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A Equação Da Onda
A Equação Da Onda
A equação da onda
João Pessoa – PB
Novembro de 2017
Universidade Federal da Paraı́ba
Centro de Ciências Exatas e da Natureza
Graduação em Matemática
A equação da onda
por
sob a orientação do
João Pessoa – PB
Novembro de 2017
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação
UFPB/BC
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Dedico este trabalho a minha famı́lia, em especial aos meus
pais Ana Maria (in memoriam) e Manoel Alves, que sem-
pre acreditaram em mim e fizeram o possı́vel pela minha
educação.
“Porque Dele e por Ele, e para Ele, são todas
as coisas; glória, pois, a Ele eternamente.
Amém.”
Romanos 11:36
v
Agradecimentos
A Deus, pois Nele vivemos, nos movemos e existimos, Ele é a fonte de todo o
conhecimento e ajuda aqueles que o buscam.
Aos meus pais, Ana Maria (in memoriam) e Manoel Alves, por estarem incondi-
cionalmente ao meu lado, me criando no caminho da retidão e sempre influenciando
meu interesse pelo conhecimento. Aos meus avós, Maria da Glória, Isaac Araújo (in
memoriam), Eunice Maia (in memoriam) e Antônio Amaro (in memoriam), por ofe-
recerem um ambiente de amor e atenção especialmente na minha infância. Aos meus
tios, em especial minhas tias Zenaide Maria e Joanita Maria, que cuidaram de mim
após o falecimento da minha mãe.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Fágner Dias Araruna, por toda a contribuição
e auxı́lio para o meu desenvolvimento não só acadêmico, mas também enquanto ser
humano. Aos professores membros da banca examinadora, Prof. Dr. Damião Júnio
Gonçalves Araújo e Prof. Dr. Uberlandio Batista Severo, por aceitarem o convite de
participarem deste momento importante.
Aos meus colegas do laboratório Milênio, a destacar, Thiago Luiz, Raoni, Mariana,
Cássio, Angélica, Raiza, José Ribeiro, Esaú, Julian, Douglas, Marcelo, José Carlos,
Richardson, Moisés, Josenildo, Suelena, Victor, Leon e Wendel, pelos momentos de
estudo e brincadeiras compartilhados. A Liana Coliselli e Karoline Medeiros, minhas
amigas e conselheiras.
A todos os colegas da Cru Campus, na pessoa de Shirley Mesquita, pela comunhão
no campus e fora dele, e pela vivência cristã neste local. Seguramente posso chamá-los
de irmãos.
A todos das igrejas Batista em Ferreiros e Luterana, que me auxiliaram com orações
e apoio espiritual.
Resumo
In this work, we focus our study in wave equations. We present incially basic
concepts of Partial Di↵erentials Equations (PDEs) and Theory of Fourier series. In the
following, we deal with the physic dedution and also the resolution of this equation. We
treat several problems of inicial value and boundary conditions such as: the problem of
the string with fixed extremeties, the figering string, the infinity string and semi-infinity
string. Additionally, in the last two ones, we have found a solution of D’Alembert type.
In the approach of this problems, we had the opportunity of treating not just with
mathematical concepts but also with physical related topics to this theme.
Introdução 1
1 Preliminares 3
1.1 Sobre equações diferenciais parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.1 Condições de fronteira e iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Séries de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2.1 Convergência da série de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2 Equação da onda 13
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2 Nota histórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 Dedução fı́sica da equação da corda vibrante . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4 Exemplos da equação da onda e diferentes condições iniciais e de fronteira 19
2.5 Resolução da equação da onda por séries de Fourier . . . . . . . . . . . 21
2.6 Energia da corda vibrante e unicidade de solução . . . . . . . . . . . . 30
2.6.1 Interpretação fı́sica das fórmulas da energia cinética (2.33) e po-
tencial (2.34) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.7 Harmônicos, frequência e amplitude de uma onda estacionária . . . . . 36
2.7.1 Partes de uma onda estacionária . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.7.2 A energia do n-ésimo harmônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.8 A corda dedilhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.9 Vibrações forçadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.10 A corda infinita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.10.1 Solução generalizada da equação da onda . . . . . . . . . . . . . 45
2.10.2 Fórmula de D’Alembert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.10.3 Inferências a respeito da fórmula de D’Alembert . . . . . . . . . 48
2.10.4 Corda infinita dedilhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.10.5 A integral da energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.10.6 Unicidade de solução estrita do problema de Cauchy . . . . . . 57
ix
2.10.7 Continuidade da solução do problema de Cauchy com os dados
iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.10.8 O problema de Cauchy não-homogêneo . . . . . . . . . . . . . . 58
2.11 A corda semi-infinita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.11.1 Comentários a respeito de (2.73) . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Referências Bibliográficas 63
x
Notações
@f
• @x
ou fx denotam que a função f foi derivada com relação a variável x;
xi
Introdução
1
usando como ferramenta o princı́pio fundamental da dinâmica.
Considerando o problema da corda vibrante, também mostraremos a resolução da
equação utilzando o método de Fourier. Na sequência, apresentaremos um teorema que
valida a solução encontrada. Abordaremos também diferentes problemas de valores
iniciais e de fronteira, dentre eles a corda com extremidades fixas, a corda dedilhada, a
corda infinita ou problema de Cauchy- de onde obteremos a fórmula de D’Alembert-e,
finalmente a corda semi-infinita. Dentre tais problemas de valores iniciais e de fronteira,
também poderemos analisar a energia da corda vibrante, harmônicos, frequência e
amplitude de uma onda estacionária, que são temas de cunho mais fı́sico.
2
Capı́tulo 1
Preliminares
3
1. Preliminares
Dizemos que uma EDP linear é homogênea se o termo que não contém a variável
dependente u é identicamente nulo.
As condições que iremos tratar são válidas para equações diferenciais parciais linea-
res de qualquer ordem, contudo iremos exemplificar com uma EDP de segunda ordem.
Podemos reescrever (1.3) da seguinte forma:
Lu = f. (1.4)
Pn 2 Pn
onde f (x) = d(x) e (Lu)(x) = i,j=1 aij (x) @x@i @x
u
j
+ @u
j=1 bj (x) @xj + c(x)u.
Em (1.4), L é chamado de operador diferencial que é a função definida por
L : C 2 (⌦) ! C(⌦)
u 7! Lu,
Teorema 1.1. Seja L um operador linear diferencial parcial de ordem k cujos coefi-
cientes estão definidos em um aberto ⌦ ⇢ Rn . Suponha que {un }n2N é um conjunto
de funções de classe C k em ⌦ satisfazendo a EDP linear homogênea Lu = 0 e que
{↵n }n2N é uma sequência de escalares tal que a série
1
X
↵ n un
n=1
4
1. Preliminares
das outras variáveis, por exemplo, u(x, 0) = f (x) e ut (x, 0) = g(x), onde f e g são
funções dadas.
Problemas envolvendo condições de fronteira e condições iniciais serão chamados de
problemas de valores iniciais e de fronteira, que abreviaremos com a sigla P V IF .
X1 ⇣ ⇣ n⇡x ⌘ ⇣ n⇡x ⌘⌘
1
f (x) ⇠ a0 + an cos + bn sen . (1.6)
2 n=1
L L
O sinal ⇠ em (1.6) significa que nem sempre ocorre a igualdade, podendo ocorrer
aproximações, e algo mais sério pode acontecer, que é o caso da série de Fourier divergir.
5
1. Preliminares
Por isso, mais adiante, veremos condições suficientes para que a função f seja igual a
sua série de Fourier.
|an | M e |bn | M, 8 n.
Suponhamos agora que f seja periódica de perı́odo 2L e também que seja derivável,
e tal derivada f 0 seja integrável e absolutamente integrável. Então, integrando por
partes as expressões em (1.5)e tomando valores absolutos obtemos
Z L
1
|an | |f 0 (x)|dx
n⇡ L
Z L
(1.8)
1 0
|bn | |f (x)|dx.
n⇡ L
6
1. Preliminares
M M
|an | e |bn | , 8 n = 1, 2, ... (1.9)
n n
Finalmente, suponhamos que f seja periódica de perı́odo 2L, com primeira deri-
vada contı́nua, e a segunda derivada integrável e absolutamente integrável. Com estas
hipóteses, podemos melhorar as estimativas em (1.9). Para isto, realizamos mais uma
integração por partes nas expressões em (1.7) e obtemos
Z L
L
|an | 2 2 |f 00 (x)|dx,
n⇡ L
Z L
L
|bn | 2 2 |f 00 (x)|dx.
n⇡ L
M M
|an | 2
e |bn | 2 , 8 n = 1, 2, ... (1.10)
n n
Definição 1.6. Uma função f será chamada L 1 se, e somente se, f e |f | forem
integráveis.
f (x + 0) + f (x 0)
en (x) = sn (x) ,
2
7
1. Preliminares
onde n h
1 X ⇣ n⇡x ⌘ ⇣ n⇡x ⌘i
sn (x) = a0 + ak cos + bk sen .
2 k=1
L L
Inicialmente iremos escrever a soma parcial sn (x) de modo mais conveniente com o obje-
tivo de majorar en (x). Para que isto ocorra iremos usar as expressões dos coeficientes de
Fourier em (1.5) e a identidade trigonométrica cos(a b) = cos(a) cos(b)+sen(a)sen(b),
para assim obter
Z " n ✓ ◆ #
L
1 1 X k⇡(x y)
sn (x) = + cos f (y)dy . (1.11)
L L 2 k=1 L
n ✓ ◆!
1 1 X k⇡x
Dn (x) = + cos . (1.12)
L 2 k=1 L
8
1. Preliminares
De (1.13) temos que a expressão en , para a qual queremos estimativas, ganha a forma
Z L
en (x) = Dn (t)g(x)dt, (1.14)
0
Lema 1.3. (Lema de Riemann-Lebesgue) Seja f : [a, b] ! R uma função L 1 ([a, b]).
Então Z b
lim f (x)sen(tx)dx = 0,
t!1 a
Z b
(1.15)
lim f (x) cos(tx)dx = 0.
t!1 a
e como a função do lado direito de (1.17) é crescente e contı́nua no intervalo [0, L],
conseguimos a seguinte estimativa:
1
|tDn (t)| para t 2 [0, L].
2
9
1. Preliminares
Portanto, dado " > 0, tomamos < min(L, ⌘), tal que
Z Z
g(x, t) 1 g(x, t) "
tDn (t) dt dt < .
0 t 2 0 t 2
Tal desigualdade é possı́vel por causa da hipótese (1.16). Com esse fixado, olhemos
para a segunda integral a fim de aplicar o Lema 1.4. Para isto, basta verificar que a
função
g(x, t)
h(t) = , t 2 [ , L],
2Lsen ⇡t L
Desigualdades
A desigualdade de Bessel é dada por
1 Z
a20 X 2 1 L
+ (ak + b2k ) |f (x)|2 dx. (1.18)
2 k=1
L L
n n
! 12 n
! 12
X X X
aj b j a2j b2j . (1.19)
j=1 j=1 j=1
10
1. Preliminares
Usando a estimativa feita sobre os coeficientes de Fourier em (1.10), que diz que caso
a função f tenha derivada primeira continua e derivada segunda uma função L 1 ,
P
então a série numérica em (1.21) é majorada pela série M 1 1
n=1 n2 , a qual é uma série
convergente. Entretanto, podemos demonstrar a convergência de (1.21) sem impor
tantas restrições sobre a função f . Suponhamos que f seja uma função contı́nua e que
a sua derivada primeira seja uma função L 2 . Usando as relações em (1.8), concluı́mos
L 0 L 0
an = bn , bn = a ;
n⇡ n⇡ n
n
X n
LX1 0
(|aj | + |bj |) = (|aj | + |b0j |), (1.22)
j=1
⇡ j=1 j
11
1. Preliminares
p n
! 12 " n
# 12
2L X 1 X
(|a0j |2 + |b0j |2 ) .
⇡ j=1
j2 j=1
p 1
! 12 " 1
# 12
2L X 1 X
(|a0j |2 + |b0j |2 ) ,
⇡ n=1
n2 j=1
12
Capı́tulo 2
Equação da onda
Nossos objetivos neste capı́tulo são deduzir e estudar a equação da onda através da
aplicação de conceitos fı́sicos, abordar métodos de resolução desta equação utilizando a
teoria de séries de Fourier, verificar a existência e a unicidade das soluções encontradas,
e também a resolver alguns problemas de valor incial para equação da onda, dentre
eles o problema de Cauchy.
2.1 Introdução
No campo da fı́sica clássica, ondas e partı́culas são dois grandes conceitos, ambos
concentrando quase todos os ramos desta ciência. Embora sejam iguais em importância,
as definições de onda e partı́cula que apresentam diferem entre si.
Quando nos referimos à palavra partı́cula, esta tem o significado de uma dimi-
nuta quantidade de matéria capaz de transmitir energia; quando falamos de ondas, tal
conceito se refere a uma distribuição ampla de energia que vai preenchendo o espaço
por onde passa. Neste trabalho, destinaremos nossa atenção às ondas, para, assim,
trabalharmos com a equação que as descreve.
Existem três tipos principais de ondas, a saber, ondas mecânicas, eletromagnéticas
e materiais.
As ondas mecânicas são as que se propagam exclusivamente em meios materiais e
são governadas pelas leis de Newton; são bastante comuns e encontradas facilmente no
cotidiano, como, por exemplo, ondas do mar, ondas sı́smicas e ondas sonoras.
As ondas eletromagnéticas são as que resultam da combinação de campos elétricos
e magnéticos. Tais ondas não exigem um meio material para se propagarem, isto é,
podem se propagar no vácuo; no dia a dia, as ondas eletromagnéticas estão presentes
nos raio X, microondas, raios ultravioletas etc.
As ondas materiais são associadas com elétrons, prótons e outras partı́culas funda-
13
2. Equação da onda
mentais, e até mesmo átomos e moléculas. Estas são as menos comuns, e são, em sua
maioria, encontradas em tecnologias modernas e no campo quântico.
O que discutiremos neste capı́tulo se refere as ondas mecânicas. Utilizaremos aqui a
segunda lei de Newton para deduzirmos a equação diferencial parcial que as representa.
conhecida como equação da onda. A equação foi estudada e derivada pela primeira
vez por D’Lambert em 1746. Tal problema também atraiu a atenção de diversos
matemáticos, como Euler (1748), Daniel Bernoulli (1755) e Lagrange (1759). Os dois
primeiros chegaram à conclusão de que a solução deveria ser da forma
quando a corda de comprimento ⇡ vibra por uma pertubação da sua posição de repouso.
Os méritos entre essas soluções foram dicutidos de forma acalorada numa série de
debates que perduraram por mais de vinte e cinco anos. Entre os pontos principais
destas discussões estava o que diz respeito à natureza de uma função, já que o conceito
de função como entendemos hoje não estava formulado de maneira concreta naquela
época. Também entre as discussões estavam os tipos de funções que poderiam ser
representadas por séries trigonométricas. Tais questões não foram resolvidas até o
século XIX.
Na época de Euler havia duas classes de funções, a saber, as contı́nuas, que eram
as que podiam ser expressas por uma equação entre x e y, e as geométricas, que eram
todas aquelas que podiam ser traçadas a mão livre. Admitia-se também que a classe
14
2. Equação da onda
de funções contı́nuas era menor que a classe de funções geométricas, porque uma linha
partida não era considerada uma função contı́nua no sentido da época, e sim várias
funções.
Essencialmente as soluções propostas por D’Lambert e Euler eram as mesmas, mas
a diferença estava no significado de função em cada caso. No caso de Euler admitia-se
quaisquer funções geométricas para os dados iniciais; D’Lambert, por sua vez, tomava
apenas funções contı́nuas para esta posição.
Bernoulli dizia que a sua solução era absolutamente geral e que continha as dadas
por D’Lambert e Euler, porém, Euler contestava que isto era impossı́vel, pois se a
função fosse escrita como uma série de senos, isso implicaria que ela era periódica
e ı́mpar, e a ideia de que uma expressão analı́tica representasse uma função em um
intervalo não era aceita na época.
Em 1759, Lagrange mostrou que a solução da equação da onda para uma corda de
comprimento 1, quando a posição inicial é dada por f (x) e a velocidade inicial por g(x)
é da seguinte forma:
Z 1
1X Z 1
1
u(x, t) = 2 sen n⇡y cos n⇡ctf (y)dy + 2 sen n⇡y sen n⇡x sen n⇡ctdy,
0 n=1 0 n
e dessa forma ele conseguiu representar a expressão na forma prevista por Euler.
Foi tarefa de Fourier (1811) explicitar os coeficientes e escrever a série de senos e
cossenos de várias funções. Ele afirmou que qualquer função poderia ser representada
pela série que recebeu o seu nome e, apesar disso não ser verdade, recebeu as glórias
de ter apresentado a forma da série que deveria representar a função.
Todas estas contribuições levaram à consolidação da moderna teoria das séries de
Fourier, e dessa forma a matemática pode ser desenvolvida para que, assim, o problema
de pequenas vibrações de uma corda pudesse ser finalmente solucionado.
15
2. Equação da onda
É necessário perceber que as grandezas fı́sicas envolvidas nessa lei são vetoriais, isto
é, dependem da direção e do sentido dos vetores, de modo que, ao apicá-la, estaremos
atentos a este fato.
No modelo com qual trabalharemos, consideraremos o sistema mecânico constituı́do
por um trecho arbitrário da corda entre dois pontos x = a e x = b. Chamaremos de
⇢(x, t) a densidade linear da corda, que é dada pela massa dividida pelo comprimento.
Como estamos supondo que as partı́culas que constituem a corda se deslocam trans-
versalmente através de pequenas vibrações, vemos que a massa não se altera ao longo
do tempo, concluindo assim que a densidade linear não dependerá de t. Devido a isto,
denotaremos a densidade linear da corda por ⇢(x).
Portanto, a quantidade de movimento da corda entre os pontos x = a e x = b é
dada por Z b
M (t) = ⇢(x)ut (x, t)dx, (2.1)
a
16
2. Equação da onda
Existem dois tipos de força a serem considerados. O primeiro tipo se refere à ação do
resto da corda sobre o trecho entre a e b, a que chamamos de forças de tensão na direção
das retas tangentes ao ponto a e b, são Fa e Fb respectivamente. E representaremos por
f (a, t) e f (b, t), respectivamente, as intensidades destas forças. Na ilustração abaixo,
podemos observar graficamente a representação destas forças
onde ✓a e ✓b correspondem aos ângulos das retas tangentes à corda com eixos x = a e
x = b, respectivamente.
Usando a segunda lei de Newton, que foi enunciada anteriormente, e lembrando
que não existe quantidade de movimento na direção do eixo x, devido a ausência da
componente de velocidade neste eixo, temos:
X @M~
F~i = (2.2)
i
@t
Como foi dito, nesta lei estamos lidando com grandezas vetoriais, logo, existem duas
componentes possı́veis, a saber, a no sentido u e a no sentido x, as quais são represen-
tadas da seguinte forma:
X @M~x
f~ix =
i
@t
(2.3)
X @M~u
f~iu =
i
@t
Além disso, veja na Figura 2.2 que Fa e Fb estão na mesma direção, que é a do eixo
x, porém em sentidos opostos. Daı́, como em (2.4) o somatório destas componente é
17
2. Equação da onda
Enxergando a derivada com relação a x como a inclinação da reta tangente, temos que
a expressão (2.6) se torna
⌧ (t)ux (x, t)/x=b
x=a . (2.7)
E supondo que a função u(x, t) possui segunda derivada integrável, temos, pelo teorema
fundamental do cálculo, que Z b
⌧ (t)uxx (x, t)dx. (2.8)
a
Em segundo lugar, além das forças de tensão, nosso sistema pode estar sujeito à ação
de forças externas, dentre elas a gravidade, a resistência ao movimento, e forças que
tendem a retornar a corda para o seu estado de equilı́brio. Chamaremos de h1 (x, t) a
densidade linear destas forças ao longo da corda, e utilizaremos novamente a segunda
lei de Newton, como também as expressões (2.1) e (2.8) para obter
✓Z b ◆ Z b Z b
d
⇢(x)ut (x, t)dx = ⌧ (t)uxx (x, t)dx + h1 (x, t)dx. (2.9)
dt a a a
Supondo que utt (x, t) seja uma função contı́nua, podemos reescrever (2.9) da seguinte
forma: Z b Z b Z b
⇢(x)utt (x, t)dx = ⌧ (t)uxx (x, t)dx + h1 (x, t)dx,
a a a
18
2. Equação da onda
⌧ (t) h1 (x,t)
donde c(x, t)2 = ⇢(x)
e h(x, t) = ⇢(x)
. A equação em (2.10) é a equação da onda.
1. Vibrações livres
Suponhamos que as únicas forças atuantes sobre a corda sejam as de tensão, Fa
e Fb . Assim, a equação (2.10) torna-se
utt = c2 uxx ,
onde podemos introduzir a hipótese de c ser constante caso a corda seja ho-
mogênea, isto é, possua densidade linear ⇢(x) constante, e caso as vibrações
tenham amplitudes muito pequenas, ou seja, ⌧ (t) constante.
2. Vibrações forçadas
Neste caso, iremos considerar a corda à mercê de uma força externa, de modo
que esta varie com x e t. Então a (2.10) é escrita como
3. Vibrações amortecidas
Aqui, iremos ter a hipótese de que a corda esteja imersa em um meio fluı́do, na
água, no ar etc, e em tal meio ela encontre resistência a seu movimento. Deste
modo, há uma força externa que depende da velocidade, e tal força suporemos
ser da forma h(x, t) = but (x, t) com b > 0, sendo o sinal negativo porque a
força é de resistência ao movimento vibratório. Com essas suposições, a equação
19
2. Equação da onda
(2.10) torna-se
utt = c2 uxx but .
20
2. Equação da onda
21
2. Equação da onda
Do lado esquerdo da equação (2.15) temos uma expressão que depende apenas de
x, e do lado direito, temos uma expressão que depende apenas de t; isto implica que
ambos os tados de (2.15) independem de x e de t, logo, são iguais a um parâmetro que
denotaremos por . Este parâmetro será determinado de forma que as condições de
fronteira em (2.14) sejam satisfeitas pela função u(x, t). Potanto, na equação (2.15),
temos
F 00 G00
= 2 = ,
F cG
donde obtemos
F 00 F =0
(2.16)
G00 c2 G = 0.
22
2. Equação da onda
• >0
Se isto ocorre, temos um problema de valor inicial constituı́do por uma EDO de
segunda ordem. Daı́ sua solução geral é da forma
p p
x x
F (x) = c1 e c2 e .
F (0) = c1 = 0
,
F (L) = c1 cos( L) + c2 sen( L) = 0
23
2. Equação da onda
Assim,
n2 ⇡ 2
n =
L2
(com n = 1, 2, 3, ...), são os autovalores, substituindo em (2.17) temos
n2 ⇡ 2
00
F + 2 F = 0.
L
G00 = c2 G,
• Determinação dos an
24
2. Equação da onda
1 h
X ⇣ n⇡x ⌘ ⇣ n⇡x ⌘ i
u(x, 0) = f (x) ) an sen cos (0) + bn sen sen (0) = f (x).
n=1
L L
n⇡x
Como sen(0) = 0, temos que bn sen L
sen (0) = 0, e como cos(0) = 1, podemos
escrever 1
X ⇣ n⇡x ⌘
an sen = f (x). (2.20)
n=1
L
Assim como f está representada por uma série de senos, os seus coeficientes de Fourier
devem ser da forma Z L ⇣ n⇡x ⌘
2
an = f (x) sen dx. (2.21)
L 0 L
• Determinação dos bn
Derivando a série em (2.19) termo a termo com relação a t, obtemos
1
X ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ !
@ n⇡ct n⇡ct
ut (x, t) = an sen cos + bn sen sen
@t n=1
L L L L
X1 ✓ ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ ◆
@ n⇡ct n⇡ct
= an sen cos + bn sen sen
n=1
@t L L L L
1
X @ ✓ ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ ◆ ✓ ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ ◆
n⇡ct @ n⇡ct
= an sen cos + bn sen sen
n=1
@t L L @t L L
X1 ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆
n⇡ct n⇡c n⇡ct n⇡c
= an sen sen + bn sen cos
n=1
L L L L L L
n⇡x
Como sen(0) = 0, temos que an sen L
sen (0) n⇡c
L
= 0, e como cos(0) = 1, podemos
escrever,
1
X ⇣ n⇡x ⌘ n⇡c
bn sen = g(x). (2.22)
n=1
L L
Assim como f está representada por uma série de senos os seus coeficientes de Fourier
devem ser da forma Z L ⇣ n⇡x ⌘
n⇡c 2
bn = g(x) sen dx. (2.23)
L L 0 L
Aqui terminamos a resolução utilizando o método de Fourier, com ele obtemos a
25
2. Equação da onda
Teorema 2.1. Suponha que f e g sejam funções dadas em [0, L] tais que f, f 0 , f 00 , g, g 0
sejam contı́nuas e f 000 e g 00 sejam seccionalmente contı́nuas. Além disso, suponha que
f (0) = f (L) = f 00 (0) = f 00 (L) = g(0) = g(L) = 0. Então:
i) an e bn são bem definidas por (2.21) e (2.23), respectivamente;
ii) as igualdades em (2.20) e (2.22) ocorrem;
iii) a expressão em (2.19) define uma função contı́nua em R, de classe C 2 em R, que
satisfaz a equação da onda em R.
1
X ⇣ n⇡x ⌘ n⇡c
bn sen = g(x).
n=1
L L
26
2. Equação da onda
P1
Para mostrar iii), basta provar a convergência da série n=1 [|an | + |bn |]. Pois
Tomando somatórios,
N
X N
X N
X 1
X
un (x, t) |un (x, t)| [|an | + |bn |] [|an | + |bn |] .
n=1 n=1 n=1 n=1
P1
Logo, se mostrarmos a convergência de n=1 [|an | + |bn |], temos, pelo teste da com-
P
paração, que 1n=1 un (x, t) converge.
Por outro lado, fazendo integração por partes três vezes na expressão 2.21 temos
Z L ⇣ n⇡x ⌘
2L2
an = f 000 (x) cos dx. (2.24)
n3 ⇡ 3 0 L
27
2. Equação da onda
e Z L
2L2 ⇣ n⇡x ⌘
00
|bn | = g (x) sen dx
n3 ⇡ 3 c 0 L
Z L ⇣ n⇡x ⌘ ,
2L2
3 3 g 00 (x) sen dx
n⇡ c 0 L
que podemos escrever
K K0
|an | e |b n | ,
n3 n3
2L2 2L2
onde K = k
⇡3 1
e K0 = k,
c⇡ 3 2
de modo que tenhamos k1 c n e k2 dn , onde cn e dn
são os coeficientes de Fourier de f 000 e g 00 , respectivamente. Podemos falar na existência
de tais coeficientes por conta da hipótese de f 000 e g 00 serem funções seccionalmente
contı́nuas. Logo, temos a seguinte estimativa:
K K0
|an | + |bn | + .
n3 n3
Tomando somatórios
N
X N
X X1
K K0 K K0
[|an | + |bn |] + + .
n=1 n=1
n3 n3 n=1
n 3 n 3
onde a série majorante na expressão acima é convergente, pois é uma p-série, daı́, pelo
P
teste da comparação, temos a convergência de 1 n=1 [|an | + |bn |] e finalmente conse-
P1
guimos a convergência de n=1 un (x, t), que é uma convergência uniforme pois não
depende de x e t, e como é uma série de funções contı́nuas, convergirá para uma função
contı́nua donde, deste último fato e de (2.19), concluı́mos que u é contı́nua.
Vejamos agora se u é C 1 . Para isto, vamos obter as derivadas primeiras de u,
P
derivando 1n=1 un (x, t) termo a termo,
1 ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆
@u X n⇡ n⇡ct n⇡ n⇡ct
= an cos cos + bn cos sen
@x n=1 L L L L L L
1 ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆
@u X n⇡c n⇡ct n⇡c n⇡ct
= an sen sen + bn cos sen .
@t n=1
L L L L L L
(2.26)
28
2. Equação da onda
A partir daı́, fazendo o módulo das expressões em (2.26), podemos majorará-las por
1
X
[n|an | + n|bn |].
n=1
K K0
n|an | e n|b n | ,
n2 n2
daı́ 1 1
X X K K0
[n|an | + n|bn |] + ,
n=1 n=1
n2 n2
onde a expressão da direita é uma série numérica convergente; com isto temos as
igualdades em (2.26), ou seja, u é de classe C 1 em R.
Vejamos agora se u é C 2 . Para isto, vamos derivar uma vez termo a termo as
expressões em (2.26), donde encontramos
1 ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆
@ 2u X n2 ⇡ 2 n⇡ct n2 ⇡ 2 n⇡ct
= an 2 sen cos bn sen sen
@x2 n=1
L L L L L L
1 ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆ ⇣ n⇡x ⌘ ✓ ◆
@ 2u X n2 ⇡ 2 c2 n⇡ct n2 ⇡ 2 c2 n⇡ct
= an sen cos bn sen sen .
@t2 n=1
L 2 L L L 2 L L
(2.27)
Vamos majorar estas expressões, aplicando módulo nos termos dos somatórios em
(2.27). Temos:
@ 2u n2 ⇡ 2 n2 ⇡ 2
|a n | + |b n |
@x2 L2 L2
e
@ 2u n2 ⇡ 2 c2 n2 ⇡ 2 c2
|a n | + |b n | .
@t2 L2 L2
Assim, podemos majorar as séries em (2.27) pela seguinte expressão:
1
X
2 2
⇡ c [n2 |an | + n2 |bn |]. (2.28)
n=1
Para afirmarmos algo sobre a série em (2.28), vamos observar os cálculos seguintes. De
(2.24) e (2.25), temos
K 00 K 000
|an | |c n | e |b n | |dn |,
n3 n3
2L2 2L2
onde K 00 = ⇡3
e K 000 = c⇡ 3
.
29
2. Equação da onda
utt = c2 uxx , em R,
vimos a equação da onda apresentada desta forma na seção 2.1. Também iremos adotar
a hipótese de que ⌧ (t) = ⌧ , isto é, que as componentes horizontais das forças de tensão
não dependam do tempo. Mais especificamente, suporemos que a solução u seja uma
30
2. Equação da onda
Usando integral por partes com relação a x na segunda integral da equação acima, de
modo que u = ut e dv = ⌧ uxx , conseguimos o seguinte:
L
Z L
⌧ ut ux ⌧ ux utx dx.
0 0
Substituindo em (2.31)
✓ Z L ◆ Z L Z L
d 1 2
L
⇢(ut )t dx + ⌧ ux utx dx = ⌧ ut ux + h1 (x, t)ut dx,
dt 2 0 0 0 0
31
2. Equação da onda
h1 (x, t) = 0
,
ut (0, t) = ut (L, t) = 0
Tal resultado implica que a energia total seja constante em relação ao tempo, portanto,
temos o princı́pio da conservação de energia para o fenômeno de vibração de cordas
com extremidades fixas e sem ação de forças externas. Dizemos também que o sistema
é conservativo.
Podemos representar a energia da corda vibrante no tempo t = 0 usando os dados
iniciais do P V IF (2.14) por
Z L Z L
1 1
E(0) = 2
⇢(x)g(x) dx + ⌧ f 0 (x)2 dx.
2 0 2 0
32
2. Equação da onda
Isto implica ut (x, t) = ux (x, t) = 0, para (x, t) em R, pois ⇢(x) e ⌧ são positivos. Logo,
u(x, t) é constante em R. Usando a continuidade de u, em R̄, e as condições iniciais
u(x, 0) = ut (x, 0) = 0, podemos concluir que u = 0 em R̄, e finalmente u1 = u2 ,
mostrando assim a unicidade de solução do problema (2.37).
33
2. Equação da onda
n
1X
⇢(xN )hu2t (xN , t).
2 N =1
Tomando limite quando n ! 1 temos, pela definição de integral como limite das
somas de Rieman,
n Z
1X 2 1 L
lim ⇢(xN )hut (xN , t) = ⇢(x)u2t (x, t)dx.
n!1 2 2 0
N =1
• Energia potencial
Para a questão da energia potencial, vejamos o trabalho das forças de tensão. To-
memos novamente o trecho da corda entre x = a e x = a + h; a força de tensão neste
trecho, no instante t, é apenas na direção transversal, e é dada por
onde a igualdade acima é devida ao teorema do valor médio e x 2 [a, a + h]. Sabendo
que a fórmula fı́sica para o trabalho é
~
T = F~ d, (2.39)
4x
V = , (2.40)
4t
34
2. Equação da onda
Portanto, se as extremidades da corda estão fixas, isto é, u(0, t) = u(L, t) = 0, nós
temos Z t0 Z L
T = ⌧ ux (x, t)utx (x, t)dxdt,
0 0
e daı́ usando ut utx = 12 (u2x )t e o teorema de Leibniz, [6, Teorema 3 p. 66], podemos
escrever: Z t0 Z L
1d
T = ⌧ u2x dxdt,
0 2 dt 0
35
2. Equação da onda
Esta última expressão mostra que o trabalho das forças de tensão para levar a corda da
configuração u(x, 0) até a configuração u(x, t0 ) depende tão somente das configurações
inicial e final, e isto é o que motiva a definição de energia potencial em (2.34).
36
2. Equação da onda
@ n⇡c ⇣ n⇡x ⌘
un (x, t) = ↵n cos(k⇡) sen ,
@t L L
ou seja, o coseno atingirá seu valor máximo 1, e daı́ conseguimos a velocidade máxima
atingida, ⇣ n⇡x ⌘
@ n⇡c
un (x, t) = ↵n sen .
@t L L
⇥ ⇤
Se considerarmos os valores de t tais que sen n⇡ct
L
± ✓n = ±1, neste caso a corda
terá seus desvios máximos da posição de equilı́brio pois, o seno atinge seus valores
extremos ±1 e então teremos
⇣ n⇡x ⌘
un (x, t) = ±↵n sen .
L
⇥ n⇡ct
⇤ n⇡ct k⇡
Como sen L
± ✓n = ±1, devemos ter L
+ ✓n = 2
, com k = 1, 3, ..., 2n + 1.
Portanto, ✓ ◆
@ k⇡ n⇡c ⇣ n⇡x ⌘
un (x, t) = ↵n cos sen = 0,
@t 2 L L
ou seja, teremos que a velocidade nos pontos de equilı́brio é 0.
Sabendo que a fórma básica de uma curva senóide ao longo do tempo é dada por
onde
A = amplitude
2⇡f = frequência ângular = !
,
' = fase
t = tempo
podemos comparar (2.42) com (2.43) e ver se o movimento da corda obedece uma lei
n⇡x
senoidal de amplitude ↵n sen L
. O perı́odo de uma onda é caculado pela fórmula
2L 2L
Tn = !
, portanto, no caso de (2.42), temos que Tn = nc
, e a frequência de vibração
37
2. Equação da onda
nc
é dada por !n = Tn 1 = 2L
, que não depende de x e t, logo é a mesma em todos os
pontos da corda.
Daı́, ⇣ n⇡x ⌘
nc
!n = e ↵n sen
2L L
são denominadas, respectivamente frequência ou frequência natural e amplitude da
n-ésima tônica.
n⇡ct
onde n = L
+ ✓n . Supondo que ⇢ e ⌧ sejam constantes, temos que
Z L ⇣ n⇡x ⌘ Z L ⇣ n⇡x ⌘
n2 ⇡ 2 c2 n2 ⇡ 2
En (t) = ⇢ ↵n2 2
cos ( n ) sen
2
dx+ 2 ⌧ ↵n2 sen2 ( n ) cos
2
dx.
2L2 0 L 2L 0 L
n2 ⇡ 2 2 2
En (t) = ↵ (⇢c cos2 ( n) + ⌧ sen2 ( n )),
4L n
⌧
sabendo que c2 = ⇢
e que sen2 ( n) + cos2 ( n) = 1, segue
n2 ⇡ 2 2 2
En (t) = ↵n ⇢c = M ⇡ 2 ↵n2 !n2 ,
4L
Teorema 2.3. A energia da corda é a soma das energias dos vários harmônicos.
38
2. Equação da onda
Z " #2 Z " #2
1 L 1
X n⇡c ⇣ n⇡x ⌘ 1 L 1
X n⇡ ⇣ n⇡x ⌘
E= ⇢ bn sen dx + ⌧ an cos dx.
2 0 n=1
L L 2 0 n=1
L L
como ⌧ = c2 ⇢, temos
1
X 1
X
n2 ⇡ 2 c2 ⇢ n2 ⇡ 2 c2 ⇢↵2 n
E= (b2n + a2n ) = .
n=1
4L n=1
4L
Ou seja,
1
X
E= En .
n=1
39
2. Equação da onda
seriam descritas pela função u(x, t), que é solução do P V IF (2.14), com
8
>
> hx
, para 0 x a
< L
f (x) =
>
> (2.44)
: h(x L)
, para a x L
a L
g(x) = 0.
Esse é o modelo ideal do que ocorre quando se dedilha cordas de uma harpa, ou
quando se toca instrumentos de corda como violão, cavaquinho e guitarra. A figura
abaixo representa geometricamente este modelo.
Usando integração por partes novamente agora na segunda integral de (2.45) com,
40
2. Equação da onda
h(x L) n⇡x
u= a L
e dv = sen L
, obtemos
Portanto, nos pontos de nós temos que o n-ésimo harmônico permanecerá mudo. Vemos
também que o primeiro harmônico nunca permanecerá mudo,
2hL2 ⇣ ⇡a ⌘
u1 (x, t) = sen ,
a(L a)⇡ 2 L
pois a u1 (x, t) será zero apenas no ponto de nó, logo, não temos uma função identica-
mente nula.
As vibrações de uma corda se transmitem pelo ar, produzindo, assim, ondas sonoras;
desta forma podemos entender o som produzido pela corda vibrante como sendo uma
41
2. Equação da onda
superposição de harmônicos.
Fisicamente, as propriedades do som são funções que dependem de vários parâmetros,
os quais podem ser representados em un de acordo com cada caso. A altura do som,
por exemplo, é medida em hertz (ciclos por segundo); ela é a frequência do harmônico
fundamental. Quanto maior é a frequência, mais alto é o som. Os sons audı́veis têm
frequências variando entre 16 e 16.000 hertz.
A altura do som depende das condições fı́sicas da corda. Temos que
nc
!n = ,
2L
daı́,
c
!1 = .
2L
q
⌧
Como c = ⇢
, conseguimos
r
1 ⌧
!1 = .
2L ⇢
Portanto, se diminuirmos o comprimento L da corda, a altura aumentará. Empirica-
mente, este artifı́cio é usado quando na harpa se diminui o comprimento da corda por
meio de um pedal. Também vemos isso quando os comprimentos de cordas do violão
ou violino são diminuidos com a pressão dos dedos em certos pontos.
De modo análogo, vemos em !1 , que a altura do som aumenta segundo a raiz
quadrada da força de tensão. Daı́ a explicação para o porquê de afinarmos as cordas
do violão, violino ou qualquer instrumento de cordas, pois, com o tempo, a tensão na
corda varia, e ela passa a produzir sons em alturas diferentes.
A intensidade do som depende da energia da corda vibrante. No caso da corda
dedilhada, essa energia é
1
X
E = n⇡ 2 !n2 a2n .
n=1
P
Sabendo pelo teorema 2.3 que E = En , temos que a intensidade varia proporcio-
nalmente ao quadrado do deslocamento dado à corda no ponto onde se dedilha, por
exemplo: se dobrarmos h (altura que puxamos a corda ao dedilhar) como temos na
expressão da energia o a2n , tal valor quadruplicará.
Por último, o timbre do som é uma qualidade que permite distinguir sons de mesma
altura e mesma intensidade. Ele depende da forma de u(x, t) e, portanto, das su-
pertônicas. Assim, sons de mesma altura e intensidade podem ser executados ao mesmo
tempo por intrumentos cuja vibração, pode ser propiciada por dedilhamento (violão),
percussão (piano) ou atrito de um arco (violoncelo), de modo que não sejam confun-
didos entre si. O que faz com que este interessante fenômeno ocorra é o timbre, pois a
42
2. Equação da onda
n2 ⇡ 2 c2
c00n + cn = gn (t),
L2
43
2. Equação da onda
P V IF (2.48), concluı́mos
1
X ⇣ n⇡x ⌘
f0 (x) = u(x, 0) ! f0 (x) = cn (0) sen (2.52)
n=1
L
e 1
X ⇣ n⇡x ⌘
f1 (x) = ut (x, 0) ! f1 (x) = c0n (0) sen , (2.53)
n=1
L
e Z L ⇣ n⇡x ⌘
2
c0n (0) = f1 (x) sen dx. (2.55)
L 0 L
Assim, temos um P V I envolvendo uma equação diferencial ordinária de segunda
ordem. Tal problema é dado em (2.51)-(2.54)-(2.55), onde a solução geral da EDO
(2.51) é da forma
onde an e bn são constantes arbitrárias que serão determinadas de modo que (2.54) e
(2.55) sejam satisfeitas; e ĉn (t) é uma solução particular da EDO (2.51) que é obtida
através do método da variação dos parâmetros.
Portanto, determinamos cn (t) reslvendo o P V I (2.51)-(2.54)-(2.55), e daı́ temos
que a equação (2.49) deve ser solução do P V IF (2.48). Mas, para que isto ocorra, é
necessário pormos hipóteses sobre a diferenciabilidade das funções g, f0 e f1 , para que
desta maneira possamos provar que a série em (2.49) converge e define uma solução
para (2.48). Tal problema já foi discutido de maneira análoga anteriormente quando
vimos na seção 2.5 o teorema 2.1.
44
2. Equação da onda
onde f (x) e g(x) são as condições iniciais. O problema (2.56) é conhecido como pro-
blema de Cauchy.
Teorema 2.4. Se u(x, t) satisfizer a equação da onda, utt = c2 uxx , onde c é constante,
então existirão funções F e G reais de variável real , isto é F : R ! R e G : R ! R,
tais que
u(x, t) = F (x + ct) + G(x ct) (2.57)
⇠ = x + ct e ⌘ = x ct,
@v @⇠ @v @⌘
ux = (⇠, ⌘) (x, t) + (⇠, ⌘) (x, t).
@⇠ @x @⌘ @x
@⇠ @⌘
Como @x
(x, t) = @x
= 1, derivando a expressão acima novamente com relação a x,
obtemos
@ 2 v @⇠ @ 2 v @⌘ @ 2 v @⇠ @ 2 v @⌘
uxx = + + + .
@⇠ 2 @x @⌘@⇠ @x @⇠@⌘ @x @⌘ 2 @x
Vamos usar a seguinte notação para facilitar os cálculos:
Pelo teorema de Schwarz, [6, Teorema 4 p. 67], podemos somar as derivadas mistas
45
2. Equação da onda
que implica
4c2 v⇠⌘ = 0,
de onde temos
v⇠⌘ = 0. (2.60)
A equação em (2.60) nos diz que a função v⇠ é constante com relação a ⌘, por isso,
integrando-a com relação a ⌘ podemos escrever
Z
v⇠⌘ d⌘ = F1 (⇠),
ou seja,
v⇠ = F1 (⇠).
46
2. Equação da onda
1
sen(a) cos(b) = [sen(a + b) + sen(a b)]
2
e
1
sen(a) sen(b) = [cos(a b) cos(a + b)].
2
mostrando que (2.19) pode ser escrita na forma F (x + ct) + G(x ct), com
1 ✓ ◆ ⇣ n⇡⌘ ⌘
1X n⇡⇠
F (⇠) = an sen + bn cos
2 n=1 L L
e
1 Xh ⇣ n⇡⌘ ⌘ ⇣ n⇡⌘ ⌘i
1
G(⌘) = an sen + bn cos .
2 n=1 L L
1
F 0 (x) G0 (x) = g(x).
c
47
2. Equação da onda
ou seja, Z x
f (x) 1 K
G(x) = g(s)ds .
2 2c 0 2
Procedendo de maneira análoga, temos que
Z x
f (x) 1 K
F (x) = + g(s)ds + .
2 2c 0 2
Portanto, como
temos Z x+ct
1 1
u(x, t) = [f (x + ct) + f (x ct)] + g(s)ds. (2.63)
2 2c x ct
Intervalo de dependência
Analisando a fórmula de D’Alembert, vemos que o valor da solução u do problema
de Cauchy em (2.56) no ponto (x, t) depende apenas dos valores dos dados iniciais
f (x) e g(x) no intervalo [x ct, x + ct]. Este intervalo é chamado de intervalo de
dependência do ponto (x, t). Observe a figura abaixo, que representa este intervalo
geometricamente.
48
2. Equação da onda
Notemos que os valores dos dados iniciais f e g fora do intervalo [x ct, x + ct] não
afetam o valor de u no ponto (x, t), ou seja, os dados iniciais podem ser arbitrariamente
modificados fora deste intervalo sem que a solução u seja alterada no ponto (x, t).
Para calcularmos a equação das retas que estão na figura acima, primeiramente
acharemos os seus respectivos coeficientes angulares,
t t 0 1
m1 = = =
x x x + ct c
e
t t 0 1
m2 = = = .
x x x ct c
Daı́ podemos calcular as equações das retas. Vamos fazer o cálculo para a reta da
esquerda:
(a a1 ) = m1 (b b1 )
1
a = (b x + ct)
c
ac = b x + ct
ac b= x + ct
ac b=x ct.
Do cálculo acima, concluı́mos que
x ct = constante, (2.64)
x + ct = constante. (2.65)
49
2. Equação da onda
Região de influência
A fórmula de D’Alembert também nos diz que os valores de f e g no ponto (x, 0)
influenciam os valores de u apenas no setor haxurado da figura abaixo.
Note que (x, t) 2 I(x0 ) , x 2 [x ct, x + ct]. Os pontos de I(x0 ) são aqueles
que a solução u do problema de Cauchy depende dos valores iniciais f e g no ponto
(x0 , 0); se mudarmos os valores iniciais f e g nesse ponto, isso só afetará u nos pontos
(x, t) 2 I(x0 ). O conjunto I(x0 ) é chamado de região de influência.
Deste modo, supondo que os dados iniciais f e g tenham suporte no intervalo [a, b],
isto é, f e g se anulem fora da região haxurada na figura abaixo, então a solução u(x, t)
é nula fora desta região, que é chamada região de influência dos dados iniciais.
50
2. Equação da onda
Velocidade de propagação
É possı́vel interpretar o prolema de Cauchy como a vibração de uma corda de
comprimento infinito, onde esta vibração é oriunda de perturbações feitas à corda
quando esta se encontra em sua posição de repouso. No tempo inicial, temos que o
afastamento causado à corda é descrito por u(x, 0) = f (x); e a velocidade inicial da
corda é representada pelo outro dado inicial, ut (x.0) = g(x). Assim, vemos que, caso as
pertubações iniciais estejam concentradas em um trecho [a, b] da corda, elas poderão
x0 b
afetar um ponto x0 > b apenas depois de um tempo, t0 = c
, obtido através da
fórmula da velocidade média. Isso quer dizer que as pertubações viajam ao longo da
corda com velocidade c; observe a representação geométrica desta situação na figura
abaixo.
1
u(x, t) = [f (x + ct) + f (x ct)]. (2.66)
2
Neste caso, para cada t, a solução u(x, t) é a superposição de duas ondas, a saber, a
função f (x + ct) é a chamada onda regressiva, e f (x ct) é a onda progressiva. Para
fixarmos esta ideia, vejamos o exemplo a seguir.
51
2. Equação da onda
Na Figura 2.9 vemos a onda no instante t = 0. Ela gera duas ondas: a regressiva,
que se locomove para a esquerda, a qual representaremos nas próximas figuras como
uma linha de traços e pontos, e a onda progressiva, que se locomove para a direita,
representada apenas como uma linha tracejada.
A figura abaixo mostra as ondas regressiva e progressiva no instante t = 12 .
1
Figura 2.10: ondas regressiva e progressiva no instante t = 2
Fonte: [2, p. 154]
✓ ◆ ✓ ◆ ✓ ◆
1 1 1 1
u x, = f x+ +f x
2 2 2 2
;
1 1 1
= x+ +1 x +1
2 2 2
⇥ 1 1
⇤ 1 1
no intervalo ,
2 2
, temos x + 2
é sempre positivo e x 2
é sempre negativo, logo,
✓ ◆
1 1 1 1
u x, = x +1+x +1
2 2 2 2
1
= .
2
3 1
* u para valores de x no intervalo [ 2
, 2
]
52
2. Equação da onda
1
Nesta região, temos apenas a influência da onda regressiva f x + 2
, pois, a onda
1
progressiva não tem valores antes de x = 2
. Então, concluı́mos que neste ponto a u
é dada por ✓ ◆ ✓ ◆
1 1 1
u x, = f x+
2 2 2
1
x+ 2 +1
=
2
x 12 + 1
=
2
x 3
= + .
2 4
⇥1 ⇤
* u para valores de x no intervalo ,3
2 2
1
Nesta região, temos apenas a influência da onda progressiva f x 2
, pois a onda
regressiva não tem valores depois de x = 12 . Então, concluı́mos que nestes pontos que
a u é dada por ✓ ◆ ✓ ◆
1 1 1
u x, = f x
2 2 2
1
x 2 +1
=
2
+x 12 + 1
=
2
x 3
= + .
2 4
1
Logo, temos que a superposição u com t = 2
tem o gráfico descrito pela imagem
abaixo.
Nas Figuras 2.12 e 2.14 vemos as ondas progressiva e regressiva viajando nos tempos
t = 1 e t = 2, respectivamente; já nas Figuras 2.13 e 2.15, vemos as superposições u(x, 1)
e u(x, 2).
53
2. Equação da onda
54
2. Equação da onda
Vimos acima que a condição inicial u(x, 0) = f (x) é satisfeita; vejamos agora a outra
condição, tendo (2.63) como
Z x+ct Z x ct
1 1
u(x, t) = [f (x + ct) + f (x ct)] + g(s)ds g(s)ds.
2 2c 0 0
1 1
ut (x, t) = [cf 0 (x + ct) cf 0 (x ct)] + [cg(x + ct) + cg(x ct)],
2 2c
daı́,
1 1
ut (x, 0) = [cf 0 (x) cf 0 (x)] + [2g(x)c]
2 2c
= g(x),
1 1
utt = [c2 f 00 (x + ct) c2 f 00 (x ct)] + [2g 0 (x + ct)c2 ]
2 2c
e
1 1
uxx = [f 00 (x + ct) f 00 (x ct)] + [2g 0 (x + ct)].
2 2c
Assim, é fácil ver que (2.63) satisfaz a equação da onda utt = c2 uxx .
55
2. Equação da onda
Sob tais condições dizemos que a função (2.63) é de classe C 2 em todo plano (x, t),
e dizemos que é uma solução estrita. Para termos o problema de Cauchy (2.56) com os
dados iniciais, f e g, não diferenciáveis ou até mesmo descontı́nuos, temos que ampliar
o nosso conceito de solução. Assim, consideramos as soluções generalizadas de Sobolev.
No entanto, estas não serão abordadas neste trabalho.
utt ut = c2 uxx ut ,
1 2
(u )t = c2 [(ux ut )x ux uxt ],
2 t
1 2 c2
(ut )t + (u2x )t = c2 (ux ut )x .
2 2
56
2. Equação da onda
A integral em (2.67) é chamada integral da energia e ela nos diz que a energia, é
constante. Logo,
Z 1 Z 1
1 c2 1 c2
ut (x, t)2 + ux (x, t)2 dx = g(x)2 + f 0 (x)2 dx (2.68)
1 2 2 1 2 2
a relação em (2.68) expressa conservação de energia, pois diz que a integral de energia
em qualquer tempo é igual à do tempo inicial, t = 0.
57
2. Equação da onda
58
2. Equação da onda
@u ! 1
! = ru · CA = p ( ux + ut ).
@ CA 2
!
Analogamente, p1 (ux + ut ) é a derivada direcional de u na direção BA. Daı́,
2
Z Z Z A Z B Z C
@u @u
(utt uxx )dxdt = ! (s, t)ds + ! (s, t)ds ut (s, 0)ds,
⌦ C @ CA A @ AB B
ou seja,
Z Z Z x+t
(utt uxx )dxdt = u(x, t) u(x + t, 0) + u(x, t) u(x t, 0) ut (s, 0)ds.
⌦ x t
que nos dá a solução para o problema de Cauchy não-homogêneo, representada pela
equação abaixo:
Z x+t Z Z
f (x + ct) + f (x ct) 1
u(x, t) = + g(s)ds + h(x, t)dxdt. (2.71)
2 2 x t ⌦
Utilizaremos este fato para resolvermos o P V IF para a corda semi-infinita, dado por
8
>
> u = c2 uxx , x>0et>0
>
< tt
u(0, t) = h(t), t>0 , (2.72)
>
>
>
:u(x, 0) = f (x) e u (x, 0) = g(x),
t x>0
onde f , g e h são funções dadas; posteriormente, falaremos das hipóteses que devemos
impor sobre a regularidade destas funções.
A resolução do problema (2.72) consiste na determinação de funções F e G em
59
2. Equação da onda
Usando as expressões acima, e fazendo um cálculo análogo ao que foi feito na obtenção
da fórmula de D’Alembert, temos
Z x
1 1
F (x) = f (x) + g(s)ds + K; x > 0,
2 2c 0
e Z x
1 1
G(x) = f (x) g(s)ds K; x > 0,
2 2c 0
60
2. Equação da onda
de D’Alembert nessa região. Podemos dizer, então, que, o ponto x ”não percebe”o fato
de que a corda é limitada à esquerda, a não ser após um tempo t = xc .
ii) Se o ponto (x, t) estiver na região x ct < 0, observemos que, na figura acima, a
x
reta caracterı́stica que sai de (x, t) toca o eixo t no ponto t c
, reflete, e em seguida
toca o eixo x no ponto ct x. Na realidade, devemos olhar esse trajeto no sentido
oposto, como um sinal emanando do ponto (ct x, 0), que se propaga para a esquerda
com velocidade c, onde encontra a extremidade da corda, e daı́ se reflete e encontra
o ponto (x, t); a fórmula da solução nos diz que nesta reflexão há uma troca de sinal:
f (ct x) passa a ser f (ct x).
Observemos também que há uma produção de sinais na extremidade da corda que
x
se propagam para a direita, com velocidade de propagação c. Assim, no instante t c
x
temos, pela condição u(0, t) = h(t),um sinal se intensidade h(t c
), que também vai
aparecer na composição da solução u no instante (x, t).
Demonstração. Consideremos o P V IF
onde fˆ(x) é a extensão de f para x < 0, de modo que fˆ(x) e ĝ(x) sejam funções
ı́mpares. Usando a fórmula de D’Alembert, como ela satisfaz as condições iniciais de
(2.72), basta mostrar que u(0, t) = 0. Com efeito,
Z ct
1 1
u(0, t) = [fˆ(ct) + fˆ( ct)] + ĝ(s)ds,
2 2c ct
61
2. Equação da onda
e como fˆ e ĝ são extensões ı́mpares de f e g segue que u(0, t) = 0. Isso nos mostra que
a solução do problema de Cauchy é a mesma solução para o P V IF (2.72).
62
Referências Bibliográficas
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nary Value Problems, John Wiley & sons, 3o Ed.
[3] Halliday D.; Resnick R.; Walker J., Fundamentos da Fı́sica: gravitação,
ondas e termodinâmica, volume 2, LTC, 8o Ed., 2009.
[4] Iório V., EDP Um Curso de Graduação, IMPA, 4 Ed., Rio de Janeiro, 2016.
[5] Lima E.L., Análise Real, volume 1, IMPA, 12o Ed., Rio de Janeiro, 2016.
[6] Lima E.L., Análise Real, volume 2, IMPA, 6o Ed., Rio de Janeiro, 2016.
[7] Medeiros L.A., Iniciação às Equações Diferenciais Parciais, LTC, 1o Ed., Rio
de Janeiro, 1978.
63