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HISTÓRICO
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A marcação “t” é a representação de um segundo, a marcação “h” é a movimentação da parede do tórax, e a representação “e” representa o eletro-
cardiograma através da movimentação da coluna de mercúrio no eletrômetro (4).
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Figura 6
No painel A, observamos o triângulo de Einthoven e o terminal central de Wilson criado pelas três resistências de 5000ohms colocadas em cada
vértice do triângulo. No painel B, observamos o triângulo de Cabrera, em que temos as derivações clássicas D1, D2, D3, mais as criadas por Wilson e
aumentadas por Goldberg: aVR, aVL e aVF, todas dispostas de acordo com seus ângulos.
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larização ventricular serão capturadas pe- formação de uma onda negativa, cha-
las derivações que vimos anteriormente mada onda Q. Por definição: onda Q
e formarão “ondas” no traçado do eletro- é uma onda negativa que se inscreve
cardiograma. Tenha em mente que tudo antes da onda R. Se a onda é negativa,
que se afasta da câmera será gravado então, o vetor se afasta de D2.
como negativo, e tudo que vai de encon- As mudanças iônicas geradas pelo
tro à câmera será positivo no ECG. potencial de ação seguem, então, em
2. Se revisarmos o círculo de Cabre- direção ao ápice cardíaco pelos ramos
ra (Figura 6) e imaginarmos um cora- direito e esquerdo, se aproximando in-
ção no meio desse círculo, observare- tensamente da nossa “câmera” D2. O re-
mos que D2 é uma derivação muito sultado é a grande onda R, por definição
próxima ao eixo elétrico cardíaco nor- a onda positiva. Se é assim, esse vetor, o
mal – afinal, o eixo elétrico resultante maior de todos, vai em direção a D2.
cardíaco irá apontar de cima para bai- Posteriormente, a ascensão pelas
xo e da direita para esquerda (some os paredes livres dos ventrículos, se afas-
vetores). Por conta disto, esta é uma tando novamente da câmera, forma a
derivação de muita didática e será uti- onda S, por definição, a onda negativa
lizada nos próximos parágrafos. que vem depois da onda R, afastan-
Comecemos. O impulso gerado do-se de D2, acabando assim de des-
pelo nó sinusal segue em direção ao nó polarizar os ventrículos. A soma dos
AV despolarizando os átrios, ou seja, se vetores de Q + R + S é o vetor elétrico
aproximando da câmera de D2. Sendo cardíaco, e deverá ser posicionado no
assim, esta registra uma onda positiva Círculo de Cabrera para análise. Vere-
(porque se aproxima de D2) e de pe- mos isso no próximo capítulo. Por fim,
quena amplitude e duração (porque o após a despolarização, as células retor-
átrio tem pouca força e massa, compa- nam ao seu estado original, ou seja,
rada ao ventrículo), que é a onda P. se repolarizam. O resultado, de modo
O nó AV atrasa o impulso e, como simplista, é o registro da onda T.
não há maiores áreas sendo despola- É importante lembrar que essas on-
rizadas, registra-se apenas uma linha das possuem essa conformação que
reta que denominamos de intervalo descrevemos em D2 e também em
PR. Após isto, o ventrículo iniciará sua algumas outras derivações, mas não
despolarização. O que você vai ver nos em todas. Por exemplo, em aVR, que é
próximos parágrafos também pode praticamente oposta a D2 (vide Círculo
ser traduzido em vetores. de Cabrera), o normal é termos uma P
A despolarização inicial do septo negativa, uma onda Q apenas (não su-
promove a despolarização em diver- cedida de R ou S) e uma T negativa.
sos sentidos, entretanto a resultante Outras ondas ou eventos podem
de todas as direções se afasta da fil- aparecer no eletrocardiograma. São de
madora em D2 e este é o motivo da interesse por enquanto: (a) o ponto J é
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Perceba que devemos obedecer a três regras para a correta nomenclatura deste complexo. A primeira é: sempre seguir a ordem alfabética. A segunda
é: a onda “q” é sempre negativa, a onda “r” é sempre positiva, e a onda “s” é sempre negativa. A terceira regra é: se uma onda é pouco ampla, ela será
marcada por letra minúscula “e” e uma letra é muito ampla, ela será marcada por uma letra maiúscula. Sabendo das regras, fica fácil perceber que um
complexo com uma pequena deflexão positiva seguida de uma grande deflexão negativa será chamada “qR”.
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na sua frente. Mas elas têm um filtro: O ECG padrão conta com 12 deriva-
não enxergam movimento, não en- ções, sendo seis periféricas (D1, D2, D3,
xergam infravermelho; elas enxergam aVR, aVF e AVL) e seis precordiais (V1, V2,
uma diferença de potencial (ou volta- V3, V4, V5 e V6). Cada uma delas vê o cora-
gem). Se uma diferença de potencial é ção através de um ponto de vista diferen-
criada com um vetor que vai de encon- te: as derivações periféricas, por exemplo,
tro àquela derivação, a caneta do ele- enxergam se o estímulo elétrico vai para
trocardiógrafo irá desenhar algo para cima ou para baixo e para a esquerda ou
cima no papel (positivo). Se o vetor para direita, mas não se anterior ou pos-
fugir da derivação, a caneta desenha- teriormente; já as derivações precordiais
rá algo negativo (para baixo) no papel. enxergam se o estímulo vai para frente e
Também obedecerá à voltagem e ao para trás, para a esquerda e para a direita,
tempo de ativação. Se fugiu 0,5mV, mas não se superior ou inferiormente. Por
teremos uma deflexão negativa com isso, para avaliar um eletrocardiograma, o
amplitude de 5 quadradinhos (ou 1 profissional experiente avalia as 12 deri-
quadradão). Se essa atividade durou vações em conjunto. E em algumas situa-
80ms, então teremos uma deflexão ções clínicas, usamos até 18 derivações,
que durará 2 quadradinhos. ou até inventamos uma (18).
Eletrodo Posição
Eletrodo amarelo Braço esquerdo
V3 Entre V2 e V4
V5 Entre V4 e V6
V7 Entre V6 e V8
V9 Medial a V8
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Um erro bastante comum na preparação para a obtenção de um eletrocardiograma de 12 derivações é o posicionamento de V1 e V2 no segundo espaço
intercostal. Como você reparou no texto, essas derivações do plano horizontal não são capazes de perceber se um estímulo está vindo de cima ou de
baixo, portanto, a localização deles em um espaço intercostal diferente do preconizado pode levar a uma interpretação errada.
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REFERÊNCIAS
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17. Goldberger E. A simple, indifferent, electrocardiographic electrode of zero potential and a tech-
nique of obtaining augmented, unipolar, extremity leads. Am Heart J [Internet]. Elsevier; 2018
Jan 11;23(4):483–92. Available from: <http://dx.doi.org/10.1016/S0002-8703(42)90293-X>.
18. Alencar Neto JN de. Eletrocardiograma: do internato à cardiologia. 1st ed. São Paulo: Porto de
Ideias; 2016.
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