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INTRODUÇÃO

Virnndn n seculu IIIHH-IHHH]: das incunfidâncias

n Imnsfarântia da Enrta

1. DECLARAçÁo DA
Na passagem do século XVIII para o XIX, o INDEPENDENCIA Dos

Ocidente foi sacudido por duas grandes revo- EsrADos UN|Dos nA

AMÉRICA, JULHo DE
|uçóes, que causaram profundo impacto nos
1776
seus contemporâneos, não sendo os Iuso-bra- NA AMÉRICA PORTUGUESA,

A INDEPENDENCIA DAs TREZE


sileiros dos dois lados do Atlântico uma exce-
COLONIAS INGLESAs TEVE
çàoz a Independência dos Estados Unidos e a UM IMPACTo CONSIDERAVEL,

Revolução Francesa. AFETANDo EM PARTICULAR A

CONSCIENCIA Dos QUE SE


A Independência das Treze Colônias Ing|e-
ENVOLVERAM NA

sas da América do Norte, datada de 1776, foi INCONFIDENCIA MINEIRAu


12 INTRoouçAo Virando o século (1789-1808) INTRonuçÀo Virando o século (1789-1808) 13

2. A PATRlA EM PERIGo
peito da mesma se passa[va]'.'2 Considerando~se que a Gazeta de
ou 0 ALISTAMENTo

nos v0LUNTAR|os, Lisboa vivia sob censura, curvando-se, portanto, às diretrizes do go-
c. 1797-1799 verno absolutista português e, ainda, que o desembargador Cruz e
A REVOLUçÃo FRANCESA
Silva encontrava-se encarregado de punir pessoas acusadas de cons- r

MEXEU PROFUNDAMENTE /

c0M As ESTRUTURAS E piração e de simpatia pelo movimento revolucionário francês, pode-


SENSIBILIDADES POLITICAS
se dimensionar o impacto suscitado pelas revoluções em exame.
NA EUROPA E NA

A
° Essas revoluções que marcaram a vírada do século XVIll para o
AMsRICA GUERRA

EA EXPANsÃo DAS IDEIAS


XIX foram embaladas peIas yéias iIustradasDA IIustração punha em
REVOLUCIONARIAS sos os
xeque toda ”aútoridade extérior, não justiñcada pela raz_ã0','”na po-
ExERCITos DE NAPOLEÃo

BONAPARTE GANHARAM |ítíca, na estética, no direito ou na mora|'.'3 Alguns iIustrádos aboliam


SIMPATIZANTES NA AMERICA
as certeàas Vfundamentais como pontos de partida, propondo a_exj
PomUGUESA E FORÇARAM
A TRANSFERENCIA DA periência e a observação como_ marcos iniciais do pensamento, a par-
FAMILIA REAL DE LISBOA
tir dos quais se atingiria a descoberta de regularidades, de |eis. A
PARA o RIo DE JANEIRQ

IIustração, com isso, constituía uma ameaça às verdades tidas como


inquestionáveis e aos poderes constituídos. As Luzes, ainda, promo-

cIassiñcada pela Gazeta de Lisboa, de 18 de se- viam, de forma gera|, uma rediâçqssão do passado e de eIementos do

tembro de 1778, como a "Revo|ução mais Antigo Regime - absqutiámo, coIoniaIismo, sociedade estamenta|,

memorável” havida "no nosso gIobo',' cujas monopólio comercial e escravismo - como um todo ou isoladamen~
conseqüências, no dizer do mesmo jornaI, te- te. Suas vertentes mais radicais, assim, fustigavam as exorbitâncias

riam grande”inf1uência no sistema geral de to- do poder rea|, os privilégios do rei e da nobreza, o monopólio comer-

das a_s nações'.” cia|, o escravismo e o peso do ñsco; teciam críticas ferozes à religião

A Revolução Francesa, de acordo com a católica e à infalíbilidade papa|, refutando a escritura sagrada, de-

avaliação do desembargador Antônio Diniz da nunciando a intolerância religiosa, maldizendo a Inquisição e o fana~

Cruz e SiIva,juiz encarregado de investígar a tismo. Dentre os pensadores ilustrados, houve quem apoiasse o/deís-

suposta conspiração do Rio de Janeiro de mo, o ateísmo, o materialismo, ou mesmo a insurgêncía dos vassalos

1794, era ”um dos sucessos mais extraordiná- contra seus soberanos e dos colonos contra as metrópoles.4 0 abade
rios, não só da História Moderna, mas também Rayna|, por exemp|o, em seu Iivro Históría ñlosóñca da coloniza-

da antiga,e que na mesma História”far¡a”uma ção européia nas duas Índías, narrava a Independência dos Estados

memorável época',' não havendo por isso Unidos e confrontava as imensas ríquezas do Brasil à degradação

mesmo “¡nd¡víduo aIgum que, peIa mesma em que se encontrava o Reino Iusitano, propugnando a realização

razão, se não interesslass]e a saber o que a res- de uma série de reforrhas nos domínios desse, que iam da supressão
14 mmonuçko Virando o século (1789-1808)
INmoouçÀo Virando o século (1789-1808) 15

da Inquisição às modiñcações nas relações com suas possessões na

América, rompendo-se com o exclusivismo metropolitanof díminuin-

do a opressão ñscal e dinamizando o comércio intercolonial com as

Índias Orientais.5 °

o No mundo Iuso-brasi|e¡ro, nessa conjuntura de revoluções e de


difusão das Luzes, sobreviviam as_t_çoriras corporativas de poder gg
Segunda Escolástica_,_ sistema teológico-ñ|osóñco constituídq, no íní-
w
-,\cio da Idade Moderna, em torno da revitalização da escolástica

\
medieva|_, reIendo as idéias de Aristóteles e os ensinamentos de sa_r]-
l

to Tomás de Aquino, assentando~se fundamentalmente no_método


dedutivo e refutando o experimentalismq Formuladas por Azpilcueta
QNravarro 592-1 586)f Francisco de Vitoria (1485-1 546), Francisco
(1

\
Suárez (1548-161 7), Roberto Bellarmino (1542-1621), Luís de MoIina
r/ Jm IÁ Âzzlzvlí IÃMJ ÍZZW
Ãzj zà MZIÉJ z/r nímmzf
:

(1 536-1600), Juan de Mariana (1 536-1 624) e, ainda, por CIáudio

Lacroix,João Azor e Busembaum,tais teorias postulavam uma origem


Í

zação européia no Novo Mundo, tendo como 3. CHEGADA Ao Rlo


popular para o poder régio: o poder se transmitiria de Deus ao sobe- DE JANEIRo
cenário justamente a colônia portuguesa: a
rano peIa mediação da comunidade, cabçndo ao monarca exercê-ló NESSA REPRODUÇÃ0,
transferência da família realkda metrópoleldeU TEM~55 UMA VISÃo
respeitando a reIigião católica e o bem comum, distribuindo com ju§- DA aAIA DE GUANABARA,
Lisboa,fugindo das tropas de Junot, para o Rio
tiça z”prêmios" e "cast¡gos'.'5
w TAL como A DEscomINou
de Janeiro,tornado sede da monarquialcabeça
o PRINCIPE MAXIMILIANo
Nesse quadro de ebulições e sobrevivências, a Coroa pprtuguesa Ê
de todo o império |usitano. EM 181 5, SETE ANos APós
seus ministros desenvolviam um conjunto de_reformas inspiradas nas A CHEGADA Do PRINCIPE
A simples menção a esses fatos, que mar-
REGENTE D. Jvo E DE SUA
Luzes, sem contudo r_omper com o Antígo Regime e, sobretud0, bus-
caram a passagem do século XVIII para o XIX FAMILIA Ao RIo DE

cando preservar o vasto patrimôniq deñnido por suas _possessões JANEIRQ


no que hoje se chama Brasi|, suscita algu-
coIoniais no Novo Mundo_. Enquanto isso,em alguns Iocais da América mas' interrógàíõêà haveria alguma
. . . .. . .. . ,. I
çgggxão
|us¡tana, reahzavam~se çonsplraçoes e dIscussoes prIvadas que, se nao ~ “

PJ entre as denominadas_inconñdéncias ainda, (/b-~,C,:(,u\ -r wÚmk


e,
podem como pntícolonialistasjcom
x
r
J
ser classiñcadas a priorí certeza v,-”/ d ›
¡
v

entre essas e a transferência da Corte portu_-


punham em xeque a administração pública e as diretrizes governa- '
guesa? Houve alguma vrelação entre esses WQQW _=_\\ ›

mentaisz a Inconñdência Mineira (1789), a Inconñdência do Rio de ULJÍ


.'/H\\ góv
I*
movimentos e as transformações políticas coe-
Janeiro (1 794) e a Inconñdêncía da Bahia (1 798). Em 18083 uma déca-
vas, mais precisamente a Revolução Americana
da depois da úItima dessas inconñdências, no calor da expansão
e a Revolução Francesa? Tais movimentos se
napoleônica, ocorreu um fato sem precedentes na história da coIoni-
apropriaram das Luzes e das tradições históri-
16 INrRonuçAo Virando o século (1789-1808)

co-culturais Iuso-brasi|eiras, dentre eIas as teorias corporativas de (^l'|lULO|

\
poder da Segunda Escolástica? Esses movimentos tiveram uma ço~
I|ul'urmismu ||ustradn, "Havulucñn"
Il
a
'

nexão entre si, implicando um processo cumulativo e progres_sivo

no sentido de ñrmar a autonomia da América Portuguesa perante u u Impúrin Lusu-Hrasi|3irn


Portuga|? Ou o ponto de unidade entre os mesmos seria apenas a

conjuntura de crise em que se desenvolveram e da qual seriam

expressão?

Os objetivos desse Iivro são identiñcar os projetos e utopias que


X
éssas manifestações políticas da passagem do século XVIII para o XIX

encerravam; veriñcar os modelos em que se inspiraram e como Iida-

ram com as Luzes, com as teorias poIíticas e tradições culturaís portu-

guesas e com as possibilidades de fragmentar ou manter a união o A partir de N1_7_~579_,


com a morte
entre Portugal e seus domíníos americanos; e, por ñm, avaIiar em que de d. João V, a subida ao tro-

medida essa unidade e aqueles projetos foram materializados pelo no de d. José | e a ascensão

príncipe _regente d.João ao ínstalar sua Corte em território carioca. ao ministério de Sebastião

José de Carvalho e Me||o,

agraciado sucessivamen- 17
, .

te com os tltulos de con- , -\ .

'

de de OeIras e marquês
§$
de Pomba|, o governo por- f \&
tugués passou a desenvol- XN w

ver uma série de reformas \\


bafejadas pelas Luzes. u

0 0 Reformísmo IIustrado portu~

guês implicava uma íncorporação seIeti-


1. REI D. José I

va das idéias das Luzes. Com isso, a IIustração


0 REINADo DE D. JosÉ I

foi, ao mesmo tempo, referência e alvo de ata- MAacA o mlcso DA


'MPLEME"T^Çð DE UM^
que. Conciliando a valorização da Razão e das
POLITICA REFORMISTA
ciêncÍaS à antepOSÍÇãO de Obstáculos ao que |Lu5TRADA Pon pARTEDA

soava como ameaça aos pilares do Antigo Re- c°R°^ P°RTUGUESA'

gime, o Reformismo, por um Iado, rechaçou as


mrnmm O Reformismo llustrado, a "Revolução” e o lmpério Luso-Brasileiro 19

|mpério Luso-Brasileiro
18 CAPITULOI 0 Reformismo ||ustrado, a "Revolução"e o

m intermedíários, os
as prerrogativas absolutistas do
idéias ilustradas que questionavam
mntrabandistas e os
religião católica. Por outro, procur
ou rea-
trono, o domínío colonial e a
'

uwrcadores ingleses,
'l\izawr-reformas econômico-sociais no
sentido de promover o desenvol-
mnstituindo compa-
metrópo|e e de romper com o
vimento manufatureiro e comercial da nhias privilegiadas de
estabelecido em Portugal e seus
domínios. Nesse
panorama cuIturaI
mmérciof Apoiou os
cor-
ao desenvolvimento cientíñco e as
sentidoíqmrbateq a oposição qrandes comerciantes
rentes milenaristas ainda em voga, que difundiam profecias segundo u a nova nobreza -
, temporal e
as quaís um rei Encoberto instalaria um Quinto lmpér¡o
Iormada por indiví-

com sede em Lisboa; para tanto elegeu como alvos e bodes


espiritual, duos Iigados aos ne-
e os escritos e a memória do padre Antônio
éx]piatórios os jg§gítas gócios,à burocracía,às
de poder da
'Vieira.1 Moveu uma rgpressão às teorias corporativas
Ietras - contra a ve-

nobreza -
Segunda Escolástica, poís essas, embora não se chocassem frontal-
lha vincu-
do poder do Estado, não davam uma
sus-
mente com a centralização
ldda à propríedade da
impondo-lhe limitgs na medida em
tentação sólida ao absolutismo, lerra e à agricultura,
"popular”e que postulavam_l_[mj-,
que atribuíam ao poder uma origem defensora da pureza de sangue e da linhagem,
2- MARouêS DE POMBAL
o'
seu exercíció,2 admitindo o direíto da SEB^5T'ðJ°5ÉDE
>értico-rerligiósa_s para Em
tqgçes adepta dos veIhos métodos de governoi
chegando CARVALHOEMELLO
casos de tirania,
cqmunidade de retomar o poder nos
. . . . ~ _ _

1773,ademals,abollu a dIstmçao entre crlstao$- DOMMU TODA AVIDA

alguns teórícos até mesmo a defender o regicídíof o pOLITIco-ADMINISTRATIVA


Velhos e cristã05_novos (QS judeus convemdos J

(1750-1777) marcou-se pela presença


do DURANTEORHNADO
o O __reinado de d. José ñm
ao catolícísmo e seus descendenÍesL pOndo
I

JOSEHNQ É PERSONAGEM
o Sebastião José de Carval
ho e Me||o.Pombal
pylsrqurterdo seu miniàtr a uma secular dIscnminação. Incorgorou alrlqa,
CONTROVERTIDO ENTRE 05

os níveis, realizando um esforço HISTORIADORES,DIVIDIDOS


sacudíu a sociedade Iusa em todos
.

à administra ç ão p ública no s dous lados do EMRELAÇÃMS


Portugal da ínferíoridade em
rela-
para superar vários problemasztírar Atlântico, grupos Iocais formados por homens cAnAcrzmsncAs

reformando a econom¡a, e fortalecer o DnAmmNSEREFORMBTAS


ção às potências européias, de negócíos e latifundiáríos, e subordínou, a
DE SUA PÀSSAGEM PELO
da Coroa perante a nobreza e
poder do Estado,ñrmando a supremacia partir de H 769, a InquíSição ao poder régioÉ
° MINIsTEmQ

a lgreja
- incluindo-se,aqui,os jesuítas_.4 Promoveu reformas na po|í-
o O rejnado de dona Maria l (1777-1792) ¡,
/ '»›o)~,.q J
*'

e mercant¡|, favorecendo, por meio da


tica imperial, manufatureira com o que HÀ Í
5 :>›

não sígnificou uma ruptura radical


que pudessem Íimpulsionaár o '
V
sociais ”
interferência estatal, os setores
”~”

|he antecedera. Embora tenha constituído j

nto das manufaturas, fomen-


comércio uItramarino e o desenvolvime
*
em linhas gera¡s, pe- uv
A

uma reação, pautou-se,


tando não apenas a acumu|ação, mas
também a retenção de capital '

“ 9 '"

Ia contínuidade de princípios e nomes, pela V


em empresas manufatureiras, administradas
PortugaL5 Pombal criou
inovação e reparaçãafPreservou a orientação
mercadores portugueses, contra
diretamente pelo Estado, e apoiou os
mwnum O Reformismo Ilustrado, a ”Revolução"e o lmpério Luso-Brasíleíro 21

Ilustrado, a "Revo|ução"e o |mpérío Luso-Brasileíro


20 CAPITULOI 0 Reformismo

manteve em Na administração ma-


abso|utista e

seus cargos
- ou guindou ¡I.nn.|,especiñcamente,ve-

a outros
- pessoas que ›Hm›u-se um certo dis-

Inmíamento em relação
participaram do reinado
.“¡
porspectiva imperial
de d. José |.9'Tanto dona

como o príncipe ¡›:›mbalina, em razão do


Maria I

regente de 1792
quv a ação governamen-
d. João,

deram I.|| lornou-se prisionei-


até 1816, adema¡s,

continuidade ao Reform¡s-
m dos interesses e pre-

mnceitos da metrópo|e,
mo Hustrado, introduzín-

a|gumas a|te- vxmmungando-se num


do, contudo,
primeiro momento, por
rações.,Primeiramente, de
in- vxomplq a criação de
nomes, substítuindo os
uma fundição de ferro
dicàdos por Pombal por
4. REI D. Jvo Vl
om Minas Gera¡s, só aceita sob a regência joa-
3. RAmHA intelectuais ilustrados que a ele se 0puse-
TENDo se IORNADO
MAmA nina, com restrições, em 1795.15 Conservou-5e
DONA l
ram.'° A política econômíca reformista sofreu HERDEIRo Do TRONo

DONA MARIA l, TENoo


nsist¡u-se
t- cultívou-se, ao longo do período, o pressu- c0M A MORTE Do PRINCIPE
igualmente pequenas retificações.1 Do JosE
RECEBIDO o EPíTETo BRAs¡L, D.

defesa do posto segundo o quaI era necessário desenvo|-


"A LOUCA" E SENDo no combate ao contrabando e na (1 761 -1 780), seu IRMÃQ

como BEATA vvr a metrópole e a colônia,5em contudo rom- JoÃo oeu CONnNuonE
o nas o.
exclusivismo comercial metropolítan
REPUTADA

REFRATÁRIA Às NOVIDADES As REFORMAS ILUSTRADAS


e pcr o sístema que as unía e, sobretudo,
DA MEDICINA DE ENTÃo co|ônias, mas se extinguiram os estancos INICIADAs Pon ssu Avo,

(ELA IMPEDIU QUE de comércioJ lornando a primeira capaz de assimilar as van- D. JosE |. SUA REGENQA
as companhias privi|egiadas
RHNADo FORAM
lagens da exploração coIoniaL desenvolvendo
o PRINCIPE Do BRASIL, E SEU

Contínuou-se a perseguir o desenv


olvimento
D. JosE, Fosse VACINADo PROFUNDAMENTE AFETADos

por que se as manufaturasJó Movído por esse objetívo de PELAS DECORRENCIAS


comRA A VARIOLA,
manufatureiro do Reino, motívo
DOENÇA QUE o MATOU) industrializar o Reino,o Estado patrocinou pes- DA REVOLUçÃo FRAANCESA
no Brasil
E como A RAJNHA proibiram as manufaturas de tecidos . E DA EXPANsÃo
da quisas, abriu escolas e ñnanciou publicações
RESPONSAVEL PELA
em 1785.” O Estado, no entanto, recuou NAPOLEONICA.

CONDENAÇÃO Dos
alienando na área das ciências naturais para fomentar a
INCONHDENTES DE MINAs
administfação díreta das empresas,
reais;13 ao mesmo tem- produção de matérias-primas na Am_érica.'7
GERAI5, Deu comlNUIDADE os estabelecimentos
A POLmCA REFORMISTA As reformas de cunho econômico-social
po, procurou~se aprimo
rar tecnicamente a
DE szu PAL
como na colô~ cmpreendidas pela Coroa portuguesa, _naçi_o;
produção tanto na metrópole
nalistas e protecíonistas
- e cuja tendéncia
incentivando-se a diversificação das
ativí-
nia,
era pór a metrópole como pó|o articulador e
ú|tima.'4 cr
dades produtivas nesta
"Revolução"e o |mpério Luso-Brasileiro mPIwwI 0 Reformismo I|ustrado, a"Revo|ução"e o lmpério Luso-Bras¡leiro 23
zz CAPITuwI O Reformismo Ilustrado, a

5. FAc~síMILE Do
índústria e a agrícultura) no conjun-
valorizar os setores produtívos (a
e o exclusivismo
rMm Mn n._á,:,;?.¡.,.,z,.', .4 Éyoumu,.;.
DESPACHo Do MARQUES

to da economia de todo o império, reforçando~s Iânaúvm mrunumwzwvrum lqmrmííuvuçw DE POMBAL PARA Luís
rnw76fnuu
comercial Iuso-brasileiro
-
Ievaram a um crescimento econômíco
unkgcíwr
.
múmgguMmMTmm êpíulñ
:'m kngwmdwi
4
,2
PINTo DE Sou2A, LISBOA,

PALACIo DE NOSSA
uruEaDurÍvmaQo nãÍÍm duruÉQ
economian un nÃmneíaÃníd 6n'4 Íãal Ãqlúgr Yaíçzmmbâq
Cma l
vendo os diversos setores da
*

njais auto-sustentado, envol cuuxmv múmuxí SENHonA DA AJUDA, 28


GL WVÊMmínqÍ a w uma voz
um superávit /ü' - NOVEMBRO DE 1775
para o XIX, mantínha OnJmnrímlMugafcrgwiíáña a fñm7'M4@91W%ÕI DE
na virada do século XVlll '

“'/Portugal, nng WtZÍzcmqu aíimw lm umcnnull

wm Jywmw JÃJQW ka
Qmu um 7uu Ja Ao MINISTRO
DIRIGINDo-SE
descontando-se os movimentos m vamúnn ríu m.
/nas relações comerciais com o Brasil,
lr mfúymmmmçbalp ap anml ira :
MJJ Ià meúl PLEMPOTENUARIO EM
mqân ar PÍmA ñnyàmi ufvlaffwmñm
orias; a indústria Iusitana, wan uuáímu
de metal precioso do conjunto das mercad (bu mn Wélwguu dm cvmdlcom mjlvaJmÍh
r wrMÁàu
LONDREs, o MARQUEs DE
tzlñgM Q “sz PRONunmA
ia cerca de 30% dos a~an7mwlàa éãnfnym ãzumqyumw POMBAL
com destaque para o Iinho e as ferragens, fornec Quñha
a-

a amerícana. As reexporta-
ngquDu
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unlfu (
m7ñ'
uaííhu Gfalmw
'...wuna,

m mmnm
uuuán
mn ÍMJu uymubalãr
'.»¡'mn
qu SOBRE 'As SUBLEVAÇOES, As

manufaturados importados por sua colôni ., mmmmmm mnmf


cowíímcxm
u ammíàom
Ammosonss E os

de W,Z,csn.,,¡wlw.xznm›/z um Mmmq ENFUREcmos ENTUSIASMos


é certo, correspondiam a cerca
l

nüáyuíáfwírã wím gm gq
áuol Hnímnín idua amionh
ções dos produtos brasileíros, Mth:
y

cú u7mlu maÍhw Uãguájz mwnnÁ m/mJ l


oA MAL-ENTENoIoA
guesas para o estrangeíro.
'

64,4% do conjunto das exportações portu aÃnaqun 7w zlu vmdúfm¡,'mwzs muà amÃnmíD
yuçllfí
âmrmw n newàmu
LIBERDADE DA Amémox
ynwnwña anuÃmm
^ q
a / numi Qr z%;/úau,
mento econom1- INGLESAm CLASSIHCANDO
° 0 Reformlsmo Ilustrado, enñm, promoveu um crescn
','4 .

fam 77,/.,,93m
Cymlum urfgàt nn zunwnmn ozíwfq
tovn ungnn o "PLAN0" E os "MEIos DE
K, .

metropolitana, em especial alguns / _

durym
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hàáàv
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co e desenvolveu a economia
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Gh ardndfimguáutÃvà
numtÂgnamÃínathi juma 7ummhmf nm wD
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y RESISTENCW Dos

a abertura dos N0RTE-AMERICAN0$ c0Mo


'
.

setores especíñcos das manuf


aturasJ9 Em 1808, com Ô mígmmm nu/›.a,':m'
r
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àmrçmwum mu yunu
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\portos do Bras¡l, os resu|tados desse esforço viera


m abaixo. ° lu
1
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7«.M..~¡.a.'m odaolnfasm
Ém ummacrúaúmmzammmwjxàa

Y
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%,WÁÂM /AÃ V.
HABITANTES DE

P ERNAMBUCO E DA BAHIA
'

comRA os HOLANDESES.
0 perigo da "Rezzolução” Wagumg_/m)h PROGNOSTICANDO A V|ToR1A
Dos INSURRETos,
A ipdependréncia das Treze CoIônjas |nglçsas_da Amériça do Nort_e,
ACONSELHA A COROA
Hfracílí
como”fato memoráve|',' não foi um possível conflito com a lnglaterra, Por isso BRITÀNICA A POR FIM A
classiñcada pe|a Gazeta de Lisboa
GUERRA, TRANSFORMANDO
por ser_Portuga| çom
mente assimilada pe|a Coroa portuguesa.2° Primeiro, PortugaL inicialmente, alinhou-se LQndre_s,
EM PARLAMENTo A

coloníais na Améríca, o que criava pbstá~ lochando, em 1776, os portos portugueses aos_ ASSEMBLÉIA GERAL DAs
uma potência com domíníos
COLONIAS E CONSERVANDQ
culos para que a Coroa aprovasse o movimento, uma vez que poderia nnvios norte~amerícanos, embora tivesse com
Asswl, A SOBERANIA lsso

as. Além disso, Portuga|, em mses um comércio de recíprocas vantagens.220


de exemplo para suas próprias colôni PERMITE SUPon QUE NÁo
servir

mantinha relações privilegiadas


- .|Iinhamento de Portugal com a lnglaterra, con-
ERA ESTRANHA Ao
_me¡o ao jogo diplomático de então, REFORMISMO ILUSTRADo
l

éde relativa dependência


-
com a lnglaterra, metrópole atingida pe|a Iudo, representava atentar contra os interesses PORTUGUES A PossnmquoE

DE CONFERIR As SUAs
ia a proteção política inglesa nas da Espanha e da França, que viam na indepen-
Revolução Americana, o que envolv PROPRIAS POSSESSOES
lusita- uma
vação dos domíníos coloniaís dôncia dos Estados Unidos oportunídade
relações internacionais e a preser AMERICANAS oumo srA rus

iais da parte de PortugaW de enfraquecer aquela,tendo a França dado um POmeo, SE HOUVESSE


nos e, em contrapartida, concessões comerc
PREssÃo E NECESSIDADE E
cia dos
Daí, portanto, ser prob|e
mática a assimilação da lndependên npoio importante para a vitória dos insurretos. DESDE oue SE PRESERVASSE

essa posição abriria portas para Os prejuízos econômicos trazídos pelo fecha- A SOBERAMA PORTUGUESA.
Estados Unidos da América, vísto que
uwnuwl 0 Reformismo I|ustrado,a "Revo|ução”e o Impérío Luso-Brasi|eiro 25

0 Reformismo ||ustrado, a "Revo|ução”e o Império Luso-Brasileiro


24 CAPÍTULOI

complexojogo de pres- dvnunciando a ”tiran¡a” da Convenção e, ainda, revelando uma preo-


mento dos portos aos norte-amer¡canos e esse
submetido |evaram a Coroa a umação de qualiñcar como exógeno à gente ppgtuguesa o que sçjul-
sões diplomáticas a que Portugal estava
qnva nocivo nos acontecimentos franceses.Assim, em 15 de fevereiro
em 1783,co|ocando-se no grupo dos países que
pri-
alterar sua posição
I793, o jorna| Iisboeta, depoís de comentar eventos militares que
América Inglesa e abriram tlv
meiro reconheceram a independência da
procedentes.23 w passaram na França, informava sobre o Iuto decretado por d.João
seus portos aos navios dela
estavam submetidos pvla morte de Luís XV|.27 Uma semana depois, o jorna| abria espaço
Considerando-se que os jornais portugueses
as posições governamentais pam o testamento qQ rei d/av Franga,_datado de 25 de dezembro de
à censura, pode-se,a partir deles,ana|isar
|/()2, documento no dual Luís XVI faz recomendações ao delñm
sobre a Revolução Americana, bem como sobre a Revo|ução Francersa.r
relativos à ((I(~nominação dada aos herdeiros da Coroa francesa) e,ao ñnal delas,
A Gazeta de Lísboa cobriu de perto os acontecimentos
diplomáticas da dvlcnde as prerrogativas do absolutismo.28 Em 12 de março de 1793f>
¡ndependência dos Estados Unidos, às interferências
revolrúrção
da guerra contra a Grã- Bretanha. .¡ Gazeta buscava, imp|icitamente, afugentar os Íiscos que a
França e da Suécia e à evolução
notícias ou documentos oñ- na França representava para a monarquia portuguesa, reañrmando a
Muitas vezes trouxe na primeira página
França,em seu desenrolar no hdclidade dos vassalos dessa, assim noticiando: a ”conjuntura atual
ciais.24 Já os sucessos revolucionários na
lmn dado a conhecer que nos ânimos dos Portugueses existe ainda a
distintas da Coroa portuguesa.
tempo,foram motivo de posições
dedicado a mesma Iealdade para com os seus Soberanos, e o mesmo ze|o peIa
A princípio, a Gazeta de Lisboa e o Jornal Encyclopedico ,

qlória da Nação, que em tantas outras ocasiões se ñzeram admirar em


ordém antiga e às idéias lodas as partes do mundo,ornando a nossa História com os maís bri-
favoráveis aos agitadores que atacavam a

em 1787 e em |Imntes fatos'.'29 Em 10 de dezembro de 1793, a Gazeta de Lisboa,


novas”: opiniões generosas sobre o duque de Or|éans,

militares à Coroa, no que toca à


repres- dnndo prosseguimento à narração iniciada em outubro de 1793
1789; críticas à”cega”adesão dos
sobre o |evante de Lyon contra a Convenção de Paris, ínformava que
em Bordéus eToulouse, em 1788; referências às”traças”
são a distúrbios
reunião de Estados Gerais, em um decreto da convenção, de 10 de outubro, estabeleci_a que a cidade
da nobreza contra o terceiro Estado, na
losse destruída e que seu nome se ríscasse do Mapa das Cidades da
1789; elogio à representação igual às
das outras ordens obtida pelo ter-
dos”dire¡- República'.' Acrescentava, com holrgn que, ”quando os instrumentos
ceiro Estado, no mesmo ano; apologia à Constituição; defesa
sucessos posteriores da tirania da Convenção denominados Sans Culottes entraram” em
tos do homem”; e a narração pormenorizada dos

até agosto de 1789.25 A par- |yon, deixaram ruas inteiras”juncadas de cadáveres'.'§°


da grande revolução,da tomada da Bastilha
e à Essa situação revqucionária repercut¡u, ademais, no universo
tir deixou-se de fazer menção a tais acontecimentos
dessa data,
em dezembro, com uma colonial francês, produzindo um episódio notávelz a rebelião dos
França, país que só reapareceu no noticiário
17x9íiieia
políti- escravos contra seus senhores em São Domingos em revo|u-
informação sobre uma reunião da academia francesa.As notícias

mas com tom cauteloso.26 çáo de 1792.A Gazeta de Lísboa, em 9 de novembro de 1793, informa-
cas só retornariam em julho de 1790,

transmitiu alguns fe¡- va, com desgosto, que nessa possessão francesa,"no decurso da car-
Nos anos de 1792 e 1793, a Gazeta de Lísboa
a visão pró-Luís XVI, nagem matavam os Negros indistintamente, tanto Brancos, como
tos revo|ucionários, mas sempre resguardando
26 CAPITULOI 0 Reformismo I|ustrado, a "Revo|ução"e o lmpério Luso-Bras¡|eiro mvnuw 0 Reformlsmo
'
'
lIustrado,a 'Revo|uçao”e
' "
o lmpeno Luso-Bras¡|elro
' '

VI
27

rl

autorida-
Mulatosím Todas essas revoluções despertavam o temor das ((›roa, comutando--se ”aos réus exceto Tiradentes, a pena de morte
e no ultra-
des em reIação a suas possíveis conseqüências na América um degredo perpétuo para os Iugares ddavÁfrica','
sendo registradas,

mar português em geral. Em 1790, o embaixador Iusitano em Paris,


vnléio, cenas de alegria. 34 A clemência r_ea|_, saliente--se reiterava o
portuguesas '

d. Vícente de Souza Çoutinho, alertava as autoridades mráter sacro da monarquia e, sobretudo, a associação da _ra_in_ha,

para o perigo da difusão das idéias r_evo_|ucionárias, em


1792, o mesmo dona Maria imagem de Mãez35 Pe-V
I, à segundo o frei Raimundo
embaixador avisava que o Iivreiro francês Diogo Bórel, estabelecido der
n.|forte, narradqr dQ julgamento dos inconñdenteg e da execução
w

(
\

francesa e o
_
em Lisboa, Imprimira 12 miI exemplares da Constituição Hmdentes, expressava ”o inato ampr' que a soberana consagrava

Almanach du pêre Géraid, traduzidos para o português.32 Em Lisboa,_ “.u›s seus vassalos, quaI o termo de ”~!\~/lWãe4
mãépara seus ñIhos__'.'35'Es;a

Pina Manique relatava ao mar-


em 1795, o intendente geral de po|ícia_ l'i0dosa” todavia, reservou a Tiradentes a
ma çapital e tr_a_tou de_

quês mordomo--mor sua preocupação com as pessoas que”andavam I(›rná- Ia exemplar. o alferes foi eanrcado e esquartejado, e os quar-
Santa
Iibertinamente falando nos Mistérios mais sagrados da nossa
w

los de seu corpo foram esparramadps n_o caminho que Iigava o Rio
na Real Pessoa de Sua Majestade'_'dona Maria I e na do prírkr do Janeiro as Minas ñcando sua cabeça ñxada
_
Religião, em Vila Rica, Iembran-
"o governo dos Franceses”;
cipe regente d. João, e que aprovavam V do n todos 0 que poderia advír de uma rebelião contra tão”sereníssi-

d_enunciava, a|ém disso, Manoel Te|les de Negreiros” por estas culpas mn jugo'.'370
de Iibertinagem'.' Acrescentava, ainda, que teria mandado Negreiros
A repressão à denominada lnconñdência do Rio de Janeim de
para um dos Prezidios de Angola se não temesse que lá mesmo revoI- l/94 igualmente comprova que as autoridades governamentais

tasse os Povos” (itálicos meus), o que demonstra sua preocupação com Ivmiam uma revolução na América Portuguesa e móstra AcoÉJa

que as o universo colonjal portu;~ nssociavam aos eventos ocorridos fora dos domínios Iusitanos (no
id_éias revolucvionárrriraswgtingissem

guês, no caso, a África.33 mso, na França). O conde de Resende, d. José de Castro, vice- rei
° repressão aos inconñdentes de Minas Gerais revela o quanto do
A_
a_
Brasi|, embora avaliasse que os acusados de mconñdencna pudes-
ocorrência de uma ”revo|ução” na América atemorizava a Çoroa. 0 wm não ter o propósito de re_a|¡zar uma retJeíao julgava que tinham
3

julgamento da Conspiração Mineira foi uma verdadeira encenação, vsquecido ”de si e da honra do nome portugués, que até o presente

cujo sentido era gloriñcar a imagem da rainha, resvtrabelreçendowadr mnsistía princípalmente no amor e ñdelídade aos nossos clementíssi-
No Rio de Janeiro, palco dojulgamen- mos soberanos” Esquecidos dessa
ordem macu|ada pela sedição. ñdelidade, os conjurados, naquela

regimentos de reserva se mobilizaram, e edifícios públicos foram


rto, masião de ”alterações da Europa',' discorreram sobre questões refe-

guarnecidos, numa demonstração visível de força. Por cerca de dezoi- wntes ao ”governo públíco dos Estados',' añrmando ”que os reis não

to horas, procedeu- se, no dia 18 de abril de 1792, à leitura da senten- sno necessários; que os homens são
\

Iivres e podem, em todo o tempo,


de condenação. Por ocasião da |eitura, o tribunal Já tinha em mãos roclamar sua Iiberdade','e,ainda,defendendo que as
ça Ieis que regiam o
acusando-
a clemência régia, mas, por horas, os réus foram deixados qoverno da França eram ”justas e que o mesmo que aquela nação
embargos foi negada após pro-
se uns aos outros.Grande parte dos e,
praticou se devia praticar neste continente” (isto é, a América). Con-

última negativa, o juiz passou à leitura da correspondência


da
ferir a (IuÍa, entao, o vice-re¡ que as palavras dos conjurados cariocas,"além
"Revo|ução"e o Império Luso-Bras¡|e|ro
tArIwLOI 0 Reformismo IIustrado, a "Revolução”e o Império Luso-Brasíleiro 29
23 CAPITULOI 0 Reformismo IIustrado, a

de mostrarem a das perigosas.4° D. Rodrigo, ainda, em sua correspondêncía com os

pouca ñdelidade" quvernadores das capitanias e o vice-re¡ do Brasi|, o conde de Re-

dos mesmos e o wnde, demonstrava preocupações com a unidade polítíca do império


n

¡nteresse de apar- pnrtuguês.41

o ”po- 0 Para a colônia, além dísso, foram enviadas obras impressas contra
tar dela

vo rústico e ig- m princípios revolucionáriosff O governador da capitania de Minas

norante',' podiam (wrais, d. Bernardo JOsé de Lorena,em 1799, mandou para dívulgação,

produzir ”conse- .¡<› juiz da Câmara da cidade de Mariana, alguns exemplares de uma
qüências muíto pe- nhra sobre a Revolução Francesa em que se denunciavam'fos abomi-

rigosas" que con- uáveis princípios” do então governo da França, que ”até os mesmos”

vinha ”atalhar'.'38 norte-americanos detestavam.43 Em 1798, d. Fernando de Portugal e

6. PANORAMA DA PRAçA A idéia de que convinha ”ata|har”as”conse- (.Istro, governador da Bahia, porém, sugeria que a revolução, temida
TIRADENTES, c0M polas autoridades metropolitanas, aterrorizava também aos”homens
qüências muito perígosas”que poderiam advir
PALACIo Dos

de palavras e conversas que consagrassem os vmpregados e estabelecidos” na própria colônia, com”bens e proprie-
GOVERNADORES
Ao FUNDo
valores e feitos da Revolução Francesa moti-
dades',' donos de escravos, pois uma conspiração contra a Coroa e
NA ATUAL PRAÇA
vou investidas das autoridades régias na virada soberania portuguesas exporia tais homens ao risco de”serem assas-
TIRADENTES, FOI AHXADA

A CABEÇA oo ALFERES do século XVIII para o XleEm 1792, o secretário sinados pelos seus próprios escravos'.'44 Com esse argumento, pelo
JOAQUIM JosE DA SILVA qual buscava comprovar o não-envo|vimento das
português de Estado da Marinha e do UItramar elites baianas na
XAVIER. SITUADA NUM
prevenira os governadores do Brasil contra os Inconñdência de 1798, o governador da Bahia, enñm, indicava que a
Dos Pomos MAls

ELEVADos DA CIDADE,
intentos dos cIubes jacobinos franceses de pro-
musa revqucionária poderia dividir e opor, na virada do sécu|o,as e|i-
A PRAÇA TIRADENTES

SEPARAVA As FREGUESIAS bágar os ideais revolucionários, Iembrando-os


tos à gente miúda; poder¡a, em particular, atemorizar essas mesmas
DE ANToNIo DIAs Do vlites com o espantalho de uma rebelião escrava. 0
E
de que”tinham sido esses abomináveis princí-
PILAR, CONCENIRANDO
pios a causar o fogo da revolta e insurreição
o A simpatia inicial manifestada pelos jornaís portugueses diante
As SEDEs Dos PODERES
das revoluções Americana e Francesa e o temor suscitado apartir do
LAIcos: o PALAuo Dos que ñzera os escravos erguaerem-se contra seus
GOVERNADORES EA CASA
senhores em S. Domingos'.'39 Em 24 de julho de rocrudescimento do movimento revqucionário francês mostram que
DE CAMARA e CADEIA,

Rodrigo de o posicionamento da censura de da Coroa portuguesa


CUJA cousmuçÁo 1797 e em 12 de março de 1801, d. e, resto, aIte-

F0| INmADA pELo


Souza Coutínho, então ministro da Marinha e
rou~se ao Iongo do tempo: a princípio, oà órgãos censórios líberaram
GOVERNADOR LUís

DA CUNHA MENEZES. do UItramar, mandou à América Portuguesa os jornaís, endossando suas simpatias em relação às revoluções;
-.
x

¡ recomendando uma depois, os mesmos órgãos e autoridades superiores do governo por-


yl um aviso e um ofíciQ vig¡-

Iância especial dos que fossem suspeitos de tuguês vieram a evítar notícias favoráveis à Revolução FrancesaÀ e a

professar idéias po|íticas e religiosas considera- promover, ao mesmo tempo, uma defesa do absolutismo e de Luís
mrluuor O Reformismo ||ustrado, a “Revo|ução"e o Império Luso-Bras¡leiro 31

30 CAPITULOI O Reformismo Ilustrado, a ”Revo|ução"e o Império Luso-Bras¡|elro

d luuo. Añlhado de batismo do marquês de Pomba|, d. Rodrigo este-


XVI, uma denúncia da "tiran¡a” do governo revolucionário, uma apo-
vv tn frente da Secretaria da Marinha e do UItramar, de 1796 a 1801,
Iógia da ñdelidade dos portugueses à monarquia bem como a
.nm vm que foi nomeado presidente do Real Erário, cargo do quaI foi
repressão e a prevenção contra manifestações de adesão às idéias de
dvmitido em 1803, retornando ao governo apenas em 1808.
rebeldia no BrasiL Ambigüidades e aIterações de rumo, na realidade,
I). Rodrigo apresentou várias propostas de mudança, dentro dos
equiI¡-
'I
expressavam o impasse do Reformismo llustrado portuguêsz
quudros do Antigo Regime, nem sempre concretizadas, mas que
brar a consecução de reformas, segundo as idéias dasrLuzes, com a
lumm um grande estímulo para as eIites Iuso-bras¡|eiras¡,Do ponto de
manutenção do absolutismo, da ordem estamental e do sistema
vlsla social, acredítava que a nobreza deveria distinguir-se pelas vir-
colonia|. o
r
uulm e pelos méritos. No plano econômico, d. Rodrigo inspirava-se
0 A simpatia para com as revoluções e seus ideais difundia-se entre
uma idéias Iiberais de Adam Smith, do qual fora um dos prímeiros lei-
setores das elites metropolitanas e na América, ma|grado a repressão.
Iorvs em Portuga|, mantendo, contudo, a defesa de uma complemen-
Na colônia, porém, por um Iado, u|trapassaram-se os Iimites da ade-
I.uidade mercantilista entre reino e UItramar, inscrita numa estra-
são ínte|ectua| e, por outro |ado, extravasou-se o uníverso das elites,
tüqia de desenvolvímento baseada num modelo de diferenciação
fazendo com que as úItimas ñcassem atemorizadas: desenvolveram~
pmdutiva ou de dívisão internacíonal de trabalho: ao uItramar cabe-
se conspirações e atingiu-se a gente miúda. Não foram conspirações
I|.| desenvolver a agricultura por muitos séculos, deixando-se as
que se irradiaram pelo conjunto da América, nem mesmo que pos-
nmnufaturas para a metrópo|e, cuja ”estre¡teza do terreno Ihe
suíam uma uniformidade de propósitos, tendo escopos distintos, até
noqalva] as vantagens de uma extensa agricultura'.'45'No plano políti-
mesmo antagônicos. A lnconñdência do Rio de Janeiro não foi nem
m diplomático, na conjuntura de guerra entre França e |ng|aterra,
sequer uma conspiração; a de Minas Gerais foi em parte tributária de
dvlcndia uma aIíança de Portugal com os ingleses, posição essa der-
modelos de rebelião que não rompiam com o Antigo Regime; ao
mlada inicialmente por seus colegas de ministério favoráveis à França
passo que a Conspiração da Bahia foi obra ”da cIasse ordinária',' mas
v wvertida, em 1807, com os avanços da ameaça napoleônica.45 No
não só dela, trazendo à tona questionamentos sobre a relação com q
0
ñmbito da política interna, propunha a constituição de um império
metrópole e sobre os privilégios estamentaisr
lusobrasileírq mantendo-se a unidade do mundo português com a

ínrmação de um grande Estado atlântico: os domínios europeus


wriam “a capital e
0 ideal do império luso-brasileiro o centro”das possessões da monarquia portugue-

*.a, estando todas essas reunidas ”para contribuírem à mútua e recí-


° No interior das eIites, em meio a essa conjuntura de revquções,
pmca defesa da Monarquia','de taI sorte que”o português nascido nas
cultivou-se o propósito de constituir um império |uso-bras¡leiro. Esse
quatro partes do mundo se julgasse somente português e não se
ideal dísseminou-se nos dois |ados do Atlântico, ganhando adeptos
Iumbr[ass]e senão da glória e da grandeza da Monarquia'.'47 Defen-
até entre alguns inconñdentes de Minas Gerais.Ta| projeto teve como
dendo os príncípios da unidade política e dependência econômíca
um de seus principais mentores d.Rodrigo de Souza Coutinho,¡lustra-
vnlre metrópole e colônías, añrmava que os domínios uItramarinos
do dos mais importantes de Portuga|, um dos ministros do príncipe
“Revolução"e o Império Luso-Bras¡|eiro
IAMIUIOI 0 Reformlsmo IIustrado, a ”Revo|ução"e o Império Luso-Brasi|eiro 33
32 CAPITULM O Reformismo |Iustrado, a

da América, África e Ásia eram”'províncias da monarqu¡a', partes inte- uma o espanholas, mandou preparar
grantes de um todo cujo centro é europeu',' e procurava ”prevenir o num osquadra para trazer o rei d.Jo-

risco de processos de independência política” na América.48 0 nü l para o Brasísz Em 1801, quando

° Em consonância com o objetivo de formar um grande Estado .¡-. polências européías fracassavam

tomar a metrópole o póIo dinamizador das reIa-


vm dvbelar a França napoleônica e a
atlântico e visando

monopo- tllplumacia francesa fazia pressões


ções comerciais do império (não mais o centro dominador e

na concepção de império at|ântico de Adam wlnv Portugal que implicavam a


Iizador); inspirando-se
pvula de sua soberania, o marquês
Smith e, quiçá, nas mudanças propostas pelo abade Raynal em seu
tlv Alorna aconselhou o príncipe
Iivro Hístória ñlosóñca e política da colonização européia nas duas re_-

um programa de reformas, provavelmen- uvntu a ameaçar transferir-se para o


Índias,d. Rodrigo apresentou
||¡.a-.il, dispondo-se a ”ir ser imperador naquele 7. D. JOÀo
1798,à junta de ministroszj9 reforma da máquina administrativa
IV, REI
te em
DE PonTUGAL
instituindo-se um sistema federativo, extinção dos monopólíos, estí- v.v.|<› território adonde pode[ria] faciImente
DUQUE DE BRAGANÇA,

de todas as partes do umquistar as coIônias espanholas e aterrar em


mulo à atividade produtiva interdependente D. JoÁo IV LIDERou

uma excessiva e pnum tempo todas as potências da Europa'.'56 A RESTAURAÇÂQ TENDo


império e diminuição da carga tributár¡a, evitando
suoo vusro PELo PADRE
dé modo a não
'/\
mlmtégia de transferência da_Cor_te para o
desregulada tributação sobre a população brasileira, VIEIRA COMO o REI

I|I.I~.il
r- enñm retomada por d. Rodrigo de ENCOBERTO ous
estímular ânimos de independência.5°/D. Rodrigo, porém, viu-se b|o-
CONSTITUIRIA o QUINTo

queado na maioria de suas íniciativas e, em 1803,foi aIijado do cargo.510 'u›um Coutinho em 1803 e contando com o
IMPERIo Do MUNDo.

o Dentre as propostas de d. Rodrigo de Souza Coutinho estava a nlmio da Inglaterra - partia da avaliação de

BrasiLTaI idéia fora aventa-


qnv Portugal não era a ”melhor parte da mo-
transferência da capítal do império para o
n.nquia','ao passo que no Brasil o príncipe re-
da anteriormente, em diversos momentos críticos da história portu-

guesa. Em 1580, quando a Espanha invadiu Portuga|,o prior do Crato, uvnlv poderia ”criar um poderoso império'.'57

pretendente ao trono português, foi aconselhado a viajar para o Bra- Pvnnanecer em Portugal implicaría o risco de

um grande império.52 Após a wl .¡¡›risionado pelos franceses e de ser forçado


si|, estabelecendo em seu território
.¡ nhdicar da Coroa, abolíndo-se a monarquia e
Restauração Portuguesa, num contexto de extremas diñculdades,
ulII.m~rando-se o império colonial português.
d. João IV apresentou a proposta de uma aIiança entre Portugal e

França e de divisão do império português,separando do Reino o Brasil


I› Rodrigo repetiu o mesmo conselho em 1807,

em da Cunha, após quundo as tropas napoleônícas ameaçavam


e os Açores.53No reinado de d.João V, 1738, d. Luís

InvudirPortugaLSS o
contrastar a estreiteza do terrítório Iusitano com a pujança das rique-

zas do Brasil, aconselhou a transferência de eI-re¡ para a coIônia, onde X As idéias de transferência da capital e de

"lmpério” associavam-se, remota e residua|-


tomaria o título de imperador do Ocidente.54 Em 1762, ao que parece,

o marquês de Pombal,temendo uma ínvasão do reíno por tropas fran~


nu~nle, às concepções edênícas e também às
a”Revo|ução"e o Impeno Luso-Bras¡lelro unrlmun O Reformismo ||ustrado,a "Revo|ução"e o Império Luso-Brasileiro 35
34 CAPITULOI 0 Reformismo |Iustrado,

omnau < uja descrição evocava a ”que temos no Paraíso Terrea|'.'61 Â Iai-

ulmmn da idéia de um império Iuso-brasíleiro centrado no Brasi|,

nunnalmente milenarista, e sua remissão residual a topos edênicos


wvvlmn que o Reformismo Ilustrado português articulou as Luzes

mm um substrato cultural anterior.

Nu l.':j/r'›rn/i.x'mo à sedição

Imlo o progresso econômico auferido sob o Reformismo Ilustrado

un mundo Iuso-brasi|eiro assentava~se numa estrutura que tinha o


vm Iu-.ivismo colonial metropolitano como seu pilar, monopólio que,
clv wau›, serviu como fonte de acumulação primitíva de capita|.,

8. PANORAMA Do RIo idéias milenaristas, em voga em Portugal l'uu'~m, quando a Inglaterra iníciou o processo de industríalízação e
DE JANE|R0, EM TRES suce-
desde o século XVI, à semelhança do que tvmnu submeter suas colônias da América do Norte às Iinhas do sis-
FOLHAs, 1795
outros países europeus como a
|n-
dia em Ivnm u›|onia|, preservando seu mercado, deflagrou-se o processo de
PANORAMA Do Rno DE

JANEIR0, NA VIRADA glaterra. Na América lnglesa os mi|enarismos ulw do sistema.0u seja,/in¡ciou-se um ”conjunto de tendências po|í-

secuIarizaram-se, tendo a utopia da propaga-


Do sECULo XVIII,
Ilmn u econômicas que forcejavam no sentido de distender ou
Às vESPERAs DE SE
|iberdade;59
TRANSFORMAR NA SEDE ção da fé sido substituída pela da nu.._m(› desatar os Iaços de subordinação que vinculavam as colônías
Do IMPemo PomucuEs.
no mundo Iuso-brasileiro, na passagem do nl|¡.un.¡rinas às metrópoles européiasYõz

sécu|o XV||| para o X|X, ilustrados como d. ' Nn mso das relações entre Portugal e Brasil, do ponto de v¡s-

Luís da Cunha, d. Rodrigo de Souza Coutinho e In mmômicq a crise do sistema coIoniaI só se iniciou em 1808.

Hipólito José da Costa cultivaram a utopia da Mmmda peIa ameaça francesa de invasão e pela pressão inglesa, a

constituição de um ”¡mpéri0 ñorente" no Bra- t uma portuguesa decidiu, a 29 de dezembro de 1807, transferir-se

”poderoso império” Iaico.6° Tal idéia era pnm n


s¡l, um Brasi|, levando ao extremo a lógica que prívilegiava a manu-

associada por a|guns à edenização, sendo um u~m_.u› do império colonia|: isso porque a transferência da Corte

exemplo o citado Hipólito José da Costa, que, pmluqucsa para o Río de Janeiro, concretizada em 1808, fez-se

em 1813, em seu Correío Braziliense, escrevia .u umpanhar da abertura dos portos brasileiros, franqueando-se a

contra a transferência da capita_| para o Rio de mmmla dos manufaturados ingleses e rompendo-se com o exclusi-

Janeiro, considerando-a uma cidade sem con- vlnnm omercial, base do désenvolvímento manufatureiro metropo-
(

°
dições para tanto e alegando que a escçlha ll|.nu›.

deveria recair sobre o ”inter¡or


centra|',' nas ~ N.I América Portuguesa, na virada do século XVIII, período de
famoso de São Francisco',' uulmiu econômica e de
"cabeceiras do rio alta de preço dos produtos coloníais, esteve-
36 CAPIIULOI O Reformismo llustrado, a ”Revolução”e o Império Luso-Brasi|eiro

comerciantes
se Ionge de se atenuar a tensão entre fazendeiros e os IM'|IIII() II

Iigados à metrópole e de evitar-se um questionamento do exc|usivo


MIIIIIs Iíuraia IÍHHz
colonia|253 assistiu-se a uma críse sociopolítica do sistema, dada por

manifestações pontuais, ocorridas em regiões demarcadas, compor-


Im:uII|'iI|nncias nu plural

tando projetos políticos distintos.64 Nessas manifestações, interesses


das
de setores da sociedade colonial conjugaram-se à influência
portu-
Luzes e,ainda, conforme o caso, das tradições político-cu|turais

guesas e do exemplo das treze colônias inglesas da América do Norte


passa-
ou da Revo|ução Francesa.As”¡nconfldênc¡as”que assinalam a

gem do sécqu XVIII para o XlX na América Portuguesa, bem como a

transferência da Corte para o Rio de Janeiro em 1808,enñm,apropria-

ram-se, de modo particular e seletivo, de um Iegado cultura| e políti-

co re|ativamente heterogêneo. 0

0 Nm idos de 1788-1 789, ñguras proeminen~ 1. VISTA DE VILA RICA

tvu du sociedade de Minas Gerais fizeram NESTA VISTA DE VILA

RICA, A EPOCA DA
sm ussivas reuniões, nas quais debateram a INDEPENDENCIA,

ultunçno da capitania,a possibilidade,as estra- oassmwsa A ESQUERDA,


A IGREJA DE SÂo
Imlns e os alvos de uma sedição, traçando as
FRAncxsco DE ASSIs E,

|Inlms muito gerais de uma nova ordem políti- UM Pouco ACIMA, A CASA
'

DE CAMARA CADEIA
m v (-conomica. o
E

EA IGREJA Do CARMO.
À DIREITA, Ao AL10,

vE-ss o PALACIo Dos

hluulidades mineíms, lugares da conspimção GOVERNADORES.

0 Dentre os 24 condenados em 1792 pelo


ulme de inconfidência em Minas Gerais,
dwessete dedicavam-se a aIgum ofícío regular
CAPIIULou Minas Gera¡s, 17892 inconñdências no pIuraI 39
38 CAPITULOII Minas Gerais, 1789: inconñdências no pIuraI

2. BIBLIOTECA JOANINA nmuhm u mineralogista José Álvares Maciel e os poetas Cláudio


DA UNIVERSIDADE DE
Mmuwl cln (<›sla, lnácio Jósé de AIvarenga Peixoto e Tomás Antônio
COIMBRA

NA UNIVERSIDADE DE
hummm | nquanto Maciel estava ameaçado de perder seu patrimônio
Co¡MBRA, ESTUDARAM vm hllm (l(› dr. José Álvares Macie|, ex-caixa de contratos de entra-
MEMBRos DAs
c0L0NIAIs,
ELITEs

EM PARTICULAR
.I.r.\ unn qmndes dívidas em atraso com a Coroa - e o ouvidor

NA VIRADA Do sECULo mmmqu possuía uma riqueza centrada em boa parte no vestuário
0 XIX›
XVIII PARA

ALGUNS DEsses
UM Wn), Alvzurenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa eram ricos

Ex-c01MBRÃos .I. uu ›-. dv turras minerais e agrícolas, sendo o úItimo também usurário.3 0
ENVOLVERAM-SE NAs
u llm wqundo grupo é constituído pelos cIérigos com formação
INCONFIDENCIAS E TIVERAM

PARTICIPAçÃo DECISIVA NA
uuvlw Iu.¡l na própria colôniazo cônego Luís Vieira da Silva,professor
INDEPENDENCIA Do BRASIL du wminário de Mariana; o padre Carlos Correia de ToIedo, pároco

um '..Io losé del Re¡, hoje Tiradentes, com propriedades agrícolas e

oultwu.nis; o padre José da SiIva e OIiveira Rolim, ñlho do príncipal

w›.nuu~iro dos diamantes, que desenvolvia atividades mineratórias,


Imlu n de escravos e usura no distrito diamantino; e o padre Manuel

Hmlnques da Costa, proprietário de um sítio na região do rio das

Mm n-s.4 Outra categoria é a dos oñciais miIitares, da quaI fazia parte

u Ivnonte-corone| Francisco de Paula Freire de Andrade, ñlho ilegíti-

que pressupunha uma formação especíñca, um do segundo conde de Bobade|a, ex-governador de Minas Gerais,

ainda que prática, e que Ihes servia de fonte de n wqundo homem na hierarquia miIitar da capitania, cunhado de

remuneração: eram ou clérigos, ou advogados, Alvares Maciel, ríco e influente.5 Joaquim José da SiIva Xavier,ñlho de

ou dentistas, ou agrimensores, ou médicos, ou um (-x-conse|heiro municípa|, minerador fracassado, pertencía tam-

oñciais de tropa paga. Em grande parte eram, lu'~m a essa categoriaztendo a patente de aIferes, a mais baixa do oñ-

ainda, proprietários de escravos: catorze incon- «I.¡I.1to, não progrediu de posto ou de remuneração em sua carreiraf

'fidentes possuíam escravaria. Metade deles l|.uvia, ainda, o grupo dos proprietários de terras minerais e agrícolas

(doze), adema¡s, dedicava-se à agropecuár¡a,


quo não se dedicavam a nenhum ofício que exigisse uma formação
sendo que oito conjugavam-na à míneração; mpecíñca que permitisse a obtenção de ganhos;todos eram radica-

quatro desenvolviam só a agrícultura; um, ape- tlos na comarca do Rio das Mortes: José Aires Gomes, verdadeiro

nas a mineração.' o potentado loca|; Francisco Antônio de OIiveira Lopes, cujo_s negócios

0 Dentre os conspiradores, destacam-se os mmpreendiam a agrícultura, a criação, a mineração e pequenas oñ-

indivíduos formados pela Universidade de tinas; e José Resende Costa, o pai, com um fIIho homônímo também
CAPITULou Minas Gerais, 1789: inconñdências no pIuraI
Minas Gerais, 1789: inconñdências no pIural
41
40 CAPITULou

no Rio 3. LAVAGEM no ouno,


inconñdente, ex-a|uno de Manuel |nácio da Silva Alvarenga,
PERTo Do ITACOLOMI

de Janeiro.7 Por ñm, vinham os contratantes de impostos, dois deles A MINERAÇÃO SEMPRE FOI

Abreu
não implicados na devassa da inconñdênciaz Domingos de UMA ATIVIDADE ECONOMICA

IMPORTANTE NA COMARCA
Vieira, que devia à Fazenda Real cerca de 200 mil contos de réis;João
DE VILA RICA, MAs os

Rodrigues de Macedo, cuja dívida era oito vezes maior que


o seu INVENTARIos Posr-M0RIEM

DE MARIANA REVELAM
ativo; e Joaquim Silvério dos Re¡s, com débitos maiores que 220 mil
o CRESCIMENTO

contos.8 o DA PARTICIPAÇÃO DA

AGRICULTURA Ao LONGo
o As identidades e as redes de interesses forjadas pelos inconñden-
Do TEMPoz A ELA SE

tes entre si, bem como o modo como eles se apropriaram das tradi- DEDICAVA A MAIOR PARTE

Americana, Dos INVENTARIADos ENTRE


ções cu|turais e po|íticas Iuso-brasíleiras e da Revolução
1776 E 1822 (ARQUIvo
políticas espe-
são indissociáveis das condições econômícas, sociais e DA CASA SETECENTISTA DE

cíñcas de Minas Geraís ao ñnal do sécu|o XV|I|, no quadro geral do MARIANA, INVENTAR105,
29 0Flc10, 1714-1822).
Reformismo Ilustrado. Os pesos respectivos da mineração e da agri-

cuItura, assim como das diferentes regiões no conjunto da economia

mineira a|teraram-se ao longo do

então,em meio
/prodqudam
à crise da

Ça de eixo socícTeÉõÍômico__dg___rçgião çentral

ñância com um
tempwwgíravasa
para o su|,

processo de diversiñcação econômica que produ-


em Eónso-
Iulvwsses estavam enraizados Iocalmente

num percepção
mmmditóríosz de

quv
dua|,

a coIônia possuía
um
que combinava termos

Iado, a constatação

uma natureza cheia de


-
de

zia demonstrações de relativa auto-suñciência: entre 1776 e 1788, a thuvza, certa auto-suñciênc¡a, e, por outro, a

demográñco mnxciência de que ”só a condição de coIônia


comarca do Rio das Mortes cresceu do ponto de vista

29%, vendo o número de homens negros elevar-se em ritmo menor, pmlia explicar a pobreza e a miséria','“ de que ¡
'

economia da região era menos dependente drenada para engendrava


".¡
que riqueza, fora,
24%, o que indica a

do braço escravo;já a comarca de Vila Rica teve um decréscimo popu- ¡›ul›reza'."2 A prosperidade econômica, somada

de 1%.9 Malgrado sua pujança econômica,a região do Rio das porcepção das vexações impostas peIo siste-
.“¡

Iacional

Mortes encontrava-se sub-representada do ponto de vista político nm coIoniaI, favoreceu o surgímento de uma

próximo à virada do século XV||| para o X|X: localidades como Cam- mnsciência crítica. Signiñcativamente, dos 24 ,\›

panha do Rio Verde, Borda do_Campo e |greja Nova não possuíam o Iüus condenados pelo crime de inconñdência,
\

não tendo, portanto, câmaras.1° o mlorze eram da comarca mais rica, a do Rio
status de vi|a,

° política coloniaI deflnida por dona Maria distanciando-se da das Mortes; tais conjurados, ademais, eram os
A I,

um desenvolvimento integrado mais ricos e os maiores proprietários de escra-


perspectiva imperial que consagrava

da colônia e da metrópo|e, produziu no seio da elite mineira - cujos vos, como mostra João Pinto Furtado: concen-
CAPITULOII Minas Gerais, 1789: inconñdências no pluraI 43
42 (APITULOII Minas Gerais, 1789zinconñdências no plural

5. Mouo DE LAVAR
travam 88% da es-
os DIAMANTES

cravaria e 90% dos A DESCOBERTA OFICIAL

recursos 5eqüestra- Dos DIAMANTES No Tuuco

DEU-SE EM 1723, E EM
dos pelos juízes da 1727 DECLARou-5E A

devassa.13 ° EXTRAçÃo Dos DIAMANTES

Momopóuo DA C0R0A,
w
0 A crítica às me-
SENDo FORMADo o

didaÉ governamen- DISTRITO DIAMANTINO.

tais e à situação

co|onia| foi aguça-

4. CASA DE CÁMARA da pela ação dos governádaéÉÍüÍsAda Cunha


CADHA lwnv de Andrada.” O governador, além dis-'
-4V|enezes e Luís Antônio Furtado de Castro do
E

O GOVERNADOR D. Luís__m ›.n, mnlrariou o alferes Joaquim José da SiIva


RioÀ de'Mendonça, o visconde de Barbacena.
DA CUNHA MENEZES,
governou Minas Gerais Xnvum a quem preteriu em várias promoções e
EM 1785, INmou Cunha Menezes, qu_e
A CONSTRuçÃo DA CASA
1786 afastpu muitos dos mem- Ilmu do comando do deátacamento da Man-
entre 1783 e
DE CÁMARA E CADEIA,

CONCLUIDA APENAs bros da elite IocaI de posições e possibilidades


anvim afastando-o, com isso, de possibilida-
EM 1863, JA No
Iucrativas, |ícitas e iIícitas. Contrariou os
interes- dm dv obtenção de Iucro com o contrabando.
PERIODo IMPERIAL
Mvnwes, adgpjgisz coiçcou seus amigos no
ses do ouvidor Tomás Antônio Gonzaga em
diversos momentos,” chegando a animosida- mnlmle das redes de çomércio iIegaI deõúge
o ouvidor a pwlms preciosas, prejudicando alguns dos
de entre ambos a ponto de Ievar

denunciá-Ió à rainhaJS
lm nníidentesJB Por ñm, orãéñóuuóubanimento
padre José da SiIva e Oliveira RoIim, notório
Cunha Menezes desagradou também
ulu
a
°
Andrade e a seu mnu.nbandista, pego como bode expiatório.19
Francisco de Paula Freire de

Em 1786 ordenou
- () onvolvimento de aIguns conjurados com
sogro, Álvares Maciel (o pai).
u umlrabandq aos olhos dos seus contempo-
a busca de documentos incriminadores na
uma ação contra o mlwom era evidente, a ponto de ser tomado
fazenda de Macie|, iniciando

mesmo para resolver o pagamento de débitos mmn o motivo que os Ievara à prisão. Os con-

|m.u|o5 constituíram em torno do contraban-


de antigos contratos de arrendamento de
entradas.'6 Menezes promoveu muitos de seus
alu uma rede que comportava participações

protegidos na carreira miIitar e, inversamente, ulllnwnciadas de cada um deles. Enquanto os

qlmques e os magistrados eram cúmplices, o


suspendeu os pagamentos de soldos aos so|-

|ístados por pmlw Rolim tinha uma particípação executiva;


dados e oñciais irregularmente
Minas Geraís, 1789: inconñdências no
CAleLou Minas Geraís, 1789z inconñdências no plural
CAPITULou pIuraI 4s
44

contava com o apoio de Do- dwlv 1754, investigando os abusos ocorridos nas arrematações e o

mingos de Abreu Víeira, con- hm mso da junta da Fazenda em cobrar as dívidas (em boa parte de

tratante dos dízimos, que Innn Rodrigues de Macedo e de Joaquim SiIvério dos Reis); e a subs-

intermediava o envio de Illmgao dos contratos de arrematação pela administração direta da

presentes a Gonzaga, o qua|, c nm.¡. Determinavam também a obrigação de garantir cem arrobas

por sua vez, fazia vista gros- m- nuro anuais à Fazenda ReaI e que, caso isso não acontecesse, o

sa ao embarque i|ega| de puvu deveria ceder todo o ouro extraído às casas de fundíção e, não
pedras para a Europa; já w .ningindo ainda a quot_a_,__seria obrigado a pagar a derrama, isto é,a
Cláudio Manuel da Costa mmplcmentar as cem arrobas por meio do pagamento per capíta,

provavelmente lavava os |u- wlnmivo a toda a população.“ Mello e Castro não aceitava que a pro-

cros.2°o c|m_.m aurífera estivesse em decadênc¡a, crendo que o quinto real

6. TROPA DA CAPITANIA
°
O visconde de Barbacena, sucessor de mlm devido aos abusos; a rainha, no entanto, aconselhara-o a reco-
DE MINAs GERAIS
Menezes no governo da capitania, recebeu em nwmlar a Barbacena que avaliasse se o povo das Minas estava em
cououzmoo UM
CARREGAMENTO 1788 instfrgçggieãvaAarrtinho de Mçllo e Castro, mmligóes de suportar a derrama.n o
'
Àc u
.

As TRopAs PERMITIAM ministro de dona Marla l,que contmham medI- 0 Hsnrbacena chegou a Minas Gerais em julho de 1788, tendo Iogo
o
o ABASTECIMENTO E
/dñàs para aume_ntar a receita e amp_|_iarr_a
depen- mln n ado lamjrdasadvertênciasdelisbom da
TRANSPomE DE PESSOAs

E COMERCIANTES VIAJANTES, dência da economia mineira em re|ação a ulm wlaçào da derrama e da anulação dos contratos. A repercussão
A CAVALo ou EM MULAs,
Portugal, em conformidade com o Reformismo dwuls novidades não foi boa, trazendo pânico aos contratantes de
EM MINAs GERAIs.
rllustrado português e suas inflexões no perío- Impmlog aos magistrados, aos clérigos, aos envolvidos com o contra-
A PRIMEIRA TROPA DATA

DE 1731.
do mariano, trazendo prejuízos especialmente Immlo e, ainda, às câmaras e às gentes no geral. Em Mariana, divulga-

aos interesses dos inconñdentes. Envolviam a mm w uns pasquins que diziam "Tudo o que for homem do reino há

correção dos abusos do cIero, regu|amentan- ulv mnrrer" e”só ñcarão algum veIho e clérigos'.'23 Em São José del Rei,

do-se a cobrança extorsiva dos direitos ec|e- nu dm 8 de outubro de 1788, várias pessoas se reuniram no batizado

siásticos; o exame das práticas dos magistrados alv qlnia ñlhos de AIvarenga Peixoto. Na ocasião, muitos dos presentes

(vio|ências nas correições e muItip|icação dos mnnllvstaram sua insatisfação. Luís Vaz de Toledo Piza brindou à saúde

processos); a avaliação da inoperância dos clv "*›ilvério dos Reis, dizendo-lhe que 'cedo se havia de ver Iivre da

intendentes em relação aos contrabandistas; a lnmula Real”.'24 AIvarenga Peixoto añrmou que a capitania”era um for-
di- '“o
ñxação de novos valores para os e|evados mltlúvvl império',' tendo Carlos Correia de Toledo dito que sería

reitos das entradas, responsáveis pelo encare- MmlllueÇ ou 'o Bispo",'


e Peíxoto acrescentado que seria ”Rei, e Dona

cimento dos produtos metropolitanos nas Im|lmm7 sua esposa,“a Rainha'.'25'0 batizado, ao que parece, deu iní-

Minas; o reexame dos contratos arrematados clu .'v.


articulações dos inconñdentes e é a origem da senha escolhida
46 CAPITULou Minas Gerais, 1789: inconñdências no plural CAPITULo II Minas Gerais, 1789: inconñdências no pIuraI 47

para desencadear a re- d<›" ~ e, noutra, com José Aires Gomes.28 Os conjurados, no entanto,

belião - ”Ta| dia é do vm maior ou menor número,encontraram-se em várias outras residên-


meu batízadoTZõ Foi, u Im om Vi|a Rica e nas vilas daxomarca do Rio das Mortes.29 Até mesmo
além disso, uma oca- nu Rio de Janeiro tratou-se do Ievantez nessa cídade, ÁIvares Maciel

sião em que os incon- Imia ouvido Tiradentes falar pela primeira vez no assunto, em agosto
_
ñdentes manifestaram du I788, não Ihe dando muito crédito.3°Tiradentes,a|ém de ultrapassar

aqúe|a consciência dua|: .¡ lronteira da capitania de Minas, Ievou a idéia de sedição do âmbito
aÊapitania Seria for- pmpriamente doméstico para Iocais públicos, como os caminhos, e,

midavelmente ríca e a .nn(la, para espaços que recebiam maior aquxo de pessoas, como a
“"
dominrafçãp Vcolornial se- mmlagem de João da Costa, na comarca do Rio da Mortes, e as casas
7. CASA Dos CONTos gregaria pobrêza ou,ao menos,na_que|a conjun- clv meretrizes,em Vi|a Rica.31 0 alferes, por ñm, na medida em que tinha
A ATUAL CASA Dos
ameaçaria os cabedais dos que haviam pm objetivo conquistar apoio miIitar para a rebelião,
tura, manteve vários
CONT05, QUE ABRIW on
REPARTIÇOES Do ._çgr¡\quecido, Iicita ourívlfiçi airmente. tlmlogos com seus colegas de farda.32 o
AÀ ydÀeWIErlalBÉísco
MINISTERIO DA FAZENDA, 0 gasá de Paula Freire de
FOI RESIDENCIA Do HOMEM

1vo Andrada, na rua Direita, em Vila Rica,fói o IocaI


DE NEGOCIOS
Iúvlmláqias de rebelíão e propostas
RODRIGUES DE MACEDQ onde se deram as mais importantes reuniões.
QUE SE suspenA TER SE
ENVOLvmo NA
Lá muitos dos conjurados
- destacando~se °
O momento que os inconñdentes escolheram para inicíar a rebe-

INCONFIDENCIA. entre eles o padre OIiveira Rolim,Tiradentes, o II.'m foi a decretação da derrama, notícia que, acreditavam, vexaria os

padre Correia de Toledo, o dr. ÁIvares Maciel e puvos - tal como sucedera quando a Coroa inglesa tentou instituir

Gonzaga - emprestaram Iivros, debatendo "(¡mndes tributos” nas suas treze colônias da América do Norte - e
.p'5

N sobre o seu conteúdo, formularam estratégias dmia oportunidade para príncipiar a rebelíãa Aos oIhos deIes, o

para a rebelião e deñniram as Iinhas da nova ~.m vsso da rebelião seria mais certo se Minas Gerais se unisse às capi-
M

ordem.27 I.mias de São Paulo e do Rio de Janeiro,tendo Tiradentes divulgado a


NNF .

Y
Nb Outro centro ativo da conspiração foi a res¡- |umibi|idade de obter ajuda de cinco ou mais negociantes do Rio de

dência de João Rodrigues de Macedo,atua| Casa l.nwiro. Alimentavam, ainda, a esperança de apoio externo, da França

dos Contos,também em Vi|a Rica, onde se hos- puincipalmente, embora falassem em "nações estrangeiras" em abs-

pedava o cônego Luís Vieira da Silva, vindo de II.II(›, estimuladas em apoiá-Ios pelo interesse em comercíalízar com
Mariana,e onde Alvarenga Peixoto”estava sem- Minas Gerais.33

pre todo o dia e noite”jogando cartas, tendo Para garantir o sucesso da Iuta, os conjurados pensaram no abaste-
numa dessas ocasiões dialogado sobre o Ievan- clmento de póIvora e ferro, tendo sido atribuído ao dr. José Álvares

te com Tiradentes -”um oñcial feio, e espanta- M.¡('ie| o papel de arrumar póIvora, além de desenvolver algumas
CAPITULOII Minas Gerais, 1789: inconñdências no pIuraI 49
48 CAPITULo u Minas Gerais, 1789: inconñdências no plural

8. PANORAMA
manufaturas.34 Discutiram também a arregi- mm a metrópole. Os homens da comarca de 9, DIAMANTINA,

EM MEADos Do
DA CIDADE DE SAo
forças militares, ñcando AIva- Vila Rica, no entanto, posícionaram-se contra a
PAULo, vnsro no Rlo mentação dé sÉCULo XlX

TAMANDUATEI (DETALHE), renga Peixoto comprometido a fornecer


duzeñ- medida.36 Existia, ainda, um plano feito pelo 0 RIGIDo comROLE DA
c. 1821-1822 COROA SOBRE A EXTRAçÃo
tónego Luís Vieira da Silva para prover a segu-
tos homens; o padre Ro|im, outros duzentos, e,
DE DIAMANTES ERA UM Dos
Os INCONHDENTES
cinqüenta.35 0 mnça da capitania e que consistia no fecha-
DE MINAs GERAIS Francisco de O|iveira Lopes, mais ALvos Dos INCONHDENTes

ALIMENTAVAM A susci- mento da entrada da banda do Rio de Janeiro e


problema do recrutamento de soldados
l
EXPECTATIVA DE CONSEGUIR
na capitania na realização de emboscadas por homens par-
”.VC
APOIo A SUA CAUSA NA tgtigytrq de maior importânciaz MNS
CAPnANIA DE SÃo PAULo, r."havi_a› um grande obstácu|o, que era o número
dos;37 com os quintos, os inconñdentes acredi- m .

m
TERRA DE omGEM Do
ggvbrancosí sen- lavam poder”fazer algumas despesas, e pagar a
PADRE CARLos CORRHA DE \ie_negros ser ñwaior do que 9
TOLEDQ lnegros,_”pa›rva conseguirem a lropa que fosse necessária'.'38
doíõégííêíqúé ós
contrário” da AIguns conjurados defenderam a idéía de
|Ridáde7 tomassem o ”partido
A|varenga que, no dia da eclosão do |evante, o aIferes
sedição. Para resolver o impasse,

Peixoto e o padre Correia de To|edo


- dois dos fosse a Cachoeira do Campo para matar o capi-

tão~genera|, o visconde de Barbacena, trazen-


maiores proprietários de escravos dentre os

e provenientes da comarca do sua cabeça a Vila Rica para mostrá-Ia ao


inconfidentes

menos dependente do braço escravo - posi- povo,”subindo a um Iugar alto e dizendo:'Este

cionaram-se a favor da a|forria dos mulatos e era quem nos governava; de hoje em diante

negros nascidos na co|ôn¡a), víva a República”,' quando então Freire de


dos crioulos (isto é,

numa estratégia de confronto Andrada faria ”uma oração ao povo, anuncian-


inscrevendo-a
CAPITULOII Minas Gera¡s, 1789: inconñdências no pIuraI 51
so CAPÍTULou Minas Gerais, 1789: inconñdêncías no plural

wr rei e atribuía à sua mulher a posição de rainhafem vários momen-


do-|he a futura fe|icidade'.'39 A idéia de matar o capitão-genera|, no
Im, outros ínconñdentes deixaram entrevistas suas simpatias pela
entanto, foi abandonada, com a oposição de a|gunsz optou-se por
fora da capitania, falan-
monarquia e, mais do que isso, o anseio peIa instalação na América da
fazer Tiradentes mandar o governador para
em Portugal que já cá não se
wde do império Iuso-brasileiro ou,ao menos,de um monarca |usitano.
do-Ihe”que se fosse embora, e dissesse

carecia de governadores'.'4°
V

Ao delinearem a nova ordem, os inconñdentes nem sempre fo-


\InlilfmníafAntícolonídismoP
ram cIarosi Defendiam a |iberdade de comércio, particu|armente / n

Imparzo luso-bmsz'leiro? República? 7


g
53 w (M%54
l /
-

Tiradentes, que fazia críticas ao monopólio comercia| português e N


manifestava fé nos benefícios do comércio |ivre, entendendo que com o Nas Cartas chilenaskmásjnltênigggmgga satiriza e denuncia os

alvsmandos de Luís da Cunha Menezes, o Fanfarrão Minésio, caracte-


ele o ouro alçaria o ”seu Iegítimo valorú para AIvarenga Peixoto, o
negociação ti/.Indo-o como um tirano ao mesmo tempo, desenha
apoio das potências estrangeiras adviria da |iberdade de
e, as Iinhas

pois”e|as pretend[er]iam a |iberdade do negócio na Amé- quais do bom governo. As ímagens do bom governo e da tirania
que teriam,
Manuel da Costa, o cônego Euís Vieira da mnstituídas peIo poeta de ViIa Rica mostram sua ñliação às teorias
rica,e seus portos'.'42 Cláudio

escrito as |eis da nova ordem, mrporativas de poder da Segunda Escolástícaz o governante não
Si|va e Tomás Antônio Gonzaga teriam
de qua|- pode tudo; deve respeitar as as diferenças de
estabelecendo que todo plebeu poderia vestir cetins ou rouba
Ieis, direito e as hierar-

de ves- quias no interior da sociedade, a capacidade dos povos de pagar os


quer qualidade; suinnhava-se, porém,que”os nobres"haviam

t¡r-se apenas com as”fazendas próprias do País'.' Determinaram,além lnil›utos; necessíta procurar a felicidade do reino, repartir com justiça

que os dízimos ñca~ pnümios e castígos.45 lnversamente, é tirania o governo que afronta
disso, que a extração dos diamantes seria |ivre,

riam com os vigários - ”com condição de sustentarem uns tantos mus princípios, sendo Fanfarrão um exemplo perfeito de tiranoz fun-

mestres, hospita¡s, e outros estabelecimentos - que pios” e haveria r|.u se-ia no temor; não se guiaria peIa Ieitura de”doutos |ivros”; não
"na primeira ação" militar. puniria os insultos de seus soldados; só cuidaria das milícias; vioIaria
prêmios para os que mais se distinguissem
os socorresse durante a guerra seria conce~
.r. Ieis, sob as mais variadas formas; cobraria os impostos sem consi-
À nação que primeiro
dida ”ma¡s vantagem nos seus
portos'.'43 Em termos políticos, estabe- ¡l«-mr a capacidade de pagamento dos governados, bem como as

mudaria para São João del Rei, por ser a região alvsigualdades entre eIes; desconsideraria as formas diferenciadas de
|eceu-se que a capital

de mantimentos',' e que a Imlumento hierárquico; praticaria injustiças e desperdiçaria o dínhei-


do Rio das Mortes ”mais cômoda e farta

capitania de Minas Gerais seria uma república, na qual haveria


“um m público ou o usaria para pagar dívidas pessoaís.45 o

c Fanfarrão, ademais, é classiñcado como um


Parlamento principa|, e em todas as Vilas outros subalternosTEm Vi- castigo divino pelas

uma universidade”como em Coimbra'.'44 Embora nmlanças de gentios reaIizadas anteríormente pelos europeus na
Ia Rica seria criada

alguns inconñdentes, inspirados na Revolução Americana,


falassem América Seria, em conclusão, comparável a Maomé - o grande
em república, não é certo qqe houvesse concordância .ulversário da cristandade, a negação dos fundamentos ético-religío-
claramente

político a ser adotado: AIvarenga Peixoto queria um que deveriam, sob o prisma escolástico, reger a ação dos sobera~
quanto ao regíme
52 CAPITULou Minas Gerais, 1789z inconñdências no plural CAPITULOII Minas Gerais, 1789: inconñdêncías no pIuraI 53

rejeita a insurgência como possibilidade legíti- 11. VILA RICA

10. VILA RICA,

Nos
nos - ao seguir a máxima de ñngir zeIo peIa ma.49 Em resumo, nas Cartas chilenas, Gonzaga VILA RICA, CUJo
INIcuos
ADENSAMENTO URBANO
Do sECULo XIx
religião.47 AIgumas idéias de Gonzaga sobre o mostra-se ñliado às teorías corporativas de
ERA VISIVELMENTE MENOR

NAs CARrAs CHILENA3, bom governo, é importante saIientar, encontra- poder, aos seus ideais de bom governo, irma- Do QUE o OBSERVADO

FANFARRÁO MINeSIo HOJE, SERIA PREIERIDA


varn no mundo Iuso-bras' eir um ardente e nando-se a idéias propugnadas pelo padre
como CAPnAL EM FAVOR
APARECE USANDo o

PALACIo Dos prévio defepsorz o padre Antônio Vieira, tam- Antônio Vieira;ao mesmo tempo,aplica as teo- DE SÃo Jvo DEL REI

GOVERNADORES (A DIREITA
/\N _
-~..__._\,,_,›__ _
E SEDIARIA UMA
bem ele_ InfluenCIado pela Segunda Escolásticafm ° rias corporativas à situação colonial e é recep-
NA AQUARELA) PARA seus UNIVERSIDADE, Nos MOLDES

Encomnos ssxum
g Nas Cartas chilehàà Gónzaga classiñca co- tivo à crítica iIustrada ao despotismo, sem, DE COIMBRA.

mo tirânica a matança do gentio, um correla- porém, abraçar o princípio que consagra aos
to da colonização. Essa classiñcação e a caracte- povos o díreito de resistir à tiran¡a.5° 0

rização de Fanfarrão como um tirano perfeito As teorias corporativas de poder, inclusive

poderiam ser indícios de que o ouvidor de com seu apoio ao combate à tirania, marcada-
Víla Rica endossaria o direito de resistência mente no que tangia às vexações tributárias,

popular à tirania ou ao antidespotismo, defen- encontravam suportes na história anterior da

dido pelos neo-escolástícos e por vários pen- América Portuguesa, em particular das Minas
sadores da Ilustração, como o abade Rayna|. Gerais, palco de motins na primeira_ metade do
Contudo, a posição de Gonzaga é ambígua: século XVII|, destacando-se, entre eles, o ocorri-

aborda o problema da tiranía-despotismo, mas do no sertão do São Franciàco em 1736. As


M Mrlluwu Mlnm (wrnls, 1789z Inconñdéncias no pIuraI CAPITULOII Minas Gerais, 1789: inconñdências no pIural 55


mollvnçhm o 0 ritual dessas rebeliões coloniais guardavam similitu- Segundo o padre
movimento cujo epicentro fora o próprio PortugaL
dcs com o que díziam os inconñdentes de Minas Gerais em 17892 a Carlos ToIedo, o abade Raynal ensinava como fazer a rebelião, seu Iivro
opressão ñscal como causa de descontentamento, a deposição das "trazia o modo de se fazerem os Ievantes'.'53 TaI modo consistiria em
autoridades metropolitanas nos Iocais de sedição, a referência a
cortar a ”cabeça do governador e fazendo uma faIa ao povo e repet¡-
apoios externos e os vivas à Iiberdade durante a revolta. Possuíam,
da por um sujeito erudito'.'54 Na parte da obra de Raynal sobre a inde-
porém, algumas díferençaÊaPrimeiramente, enquanto os inconfiden-
pendência da América |ng|esa não há nenhuma referência que Iem-
tes de Minas Gerais de 1788-1 789 falaram explicitamente em repúb|i- bre esse”cortando a cabeça do governadoñT Tal referência encontra-
ca e em ruptura dos Iaços com a mãe-pátri§,apenas a rebelião do ser- se na narrativa concernente à Restauração Portuguesa de 1640, em
tão do São Francisco chegou a questionar a soberania portuguesa,
trecho posteríor ao translado do sermão que o padre Antônio Vieira
não se veriñcando posição similar nos demais motinsf Em segundo
pronunciou quando os holandeses ameaçavam invadir a Bah¡a.Após
Iugar, na Inconñdência Mineira houve o envoIvimento ostensivo dos
elogiar esse movimento, pelo quaI os portugueses se Iibertaram do
letrados, algo não evidénciado nas sediçóes ocorridas antes.51 t jugo espanho|, Raynal conta que o mesmo trarnscorreu sem que cor-

o A novidade da inconñdência, porém, se esvai num ponto: na resse uma gota de sangue, com exceção de Miguel de Vasconcelos,
república sonhada para a virada do sécu|o, as instituições políticas
secretário de Estado,”instrumento da tirania'.'55

mestras seriam os denominados "par|amentos',' capitaneados por u Essa narrativa brevíssima feita por Raynal pouco Iembra ”o modo
um "parlamento” principa|, que não parecem ser senão as próprias
mas Iembram-no diretamente os relatos detalha-
se fazer o Ievante','

câmaras das viIas, instituições já existentes sob a dominação co- dos encontrados em outros I¡vros sobre a Restauração Portuguesa. Na
IoniaL A república dos inconfídentes míneiros, portanto, pouco
obra Hístóría de Portugal restaurado, do conde da Ericeira, d. Luís de
inovava em termos das estruturas de poder político na colônia; os Menezes,tio-avô de Luís da Cunha Menezes, a Restauração é cIassiñ-
inconñdentes mineiros de 1789, dessa forma, parecem surpreenden-
cada como um movimento peIo qual as gentes portuguesas - opri-
temente próximos daqueles que se revoltaram anteriormente na
midas por um governo tirânico que desrespeitava o pacto primeiro
capitanía e, de resto, na colônia, que também preservavam as estru- estabelecído por FiIipe |I, vexadas por excessos tributários - restituí-

turas de poder preexístentes. Perto da virada do século XVIII para o ram a coroa ao seu herdeiro Iegítimo, o duque de Bragança, el-rei

XIX, a Inconñdência Mineira trazia o cheiro dos veIhos motins. E em d. João IV.56 A morte de Miguel de Vasconcelos é apresentada como
1791, reprimida a conjuração, o visconde de Barbacena, percebendo
recurso para incitar o povo e como cástigo por seus serviços ao domí-
esses antigos odores, deu~lhes uma resposta, transformando Igreja nio espanho|; ela é cercada por gritos em defesa da Iiberdade e em
Nova na ViIa de Barbacena, que ganhava assim representação políti- aclamação a d.João IV;Vasconce|os é, ainda, Iançado à fúria da mu|t¡-
ca; anos mais tarde, a Coroa criou a Vila de Campanha, Iocal onde dão.57 Na Hístória genealógíca da Casa Real Portuguesa, de d. Antônio
AIvarenga Peixoto tinha terras.52 o Caetano de Souza (obra existente na biblioteca do cônego inconf1-
o A descrição do rituaI da sedição arquitetada peIos inconñdentes,
dente Luís Vieira da Silva), conta-se que d.Antôn¡oTe|o ferira d. Miguel
aIém de assemelhar-se' a esses velhos motins evocava um
coloniais, de Vasconcelos com um tiro e,”ainda vivo',' os restauradores o Iança-
ss CAPITULOII Minas Gerais, 1789: ínconñdências no plural
wnuwn Mínas Gerais, 1789: inconñdêncías no plural s7

e sobre a extinção da ”tirania',' concluíu com as seguintes palavras:

”Restitua-Ihe ao Céu seu antigo Iustre. Nunca a sua posteridade

lenha ñm'.'59 o
a Isso tudo está bastante próximo do”modo de se fazer os Ievante$”

vislumbrado peIo padre Carlos Correia de ToIedo na obra do abade

Rayna|. Essa narrativa, ademais, converge com aquiIo que os inconñ-


dentes cogitaram e, depois, desistiram de fazer: a morte, pelo a|feres,

do visconde de Barbacena em Cachoeira do Campo, trazendo-se sua

cabeça a Víla Rica para mostrá-Ia ao povo, dando vivasà república e,

na seqüência, o pronunciamento de Freire de Andrada anunciando ao

povo a felicidade Assim, se a Inconñdwlri parece ter sido


_.. ._ ~›~\_
tri-

butária dOS antÍ OS mOtÍnS COIonÍaÍ5, evocava também um momentO


crucial da história portuguesaz a Restauração de 1640, movimento
12. VISTA DE
ram aoTerreiro do Paço, em Lisboa,“de uma das
'
que_se voItava contra a tirania e peIo qual Portugal recobrou sua ¡ñ-
BARBACENA, 1824
janelas, dizendo: Viva a líberdade, e e/-rei d. Joáo
O ARRAIAL DE IGREJA

NOVA FOI ELEVADo lV, morram os traidores',' em meio a ”um grande ~Mineira à Restauração Portuguesa de 1640 segreda uma verdade
A CONDIçÃo DE VILA
número de gente do povo','que furiosa e crue|- inquestionáveL os conjurados de Minas Gera¡s, identiñcando--se com
EM 1791, RECEBENDO
o NOME Do GOVERNADOR mente atacou o”corpo moribundo'.'58 a Iuta da metrópole contra o domínio engaíIToTrevelam o quañtãse
DE ENTÀQ o v15c0NDE DE
No Iivro Hístória geral de Portugal, de viam como portuguesesz nessa época, de fato, os colonos reconhe-
BARBACENA.
Nicolas de La Cléde, conta-se que os envolvidos ciam- se cóm>6_5au|istas, bàiàhos, mineiros, pérñainbucanog mas ”ser
na Restauração Portuguesa dívidiram-se em paulista, pernambucano ou baiense signiñcava ser português, ainda
dois grupos, ñcando um encarregado de pegar que s'e
tratasse de uma forma diferenciada de sê-\l_o_','›isto é, ser porty-
”Migue| de Vasconcelos para Iançá-Io
pelas gyês gg_América.6° Ao mesmo tempo, a citada ñliaçãódsúgerle qúé bs
janelas do Paçoíenquanto o outro devia ”apos- coníiírrádós dãç Minas Gerais de ñns do século XVIII poderiam ter

sar-se da Sala do Paço, e de todas as entradas, alvos distintos, em geral vinculados, mas eventualmente dissociados:
que havia para ela, para excitar, e animar o Iutavam contra a tirania e/ou contra a situação colonial, não se voItan-
Povo a dizer em voz aIta: Líberdade;viva o novo do contra os '0portugueses'.'61

Rei'.' Então Miguel de AImeida, tendo chegado ° O cônego Vieira da Silva era simpático à ínstalação de um império
a uma janela e falado ao povo sobre a recon- Iuso-brasileiro com sede na América, não rompendo a integridade dos
quista da ”Iiberdade',' sobre a entrega da coroa
domínios da dínastia de BragançãApaixonado peIa história e peIo seu
ao duque de Bragança,”Re¡, e Senhof Iegítimo',' ”país','fez conjecturas sobre o que tería ocorrido se d. João IV tivesse
sa CAPITULOII Minas Gerais, 1789: inconñdências no pluraI CAPITULOII Minas Gerais, 17892 inconñdências no pIuraI 59

o XIX. Essas idéias si-

naIizam que os incon-

fidentes não seriam


HISTOIRE
PHILOSOPHIQUE hostis à possibilidade
ET PoLlTIQUE
Dn Enluunulm nr nu Couuucn de manutenção da uni~
nu Hukonmx nmu Ln Dlvl hmu.

ra wnL Llwlmruouu M nML dade dos portugueses


ToMn PRIMIRL
das ”quatro partes do

mundo” sob o domí-


14. SEMINARIo DE
nio bragantino.
NOSSA SENHORA DA BOA
A proposta de transferência da sede do MORTE, EM MARIANA

império para o Rio de Janeiro aparece no CRIADo EM 1748 PELo

PRIMEIRo BISPo
poema ”Invisíveis vapores',' endereçado à dona
13. Fnonnsvlao DE MARIANA, D. FRH
se instalado na América ou no futuro,a Coroa
se, Maria I, provavelmente da prisão, pe|o inconñ- MANUEL DA CRUL
DA oanA HIsromE

PHILosopmous
portuguesa tomasse semelhante decísãoz”se no dente Inácio José de Alvarenga Peixotoz64 o SEMINARIo DE NOSSA

Er pourloua SENHORA DA BOA MORTE


tempo da aclamação do Senhor Rei Dom João
no ABADE RAVNAL comeonou PARA
IV, viesse esse Príncipe para o'BrasiI','concluiu o A FORMAÇÃO DAs ELnes
A Se o Rio de Janeiro
OBRA Do ABADE RAYNAL
RELIGIOSA E LEIGA DE
TEVE UMA GRANDE cônego,”se acharia a América constituindo um Só a glória de ver-vos merecesse,
MINAs GERAIS. O CONEGo
INFLUENCIA NA AMERICA
formidável Império',' acrescentando ”que ainda Já era vosso o Mundo Novo inteiro [...] Luls VIEIRA DA SILVA FOI
PORTUGUESA,
seria felicíssimo este contínente se viesse para UM DE ssus PROFESSORES.
REPERCUTINDO SOBRE As Vinde a ser coroada
HOJE o PREDIo ABRIGA
ESTRATEGIAS FORMULADAS ele algum dos príncipes portugueses; ma¡s, que Sobre a América toda, que protesta UMA DAs UNIDADES
PELos INCONHDENTES
a suceder assím, sempre DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE MINAs GERAIs. corria risco de o quere- Jurar nas vossas mãos a lei sagradaõs
DE OURo PRHo.
rem cá aclamar; e que o melhor de tudo seria

mudar a Rainha a sua corte para a América'.'62 AIvarenga completa seu raciocínío fazen-
Portanto, além de fazer especulações retrospec- uma de perdão, no que
do,à soberana, súpIíca

tívas, o cônego realizava projeções para o futu- alguns intérpretes vêem uma alusão à inconñ-
ro, reveIando-se nesse sentido um verdadeiro e dência e, rñais ainda, um indicativo de que
. P .

Acertelro profeta.63 Suas palavras Iam ao encon- essa úItima não implícaria um intento separa-
tro, ademais, da proposta de transferência do tista, mas simplesmente a inserção do Brasil

soberano português para o Brasil aventada no num grande império |uso-brasi|eiro.65 Pode-
Reino anteriormente e que seria retomada anos se suspeitar que Alvarenga Peíxoto estivesse
depois, bem na passagem do século XVIII para querendo aliviar sua culpa como réu de incon-
60 CAPIIULon Minas Gerais, 1789: inconñdências no plural CAPITULOII MinasGeraís, 1789:inconf|dências no plural 61

°
ñdência; porém, em algum grau, comprova-se que a idéia de um Entre as peças do mosaico inconñdente, no entanto, havia contra-

império |uso~brasí|eiro, centrado na América e preservando a unida- dições.As próprias posições dcgngggglag §gggggmgmbjgijgg
de polítíca da nação portuguesa, ao menos circulava entre os íncon- tendo ele defendido o direitô dósunaturais da América constituírem

ñdentes. 0 um governo próprio, uma república, e, por conseguinte, de Iiberta-


° A tópica do império, ademais, era corrente rem-se›d0jugo da Coroa portuguesa, dizendo que”um príncipe euro-
nas falas de outros

conjurados. Embora se possa suspeitar de que os ínconñdentes co- peu não podia ter nada com a América',' um ”país Iivre',' e consideran-

nhecessem as idéias miIenaristas,°7 é certo que despiram a tópica do do Tiradentes”homem anímoso e que, se houvesse muitos como eIe','

impérío de qualquer conteúdo relígioso, Iaicizando-a, ao mesmo o Brasil seria”uma república florente'72Vieira da SiIva,aIém disso,añr-

tempo que Ihe deram um caráter anticoloníalista. Essa orientação mou que”E|-Rei de Portugal nada gãéíáu nesta conquista',' ao paàso

expressa-se em falas de Tiradentes e do próprio Joaquim SiIvério dos que”os nacíonaisjá a tiraram dos holandeses,fazendo sua guerra sem

Reis. Segundo Tiradentes,”este país podía ser um Império; e que se EI-Reí contríbuir com dinheiro algum para e|a; depois disto, os france-

achasse quem o ajudasse, havia de pô-Io Iivre da sujeição da Europa, ses tomaram o Rio de Janeiro, que os habitadores da cidade Iha com-

encarecendo as suas produções, maiormente de ouro e diamantes'.'68 praram com o s'eu dinheiro'.'73 A partir da história da coIônia, portan-

Joaquim Silvérío dos Reis, por sua vez, disse ”que estes países pela to, Vieira da Silva questionou os direitos da Coroa portuguesa e

sua grandeza e extensão eram adequados para se fundar neles um defendeu a capacídade de |uta dos naturais da América,traçando um
império se não fossem sujeitos”;69 falara também que, em Minas, histórico que aIicerçava e Iegitimava um Ievante contra o domínio do

organizava-se um Ievante ”e que posto ele, dito Coronel, fosse de monarca Iusitano. Essa idéia de que nada se devía à Coroa, destaque-

Portugal, estava pronto a seguir, porquanto bem podía ser esta terra se, tinhavanteõedentes em Minaszfora defendida peIos sediciosos do

um lmpério pelas riquezas que tinha” (itá|icos meus).7° Não se tratava, sertão do São Francisco, em 1736.74 °

portanto, de uma ° Essas contradições apontam para imposição de Iimites aos


idéia de império que trazia como correlato um a

anticoloníalismo que opunha os membros da nação portuguesa, direitos régios e, ao mesmo tempo, revelam que, aos oIhos de alguns

mas que apresentava apenas a recusa à sujeíção da América pela dos inconñdentes, o anticoloníalismo podía romper a unidade políti-

uropa. Essa sutileza permite, enñm,juntar as peças do mosaico da ca da nação portuguesa dada pelo domínio da dínastia de Bragança.

inconñdênciaz tratava-se de uma Iuta contra a tirania, geralmente~ Para tanto,foi crucíal a concepção segundo a qua|, na América, havia

estendendo-se a idéia de tirania à dominação colonial,sem,contudo, um contraste entre riqueza e pobreza, o que se evidencía em es-

opor os portugueses dos dois Iados do AtIântico, e, ainda, deixando critos de AIvarenga Peixoto e em falas de Tiradentes. No ”Canto

entreaberta a preservação da unidade política da nação por meio d04 Genetlíaco',' AIvarenga Peíxoto sugere que a transposição da ”raça

estabelecimento de outros vínculos entre os ”países” da América e. portuguesa para a América estava criando uma grande civilização,

PortugaL Um víncqu explicitamente cogitado foi a instalação de um capaz de bastar-se a si mesma'.'75 O poeta recomenda às gentes das

“florente" império Iuso-brasileiro com sede na América, sob a égide Minas a recordação dos”males',' revolvendo o”horror das sepulturas”

da dinastia de Bragança." a - no que parece haver uma crítica ao morticínío provocado pela
u ummmu Mlnm (.mnl~, lluozlmonñdências no plural CAPÍIULOII Minas Geraís, 1789: inconñdências no pIuraI 63
V

Que fez a Natureza

Em pôr neste país o seu tesouro,

das pedras na ríqueza,

Nas grossas minas abundantes de ouro,

Se o povo miserável779 o

Tiradentes, num de seus momentos de mais aguda Iucidez, sinte-

tizou essa consciência duaI presente nas Poesias de AIvarenga Peixoto

e, mais do que ísso, expressou uma visão contrária ao colonialísmo,

apropriando-se inventivamente de idéias contidas num sermão pro-

nunciado peIo padre Antônio Vieira em 2 de julho de 164080 e ama|-


15'MAR'ANA
COlonízaÇãO - e faz uma apología dos gamando-as às críticas feitas peIo abade Rayna|. Segundo o alferes,
MARIANA, Ex-VILA I
uB arbaros
ñlhos destas brenhas duras” e, maís ”era pena, que uns países tão ricos como estes estivessem reduzidos
Do CARMOI Fm ELEVADA

À CONMÇÃO DE uDADE ainda, das próprias ”brenhas” (ísto porque a Europa, como esponja, Ihe estivesse chu-
é, de Minas à maior miséria,só

EMALZÊÍRPÂRÂIPMOEÍZ
Gerals).75 Exalta as ríquezas
das serras ”na apa- pando toda a substância, e os exmos. Generais de três em três anos
rência feias',' que traziam ”as ricas que chamavam que depois de
DIOCESEDE MINAsGERNS_
entranhas traziam uma quadrilha, a criados,

todas cheias" de ”prata, oiro e pedras comerem que deviam ser dos habitan-
precio- a honra, a fazenda, e os ofícios,
sas'.'77
Terra rica, terra de onde saíam a ”força tes, se iam rindo deles para Portugalím Em acréscimo, dizia que era
das potêncías majestosas” e o ”Ienho” preciso”Restaurar'.'
encon-
trado nos palácios; terra cuja ”riqueza”a ”todo
a Raynal associava, em sua Histoire philosophique etpolítique,a vexa-
o mundo assusta[va]',' Minas era habítada por ção dos impostos e o monopólio à pobreza do Brasi|, uma terra poten-

homens ”Pardos e pretos, tintos e tostados',' cialmente be|a;82 Tiradentes falava numa pobreza sendo engendrada
isto pelos ”escravos duros e
é, valente5',' os pela Europa e pela ação dos governadores e seus”criados','sua ”quadri-
quais eram acostumados aos ”penosos em que tiravam
traba- |ha'.' O padre Vieira, no sermão citado, falava tributos
lhos'.'78
0 Iouvor às riquezas da pátría e aos para rPuortugaÍ ó que dava 0 Brasil e em ministros-governadores que,
seus ”homens de vários acidentes”- desembarcavam aqui e que, como ”nuvens','
em que de três em três anos,

talvez se possam ver ecos da ”chupavam”a riqueza da colôn¡a, carreando-a para Lisboa e Madr¡.Os
crítica ilustrada

à escravidão - completa-se, num outro poe- ministros-nuvens sorveriam ”por oculto segredo da natureza grande
ma, com a idéia de miséría, exprimindo uma quantidade de água','indo chover, depois de"bem carregada[s]',' "a c¡n-

visão em que se assinala a dualidade pobreza- qüenta |éguas'.' Além disso, os ministros que vinham ”ao Brasil” e ”as
rIquezaz não faziam ”mais que chupan adquirir, ajuntar,
partes uItramarinas”
64 CAPíIULOII Minas Gerais, 17892 inconñdências no plural
CAPITULOII Minas Gerais, 1789: ínconñdências no plural 65

16. HABITANTES

oAs MINAs GERAIs


de Vieira são enor-

Os HABITANTES DAS MINAs mes para que se con-


GERAIs ERAM EM GRANDE
sidere que se trata
PARTE MULATos E NEGRos.

Os BRANC05, EM PARCELA de mera coincidên-


SIGNIHCATIVA, PRovaAM c¡a;os elementos no-
Do Nome DE PonTUGAL
vos são bastante pró-

ximos aos de Raynal

para que não se con-


clua que o alferes co-

Iou um autor ao ou-


encher-se (por meios ocultos, mas sabidos), e tro,dando um sentido anticolonial a um sermão 17. VILA RICA

ao cabo de três ou quatro anos, em vez de ferti- uma puramente VILA RICA FOI o CENTRo
que, na origem, era crítíca
DAs ARTICULAÇOES FEITAS
Iizarem a nossa terra com águra que era nossa',' administrativa. ° PELos INCONHDENTES

iam ”chover a Lisboa, esperdiçar a Madrid',' mo- DE MINAs GERAIs.


A tendência anticolonial da Inconñdência
tivo pelo qual ”nada Ihe qu[ia] ao por
BrasiI, Mineíra era dada também peIa sua inspiração
mais que de[sse]'.' Essa”água” retirada do Brasil, na Revolução Amerícana, objeto de grande
frise-se, não era ”tirada da abundância do mar','
interesse dos conjurados e que os estimulava a
mas das”lágrimas do míserável”!83 Finalizando,
romper a unidade política da nação portugue-
Vieira propunha a restauração do Brasíl:”desta sa. As notícias da Gazeta de Lisboa sobre a
vez se há de restaurar o Brasil”; em outros ter- América Inglesa eram devoradas pelo cônego
mos,tudo”o que der a Bahia para a Bahia há de
Vieira da SiIva.85 Nas permutas de obras feitas

serztudo o que se tirar do BrasiL com o Brasil se peIos inconñdentes entre si e nos pedidos de
há de gastar'.'84 Tiradentes repetia os mesmos tradução de Tiradentes, ñca patente também a
elementos: falava em governadores, em perío- curiosidade pela América Inglesa.86 À curiosi-

do de três anos, em riqueza chupada... Falava, dade somava-se a simpatia pela causa: o cône-
ainda,em restaurar! Substituía apenas”nuvens" mostrava ”gosto” e ”comp|acên-
go Luís Vieira
por”esponja” (cujo formato, Iembra o de
aIiás, cia””quando praticava com outros, e Iiam a
uma nuvem); acrescentava ”quadri|ha” e "cria-
história do Ievante da América Inglesa”;87 e,

dos”aos governadores e, ainda, pensava numa segundo Vícente Vieira da Mota, havia nos
riqueza que seria natural se não houvesse a es- "ñ|hos da América taI gosto e complacência
poliação coloniaL As similítudes com o sermão em Ier a história da Iiberdade das Américas
66 CAPITULo II Minas Gerais, 17892 inconñdências no pIuraI CANTULOII Minas Gerais, 1789: inconñdências no pIuraI 67

Inglesas, que Ihe parecia que se eles tivessem outra tal ocasião, a
possibilídade de um Ievante contra o domínio metropolitano e a ins-
abraçaríam'.'88 Para esses Ieitores da história da América Inglesa, en- talação de uma ”repúbl¡ca',' sem precisar, contudo, a natureza dessa e
fim, essa servia para que interviessem na história da América Por- restringindo seus Iímites à própria capitanía, quando muito estenden-
tuguesa, ¡n5urg¡ndo-se contra a dominação coloníal e ínstaurando uma do-os ao Río de Janeiro e a São Pau|o.
República.
_
jlv
Juntando as fontes e os modelos díversos que inspiraram os
° O abade Rayna|, além da defesa do direito de rebelião dos povos, inconñdentes, sem entretanto suprimír de todo as contradições, o
añrmava que a América Portuguesa poderia ser uma das mais felizes cônego Vieira da SiIva formulou uma explicação para negar seu
colônias do gIobo se fossem executadas reformas que obedecessem envolvimento no Ievante de Mihas e refutar sua exeqüibilidade, ao
aos princípios da economia de“mercado.89 Dizia também que os mesmo te_mpo que elaborou uma teoria das revoluções, comparando
povos da América deviam cultuar a pátria; que a América era rica,
a inconñdência, algo vivido por e|e, à independência norte-america-
mas que a Europa a devastava. Ao mesmo tempo, enâinmqueo na e à Restauração Portuguesa de 1640. 0 cônego, dia nte do juíz da
problema dos impostos tinha estimulado osÊõÍÍeamericanos a se
devassa, analísou essas experiências individualmente e, depois, che~
rebelarem e que o apoio da França havia sido essencial para o suces- gou uma --
a idéia geral sobre a ocorrência das rebeliões os povos
so.9° Da associação feita por Raynal entre a independência da podiam rebelar-se por diferentes causas, sendo os impostos uma
América Inglesa e a questão tributáría, os inconñdentes concluíram deIas.Tudo isso para atingír a conclusão, necessária para provar sua
que,em Minas, a derrama surtiria os mesmos efeitos, despertando o inocênc¡a, de que sería impensável uma rebelíão em Mi nas, poís falta-
ódio nos povos e tornando-os aIiados da sedíção.9' Concluíram igua|- vam-Ihe generais, armas, alianças e soldados. Nas entrelinhas, porém,
mente que era importante conquistar o apoio das”potências estran- mostrou-se defensor do princípio iIustrado e escolástico que consa-
geiras',' como a França e os Estados Unidos.92 Por isso, o padre Toledo, grava o direito à rebelião e,ao mesmo tempo,explícítou o Iugar estra-
Freire de Andrade, Tiradentes, Alvarenga Peixoto e o padre Rolim tégico ocupado pela derrama na realização do Ievante.95
consideraram”que o Abade Raynal tínha sido um escritor de grandes ° Concebendo-se como membros da
nação portuguesa, perturba-
vístas'.'93 0
dos com as aIterações da política colonial metropolitana, que imp|i-
0 aIferes, assim como outros, exacerbava o raciocínio de Raynal cavam a perda de postos, de posições lucrativas e o empobrecimen-
sobre a riqueza da América Portuguesa, cruzando-o com a indepen- to; atentos às transformações que ocorriam em Minas Gerais, cuja
dência dos Estados Unidos e, ainda, depreendendo desse confronto economía dava sinais de diversiñcação, auto-suñciência e ríqueza;
melhores possibílídades para Minas Gerais,”pe|as maiores comodida- entusiasmados com o sucesso dos norte-americanos; marcados pela
des” que ter¡a.94 Assim, se a obra de Raynal trouxe subsídios para os história da Restauração Portuguesa; herdeiros quase sem saber dos
inconñdentes na Iuta contra o domínio colonia|, alguns deles foram motins coloniais, os inconñdentes planejaram realizar uma rebelião
Ieitores inventivos a ponto de buscarem as especiñcidades de Minas em Minas Gera¡s. |nf1uenciaram-se claramente pela obra do abade
e de apropriarem-se das idéias desse Iivro usando-as para criticar e Raynal e, ainda, reínterpretaram, se não os escritos dos teólogos neo-
intervir na realidade histórica ímediata em que vivíam, postulando a escolásticos, ao menos os do padre Antônio Vieira, de dÇLuís de
53 wlrutou Minas Gerais, 1789z inconñdências no plural

Menezes e de outros historiadores que trataram da Restauração


CAPÍTULO III

Portuguesa.Constituíram um mosaico de estratégías de rebelíão e de


Iinhas de uma nova ordem, próximo IIiu da Janairu IlH4z a utupia Hntra
à virada do século XVIII para o
XIX, não chegando ao consenso sobre vários pontos. Na reaIidade,

na Inconñdêncía Mineira, houve o ”entrecruzamento de


u"HHpnhlica du Tjggai H n "AJMM[L
tendêncías
diversas”:95 inconñdências no plura|, contra a tirania e, de modo ex-
tensivo, contra elementos do sistema coIonial, ora propugnando a
idéia de um império luso-brasileiro centrado na América e manten-

do-se a unidade política da nação portuguesa sob a


coroa braganÍi-
na, ora sonhando com uma fluida república em Minas Gerais e rom-
pendo com a monarquia, mas preservando as instituíções políticas

Iocais preexistentes. 0

1. Vlsm no RIo
A chamada Inconñdência do Rio de Janeiro
DE JANEIRQ 1817
de 1794 não foi, de fato, uma inconñdência, CAWLDO V,CE.RE.N0 Do

BRASIL, o RIo DE JANEIRo


nem mesmo uma conspiração abortada, como
ASSISTIU, EM 1794, A
a que ocorreu em Minas Gerais em 1789. Na mscussógsoug

verdade, resumiu-se a conversas, a ”dísputas'.'


ÊEZEÊNÊYZDÇÃÂNÍm
Desenvolvendo-se unicamente no plano das mRUADENOSSAsENHORA
DA GLORIA DESTAcou-SE
idéias, porém, encerrava utopias que, embo-
COMO UM DOS MAIS

ra pIurais, tinham um traço comum: represen- pnssncmoos cmAmos


PARA OS ARTISTAS-VIAJANTES
tar o avesso de alguns elementos do Antigo
DA VIRADA Do sECULo XVIIl

Regime. pARA o X|x.

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