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CONSELHO DE SEGURANÇA DAS NAÇÕES UNIDAS

Instabilidade Política e Guerra ao Terror na Somália

Diretoria Acadêmica:
Leonardo Pereira da Silva Neto,
Luísa Cunha Procópio,
Thainá Liberato.

I QUARITERÊ MUN
I QUARITERÊ MUN

SUMÁRIO

1. Carta de apresentação
a. do comitê
b. dos diretores
2. Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)
3. Panorama histórico e situacional da Somália
a. A Colonização das Somálias
b. O Golpe de 1969
4. Primavera árabe
a. Contextualização e história
b. Desenrolar na Somália
5. Terrorismo
a. Definição internacional
b. Panorama histórico dos grupos terroristas
c. Atual situação
6. Religião
a. Islã
a. Xiitas e Sunitas
b. Islamismo e política
c. Sharia
7. A Instabilidade Política
a. Divisão partidária
b. Crise Humanitária
c. Crise Migratória
d. Questão das minorias
8. Guerra civil
a. Queda de Siad Barre
b. As Nações Unidas como pacificadora

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c. Intervenções governamentais
9. Situação atual da Somália
a. Crise sanitária
b. Puntlândia e Somalilândia
c. Economia
d. Atual guerra
10. Posicionamento dos países
11. Questões a Serem Consideradas
12. Referências Bibliográficas

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1. Carta de apresentação

a. Do comitê

“Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte”- (Bauman). Com a


abertura da nossa edição temática, decidimos focar naqueles que não são ouvidos, não são
noticiados ou sequer notados. Com o avanço da globalização e do transporte de comunicação,
muitas informações se tornaram globais e as dores foram tomadas por todos. A globalização de
guerras, genocídios e atentados fez com que o mundo parasse pra escutar o Oriente Médio e a
África. Contudo, a atenção foi passageira, fazendo com que intervenções ocidentais fossem
glorificadas e o verdadeiro estado de alarme da população que prossegue até os dias de hoje
fosse esquecido. A Somália não só vive uma invisibilidade pelo mundo ocidental, como também
é esquecida que a guerra pelo poder autoritário que reside nas regiões orientais, mesmo com toda
a resistência de uma população. A perseguição de inocentes não só começou com uma Guerra
Civil em 1991, outrossim quando a colonização e o imperialismo avançaram e dividiram um
continente na régua, sem se importar com as divisões histórico-culturais.
A colonização até hoje mostra impactos de falta de desenvolvimento somali,
transformando o país em uma batalha de sobrevivência entre os mesmos, podendo ser notado nos
grupos terroristas que são da própria região ameaçando a soberania de um país ou até facções
encontradas pela região. O símbolo de “white savior” muitas vezes mal colocado por países
como os Estados Unidos, colocou a situação somali como uma guerra interna no país pelos
estragos de fora. Uma guerra contínua que não é noticiada, não é falada e não tem destaque, a
não ser que alguém lucre com a divulgação ou a falsa empatia pelo país.
O intuito do comitê é nos fazer enxergar quem são essas pessoas, como podemos
ajudá-las e o que eles são capazes de fazer. É enxergar a história de um povo que lutou pela
Primavera Árabe, que lutou pela mudança de regime e que luta até hoje pelo direito de viver e
pelo direito de serem vistos. É um povo forte, que precisa ser visto e não ser “lucrado” pelas
grandes potências, mas também pela união do povo africano e a representatividade de países tão
resilientes, que podem ajudar a Somália a se reestruturar.

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“A África que existe na cabeça das pessoas é folclorizada” - Mia couto.

b. Dos diretores

Oi gente! Meu nome é Thainá Liberato e é com grande alegria que me faço presente
como diretora deste comitê. Eu comecei a simular em 2019 pela minha escola e nunca mais
parei, entrando no mundo das simulações online e conhecendo a maior parte dos meus amigos
“simuleiros” por este meio. Vejo que é muito importante essa quebra de fronteiras quando temos
as simulações pela internet e foi uma honra conhecer essas pessoas maravilhosas e as que eu
ainda conhecerei neste comitê, porém sinto muita saudade de ter o meio físico e ver as pessoas
presencialmente. Eu estou aqui para aprender com vocês e qualquer coisa que precisarem, podem
me contatar que eu com certeza estarei pronta para ajudar, ainda mais porque eu ainda acho
difícil muitas formalidades como diretora. Sou signo de sagitário, gosto muito de várias séries e
adoro um comitê histórico. Sou de São Paulo, São José dos Campos, tenho 16 anos e me sinto
honrada em fazer parte de um projeto lindo!

Oi pessoal, sou a Luísa Procópio, tenho 22 anos, sou de Goiânia (GO) mas atualmente
moro em São Paulo! Estou honrada em ser parte da mesa diretora deste comitê. Iniciei minha
vida nas simulações na escola em 2015 e levei essa paixão para a universidade e para a vida. Já
fui delegada, diretora e secretária diversas vezes e em todas pude sair muito maior do que entrei,
pois tive aprendizados incalculáveis. Com a QuariterêMUN não está sendo diferente! Os
desafios de uma simulação online feita com qualidade são ímpares, trabalhamos muito para criar
um ambiente acolhedor e uma experiência enriquecedora e inesquecível. Assim como nós, vocês
fazem parte da história da Quariterê, por isso, aproveitem esse final de semana e estejam imersos
nas sessões. Vale relembrar que meu WhatsApp está sempre aberto para dúvidas e anseios. Estou
ansiosa para conhecer a todos e estar com vocês na simulação. Boa leitura e nos vemos logo!

Oi galera, meu nome é Leonardo Neto, tenho 16 anos, moro em Brasília e eu serei um
dos diretores deste lindo comitê junto com a Thainá e a Luísa. Eu odeio começar textos sendo

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clichê mas vamos lá! Eu poderia criar uma lista de como as famosas Model United Nations
foram significativas para mim mas infelizmente não tenho esse espaço (cries in simuleiro
language). Eu estou nesse complexo e viciante mundo de simulações diplomáticas há pouco mais
de um ano, em grande parte das minhas simulações, eu participei como delegado, então sou
novato como mesa mas, ainda assim, eu posso afirmar com toda a propriedade que simular foi
uma das melhores experiências da minha vida e me transformou por completo. No entanto, eu sei
que todas as experiências que eu tive foram maravilhosas porque uma equipe trabalhou duro e
agora, eu me sinto orgulhoso por estar fazendo parte de uma equipe que está se esforçando para
criar um espaço seguro e confortável para todos. Sinceramente, eu espero que todos vocês,
delegados, aproveitem ao máximo a Quariterê e levem-na em suas bagagens como uma
oportunidade de amadurecimento pessoal e crescimento acadêmico. Durante esse evento, vocês
podem contar totalmente com meu suporte, será um prazer ajudá-los, portanto, não hesitem em
me contactar. Estou ansioso para conhecê-los. Carinhosamente, Leo.

2. Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)

O Conselho de Segurança das Nações Unidas foi criado para prezar pela segurança e
paz internacional, por uma geopolítica que tivesse menos conflitos e ainda conservasse pelos
Direitos Humanos criados posteriormente. É um órgão mandatório da Organização das Nações
Unidas, que foi instaurado pós Segunda Guerra Mundial, tendo em vista o cenário caótico que
foi gerado depois do genocídio em massa e a anarquia social.
O comitê é formado por cinco membros permanentes com poder de veto nas decisões:
Estados Unidos da América, França, China, Rússia e Reino Unido, sendo nomeados com esse
poder por serem os grandes protagonistas na luta contra o nazismo e sua expansão, ou seja, os
vencedores da Segunda Guerra Mundial. Também possuem países rotativos que não são
permanentes e mudam de dois em dois anos, eleitos pela Assembleia Geral. No ano de 2020 os
países são: África do Sul, Alemanha, Bélgica, Estônia, Indonésia, Níger, República Dominicana,
São Vicente e Granadinas, Tunísia e Vietnã. Juntos somam em um total de 15 membros.
Os objetivos instaurados pelo site e pela própria ONU são:
● Manter a paz e a segurança internacional;

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● Determinar a criação, continuação e encerramento das Missões de Paz, de acordo com


os Capítulos VI, VII e VIII da Carta;
● Investigar toda situação que possa vir a se transformar em um conflito internacional;
● Recomendar métodos de diálogo entre os países;
● Elaborar planos de regulamentação de armamentos;
● Determinar se existe uma ameaça para o paz;
● Solicitar aos países que apliquem sanções econômicas e outras medidas para impedir ou
deter alguma agressão;
● Recomendar o ingresso de novos membros na ONU;
● Recomendar para a Assembleia Geral a eleição de um novo Secretário-Geral. ”
A sede é em Nova York, Estados Unidos no dia 25 de janeiro de 2020 para este comitê.

3. Panorama histórico e situacional da Somália

a. A Colonização das Somálias

A Somália, desde a Antiguidade possui importância significativa devido sua localização


estratégica. Por estar alocada no Chifre Africano, o país permite fácil acesso aos três continentes
(África, Ásia e Europa). Ademais, suas costas são banhadas pelo Golfo de Aden, importante
ponto para aqueles que cruzam o Canal de Suez, e pelo Oceano Índico. Assim, a importância do
comércio e trânsito marítimo é intrínseca ao país, sendo, na Idade Contemporânea, local de
disputas de poderio territorial entre europeus e africanos. O território que hoje corresponde à
Somália foi ocupado por cinco países diferentes no século XIX (Egito, Etiópia, França, Itália, e
Reino Unido), apesar disto, sofreu influências mais fortes vindas da Etiópia, Itália e Reino
Unido. É assim que se inicia a história contemporânea do país.

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Fonte: Suburbano Digital

Mapa atual da Somália

A Etiópia foi um dos raros países africanos que não foram colonizados pelos europeus, e
este faz uma longa fronteira com a Somália. Apesar de seu grande interesse no território somali,
a Etiópia foi excluída da Conferência de Berlim em 1884, esta que dividiu o continente africano
entre os mais poderosos países europeus. Porém, isso não impediu que conseguisse possuir terras
somalis alguns anos a frente. A divisão territorial da Somália foi feita em duas, a parte norte sob
o poder britânico, e a sul sob o italiano.

Antes mesmo da Conferência, a Companhia Britânica das Índias Orientais já possuía em


vigor tratados comerciais entre o Reino Unido e chefes tribais somalis. Estes se mantiveram por
46 anos, se fundando em 1886, quando o governo britânico oficialmente ocupou a parte norte do
território somali a fim de proteger suas rotas que atravessavam o Canal de Suez. Um pouco mais
tarde, em 1897, a Itália ocupou e demarcou a Somalilândia (porção sul da atual Somália)
tornando-a parte das possessões italianas na África. Os italianos se mantiveram ali até 1941,
quando o Reino Unido ocupou este território durante a Segunda Guerra Mundial e os regeu como
protetorados militares até 1949. Neste mesmo ano, a Organização Nações Unidas (ONU) atribuiu

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a tutela de quase todo o território somali aos italianos, e a tutela da Somalilândia para os
britânicos.

Retornando ao ano de 1897, início da ocupação italiana, à Etiópia reivindicou e logrou o


território de Ogaden, este fazia parte da Somalilândia. A ocupação etíope gerou um sentimento
de inimizade nos somalis, que iniciaram dois anos mais tarde levantes contra o colonialismo, que
em um primeiro momento tinha como foco a retirada do povo etíope, e pouco depois acrescentou
ao seu alvo os europeus. Entre 1899 e 1920 houve uma intensa guerra entre Somália, Etiópia e
Reino Unido, e só finaliza quando os britânicos ganharam o conflito.

b. O Golpe de 1969

Como apresentado na seção anterior, a Somália foi governada por dois grandes poderes
que dividiram seu território entre norte e sul. Apesar das tutelas em cada parte ter sido
intercambiada entre a Itália e o Reino Unido ao longo de décadas, o estilo de abordagem destes
dois países era diferente. Os italianos optaram por ter um papel ativo no desenvolvimento dos
países, enquanto os britânicos concederam mais responsabilidades para os líderes locais, e
consequentemente ofertando menos infraestrutura para os territórios ocupados.

Em virtude dessa governança britânica mais permissiva, no dia 26 de junho de 1960 a


Somalilândia se torna independente do Reino Unido, e apenas 5 dias depois, as duas antigas
colônias (do Sul e do Norte) se unem em um só país formando oficialmente a República Unida
da Somália. Nesse momento, o país tinha possuía quatro tradições legais diferentes: as leis
consuetudinárias somalis, a Sharia, a Common Law britânica, e as leis italianas. Tornando-se,
assim, um grande desafio fundir estas heranças em apenas um sistema. A forma de governo
escolhida pela recém formada Somália foi a república parlamentarista, tendo como chefes de
governo um presidente e um primeiro ministro.

O primeiro presidente, Aden Abdullah Osman Daar, governou o país por sete anos, e foi
sucedido por seu primeiro ministro, Abdirashid Ali Shermake. Este, governou por apenas dois
anos, quando em 1969 foi assassinado por um de seus guarda-costas. Durante o ocorrido, o
sucessor ao “trono” seria o então primeiro ministro, Igaal, que não estava no país. Ao voltar à

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Somália, foram organizadas eleições e a Assembleia Nacional apoiaria sua candidatura.


Percebendo o jogo político que estava sendo articulado, o exército nacional, insatisfeito com a
governança dos últimos anos, ocupou diversos pontos estratégico da capital, Mogadishu, e Siad
Barre, Comandante do exército Major-General liderou a governança do país e implementou uma
ditadura que perdurou até o início da guerra civil em 1991.

4. Primavera Árabe

a. Contextualização e história

A Primavera Árabe foi um conjunto de manifestações por parte regional do Oriente


Médio e do norte da África, tendo seu início no final de 2010 e eclodiu em 2011 numa luta
concentrada contra governos repressores e totalitários. O seu maior objetivo era denunciar o
desemprego, o tratamento desumano com os cidadãos, uma corrupção escancarada, a falta de
democracia e o custeamento desenfreado por parte do Estado em relação aos produtos de base
como os alimentícios. O resultado dessas manifestações gerou até mudanças no regime da
Tunísia, Egito e Líbia. Nem todos os feitos desse movimento foram tidos com sucesso, mas seu
impacto mudou a visão dos países orientais com muita cautela.
O primeiro ato simbólico e iniciativa do movimento foi no território da Tunísia, em que a
repressão policial confiscou a barraca de frutas e legumes do jovem Mohamed Bouazizi
(1984-2011). O vendedor colocou o seu carrinho de mão a negócios e foi questionado e intimado
pela polícia local por uma propina e ao não aceitá-la, foi violentado, assediado e roubado.
Mostrando o descontentamento por não respeitarem sua cidadania e seus direitos, ateou fogo em
si próprio publicamente. O ato se mostrou contra o governo repressivo do então presidente
tunisiano Zine El Abidine Ben Ali.
Com essa situação, a população clamou pelo fim da ditadura de Ben Ali, que já durava 23
anos. No dia 14 de janeiro de 2011, o povo tunisiano conseguiu depor o ditador sem muita
resistência e exigiu das eleições diretas. A rapidez no processo revolucionário da sociedade
tunisiana foi muito admirada num cenário internacional, pela rapidez e proatividade da
cronologia dos fatos ocorridos, assim, sendo denominada a Revolução de Jasmim. Como

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ocorrido no país, logo a ideia de protestos contra governos autoritário se espalhou pela África e
pelo Oriente Médio.
Um mês após o incidente e sua propagação pelas redes sociais e midiáticas, o Egito foi
incentivado pelo estopim tunisiano e começou suas próprias revoltas. Na praça Tahrir (que
significa liberdade na língua materna), no Cairo, e em outras praças do país, houveram
acampamentos e manifestações contrárias ao governo Hosni Mubarak, que já estava há 30 anos
no poder. Os protestos foram intensos para a saída de Mubarak, tendo sua deposição do cargo e a
favor de um governo de transição militar para a Suprema Corte das Forças Armadas após a falha
do governo de Mohamed Morsi, que nos dias de hoje arca como uma crise egípcia e um
descontentamento da população, contudo as manifestações para retirada do governo tirano foram
conhecidas como “Dias de Fúria”, “Revolução de Nilo” e o mais conhecido como “Revolução de
Lótus”.
Em fevereiro de 2011, os protestos chegam na nação libanesa, que lutou contra o governo
ditatorial de Muammar al-Gaddafi que esteve no poder desde 1969, além de ser acusado de
acúmulo de bens e riquezas enquanto sua nação passava por extrema pobreza e miséria. Houve
uma guerra civil por conta dos protestos e Gaddafi se utilizou de armas químicas na população,
com o estabelecimento de um conflito, a OTAN entrou e protagonizou a derrota do ditador que
estava há mais de 42 anos no poder, levando a seu assassinato e influência petrolífera na área.
No Iêmen, a situação foi para o fim da ditadura de Ali Abdullah Saleh e a reforma da própria
constituição e que após meses de protestos pela sua saída e de um atentado gravíssimo, Ali
deixou o país e entregou o cargo ao vice Abdu-Rabbo, após trinta anos no poder.
O último país com maior destaque no cenário internacional foi a Síria, que o Estado
conseguiu reprimir a maior parte das manifestações contra o governo de Bashar al-Assad, que já
residia no poder há 48 anos. A luta tem sido contínua pela sua deposição, chegando a quase 20
mil mortos em uma guerra civil. A ONU tem pressionado as questões e intervenções externas
nessa área, porém o apoio para o fim desse governo tem apenas o apoio majoritário da população
sunita*. O conflito se sucede até hoje e é de grande popularidade no cenário internacional.
Tendo os maiores protagonistas nesses países, os próximos foram: Bahrein, Marrocos,
Jordânia, Arábia Saudita, Omã, Argélia. Na maior parte deles foram a retirada de velhos

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governadores e renovação da constituição. Muitos países ainda que não foram citados, tiveram
grandes manifestações motivadas pela Primavera Árabe e ainda têm grande força nos dias de
hoje.
Vê-se muito o protagonismo das redes sociais para a democratização da informação, tais
quais Facebook e Twitter, que disseminaram as notícias rapidamente e ainda conseguiram burlar
as censuras de muitos jornais. Graças ao transporte da comunicação, houve essa quebra de
barreiras estatais.
A maior parte das consequências foram boas, tendo em vista a queda de governos
totalitários, o país iraniano como grande vencedor e ainda se saindo muito bem mesmo com
sanções implantadas em seu país, uma solidez do povo curdo, atenção às minorias e a questão da
mulher, centralização dos impactos invisibilizados em países do Oriente Médio e da África e a
visibilidade do impacto de mídias para a democratização da informação.

* Vide tópico 6.

Países distribuídos geograficamente que foram protagonistas da Primavera Árabe

b. Desenrolar na Somália

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Com a Primavera Árabe estourando em países ao seu redor, a Somália aderiu a alguns
movimentos de manifestações e também contra o seu governo. Com a não formalização de um
governo central, o país não foi efetivo em conseguir derrubá-lo e se tornou um dos estados
falidos, porém conseguiu grande força da população como ainda consegue até os dias de hoje,
lutando com a falta de democracia e as necessidades sociais da nação.
Com a falta de segurança que desenvolveu no século XX, a crise no Oriente Médio
pós-guerra fria e os problemas econômicos advindos da mesma, a Somália se viu importante nas
manifestações tendo algumas muito importantes. Contudo, a própria população e seu Estado não
se fez muito conivente ao conseguir reter a violência, mitigar conflitos e manter uma estabilidade
social, mesmo percebendo uma ameaça ocidental, não conseguindo um efetivo golpe de estado
como os países citados anteriormente.
Isso se dá pela instabilidade geopolítica que já se tinha de Marangio (2012), que fica no
Chifre da África perto do Canal de Suez, que é muito afetado pela pirataria somali e por
intervenções nesse meio de transporte petroleiro. A inefetividade da Primavera Árabe também é
resultado da Guerra Civil* de 1991, pela falta de eficiência do governo de transição e também,
do governo ditatorial, além da intervenção muito recorrente dos países imperialistas e de maior
influência mundial como o Estados Unidos da América. A influência ocidental por parte do povo
foi crescendo, tendo a falsa sensação de salvamento quando intervindo pelos mesmos e a
anarquia de seu país desde a Guerra, mesmo que com algumas intervenções da União Africana.
As revoluções para a Somália trouxeram uma grande desordem, já tendo seu governo
descentralizado e problemas internos. Alguns países tentam intervir no que ocorre e até ajudar os
movimentos revolucionários, que até hoje ficam sem solução e são recorrentes assuntos na União
Africana e na ONU. Mesmo que alguns movimentos ocorreram, ainda não foi suficiente para sua
emancipação, mas trouxe uma grande vantagem para democratização da informação através das
redes sociais.

* Vide tópico 8.

5. Terrorismo

a. Definição internacional

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O terrorismo em si não tem uma definição muito sólida, portanto na Assembleia Geral
das Nações Unidas de 2000 criando uma Convenção Global de Terrorismo Internacional, que
não usou de um critério único e exclusivo para definir a palavra a todos os países, pois entraria
em interesses específicos de cada país ou benefício de outras nações. Contudo, o artigo 2 da
própria constituição deixa claro alguma noção da palavra, todavia os países tomam para si o que
é a definição por sua soberania nacional. O artigo adverte:

“Quando o propósito da conduta, por sua natureza ou


contexto, é intimidar uma população, ou obrigar um governo ou uma
organização internacional a que faça ou se abstenha de fazer qualquer
ato. Toda pessoa nessas circunstâncias comete um delito sob o alcance
da referida Convenção, se essa pessoa, por qualquer meio, ilícita e
intencionalmente, produz: (a) a morte ou lesões corporais graves a
uma pessoa ou; (b) danos graves à propriedade pública ou privada,
incluindo um lugar de uso público, uma instalação pública ou de
governo, uma rede de transporte público, uma instalação de
infra-estrutura, ou ao meio ambiente ou; (c) danos aos bens, aos
locais, às instalações ou às redes mencionadas no parágrafo 1 (b)
deste artigo, quando resultarem ou possam resultar em perdas
econômicas relevantes.” ONU, 2018.

Os países devem usar esta constituição e artigo como base, porém cada país deve
entender o que é cabível dentro de seu Estado e soberania nacional, tendo variações dos
significados entre as delegações.

b. Panorama histórico dos grupos terroristas

A Somália é um dos países que mais registram ataques terroristas no mundo.


Combatentes do grupo jihadista Al Shabab, ligado à Al-Qaeda, controlam amplas zonas do sul e
do centro do país e tentam derrubar o governo central apoiado pela ONU e pela União Africana,
atacando constantemente bases militares e alvos civis. Em julho de 2017, um estudo revelou que
a Somália integra uma lista com dez países onde ocorrem 75% de todos os ataques terroristas no

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mundo, ao lado de Iraque, Afeganistão, Índia, Paquistão, Filipinas, Turquia, Nigéria, Iêmen e
Síria. As estatísticas foram reveladas pelo Consórcio Nacional para o Estudo do Terrorismo e
Reações ao Terrorismo, um "centro de excelência" do Departamento de Segurança Interior do
governo dos Estados Unidos localizado na Universidade de Maryland. O país vive em estado de
guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado. Isso deixou o
país sem um governo efetivo e em mãos de milícias radicais islâmicas, senhores da guerra que
respondem aos interesses de um clã determinado e grupos armados. A última eleição realmente
democrática na Somália aconteceu em 1969.

Além dos ataques terroristas, os jihadistas também impedem o acesso de grupos


humanitários, o que agrava a fome no país, atingido ainda por uma forte seca. No início deste
ano, a ONU estimou que mais de 6 milhões de somalis precisavam de ajuda urgente, o que
correspondia a mais da metade da população. Em fevereiro, o governo decretou catástrofe
nacional e a Unicef estimou que 270 mil estavam em estágio de desnutrição grave. Segundo a
ONU, 950 mil crianças menores de cinco anos sofreriam desnutrição aguda neste ano, das quais
185 mil morreriam se não recebessem tratamento médico imediato.

Em fevereiro de 2017, a Somália elegeu seu novo presidente após ter eleições adiadas
por cinco vezes. O ex-primeiro-ministro Mohamed Abdullahi Farmajo foi eleito pelo
parlamento, depois de seis horas de votação e duas rodadas de votação. Reunidos no aeroporto
internacional de Mogadíscio, os parlamentares somalis fizeram as votações em meio a fortes
medidas de segurança para evitar novos ataques do Al Shabab. Protegido pela Amisom, o
aeroporto de Mogadíscio é considerado o local mais protegido da capital. Nele se encontram os
escritórios da ONU, de várias organizações humanitárias e embaixadas.

c. Situação atual

O Harakat al-Shabaab al-Mujahidin (Movimento do Jovem Guerreiro, mas mais


conhecido simplesmente como Al-Shabaab, ou A juventude) é uma organização islâmica de

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resistência que controla boa parte do sul da Somália, no Chifre da África. O grupo passou a atuar
em 2006, em oposição ao governo de transição que se instaurava na Somália. Suas origens são
mais antigas e remontam às Al-Ittihad Mahakem al-Islamiya (União das Cortes Islâmicas), grupo
originado nas décadas de 1980 e 1990, quando do colapso do regime somaliano. As Cortes
também se opunham ao governo somali e tinham como objetivo a instauração de um Estado
islâmico na Somália. Desde 1991 a Somália não tem um governo central, facilitando a ação da
Al-Shabaab, aliado à disponibilidade dos líderes tribais em colaborar com os militantes.

Costuma-se acordar que a Al-Shabaab seja liderada por Sheikh Mohamed Mukhtar
Abdirahman "Abu Zubeyr”, embora a área de influência do grupo seja dividida em quatro partes,
cada uma das quais sob a tutela de uma liderança distinta. Estima-se inclusive que a amplitude da
ação da Al-Shabaab tenha provocado cisões internas no grupo. Uma das suas características,
segundo o Council for Foreign Relations, é o recrutamento a força entre os somalis, muitos dos
quais não acreditariam na ideologia do grupo. Recentemente, como informam relatórios da Casa
Branca, somalis moradores em outros países, como Estados Unidos, têm demonstrado interesse e
retornado ao país para ajudar na luta armada.

A fome que corrói grande parte da Somália e deixa milhões desnutridos tem direta
relação com o grupo. Por um lado, o aumento da fome nos últimos anos enfraqueceu o grupo.
Por outro, o grupo é ele mesmo responsável pela desnutrição da população, em razão da
proibição do acesso da ajuda internacional aos somalis, em 2009. Com a retirada das tropas
etíopes do país em 2009, o Al-Shabaab perdeu seu maior inimigo. Mas o ataque de julho de 2010
a um bar de civis em Uganda, durante um jogo da Copa do Mundo da África do Sul, marcou a
primeira ação internacional do grupo, defendida como uma reação da milícia ao envio de
soldados de Uganda para participar das forças internacionais da União Africana no país.

Em 2007, os líderes da Al-Shabaab declararam possuírem ligações com a Al-Qaeda,


razão pela qual a organização entrou para a lista de grupos considerados terroristas pela
Organização das Nações Unidas (ONU), em 2008. Recentemente, o governo somali comemorou

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a retirada total da capital Mogadíscio das tropas da Al-Shabaab. O governo comemorou declarou
o episódio como uma derrota para a milícia, que, por sua vez, afirmou se tratar de uma retirada
estratégica do grupo.

6. Religião

a. Islã

De acordo com a constituição somali de 2012, o Estado é religioso e segue os dogmas do


Islã tendo sua corrente mais forte a Sunita, que predominou depois do século VII. O islamismo é
98% da religião dos cidadãos da Somália, sendo o resto dividido em religiões cristãs e o ateísmo.
Mesmo que seja um Estado religioso, a constituição prega a igualdade entre todos, mesmo que
não seja muito bem aceito no território e não seja adepto de conversão de um cidadão do
islamismo para outra religião. A mesma é a segunda maior religião de todo o mundo.
O islamismo é uma religião muçulmana, que é se submeter e ser submisso a Allah (Deus
em árabe), religião monoteísta da qual surgiu no século VII do calendário cristão e propriamente
fundou as suas datas e anuários seguindo os ensinamentos de Muhammad (ou Maomé), que
recebeu as instruções pelo anjo Gabriel, que deveriam ser disseminadas e espalhadas por todo o
mundo.
Os muçulmanos acreditam que Maomé que deu a palavra final do islã, o escrevendo no
Corão ou mais conhecido como Alcorão, que são as escrituras sagradas da religião.

b. Xiitas e Sunitas

As duas vertentes se relacionam com a religião islâmica, questionando acerca do califado,


ou seja, quem seria o sucessor de Maomé. Os Sunitas acreditam que Abu Bakr, amigo e
confidente de Maomé teria sido o sucessor. Já os Xiitas acreditam que seja uma questão familiar
e de linhagem de sangue, que seria Ali Bin Abu o seu sucessor. Os Sunitas são a maior parte do
povo somali, sendo mais flexíveis as escritas da Suna (livro complementar do Corão) e da

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Sharia, que é a lei islâmica. Já os Xiitas prezam pelo tradicionalismo, com interpretações literais
do que está escrito na Sharia e no Corão, sendo um grupo minoritário.
Os dois grupos estão em conflitos diariamente e perduram nessa questão religiosa. Os
xiitas e muitas pessoas extremistas da religião começaram a fazer associações terroristas e pregar
o jihadismo radical*, que impõe uma Guerra Santa e o verdadeiro islamismo como se fosse o
puro e o tradicional.

* Para saber mais, vide tópico 5

c. Islamismo e política

O islamismo teve sua ascensão na Somália na década de 1970 e 1980 questionando


muito o regime Barre de hipocrisia e violência. Quando o governo caiu, os islâmicos tiveram um
poder maior e conseguiram ter mais influência política, conseguindo ter uma essência muito
grande na legislação posteriormente. O poder islâmico foi muito importante para a Guerra Civil,
para os golpes de Estado e para a própria identidade cultural e social da região com o passar dos
anos. Mesmo que o islamismo extremista ainda continue, ele ainda é em minoria como
terrorismo. A religião ainda consegue manter a ordem social nos países do Oriente Médio e do
Norte da África.

As Constituições de todas as três subregiões da Somália estipulam o seguinte: o


Islamismo é a religião do Estado e o presidente deve ser muçulmano; na Somalilândia, este
requisito também se estende ao vice-presidente. Em 2009, o presidente somali, xeque Sharif
Ahmed, disse que iria ceder às exigências dos rebeldes e impor a lei da sharia. Esta medida foi
vista como sendo uma tentativa de pôr fim ao conflito entre as forças militares somalis e os
combatentes islamitas. Embora atualmente a Constituição em vigor, que é a Constituição Federal
Provisória, garanta direitos iguais para todos os cidadãos independentemente da religião a que
pertencem, ao mesmo tempo ela também prevê que a legislação deve estar alinhada com a sharia.
Constituição Federal Provisória aplica-se a todos os cidadãos, independentemente da sua filiação

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religiosa. Consequentemente, até mesmo os não muçulmanos estão sujeitos a legislação que
segue os princípios da sharia.

Embora não seja explicitamente proibida, a conversão do Islamismo a outra religião é


totalmente inaceitável nesta sociedade, que é influenciada pelo Islã. A situação é semelhante na
Somalilândia e na Puntlândia, onde as respectivas Constituições proíbem expressamente a
conversão. Os não muçulmanos também estão proibidos de chamar a atenção para a sua religião
em público. A instrução islâmica é uma disciplina obrigatória em todas as escolas do país, sejam
elas públicas ou muçulmanas. Apenas umas poucas escolas não muçulmanas estão isentas deste
requisito. Todas as comunidades religiosas devem igualmente registrar-se junto do Ministério
dos Assuntos Religiosos.

Em termos de jurisprudência específica, o seguinte aplica-se às três partes do país: na


ausência de uma autoridade estatal central funcionando, foram desenvolvidas formas legais
específicas orientadas em torno da lei tradicional somali e da lei islâmica a nível local e regional
e que refletem as forças de controle em cada região. O poder judicial é constituído pelo Alto
Comissariado de Justiça, por um Tribunal Supremo, por um Tribunal de Recurso e por tribunais
de primeira instância. Os procedimentos contra as milícias islamitas do Al-Shabaab são
conduzidos em tribunais militares, apesar dos procedimentos e julgamentos destes serem
criticados por ativistas dos direitos humanos. A pena de morte mantém-se como a sanção legal
mais dura. A guerra comprometeu seriamente a situação de segurança em todo o país durante
anos.

Embora os islamitas do Al-Shabaab tivessem sido expulsos de Mogadíscio com ajuda


internacional, no momento em que escrevemos a organização cometeu inúmeros ataques, tanto
em Mogadíscio como em outras partes do país. A situação de direitos humanos é desastrosa
devido à longa guerra. Há execuções sem julgamento e frequentes ataques violentos contra
grupos de pessoas e indivíduos. A proteção da população civil é desadequada, às mulheres e às
moças têm sido sujeitas à mutilação genital. Graves violações dos direitos humanos são

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perpetradas na área de influência do Al-Shabaab, onde uma forma mais restrita da lei da sharia
está em vigor, incluindo execuções e mortes por apedrejamento. Embora não haja informação
oficial sobre a filiação religiosa na Somália, não há dúvida que praticamente 100% da população
é membro do Islamismo sunita. As outras comunidades religiosas constituem apenas pequenos
grupos, incluindo alguns cristãos que são frequentemente migrantes de países vizinhos, bem
como muçulmanos xiitas. Cerca de 94% da população pertence aos somalis cushitic, que estão
culturalmente ligados através da língua (somali) e da religião (Islamismo). A sociedade está
desdobrada em clãs e subclãs que remontam a duas linhas originais.

d. Sharia

A Sharia é a lei islâmica, entendida como as palavras e mandamentos de Alá aos seus filhos
muçulmanos. Diferentemente das leis ocidentais, a Sharia tem em seu escopo diretrizes que vão
além da relação entre indivíduo, Estado e sociedade. Há normas para a vida pessoal e religiosa de
cada cidadão. A intenção primária desta lei é que haja uma prática plena do islamismo pelos
muçulmanos em terra, levando-os a receber a bondade divina quando não estiverem mais vivos.
Em tradução livre, Sharia significa “o caminho até a fonte (de água)”. Assim, podemos ter uma
percepção mais concreta de seus propósitos.

Ao contrário da crença popular, na Sharia não há penalidades para atitudes


“penalizáveis”. O que há é uma classificação das atitudes, ou omissão delas, sendo divididas em
duas categorias: atitudes louváveis e atitudes condenáveis. Aquelas são as que quando exercidas
levam ao recebimento dos favores divinos, e quando não feitas proporcionam os desfavores. Já
estas, são as ações que, quando exercidas, devem receber penalidades. Em ambos casos não há
prêmios ou punições legais para tais práticas, sendo assim, a Sharia atua apenas como um guia de
atitudes e pensamentos. Pela sua amplitude e ausência de consequências explícitas, a Sharia pode
ser interpretada de maneira diversa, sendo assim, sua implementação no Estado é igualmente
diversificada.

7. Instabilidade Política

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a. A divisão partidária

Entre as duas Guerras Mundiais, a Somália foi dividida em territórios dominados por
três potências coloniais: a Itália, a França e o Reino Unido. Apoiados numa identidade cultural
relativamente uniforme, reforçada pela adesão ao islamismo, os somalis opuseram forte
resistência a essa dominação. Algumas decisões dos colonizadores, como a nomeação de chefes
locais pelos britânicos, contrariavam as instituições autônomas próprias da vida nômade da
maioria dos somalis.

Inúmeros movimentos de resistência, tanto por parte das elites como dos estratos
populares, marcaram a região antes da Segunda Guerra Mundial. Mesmo após a derrota italiana
no conflito e a unificação temporária do território somali sob administração inglesa, os países
europeus não se mostraram dispostos a reconhecer sua autonomia — ao contrário, tentaram
preservar a dominação colonial. No caso da Itália, a ONU havia fixado um prazo de dez anos
para a transferência do poder aos somalis, mas a autonomia era sempre adiada. O mesmo se deu
no território sob dominação britânica.

A independência da República Federal da Somália aconteceria somente em julho de


1960, quando a Liga Nacional Somali e o Partido Somali Unificado formaram uma frente
política comum que garantiu a autonomia frente à Itália e à Inglaterra. Restava, ainda, a questão
da Somália francesa, que só conquistaria a independência em 1977, adotando o nome de Djibuti.

b. Crise Humanitária

A Somália enfrenta atualmente o risco de uma catástrofe humanitária sem precedentes


devido à seca que se instalou na região, segundo a ONU. Há menos de nove anos após a crise de

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2011 que matou cerca de duzentas e cinquenta mil pessoas, o país tem que lidar agora com mais
de seis milhões de pessoas que necessitam de ajuda humanitária para sobreviver. Na medida em
que a água potável se torna cada vez mais escassa, os somalis estão buscando fontes alternativas
e perigosas que resultam em outro problema grave: surtos de cólera na população. Recentemente,
a ONU está pediu mais de oitocentos milhões de dólares aos países membros para evitar que a
tragédia se agravasse.

O mais recente governo da Somália, eleito em fevereiro de 2017 e comandado pelo


presidente Mohamed Abdullahi Farmajo, formou um Comitê Nacional em Resposta à Seca, e
pede aos somalis que vivem fora do país que contribuam para reverter a situação atual. A ONU
abriu centros de ajuda contra a seca nas áreas mais afetadas do país, e a ajuda internacional
começou a se manifestar na região. Apesar disso, qualquer que seja a resposta nacional à crise,
existe o fato problemático de que o governo não controla todo o seu território; o Al-Shabaab
detém o comando de partes importantes da Somália, principalmente ao sul e em áreas rurais.

O conflito atual entre o grupo terrorista e as forças de segurança somali, apoiadas pela
Missão da União Africana para a Somália, tem um papel importante para entender a escassez de
alimentos ao muitas vezes deslocá-los e paralisar a agricultura local. Especialistas afirmam que
mesmo os locais que não são inteiramente controlados pelo grupo terrorista são afetados pela sua
influência e poder semi-territorial, que é suficiente para barrar o governo e os agentes
humanitários que buscam ajudar a população local. O presidente do Comitê Nacional em
Resposta à Seca, Mohamed Omar Arteh, comentou publicamente que muitas das áreas mais
afetadas pela seca são de controle do Al-Shabaab, ou seja, há uma correlação evidente entre o
poder das milícias e a perpetuação da crise em seus territórios.

A seca e a fome são graves problemas para a sociedade somali desde a década de 1990 e
se agravaram ainda mais nos dias atuais. Apesar das iniciativas de auxílio da ONU e do novo
governo de Farmajo, a presença do Al-Shabaab no território faz com que essas tentativas não
alcancem certas partes da população. As zonas rurais são as mais atingidas pois dependem das
plantações devastadas pela seca, e além disso, são controladas pela organização terrorista.

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Ademais, o ambiente de constante insegurança resultante da presença do Al-Shabaab e dos


conflitos entre milícias, faz com que o povo local sofra com a dificuldade em receber auxílio
devido à orientação anti-ocidental desse grupo e à sua busca pelo monopólio do território. A
organização também desloca diversas vezes os alimentos recebidos e paralisa a agricultura da
região, o que afeta ainda mais a situação.

c. Crise Migratória

Mogadíscio, capital da Somália, registrou o maior atentado terrorista no mundo desde o


11 de Setembro de 2001. No último dia 14 de outubro, mais de 350 pessoas morreram e outras
400 ficaram feridas depois que dois veículos com 350 kg de explosivos explodiram no centro da
cidade. Pelas características e pela brutalidade do ataque, acredita-se que a ação tenha sido
arquitetada pelo grupo terrorista Al-Shabaab, aliado da Al-Qaeda desde 2011. Localizada na
região conhecida como Chifre da África, a Somália é dilacerada há duas décadas pela violência
de guerras internas, gerando, assim, um fluxo constante de refugiados e deslocados internos –
incrementado ainda por fatores como a grave seca que atinge a região. Esse cenário faz da
Somália o quarto país que mais gera refugiados no mundo, atrás de Síria, Afeganistão e Sudão do
Sul, de acordo com o relatório mais recente (Global Trends 2016) do Alto Comissariado da ONU
para Refugiados (ACNUR). São 1,1 milhão ao todo, sendo que a maior parte deles está em
países próximos, como Etiópia (246.742), Quênia (308.651), Iêmen (255.637), Djibouti (13.263)
e Uganda (42.232). Apenas em 2017, 4,3 mil novos somalis chegam à Etiópia.

Desde a sua independência em 1960, a ex-colônia ítalo-britânica procura um governo


minimamente estável para encerrar a violência interna – um desafio quase impossível para um
país que também é perpassado pela fome: O relatório de 2017 da ONU sobre a fome no mundo
apontou que 944 mil crianças estão sob o risco de morrerem de fome na Somália por conta da
seca e da guerra civil. Assim, somando vítimas da guerra e vítimas da fome, são 6,4 milhões de
somalis necessitando de assistência humanitária. De acordo com o ACNUR, o orçamento anual

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(2017/2018) de tal assistência é de US$ 487,75 milhões – 12 vezes menor do que os US$ 12
bilhões gastos pela Europa com deportações entre 2000 e 2014.

A República da Somália foi criada em 1960, após quase um século de colonização


britânica ao norte e italiana ao sul. Maxamed Siyaad Barre assumiu o poder e instaurou uma
ditadura socialista sangrenta, marcada por guerras tribais desde outubro de 1969 até janeiro de
1991. Após a queda do ditador, a Somália não sofria apenas de guerras tribais internas, mas sim
disputas com outros países, como a Etiópia, por demarcação de fronteiras. Com guerras por
todos os lados, o país foi sendo arrasado por crises humanitárias, econômicas e sociais
profundas, e sem um Estado capaz de estabilizar a situação.

Em paralelo, milhões de somalis foram fugindo do país ou de suas regiões, atacadas por
grupos terroristas ou soldados etíopes, gerando um fluxo imenso de refugiados e deslocados
internos – o complexo de campos de refugiados de Dadaab, no Quênia, o maior do mundo
atualmente (cerca de 350 mil pessoas) e em operação desde 1991, tem sua origem atrelada
justamente ao conflito em curso na Somália. Em 1992, a ONU e os Estados Unidos intervieram
depois que Somaliland, uma região ao norte da Somália, declara independência. Tropas de paz
criam, assim, bolsões de paz na capital e ao redor do país para que a Somália não entre em
colapso completo. Em 1994, após ataques às forças norte-americanas, as tropas tanto da ONU
quanto dos EUA deixam a Somália sob total fracasso da operação. Após idas e vindas de
presidentes, crises de fome e pobreza, grupos terroristas ganham força nos anos 2000 na
Somália, e é só em 2012 que o país começa a se unificar politicamente.

Apesar de viver há décadas em uma situação de caos, pouco ou nada é feito pela
comunidade internacional em relação à Somália – que para alguns especialistas é considerado
um “Estado falido”. Ao mesmo tempo, as cenas de horror não geram a mesma comoção nas
redes sociais, ao contrário de ataques recentes na Europa e nos Estados Unidos.

d. Questão das minorias

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A Somália é um dos 4 países que ainda condenam gays com apedrejamento. Não
bastassem as condenações legais, grupos rebeldes também praticam atos de homofobia. Em
março de 2016, fundamentalistas mataram um adolescente com pedradas no interior do país e
forçaram o vilarejo todo a assistir a brutalidade. Na Somalilândia, ao norte, o código penal de
1962 ainda está em vigor e pune a sodomia, ainda que consensual, com detenção de até 3 anos.
Porém, nas regiões mais ao sul, cortes islâmicas impuseram a Sharia,que oferece como punição o
apedrejamento.

8. Guerra Civil

a. Queda de Siad Barre

Siad Barre governou a Somália por mais de 20 anos em uma ditadura. No início de seu
governo, seu foco era em consolidar seu poder nacionalmente. Também, prontamente
implementou o socialismo científico, baseado nas ideias dos pensadores Marx e Engels,
afirmando que sua escolha era completamente compatível com os ideais tradicionais da
população somali e com a devoção ao Islamismo. Ao longo de seu governo, Barre colocou em
prática diversas campanhas nacionais a fim de desenvolver o país em todos os campos, a mais
bem sucedida ocorreu na década de 1970 e seu foco era findar o analfabetismo.

Ainda que tivesse boas intenções, o governo era ditatorial e autoritário. Uma das
maneiras criadas por Barre para reforçar as leis e regras nacionais foi com a criação de uma rede
nacional de vigilantes atrelada ao Serviço de Segurança Nacional, e os Tribunais Nacionais de
Segurança, que ficaram conhecidos pelas suas sentenças cruéis e impiedosas. Além da rede de
vigilantes, nas áreas rurais, onde os clãs predominam, seus líderes tiveram seus poderes
diminuídos e eram submetidos a estarem sob controle de presidentes que eram oficiais do
Estado. Também, a lealdade a seus respectivos clãs foi proibida, conjuntamente com a
criminalização de comportamentos inspirados nos clãs.

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Em 1977 eclodiu a Guerra de Ogaden, na qual disputavam este território historicamente


desejado, de um lado a Frente de Libertação Somali Ocidental, um grupo guerrilheiro, apoiada
pelo governo somali, e do outro a Etiópia com eventual apoio soviético e cubano. Um ano
depois, em 1978, a Somália oficialmente perdeu a guerra e o território. Com a derrota, Barre
começou a perder seu apoio popular, fator central para a manutenção do governo, e
eventualmente a pressão dos clãs contra o governo aumentou significativamente.

A partir de 1978 a tensão no país escalou significativamente a cada ano. Neste, foram
formados dois grupos opositores, a Frente Democrática de Salvação Somali (FSDS), formada
pelos clãs da região central do país, e o Movimento Nacional da Somália (MNS) tendo os clãs do
norte. Ambos iniciaram guerrilhas tendo suas bases em território etíope. Esta situação forçou
uma aproximação entre os dois países com a finalidade de pacificar a região, e em 1988
assinaram um acordo de paz para que ambos os lados findassem seus apoios às guerrilhas.
Apesar das boas intenções, este acordo gerou ainda mais tensões dentro do território somali,
levando a uma multiplicação muita rápida de grupos guerrilheiros advindos de clãs opositores ao
governo nacional.

Próximo à assinatura do acordo entre as nações vizinhas, o MNS, entre os anos de 1987 e
1990 conquistou um vasto controle em quase todo o território da Somália, chegando a controlar
cerca de 90% das terras nacionais. Já em 1991, pouco tempo antes do início da guerra civil, o
grupo se dividiu em dois, um ao norte e outro ao sul. A dissidência do norte manteve o nome
original (MNS), e a do sul se denominou Movimento Patriótico Somali (MPS). Conjuntamente
com estes dois grupos, a FSDS no nordeste do país já dominava os territórios da região, e o
Congresso Somali Unido (CSU) estava na capital pressionando o governo. Em janeiro do mesmo
ano, estes movimentos se unem, liderados pelo CSU, em uma revolta popular que depôs Barre e
decretam a queda dos militares.

b. As Nações Unidas como pacificadora

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Com a deposição do governo militar a instabilidade nacional cresceu exponencialmente. Fora


da capital, os principais clãs que possuem vasto acesso a armamento e material militar criaram
suas esferas de influência e o país se dividiu em quatro grandes regiões: Somalilândia,
Galmudug, Puntlândia e Maakhir. Nestas, diferentes grupos disputam o controle de cada área, e
esses embates vem devastando o território somali há décadas.

Um ano após o início da guerra civil, em 1992 a ONU leva à Somália ajuda humanitária,
liderada pelas tropas estadunidenses. A atuação foi um fracasso. Ao final da operação foram
totalizadas mortes de 18 soldados americanos e de 1000 a 3000 rebeldes somalis. Resultando na
saída dos Estados Unidos do território em 1993, deixando ali apenas as tropas da ONU, que
deixou a Somália em 1995.

c. Intervenções externas

Após a saída das Nações Unidas do território somali em 1995, os grupos guerrilheiros e
facções continuaram guerreando entre si, assolando cada vez mais o país. Percebendo a
continuidade dos conflitos, foi realizada, nos anos 2000, uma reunião em Djibuti, país vizinho da
Somália, composta por mais de 200 delegados somalis. Nela foi discutido o futuro do país e a
partir desse diálogo estabeleceu-se a criação da Assembleia Nacional, órgão que havia sido
extinto durante o governo Barre, e a formação de um novo governo em outubro do mesmo ano.
Apesar das expectativas de retomada da paz pelo país, os grupos dissidentes não reconheceram o
recém-chegado governo e mantiveram o estado de guerra.

Novamente em 2004, ocorreu uma nova reunião para pensar maneiras em mitigar a guerra e a
retomada de um governo estável. Fundamentado nas discussões e na situação do país foi
idealizada a criação do Governo Federal de Transição (GFT). Para a existência dele, foi
necessária a convocação de eleições para presidente. Estas foram realizadas no Quênia pois
fazê-las na capital somali seria muito arriscado, uma vez que os denominados “senhores da
guerra” não permitiriam que tal atividade sucedesse.

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9. Situação atual da Somália

a. Crise Sanitária

A guerra civil somali nunca acabou e perdura até os dias atuais. As duras consequências
de um embate tão longo e de uma instabilidade nacional intensa são percebidas em toda a
sociedade e agravam problemáticas antigas, tornando essa sociedade ainda mais vulnerável. A
crise de saúde somali é grave e mata mais que a própria guerra.

Os dados do país são preocupantes, principalmente quando focamos nosso olhar nas
mulheres e crianças. Segundo dados coletados pela agência de inteligência estadunidense, CIA,
em 2017, a mortalidade materna pós-parto é de 829 mulheres a cada 100 mil, e a mortalidade
infantil é ainda mais preocupante, 89,5 mortes para cada 1000 crianças. Ocupando, no ranking
mundial, a 6ª e 2ª posição, respectivamente.

Os números indicam uma crise com agravantes diversos: o baixo acesso à saneamento
básico e água potável, fome causada pelas secas, falta de equipe médica, serviços de saúde que
não funcionam, e estrutura hospitalar insuficiente, a média é de que há disponível 0,9 cama
hospitalar a cada 1000 pessoas (CIA World Factbook). A (in)estrutura do país é causada pela
pobreza e pela destruição da guerra, muitos hospitais e postos de saúde foram e continuam sendo
destruídos pelos envolvidos no conflito.

A falta de saneamento, água potável e tratada, e a fome deixam abertas as “portas” para
que a população se infecte com doenças facilmente tratáveis, porém que na realidade somali são
altamente infecciosas e com altas taxas de mortalidade. Mortes por diarréias, hepatites, febre
tifoide, dengue, malária, e esquistossomose são comuns no país. (CIA World Factbook)

b. Puntlândia e Somalilândia

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Iminente à guerra civil, os clãs começaram a ter cada vez mais poder nas regiões onde
viviam. Com a eclosão da guerra, o país se dividiu e algumas regiões chamam mais atenção por
sua importância dentro do território somali. São elas a Puntlândia e a Somalilândia, ambas
localizadas na região norte do país. Nesta seção traremos um pouco de suas especificidades e
problemáticas.

A Puntlândia se localiza no nordeste do território somali e está exatamente na ponta do


Chifre da África. Seu nome advém de sua antiga história como importante entreposto comercial
com o Egito. A Terra de Punt foi ocupada pelos italianos durante o período colonial e se uniu aos
outros protetorados, formando em 1960 a Somália. Com a guerra civil, em agosto de 1998 a
região se declarou como um Estado autônomo, a grande justificativa para tal anúncio foi a de
evitar a intensa guerra entre clãs na região centro-sul do território somali. A região, por possuir
relativa estabilidade é o destino dos refugiados do sul. E apesar de ser um local sem grandes
problemáticas, a região sofreu no seu passado conflitos armados e hoje, tem o foco internacional
por ser a região onde estão localizados os piratas e onde tais ataques acontecem. Apesar de ser
declaradamente um Estado autônomo, o governo puntlandês não deseja total independência da
Somália, e nem reconhecimento. Realidade diferente se sua vizinha Somalilândia, a qual
possuem tensões por disputas territoriais que ambos creem deter.

A região separatista Somalilândia está localizada no norte da Somália, e foi ocupada pelo
Reino Unido e Itália durante os séculos XIX e XX. Por estar no Golfo de Aden, a Somalilândia é
uma região de grande importância comercial e militar. Esta é a região que primeiro declarou sua
independência da Somália. Em maio de 1991, poucos meses após a queda de Barre e início da
guerra civil, o MNS não reconheceu o governo substituto e fez a declaração. A partir de então,
criou seu próprio governo, moeda, capital, e meios de comunicação. A região realiza eleições
periódicas desde 2003.

Mesmo que ajam como um país independente, a Somalilândia não é reconhecida como
independente nem pela Somália, nem internacionalmente. O sistema internacional evita tratar do

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assunto para evitar que isso gere mais instabilidade na Somália e que não sirva como
jurisprudência para que outras regiões separatistas africanas reivindiquem o mesmo. Por conta
desse vácuo de reconhecimento, as relações comerciais da Somalilândia são fracas e poucas,
focadas apenas nos vizinhos e naqueles do outro lado do golfo. Assim como Puntlândia, a
Somalilândia disfruta de relativa estabilidade e não possui conflitos atualmente com nenhum país
ou região. Mesmo não tendo sua independência reconhecida pelo governo central somali, ambos
têm uma relação boa e de mútuo respeito. Por esta harmonia, a Somalilândia pôde reconstruir
lentamente sua infraestrutura destruída pela guerra civil.

c. Economia atual

A economia somali vem crescendo nos últimos anos, porém ainda está longe de ser um
país rico e com uma forte economia. Por ser um país majoritariamente rural, a agropecuária tem
papel fundamental, ocupando 60% do PIB, tendo a pecuária como o ator central da economia
(40% do PIB). A relativamente baixa urbanização (46% da população nacional vive em cidades)
em conjunto com a instabilidade e destruição da guerra civil levou o país a optar pela economia
informal. Quase toda família está envolvida direta ou indiretamente no comércio informal, a
principal motivação é a baixa renda que conseguem com os trabalhos formais.

Além da agropecuária, outros dois setores possuem grande força na economia da


Somália, são eles o ramo de telecomunicações, e empresas de remessas e transferências
monetárias. Esta é importante pois durante o governo Barre todos os bancos foram
nacionalizados e hoje restam apenas 3 bancos estatais. Também, milhares somalis trabalham em
países árabes próximos e enviam remessas para suas famílias que permanecem no país.

De toda a Somália, a capital é o local em que o comércio é o mais sólido e variado,


processo recente na história do país. No início do século XXI, a Somália ocupava o posto de um
dos países mais pobres do mundo, e muita de sua renda nacional vinha de ajuda externa,
remessas, e economia informal. Por ter uma economia muito dependente de um único setor, a

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discrepância entre o volume de importações e exportações da Somália é grande. O país exporta


algumas centenas de milhões de dólares em produtos agropecuários, e importa algumas dezenas
de bilhões de dólares de todo tipo de produto, principalmente os manufaturados.

d. Atual Guerra

A guerra civil na Somália nunca acabou, porém, podemos dividi-la em duas fases, a
primeira que se iniciou em 1991, e a segunda, iniciada em fevereiro de 2009, quando um novo
grupo entra em ação com muita força nos conflitos, o Al-Shabaab. No tópico 5 deste guia de
estudos vocês conheceram um pouco sobre a atuação do grupo extremista islâmico. Esta segunda
fase é conhecida como a atual guerra civil na Somália e tem em combate direto o grupo terrorista
contra as tropas oficiais somalis, que recebe ajuda das tropas da União Africana.

O Al-Shabaab, em 2009, se uniu ao amplamente conhecido grupo terrorista Al-Qaeda


para construir um califado na Somália. Esse foi o ponto inicial desta nova guerra. Hoje, o
Al-Shabaab controla algumas terras e cidades na região centro-sul do país, região onde a guerra
está localizada, e nestes locais impõem a Sharia a partir de uma leitura extremista e
conservadora. A atuação do grupo se dá de formas variadas, mas a principal delas é o ataque às
bases militares do governo e aos civis, inclusive realizando ataques terroristas. Os ataques têm a
intenção de desestabilizar e derrubar o governo somali atual. Outra ação comum do grupo é o
impedimento da entrada de ajuda humanitária no país e/ou nas regiões onde governam. Com
esses impedimentos, muitos dos cidadãos não têm acesso à saúde, água ou comida, gerando
crises e mortes massivas em todo o país.

10. Posicionamento dos países

a. República Federal Democrática da Somália

Após anos de governo ditatorial e fruto de uma colonização pelos países desenvolvidos, a
Somália passou por um tempo de anarquia e de miséria extrema, disputada por clãs na sua cidade

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principal e ainda com muitas intervenções de paz pela ONU nos anos de 1992 a 2001. Um de
seus grandes aliados é os Estados Unidos da América, que por muitos anos tentou apaziguar o
conflito e até enviar tropas para derrotar o grupo terrorista do Al-shabab. Em 2012, a Somália
finalmente saiu de um regime anarquista e conseguiu eleger um presidente, que criou o primeiro
parlamento em 20 anos. Já o ex-ministro Mohamed Abdullahi foi eleito presidente em 2017 e se
mantém no poder até os dias de hoje. A Somália se faz presente neste comitê como observadora,
outrossim para apaziguar o terrorismo do Al-shabab que ainda ameaça o mandato presidencial e
a população com seus atos extremistas. Vale lembrar também, que uma de suas maiores aliadas é
a Turquia, que vem provendo toda e qualquer ajuda para o estado de alarme que a população
passa. Outro adendo é que os laços da Somália no cenário internacional sempre serão contra o
Al-shabab, contudo, dois países ainda alimentam esse terrorismo no país, que é a Eritreia, que
ainda apoia totalmente o terrorismo no país e a Etiópia, que já teve conflitos anteriormente com o
país. E vale lembrar também que a cada dia que passa com o Al-shabab tendo um certo domínio,
a população se encoraja cada vez mais a se juntar ao grupo ou a coagir com o mesmo, não só na
Somália, mas como em outros países do globo. Assim, a Somália deve temer a expansão
territorial da Etiópia e as ameaças da Eritreia, sempre recuando em acordos com aliados ou até os
próprios.

b. República do Quênia

O Quênia já esteve em uma guerra anteriormente com a Somália para uma devida
unificação, chamada de Guerra de Shifta. Contudo, a nação se faz muito presente e prestativa
para a Somália, tendo em vista que em 2011 projetou uma missão para apaziguar o terror de
Al-shabab no local e várias outras missões a partir dessa data para a contenção do grupo, além de
ser um grande abrigo de refugiados somalis. Vale lembrar que em 2015, mesmo com todo esse
apoio, o governo criou barreiras físicas com o Estado da Somália, separando e criando barreiras
entre os dois povos, mesmo ainda ajudando minimamente e outros conflitos que são mais
diplomáticos entre os dois países continuam a surgir. Como o Quênia também é um país que
sofre atentados, ele tem uma grande aliança que começou a surgir agora com os países
ocidentais, principalmente o Estados Unidos da América e tem uma boa relação com a maior

Guia de Estudos - CSNU: Instabilidade Política e Guerra ao Terror na Somália 31


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parte dos países da África. Vale lembrar que num cenário atual, o Quênia tem se afastado da
Somália, possivelmente tendo um projeto de muro

c. Estados Unidos da Ámerica

Desde a Guerra Civil em 1991, o Estados Unidos tem intervindo diretamente nos
conflitos somalis, como sempre teve interesse em países do Oriente Médio e da África desde seu
contexto imperialista e neo/colonizador. Após a Guerra, o governo Somali ainda lutava contra a
milícia que ainda governava seu país, tramando a Batalha de Mogadíscio, que ainda lutava contra
o terrorismo e tinha forte influência dos EUA e das Nações Unidas, ocorrido em 1993. Vale
relembrar que na época da Guerra Fria, os olhos da nação americana se voltaram interinamente
para os países africanos e asiáticos que adotaram o regime socialista, assim não foi diferente com
a Somália, quando ela teve seu regime socialista implantado. Desde então, os Estados Unidos
vem ajudando para que ela consiga sair do regime terrorista, como aprovando a Resolução 2093
no CSNU em 2013, além de ter grandes relações econômicas e de ajuda a situação atual. A nação
tem uma boa relação com quase boa parte dos países presentes ou até, uma incisão de
dependência dos países africanos e do Oriente Médio, como é exemplo a própria Somália. Vale
lembrar que a nação tem o poder de veto nesta casa, podendo votar contra uma resolução e ela
automaticamente ser desconsiderada.

d. República Francesa

Com a Partilha da África e divisão da mesma em vários cenários históricos, podemos


lembrar do interesse francês na África e suas colônias na mesma, tendo até em 1896 até 1967 um
território denominado Somalilândia Francesa, tendo total domínio da nação. Anteriormente a
França esteve envolvida indiretamente nos conflitos somalis com seus interesses imperialistas,
sempre visando alguma recompensa para a nação no final. Nos dias de hoje com interesses mais
velados, a delegação francesa se faz presente no território somali apenas para resgate e ajuda das
pessoas que estão sendo vítimas dos terroristas. Ela tem provido ajuda financeira e sanitária para
a população somali e sendo totalmente contra o Al-shabab. A França tem ainda algumas tensões

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na África, mas a maior parte do continente depende de sua ajuda, assim como o poderio dos
Estados Unidos. Vale lembrar que a nação tem o poder de veto nesta casa, podendo votar contra
uma resolução e ela automaticamente ser desconsiderada.

e. Federação Russa

Com o conflito apenas aumentando na região, os países permanentes no Conselho de


Segurança têm se aproximado da Somália para ajudá-la. Com a Rússia não foi diferente, visto
que em 2019 ela estreitou os laços com a nação e aumentou seus acordos bilaterais, também
aumentando sua influência nos países africanos. Além disso, já implementou bases militares na
região para deter o conflito terrorista e também em diversos países que possuem o mesmo
terrorismo advindo da Al-qaeda. Em 2008, a Rússia também ajudou impedindo a pirataria na
Somália, que também se mostra frequente na região. A Rússia tem grandes laços com a
delegação chinesa, que vem se aproximando também do continente africano para melhorar sua
visibilidade, crescentemente também tendo boas relações com aliados territoriais. Vale lembrar
que a nação tem o poder de veto nesta casa, podendo votar contra uma resolução e ela
automaticamente ser desconsiderada.

f. Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

Como a delegação francesa fez anteriormente, o Reino Unido também participou da


colonização da África, tendo uma parte da Somália nomeada como Somalilândia Britânica até
meados de 1900. Mesmo com toda a história de poderio sobre o local, após sua independência, o
Reino Unido ainda mantinha a Somália e ajudava a mesma, sendo um poder que era mais de
dependência como as delegações anteriores do P5. Em 2012, a nação fez uma Conferência de
Londres Sobre a Somália, averiguando o governo provisório e a situação anterior dos somalis. E
em 2013, eles reabrem a sua embaixada que foi fechada por 22 anos no local, além de fornecer
ajuda e apoio a situação da população em relação ao terrorismo. O país ainda tem grandes
interesses no local, tanto que arranja várias reuniões e acordos diplomáticos sobre o território. O
mesmo tem boa relação com o P5 e a dependência também de muitos países que foram

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anteriormente colonizados ou precisaram de sua ajuda. Vale lembrar que a nação tem o poder de
veto nesta casa, podendo votar contra uma resolução e ela automaticamente ser desconsiderada.

g. República Popular da China

A Somália foi grande apoiadora da entrada chinesa nas Nações Unidas e tiveram um
grande apoio histórico até antes da Guerra Fria. Com a quebra sino-soviética a Somália
posteriormente rompeu relações com a União Soviética, ficando mais favorável ao lado
chinês.Os investimentos entre 1991 a 2000 pela China no território foram muito grandes, todos
no intuito de mediar e acabar com a guerra existente no local. Em 2012 a China reafirmou sua
grande força ao Estado somali para a ajuda do processo de paz e em 2019 a nação e outros países
assinaram um acordo com o Conselho das Nações Unidas para os Direitos Humanos o tratado de
defesa das minorias muçulmanas, também contemplando a história somali, além de notícias
atuais mostrarem uma fortificação nas alianças de ambas, já que a China vem cada vez mais
impondo seu poderio na África. A China tem grandes relações com a Rússia, mas seu poderio
ainda não é tão grande no continente africano. Vale lembrar que a nação tem o poder de veto
nesta casa, podendo votar contra uma resolução e ela automaticamente ser desconsiderada.

h. República da Turquia

Desde 1969 a Turquia e a Somália são membros do Organismo de Cooperação Islâmica,


as relações foram abaladas com a Guerra Civil, mas voltaram assim que entraram em um
Governo de Transição. Assim, a partir de 2011 o país começou com projeto de reconstrução e
desenvolvimento do país, sendo o maior aliado econômico e parafraseado pela Somália: “O
único no cenário internacional que ainda se importa com a crise somali”. A Turquia investiu
bilhões na reconstrução somali e não só, mas como também proveu muitos hospitais e locais de
ajuda como campos de refúgio para os mesmos. A Somália foi a única que prevaleceu até os dias
de hoje muito ativa e preocupada com a situação da Somália, tanto que no começo do ano foi
convidada pela mesma para uma exploração de petróleo em seus mares. Mesmo como um dos

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piores locais para a imprensa, a Turquia ainda conseguiu instaurar na Somália fundos para a
Rádio e para a Televisão do país. É aliado da maior parte dos países da OTAN e do G20.

i. Reino da Bélgica

Em uma das primeiras ações das Nações Unidas, a Bélgica e muitos outros países
estavam presentes e financiando essa ajuda em 1992 enquanto a Guerra Civil estava em seu
ápice. Além disso, não há nada muito definido sobre as relações entre ambas, além de uma ajuda
superficial e a prisão de um pirata somali em 2013. Também há alguns refugiados no local, mas
não em massa. As ajudas belgas não são recentes e a nação não faz muita questão de grande
ajuda. Além de grandes laços com as grandes potências, a Bélgica tem um histórico imperialista
e até genocida em algumas partes do continente africano.

j. República Socialista do Vietnã

O Vietnã não tem relações concretas com a Somália ou ajudas diretas, contudo em
resoluções anteriores ele se fez signatário de ajudas relacionadas, podendo lembrar também o
histórico da Guerra Vietnamita e toda sua trajetória de um país marginalizado e um genocídio
norte-americano. Visando esse histórico, entendemos a história do país e sua trajetória como
inspiração para um país que apoia causas que precisam de ajuda para sair de um regime
autoritário e que gera várias mortes. Mesmo que sem um apoio direto, o Vietnã é um grande
aliado Russo e pode ter alguma intervenção indireta para ajudar a atual situação da Somália.

k. República do Níger

O Níger é um país subdesenvolvido que também não mantém relações diretas com a
Somália, contudo tendo grandes relações anglo-africanas e apoiando muitos dos países que dão
certa aliança ao país. Também é um país islâmico que assinou vários acordos sobre a minoria. O
país também enfrenta sérios problemas como o da Somália, por isso não pode dar apoio
econômico a nação, também não tendo uma boa educação ou saúde. Além de suas alianças

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africanas, o país tem algumas relações com o ocidente que são boas, como algumas
aproximações as grandes potências e ao P5.

l. República da Indonésia

No cenário atual, a Indonésia tem feito apologias a situação precária da Somália como
“não querer ficar na mesma situação do país”. É claro que muitos dos países influentes tiveram
essa mesma fala, mas a ajuda da Indonésia não tem sido muito significante para uma mudança.
Mesmo com o estreitamento das relações bilaterais, a situação da Indonésia também não é das
melhores, tendo alguns problemas recentes com o ocidente e grandes potências. A Indonésia
sempre foi um país neutro e de mediação, então ele preza pela paz e ajuda ao povo somali,
dependendo ainda da linha de seus aliados.

m. República Dominicana

A República Dominicana como a maior parte dos países não-permanentes desse


conselho, não tem relações diretas com a Somália e ainda tem uma grande crise interna no
governo que a impede de realizar grandes atos ou grandes colaborações para o país. A nação é
um país turístico, que tem até uma certa entrada de capital grande no país, mas pouco investido
na sua estrutura. Tem relações complicadas com os EUA, mas uma grande aproximação chinesa
e de outros países que colaboram com a Somália. É mais neutra em algumas relações, mas segue
a linha de seus aliados.

n. República da África do Sul

Com a entrada da Somália na Liga Árabe, ela estreitou relações com o continente
africano incluindo assim a República da África do Sul, assim até mesmo na época do apartheid e
relações anteriores. A África do Sul não tem relações diretas com a situação da Somália, contudo
já é um país mais desenvolvido do continente africano e tem até uma certa liderança nas decisões
da União Africana. A nação tem sido ponte de comunicação para países mais desenvolvidos e

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emergentes, mostrando as realidades do continente, apoiando muitos países que repudiam


totalmente o que acontece no território somali. Mesmo que a mesa não tenha demonstrado uma
grande iniciativa nos últimos anos com o local, ela deve seguir seus aliados e ajudar um pouco
mais para que ele saia desse regime terrorista.

o. São Vicente e Granadinas

São Vicente e Granadinas é uma ilha, que começou a ter uma grande visibilidade na ONU
quando conseguiu a sua cadeira rotativa no Conselho de Segurança das Nações Unidas, também
sendo um país com um histórico colonizado e certa invasão pelos países com mais influência na
época. Atualmente tem Rainha Elizabeth II como rainha, sendo um parlamento democrático e
uma monarquia constitucional, tendo laços estreitos com Reino Unido, Canadá e Estados
Unidos, que mostram grande preocupação com a Somália. Não está diretamente ajudando o país,
mas tem boas condições e com certeza estará a par para ajudar seus aliados.

p. República Federal da Alemanha

A Alemanha tem se mostrado muito ativa nas relações com a Somália, criando programas
para a antipirataria no local e um grande investimento como os seus aliados para uma
reconstrução da Somália. Como os países anteriores, a Alemanha repudia toda e qualquer
influência do Al-shabab na região e já tem feito ações para conseguir a retirada do mesmo.
Infelizmente no passado, a Alemanha teve sim o seu período de colonização e de império, tendo
até hoje algumas influências de dependência dos países do continente, tanto que a Somália já
esteve sob a influência do Império Alemão. Em 2008 fez várias ações para combater a pirataria
com os seus aliados, além de relembrar suas grandes alianças com o P5 e os países do ocidente,
que apoiam totalmente a causa da Somália.

q. República da Estônia

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Em 2011, a Estônia refez as relações diplomáticas com a Somália, superando todo o


tempo de anarquia que o país tinha passado. A Estônia não só reatou, como ajuda a população
que passa por uma miséria ou problemas de acessibilidade a direitos básicos, financiando os
campos de ajuda e até o apoio fornecido pela própria ONU. Desde 1998 até 2019, o país tem
exportado muitos produtos e ajudado economicamente a Somália a se estabilizar, sendo um
parceiro econômico notável. Além de uma aproximação de países que estejam diretamente
ligados às causas, a Estônia tem uma certa estabilidade e uma grande conversa com os países
emergentes e desenvolvidos.

r. República da Tunísia

A Tunísia também está na lista dos países que não tem relação direta com a Somália, mas
os dois entraram na COMESA em 2018, que é um tratado de comércio no sul da África. O país
se alia a muitos que seguem a linha de apoio a Somália e como sua situação é neutra, deve seguir
os passos dos mesmos. Os dois países são islâmicos e a Tunísia já teve uma influência da Sharia.
Como está localizada na África do Norte, mantém relações econômicas com a Somália e tem
uma relação similar de neutralidade assim como com os outros países do continente.

s. Estado da Eritreia

Em 2018, a Eritreia assumidamente abriu as portas para a Somália e relatou ter relações
diplomáticas depois de anos de tensão, mesmo as mesmas sendo muito complicadas e frágeis.
Relembrando seu passado, a Etiópia teve até um certo poder sobre a região, ainda sendo
proclamado pela AGNU da ONU, que esse poderio seria constitucional. Com algumas guerras
contra a Etiópia, a Eritreia conseguiu sua independência, sendo de um partido único nos dias de
hoje. Suas relações com os vizinhos e com os países do P5 ainda são muito complicadas,
deixando a nação quase que isolada num cenário internacional. As relações com a Somália,
mesmo que reatadas, são até mediadas por órgãos exteriores por serem muito complicadas. A
Eritreia é totalmente contrária a ajuda direta para a Somália, tanto que em anos anteriores a
mesma ainda fez total suporte ao grupo terrorista Al-shabab, mesmo alegando que não financiava

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ou dava apoio bélico. Com o avanço do grupo terrorista no Chifre da África, as tensões podem se
aumentar.

t. Emirados Árabes Unidos

Os Emirados nos últimos anos tem sido de extrema importância para uma ajuda interna
na Somália em relação ao seu povo, visto a grande crise sanitária que os mesmos passam.
Mesmo com algumas alegações atuais da Somália de negação a algumas decisões do governo
dos Emirados, em 2017, a ONU elogiou os trabalhos do país na mediação do conflito e ajuda a
sua reconstrução após anos de anarquia somali. Além de algumas intervenções de treinamento
militar, os Emirados também estão a par da Guerra ao Terror que foi instituída pelos Estados
Unidos e prosseguem em aplicá-la na Somália. Mesmo não tendo tanta influência atual na ajuda,
os Emirados é de grande importância para o desenvolvimento e ajuda para a Somália, visando
seus aliados africanos e do Oriente Médio.

u. República Democrática Federal da Etiópia

A Etiópia tem uma fronteira com a Somália, que por muitos anos houve algumas tensões
e a perda da Somália em todos os cenários. Além da Guerra de Ogaden, que foi uma guerra em
meados de 1977 até 1978, que teve a invasão de tropas somali pelo poder que era executado na
época em território etíope. Não só, mas em 1988 até 2003 houve uma grande intervenção etíope
no pré-guerra e durante a Guerra Civil de 91, que tinha uma grande vontade de avançar
territorialmente, além da Somália ter acusado o país de ter armado a oposição ao governo e
criado facções pró-etíopes. Ainda até os dias de hoje é acusada de ter facções contra a Somália,
uma delas até mais conhecida como Conselho de Reconciliação e Restauração da Somália,
depois de grandes tensões por anos, em 2004 as relações tiveram uma certa estabilidade.
Novamente em 2006, o avanço etíope foi novamente contemplado. O papel na Etiópia neste
comitê é fazer com que a Somália aceite sua aproximação e extensão territorial, fazendo um

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acordo de ajuda embasado nessa condição, mas valendo lembrar que a delegação somali pode ser
muito resistente a nação e seus aliados.

v. Cruz Vermelha

A Cruz Vermelha tem sido de extrema importância para a situação da Somália, não só na
guerra que se prorroga até os dias de hoje, mas também em desastres naturais da região. O que
eles provem para a população é uma ajuda humanitária, social, sanitária e de ajuda a todos
aqueles que não tem acesso nenhum aos Direitos Humanos de ter uma vida digna. Além de os
prover os direitos básicos, evitam que os somalis tenham qualquer tipo de relação com a
Al-shabab ou sejam coagidos a entrar nas forças desse poder, visto que é crescente o interesse
pelo grupo terrorista. Em algumas missões da Cruz Vermelha em conflitos anteriores da Somália,
as ações foram bloqueadas ou reduzidas pelo próprio governo. Nos dias de hoje, as ações da
mesma ainda ocorrem com muita cautela, já que em 2012 por um tempo foi suspendido por falta
de apoio pelo próprio Estado e aliados. Contudo, a Cruz Vermelha se faz totalmente presente no
comitê para disponibilizar ajuda e total cuidado ao território somali.

w. Capacetes Azuis

Desde a Batalha de Mogadíscio, os Capacetes Azuis estiveram presentes para a


população somali, que ocorreu em 1993. Como eles são uma organização que promove a paz e
ajuda as pessoas que estão em perigo quase que na mesma linha da Cruz Vermelha, eles sempre
estarão dispostos a oferecer qualquer tipo de ajuda ao território somali. Contudo, nos últimos
anos na Somália, a organização tem sofrido atentados em seus campos de ajuda e até aos
próprios voluntários que estão lá para ajudar a população, decretando em 2017 a retirada das
tropas que estavam ajudando. Mesmo com esse recuo, a situação da Somália só tem piorado
desde então e mesmo com essa negação da Somália, a necessidade dos mesmos é muito
necessária. O delegado que estiver com essa representação precisa fazer acordos para que
consiga colocar total apoio novamente no território somali.

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11. Questões a serem consideradas

A partir do Guia de Estudos, os delegados devem realizar uma agenda abordando os


tópicos a serem debatidos no tema: “Somália: instabilidade política e guerra ao terror”. Para
reflexão dos delegados, algumas questões serão colocadas abaixo:

- Como devemos defender o povo somali? Como podemos prover o que a Carta dos
Direitos Humanos diz que todo cidadão deve ter?
- Como podemos diminuir as tensões no Chifre Africano? Como podemos ajudar a
Somália sem enfrentar países que não a defendem?
- Como punir e deter o Al-shabab, subgrupo terrorista da Al-Qaeda?
- Como podemos lidar com a ascensão do terrorismo no Norte da África e no Oriente
Médio?
- Como podemos estabilizar politicamente o governo da Somália?
- Como o Conselho de Segurança das Nações Unidas pode interferir de forma direta na
política somali?

Com essas reflexões e à partir do guia, os senhores delegados podem se basear para um
melhor debate.

12. Referências Bibliográficas

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