre machos (1 a 1,8 m de altura) e como peixes, lulas e às vezes de crustáceos, a uma pro-
fêmeas, e situa-se a meio da zona dorsal. As barbatanas fundidade de até 1500 m ou mais baixas.
peitorais são grandes, largas e arredondadas. Apresenta
entre 10 a 14 pares de dentes grandes e pontiagudos em São altamente gregárias, podendo formar bancos de
ambos os maxilares. centenas e até de mais de mil indivíduos. Podem ter
arrojamentos de várias centenas, o que prova o compor-
Parece que os nascimentos ocorrem quase todo o ano tamento altamente social. Aparecem às vezes aos saltos
mas a maioria no Outono e na Primavera. A gestação nas proas dos navios e fazem muita espuma. Também
dura entre 15 a 18 meses e o intervalo médio entre os às vezes associam-se à outros grupos como os golfinhos
nascimentos consecutivos é de 5 anos. de Fraser.
Alimenta-se desde de pequenos peixes até de baleias Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
e cachalotes. Comem tartarugas marinhas, tubarões, durante a campanha de 2005 (Proyecto Hydrocarpo,
raias, etc. Interreg IIB) avistaram cerca de 50 indivíduos na ilha
Vive em grupos familiares bastantes coesos e estáveis, de Santa Luzia. Ainda há relatos de vários eventos de
que podem ir de pequenos grupos de 4 até manadas de arrojamentos da espécie, principalmente nas ilhas de Boa
60 animais, mantendo-se unidos durante toda a vida. Os vista, Maio, Sal e Santa Luzia, com números bastante
indivíduos da espécie são muito curiosos e aproximam-se considerável durante os anos de 2001-2010, mais de 700
facilmente das embarcações. Saltam, assomam a cabeça à indivíduos (Hazevoet et al. 2010).
superfície e golpeiam a água com as barbatanas e com a cua- h) FALSA ORCA: Pseudorca crassidens (Owen,
da. Podem ocorrer arrojamentos em massa desses animais. 1846)
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
Características gerais
Hazevoet et al. (2010) documentou uma fotografia de
uma Orca comum, tirada na zona de Boa Vista, 21 de Esta espécie não é
Setembro de 2001. Ainda há registos de avistamento tão estudada como a
dessas espécies na ilha do Sal, 29 de Fevereiro de 1996 orca comum e quase
(Hazevoet & Wenzel, 2000). tudo o que se sabe
provem de estudos
g) GOLFINHO CABEÇA DE MELÃO: Peponocephala
feitos quando existem arrojamentos que implicam muitas
electra (Gray, 1846)
vezes centos de animais e também a morte de bancos
Características gerais completos. É muito conhecido por roubar peixes, como os
atuns, das artes de pesca como palangres e canas.
Conhecido por cabeça de
melão ou também falsa orca Habita as águas tropicais e temperadas de muitos
de cabeça de melão é uma mares e oceanos com uma extensão muito considerável
espécie tropical altamente e ocupa águas de mais de 1000 metros de profundidade.
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1177

Apresenta um corpo esbelto e de cabeça pequena, As crias nascem durante todo o ano e com vários picos
arredondada ou cónica e achatada e alinha da boca é estacionais. A gestação dura um pouco mais de um ano.
comprida e reta. A zona frontal sobressai-se mais que a O intervalo entre nascimentos vai de entre 2,5 a 4 anos.
ponta da mandibula inferior, principalmente nos machos A amamentação pode ir de um a mais de dois anos, mas
adultos. A barbatana dorsal é fina e pode superar os 40 podem começar a ingerir alimentos sólidos entre três a
cm de altura, é falciforme e está localizada mais ou menos seis meses.
no meio da zona dorsal do animal. Possuem de 7 a 12
pares de dentes grandes e cónicos em ambos maxilares. Alimenta-se de pelágicos de pequenos tamanhos, de
O corpo é quase completamente escuro, salvo algumas cefalópodes e de crustáceos.
partes da zona ventral.
É um dos cetáceos mais gregários. Em alto mar pode
A taxa reprodutora é baixa e o intervalo entre partos formar grupos de centenas de milhares organizados em
consecutivos parece ser de quase 7 anos pelo que, como várias unidades sociais de mais ou menos 20 indivíduos.
compensação, a taxa de sobrevivência é elevada. As fê- Essas unidades às vezes podem estar constituídas so-
meas dão à luz depois de 14 a 16 meses e amamentam a mente por fêmeas.
suas crias de 1,5 a 2 anos mas, as fêmeas de mais de 45
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
anos são estéreis.
É uma das espécies de golfinho mais comum em mares
Alimenta-se de uma grande variedade de peixes e de Cabo Verde com registos de muitos avistamentos
cefalópodes. ao longo dos últimos 10 anos (IWDG, 2006 e Proyecto
Hydrocarpo, Interreg IIB). Em 1 de abril de 2005, 17
É um animal gregário podendo formar grupos entre 10 golfinhos encalharam na Praia de Laginha, na cidade de
e 20 pertencentes a bancos de centos indivíduos. Mindelo, São Vicente e com a ajuda da população local
todos retornaram ao mar (Hazevoet et al., 2010).
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
Hazevoet et al. (2010) relata dois eventos de arrojamentos j) GOLFINHO RISCADO: Stenella coeruleoalba
de falsa orca na ilha de Boa Vista, provavelmente final (Meyen, 1833)
de 1980 ou início de 1990 e 2007. Em 01.10.03 arroja-
ram 150 golfinhos na ilha do Maio e um mês depois, 165 Características gerais
golfinhos adultos, 3 fetos e um recém-nascido, em Sta.
É uma espécie de go
Luzia (INDP, 2007).
lfinho gregária encon-
i) GOLFINHO TROPICAL: Stenella attenuata trada nas zonas sub-
(Gray,1846) tropicais, tropicais e
temperadas quentes
Características gerais de todos os oceanos. Preferem águas oceânicas muito pro-
dutivas. Embora não se saiba se estes golfinhos realizam
É uma das espé- grandes migrações, no Pacífico ocidental normalmente
cies mais abundante e acompanham as mudanças das correntes no verão e no
mais estudada, ape- inverno. Na costa sul-africana associam-se à corrente
sar do número de quente das agulhas. A dieta é bastante diversificada.
mortes acidentais Alimentam-se de uma ampla variedade de peixe que
que vêm vitimando formam cardumes e de cefalópodes.
as populações. Já foram identificadas três subespécies.
É bastante robusto, com focinho bem definido e de com-
Habita em águas tropicais e temperadas cálidas entre os primento médio, as barbatanas peitorais curtas e pontia-
4 graus N e os 40 graus S em todos os oceanos. Pode viver gudas e a dorsal proeminente e falciforme. Sua coloração
tanto em águas costeiras de ilhas como em alto mar das estabelece uma combinação de acinzentado azulado e
águas tropicais, desde os 200 às 300 milhas de diâmetro. branco que varia de local e também individualmente em
É uma espécie mais ou menos esbelta, com a barbatana intensidade e contraste. Tem como característica uma
dorsal bastante pequena e o bico mediano em compri- faixa negra que corre pelos flancos desde os olhos até o
mento e largura. Os machos adultos têm um pedúnculo seu ânus, e também por uma mancha clara, cuja forma
caudal grosso e uma protuberância bastante visível atras se aproxima de uma pincelada, que corre do olho para a
do ânus, caraterísticas essas que podem variar geografi- barbatana dorsal, que o tornam fácil de distinguir.
camente. A barbatana dorsal é falciforme e as peitorais
As crias nascem nos finais do verão e do outono, depois
são pontiagudas. Possuem de 35 a 48 pares de dentes no
de uma gestação que pode passar um ano. As fêmeas do
maxilar superior e de 34 a 47 no inferior. Apresenta a
mar Mediterrâneo alcançam a maturidade com 12 anos,
parte dorsal escura que se estende, mais ou menos, desde
enquanto as do Japão, aproximadamente, entre 7 a 9
a barbatana dorsal até à frente e aos lados do corpo, e a
ventral clara que se estende quase toda a zona ventral anos. Têm uma longevidade de 57-58 anos. Deslocam-se
e aos lados desde o bico até cobrir completamente o pe- em grupos variáveis, de 100 indivíduos em média, mas
dúnculo caudal, com padrões de manchas e pigmentação podem atingir os 500 indivíduos.
muito variável Todas as barbatanas são escuras. Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
em 2003, a espécie foi observada durante uma campanha
1178 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

de observação de cetáceos em Cabo Verde, mais preci- girando sobre seu eixo longitudinal. Sua grande agilidade
samente na ilha de Santa Luzia (Proyecto Hydrocarpo, deriva, em parte, de seu formato hidrodinâmico e de
Interreg IIB). uma pele oleosa que reduz drasticamente o atrito com
a água. Isso permite que os golfinhos alcancem a veloci-
k) GOLFINHO MANCHADO: Stenella frontalis dade necessária para realizarem seus saltos e piruetas.
(G. Cuvier, 1829) Geralmente associam ao atum e, portanto, são usados
pelos pescadores para localizar os cardumes.
Estado de conservação
IUCN Baixa preocu- O golfinho de focinho comprido é oceânico, encontrado
pação especialmente em águas tropicais e temperadas nos
CITES Anexo II Oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, ocorrendo prefe-
CMS rencialmente em águas pelágicas e costeiras profundas,
NACIONAL Desconhecido com limites de distribuição perto dos 30º norte e sul
(JEFFERSON et al., 1993).
Características gerais
Permanecem em águas profundas do oceano durante o
É um cetáceo encontrado nas águas temperadas e dia. À noite, eles movem-se na coluna de água (migração
tropicais do oceano Atlântico. vertical) e costeira (migração horizontal). Estes golfinhos
seguem as migrações de suas presas a fim de maximizar
Em Atlântico ocidental, se encontram desde do Cabo a eficiência de forrageamento.
Cod (Massachusetts) para o sul até Rio Grande do Sul
Alimentam-se principalmente de pequenos peixes,
(Brasil). Em Atlântico oriental, desde dos Açores para
lulas e camarões que se encontram a 200-300m de pro-
sul até as ilhas Canarias, Santa Helena e Gabão (Africa).
fundidade. Seus predadores conhecidos são: tubarões,
Abundam no Golfo do México e no mar de Caribe. Nas
orcas, e algumas espécies de baleias.
Bahamas, existe uma famosa área de concentração desta
espécie. O corpo é geralmente alongado, cabeça achatada e um
rostro longo e bem definido com a porção distal preta. A
Alimentam-se de pequenos peixes, cefalópodes e outros barbatana dorsal, posicionada no meio do corpo, tende
invertebrados bentónicos. a ser falciforme. O padrão básico de cor inclui uma capa
dorsal escura, laterais em cinza mais claras e o ventre
O corpo é alongado e esguio. Dorso escuro e ventre
branco ou cinza-claro. A margem inferior da capa dorsal
claro. Os adultos apresentam pintas claras no dorso
tende a correr paralela ao maior eixo do corpo. Observa-se
e escuras na barriga. Filhotes nascem cinza-claro. O
uma faixa escura que liga a barbatana peitoral ao olho
focinho é relativamente longo e fino e a ponta é branca.
e dali se conecta com a borda escura da boca (REEVES
A nadadeira dorsal é alta e fusiforme. As nadadeiras
et al., 2002).
peitorais são pontudas e proporcionais ao tamanho do
corpo. A região ao redor dos olhos normalmente é escura. É um golfinho relativamente pequeno, tendo em média
Pode atingir 2,3 m. 180 cm, mas podendo alcançar 240 cm e pesar de 75 a 80
kg (JEFFERSON et al., 1993).
Sabe-se pouco sobre a reprodução da espécie. As fêmeas
O período de gestação é de aproximadamente 11 meses
amamentam suas crias durante mais de 3 anos. Nascem
e os filhotes nascem com aproximadamente 75 cm. A
com 90-110 cm de comprimento.
maturidade sexual é atingida quando medem entre 150
É uma espécie bastante gregária mas os grupos não a 180 cm de comprimento (WURSIG et al., 2000). Vivem
passam de 50 indivíduos. Gostam de saltar junto às proas de 20 a 35 anos.
dos barcos e às vezes se mostram muito habilidosos. Deslocam-se em grupos compostos por duas até várias
centenas de indivíduos de todas as classes de idade e
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
ambos os sexos.
o golfinho manchado está entre as espécies de golfinhos
mais frequentemente encontradas em águas de Cabo Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
Verde e com inúmeros relatos de avistamentos e arroja- em Cabo Verde, REINER et al. (1996), relata o avista-
mentos nos últimos 10 anos (Hazevoet et al., 2010). mento da espécie nas ilhas de Santo Antão, Santa Luzia e
Santiago. Entretanto, entre 2000 e 2010, não se registou
l) GOLFINHO DE FOCINHO COMPRIDO: nenhuma atividade da espécie em Cabo Verde (Hazevoet
Stenella longirostris (Gray, 1828) et al., 2010).
Características gerais m) GOLFINHO-DE-DENTES-RUGOSOS: Steno
bredanensis (Lesson, 1828)
O golfinho de
Características gerais
focinho compri-
do exibe uma das É a única espé-
maiores variabili- cie do gênero (Ste-
dades em termos no), ocorrendo em
de forma e colo- águas tropicais,
ração já observadas em cetáceos, com diversos padrões subtropicais e tem-
registrados em diferentes oceanos. É único que salta peradas quentes de todos os oceanos e mares adjacentes
I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015 1179

(RICE, 1977), mas há registos de arrojamentos em áreas A gestação é de aproximadamente um ano (WELLS &
mais frias, fora da área normal de distribuição. No Brasil SCOTT, 1999) e o tamanho ao nascer varia de 84 a 140
tem sido frequentemente registado perto da costa (LODI cm (REEVES et al., 2002).
& HETZEL, 1998).
Os costeiros alimentam-se de peixes e invertebrados
Alimenta-se de lulas, peixes e às vezes de polvos. que vivem no fundo. Os que vivem em alto mar, con-
Diferencia-se dos outros golfinhos pela ausência de somem peixes e lula pelágicos e meso pelágicos. Nas
uma demarcação clara entre a cabeça e o rostro. A bar- plataformas continentais alimentam-se tipicamente de
batana dorsal é alta, situada no meio do corpo, sendo roncadores, lampreias, cavala, salmonete.
moderadamente falcada. Dorsalmente, a coloração é
cinzento-escuro, podendo ser negra e a capa dorsal tem Nas baías, os grupos são menores, de 2 a 15 indivíduos,
um estrangulamento acentuado à frente da barbatana que em alto mar, com frequência de várias dezenas ou
dorsal. O ventre é branco, podendo ter tons rosados, centenas. Gostam de saltar junto à proa das embarcações.
frequentemente com manchas escuras, desta forma, con- Podem estabelecer vínculos com pescadores submarinos
ferindo um aspeto “malhado” à parte inferior do corpo. É ou banhistas.
comum apresentarem cicatrizes espalhadas pelo corpo.
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
O comprimento total dos adultos varia de 2,09 a 2,65 m
é uma espécie abundante em Cabo Verde, segundo REI-
e o peso de 90 a 155 kg.
NER et al. 1996, visto ao longo do ano. Nas campanhas
A maturidade sexual é atingida aos 14 anos nos machos realizadas em Cabo Verde a espécie foi avistada em
e 10 anos nas fêmeas (MIYAZAKI & PERRIN, 1994). A algumas ilhas (S. Vicente, S. Antão, Fogo e S. Nicolau),
longevidade de alguns indivíduos foi estimada em 32 de Agosto-Setembro de 2003, Maio de 2005 (Proyecto
anos (PERRIN & REILLY, 1984). Hydrocarpo, Interreg IIB), em Fevereiro - Março de 2006
(IWDG, 2006).
Formam grupos geralmente de até 50 indivíduos. O
tamanho populacional estimado para a espécie no Pacífico o) CACHALOTE ANÃO: Kogia sima (Owen, 1866)
tropical leste foi de 145.900 indivíduos (U.S. NATIONAL
MARINE FISHERIES SERVICE, 1994). Características gerais
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde: É uma das três
em Cabo Verde, a espécie foi avistada na ilha da Boa espécies de baleias
Vista e Maio em várias campanhas de observação de denominadas ca-
cetáceos (CC2CV, 2003; Proyecto Hydrocarpo, Interreg chalotes. Não são
IIB e IWDG, 2006). Hazevoet et al. 2010 relata vários ar- observados muitas
rojamentos da espécie, sobretudo nas praias de Boavista vezes e o pouco que
nos anos entre 2001-2010. se sabe sobre estes animais tem origem no estudo de
n) GOLFINHO CORVINEIRO: Tursiops truncatus espécimes trazidos pelo mar até às costas. Muitas vezes
(Montagu, 1821) são confundidos com tubarões.

Características gerais Cachalote anão é bastante similar fisicamente com uma


outra espécie conhecida como cachalote pigmeo (Kogia
Golfinho corvineiro
breviceps). Até 1966, eram consideradas da mesma espécie.
é muito ativo e fre-
quentemente acom- É encontrada nas águas temperadas e tropicais de
panha os barcos à todo o mundo. O cachalote-anão prefere águas profun-
proa. Chegam a atin- das, mas ainda assim é uma espécie mais costeira que
gir mais de 40km/h. o cachalote pigmeo. O seu habitat favorito parece ser ao
É um delfinídeo de ampla distribuição (cosmopolita), largo da plataforma continental. No Atlântico, dão por
com grande plasticidade comportamental, ocupando dife- vezes à costa em lugares tão distantes como Virgínia nos
rentes habitats, desde regiões costeiras, lagoas, estuários Estados Unidos da América, Espanha, Brasil ou África
e mares internos até águas pelágicas e ilhas oceânicas. do Sul. No Oceano Índico são conhecidos espécimes da
costa sul da Austrália e em muitos locais na costa norte
Tem corpo robusto, rostro curto e cabeça bem demarcada. deste oceano - desde a África do Sul até à Indonésia. No
Sua coloração é acinzentada-escura na porção dorsal e vai Pacífico são conhecidos nas costas do Japão e Colúmbia
clareando lateralmente até o ventre cinza-claro ou rosado. Britânica.
Seu comprimento varia entre 2,4 e 3,8 m para machos e
2,4 e 3,7 m para fêmeas, e seu peso em torno de 250 a 500 O cachalote-anão é a menor de todas as baleias. Cresce
kg (REEVES et al., 2002).A longevidade da espécie é em até aos 2.7 metros de comprimento e 250 kg de peso.
torno de 40 anos. Na Flórida/EUA, as fêmeas maturam Vista de cima tem uma cabeça cónica. O corpo apresenta
entre cinco e 12 anos de idade e os machos entre 10 e 13 uma tonalidade azul-acinzentada. A barbatana dorsal é
anos (SERGEANT et al., 1973; WELLS & SCOTT, 1999). grande e prominente e mais anterior que a do cachalote
Já na costa leste da África do Sul, as fêmeas maturam pigmeo. Atrás de cada olho, existe uma falsa guelra. As
entre nove e 11 anos, enquanto os machos iniciam a barbatanas são muito curtas e largas. A parte superior
puberdade entre 10 e 12 anos. do focinho é mais comprida que a mandíbula, que é curta.
1180 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

Estes cachalotes apresentam afiados dentes compridos e 2003), Fevereiro - Março de 2006 (IWDG, 2006) e também
curvos (6 na maxila e 14 a 26 na mandíbula). Tal como os em São Nicolau durante a campanha de Fevereiro - Março
outros cachalotes, o cachalote-anão possui um órgão de de 2006 (IWDG, 2006). A espécie é considerada um dos
espermacete na parte frontal da cabeça. O cachalote-anão cetáceos mais comuns com avistamentos e registros
pode expelir uma substância avermelhada quando assus- acústicos regulares. Há registos de 4 arrojamentos no
tado ou atacado - possivelmente para afastar predadores. arquipélago (Hazevoet et al. 2010) e, ainda, segundo
dados dos diários de bordo dos baleeiros americanos do século 19,
Pensa-se que a gestação do cachalote anão dura apro- mapearam um grande número de capturas na área.
ximadamente um ano.
Alimenta-se sobretudo de cefalópodes (incluindo as q) BALEIA DE BICO: Mesoplodon densirostris
lulas), crustáceos (camarões, caranguejos) e peixes. (Blainville, 1817)

O cachalote-anão é, de um modo geral, uma criatura Características gerais


solitária.
As baleias de bico
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde: integram um grupo
em 2004, um grupo de pesquisadores encontrou na Ponta de cetáceos mal co-
Forno Cal, ilha de Boa Vista um esqueleto de um crânio nhecidos, são tímidos,
que foi pela primeira identificado em Cabo Verde como discretos e evitam as
Kogia sima com base nas mandibulas e números de den- embarcações, o que dificulta seu estudo e lhes dá um
tes (Hazevoet et al. 2010). carácter enigmático.
p) CACHALOTE
Esta espécie de baleia de bico é encontrada em águas
Espécie: Physeter macrocephalus (Linnaeus, 1758) tropicais e temperadas quentes em todos os oceanos.
Características gerais Não há provas de migrações sazonais. Frequenta águas
próximas a barrancos submarinos de entre 500 e 3000m
Todos os cacha-
de profundidade. Alimentam-se principalmente de lulas.
lotes têm um es-
permacete (esperma O corpo da baleia de bico é robusto, cabeça pequena, com
de baleia) localizado um focinho relativamente bem definido; um par de sulcos
na cabeça, um lí- em forma de V na garganta. Uma das características mais
quido que fica dentro de um recetáculo no interior da notáveis da baleia são os ossos extremamente densos do
cabeça, cuja função é incerta. Deduz-se que a substância focinho. A coloração é azul-escuro/cinza em cima e cinza
é importante para compensar a variação de pressão em mais clara na parte inferior, e a cabeça é normalmente
mergulhos profundos e manter o equilíbrio do animal. acastanhada. Os machos atingem pelo menos 4,4 m e 800
Pode ser encontrado em todos os oceanos, desde do kg, as fêmeas pelo menos 4,6 m e uma tonelada 1000Kg e
equador aos polos. Só os machos deslocam para as alti- a cria nasce com 2m de comprimento, com cerca de 60 kg.
tudes mais elevadas em busca de alimentos, mas ambos Não existem informações sobre a sua reprodução.
os sexos e todos os grupos de idade ocupam tanto águas
Vivem normalmente em grupos de três a sete indivíduos,
tropicais como temperadas.
bastante afastados da costa. Fazem mergulhos de pelo
O comprimento máximo é de 18,30m para o macho e menos 22 minutos. Quando nadam a mais de 450 metros
12,50m para a fêmea. O peso médio do macho é de 45.000 de profundidade, as baleias emitem diversos tipos de sons
kg e o da fêmea, 20.000 kg. que permitem não apenas que se comuniquem, mas que
É um animal robusto. A cabeça desproporcionadamente também se orientem no espaço e procurem suas presas.
grande, tem forma retangular, principalmente nos machos. Informações disponíveis a nível de Cabo Verde:
A pele da parte posterior do corpo é enrugada. Sua coloração já foi avistado na ilha do Sal e o primeiro arrojamento
é escura e uniforme, indo do cinzento ao castanho. dessa espécie em Cabo Verde, aconteceu na ilha do Maio,
Uma fêmea adulta reproduz num intervalo de 4 a 6 no mês de Maio de2013.
anos. A gestação dura aproximadamente 18 meses e
amamentam suas crias durante dois ou mais anos. O r) BALEIA DE BICO: Mesoplodon europaeus
nascimento tem lugar em águas tropicais e subtropicais. (Gervais, 1885)

Julga-se que se alimenta no fundo ou em zonas pró- Características gerais


ximas. Seu alimento principal é a lula, que procura a
grande profundidade, mas alimenta-se também de polvos, Esta baleia de
raias, tubarões, peixes e crustáceos. bico também é
pouco conhecida,
Vivem em grupos de até 50 indivíduos, porém, há o que dificulta seu
solitários. Provavelmente, é o cetáceo que mergulha estudo e lhe dá
mais fundo, podendo passar de 2.000 m e permanecer um carácter enigmático. Muitas são conhecidas apenas
submerso por mais de uma hora. por observação de animais mortos. Habita somente águas
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde: tropicais e subtropicais do oceano Atlântico. A longevi-
em Cabo Verde a espécie foi avistada na ilha de Boa Vista dade é desconhecida mas foi encontrado num dente mais
durante duas campanhas, Março-Abril de 2003 (CC2CV, de 48 anéis de crescimento.
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De tamanho entre pequeno e mediano, com um corpo Anexo VII: Campanhas de observação de cetáceos
esbelto, comprido e lateralmente comprimido. Sua ca-
beça é pequena e pontiaguda, com um bico estreito e Normalmente os objetivos das campanhas são: identi-
com linha da boca reta. Os dentes só se desenvolvem ficar o maior número possível e criar uma base de dados
nos machos adultos. De cor castanha mais escura no sobre estes animais; avaliar o número de cetáceos exis-
dorso. Algumas fêmeas adultas apresentam uma mancha tentes nas águas de Cabo Verde; identificar a população
branca na zona anogenital. Os machos podem atingir 4,5 de origem das baleias; determinar a distribuição da
m e as fêmeas 5,2m (Randall R. Reeves e al 2005). Ao baleia-de-bossa nas águas do arquipélago; determinar
nascer podem medir 210 cm. Formam grupos reduzidos, o tempo de permanência nas nossas águas; observar os
mas não existe informação fiável sobre a organização e animais que voltam às ilhas todos os anos; estimar a sua
o comportamento social desta espécie. Alimentam-se taxa de reprodução; observar a presença de eventuais
sobretudo de calamares. ameaças; estudar no futuro a viabilidade de observação
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde: a das baleias (Whale watching) no arquipélago (potencial
espécie é suscetível de ocorrer em Cabo Verde (Hazevoet económico e estudo de viabilidade); inventariar as infor-
et al. 2010 e Koenen et al. 2013.). Segundo Linda Aspden, mações para sensibilizar e informar as populações e as
foi avistada a Sul da ilha do Sal, a 11 de Fevereiro de 2010. escolas (Conferências, simpósios, palestras e distribuição
de desdobráveis, brochuras e posters).
s) ZÍFIO OU BALEIA BICUDA: Espécie: Ziphius
cavirostris (G. Cuvier, 1823) As observações são feitas com binóculos ou à vista
desarmada, faz-se o registo da posição dos cetáceos com
Características gerais
GPS, contagem dos cetáceos e seu comportamento, foto
O zífio só rara- identificação dos animais pela parte inferior da cauda,
mente se apro- comparação com fotos tiradas do North Atlantic Hump-
xima de zonas back Whale Catalogue do College of the Atlantic in Bar
costeiras, prefe- 77 Harbor, Maine USA, extracção de biópsias para análise
rindo os canhões genética com um “Cross bow” e registo de cantos de
submarinos e as baleias com hidrofones.
zonas oceânicas de grandes profundidades, onde se
alimenta de lulas e de peixes abissais. O seu compor- Podemos destacar que até esta data já foram Identi-
tamento desconfiado em presença de embarcações, bem ficadas 24 espécies de cetáceos (tabela 1), distribuídas
como a escassez de observações no mar não permitem em 5 famílias.
um conhecimento mais aprofundado sobre esta espécie.
Em 2006, foi realizado um atelier nacional com con-
Distribuição cosmopolita em águas profundas do alto vidados internacionais da Sociedade Suíça dos Cetáceos
mar, desde as zonas tropicais até as de clima temperado frio. (Jann, B.), NOAA (Wenzel, F.), IWDG (Berrow, S.) e a
Alimentam-se principalmente de cefalópodes, embora ONG Natura 2000 (Lopez, P.).
não desdenhem pequenos peixes pelágicos e crustáceos.
Algumas coordenadas e fotos estão também disponíveis
Corpo robusto, cabeça pequena e focinho curto. Um e identificação de espécies, fotos e alguns dados biológicos
par de sulcos em forma de V na garganta. O Zífio mede foram recolhidos.
entre 5 e 6 m, embora possa atingir os 8 m, e pesa à volta Presentemente, temos aproximadamente 170 indiví-
das 3 toneladas, podendo alcançar as 6,5 toneladas. As duos de M. novaeangliae, que foram foto identificados
fêmeas são ligeiramente maiores do que os machos. O (Ryan, 2014).
recém-nascido mede de 2 a 3 m e pesa cerca de 250 kg.
A pele apresenta grande variedade na coloração, assim Fred Wenzel estimou que existem 205 baleias no
como numerosas cicatrizes, de modo que não existem catálogo de foto identificação. Punt et al. 2006 estimou
dois animais semelhantes. Geralmente a pigmentação 99 baleias e de resultados genéticos (Berube et al. 2013)
é castanha escura, mas à luz do sol alguns indivíduos estimou-se 33 (95% CI 24-49) como “tamanho efectivo da
podem parecer avermelhados ou alaranjados. Barba- população” or Ne (nº de fêmeas grávidas).
tanas, dorsal e peitorais, pequenas. Barbatana caudal
Entretanto, nas campanhas anteriores, vários autores
larga, podendo chegar a um quarto do comprimento do
fizeram as primeiras identificações de espécies de cetá-
corpo. Longevidade entre 40 – 60 anos. A reprodução é
ceos como Cuvier (Stenella frontalis em 1829), Atwood
pouco conhecida. (M. novaeangliae em 1887). Apesar da existência de
O Zífio é um animal gregário que se desloca em peque- uma citação em 1929 de uma Balaenoptera musculus, a
nos grupos de 7 a 8 indivíduos, embora os machos adultos maior parte das espécies foram registadas de 1981 até
sejam solitários. O sopro é baixo e dirigido ligeiramente o presente.
para a frente e à esquerda. As imersões podem durar 20 Campanhas de Megapera novaeangliae
a 40 mn, seguramente com 2-3 sopros a cada 10-20seg.
Desde 1999 que se vem fazendo campanhas de ob-
Informações disponíveis a nível de Cabo Verde: servação de baleia-de-bossa, principalmente na ilha da
foi observado durante a campanha de 2003, a este da Boavista mas também nas ilhas de Maio, Sal e S. Nicolau,
Brava, a SW de Santiago e a N do Maio (Proyecto Hydro- entre o mês de Março e Abril. Inicialmente foram feitas
carpo, Interreg IIB). campanhas de observação com parceiros internacionais
1182 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

que se deslocaram a Cabo verde com financiamento ■ Falsa orca (20 – 50)
próprio e com a participação do INDP como convidado.
Presentemente, dada à crise internacional, os financia- ■ Zífio (14 - 15)
mentos têm sido mais difíceis pelo que tem-se estado a
■ Golfinho de Fraser (15 – 25)
fazer observações de cetáceos a bordo de navios de “Whale
watching”. ■ Golfinho comum (6 – 15)
Tendo em conta que Cabo Verde é um lugar importante ■ Gofinho de dentes rugosos (cerca de 25)
para a reprodução da baleia-de-bossa do Atlântico Norte,
essas campanhas foram realizadas com o objectivo de ■ Baleia (1)
identificação do maior número possível de baleia-de-
bossa e sua população de proveniência e criar uma base ■ Espécies não identificadas (12 – 13)
de dados; avaliar o nº de baleias preta ou de bossa que Campanha a bordo do N/I Pixapê (2005)
passam nas nossas águas nos meses de Inverno e Prima-
vera; determinar a distribuição e tempo de permanência Foram observadas nas ilhas de Sto. Antão, S. Vicente,
da baleia-de-bossa no arquipélago; observar se são as Sta. Luzia e ilhéu Branco, S. Nicolau, Santiago, Fogo e
mesmas que vêm todos os anos e estimar a sua taxa de Brava, as seguintes espécies:
reprodução.
■ Globycephala macrorhynchus(32- 50 adultos e
Durante as campanhas foram feitas diversas fotos de mais de 6 crias)
identificação e registo de canções. Algumas dessas fotos
foram para os Estados Unidos para comparação por um ■ Stenella frontalis(69-204 e mais de 4 crias)
grupo especializado. De momento temos cerca de 60 in-
divíduos devidamente foto-identificados dos quais um, ■ Stenella attenuata (151-350 e mais de 30 crias)
sabemos que já tinha sido foto- identificado no Estreito ■ Tursiops truncatus (19-30)
da Dinamarca em Islândia (Jann et al, 2003). Alguns
indivíduos aparecem todos os anos. ■ Peponocephala electra (20-50 e mais de 10 crias)
Campanha do IWDG ■ Balaenoptera sp (1)
— CC2CV (Cape Clear a Cabo Verde - 2003)
■ Stenella sp (9)
Em Abril de 2003 foi feita uma campanha na ZEE
de Cabo Verde, com o objectivo de localizar, fotografar, ■ ? (3-4)
filmar, gravar e contar baleias pretas do NE do Atlân- Anexo VIII: Instituições, ONGs, Associações e pessoas
tico, desde o sul da costa irlandesa, rota da sua suposta individuais entrevistadas com a técnica de focus grupos.
migração à zona de reprodução nas ilhas de Cabo Verde
na África Ocidental. ILHA ENTIDADES PESCADORES
Foram observadas cerca de 4 dezenas de megapteras, SANTO ANTÃO Câmara Municipal do Paul Pescadores de janela
2-3 baleias piloto, cerca de 30 golfinhos de dentes rugosos Câmara Municipal da Ribeira Pescadores de Ponta do Sol
e alguns cachalotes que foram detectados com microfone, Grande Pescadores de Cruzinha
principalmente na ilha da Boavista. Delegação do Ministério D. Pescadores de Porto Novo
— Cape Verde Humpback whale expedition 2006 Rural
Câmara Municipal de Porto
Nos finais de Fevereiro a meados de Março de 2006, Novo
decorreu uma campanha com o objetivo de localizar as Delegação do Instituto Marítimo
baleias de bossa e tentar obter imagens para foto iden- Portuário
tificação, biópsias para análise de tecidos e gravações de
SÃO VICENTE Câmara Municipal de São Pescadores de São Pedro
vocalizações. Vicente Pescadores de Mindelo
Campanhas a bordo do N/I Taliarte (Projecto Guarda Costeira Pescadores de Salamansa
Hydrocarpo) Instituto Marítimo Portuário
Estas campanhas, em Agosto - Setembro de 2003 e SÃO NICOLAU Câmara Municipal de Ribeira Pescadores de Preguiça
em Maio de 2005 tinham como objetivo recolher dados Brava Pescadores de Tarrafal
sobre as espécies de cetáceos que habitam as águas do Delegação Ministério Desen-
arquipélago nessa época. Cobriram as águas costeiras de volvimento Rural
todas as ilhas e ilhéus, exceto a ilha do Sal. Câmara Municipal De Tarrafal
Foram observadas as seguintes espécies: SAL Câmara Municipal do Sal Pescadores De PedraLume
ONG – SOS Tartarugas Pescadores de SantaMaria
■ Baleia piloto (198 - 272)
Direção Regional do Centro do Pescadores de Palmeira
■ Golfinho manchado (389 – 634) Ministério do Turismo infraes-
truturas e Energia
■ Golfinho tropical (1071 – 1736)
Associação da Pesca Des-
■ Golfinho corvineiro (95 – 139) portiva
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BOAVISTA Câmara Municipal da Boavista Pescadores da Vila Sal Rei Anexo X: Guião de apoio à entrevista semi-estru-
Empresa– Naturália e da Pesca Desportiva turada dirigida aos pescadores artesanais
Delegação Marítima SECÇÃO 1 - Observação de Cetáceos
Pesca Desportiva a) Costumam observar cetáceos.
Delegação do Ministério D.
Rural b) Identificar as épocas do ano.
Representante da Direção c) Identificar os locais e as frequências.
Nacional do Ambiente
d) Identificar as espécies mais frequentes.
SANTIAGO Associação para Defesa do Pescadores de Santa Cruz
Ambiente e Desenvolvimento Pescadores Cais de Pesca e) Aparecem em grupos ou solitários.
Responsável pelo Projecto de da Praia f) Ocorrência de arrojamentos.
Conservação Marinha e Cos-
teira/WWF Cabo Verde g) Se sim. Identificar as zonas e as épocas.
Comando da Polícia Marítima h) Ocorrência de algum abalroamento de cetáceos.
Camara Municipal de Santa i) Se sim. Com que frequência.
Cruz Cais de Pesca - Praia
Coordenador do PRAO.CV SECÇÃO 2 - Capturas de Cetáceos
Direção Geral os recursos a) Costumam de captura-los.
marinhos
b) Identificar a frequência de captura.
CI – Cabo Verde Investimento
Direção Nacional do Ambiente c) Destino do produto de captura.
Fogo Câmara Municipal de São Pescadores de Vale dos d) Existe interesse por parte da população na
Filipe Cavaleiros compra de cetáceos.
Delegação Marítima Pescadores de Alcatraz e) Quantidade de captura (em números).
Inspetores da Direção Geral Pescadores de São Filipe
das Pescas f) Tradição antiga da pesca de cetáceos

Anexo IX: Guião de apoio à entrevista semi-estrutu- g) Técnicas utilizadas para captura.
rada dirigida às instituições h) Referências de documentação/objectos da antiga
SECÇÃO 1 - Actividades Dirigidas aos Cetáceos tradição de pesca cetáceos.

a) Existência de alguma actividade/projecto ligado i) Quantidade de consumo antigamente (relação de


a cetáceos. comparação).
b) Participação em algum tipo de actividade j) Quais eram as formas de consumo.
dirigido a cetáceos. SECÇÃO 3 - Ameaças
c) Se sim: onde, quem a organizou. Qual foi a) O que considera ameaça á cetáceos.
objectivo. Percepção que foi da actividade.
b) Opinião sobre o uso de desporte náuticos (jet-
d) Se não. Porque. skis) na orla costeira.
e) Referencia a documentação sobre cetáceos. c) Em que épocas estão mais sujeita a ameaças
SECÇÃO 2 - AMEAÇAS SECÇÃO 4 - Protecção
a) O que se considera ameaças para os cetáceos. a) Opinião sobre as formas de protecção de cetáceos.
b) O que se pensa do jet-skis na nossa orla costeira. b) Concordância com a legislação referente aos
SECÇÃO 3 - PROTECÇÃO cetáceos
a) Tem conhecimento de outras instituições, c) Conhecimento de instituições, ONG´s, etc. que
ONG´s, etc. que trabalham com cetáceos. trabalham com cetáceos.
b) O que deve ser feita para proteger os cetáceos SECÇÃO 5 - Desenvolvimento Ecoturismo Ligado
c) Concorda com a legislação existente sobre cetáceos. Observação de Cetáceos
d) De que forma v/instituição poderia apoiar na a) Opinião sobre o desenvolvimento de actividades
protecção dos cetáceos. turísticas ligado a observação de cetáceos.
SECÇÃO 4 - Desenvolvimento um turismo ligado a ob- b) Identificar os melhores sítios para fazer
servação de cetáceos actividade de observação.
a) Conhecimento de projectos ou iniciativas de c) Conhecimento de projectos/empresas que já
turismo ligado a observação cetáceos fazem observação de cetáceos.
b) Qual sua percepção sobre o turismo ligado a SECÇÃO 6 – Artesanato
observação de cetáceos. a) Conhecimento de uso cetáceo (imagens, ou
SECÇÃO 5 - Outros outros materiais) para artesanato
a) Conhecimento de uso cetáceo (imagens, outros b) Conhecimento de pessoas/organismo que usam
materiais) para artesanato. matérias de cactáceos para artesanato.
1184 I SÉRIE — NO 35 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 11 DE JUNHO DE 2015

Siglas e abreviaturas
International Union for the Conserva-
IUCN tion of Nature and Natural Resources
Associação para Defesa do Ambiente e
ADAD Desenvolvimento Fundo internacional para o Bem-Estar
IFAW Animal
Adaptação das políticas de pesca às mu-
APPECCAO danças climáticas na Africa Ocidental Ministério do Ambiente, Habitação e
MAHOT ordenamento do Território
Convenção sobre o Comércio Internacio-
CITES nal de Espécies Ameaçadas de Fauna e Ministério das Infraestruturas e Econo-
MIEM mia Marítima
Flora Silvestres
Convenção sobre a Conservação de Es- Ministério de Turismo, Investimento e
CMS MTIDE Desenvolvimento Empresarial
pécies Migratórias Selvagens
CV Cabo Verde ONG Organização Não Governamental
DNA Direção Nacional do Ambiente PANA Plano de Ação Nacional para o Ambiente
DGRM Direção Geral dos Recursos Marinhos PND Plano Nacional de Desenvolvimento
FMB Fundação Maio Biodiversidade Projeto Regional de Pesca para a África
PRAO.CV Ocidental em Cabo Verde
Instituto Nacional de Desenvolvimento
INDP das Pescas IWC Comissão Internacional de Baleias
FFI Fauna e Flora internacional IWDG Irish Whale and Dolphin Group

I SÉRIE

BOLETIM
O FI C I AL
Registo legal, nº 2/2001, de 21 de Dezembro de 2001

Endereço Electronico: www.incv.cv

Av. da Macaronésia,cidade da Praia - Achada Grande Frente, República Cabo Verde


C.P. 113 • Tel. (238) 612145, 4150 • Fax 61 42 09
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I.N.C.V., S.A. informa que a transmissão de actos sujeitos a publicação na I e II Série do Boletim Oficial devem
obedecer as normas constantes no artigo 28º e 29º do Decreto-Lei nº 8/2011, de 31 de Janeiro.

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