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Janeiro: As Aventuras de Bilbo Bolseiro contra a Zona

de Conforto
Janeiro... Ah, doce janeiro...

Rodeado por promessas, empolgação, energia... Quem nunca


chegou nesse mês do ano e falou “esse ano será o meu ano, será
diferente!”. E tenho certeza de que essa declaração foi seguida
de milhares de metas, objetivos, alvos, todos – aparentemente –
alcançáveis para esse novo ano. Contudo, parece que não
acontece sempre assim... E quero ajudar você a construir um ano
maravilho com cada reflexão, a começar com um dos meus
personagens favoritos... Com você, nosso amigo Bilbo Bolseiro!

Antes, vamos contextualizar nosso aventureiro! Bilbo era um


Hobbit do condado. O condado era um pequeno povoado
pacato. Repleto de belas paisagens e Hobbits amigáveis. Os
Hobbits são personagens do universo de O Senhor dos Anéis,
escritos por J.R.R. Tolkien (duvido encontrar o nome dele e
pronunciar 10 vezes bem rápido... sério...), e são conhecidos –
principalmente os do condado – por sua grande aversão a
aventuras. Nada de grandioso e perigoso acontece na vida no
condado. Até que Gandalf, o grande mago, chega à porta de
Bilbo Bolseiro. Gandalf tem papel fundamental na trilha e a
partir daqui a vida de qualquer pessoa, ou melhor, Hobbit, não
seria mais a mesma.

Se você já leu ou assistiu “O Hobbit”, já conhece a história do


Bilbo, não é? Caso ainda não conheça, juro que você não vai se
arrepender. Enfim, continuando nossa contextualização: Bilbo
tinha orgulho de sua vida pacata, sem aventuras e calminha. Mas
algo nesse padrão acaba mudando depois de uma bela tarde,
após uma visitinha estranha de Gandalf. A partir daí, tudo
desandou: Bilbo começa a receber visitas inesperadas não tão
“bem-vindas”. Anões começam a aparecer, comer sua comida e
beber sua bebida. Nosso queridinho foco de hoje descobre que
os anões estavam se preparando para um longa aventura em
busca da recuperação de seu tesouro roubado pelo dragão
Smaug, e que acreditavam – por influência de Gandalf –, que o
Hobbit seria um grande e experiente ladrão que viria ajudá-los
nessa empreitada. Estranhamente é assim, que o Hobbit,
diretamente do lugar mais pacato da terra, acaba se enfiando
nessa louca jornada – não sem muita reclamação e desespero.
Enfim, o Hobbit acaba encontrando o Um Anel e se tornando
realmente o ladrão que os anões precisavam.

Mal sabia ele que quebrou totalmente a expectativa de vida


pacata dos Hobbits do condado. Afinal, ele saiu totalmente da
sua zona de conforto, que diferente de muitas zonas de conforto
que nós nos colocamos, essa era realmente confortável. Não
haveria nenhum ônus – pelo menos, não naquele momento e não
diretamente para ele – se ele escolhesse permanecer em sua vida
comum. Mas ele escolheu viver coisas diferentes.

Claro que ele pensou em desistir a todo momento em sua


jornada, afinal, usava seu superpoder de reclamação para pesar o
rolê. Nosso amigo sentiu medo, entrou em desespero, quase
morreu – literalmente – várias vezes. Reclamou de tudo, até o
último minuto. Agora, o que uma jornada longa não causa a
alguém, não é?! Poderíamos até pensar nessa jornada como os
nossos anos que se passam, só para entendermos o personagem.
Em um ano vivemos tantas coisas, escolhas, situações. Tantas
circunstâncias difíceis que parecem grandes dragões. E nesse
turbilhão de acontecimentos nos ocorre o mesmo que ocorreu
com Bilbo: somos transformados!

Essa transformação foi tão real, que quando retornou ao


condado, todos passaram a olhá-lo de forma diferente.
Infelizmente, esse diferente não era tão bom – no caso de Bilbo,
claro. Passaram a olhá-lo com um ar esquisito, como se ele já
não fizesse mais parte daquele condado. E o sentimento que
Bilbo tinha, ia de encontro a isso. Que a vida pacata, que antes
era perfeita, hoje não era tão boa assim. Era confortável, mas
extremamente chata. Contudo, mesmo com essa nova ânsia por
aventurar-se, Bilbo em momento algum deixou de ser um
hobbit.

Estamos em janeiro, o mês em que várias mudanças são


sonhadas, planejadas, mas nem sempre cumpridas. Então vamos
aprender um pouco com Bilbo Bolseiro, vamos descobrir os
segredos que aprendeu na sua jornada ao desconhecido que tanto
o transformou. Como uma das principais coisas que aconteceu
com nosso amigo foi ele sair da zona de conforta, que tal
começarmos com esses pontos em nosso ano? Vamos aprender
agora quatro lições importantes que Bilbo traz em sua saga
contra o conforto do condado!

1 – Ele deu o primeiro passo!

Já ouviu aquela frase “antes feito do que perfeito”? Obviamente


não se constrói uma torre antes de analisar se há recursos para a
construção, mas absolutamente nada acontece sem o primeiro
passo! Bilbo não era um aventureiro, não era visivelmente
corajoso ou possuía habilidades para praticar o que esperavam
dele. Mas durante o processo, ele se tornou tudo isso.
Alerta importante de spoiler aqui: diferente do que muitas vezes
imaginamos, a vida não vai ser transformada depois do primeiro
passo. Bilbo reclamou a viagem inteira, se arrependeu diversas
vezes – e tenho certeza, que só não voltou para o condado
porque não conseguia fazer a viagem sozinho. Porém deu o
primeiro passo! Então dê o primeiro passo, mas não esqueça de
aplicar os próximos aprendizados.

2 – Ele tinha um propósito para sua jornada.

Se você já fez como eu, vai entender bem esse exemplo: Você já
tentou acordar mais cedo do que costuma e não conseguiu? Pois
é, triste, não é? Agora, posso te contar o porquê não funcionou
para nós? Provavelmente porque não havia um propósito claro
para essa ação! Ninguém se submete a situações de sacrifício
sem um objetivo claro, estimulante e principalmente, pessoal.
Bilbo não saiu do condado porque estavam todos saindo e
chamaram ele pro rolê. Bilbo saiu porque sabia exatamente o
que os anões deveriam fazer: Derrotar Smaug. E por mais que
amasse o conforto do condado, seu sangue Tuk ansiava por uma
aventura.

Detalhes aqui: perceba, mesmo que o propósito dos anões


estivesse claro, se não houvesse nada dentro dele que o
empurrasse para a aventura, ele não iria, e não aguentaria a
jornada, precisava então ser pessoal! Até conseguiria dar alguns
passos em prol da luta dos anões, mas mesmo que houvesse essa
energia que o empurrasse, e não houvesse um propósito ou algo
interno que o ligasse a isso, ele se sentiria correndo atras do
vento e não conseguiria chegar até o fim de sua jornada.
Nenhuma mudança persistirá se você não souber por que mudar.
Quantas vezes você se propôs a ir a acordar mais cedo só porque
ouviu de alguém do clube das 5h que isso fazia bem? E não deu
certo né? Porque o propósito do outro, não é o seu. E sem esse
propósito claro, não existe mudança.

O processo é o grande transformador, mas sem um alvo a ser


alcançado, o próprio processo perde o sentido.

3 – Ele se dispôs a enfrentar desafios

Bilbo não era um exemplo de aventureiro no começo de sua


jornada, mas saiu da zona de conforto, e continuou caminhando.
Agora, algo muito previsível em uma jornada longa como a do
personagem é que sair da zona de conforto requer aprender
outras habilidades – além da grande habilidade de reclamar que
já era inata do Hobbit. Reparem no seguinte: quando os anões
chegaram à casa de Bilbo, ele não era um ladrão, muito menos
um aventureiro. Porém quando Bilbo voltou ao condado, ele
havia se tornado tudo isso e muito mais! Empolgante, não é?
Deixa-me contar um segredo então: foram os desafios que ele
precisou enfrentar que o tornaram em aventureiro, ladrão, amigo
de Gandalf e um autêntico Tuk.

Os desafios geram em nós habilidades. Olha só para Bilbo, ele


foi corajoso, foi esforçado, foi até o fim de algo. Isso tudo
graças a toda a aventura grandiosa que passou. Lembrete: nada
seria perfeito na primeira vez, fique com isso.

4 – As relações de Bilbo não foram mais as mesmas.


Se você sempre foi aquele que dizia sim, no seu primeiro não,
algumas pessoas se afastarão, ou se tornarão mais “frias”.
Entenda, algumas pessoas não se sentirão confortáveis com a
sua mudança. Isso se dá por vários motivos que não vou abarcar
aqui. Porém, lembre-se, você não está buscando a evolução dos
outros, mas a sua.

Fofocando sobre Bilbo, quando ele voltou para o condado, todos


passaram a olhá-lo como um invasor. Os relacionamentos dele
no condado não eram mais os mesmos... Porém, em sua jornada
ele encontrou vários outros seres diferentes, que o levaram a
olhar para outras questões da vida, como os Elfos. E quando
Bilbo sentiu que o condado já não era mais sua casa, encontrou
morada junta aos Elfos, que o permitiam viver toda a beleza que
ele havia reencontrado na vida.

Que tal colocar em prática?

1 – Faça uma lista com o que quer para seu ano. Minha
sugestão é separar em algumas áreas, como Trabalho,
Relacionamentos, Propósito/Espiritual e Pessoal.

2 – Coloque do lado de cada meta “o porquê isso é


importante para você?”. Não tenha medo de mudar a lista
enquanto a fabrica, sinta-se à vontade para sonhar e colocar
o que realmente importa.

3 – Coloque agora quais desafios fariam você desistir dessas


metas, e depois como passar por cima de cada desistência.
4 – Por fim, coloque quais pessoas são seus “Elfos”, ou seja,
aqueles que você pode “voltar” se tudo der errado. Esses
serão seus braços amigos.

Vamos refletir e colocar tudo isso em prática nesse mês? Boa


sorte Psicogeek!
Fevereiro: A solidão na multidão
Brasilzão e o Carnaval! Fevereiro é o mês da festa conhecida
dentro e fora de nossa nação. Dizem por aí até que o ano só
começa depois do carnaval, não é mesmo? Curioso e
interessante que março seja o mês em que precisamos restaurar
todas as peças quebradas pelo carnaval. Depois de Janeiro, o
mês das promessas, seguimos com fevereiro que é a nossa
“sexta-feira” – sexta-feira é o dia do “hoje pode”. Ou vai dizer
que nunca pensou isso? Enfim, por isso quero trazer um festeiro
para essa roda de conversa entre mim e você. Vamos falar de
Thor, o Festeiro?

Só para me explicar, estou falando do Thor Festeiro, que


aparece no 7º episódio de “What If...?”, série da Disney que
“bagunça a vida de alguns heróis e suas linhas do tempo”.
Agora, essa versão do deus do trovão é mais representativa para
nossa proposta aqui do que o próprio herói dos vingadores.
Confia, você já irá entender. Thor nessa versão tem seus
pensamentos sempre nas festas, no rolê mais louco possível. E
se o planeta for destruído por causa de sua festa? Quem se
importa! O que importa é que o rolê tenha sido maneiro!

Nessa saga da versão “zueira” dos vingadores, Thor é popular,


bem-quisto, o cara gente boníssima da festa. Thor é sempre o
desejado para estar nas festas, o que deve comparecer para que
“tenha graça”. Esse conceito acompanha nosso personagem, e o
faz ter incontáveis amigos. Thor Festeiro possuía diversos
parceiros de rolê enquanto se divertia, sempre com todos
topando suas loucuras, topando até destruírem a Terra toda. Mas
já percebeu que ninguém o ajudou quando a Capitã Marvel
apareceu? Pois bem, o nosso “herói” acaba sendo espancado
pela heroína – inclusive uma das melhores lutas e explorações
da capitã no MCU cinematográfico – rebatendo em alguns
momentos, mas tomando várias pancadas sem nenhuma
ajudinha alheia. Thor mantêm sua reputação na festa,
continuando a dar o baile todo, mas com várias interferências da
heroína. Aqui o destruidor de planetas pelo rolê ainda tinha
amigos...

Porém, uma catástrofe acaba impactando a vida do herói – não


sei realmente como mencionar Thor nesse episódio, será que
anti-herói seria a melhor posição para ele? Não sei mesmo – a
“ligação” de sua Mãe, Frigga, dizendo que ela estava a caminho!
A mãe aqui representou a “ordem” de sua farra, o peso na
consciência, a responsabilidade pegando forte na mente, o
momento de desperto que algumas pessoas trazem à tona no
meio da festa, aquela famosa frase “o que eu estou fazendo
aqui?”. Momento complicado para Thor, e um tanto embaraçoso
para a Capitã encarar junto a seu atual adversário. Contudo, essa
não é a ênfase que eu gostaria de tratar aqui. Gostaria de
mencionar o que realmente complicou a vida do personagem: o
quanto foi difícil parar a festa e colocar todo mundo para
arrumar a baderna toda! Frigga avisou que estava a caminho e
Thor até tenta informar seus parceiros que precisava de ajuda,
mas foi tudo em vão. Realmente, nenhum deles fez questão de
ajudar o Festeiro a arrumar o que estava desconstruído na Terra.

Será que isso é tão diferente da nossa realidade de hoje? As


vezes nos sentimos altamente envolvidos por pessoas, as vezes
parecem ser próximas. Contudo, em meio a um turbilhão de
coisas que nossa trajetória pode trazer, ficamos sozinhos “para
dar conta da bagunça toda”. Somos assaltados por um
sentimento que poderia chamar de “solidão”. Explicando
melhor, solidão não é estar sozinho, ou não ter pessoas
próximas. Solidão é um rompante de nossas emoções que
traduzem o vazio de não termos para quem correr em alguma
situação que passamos. Por exemplo, é ter uma situação para
resolver com um amigo próximo e não poder contar para outros
parceiros por conhecerem esse amigo, é saber de um segredo de
família e não poder contar a ninguém, é sofrer calado enquanto
seu âmago lhe impede de romper o silêncio. Isso é solidão. Estar
rodeado de pessoas, mas se sentir completamente solitário. Acho
que o que mais traduz de fato esse sentimento é uma grande
angústia e a imagem de que está sozinho na terra, parecendo que
os demais seres humanos são espectros perambulando por aí.

Fiz questão de traduzir a Solidão como um ponto de reflexão


nesse mês porque a festa não dá conta de preencher o tamanho
do rombo dessa emoção. Nenhuma cerveja, bebida, drogas ou
qualquer substância é capaz de anular a solidão. Portanto, vamos
aprender com esse personagem como fazer para dar conta desse
peso tão grande. Vamos juntos?

1 – Thor aprendeu que a zueira tem consequências!

É muito bom curtir os momentos com amigos e pessoas


próximas. Mas todos temos a tal da “segunda-feira”. O que
quero dizer é que cada ação gerará uma consequência. É daquela
“o que plantamos, nós colhemos”. O problema é entrar em uma
dessas bagunças, plantar várias questões que não queremos
colher e atrapalhar todo o decorrer dos meses por “pisar na jaca
de vez”.

Thor percebeu que suas festas precisavam de um fim, e que o


fim solitário não foi a melhor das opções, então... Talvez não
criar tamanha bagunça possa ser uma boa alternativa para não
catar os cacos depois.

2 – Pessoas vem e vão, mas sua vida não!

Na trama, Frigga viria atrás de Thor e de mais ninguém. As


consequências seriam eternamente do personagem e ninguém
entraria na frente da ira de Frigga por ele, então nada mais justo
que ele dar conta do que deveria fazer.

Aqui aprendemos que independente das relações, precisamos


também olhar para o nosso bem-estar e visualizar o quanto essa
relação está nos sugando e quanto está potencializando nossas
forças. Lembra dos planos de janeiro? Então, se quer que eles se
mantenham de pé, aprenda como Thor que algumas pessoas
realmente não acrescentam coisas positivas para nós e acabam
“saindo quando a bagunça está feita”.

3 – Thor arrumou a bagunça.

Sei que as vezes até dá uma vontadezinha de fugir do mundo,


pegar um avião intergaláctico e sumir, ou girar o Mjolnir e voar
para muito longe. Porém a Frigga chegará para ver todo esse
resultado!

Frigga, como mencionei anteriormente, é o senso de


responsabilidade, é a consequência que “julgará nossas ações”.
E dela não podemos realmente fugir. Ela sempre chega. Então
precisamos arrumar o que está bagunçado para que, quando ela
chegar, sejamos julgados com bons resultados diante de nossas
responsabilidades.
Que tal colocar em prática?

1. Primeiro uma reflexão importante é o que está


desorganizado na sua vida hoje que precisa de uma
arrumadinha? Pode ser uma área da sua vida, uma relação que
precisa de sua atenção, ou até aquela solidão que mencionamos.

2. Que tal começar a fazer? Pense o que você pode colocar em


prática para arrumar essa área, quais pessoas deve contatar, para
quem deve pedir ajuda, com qual profissional deve falar... Como
fazer isso tudo?

3. Agora sobre a solidão, quais são as pessoas mais próximas de


sua vida? Quando foi a última vez que se relacionaram? Se
houver alguém que mencionou nessa listinha que já faz tempo
que não vê, que tal marcar – e marcar de verdade, nada daquele
“vamos marcar um dia” – um café para voltar o contato?

As vezes precisamos priorizar nós mesmos. Porém, não é por


isso que devemos ficar sozinhos. Lembre-se que seres humanos
são relacionais, assim como os Hobbits e o nosso personagem
de hoje, o Thor. Então, boa sorte com suas tarefas e ótimo mês
para ti!
Março: Vai um manjar turco aí? Ou melhor uma visita
a mesa de pedra?
Olha que coisa linda, nosso ano está avançando! Chegamos ao
mês de março. O mês pós carnaval – alguns vão dizer que agora
sim o ano começou. Mês sem grandes comemorações, mas de
extrema importância para manter a ordem do ano. Como ele
vem logo depois do Carnaval, vamos pontuar um assunto
pesado, mas importante para nosso ano e para a nossa vida como
um todo. Já conto para vocês sobre o tema. Mas deixa eu contar
sobre o meu personagem do mês primeiro: Edmundo.

Sou fascinada pelas “Crônicas de Nárnia” e em como Aslam (o


leãozão) é o herói que não divide com os outros seu heroísmo.
Acho que ele é um espelho de como o ser humano deveria se
comportar nessa terra. Mas enfim, existe outros personagens
interessantes nesse mundo mágico e fantástico. Dando uma
resumidinha no contexto do personagem alvo da narrativa de
hoje:

Os irmãos Pavensie entraram por um guarda-roupa mágico e


encontraram a maravilhosa Nárnia, um país encantado com
todos os seres mitológicos que se pode imaginar. Porém, no
período temporal em que as crianças entram pelo guarda-roupas,
essa dimensão paralela estava amaldiçoada pela Feiticeira
Branca. Ao invés do mundo girando com as 4 estações, havia
um inverno eterno e sem Natal. Claro que não para por aí: entre
os Narnianos, havia a crença de que Aslam, o grande Leão, filho
do Rei de Além-mar retornaria para salvar Nárnia da Feiticeira.
E juntamente com essa crença, havia a profecia de que dois
filhos de Adão e duas filhas de Eva se juntariam a Aslam nessa
empreitada. Com isso, quando os irmãos chegaram a Nárnia,
logo foram levados para se encontrar com o leão. Porém,
Edmundo cai no conto da larápia e se alia a Feiticeira Branca –
tudo por causa de manjares turcos que eram muito bonitos aos
olhos –, traindo seus irmãos. Edmundo conta a ela todo plano de
encontro com Aslam, das profecias, etc etc. Graças a isso,
Aslam resolve trocar de lugar com Edmundo e é assassinado
pela feiticeira. Quase que a libertação de Nárnia foi para o brejo.

Sei que no primeiro momento, pode parecer ridículo pensar que


Edmundo traiu seus irmãos em troca de um bocado de gelatina
com açúcar – que até hoje estou querendo experimentar
também. Mas não foi só isso. O manjar turco foi enfeitiçado
pela Feiticeira Branca – visto que ela era uma... feiticeira... e
feiticeiras na literatura enfeitiçam as coisas... enfim. Agora,
mesmo que o feitiço tenha disso um ponto alto nessa relação,
não foi feitiço dela que o fez trair a todos. O feitiço dela apenas
despertou um desejo reprimido que já havia em Edmundo.
O desejo de se sobressair e comandar seus irmãos. O desejo do
poder. Nós também podemos – e somos – invadidos pelo
mesmo desejo, mas eu falo sobre isso em outro momento. Agora
gostaria de falar sobre o momento em que Edmundo se encontra
com Aslam.

Se você conhece a história, já sabe mais ou menos onde isso vai


dar. Se não conhece, se liga nos detalhes de como as coisas a
partir de agora acontecem:

Aslam sumiu por muito tempo, tipo muito tempo MESMO! E


quando os filhos de Adão e as filhas de Eva aparecem por
Nárnia, ele volta para resgatar a nação do império da feiticeira.
Porém, quando Edmundo conta que há rumores de Aslam, e tal
e coisa, ela vai direto ao encontro dele, reivindicando uma
magia tão antiga quanto ela. Aslam então repreende e feiticeira –
que fica com o rabinho entre as pernas – e conversa com ela em
particular. Depois de fazer o trato, a feiticeira deixa Edmundo
ali, que logo em seguida é chamado por Aslam para uma
conversa em individual. Todos os súditos do Filho do Rei de
Além-mar olham de longe, inclusive seus irmãos. Nunca
saberemos ao certo como foi aquela conversa, depois daquele
momento, nem Edmundo nem Aslam tocaram no assunto. A
única coisa que sabemos é que, depois de um toque de Aslam
em Edmundo, ele é acolhido pelos cidadãos Narnianos.

Agora sim, posso abrir o jogo sobre o que Edmundo nos ensina:
sobre o Perdão! Edmundo foi aceito, não havia mais restrições
entre ele e Nárnia, nem mesmo entre seus irmãos. É claro que
alguns Narnianos ainda ficavam com um pé atrás em relação a
ele, afinal, cada pessoa tem o seu próprio tempo para
desenvolver a confiança. Mas a questão aqui é que dentro dele
algo ainda não tinha sido resolvido. Apesar do perdão de Aslam
e de seus irmãos, o cetro de gelo que a Feiticeira Branca havia
colocado em Edmundo, aquele que o acusava de traição a cada
momento, ainda não havida sido quebrado. E no que isso se
aplica as nossas vidas reais, fora do guarda-roupa, longe da
feiticeira e do leão?

1 – O cetro representa nossas inseguranças.

A cada momento, mesmo que em situações de glamour, sucesso


e aparente conquista, só nós sabemos o que nossas inseguranças
causam em nós. São pequenas “traições” que cometemos em
nossos comportamentos, que nos acusam dia e noite de não
sermos dignos de nenhuma dessas vitórias. E quanto mais
condecorações, maior o peso de culpa por não sermos dignos.
Então, o caminho mais fácil para lidar com isso, acaba se
tornando congelar qualquer um que se aproxime. Que chegue
muito próximo de descobrir que não somos perfeitos. Ou de que
só conseguimos o que conquistamos na base da sorte. Qualquer
um que chegue perto demais de descobrir nossa fraude.

É... Eu imagino como você se sente, mas nosso personagem vai


nos ensinar como quebrar esses cristais de gelo em nós.

2 - O cetro representa nossos traumas.

Repare que, sim, houve um comportamento e uma escolha por


parte de Edmundo. Mas o cetro que estava em seu coração não
era dele, era de sua agressora, de sua ofensora, de sua inimiga.

O trauma é uma ferida que nos lembra, a cada momento, de


onde caímos, porém com a intensidade ainda maior que o
choque da queda daquela experiência. Contudo, ele não é, em
muitos casos, algo que nós imputamos a nós mesmos, e sim uma
situação que outros cravam em nós, e esse cetro permanece
cutucando a ferida.

3 – O cetro representa nossa incapacidade de amar.

Todos temos situações que fazem nosso instinto humano de


sobrevivência falar mais alto que nossa capacidade de inibir essa
resposta instintiva. Todos somos maus sim, com a capacidade de
fazermos o bem e escolhermos acertar. Porém, continuamos
sendo egoístas e preocupados com nossa própria sobrevivência.

Pode parecer grosseiro, mas falo com muitas pessoas na clínica


e o diálogo, em algum momento, se volta para o próprio
indivíduo que está a minha frente. Geralmente acontece aquele
efeito “eureka” quando a pessoa se dá conta que o maior vilão
de sua vida e da maior parte das situações que o rodeiam, é ele
mesmo. Fica tranquilo, todos os seres humanos têm isso, mas
pode ser que essa incapacidade tenha colocado em você esse
cetro, como um lembrete que lhe gera a culpa de não demonstrar
amor sempre que pode.

Deixa eu contar o restante da história de Nárnia para


descobrirmos juntos como Edmundo lidou com tudo isso. Pode
ser?

Naquela mesma noite, Aslam sobe até a Mesa de Pedra. Lá ele


sofre horrores por Edmundo... E sofre calado. Depois de sofrer
tudo, ser humilhado e realmente muito maltratado, a Feiticeira
Branca assassina o único que poderia combater ela de frente e
acabar com sua existência em um piscar de olhos. Aslam morreu
pela culpa de Edmundo! Claro, o Leão escolheu se entregar no
lugar da criança, foi por pura, livre e espontânea vontade de ver
Edmundo bem.

Mesmo assim Edmundo não aceita ser parte do bando, parte da


tribo, parte de Nárnia. Agora ele se sente culpado pela traição e
pela morte do Leão. Ele se sente um peixe fora d’água, indigno,
imundo, desprezível, rejeitado por ser ele mesmo, e
principalmente... Sem o merecimento de tamanho perdão.

Depois da morte de Aslam, começa então uma guerra: os


Narnianos Livres contra o exército da autointitulada Rainha de
Nárnia. A batalha fica quente, muitos Narnianos sofrendo,
muitos morrendo, outros se tornando estátuas, mas ninguém
consegue deter a Feiticeira. Somente de se aproximarem dela, já
se tornam pedra, gelados por dentro e petrificados por fora.
Ninguém podia deter seu poder, ninguém conhecia a essência
desse poder... Menos um!

Uma pessoa sabia qual era a essência do poder bélico da


Feiticeira. E esse alguém era Edmundo! Somente ele poderia
abrir caminho para a derrota da Feiticeira.

Ao olhar para as pessoas sendo completamente petrificados,


Edmundo sabia o que fazer! E ele faz: enfrenta sua maior ferida.
Mesmo com medo de ser destruído por ela, mesmo com seu
coração sangrando por dentro. Edmundo agora contra seu
Inimigo. Edmundo contra o Cetro! Já sabem o que acontece, não
é? Ele despedaça o cetro e a Feiticeira perde seu poder. Então...
Aslam ressurge, corre na direção dela e a despedaça, como
Edmundo fez com seu cetro.

Aslam conhecia tão bem as profecias, a Mesa de Pedra e os


feitiços antigos que sabia: na Mesa de Pedra nenhum perfeito
justo poderia ser morto, porque a morte não poderia tocar
alguém que não a merecia por seu estado de justiça – enfim, só
um contexto mesmo de porque o tal do Leãozão aparece de
novo. Mas a cena icônica de nosso conteúdo é quando Aslam,
depois de ressurgir da morte, vai ao encontro de Edmundo.
Depois de Edmundo enfrentar o Cetro, ele se torna capaz de
aceitar um perdão diferente, um perdão mais profundo.
Consegue aceitar o perdão de si mesmo!

Que tal colocarmos em prática?

P.s.: Já adianto que será difícil, que vai despertar algumas


memórias e sentimentos que talvez você não queira vivenciar e
que você vai querer postergar isso até o último. Mas o produto
dessa tarefa será maravilhoso para você! Continue mesmo com
medo!

1. Gostaria que você escrevesse (escrever mesmo, caneta e


papel, nada de digitar no celular) os motivos que fazem você se
sentir culpado, envergonhado e que você não consegue se
perdoar.

2. Coloque tudo isso no papel, e quando terminar, queime esse


papel – em um local externo e seguro, por favor.

3. Enquanto vê a fumaça subindo, diga para si mesmo que você


se perdoa e veja toda culpa indo embora com aquela fumaça.

P.s.²: Me procura e me conta como foi a experiência, vou estar


esperando, assim como Aslam esperava para reencontrar
Edmundo.
Abril: Todos menos eu!
Abril, em tese o mês que todos fazem aquelas brincadeirinhas
sobre “mentira” no dia 1, não é mesmo? E para comemorar esse
mês, vamos com conteúdo falando dessa realidade alternativa.
Aquela que as vezes criamos para sairmos da casinha e
usufruirmos de paz, tranquilidade, sombra e água fresca..., mas é
tudo ilusão!

Nós somos seres fugitivos! Fugimos dos nossos problemas e das


nossas dores. Como se os ignorá-los os fizessem se cansar e
desaparecer. É um sistema de proteção primitivo. Ou lutamos,
ou fugimos. E temos escolhido cada vez mais fugir. Contudo,
curiosamente temos desenvolvido uma habilidade muito
superior que o instinto de fuga. Temos desenvolvido a
habilidade de criar nossos próprios monstros, nossas próprias
neuroses, nossa própria realidade.

A Wanda Maximoff sempre foi representada nas HQ’s como


uma personagem de extremo poder, mas também uma bomba
relógio! Aqui quero abordar, especificamente, esse personagem
representado dentro do MCU cinematográfico. Já você vai
entender por que...

Na série WandaVision, nós acompanhamos os dias de Wanda e


sua família dentro de suas vidas perfeitas em Westview. Tão
perfeitas, que parecem mais fantasia do que realidade. Durante
os episódios, tanto Wanda quanto Visão passam a perceber que
algo está errado na cidade. Como se todos estivessem vivendo
debaixo de um feitiço. O grande plot dessa série, é que a própria
Wanda havia lançado um feitiço para que todos os moradores da
cidade pudessem participar, como atores, dessa sua vida
perfeita. E Wanda não tinha ideia de que a culpa disso tudo era
dela.

Como eu disse, ela sempre foi uma bomba relógio. Isso porque
Wanda literalmente apagava de sua memória todos os momentos
difíceis e dolorosos da sua vida. E assim que seu amado Visão
faleceu, no meio de sua intensa dor e luto, ela mais uma vez
apaga suas memorias dolorosas e cria uma realidade alternativa,
onde ela pudesse ser feliz como acreditava que merecia ser.
Ninguém gosta de sofrer, é dilacerador. Porém, Wanda sempre
se colocou em uma posição aonde a dor de qualquer outro
individuo poderia ser justificada, se ela estivesse bem.

O sofrimento de Wanda era extremamente verdadeiro. O Luto


dói. Sua infância foi terrível. Foi criada mais como um
experimento do que como uma criança. Mas nenhum
sofrimento, por maior que ele seja, dá a alguém o direto de fazer
outro sofrer. A vida perfeita de Wanda a deixava feliz, a fazia
esquecer da sofrida realidade que a cercava. Mas aprisionava
todos os outros moradores da cidade, que viviam como bonecos
que só serviam para seu bel-prazer.

O mais interessante dessa história, é que mesmo com a memória


apagada e a vida perfeita, Wanda sentia-se incomodada, e sabia
que algo estava errado! Afinal, não é porque você esqueceu, que
a dor deixou de existir. Ela continua ali, mesmo que você não a
olhe nos olhos, ela continua te perseguindo, como uma sombra
que não permite que o sol te ilumine.

Wanda foi tão longe em fugir de sua dor, que logo após os
acontecimentos de WandaVision e da cidade ser liberta de seu
feitiço, ela retorna em Multiverso da loucura correndo atras de
América, uma adolescente que viaja pelos multiversos. Ela tinha
a expectativa de encontrar seus filhos de outra dimensão e
sequestrá-los de sua mãe real – que também é ela, mas de outra
dimensão entendeu? –, para que ela deixasse de se sentir
sozinha. Consegue perceber que ela chegou a ponto de tentar
sequestrar duas crianças, só para que ela não sofresse?

Fugir da dor parece algo maravilhoso para nós, uma vez que “o
que os olhos não veem, o coração não sente”. A grande questão,
é que a dor não deixa de existir. E não deixa de crescer. Quanto
maior ela fica, maior se torna nosso esforço de mantê-la longe
dos nossos olhos. E ficamos tão cegos com essa busca
incessante de nunca sofrer, que passamos a machucar todos ao
nosso redor e perdemos totalmente nossa empatia com eles.
Afinal, nossa dor é tão grande, que passamos a acreditar que ela
pode ser usada como justificativa para machucar os outros. E
como Wanda, deixamos de nos controlar, para sermos
controlados pela necessidade irracional de criar nossa própria
realidade. Aquela onde nunca sofreremos.

Fugir, como eu disse, parece um “algo” maravilhoso, contudo,


não é. Com isso, quero propor uma tarefa para você sair do ciclo
ilusório da fuga, e desse “abril”, para ser uma pessoa menos
“Wanda”.

Que tal colocar em prática?

1. Pergunte a pelo menos 3 pessoas próximas (e confiáveis)


sobre sua realidade, o que imaginam que você vive e,
principalmente, quais são os seus defeitos – respira quando a
pessoa disser seus defeitos e no final só agradeça, depois você
grita no travesseiro.
2. Agora peça ajuda dessas pessoas – sim, estou pedindo isso –
para saber como pode mudar esse comportamento, perguntando
“como você acha que eu deveria agir para que isso não
acontecesse mais?”

3. Enfrente seus medos e dificuldades de mudança, se


permitindo seguir esse plano traçado junto com outras pessoas,
afinal: a Wanda não foi capaz de olhar para os outros ao seu
redor e mudar, mas você pode!
Maio: Sou bom demais para isso!
Mês de comemoramos o Dia do Trabalhador! Mês importante
para algumas causas também, e estamos falando de você sr.
Maio! Começamos o mês lembrando de trabalho, festejamos o
Dia das Mães, brindamos o Dia da Mulher e por aí vai. Essas e
outras comemorações enchem esse mês de alegrias. Sabe o que
tem nesse mês também? Sabe, sabe, sabe?

DIA DO ORGULHO NERD!!! UHUUUUUUUUL! Dia 25 nos


juntamos para fazer nossos indicadores e dedos do meio se
juntarem em sinal de comprimento, e para colocar uma toalha na
mochila e viajar a galáxia, afinal não dá para viajar a galáxia
sem uma toalha! Em comemoração, quero falar do símbolo de
que você é um nerd, está se tornando um nerd, ou nunca será um
nerd: estou falando do seu nível de amores pelo Anakin
Skywalker, ou melhor dizendo, Tio Darth!

Divergindo dos meus colegas geeks, eu gosto muito da segunda


trilogia de Star Wars, porque ali é construído um Anakin de
personalidade complexa... e eu adoro isso! Adoro personagens
bem delineados, e esse em especial é demais! Anakin sempre foi
aquele jovem "perseverante" (leia-se teimoso), que possuía uma
grande habilidade, mas quase nada de maturidade. E não vamos
esquecer da falta de resistência a frustração. Anakin não sabia
não ser o melhor em algo, não sabia perder. Estava sempre na
expectativa de ser melhor que todos e ser reconhecido por isso.
E principalmente ser reconhecido por isso. Bom demais,
talentoso demais, o menino da força, o jovem guerreiro Jedi que
poderia vencer qualquer inimigo, o homem que seria capaz de
grandes façanhas do lado da força! Porém... Me permita listar
alguns sentimentos de Anakin que o tomaram e se aprofundaram
em um romper de Injustiça interno.

1 – Anakin era bom demais para ser aprendiz.

Aprender o que se ele já sabia de tudo? Realmente, sua


intimidade com a força era incrível, mas o caminho da força não
se resumia em poder. Tinha algo maior para vir sobre ele que o
pouparia de um futuro trágico.

2 – Anakin era bom demais para estar debaixo de um mentor.

Como se sujeitar se ele era melhor do que todos, não é mesmo?


Contudo, a falta de sujeição criou um sentimento de
independência, de inconsequência, e não o permitiu chegar no
seu ápice com a força. Yoda diria “Deveras Rápido está você,
pequeno padawan! Calmaria sua alma precisa ter.”

Um adendo aqui: mentores são a força que podem nos ligar a


um destino grandioso. Em minha abordagem, Carl Jung teve
Freud como mestre. Em uma grande carreira profissional,
alguém aprende com alguém. Por isso, se ligar a um mentor é o
seu caminho para crescer e amadurecer emocionalmente
também.

3 – Anakin era bom demais para obedecer às leis dos Jedis.

É só um relacionamento! Como pode dar errado se é Padmé, e


nosso amor é tão profundo e intenso?

Aqui Anakin já começou a demonstrar suas inclinações


contrárias as leis Jedis, mesmo que não tivesse de fato contato
com o lado negro da força. Isso porque, se ele se sujeitou a fazer
sua própria vontade contra as leis Jedis, já não era mais um Jedi,
logo já iniciou seu caminho no lado negro. Abro aqui um
precedente para investigar se foi por isso que Palpatine tinha
tanta influência sobre Anakin, porque ele já era do lado negro
antes de conhecer Palpatine... Deixo no ar.

4 – Anakin era bom demais para acreditar na fidelidade de


Padmé.

Fato é que o mundo todo era pequeno demais para ele. Isso
segundo sua visão. O que o levou a se tornar o implacável Darth
Vader, quase capaz de matar o amor de sua vida por não
acreditar em suas palavras. Anakin se relacionou com Padmé e
quebrou as regras porque escolheu seguir seu coração, suas
vontades, isso tudo ao invés de chegar o que realmente sentia e
que... de fato, essa relação era muito mais egóica do que por
ambos os dois.

“Ah, mas ele queria salvar a Padmé, por isso se sujeitou ao


lado negro”. Então, acho que não é bem por aí. Ele realmente
começa sua busca com essas desculpas, mas o que ele queria na
verdade era “não perder Padmé” e não “ficar com Padmé”.
Anakin não queria sentir-se impotente e fora do controle.
Lembre-se que Anakin não podia perder nunca, afinal, ele era
bom demais.

5 – Darth Vader, o Injustiçado!

Tudo o que escrevi foi para chegar nesse raciocínio: Tadinho do


Anakin, ele era tão bom para os mestres Jedis, bom demais para
a cúpula Jedi, bom demais para as regras e a responsabilidade de
Jedi, bom demais para ser Jedi!

O sentimento de injustiça destruiu completamente Anakin,


porque se achava tão grande, tão alto, tão maravilhoso, que não
conseguia se esquivar de si mesmo e perceber que, na verdade...
Perdeu tudo porque ele se colocava acima de tudo!

Trazendo todo o contexto para nossa realidade, sabe quando nos


vemos como sendo injustiçados pelo mundo, parecendo que
todos do mundo estão errados e só nós portamos um senso de
juízo? Sabe quando pensamos que os mentores não são
suficientes para nos ensinar o melhor caminho para crescermos e
que somos mais do que suficientes para crescer sozinhos? Sabe
quando achamos que a pessoa que nos relacionamos não
compreende nada de nós, isso porque vive falando de diversas
falhas e erros que não temos de verdade? Que injustiça não é...

Puxa... Acho que essa é a Síndrome de Darth Vader chegando...


Junho: Love is in the air (O amor está no ar)
Ahan... O mês do Love está no ar! O amor do mês, o mês do
amor, o Love do Air está no ar! Sim, quando as palavras se
embaralham, o estômago embrulha, borboletas passeiam por
dentro do âmago e o que conseguimos fazer é continuar
contemplando... Ain... O amor! Tão louco, incompreendido,
incompreensível, mas necessário, amor. Então, quero buscar
nesse mês trazer Razão para o Abstrato conceito do amor. Com
vocês... CHANDLER E MÔOOONICA!!! Mais que amigos,
Friends!

Só antes dos nossos queridinhos pombinhos, um desabafo da


Psicogeek aqui:

Uma das questões que mais percebo durante as consultas de


psicoterapia, independente da demanda do paciente, é o quanto o
conceito de amor tem sido deturpado.

Alguns carregam um conceito de amor totalmente romantizado,


fantasiado e ficcional. Esses esperam pela pessoa perfeita, que
mudará suas vidas de cabeça para baixo. Que conseguirá saber
seus pensamentos, sentimentos e desejos só pelo olhar – não,
não falaremos de Dr. Xavier aqui, e muito menos de Jean Grey,
até porque eles não existem e seu crush ou sua crush não tem
essa habilidade. Que nunca ultrapassará seus limites, mesmo que
eles não tenham sido delimitados, porque os compreende como
mágica.

Outros, carregam o amor como obrigação. A obrigação de estar


sempre disponível, sempre feliz, sempre disposto. A obrigação
de se anular, de engolir sapo, de nunca reclamar, de fugir de
toda possibilidade de conflito. Há ainda, aqueles que acreditam
que amor, é só de mãe. E ignoram o fato de que, infelizmente,
nem todas as mães realmente amam. E claro, há os que
desprezam totalmente o amor. As vezes por ter sido ferido. Ou
por ter medo do fracasso. Ou por não conseguir conceber a falta
e controle que o amor traz.

Enfim, independente do motivo, dos padrões vistos durante a


vida, é fato que poucas pessoas hoje em dia conseguem amar
sem controlar o outro ou sem se anular, de um jeito ou de outro.

Agora sim, desabafados, vamos com o que importa. Somos


presos pelos padrões de amor que nos ensinam. Mas não
precisamos passar a vida inteira nessa prisão. Pouco falamos
realmente sobre o amor na prática. Tratamos sempre o amor de
forma tão romantizada, abstrata e subjetiva, que se torna difícil
de reavaliar os padrões distorcidos de amor que aprendemos em
muitas relações. Mas aqui, por agora, eu gostaria de trazer
pontos bem objetivos em relação ao amor e ao que ele é... claro
que falaremos de um dos casais preferidos de quem vos fala:
Chandler e Mônica.

1 – O amor não é instantâneo.

O amor de Chandler e Monica foi construída com uma forte


amizade como base. Em dado momento, eles se apaixonaram e
isso deu o start no relacionamento deles. Porém, o fundamento
do amor deles foi sendo construído até que a paixão se acendeu
– tendeu? Construção não acontece a primeira vista.

Diferente do que aprendemos com as histórias de romance


clichês, o amor não é instantâneo, ele e construído. A paixão
pode sim ser instantânea. Mas do mesmo modo que ela chega,
ela também pode acabar, de repente. E paixão é um sentimento
diferente do amor. A paixão pode vir depois do amor, o amor
depois da paixão, aparecerem junto no mesmo momento, ou
nunca se encontrarem. Mas uma coisa é certa: Nenhum
relacionamento subsiste baseado apenas na paixão. Afinal, a
partir do momento que você parar de sentir borboletas no
estômago, o outro deixará de ser importante para você.

Percebe como a paixão é egoísta?

2 – Expressar seu desejo, ouvir e validar o desejo do outro é


essencial.

Um drama da série é que Mônica sempre sonhou em ter filhos,


enquanto Chandler não gostasse nem da ideia de ter um
relacionamento sério. Contudo, o cupido não errou! Em um
dado momento, Chandler compreendeu que valia a pena ter uma
família, e mais ainda, valia a pena se livrar dos traumas do
passado para criar uma história diferente.

Muito além do antigo “engolir sapo”, em um relacionamento


saudável e necessário saber explicitar para o outro os seus
desejos. E validar os desejos do outro, mesmo diferentes dos
seus. Muitas vezes nos enchemos de expectativas e pensamos
que para nos amar, o outro precisa ler nossa mente e suprir cem
por cento daquilo que esperamos. Obviamente isso não acontece
porque ninguém lê mentes. Então nos frustramos e colocamos a
culpa no parceiro. Essa fantasia é uma das mais rotineiras causas
de brigas entre casais. Se não falarmos, o outro não consegue
descobrir, e não pode nem pensar se quer ou consegue suprir a
sua expectativa.
Da mesma forma – e na mesma medida –, precisamos estar
abertos para ouvir o que o outro tem a dizer. E não desvalidar
aquilo quando é diferente do que sentimos, pensamos ou
achamos ser o certo.

3 – Nenhum relacionamento sobrevive só de amor

Chandler e Mônica são a prova disso. Sempre houve uma


amizade sincera e verdadeira entre os dois. Não era só romance,
paparicos, cantadas, beijos e uma vida só de amassos. Era uma
vida “real” – não era real porque era uma ficção essa história,
mas fique comigo aqui – de amizade, brigas, desentendimentos,
porém com uma construção sólida e conjunta, sempre em prol
de ambos serem supridos.

Por mais puro, forte e durador que seja o sentimento, ele não é
suficiente. O dia a dia de um relacionamento precisa de diálogo,
amizade e principalmente, disposição das duas partes. Não se
constrói uma edificação sozinho! Não é possível erguer 10
andares sem ajuda. Muito menos com os poderes dos ursinhos
carinhosos (pegaram a referência?). Não dá para criar algo
concreto com bases abstratas e romantizadas, é isso que que
realmente quero dizer.

4 – Aceitar o outro com seus defeitos e qualidades

Mônica tinha uma grade mania de limpeza e organização, algo


que Chandler nunca compartilhou muito. Agora, eles
definitivamente aceitavam-se assim e construíram um
relacionamento saudável.
Todo mundo tem defeitos e ninguém deve ser obrigado a mudar
por outra pessoa. E ninguém deve carregar o fardo de precisar
mudar alguém. Lembre-se que mudar é diferente de crescer e
amadurecer, então nada de ficar só no vídeo game, ou só nas
séries. O que quero dizer é que havia um respeito entre ambos. E
esse respeito que deve ser refletido em nossas relações de hoje.
Precisamos aprender a respeitar limites, entender as qualidades e
suportar os defeitos.

5 – E necessário saber perdoar o hoje e o ontem

Monica relembra, em um episódio, uma época em que Chandler


a chamou de gorda. No mesmo capítulo, descobrimos que a
Monica foi responsável por um acidente que Chandler sofreou
quando era mais novo. Mesmo com a clima tenso, eles não
permitiram que essas dores passadas determinassem o que
viveriam juntos.

Nenhum relacionamento sobrevive afogado em mágoas, sejam


elas de hoje ou do passado. E não é justo rotular o outro com
base naquilo que ele já foi um dia. Precisamos nos relacionar
com quem o outro é hoje! Isso vale para tudo.

Mas aqui cabe um ponto muito importante: estabelecer o que é e


o que não é aceitável dentro de um relacionamento para você!
Existem limites que nunca devem ser ultrapassados. E se
ultrapassados, dificilmente é viável se manter em um
relacionamento. E não, não estou falando apenas de abusos.
Existem limites que são seus. Não são coisas grandiosamente
agressivas, mas são limites seus que precisam ser delimitados e
respeitados.
Agora...

Que tal colocar em prática?

1. Vamos aprender a ouvir? Levante entre você e seu crush –


pode ser com amigos também, okay? Sem grilo – um momento
de “perguntas sinceras”. Antes estabeleça alguns assuntos ou
tópicos intocáveis, que realmente não se sente à vontade para
contar – nada de colocar tudo na mesa se você não está pronto
para isso.

2. Nesse momento levante aquelas perguntas que nunca fez, por


qualquer que seja o motivo, mas considera conveniente para o
relacionamento. É importante que ambas as pessoas estejam
abertas a ouvir, mas também responder, tudo bem?

3. Depois de perguntas e respostas, se perguntem: “como você


se sentiu ao contar isso para mim?” É importante que realmente
sejam sinceros e transparentes com essas situações, e
compartilhem seus sentimentos um para com o outro.

4. Respeite o limite do outro! Se pediu para não tocar em


assunto X ou Y, não toque no assunto X ou Y, não insista!
Liberdade também é se permitir chegar até onde o outro
deixa você chegar!
Julho: “Me diga, garota, quanto pesa sua mãe? É para
saber o que me espera.”
Julho, o mês do meio! Junho ainda comemoramos as festas
juninas, não é? Já julho não tem muitas coisas no mês. Para mim
tem por que é aniversário do meu marido, então para mim é
especial – ele que me fez escrever essa “homenagem” para ele.
O meio é cheio de “oh meu Deus, o que fazer agora?”,
principalmente quando falamos de crescimento e do
desenvolvimento adulto. Então, Howard Wolowitz vai nos
ensinar como passar pelo meio da melhor forma. Nosso assunto
é bem peculiar aqui, fique comigo.

Na série “The Big Bang Theory”, Howard Wolowitz é o Mestre


menos graduado do grupo – pelo menos segundo Sheldon
Cooper, um PhD em Física Teórica. Sofrendo bullying – e
aplicando um pouquinho também – por parte de seu colega,
Howard é um personagem importante quando falamos de
crescimento, desenvolvimento humano e principalmente quando
falamos de Sair das Asas da Mãe! Bebê da mamãe desde
sempre, o sr. Wolowitz vive com sua mãe até seu casamento,
quase trazendo a senhora para dentro de sua casa. Sim, ele
amadureceu muito na série! Agora, quero trazer aqui os babados
mesmo, quero polemizar com essa questão de o quanto o afeto
materno interferiu no amadurecimento de Wolowitz.

Primeiro de tudo, deixa eu falar algo seríssimo: nós somos seres


que necessitam do cuidado, afeto e proteção. Esses pontos
provindos de nossos pais, são fundamentais para nosso
desenvolvimento e amadurecimento. Poderia dizer que você não
estaria lendo esse material se ninguém tivesse ao menos usado
um desses papeis paternos, literalmente. O único problema disso
tudo, é que esse cuidado precisa ser feito na medida certa!
Proteger e cuidar dos filhos é essencial, mas a superproteção
pode causar problemas seríssimos para o sujeito.

A título de curiosidade, o papel materno é o responsável pela


sensação de afeto, proteção, cuidado. Em boa parte das
situações, esse papel é o que te ensina sobre o que é amar e ser
amado. Geralmente é atribuído muito ao feminino, mas não é
uma regra. Como é um papel, pode ser desempenhado por outras
pessoas. PORÉM NÃO DEVE SER SEMPRE
DESEMPENHADO DA MESMA FORMA! Deixe eu explicar:
você acha que uma pessoa com 30 anos deve pedir para tomar
leite materno de sua mãe? A frase pareceu estranha exatamente
por esse motivo: ela evidentemente não deve acontecer assim!

Falando de Wolowitz, ele morou com sua mãe até casar-se,


cuidando de sua mãe e sendo um excelente filho por todo esse
tempo. Agora, no primeiro ano de casado teve inúmeros
problemas por achar que sua esposa faria tudo o que sua mãe
fazia a ele enquanto era morador da casa da matrona. Ele chega
a pedir para Bernadete (sua esposa) cortar carne para ele
conseguir comer. Estranho? Espero que para você soe estranho.
Pense comigo: uma coisa é você limitar o acesso de uma criança
ao fogão sem sua companhia, afinal, isso demonstra um grande
risco para o bem-estar da criança. Outra coisa é você limitar um
jovem de 15 anos ao fogão por medo dele se queimar ao fazer
um alimento para si mesmo. Isso não é cuidado, é controle!

O maior problema é que as vezes recebemos esses controles de


diferentes fontes, querendo que nos sujeitemos a situações
“porque a intenção do outro é o nosso ‘cuidado’, e por isso
devemos agir”. Vou contar alguns passos aqui que Howard deu
para manter-se livre desse cuidado em excesso de sua mãe, mas
pode usar ele para qualquer relação que exprima o mesmo
controle.

1 – Howard se casou.

Não estou falando que deva se casar com alguém para ser livre,
mas o casamento aqui representou uma separação na relação
simbiótica de Howard e sua mãe. Com o casamento, Howard
atraiu para si inúmeras outras atribuições e responsabilidades.
Principalmente responsabilidades.

Busque se tornar responsável por suas questões, por algo maior.


Isso representa um passo importante na maturidade, quando não
é só você que importa, mas tem atribuições que o fazem se sentir
no dever de agir em prol do bem comum.

2 – Howard foi morar em outra casa.

Nesse caso, a casa se tornou um limite espacial entre ele e sua


mãe. Não podia habitar na mesma casa que sua mãe estava
desde sempre e habitar com sua esposa, tinha que escolher um
desses dois espaços para estar. E ainda bem que preferiu a
esposa.

Aqui estou falando a respeito de limites. Se suas relações não


têm limites claros de acesso a sua vida, sinto em dizer que vão
querer “cortar a carne no seu prato para você” sempre e não
deixaram você escolher se quer mesmo carne ou outra coisa. O
que quero dizer é que se não tiver limites, sempre invadirão seu
espaço e isso não é saudável.
3 – Howard se afastou de sua mãe.

Em alguns casos, quando falamos de situações de controle,


precisamos nos afastar para termos espaço para sermos
amadurecidos pela vida. Quando sempre a pessoa lhe diz frases
como “você deve fazer isso porque eu estou lhe ajudando”, ou
“é para seu bem que deve fazer isso”, ou até “que ingratidão, já
fiz tanto por você e uma coisinha de nada que eu peço você não
pode fazer”, acenda um alerta de que precisa estabelecer melhor
seus limites!

Tem um momento que o “filhinho não pode mais morar na casa


da mamãe” – isso foi uma metáfora, okay? O que quero dizer é
que se as relações estão invadindo o espaço da liberdade, é o
tempo de se afastar dessas pessoas e procurar novos ares. Sim,
sair fora é a melhor opção nesses casos.

Que tal colocar em prática?

1 – Desenhe 3 círculos, um dentro do outro, mas com espaços


para você escrever entre eles. O primeiro será feito com traços
firmes, um círculo fechado. O círculo que o envolve com
traçados (como intervalos entre os traços do círculo). O círculo
maior deve ser feito com pontilhados.

2 – Agora escreva entre o círculo maior e o tracejado valores e


coisas que são altamente influenciáveis, coisas que para você
podem receber influência de qualquer pessoa, independente de
quem seja.

3 – Entre o círculo tracejado e o círculo fechado, escreva valores


e coisas que são influenciáveis por pessoas próximas. Aqui pode
colocar aquelas coisinhas que as pessoas menos íntimas não
devem interferir, coisas que não devem receber interferência de
quem não tem voz em sua vida.

4 – Dentro do círculo fechado escreva valores que não são


influenciáveis por ninguém! Sim, estou falando das áreas
intocáveis de sua vida que ninguém pode ter voz ou influenciar,
que para você são realmente importantes e ninguém tem voz
para mudar.

5 – Coloque agora, por fim, as pessoas que cada círculo tem


recebido e reflita se realmente queria que essas pessoas
estivessem nesse espaço que descreveu. Caso seja muito difícil
para você essa reflexão, busque um psicólogo para lhe ajudar a
digerir emocionalmente tudo isso.

Entenda, precisamos ser amadora, cuidados e protegidas, mas


também necessitamos aprender a ter autonomia, a fazer
escolhas, a tomar decisões difíceis, a sofrerem as consequências
de nossos atos, a viver como seres humanos. Senão, a tendencia
é termos uma sociedade cada vez mais doente, cheia de pessoas
que não aprenderam a ter responsabilidade sobre suas próprias
vidas.
Agosto: Se eu não aprender, não preciso sair daqui !
Chegamos ao mês interminável! Agosto de Deus! Sim, eu
comecei com uma piada sem graça, ria comigo. De qualquer
maneira, escolhi para esse mês falar do papai Mando e, mais
especificamente, da Criança: o Grogu!

Grogu é o xodó da série “O Mandaloriano”, do universo Star


Wars. O Mandaloriano torna-se seu protetor por conveniência e
pela fofura de uma criança que todos queriam matar. Não sei se
você assistiu ou se lembra, mas Mando encontrou o Grogu como
sendo um pacote de sua caçada da guilda, depois de enfrentar
muitos guardas, caças recompensas, ou sei lá o que eram. Como
um bom seguidor d’O Caminho, gosta de um desafio a altura.
Então trouxe a criança com ele e se comprometeu com o destino
de Grogu.

Agora, a questão aqui é que a missão de Mando só acabaria ao


encontrar alguém para o treinar. E ele encontra (não falharei
com você meu amigo ou amiga que está lendo, não lhe darei
spoiler dessa magnitude para que assista a série, veja o que
acontece com o pequeno e quem vai treiná-lo) um Jedi
fortíssimo para guiar a criança em sua trajetória pela força. Mas
antes disso, a dupla se encontra com a Jedi Ahsoka, e assim eles
descobrem que Grogu já havia passado por um treinamento
Jedi.Ele já sabia como manipular a força. Agora, algo acontece:
Grogu sendo altamente poderoso e sabendo disso – ou
demonstrando isso – ele não se compromete com a força, não
querendo se submeter ao treinamento. Mas por quê? Alguém
com tanto poder oculto não consegue usar seu poder, como? O
que houve com Grogu?
A resposta é: Autossabotagem!

Fiquem tranquilos, isso também acontece conosco, mesmo


sendo maravilhosos e cheios de superpoderes como somos, as
vezes nos sabotamos. Explicando melhor sobre isso, é que se
usarmos o que sabemos podemos lidar com o desconhecido, nos
colocar em perigo, lidar com as consequências do sucesso, lidar
com nos afastarmos de algumas pessoas, sair de onde estamos
para enfrentar algo que não sabemos o que é. Resumindo, se
Grogu usasse seu poder e não ocultasse suas habilidades, seus
perseguidores poderiam lhe rastrear, e seria mais difícil para ele
se manter oculto. E mesmo depois de estar seguro com o
Mandaloriano, ele continuava a se autossabotar para não ter que
se despedir de seu amigo e pai.

Falando do nosso universo, aqui na Terra, muitas pessoas


escolhem se autossabotar para não serem julgados, para não
serem achados, para não chegarem a um lugar desconfortável
chamado “Novo”. Isso é realmente assustador a todos, até aos
mais “destemidos” – sim, entre aspas porque todos temem o
desconhecido –, aqueles que escolhem ir mesmo com medo. Din
Djarin, o Mandaloriano, representa nessa metáfora o agosto, o
interminável agosto, a desconfortável zona de conforto do aqui e
agora.

Podemos fazer a nossa atividade para sairmos de onde estamos e


acabar de vez com a autossabotagem. Ah, e só para você saber,
Din Djarin acaba ficando com Grogu e cuidando dele, apesar
dos poderes, continuando sua jornada para o inevitável e
implacável... Futuro. Quer abrir mão desse controle que está
tendo agora para enfrentar e chegar a um lugar muito maior?
Estou com você nessa luta!
Que tal colocar em prática?

1 – Desenhe um fantasma em uma folha de papel. Não precisa


saber desenhar, mas se souber vá em frente.

2 – Dê o nome dele de seu maior medo, aquele que o faz


paralisar e se autossabotar para não chegar aonde deve chegar.

3 – Agora já sabe o nome de seu inimigo! Olhe nos seus olhos...


Serre os olhos... Respire fundo... E destrua completamente esse
papel! Faça seu inimigo em pedacinhos!

4 – Agora, todas as vezes que enfrentar esse inimigo fora do


papel, lembre-se que já o venceu antes, que será moleza fazê-lo
novamente e que o que há depois dele certamente será melhor!
Setembro: Minha família precisa morrer!
Calma, não vamos matar ou desejar a morte de ninguém, okay?
Mais uma vez: não tem nada a ver com assassinar, cometer um
crime ou algo do tipo! Só para ficar bem claro, sou Psicóloga, a
favor da vida, da liberdade e por isso desse conteúdo. Não para a
morte, mas para a liberdade! Entendidos? Agora sim,
prossigamos.

Setembro comemoramos o “setembro amarelo”, mês com ações


voltadas a saúde mental e prevenção ao suicídio. Nesse mês eu
quero provocar você com esse conteúdo a entender qual a
função de sua família, seus laços, e porque eles devem, sim, em
um dado momento, serem rompidos.

Quero começar com os pontos positivos dessa instituição, então


se segura aí!

A família é a primeira instituição que nós, seres humanos,


fazemos parte. Quando somos concebidos, lá no encontro do
DNA do progenitor com o DNA da progenitora, nós somos
formados e pasmem vocês, aqui já recebemos um papel social: o
papel de filhos. Com esse papel, ganhamos atribuições perante a
civilização, sendo algumas dessas crescer, amadurecer, ter
autonomia e viver a própria vida. Aqui está incluso o direito de
ser livre, tomar decisões (de acordo com sua maturidade) e se
tornar um adulto responsável com suas atribuições de adulto,
correto?

Pois bem, agora deixa eu falar de um personagem e já volto no


assunto da família: Itachi Uchiha e sua briga com Sasuke
Uchiha, seu irmão mais novo.
No anime Naruto, Itachi é um personagem misterioso, que
literalmente assassina seu clã inteiro em prol de seus objetivos.
Contudo, ele não mata seu irmão, mas encarrega Sasuke de se
vingar quando se encontrassem novamente. Aqui começa a vida
desgraçada de Sasuke – entenda desgraçada porque o irmão
mais velho o amaldiçoa com esse encargo tenebroso, não é? No
anime todo, Sasuke se depara com esse encargo e vive uma vida
manchada pela sombra do irmão. Triste, não é?

Depois de lutar muito, se tornar renegado, ser procurado por


anos por seus amigos e se tornar muito forte, Sasuke Uchiha vai
de encontro ao seu destino delimitado por Itachi. Travam a tão
aguardada luta, onde ambos são feridos um pelo outro, os dois
entregues a morte em um combate que levaria a um final
confuso e perturbador. Itachi chega a aprisionar Sasuke em seu
poder chamado de Tsukuyomi – uma prisão ilusória, onde o
emissário de tal poder poderia controlar a percepção temporal do
adversário e torturá-lo em sua mente, fazendo o torturado ficar
por mil anos ou mais sentindo a punição e o poder destrutivo
desse jutso. Um detalhe que abordarei mais a frente é que,
contra Sasuke, Itachi menciona querer roubar os olhos de seu
“adversário” para chegar a um nível maior com seu Sharingan –
jutso ocular que dava várias habilidades ao usuário, e que devia
pertencer somente ao clã Uchiha. Obviamente, o irmãozinho
mais novo consegue se livrar desse pesadelo e acabar com o
oponente.

A última cena da luta entre esses dois personagens é altamente


perturbadora, porque Itachi, completamente ensanguentado,
sorri para Sasuke e diz “me perdoe”. Depois disso, toca na testa
de Sasuke – um sinal que fazia quando Sasuke era pequeno,
como sinal de afeto entre eles – e cai morto.
Estranho, não é? Esse é um caso digno de discussão, terapia, e
tudo o que podemos utilizar para ajudar esses brothers a se
acertarem, não é mesmo? Agora, deixa eu lhes contar a
diferença entre um irmão e outro:

1 – Sasuke viveu preso em seu passado; Itachi viveu livre.

Perceba que a vida do irmão mais novo sempre girou em torno


de uma pessoa e de uma catástrofe grandíssima de seu passado.
Essa pessoa representava seus laços familiares, mas também seu
passado. Agora, sim, a família nos ensina tudo o que precisamos
para nos tornarmos adultos funcionais, porém não podemos
colocar a culpa de sermos quem somos em nossa família a vida
toda. Dentro de nós – DENTRO DE NÓS...
DEEEENTROOOOO – nossa família precisa morrer, ou seja,
precisamos nos ver livres dessa sombra do que sofremos no
passado.

2 – Sasuke viveu preso aos seus familiares. Itachi viveu livre.

Sei que muitas famílias são tão complicadas quanto essa, que há
muitas disfunções em relacionamentos e tudo o mais. Porém, o
filhinho não pode ficar debaixo da mamãezinha a vida toda, nem
debaixo do papaizinho a vida toda! Não dá para o irmãozinho
olhar somente para seus lações parentais e os culpar de seu
estado atual, quando quem escolheu chegar até onde está hoje
foi... o tal irmãozinho!

Entenda, eu imagino como foi difícil para você que teve figuras
parentais destruidoras, ausentes, completamente tóxicas em sua
vida. Sério, eu imagino que esse sentimento de não ser amada ou
amado pelos seus por aqueles que deveriam cuidar de você deve
doer muito. Mas chega um momento das nossas vidas, que nossa
briga deixa de ser com aquele que nos machucou, e passa a ser
contra a marca que ele deixou dentro de nós. As vezes, você
passou a vida inteira ouvindo de sua mãe que você não é capaz
de viver sozinho. Mas chega um momento, que a voz que repete
constantemente que você não é capaz, deixa de ser a da sua mãe
e passa a ser a sua própria voz. Sua vida merece mais que
somente o que aconteceu no seu passado. E você merece mais
do que ser apenas um fruto da sua família.

3 – Sasuke viveu com sua visão sobre si roubada. Itachi viveu...


Livre!

Na luta entre eles, é nítido que a visão de Sasuke estava fitada


em seu irmão, na vingança, no carma que recebeu, no seu
destino de vingador. Porém, isso fez com que, simbolicamente,
o Itachi “roubasse” seus olhos, roubasse completamente a visão
que tinha sobre si.

Eu já lidei – e continuo lidando – com casos de adultos que não


conseguem matar – DENTRO DELES – os pais, e por isso não
conseguem desenvolver sua própria vida. Há um consenso
interessante entre eles: eles não sabem quem são! Exato, a
ligação entre pais e filhos é tão grande e tão intrigante que o
filho não consegue delimitar quais são seus gostos e quais vem
de fora, quais características são suas e quais vem somente de
seus pais!

Percebam que a família é importante, mas não dá para viver pela


sombra do Sharingan, nem pela “sombra dos Uchiha”, muito
menos pela “sombra do destino”. Você é muito mais que seu
meio, você nasceu para romper com o meio e romper para um
novo nível de maturidade.

Esse mês, resolvi não te dar uma tarefa. Nesse mês, só quero que
você reflita: Você tem sido Sasuke ou Itachi?
Outubro: Olhos esbugalhados
Chegamos em outubro! E para comemorar o dia 31, trouxe um
conto inédito, assustador e escrito pela psi que vos fala.
Presentinho da Psicogeek para vocês!

Enfim, leiam o conto “Olhos esbugalhados”

Prólogo

A chama está se apagando. Eu fiz tudo o que estava ao meu


alcance para mantê-la acessa. Mas não foi o suficiente. Vejo o
fogo dançante em minhas mãos, se tornando cada vez menor. E
com isso, como era de se esperar, ela está chegando perto. Ouço
seus passos vindo lentamente ao meu encontro. Parece que quer
aproveitar cada segundo do meu pânico. O fogo era a única
coisa que a mantinha longe. Que me mantinha segura. E agora
ele está se apagando...

O barulho

Estava escuro. Mas não era apenas falta de luz. A escuridão era
espessa, densa, quase tangível. Quando enfim meus olhos se
acostumaram com a escuridão, percebi que não estava em casa.
Não estava em meu quarto, deitada em minha cama como era
em minha última lembrança. Eu estava em uma sala totalmente
vazia. Essa era a minha sensação, mas na verdade, não
conseguia ver nada. Apenas a imensidão da escuridão do local.
Mas de alguma forma, eu sabia que aquele lugar vazio era muito
mais do que aparentava ser.
O local era preenchido com um silêncio desolador. Não havia
ruídos. Não havia nada. Apenas um silêncio tamanho, que se eu
me concentrasse, era capaz de ouvir o sangue correndo pelas
minhas veias. O pânico foi tomando conta de mim. Meus
pulmões já não me serviam de nada. O ar não era mais suficiente
para me manter alerta. O silêncio, a escuridão, o nada. Estar
naquele lugar vazio, sem vida, era enlouquecedor.

Em meio a minha angústia, um ruido chamou minha atenção.


No início era um barulho quase imperceptível, longínquo. Mas
foi se tornando mais audível conforme a fonte do ruido foi se
aproximando. Quando consegui reconhecê-lo, percebi que o som
se assemelhava ao de uma pessoa arrastando seus pés. Como se
impossibilitada de levantá-los e dar um passo. O ambiente foi se
tornando gélido. A escuridão se tornou cada vez mais densa. E
eu sufocava cada vez mais. O medo impregnado na atmosfera
era palpável. Eu estava em pânico. Pensei em correr, mas para
onde? E do que?

Em um instante, o ruido parou. O silêncio voltou a reinar no


local. Mas o medo não se dissipou. Mesmo me sentindo
paralisada, arrisquei olhar para o espaço onde eu havia ouvido o
movimento pela última vez. Foi então que a vi. Era difícil
reconhecer suas características físicas. Mas de alguma forma, eu
sabia que era ela. Sua pele era pálida como a lua, quase etérea.
Mas algo me prendeu imediatamente quando a vi: seus olhos
esbugalhados. Eles eram inteiramente pretos e profundos como a
noite,e se projetavam para fora de sua orbita ocular de uma
forma nada natural – como se algo naquilo tudo parecesse
natural. Quanto mais eu os olhava, mais eu era levada para um
profundo sentimento de medo, pânico e desesperança.
Eu tentei correr. Juro que tentei. Mas minhas pernas não me
obedeciam. Cada passo que eu dava, por mais que eu me
esforçasse, não me tiravam do lugar. Eu tentei pular, na
esperança de que assim, talvez, eu conseguisse me afastar
daqueles olhos. Mas também foi em vão. Gritar era impossível.
Meus pulmões me traiam a cada tentativa de enchê-los com
oxigênio. Eu sabia que ela sentia meu desespero. E de alguma
forma sinistra, ela parecia rir.

Eu estava certa de que aquele seria o local da minha cova. Não


havia saída. Eu estava prestes a me entregar, quando
subitamente ouvi outro barulho que pareceu mudar tudo.

O Fogo

O barulho vinha do chão a minha direita, e parecia com o


crepitar da lenha em uma fogueira. E de um modo inexplicável,
o sorriso no rosto dela vacilou. Pensei ter viso um leve
retraimento de sua parte. Consegui desviar de seus olhos para
olhar a fonte do barulho. Era uma pequena brasa no chão. Eu
podia jurar que não estava ali quando cheguei. A brasa era
minúscula, mas de alguma forma não se consumia. Eu sentia
como se esperasse o meu contato para se tornar uma grande
chama. Desviei meus olhos para a criatura novamente, e o que vi
ali me assustou. Eu vi medo. O próprio pânico, naquele
momento, demonstrava medo diante daquela brasa. O que a
amedrontava era a brasa, ou as possibilidades que vinham com
ela?

Com um súbito acesso de coragem, eu peguei a pequena brasa


nas mãos. Quando olhei a criatura, tive a certeza de que o fogo
lhe dava medo. Percebi naquele momento, que o fogo poderia
me salvar.

Coloquei todas as minhas esperanças naquela brasa. Conforme


eu a olhava e minhas expectativas iam se tornando maiores, a
chama começava a aparecer. No início, um pouco tímida e
contida. Mas quanto maior a chama se tornava, menor se
tornava o pânico que eu sentia. E aqueles olhos, por mais que
continuassem me olhando com a mesma intensidade, já não
possuíam o mesmo poder sobre mim. Algo mais poderoso havia
me capturado. Aos poucos, a escuridão foi perdendo a forma e
pude ver o que me rodeava. Eu estava em um salão de baile. Era
magnifico, quase celestial, todo ornamentado do mais puro ouro.
Passei a andar pelo salão, deslumbrada com a beleza do lugar.
Cheguei ao ponto de me esquecer que a criatura continuava ali.
A chama agora refletia uma luz tão intensa que dissipou as
trevas que inundavam o salão. Eu comecei a sonhar com todos
os bailes que poderiam acontecer naquele lugar. Fantasiei
príncipes e princesas, reis e rainhas acompanhando a harmonia
das mais belas canções. Era tudo tão belo, tão esplendoroso, tão
seguro.

Eu estava tão absorta em todas as possibilidades daquele lugar


que não percebi quando começou a acontecer. Eu comecei a
pensar em tudo que eu poderia fazer caso pudesse levar um
pouco daquele ouro para casa. O que eu poderia comprar? Eu
poderia ter o mundo, se quisesse. Enquanto eu pensava em
carros, mansões e em tudo o de melhor que o dinheiro conseguia
comprar, percebi que meus pés já não estavam se movendo com
a mesma agilidade. A escuridão, antes dissipada pela chama,
voltava a ser palpável. Só percebi o que havia feito quando olhei
aqueles olhos. Ela sorria. Ali não havia medo, havia vitória.
No meio das minhas fantasias, eu esqueci da chama em minhas
mãos e a lancei fora. A encontrei no chão, a alguns metros dos
meus pés. Corri ao seu encontro, em desespero. A chama está se
apagando. Eu fiz tudo o que estava ao meu alcance para mantê-
la acessa. Mas não foi o suficiente. Vejo o fogo dançante em
minhas mãos novamente, se tornando cada vez menor. E com
isso, como era de se esperar, ela está chegando perto. Ouço seus
passos vindo lentamente ao meu encontro. Parece que quer
aproveitar cada segundo do meu pânico. A chama era a única
coisa que a mantinha longe. Que me mantinha segura. E agora
está se apagando...

Epílogo

Acordo de súbito e estou em minha casa, deitada em minha


cama. O alívio me toma por inteira. Eu estava pronta para
levantar e deixar aquele sonho para trás. Mas então, na porta do
meu quarto eu vi um par de olhos negros e esbugalhados. Eu
precisava de fogo!
Novembro: A culpa é minha e eu coloco em quem eu
quiser!
Novembrão chegou, quase fim de ano. Aquela frase já começa a
soar em nossos ouvidos “Então é natal, e o que você fez?” (eco)
“e o que você fez... o que você fez... o que você fe... o que
voc...”. Pois então vamos falar sobre o fim antes de chegar em
dezembro, que tal? Já que pessoas ansiosas sofrem muito com
antecedência, vou adiantar o drama de fim de ano, de um jeito
divertido como tem sido todos os meses.

Se tem uma coisa que eu vejo na clínica da psicologia é nossa


capacidade sobre humana de gerar boas justificativas! Isso me
fez lembrar de um personagem que vivia falando algo como: “A
culpa é minha e eu coloco ela em quem eu quiser”. Parece
familiar? Pois é, o Homer Simpson foi convocado para estar
conosco hoje e compartilhar sobre suas peripécias. Claro, ele foi
convocado para mostrar como colocar a culpa no outro. E é
sobre isso que vou mencionar aqui abaixo: Aprendendo com
Homer como delegar a culpa, já que ela é sua.

1 – Homer nunca está presente na cena do crime.

Já repararam que o personagem sempre foge da culpa,


literalmente foge? Então, não é uma ou duas, mas incontáveis
vezes em que ele é visto saindo de fininho ou mentindo,
alegando que não estava presente quando as catástrofes de
Springfield estão rolando.

Homer é o especialista em se fazer de desentendido quando ele


estava presente, ou seja, ele é especialista em encontrar um bom
álibi para não ser incriminado por algo que de fato, foi ele quem
fez. Se quer se livrar da culpa, fuja da cena do crime, e tenha
sempre um bom álibi! Nisso vale tudo, usar situações do
passado, argumentos difíceis, jogar o erro das outras pessoas na
cara delas para elas se sentirem mal e esquecerem de você...

2 – Homer usa sempre um bom escudo: os outros!

Para que melhor do que aplicar a lei mor de Homer Simpson: se


a culpa é minha eu coloco quem eu quiser? A infalível técnica
de “não fui eu, foi o Bart; não fui eu, foi a Lisa; não fui eu, foi
aquela mocreia da sua irmã; não fui eu foi o Moe; etc”. Ele
sempre tem alguém. Essas frases podem fazer parte de seu
vocabulário e você nem percebeu. Meus parabéns, está se
tornando um bom Homer!

E lembre-se, você pode até se arrepender as vezes. Mas não


deixe ninguém descobrir que você errou sem lutar. Sempre tente
consertar seu erro, mesmo que isso cause mais consequências. O
importante é não descobrirem sua culpa.

3 – Homer... Bom...

Homer sempre se arrepende de ter feito a catástrofe, assume a


culpa e pede desculpas. Mas mesmo sendo um isentão, o
personagem amarelão não aguenta a pressão de ser culpado por
tudo e assume sua culpa na maior, senão em todas as vezes. O
amor aos outros o torna corajoso o suficiente para assumir que
não é nada além de alguém falho, e isso o torna o protagonista
mais forte de todos.

Mesmo que há sarcasmo no conteúdo e diversas provocações


satíricas com a família e o personagem icônico de “The
Simpsons” (pa papa parã, pa pa papararara... parararaaaaaa
rararara!), uma coisa realmente podemos aprender com ele:
mesmo depois de colocar a culpa em todos ele assume a sua
falha, reconhece seu erro, tenta concertá-lo, busca a felicidade
de sua família, quer que todos o admirem por ser alguém que
salvou o mundo, quer ser o pai do ano.

Um exemplo fora da série para ficar mais realista: Quantas


explosões de raiva você já teve, descontou em outras pessoas e
depois justificou sua explosão com algo que a pessoa fez para te
deixar com raiva? Ou quantos pedidos de desculpas só para
aliviar a dor pessoal de ter feito algo, sem realmente querer
concertar a relação o reparar o erro?

Nossa vida é responsabilidade nossa, e apenas nossa! Nisso, o


sábio Simpson está extremamente equivocado! Sempre digo que
não escolhemos o que sentimos ou o que deixamos de sentir,
mas o que vamos fazer a partir desse sentimento e as
consequências dessa ação são responsabilidade totalmente
nossa! As ações são nossas consequências, os resultados do ano
são nossa consequência, as promessas de começo de ano não
cumpridas ou cumpridas, tudo isso é somente nossa realidade!

Que tal algumas dicas para colocar em prática isso no penúltimo


mês do ano?

Que tal colocar em prática?

1 – Lembre-se de onde colocou a lista dos objetivos que fez


em janeiro.

2 – Depois de lembrar, pegue a lista novamente.


3 – Ao pegar a lista, pegue também um papel e caneta e
divida a folha ao meio. Escreva todos os objetivos que
realizou de um lado e todas as coisas que não realizou do
outro lado do papel.

4 – Abaixo do lado das atividades que não realizou, escreva


qual foi a principal situação que impediu você de cumprir o
combinado. Seja realista na frase e não se agrega aos
Simpsons nesse momento, seja forte!

5 – Do outro lado, faça a mesma coisa: coloque o que fez


para que cada objetivo fosse cumprido.

6 – Agora sim, anote no fim da folha: A culpa de não ter


atingido os objetivos é minha, eu assumo, mas eu irei me
esforçar para conseguir conquistar o que me for pertinente.
A culpa do sucesso é minha também e por isso eu mereço
comemorar por ter (todos os itens descritos no passo 5)!

7 – Marque um rolê com alguém que você gosta muito, do


jeito que você gosta muito. E aproveite para festejar: você
alcançou tudo o que mencionou! A culpa de ter alcançado
tudo isso foi toda sua, meus sinceros Parabéns!

P.s.: nada de fazer a tarefa pela metade e chorar as pitangas


por não ter conquistado todos os objetivos. Você foi acima
da média por ter alcançado algo nesse ano, então aproveite
seu momento de nobreza e festeje as conquistas com pompa.
Dezembro: E se as pessoas souberem sobre mim?
Finalmente, estamos no fim do ano! EEEEEEEEEBA! Época
boa para festejar, curtir e tirar umas merecidas férias, não é?
Porém tem um personagem que nessa época ressurge: o famoso
Grinch. Sei que esperavam que eu iria falar de “rever as metas”,
e “como foi seu ano?” e tal e coisa. Mas, queria ter outra
reflexão para o mês e acho que irá gostar do momento do ano
que estamos. Bom... Vamos falar do Grinch?

Grinch é o personagem que quer roubar o Natal, quer acabar


com essa festividade por pura... pura... enfim, por puro ódio
talvez. Não acho que essa seja a melhor descrição para o que ele
queria fazer, mas por enquanto ficamos com isso. O Grinch,
todos os anos, planeja acabar com o Natal. O interessante é que
ele planeja e executa seus planos. Aqui já valeria aquela
reflexão: será que somos obstinados como Grinch, ou será que
simplesmente deixamos de lado nossos planos para seguir
nossas rotinas e dias sem pensar no que realmente almejamos?

Okay, retomando. Grinch é o bichinho verde, nascido desde a


década de 60 nas telinhas, só para destruir o Natal e não permitir
que o Papai Noel execute sua maravilhosa magia natalina.
Frustrado com a festividade, nosso personagem quer desfazer
qualquer laço com o Natal, qualquer embrulho de presentes,
qualquer festividade, qualquer alegria. Porém o que mais o
choca, e acaba sendo seu foco principal é o amor que é
transmitido nessa data. Interessante é que uma pequena criança,
que por acaso o encontra, consegue mudar toda a trajetória da de
sua vida. A inocência dessa pequena menina cativa o coração de
Grinch, ao ponto de correr atrás de toda a sua tramoia, criada e
bem-sucedida até então para acabar com o Natal. Grinch é tão
bom em fazer o que sabe que consegue fazer e desfazer suas
armadilhas para conseguir trazer o Natal de novo ao mundo, isso
graças aos bons olhos da menininha para as ações do bichinho
verde.

Gostaria de refletir sobre algumas coisinhas que Grinch nos


ensina, pode ser? Prometo deixar você comemorar essa
festividade... Entendeu a piada? Ah, enfim, vamos a algumas
coisas que o personagem nos ensina:

1 – E se me descobrirem praticando o bem?

Grinch, com uma frase de Cindy, começa seu caminho de


transformação: “Obrigado, você me salvou!”. Simplesmente,
essas palavras quebram o paradigma que corria dentro do
personagem. Essas palavras destroem a visão que Grinch tinha
sobre si. Afinal, como alguém tão como ele poderia ter salvado
uma garotinha?

Quantas vezes nos preocupamos com o que os outros vão pensar


de nós? Isso é um veneno para nossas mentes, e com certeza um
grande impactante nessa festividade. O que quero realmente
dizer é que quando ele se abre para algo novo, ele consegue
viver o momento e ser “vulnerável” ao que o Natal poderia
trazer para ele. Se permita ser vulnerável e ser descoberto.

2 – E se descobrirem o que tem dentro de mim?

Aqui é um terreno perigoso!

Isso me lembra de uma parenta minha muito próxima que dizia


sempre que no meu casamento não choraria. Que só chorava de
ódio e não se emocionaria comigo. Resultado: minha mãe –
putz, contei quem é – chorou do começo ao fim da celebração.

O que quero dizer é que as vezes colocamos uma casca dentro


de nós que quer ocultar o que sentimos de fato, como se
fossemos obrigados a não sentir. Visto que Grinch odiava o
Natal, o real motivo permanecia oculto até o clímax. No ápice
da trama, descobrimos que a solidão para o personagem sempre
foi sua inspiração de ódio. Ou seja, quando ele se abriu para
suas emoções, tendo contato com sua verdadeira intenção por
trás de suas ações, aí então pôde ser curado da dor da solidão
que sentia. Se permita ser tocado por quem realmente é e pelo
que realmente sente, sem medo de que isso pode lhe ferir.

3 – E se descobrirem que eu também amo?

Agora sim, é o clímax do nosso conteúdo de hoje!

O amor é sim incompreendido por muitos. Agora, por Grinch


então, nem se fala! Ele ocultou de si mesmo o potencial que
tinha para demonstrar amor e para receber esse amor. Ocultou
tão bem que só depois de se permitir sentir compaixão de
alguém, gratidão e tudo de positivo que a garotinha tinha para
lhe demonstrar, aí sim conseguiu de fator se sentir digno.

Essa sensação de “não sou digno” é terrível e altamente


prejudicial! Muitos usam de diversos motivos e intenções para
ocultar dos demais que requerem ser amados, ou que querem
demonstrar amor. Alguns atrás de falsas expressões de “raiva”,
alguns outros com “culpabilização”, outros até usando da “ultra
sensibilidade” como artifício para não serem tocados tão
profundamente. Contudo, cada uma dessas expressões podem
ser traduzidas como um pedido grandíssimo de se entregarem
amor!

Não quero provocar vocês a ação nesse momento, somente a


uma reflexão de final de fim de ano:

O quanto você se permitiu amar esse ano? e o quanto você se


permitiu ser amado ou amada nesse ano?

Ótimas festas e obrigado de fato por ter apostado nesse material!


Certamente, independente se atingiu todas as suas metas e
objetivos, tenho certeza de que se tornou alguém muito melhor e
posso garantir que crescemos juntos até aqui! Desejo que você
viva a plenitude nessa terra e que seja altamente bem-sucedido!
Até mais!

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