Eletromiografia de Superfície Parte 1: Origem do sinal EMG –

conceitos fisiológicos e técnicos

Fundamentos e Aplicações

Ana Beatriz de Oliveira

conteúdo História

• história Jan Swammerdam (1637-1680)

• microscopista e naturalista holandês

• origem do sinal EMG

• conceitos técnicos

História História
Jan Swammerdam (1637-1680) Francesco Redi (1626-1698)
• microscopista e naturalista holandês • médico e poeta italiano
• descobriu que o estímulo • famoso por seus experimentos
do nervo do m. gastrocnêmio demonstrando a não existência da geração
do sapo causava contração espontânea
• parece que foi responsável • primeiro a reconhecer a conexão entre os
pela primeira estimulação músculos e a geração de eletricidade
elétrica, 134 anos antes de Galvani
 História História
John Walsh (1726 -1795) Alessandro Volta (1745-1827)

• cientista britânico
• demonstrou que o tecido muscular pode
gerar eletrecidade – arraia elétrica:
atividade proveniente de ação muscular
• desenvolveu equipamento
que produzia eletrecidade e
poderia ser usado para
estimular os músculos
• inventou a primeira bateria elétrica
• o termo “volt” vem do seu nome

História História
Luigi Galvani (1737 – 1798) Luigi Galvani (1737 – 1798)

• demonstra os efeitos • eletricidade =

da eletricidade nos contração e força
músculos de sapos
e ovelhas • teve seu trabalho
aceito apenas 40 anos
mais tarde
(De viribus electricitatis in
motu musculari
commentarius, 1792)

História
Carlo Matteucci
• primeiro a construir um galvanômetro no
início dos anos 1.800 – utilizado para
mensurar a corrente elétrica e atividade
muscular
• demonstrou a existência de um potencial
de ação seguido do estímulo do nervo
lesado de um sapo com o uso do
galvanômetro
História
Emil Du Bois-Reymond (1818-1896)
• primeiro a detectar atividade elétrica em
músculos de humanos durante a
contração voluntária (1848)
• experimento: sujeitos com mãos imersas
em solução salina e eletrodos conectados
ao galvanômetro
• removel parte da pele para reduzir
impedância = aumento do sinal registrado
História
Guillaume Duchenne (1806-1875)
• uso da eletroestimulação
com fins terapêuticos
• classificou a função de
músculos faciais a partir da
estimulação elétrica

Além de mapear a função muscular,
Duchenne também fez uma
descoberta surpreendente:
História
• os músculos ao redor dos olhos são
ativados apenas durante o sorriso sincero
• um sorriso falso envolve apenas os
músculos da boca
• fica fácil descobrir quando estamos
forçando um sorriso!

História Physiology des Movements (1865)

• o uso de um osciloscópio para demonstrar
a atividade muscular nos anos 20, rendeu a
Gasser e Newcomer o Prêmio Nobel em
1944
• entre os anos 30 e 50 houve grande
desenvolvimento da instrumentação EMG
e, consequentemente, do seu uso na
avaliação da função muscular normal e
anormal

Anos 50: início dos

estudos cinesiológicos
a partir da EMG.
Historia
John Basmajian (1921- 2008)
• 1962: compilou todo o
conhecimento existente
sobre EMG no livro Muscles
Alive (a bíblia da
eletromiografia)
• também criou eletrodos
finos, mais confortáveis que
agulhas e de maior duração
Historia
• o trabalho de Basmajian subsidiou o
desenvolvimento do biofeedback –
grande aplicação clínica
• grande contribuição dos escandinavos
para o estudo da atividade muscular em
trabalhadores (trapézio)
• Carlo J. de Luca: Neuromuscular Research
Institute (Boston)
sEMG: fases de registro
• entrada (INPUT);
• processamento;
• saída da informação (OUTPUT);
Historia
John Basmajian (1921- 2008)
• concebeu e fundou, em 1965, a
Sociedade Internacional de
Eletrofisiologia e Cinesiologia
(ISEK: International Society of
Electrophysiological Kinesiology)
• ISEK: início da padronização das técnicas e
relatos, publicação do principal periódico –
Journal of Electromyography and Kinesiology
“A eletromiografia é uma musa sedutora
porque possibilita fácil acesso aos processos
fisiológicos pelos quais o músculo gera força,
produz movimento e realiza inúmeras
funções que nos permitem interagir com o
mundo ao redor. (...) Em detrimento, a
eletromiografia é muito fácil de usar e,
consequentemente, muito fácil de se
abusar.”
De Luca, 1993
sEMG: fases de registro
• entrada (INPUT); origem do
sinal elétrico
muscular!
• processamento;
• saída da informação (OUTPUT);
 Impulso nervoso motor
origem do sinal Terminações nervosas

• EMG: estudo da atividade elétrica da Liberação de Acetilcolina

unidade motora;
Receptores de membrana
• fisiologia da contração muscular;
Abertura dos canais de Na++

Inversão da polaridade = DDP

Abertura dos canais de Ca++

Contração muscular

origem do sinal propagação do potencial de ação

• EMG: estudo da atividade elétrica da
unidade motora;
• fisiologia da contração muscular;
• o que é captado pelo eletrodo?

Inversão da polaridade =DDP

DDP entre meio intra e extra-celular gera

circulação de corrente eletroquímica que se
propaga pelos tecidos e é captada pelo eletrodo
 Todo sinal senoidal pode ser decomposto em
origem do sinal uma soma de senos e co-senos de F específica –
cada um deles interfere no formato do sinal
• EMG: estudo da atividade elétrica da
unidade motora;
• fisiologia da contração muscular;
• o que é captado pelo eletrodo?
- o eletrodo capta o que chega até ele
(várias UM contraem-se);
- ff sob eletrodo não pertencem a uma
única UM;
• conteúdo espectral do sinal EMG;

Todo sinal senoidal pode ser decomposto em

uma soma de senos e co-senos de F específica – Energia útil: 0 a 500 Hz
cada um deles interfere no formato do sinal Energia dominante: 50 a 150 Hz

origem do sinal

• sinal: somatório de PA’s de várias UM’s;

• alguns eletrodos mais modernos (ou de
agulha) e técnicas de análise avançadas,
conseguem avaliar o PA de uma UM de
forma isolada:
conceitos técnicos conceitos técnicos

Amostragem digital Amostragem digital

• conversão analógico-digital: sinal detectado no
eletrodo é convertido em sequência numérica
(linguagem computacional)
• sinal analógico = voltagem
• sinal digital = sequência numérica que
representa o sinal analógico – sinal analógico é
amostrado

conceitos técnicos conceitos técnicos

Frequência de amostragem Frequência de amostragem

• expressa em hertz (Hz) • sinal de 1 V e 1 Hz amostrado a 10 Hz
• fundamental na determinação da acurácia
e repetibilidade do sinal amostrado
• como deve ser a frequência de
amostragem?
conceitos técnicos conceitos técnicos

Frequência de amostragem • efeito “aliasing”

• sinal de 1 V e 1 Hz amostrado a 0.75 Hz

conceitos técnicos conceitos técnicos

Teorema de Nyquist Teorema de Nyquist

• um sinal senoidal pode ser reconstruído
quando amostrado a não menos que duas neste caso, onde a
vezes sua frequência máxima frequência
registrada é de 10
• relação com a decomposição em senos e Hz, a frequência de
co-senos (Transformada Rápida de Fourier) amostragem
mínima seria 20 Hz.

conceitos técnicos conceitos técnicos

Como evitar o “aliasing” Filtro anti “aliasing”

componente
com “aliasing”
filtro que descarta
as frequências fora
do range de
interesse antes do
sinal ser amostrado

sinal de 10 Hz com ruído de mesmo sinal amostrado

13 Hz amostrado a 26 Hz a 20Hz
conceitos técnicos conceitos técnicos
Filtros Filtros a) b)
PASSA BAIXA PASSA ALTA
• necessidade dos filtros

Amplitude

Amplitude
• analógicos: implementados com os circuitos
ACEITA ATENUA ATENUA ACEITA
elétricos – fase de condicionamento do sinal
Fc Fc
– o efeito deste filtro é irreversível Frequência (Hz) Frequência (Hz)

• digitais: manipulação matemática dos dados

c) d)
• passa-banda PASSA BANDA REJEITA BANDA

Amplitude

Amplitude
• rejeita-banda
ATENUA ACEITA ATENUA ACEITA ATENUA ACEITA

Fc1 Fc2 Fc1 Fc2

Frequência (Hz) Frequência (Hz)

sinal bruto sinal filtrado (20-200 Hz)

sinal filtrado (20-450 Hz) conceitos técnicos

Conversores analógico-digitais
• digitalização do sinal é feita por um
conversor analógico-digital
• algumas características importantes
definem estes conversores
conceitos técnicos
a) Quantização
- representação do sinal analógico é feita a
partir do código binário (bits)
- o conversor tem um número de bits
determinado para representar cada valor
do sinal analógico: em geral 8, 12 ou 16
- o número de valores únicos para cada
conversor é igual a 2n, onde n=número de
bits do conversor
sinal saturado
conceitos técnicos
b) Amplitude
- o processo de digitalização ocorre em
determinada amplitude (range)
- considerando o número de bits pode-se
definir a resolução do conversor a partir da
fórmula:
- capacidade de detectar flutuações
- acurácia do sinal
conceitos técnicos
• fatores importantes da quantização
Ganho
– define relação entre sinal digital e o verdadeiro
sinal captado
ex: 2 V com ganho de 1.000x = 2 mV (2/1.000)
2 V com ganho de 10.000x = 2 μV (2/10.000)
– importante ajustar adequadamente de acordo
com o sinal – melhora relação sinal/ruído e a
precisão (resolução). Cuidado com saturação!
– sinal muscular: ±20 μV a ±2 mV
conceitos técnicos
• fatores importantes da quantização
Ruído do sistema
– diversas origens: fonte de energia externa,
distúrbios intrínsecos ao ambiente de coleta,
natureza do equipamento de registro.
– este refere-se ao ruído intrínseco do
equipamento – deve ser mínimo (~5 μV)
– outros ruídos podem ser reduzidos, este não!
– importante: relação sinal ruído
conceitos técnicos
• fatores importantes da quantização
Máxima voltagem
– amplitude/range de captura
– estritamente relacionada à resolução
– amplitude de ±5 V é adequada para registro
do sinal elétrico muscular
– maior amplitude reduziria a resolução para
uma mesma placa de captura (16 bits)
– menor amplitude aumentaria risco de
saturação, limitando a amplificação do sinal