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A Família Perfeita
Personagens

Maria Eugênia - (Mãe)


Francisco Luis (Filho)
Francisco Roberto - (pai)
Renata (namorada de Luis)
Gertrudes (Avó)
Amélia (empregada)
Seu Portantiolo (Avô)
Marcos Daniel (Dono da empresa)

(Abre as cortinas, Amélia esta servindo o café da manha para Seu Portantiolo que a observa
atentamente).

Portantiolo - Amélia minha filha, venha cá.


Amélia – Pois, não?!
Portantiolo - Não quer tomar café com esse pobre velho, experimentar esse cacetinho, não ta novo,
mas ainda enche o bucho he he he.
Amélia – não obrigada seu Portantiolo, sou moça de bem, não posso sair comendo cacetinhos por
aí, minha religião não permite.
Portantiolo – Sim, claro, religião, claro, claro!
Amélia – Mas quem sabe o senhor não da o cacetinho pra Dona Gertrudes?!
Portantiolo – hum, essa não come mais cacetinho como antigamente. Faz duas horas que ela
levantou e não saiu do quarto, tomando os remédios dela, é um ritual quase fúnebre, assim
não instiga ninguém a tomar café. Pss!! Aí vem ela.
D. Gertrudes – Bom dia Amélia. O que temos para o café?
Portantiolo – Bom dia pra senhora também minha velha. A educação diz que...
D. Gertrudes - A boa educação diz que devemos deixar as pessoas dormirem em paz para que no
outro dia possamos levantar de bom humor! Mas com aqueles dois no quarto do lado e esse
trator do meu lado, não há vivente que durma feliz. Quanta testosterona! Sabe o que é isso
velho?
Portantiolo – Lembro vagamente. Uma banda nova né? Desse novo estilo de música Bossa Nova.
Amélia - Nova? He he he! Meu Deus.
(entram Luis e Renata se agarrando)
D. Gertrudes - Por falar em testosterona!
Portantiolo – (com um cacetinho na boca) Minha nossa!
Amélia – (Deixa cair a bandeja) Jesus, Maria, José! Senhor perdoai-os!

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Luis – Que isso Amélia, de manhã cedo, já fazendo bagunça, a essa hora até o Senhor ta dormindo.
Bom dia queridos Avós! Dormiram bem?
Gertrudes – dormir? E quem dorme com dois ninfomaníacos no quarto do lado. Venha cá minha
filha, tu não ta assada não?
Renata – Ai D. Gertrudes, o que é isso? Vamos comer? Estou morrendo de fome.
Portantiolo – Come filha, come!
Luis - Vovô, por favor!
Gertrudes – Não da Bola filho é o viagra, dá esses efeitos colaterais, parece que ta no cio.
Portantiolo - Vamos comer!

(música agitada, todos comem na velocidade da música vão saindo aos poucos, ao fundo
passa apressada Maria, fica apenas Ámélia arrumando a mesa, entra Francisco
Roberto).

Francisco Roberto – Todos já foram?


Amélia – Sim senhor, inclusive eu já estava tirando a mesa, por que não sou escrava dessa casa
para servir café-da-manha até as 14:00, quem o senhor pensa que é? Um senhor-de-
engenho que maltrata seus escravos no tronco, sim por que é assim que o senhor me trata
feito uma escrava que só atende aos seus caprichos, mas quero dizer que isso vai se acabar-
se, um dia eu se mando daqui e não vai ter ninguém que possa se segurar-me, o senhor
entendeu bem o que eu falei? (pausa) Sobrou pão de ontem, quer?
Francisco Roberto - (atônito) Sim por Favor, desculpe o incômodo.
Amélia – cala a boca e vê se come logo que eu tenho que fazer o almoço senão dona Maria me
mata. Por falar na cobra, mostra-se o rabo.
Maria – Boa Tarde Amélia. O almoço já está pronto?
Amélia – Está a caminho D. Maria, é que seu digno esposo acaba de se levantar-se se atrapalhando
meu serviço querendo cafezinho, a senhora precisa tomar uma atitude, esse estorvo na
minha vida, assim ninguém consegue trabalhar nessa casa, tenha santa paciência, nem uma
cueca ele lava e sobra para “mim” pegar naquela coisa nojenta, sim por que não sei se a
senhora sabe ele troca de cueca de dois em dois dias.
Francisco Roberto - Eu uso dos dois lados ta? Consciência ecológica, gasto menos água.
Economia, está tudo pela hora da morte.
Maria – (Fúnebre. Fria. )tudo pela hora do morte não é Francisco Roberto, pena que não é sua hora
da morte.
(silêncio)
Francisco Roberto - há há há! Essa minha esposa é uma piadista mesmo, olha a cara da Amélia
ela quase acreditou.
(as duas sérias olhando Francisco Roberto)
Maria – Onde está meu filho e aquela, aquela, moça, ex-moça.

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Amélia – saíram cedo, disseram que foram para escola. Há há há, mas aquilo puxou ao pai dele,
inútil (tom) mas pelo menos troca de cuecas todos os dias!
Maria – Desgosto atrás de desgosto. Mas essa é minha família. Pois bem. Amélia, hoje a noite
preciso que acertes no jantar, pelo menos hoje. Receberemos visita.
Amélia – Ah não D. Maria, eu já cozinho para cinco nessa escravidão que é essa casa, ainda vou ter
que lavar mais um prato essa noite e sujar panelas? Farei minha sopa, com faço todas as
noites.
Maria – sua sopa? Faça-me rir Amélia, você faz sopa de letrinhas quase todas as noites! Somos
obrigados a tomar aquilo, com certeza já enriquecemos a maggi assim. Hoje teremos pernil
assado, salada de alcaparras e arroz à 4 formmagio.
Amélia – Quatro o que? Formol? Se for muito me agrada.
Maria – formaggio, ignorante. Escolha quatro tipos de queijos e... Deixa que te explico depois.
Amélia – Tudo bem, mas vou logo avisando que quero ganhar extra.
Maria – Tudo bem, justo.
Amélia – Vou querer um dia a mais de folga.
Maria – Justo
Amélia – E que o Seu Francisco Roberto troque de cuecas todos os dias.
Francisco Roberto - Ah não, aí já é pedir demais (Maria fulmina-o com os olhos) mas por minha
mulherzinha eu faço tudo.
Maria – (cínica) obrigada querido! Tem mais uma coisa Amélia, você vestirá uniforme hoje.
Amélia – (austera) Mas eu não tenho uniforme D. Maria?
Maria – Uma vez você me disse que saiu Fantasiada de empregada no carnaval, usa essa.
Amélia – D. Maria eu acho que aquele uniforme não é muito apropriado.
Maria – Não discuta comigo Amélia, ta decidido!
Amélia – Para usar aquele uniforme pelo menos mais dois dias de folga, além do domingo? Pegar
ou largar.
Maria – Chantagista!
Amélia – Quer o uniforme?
Maria – Tudo bem!
Amélia – Uhu amanhã eu me acabo no forro. (sai)
Francisco Roberto – Mas quem é essa pessoa tão ilustre que virá jantar hoje aqui em casa?
Maria – Marcos Daniel Ferreira de Vasconcelos Melo Martins da costa de Bourbon.
Francisco Roberto – das costas de quem? Mas esse não é...?
Maria – Esse mesmo. O dono da empresa, ele é muito família, aprecia uma família organizada e
bonita. Já que perdeu toda sua família num trágico acidente de jatinho na Sibéria.
Francisco Roberto - Na Sibéria? Nossa, perdeu longe? Já achou? Há há há
Maria – (Séria) Achou, estão todos mortos. Quando encontram o avião, viram que estava sem piloto.
Sabe onde encontraram o piloto? Na parte de trás do avião, nu, encima da também nua,
esposa de Marcos Daniel Ferreira de Vasconcelos Melo Martins da costa de Bourbon.
Francisco Roberto - Por Deus! Não se fazem mais famílias como antigamente. Mas e a filha dele?

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Maria – Estava com o co-piloto.
Francisco Roberto - Jesus, quanta luxúria.
Maria – Portanto, tire essa roupa, vista um terno, penteie esse cabelo e pareça normal eu disse a
Marcos Daniel Ferreira de Vasconcelos Melo Martins da costa de Bourbon que você trabalha
no ramo farmacêutico.
Francisco Roberto - farmacêutico? Justo farmacêutico?
Maria – ele adora farmacêutico, desde essa tragédia familiar a farmácia é o segundo lugar mais
visitado por ele. Essa é minha chance de ganhar a vice-presidência e claro, aumentar a sua
mesada, se tiver interesse.
Francisco Roberto - (recebendo dinheiro de Maria) tudo pelo bem-estar da minha mulherzinha
querida.
Maria – Assim está bom, arrume-se. (sai)

(entra Renata, colegialmente vestida, Francisco Roberto a olha de canto de olho, mas mantém-
se inabalável)
Renata – Oi tio.
Francisco Roberto – Hum, tio fica difícil! Oi Renata, como está?
Renata – Ai tio, não to bem não. Me machuquei na Educação Física hoje!
Francisco Roberto – A é? Onde?
Renata – Aqui na minha panturrilhinha. Olha só! Pode fazer uma massagem?
Francisco Roberto – Massagem? Oh minha norinha, claro (ajoelha-se) nossa ta dodói mesmo.
(entra Portantiolo tomando seu remédio habitual)
Portantiolo – Francisco Roberto! Onde pensas que estas com as mãos? Canalha, essa menina
poderia ser sua filha, seu hipócrita! Como podes fazer isso com minha Filha, Maria não
merece isso.
Francisco Roberto – Calma meu sogro está tudo bem, Renatinha ta com dodói na panturrilha e eu
estava apenas tratando de sua luxação.
Portantiolo – Panturrilha Luxada. Aham sei! Maria me disse que receberemos visita importantíssima
hoje. Agora imagina se Marcos Daniel Ferreira de Vasconcelos Melo Martins da costa de
Bourbon assiste uma cena como essa na sala de Maria? Vá para o quarto Maria quer que
você experimente o terno.
Francisco Roberto – Sim senhor.
Portantiolo – E você minha filha. (olha ardentemente para a panturrilha de Renata)
Renata – (repreendendo) Vovô por favor! (sai).
Portantiolo – O estatuto dos idosos devia prever cotas para as cocotas. Heheheh
(entra Gertrudes, ao som de um tango, vestido vermelho, rosa na boca, cabelos soltos e esvoaçados,
mirando Portantiolo, todos os movimentos são feitos no ritmo do tango, uma dança do
acasalamento)
Gertrudes – (doce) Velho, nem sabes!
Portantiolo – O que mulher? Por que estas me olhando com essa cara?

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Gertrudes – Que cara?
Portantiolo – Essa de dor de Barriga.
(entra Amélia vê a cena e se esconde atrás de um cabide apavorada mas ao mesmo tempo
sedenta)
Gertrudes – Não é dor de barriga Portão. Lembra de quando eu te chamava assim? Portão?
Portantiolo – Lua-de-mel!
Gertrudes – Pois é! Eu tava lá no quarto, tava com uma dor de cabeça, tomei um remedinho, fui
deitar pra essa dor passar, de repente me subiu um calor, umas lembranças do nosso
passado que não agüentei.
Portantiolo – (apavorado, segurando uma almofada entre os dois) Gertrudes, que remédio você
tomou?
Gertrudes – Ah sei lá, um azulzinho que tava encima da mesa. Era seu?
Portantiolo – AZUL? Tu és louca mulher tomaste meu viagra.
Gertrudes – Que seja! Como a dor era muita tomei logo dois!
Portantiolo – Gertrudes, vamos la dentro, tenta te acalmar velha burra, daqui a pouco chega a visita
da tua filha.
Gertrudes – (enlouquecida)Ahhhhhhhhhhh o Marcos Daniel Ferreira de Vasconcelos Melo Martins
da costa de Bourbon, aquilo sim é que homem e viúvo, toma cuidado Portão, senão vai
acabar virando portinha e dos fundos.
(saem. Amélia sai detrás do cabide dançando o tango, segurando as cuecas de Francisco
Roberto entra Francisco Luis que observa a cena )
Francisco Luis – (gritando) Amélia! Que pouca vergonha é essa? De quem são essas cuecas?
Amélia – São de seu pai, aquele sedutor, implacável, aquele inútil! Ahhhh! Inútil!
Francisco Luis – Nossa! Mas o que tem nessa casa? Onde ta Renata?
Amélia – Deve de ta na cama! Descansando a pobre.
Francisco Luis - Eu vou lá ver se esta tudo bem!
Amélia – se espera-se aí! Filho de inútil, inutilzinho é? Dança esse tango comigo?
Francisco Luis – Ué? Mas e a religião? Permite tango?
Amélia – cala boca inutilzinho!
(dançam. Maria entra)
Maria – E então Amélia? Como vão os prepa... Mas o que é isso? Que desordem safada é essa na
minha sala?
Amélia – Me desculpe D. Maria Eugênia é que não pude deixar de se resistir a essa música!
Maria – Meu deus! Não se esqueçam que isso é uma casa de família cristã. Está quase na hora, vá
se arrumar Amélia, você também Francisco, Ah, chame Renata para me ajudar a arrumar a
mesa.
(Amélia e Francisco saem )
Renata – Me chamou tia?
Maria – Não sou sua tia!
Renata – Credo, desculpa sogrinha!

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Maria – (com uma faca na mão) escute aqui mocinha, ex-mocinha! Tu só será minha nora se meu
filho cometer o mau gosto de se casar contigo e se fizer é só pela tua barriga, isso se for
mesmo do meu filho essa bacuri que ta carregando! Mas tudo tem a sua hora, hoje te quero
de boca bem fechada no jantar, senão de boto pra fora (doce cinicamente) à pontapés meu
amor! Agora me ajude falta uma hora para Marcos Daniel Ferreira de Vasconcelos Melo
Martins da costa de Bourbon chegar! E ele nunca se atrasa! È um gentleman!
(luz baixa, terminam de arrumar a mesa saem, entram os últimos objetos para a decoração
entra Maria Eugênia)
Maria – vamos entrem todos ele já deve estar chegando!
(entram todos impecavelmente arrumados e visivelmente desconfortáveis formam um
paredão, Maria vistoria um por um roupas, cabelo, unhas hálito) Muito bem, na duvida já
sabem sorriam e não falem nada. Espalhem-se pela sala em duplas, faz de conta que
estávamos descontraídos.
(toca a campanhia) É ele, sejam normais!
Querido Marcos, que bom telo em minha modesta residência.
Marcos – Imagine Maria Eugênia, é um prazer estar aqui. Estou curioso para conhecer sua distinta
família, de tanto que falas dela.
Gertrudes – Meu Deus! Isso é que homem!
Portantiolo – (pasmo com a figura de Daniel) É verdade!
(musica, Maria vai apresentando um por um da família)
Maria – Um momento Marcos que vou chamar a serviçal da casa. Amélia!
Marcos – Um lindo nome: Amélia é que era mulher de verdade há há há!
(apenas Marcos e Maria Eugenia riem, os outros sorriam desconcertados)
Entra Amélia, uma visão horripilante, usando um uniforme de empregada adptado, pintada
como um drag queen)
Amélia – Boa noite seu Marcos Daniel Ferreira de Vasconcelos Melo Martins da costa de Bourbon é
muito bom tê-lo com a gente...
Maria – conosco Amélia!
Amélia – É com vocês também. O senhor bitoca alguma coisa? Cachacinha? Uma sangria? Ou
quem sabe um sex on the beath?
Marcos – hã? Não, melhor não, coisas com esses nomes eu prefiro água mesmo!
Amélia – Com licença!
Marcos – (para Maria) exótica ela!
Maria – Exótica é um elogio para ela Dr. Mas vamos à mesa.
(chama todos para que se sentem à mesa)
Francisco Roberto – Bom, como chefe dessa família (Maria o fulmina) gostaria de dar as boas
vindas a nossa casa ao senhor Dr. Marcos Daniel Ferreira de Vasconcelos Melo Martins da
costa de Bourbon. Quero dizer também (segurando o riso) que somos muito sensíveis a sua
perda familiar.
Francisco Luis – Como aconteceu seu Marcos?

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Francisco Roberto – O avião caiu porque o piloto tava traçando a mulher dele no fundo do avião.
Francisco Luis – nossa, já tinha ouvido falar de um monte de tipo de chifre mas chifre aéreo é a
primeira vez que eu ouço.
Maria – há há há! Mas essa minha familia é realmente uma piada (baixo) de mau-gosto, não repara
Dr. Marcos é só para descontrair.
Marcos – tudo bem Maria Eugênia eles tem razão de achar graça, a história alem de triste é bizarra.
Gertrudes – (afetada) Mas o senhor pode ter certeza que está com tudo encima viu Marquinhos.
Maria – Amélia pelo amor de Deus traz esse jantar.
Amélia – já vai pomba! A escravidão já terminou nesse país!
Maria – Nada disso ta acontecendo.
(entra Amélia com a bandeja do pernil comendo algumas partes)
Amélia – pronto ta aqui! Espero que esteja bom! Se não tiver você é que vão cozinhar, por que a
escravidão já se acabou-se. Desculpe seu marcos mas se eu deixo eles me colocam no
tronco. Teve uma vez que...
Maria – OBRIGADO Amélia deve estar delicioso.
Marcos – realmente, o que vamos beber para acompanhar?
Amélia – (Amélia se metendo) Água!
Maria – Amélia o que é isso!
Marcos – ele disse que queria tomar água! Vai tomar água agora!
Portantiolo – Amélia deixe de coisa, não constranja nosso convidado, traga aquele vinho do porto
que guardo lá no meu quarto.
Amélia – (risos) Vinho do porto? Ta bom! Esse tal vinho já se-acabou-se faz tempo, Luisinho tomou
com a namoradinha dele faz é tempo viu? É ele encheu aquilo com uma sangria da piro
qualidade, quer mesmo que eu traga?
Marcos – Pra mim, água esta bom!
Amélia – Eu falei que ele quer água.
Portantiolo – Francisco Luis, eu não acredito que tu bebeu todo o meu vinho.
Francisco Luis – Ora vovô como o senhor acha a minha namorada está grávida.
Portantiolo – (desconcertado) deixemos essa história de lado. Falemos de outros assuntos.
Gertrudes – É! O Assunto bisneto para ele é muito incomodo.
Francisco Luis – Renata para de beber assim, daqui a pouco vai dar vexame.
Renata – que vexame o que? Me deixa beber. “A vida é uma sombra que passa” já dizia Mc
Leozinho!
Portantiolo – quem disse isso foi William Sheakpeare sua burra!
Renata – Como é que é? Repete velho! Do que tu me chamou?
Maria – Calma minha filha!
Renata – Você não é minha mãe!
Maria – Desculpe Dr. Marcos minha nora esta passando por problemas e está um pouco alta. A
juventude.
Renata – eu não sou a sua nora, o burro do seu filho ainda não casou comigo!

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Francisco Luis – Renata, burro não, olha o respeito!
Marcos – talvez seja melhor eu ir embora.
Renata – burro sim, acredita até agora que esse filho é seu!
(todos começam com um burburinho espantados, menos Portantiolo que discretamente vai se
retirando da mesa)
Gertrudes – POR-TAN-TIOLO! Aonde você pensa que vai? O que você sabe dessa história.
Marcos – Que pouca vergonha!
Portantiolo – hã?
Gertrudes – o que você tem haver com isso?
Portantiolo – hã?
Renata – É. Fala, o que você tem haver com isso?
Francisco Luis – Vovô, o senhor traçou a Renata?
Portantiolo – traçou? Como assim? Não estou entendo nada, vou dormir estou com sono.
Amélia – (risos) Barraco de gente rica é sempre mais divertido.
Marcos – alguém, por favor, quer fazer a decência de me explicar o que está acontecendo? Maria?
Maria – Como eu havia dito Dr. Marcos Daniel Ferreira de Vasconcelos Melo Martins da costa de
Bourbon, meu marido é farmacêutico irá lhe explicar exatamente o que está acontecendo.
Marcos – Ah é! Já havia me esquecido que seu marido era desse ramo.
Francisco Roberto – Sim claro Dr. Marco Daniel de não sei do que. Venha até aqui que lhe explico
tudo.
(retira Marcos da mesa, leva até o canto do palco para tentar distraí-lo da confusão, os demais
personagens ficam discutindo à mesa acerca da paternidade da criança)
Marcos – Mas me diga, o que é tudo isso? Maria sempre me disse que a família de vocês era de
alta roda, todos muito educados e unidos, mas até aqui não isso que eu estou vendo,
começo a me preocupar com o futuro da sua esposa na minha empresa.
Francisco Roberto – (para si) e do aumento na minha mesada.
Marcos – como disse?
Francisco Roberto – é um problema sério que temos na nossa família sabe doutor, pois meu sogro
(oferece uma bebida) tem graves problemas de saúde, problemas cardíacos.
Marcos – minha nossa não me diga!
(do outro lado do palco)
Gertrudes – Comigo é um brocha.
Maria – mamãe?!
Francisco Roberto – Como eu ia dizendo Dr. É um problema seríssimo que nós do ramo das
farmácias e drogarias não conseguimos resolver especificamente. (enche o copo de
Daniel).
Marcos – então como fazem?
(do outro lado do palco)
Maria – Para que tanto viagra!
Renata – Pra embuchar as meninas indefesas!

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Marcos – Viagra?
Francisco Roberto – pois é Dr, nosso tratamento alternativo inclui a tomada dessa substância
diariamente! (enche o copo)
Marcos – todos os dias? Hum! Interessante.
Francisco Roberto – como disse Dr?
Marcos – Indignante! Estou estupefato! (enche o copo).
(do outro lado do palco)
Francisco Luis – velho babão!
Portantiolo – Me respeita guri.
Marcos –(já visivelmente bêbado) Eu tenho que lhe confessar Roberto, eu também tomo algumas
vezes
(do outro lado do palco)
Gertrudes – Ai meu Deus, que desilusão!
Portantiolo – Mas, minha velha ela ta com tudo encima! corpinho todo durinho, tu já ta toda
pelancuda, nem com viagra!
Francisco Luis – eu vou me matar!
Amélia – Não faz sujeira na minha sala! Passei o aspirador de pó hoje! Quer se matar se joga da
janela, aí a prefeitura que limpe!
Maria – Não fala assim com meu filho!
Amélia – Ai, olha só não amola! Que eu já to se acabando de dor de cabeça!
Maria – deve ser os chifres!
Amélia – chifre? Hahahaha! Eu? Olhe bem querida, eu se enxergo ta? E tu? Não se agacha pra
passar na porta não é?
Gertrudes – Do que a serviçal ta falando Maria?
Maria – Não faço a mínima idéia!
Amélia – Eu to falando que a D. Maria possui um belo...
(do outro lado do palco)
Francisco Roberto – AMÉLIA! MAIS VINHO POR FAVOR!
Amélia – Claro Tchutchucão!
(todos) tchutchucão?
(burburinho)
Marcos – Chegaaaa! Acaba aqui essa palhaçada! (sobe encima da mesa(ou não))
Maria – Dr. Marcos o senhor vai...
Marcos – Cala a boca Maria! Não agüento mais isso aqui, já deu para ver que sua família não é
nada daquilo que você havia me informado. Família de Lordes! Há há há! Faça-me rir Maria!
Mais vinho! Já!
Amélia – Aqui esta seu Marcos!
Francisco Roberto – (baixinho) que vinho é esse Amélia achei que já tinha terminado!
Amélia – e terminou. Peguei a sangria mesmo! A essa altura ele nem sabe mais o que ta tomando!

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Marcos – Escute aqui Maria, é impossível que você já não tenha percebido. Seu pai é um pedófilo,
drogado e você vai ganhar um irmãozinho de uma menina que tem idade para ser sua neta,
quase.
Amélia – (risos)
Portantiolo – Pedófilo?! Escuta aqui seu doutor, eu nem gosto de pé não!
Marcos – Seu filho é um mongolóide, a única coisa que tem é testosterona!
Amélia – Puxou ao pai, o inutilzinho.
Maria – Amélia!
Marcos – Sua empregada é uma devassa, mas parece ter saído de um show de horrores de um
circo falido da Tchecoslováquia! Ah me poupe!
Gertrudes – (ainda sob o efeito do remédio) E de mim o senhor não vai falar nada não?
Marcos – Claro! Não me admira que seu esposo nem com viagra consiga lhe porporcionar algum
momento de prazer! Pois, o momento de prazer para senhora significaria um martírio, um
suplicio para ele! A senhora não se olha no espelho não?
Gertrudes – Claro que eu olho!
Marcos – e nunca enfartou?
Maria – Escute aqui Dr. Daniel eu não vou admitir que o senhor fale assim de minha família. Não é a
família perfeita, mas é a minha família e nós de alguma forma nos amamos.
Portantiolo – Menos minha filha, menos, quase nada!
Maria – Nós sabemos de sua perda, não deve ser fácil perder a esposa e a filha assim, mas isso
não lhe da o direito de...

Marcos –(chorando) Por que você tinha que tocar nesse tema!? É Muita dor para mim. (puxa um
lenço discretamente rosa, do bolso todos se entreolham).
Amélia – Minha nossa! O que é isso! De onde eu venho um homem jamais puxa um lenço rosa do
bolso.
Marcos – Ele era tudo pra mim
(burburinho)
Renata – Ele? Como assim? Ai! eu já to ouvindo mal!
Marcos – Adalberto não podia ter feito isso comigo!
Gertrudes – Quem é Adalberto?
Maria – Era o piloto do avião dele.
Marcos – Passamos cada momento juntos!
Amélia – Virgem Santíssima! Que boiolão!
Marcos –(para Maria) Ai amiga, é tão bom poder compartilhar isso com alguém sabia? Não havia
lhe dito antes pois você falava tanto desses valores familiares que nunca consegui lhe dizer
que meu casamento na verdade era fachada, que eu na verdade, sou gay!
(pausa, todos congelados sérios, apenas Marcos se mexe, continua chorando. Vários
segundos se passam até que a pausa é interrompida pelo desmaio estupefato de
Gertrudes)
Maria – Meu Deus! Mamãe!

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Portantiolo – eu disse para não tomar o meu viagra!
Francisco Roberto – Vamos leva-la lá para dentro!
(todos ajudam a levar Gertrudes para o quarto, ficam na cena apenas Marcos e Maria)
Maria – Psiu! Olha pra mim!
Marcos – Ai, não posso!
Maria – Por que não pode?
Marcos – To com vergonha!
Maria – Oh! que bonitinho! Não se preocupe Marcos, seu segredo está seguro comigo.
(ouve-se um grito de Gertrudes lá das coxias)
Gertrudes – Aiii1 eu não acredito que ele é gay!
Marcos e Maria – (risos)
Marcos – Maria, preciso de férias!
Maria – eu também!
Marcos – não, nada disso, para que serve uma vice-presidente senão para substituir o presidente
nas férias dele?
Maria – quer dizer que eu...?
Marcos – sim, será minha vice-presidente de operações.
Maria – (eufórica) Ai Dr Marcos Daniel Ferreira de Vasconcelos Melo Martins da costa de Bourbon.
Marcos – ufa! Já estou refeito! Preciso ir agora querida, vou fazer as malas, Paris me espera! Me
leve até a porta! De recomendações minhas a todos da sua linda família.
(despedem-se)

(transição temporal - entra Maria e começa arrumar a mesa para o café da manhã, entra Amélia
segurando um teste de gravidez ).
Amélia – D. Maria, preciso falar com a senhora.
Maria – Diga Amélia. O que é isso que você está segurando? Um teste de gravidez?
Amélia – D. Maria, a senhora sabe que sou moça de família, religiosa, temente a Deus, não é?
Maria – hum...
Amélia – Pois é, no mês passado a senhora não estava em casa e seu Francisco Roberto me
convidou para tomar um cálice de vinho do Porto e...
(entra Francisco Roberto)
Francisco Roberto – Bom dia família.
Maria – Vinho do porto, para essa moça inocente, Francisco Roberto!
Amélia – É, agora eu to se esperando o Francisco Roberto Junior! E quero pensão!
Maria – Ai, eu mato você!
(Maria começa jogar as coisas do café da manha em F.R, pães, bolos, bolachas, burburinho)
Amélia – Ai ai, vou amar entrar para essa família. Ei não joga coisa no pai do meu filho não heim!

Fim

Para montagens favor entrar em contato em: 53-81040615.

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Amélia - empregada religiosa, esta entrando na menopausa, portanto possui uma variação brusca de
humor, xinga seus patrões, sente desejos ardentes, ao passo que a igreja lhe segura.
Luis – um jovem por volta de 18 anos. Engravidou sua namorada, que agora mora com ele, pois foi
expulsa de casa, os dois vivem se pegando por todos os cantos da casa
Portantiolo - 60 anos, toma viagra diariamente, mas não para manter o apetite sexual, sim como um
tratamento para o coração.
Francisco Roberto - um homem com seus 40 anos, não faz nada, sempre fora sustentado pela
mulher, todos o desrespeitam em casa, sua opinião nunca é ouvida, mas incrivelmente se senta amado
por todos, ilusão.
Maria - uma mulher forte, decidida e lésbica enrustida. Veste-se como homem, um executiva de
gabarito, sustenta a casa de da a formação moral para o filho, trata o marido como capacho.
Renata - menina nos seus 17 anos. Grávida de dois meses - expulsa de casa por isso - mora na casa
de Luis há um mês, sente dona da casa já. Contudo, no desenrolar da história alguns mistérios serão
desvendados, como a real paternidade do filho dela.
Marcos Daniel – executivo bem sucedido – traz consigo uma grande tragédia, mas não a que parece
ser.

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